Tecnologia sustentável: Dejetos tratados diminuem emissão de GEE
Resíduos animais podem causar danos ambientais mas, quando tratados, se
transformam em insumos para a produção, fonte de energia e de renda para os produtores.
A cada dia cresce a consciência de que o manejo inadequado dos dejetos suínos e de
outros animais provoca poluição. Produtores já despertam para o problema, assim como os
órgãos fiscalizadores brasileiros, cada vez mais rigorosos. Essa combinação de fatores faz
com que novas soluções tecnológicas sejam viabilizadas, de modo que os nutrientes presentes
nos dejetos possam ser, de preferência, reciclados por meio de seu uso agrícola.
O tratamento de dejetos animais é uma alternativa tecnológica para minimizar a
emissão de gases de efeito estufa (GEE) e mitigar as mudanças climáticas. Por isso, integra as
estratégias do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), coordenado pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O objetivo é tratar 4,4 milhões de metros
cúbicos de resíduos da suinocultura e de outras atividades, para deixar de lançar 6,9 milhões
de toneladas de CO2 equivalentes* na atmosfera.
É importante, primeiramente, saber a diferença entre dejeto e esterco. Dejetos são
constituídos por fezes, urina, água desperdiçada pelos bebedouros e de higienização, resíduos
de ração, pelos, poeira e outros materiais provenientes do processo criatório. O esterco, por
sua vez, é constituído pelas fezes dos animais, em forma pastosa ou sólida.
Diagnósticos recentes têm demonstrado níveis de contaminação dos rios e lençóis
d’água, em decorrência da produção animal, em especial, pelo manejo dos dejetos líquidos da
suinocultura. A capacidade poluente desses dejetos é superior a de outras espécies: um suíno,
em média, equivale a quatro pessoas.
O primeiro passo para a reversão desse quadro vincula-se à necessidade de gestão e
tratamento adequados dos dejetos, nas propriedades produtoras, de modo a evitar o contato
direto dos resíduos líquidos de suínos com os cursos d’água.
Isso, para evitar desequilíbrios ecológicos e poluição, desencadeados pela redução do
teor de oxigênio dissolvido na água, disseminação de microorganismos patógenos (que
causam doenças) e contaminação das águas potáveis com amônia, nitratos e outros elementos
tóxicos.
A falta de tratamento adequado dos dejetos, seu uso como fertilizante em pequenas
áreas agrícolas nas propriedades produtoras, bem como vazamento no sistema hidráulico,
desperdício de águas nos bebedouros e sistema de limpeza inadequado são os principais
problemas que precisam ser sanados.
E, ainda há outro tipo de poluição causada pela produção de suínos. É aquela associada
ao odor de seus dejetos, que ocorre devido à evaporação dos compostos voláteis, que se
misturam com o ar como amônia, metano e sulfeto de hidrogênio, entre outros contaminantes.
O tratamento, dos resíduos pode ser realizado por meio de tecnologias como a
biodigestão e a compostagem. A primeira consiste na fermentação anaeróbia (sem oxigênio)
da matéria orgânica, no caso do biodigestor, gerando como produto o biogás e o
biofertilizante; já a compostagem ocorre a partir de fermentação aeróbia (com oxigênio)
gerando como produto final o fertilizante orgânico concentrado de fácil transporte e
comercialização. Ambas as tecnologias reduzem as emissões de gases GEE.
O fertilizante líquido gerado nos biodigestores, assim como o biogás se tornam agentes
de sustentabilidade ambiental e econômica, na propriedade rural onde são produzidos. O
biogás, a partir da geração de energias elétrica, térmica e mecânica, pode se tornar uma nova
fonte de renda na propriedade.
Já o adubo orgânico sólido, resultado final do processo do tratamento dos dejetos, via
compostagem, pode ser aproveitado na propriedade como fertilizante e/ou comercializado,
gerando novas receitas a quem o produz. Outra vantagem importante do sistema da
compostagem é a possibilidade da manutenção e/ou ampliação dos planteis de suínos em
regiões de alta concentração de animais, com limitação de áreas agrícola.
Além da produção de energia (gás) e adubo orgânico, mais um benefício importante
advindo do aproveitamento de dejetos de suínos e outros animais é a possibilidade de
obtenção de certificados de redução de GEE, emitidos por mercados internacionais, regulados
pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Protocolo de Kyoto.
(*) CO2 equivalente – As emissões de gases do efeito estufa (GEEs) são expressas
em toneladas de CO2 equivalente (tCO2e), a medida padronizada pela ONU para
quantificar as emissões globais, usando como parâmetro o CO2. Os seis gases
considerados causadores do efeito estufa possuem potenciais de poluição diferentes. O
cálculo do CO2e leva em conta essa diferença e é resultado da multiplicação das
emissões de um determinado GEE pelo seu potencial de aquecimento global.
Mônica Silveira (682/05/34/DRT-DF)
Secretaria de Comunicação – Secom
Embrapa
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