CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: SISTEMAS ESTRUTURAIS PROFESSOR: JAIR GOMES TURMA: 5ARQV DATA: 03/02/09 CONCEITOS FUNDAMENTAIS O que é estrutura? Como já visto anteriormente, as estruturas são sistemas físicos constituídos de corpos ou componentes interligados, capazes de receber e transmitir esforços. Em outras palavras, estrutura é um conjunto de elementos conveniente interligados, de forma a desempenharem uma determinada função. A construção de uma edificação é constituída de muitos elementos, mas de todos eles a estrutura é vital para a sua existência. Uma construção pode existir sem pintura e sem aquecimento, porém, não pode existir sem estrutura. Para o caso particular das edificações em geral, sua estrutura pode ser definida como um conjunto de elementos estruturais – lajes, vigas, pilares e fundações – convenientemente interligados através de vínculos estruturais (ou apoios) – de forma que desempenhem uma função que é assegurar a definição de um espaço para o convívio social e que permita segurança e o bem estar do homem. Estrutura como caminho das forças Um sistema estrutural, que normalmente é composto por pilares, vigas, lajes, telhados, etc., deve ser elaborado de tal forma que seja capaz de suportar e controlar seu próprio peso e seja também capaza de receber outras ações (cargas). E a essência deste processo não é somente a de receber estes carregamentos, mas que seus elementos sejam capazes também de transmitir estas cargas internamente. Sem esta capacidade de transferir e descaregar as cargas, um elemento não poderá suportar, nem mesmo as cargas permanente (peso próprio + outras cargas que sempre existirão na vida útil da estrutura) ou tão pouco as cargas acidentais (peso das pessoas, peso de mobiliário, vento ou dinâmicas). Sendo assim, a funções de qualquer estrutura serão de receber, transferir e descarregar qualquer tipo de carregamento. Este processo é conhecido por “fluxo de cargas”, ou seja, é o caminho que as forças ou cargas devem percorrer naturalmente e é também um critério para obtenção de uma estrutura econômica. Este fluxo de cargas não terá problema desde que a estrutura tenha uma forma que permita com que as cargas atuantes sigam um caminho natural e mais curto até seu ponto de descarga, a terra. O caminho natural que as forças gravitacionais, ou seja, os pesos dos objetos e das pessoas, tendem a tomar é o da vertical. O problema ocorrerá quando estas cargas não seguem um caminho direto, mas tem que acomodar certos desvios. Se for oferecido a estas forças um caminho mais longo, elas obrigatoriamente terão que percorrêlo, desviando-se, assim, de sua tendência natural e provocando esforços que solicitarão os elementos presentes nesse caminho. É como percorrer um labirinto cheio de desvios: a tendência seria seguir em linha reta e, com isso, não se submeter a maiores esforços; a cada curva realizada, se é forçado a mudar de direção, solicitando um esforço adicional ao corpo. Ao final da corrida, a fadiga será maior do que se fosse percorrido um caminho reto. O mesmo ocorre com as forças quando obrigadas a desviar-se do seu caminho natural, a vertical. Sendo assim, projetar uma estrutura é uma técnica de desenvolver um sistema no qual o fluxo de cargas ou caminho das forças coincida ou pelo menos se aproxime da forma delineada da edificação no projeto arquitetônico. Portanto, a estrutura das edificações é o caminho pelo qual as forças que atuam sobre ela devem transitar até chegar ao seu destino final, o solo. Pode-se considerar que a essência do projeto estrutural é o de desenvolvimento de um sistema de forma material que dirige as forças para certas direções e as conduz às fundações com o máximo de estética e eficiência do material, e com o minímo de obstrução do espaço interior. Portanto, o conhecimento do arquiteto nesse assunto deve prender-se predominantemente aos mecanismos que fazem as forças mudarem sua direção e dos sistemas para cobrir espaços e resistir a deformações. CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Qual a melhor solução estrutural? Como vimos anteriormente, o processo de concepção e elaboração do projeto estrutural leva em consideração a escolha de vários outros fatores, que de certa maneira contribuirão com seu papel individual para a definição final da estrutura, tais como estética, eficiência do material estrutural, disposição dos elementos componentes da estrutura. Portanto, a melhor solução estrutural é aquela que procura resolver da melhor maneira os requisitos impostos. Para responder à pergunta acima é necessária a formulação de uma outra: melhor em relação a que? A mais fácil de construir? A mais bonita? A mais econômica? A melhor estrutura na verdade não existe. Existe, sim, uma boa solução que resolve bem alguns pré-requisitos. Assim mesmo, não resolve todos os requisitos com o mesmo grau de eficiência. Uma solução poderá ser econômica no consumo de materiais, mas poderá ser feia e de execução demorada. Outra poderá ser bonita, mas cara e difícil de ser executada, e assim por diante. Para orientar a escolha é necessário estabelecer uma hieraquia de quesitos aos quais a solução deverá atender, de maneira que se estabeleçam categorias de importância, de forma que a solução encontrada atenda muito bem os mais importantes e bem os menos importantes. Por exemplo, conceber uma estrutura muito econômica, bem bonita e fácil de executar. Nem sempre se pode afirmar categoricamente qual é a melhor solução, mas, sem dúvida, pode-se afirmar qual é a pior: a que apresentar o maior desencontro entre os objetivos do projeto de arquitetura e os do projeto de estrutura. Quem concebe a estrutura? Uma coisa é conceber a estrutura, outra é dimensioná-la para que seja capaz de suportar as condições de trabalho às quais estará submetida. Conceber é compreender, entender e ser capaz de explicar. Conceber algo não significa necessariamente materializá-lo. A concepção da estrutura é anterior ao seu dimensionamento, ou seja, à sua quantificação. Conceber uma estrutura é ter consciência da possibilidade da sua existência; é perceber a sua relação com o espaço gerado; é perceber o sistema ou sistemas capazes de transmitir as cargas ao solo, da forma mais natural; é identificar os materiais que, de maneira mais adequada, se adaptam a esses sistemas. Não se pode imaginar uma forma que não necessite de uma estrutura, ou uma estrutura que não tenha uma forma. Toda forma tem uma estrutura e toda estrutura tem uma forma. Dessa maneira, não se pode conceber uma forma sem se conceber automaticamente uma estrutura e vice-versa. É muito comum ver-se a arquitetura como a criadora de formas que aparentemente possam existir independentes de sua estrutura, dos materiais de que são feitas e do processo de sua construção. Na verdade, a concepção de uma forma implica na concepção de uma estrutura e, em consequência, dos materiais e processos para materializá-la. A estrutura e a forma são um só objeto, e, assim sendo, conceber uma implica em conceber outra e vice-versa. A forma e a estrutura nascem juntas. Logo, quem cria a forma cria a estrutura. O papel do cálculo estrutural Não é o cálculo que concebe uma forma, mas sim o esforço idealizador da mente humana. O cálculo existe para comprovar e corrigir o que se intuiu e portanto é uma ferramenta com a qual se manipula um modelo físico. Para isso, é necessário que a ferramenta seja ajustável ao modelo. O principal objetivo do cálculo estrutural é a obtenção dos esforços internos (e tensões) aos quais estará submetida a estrutura e seus elementos componentes e a obtenção dos deslocamentos (e deformações) ocorridos nos mesmos, a partir da definição de um modelo físico e seu carregamento externo, no qual a análise dos resultados e verificação de atendimento da estrutura aos requisitos estruturais (estabilidade, resistência, rigidez e etc.) pré-estabelecidos ficará a cargo do projetista de estruturas.