FREQÜÊNCIA
DE
ALTERAÇÕES
DO
SISTEMA
MUSCULOESQUELÉTICO EM FISIOTERAPEUTAS ATUANTES NA
ÁREA DE TERAPIA INTENSIVA EM UM HOSPITAL NA CIDADE DE
SALVADOR, BAHIA
Eduardo Athayde Cruz Silva¹
Murilo Levi Magalhães Borges1
RESUMO
O objetivo desse estudo foi analisar a freqüência de alterações do sistema musculoesquelético
em fisioterapeutas atuantes na área de UTI na cidade de Salvador, Bahia. Trata-se de um
estudo descritivo, de corte transversal, realizado com 43 fisioterapeutas da cidade de
Salvador, Bahia. A fonte de dados foi de origem primária, obtida com aplicação de
questionário semi-estruturado elaborado pelos autores e o questionário. A coleta foi realizada
no período de maio a agosto de 2011 e os questionários foram aplicados pessoalmente. Foram
definidas como variáveis a idade, gênero, peso, altura, área de atuação, tempo de experiência,
carga horária, número de atendimentos por dia, exercício de outra atividade profissional, se
apresentou alguma patologia musculoesquelética, após iniciar na profissão se apresenta
sintomas desta patologia e regiões acometidas, se realizou procura médica ou fisioterapêutica,
se possui conhecimento da disciplina de Ergonomia. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Tecnologia e Ciência (Protocolo 3286) e as demais
exigências da Resolução 196/96. Foram entrevistados 43 fisioterapeutas, 79% dos
entrevistados atuam exclusivamente em terapia intensiva e os demais 11% em outras áreas,
sendo assim excluídos da pesquisa. Conclui-se que é elevada a freqüência de alterações do
sistema músculo esquelético em fisioterapeutas. Foi observado que a idade, tempo de atuação,
carga horária e sexo são fatores de risco que mais influenciam para surgimento desses
distúrbios. Apesar dos dados serem significativos, a amostra utilizada foi pequena de forma
que recomenda-se a realização de novos estudos sobre a freqüência das alterações
musculoesqueléticas nestes profissionais.
Palavras-chave: Alterações musculoesqueléticas; Lombalgia; Fisioterapeutas; Distúrbio
Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho;
¹ Bacharel em Fisioterapia: [email protected]
² Bacharel em Fisioterapia: [email protected]
1
INTRODUÇÃO
Distúrbios musculoesqueléticos (DME) são um conjunto de afecções heterogêneas que
acometem músculos, tendões, sinóvias, articulações, vasos e nervos e que podem acometer
trabalhadores. Esses distúrbios podem ocorrer em qualquer local do aparelho locomotor,
embora as regiões cervical, lombar e membros superiores sejam as mais freqüentemente
envolvidas. Com o advento da industrialização diferentes alterações osteomioarticulares são
desveladas e aparecem como verdadeiras epidemias relacionadas ao trabalho: DORT
(Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho), (MUROFUSE, 2005; MERLO et al,
2003; AUGUSTO et al, 2008). Esses distúrbios acarretam um grave problema de saúde
pública e um dos mais graves no campo da saúde do trabalhador. Esse problema acomete
trabalhadores em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, levando-os a diferentes graus de
incapacidade funcional, (MAGNOGO et al, 2007).
Segundo MUROFUSE, (2005); MERLO et al, (2003), no Brasil, a partir da década de 80, o
aumento da incidência de DME pôde ser observado nas estatísticas do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS), autarquia responsável pela concessão de benefícios por doenças
profissionais. De acordo com os dados disponíveis, mais de 80% dos diagnósticos desses
distúrbios resultaram em concessão de auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez pela
Previdência Social, em 1998. Tal fato também pode ser observado na casuística atendida nos
Centros Regionais de Saúde do Trabalhador, na rede pública de serviços de Saúde.
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), surgiram no país entre
digitadores e programadores, e se espalharam durante os anos 90 e hoje atingem diversos
trabalhadores de vários ramos de atividade. O surgimento de DME tem forte ligação com a
carga horária e intensidade das condutas realizadas durante o tempo de trabalho. Esses
distúrbios podem surgir em diversas áreas do corpo e com intensidade variada, (WÜNSCH,
2004).
Segundo SIQUEIRA, (2008); BYRON, (1996), os fisioterapeutas estão entre os profissionais
da área de Saúde que mais apresentam alterações osteomusculares relacionados ao trabalho
(AORT), pois as atividades laborativas destes implicam em exigências do sistema
musculoesquelético, com movimentos repetitivos de membros superiores, manutenção de
posturas estáticas e dinâmicas por tempo prolongado, principalmente, movimentos de
2
sobrecarga para a coluna vertebral como levantamento ou transferência de pacientes
dependentes. Apesar de ser uma profissão cujo objetivo maior é promover a saúde do
indivíduo, a grande maioria dos instrumentos e ambientes de trabalho desses profissionais não
respeitam preceitos ergonômicos, (GURGUEIRA, 2003; GREÇA & ARAUJO, 2006)
A fisioterapia surgiu no país a partir de 1929, com a criação do primeiro curso técnico na
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A motivação principal para sua criação foi o grande
número de portadores de seqüelas da poliomielite, com distúrbios do aparelho locomotor, bem
como o crescente aumento de acidentes de trabalho. Durante muitos anos, o fisioterapeuta
atuou como profissional autônomo, com atividade desenvolvida quase sempre em clínicas
privadas, centros de reabilitação ou hospitais e voltada para a reabilitação de disfunções do
sistema musculoesquelético, (BISPO, 2009).
Ao analisar o atual campo de atuação profissional do fisioterapeuta, percebe-se o que se
chama de saturação do mercado de trabalho: com a ampliação do número de cursos e,
conseqüentemente, maior oferta de profissionais, observam-se diminuição ou quase extinção
da oferta de empregos em algumas regiões e a precarização dos vínculos e condições de
trabalho. Fato é que, no país, ao seguir a lógica privatista de formação para o mercado de
trabalho, a ampliação do número de cursos não resultou em ampliação da assistência ou maior
acesso da população aos cuidados da fisioterapia, (BISPO, 2009).
Segundo GREÇA & ARAUJO (2006), em termos de saúde ocupacional, as DORT’s
trouxeram vários desafios, pois, na prática, seu reconhecimento representa a incorporação de
uma concepção multifatorial da doença do trabalho, na qual estão associados, além das
condições ambientais, às possíveis sobrecargas e à organização do trabalho. A exposição
contínua e prolongada do corpo aos fatores de risco de tal ambiente favorece o surgimento das
doenças ocupacionais. Fatores ligados à organização do trabalho, biomecânicos, exarcebação
da competição no mercado de trabalho, o crescimento da informação sobre a doença e melhor
aperfeiçoamento dos técnicos ligados à área de saúde do trabalhador estão entre aqueles
responsáveis pelo crescimento de casos de alterações musculoesqueléticas, (MUROFUSE,
2005; AUGUSTO et al, 2008).
Apesar de ser um assunto de interesse dos profissionais de fisioterapia, há poucos estudos
relacionados às alterações musculoesqueléticas nesses profissionais, é importante para o
fisioterapeuta estudos mais detalhados para a observação e adoção de medidas preventivas.
3
Com isso a descoberta precoce do fator causal tende a ajudar na manutenção das posturas boa
qualidade de vida laborativa. O presente artigo tem como objetivo analisar a freqüência de
alterações do sistema musculoesquelético em fisioterapeutas atuantes em uma unidade de
terapia intensiva na cidade de Salvador, Bahia.
Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal, realizado com fisioterapeutas atuantes
em unidades de terapia intensiva na cidade de Salvador, Bahia. Foram excluídos do estudo os
fisioterapeutas que não atuassem exclusivamente na unidade de terapia intensiva. Convém
ressaltar que unidades de terapia intensiva abrangem sua gama de clientes também para
pacientes com disfunções neurológicas, cardiopulmonares, ortopédicas e demais pósoperatórios, porém com abordagem musculoesquelética.
A fonte de dados foi de origem primária, obtida com aplicação de questionário semiestruturado elaborado pelos autores, Roland Morris e o questionário Nórdico. A coleta foi
realizada entre março a junho de 2013, no horário baseado nas disponibilidades dos
fisioterapeutas pesquisados e os questionários foram aplicados pessoalmente (face a face),
sem que interferisse no horário de trabalho do profissional.
O questionário Nórdico que foi desenvolvido com a proposta de padronizar a mensuração de
relato de sintomas osteomusculares e, assim, facilitar a comparação dos resultados entre os
estudos. Este questionário não é indicado como base para diagnóstico clínico, mas para a
identificação de distúrbios osteomusculares e, como tal, pode constituir importante
instrumento de diagnóstico do ambiente ou do posto de trabalho. As questões relacionadas a
cada área anatômica verificam se os entrevistados apresentaram dores nos últimos 12 meses e
nos últimos 7 dias. Esse instrumento investiga, também, se os indivíduos ficaram impedidos
de exercer suas atividades normais.
Foram definidas como variáveis a idade (quantitativa intervalar, expressa em anos), gênero
(categórica dicotômica; masculino/feminino), peso (descrito em Kg), altura (em metros), área
de atuação categoria única (expressa na área da população estudada; UTI’s), tempo de
experiência (quantitativa intervalar, expressa em anos), carga horária como fisioterapeuta
(expressa em horas), número de atendimentos por dia (expressa em números), exercício de
outra atividade profissional (expressa em categoria dicotômica; sim/não), se apresentou
alguma patologia musculoesquelética, após iniciar na profissão (expressa em categoria
4
dicotômica; sim/não), se o indivíduo apresenta sintomas desta patologia (expressa em
categoria dicotômica; sim/não) e descrever o sintoma (caso a resposta seja positiva), definir
regiões acometidas (serão expressos pelos nomes dos respectivos locais), se realizou procura
médica para diagnosticar o distúrbio (expressa em categoria dicotômica; sim/não), se realizou
procura fisioterapêutica para tratar o distúrbio (expressa em categoria dicotômica; sim/não) e
se possui conhecimento da disciplina de Ergonomia (categoria Dicotômica; sim/não).
O Banco de dados foi estruturado no Software Excel 2007 for Windows e a análise dos
mesmos no Software EpiInfo 6.0. As variáveis foram descritas em porcentagem, média e
desvio padrão, com o objetivo de verificar as características específicas e gerais da amostra
estudada. Os resultados foram apresentados sob forma de tabelas para uma melhor
visualização do estudo.
Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Tecnologias e
Ciências – FTC, sob o número de protocolo 3286. Os participantes concordaram em assinar o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, antes do início da pesquisa, seguindo as normas
da Resolução 196/96 do Código de Ética de Pesquisa em Seres Humanos do Conselho
Nacional de Saúde. Isto garantiu aos participantes o anonimato, a confidencialidade das
informações obtidas, bem como a liberdade de retirada de consentimento a qualquer momento
da pesquisa.
A amostra obtida foi constituída por 43 fisioterapeutas, no período de maio a agosto de 2011.
Entretanto, foram excluídos 9 por atuarem em outras áreas. Desta forma a população do
estudo foi composta por 34 fisioterapeutas. Foram descritos o percentual em relação ao
gênero com predominância do sexo masculino 28 (82,35%). A idade média foi de 30,29 anos,
DP= 3,56. O Índice de Massa Corpórea (IMC) teve como média 21,82, DP= 2,01, e não
influenciou no estudo, pois somente um fisioterapeuta apresentou sobrepeso (Tabela 1).
Como demonstrado nas variáveis de características da dor, 18(52,94%) dos entrevistados
apresentaram algum tipo de DME ao iniciar na profissão. A coluna lombar foi referida por
8(33,3%) dos participantes como sendo o local que sente mais dor, seguida por coluna
cervical e membros superiores, ambos com 6(25%). Ainda nessa tabela, foi observado que
66,6% realizaram procura médica e fisioterapeutica para alivio dos sintomas (Tabela 2).
5
Nas variáveis de características ocupacionais, em relação ao tempo de trabalho dos
entrevistados que permaneceram no estudo foi obtida a média de 4,05 anos com DP= 2,61. No
que concerne à carga horária diária de trabalho obteve-se a média de 16,8 horas e DP= 4,42, e
número de atendimentos diários, média de 11,44 e DP= 2,40 (Tabela 3).
A amostra obtida da variável demonstra o percentual de desconforto por zona corporal,
período temporal e prevalência do absentismo, sendo observado que os distúrbios em coluna
lombar são os grandes responsáveis pelo maior índice de absenteísmo no trabalho, com um
percentual de 44,44 %, (n= 8), seguido pelas disfunções da coluna cervical com 22,22%, (n=
4). Demais zonas como coluna dorsal e membros superiores apresentaram índices iguais com
11,11%, (n= 2) de absenteísmo. Apenas um dos entrevistados relatou sentir algum tipo de
alteração em membros inferiores (Tabela 4)
Os fisioterapeutas estão entre os profissionais da área de saúde que apresentam as mais
elevadas freqüências de alterações osteomusculares relacionados ao trabalho, em
conseqüência da exigência do sistema musculoesquelético com a realização de movimentos
repetitivos, posturas inadequadas nas realizações das condutas resultando em maior
sobrecarga das articulações. No presente estudo observou-se que a região lombar é a mais
acometida por esses distúrbios e que a carga horária, idade, tempo de atuação e o sexo são os
grandes responsáveis pelo aumento do aparecimento desses distúrbios.
Estudos concordam que a lombalgia é uma das queixas dolorosas mais freqüentes na prática
clínica e constitui uma das maiores causas de afastamento do trabalho, (GURGUEIRA, 2003;
GREÇA & ARAUJO, 2006; BORK et al, 1996). Dado esse que foi comprovado no presente
estudo, onde a maior parte da população analisada, que referiu sofrer de algum distúrbio
informou ser a coluna lombar a região mais acometida por algias. Em contrapartida, Pivetta et
al,13 2005, descreveram em seu estudo, a região lombar como sendo a segunda região de
maior incidência de dor corporal que atinge os fisioterapeutas da cidade de Santa Maria, Rio
Grande do Sul.
Ao contrário de outros estudos que não deram ênfase as demais regiões que também são
afetadas, como membros superiores e coluna cervical, esse estudo apresentou freqüências
relevantes, sendo a soma do percentual da incidência destes, superior a lombalgia.
Segundo Bork et al, 1996 a coluna torácica, ombros e cotovelos são áreas também afetadas,
porém em menor freqüência, os cotovelos apresentam menor média de acometimento entre os
6
três. Quanto a membros inferiores, o número de acometimento foi muito baixo em relação a
quadril, joelho e tornozelo, fatos esses que corroboram com o presente estudo. Cabe destacar
que o acometimento na região do joelho ocorre de forma mais comum entre profissionais do
sexo masculino e aqueles que trabalham com crianças de até 12 anos.
Pivetta et al, 2005 apontam que a severidade de dor e a prevalência de DORT apresentaram-se
diretamente proporcionais à carga horária de trabalho. A elevada carga horária diária de
trabalho imposta ao fisioterapeuta, surge da necessidade de complemento da renda, por conta
dos baixos salários ofertados à classe, o que obriga o profissional a exercer simultaneamente
mais de uma atividade laboral. Siqueira et al, 2005 descreveram em seu estudo, que uma parte
significativa dos fisioterapeutas trabalhava de forma contínua, sem realizar pausas para
descanso entre o atendimento, por conta da grande demanda de pacientes por turno de
trabalho. Entretanto, Shehab et al, 2003 cita a dificuldade de realizar de pausa durante a
jornada de trabalho, pelo número de atendimentos diários que o fisioterapeuta tem que
realizar, pois muitos locais de trabalho remuneram pela quantidade de pacientes atendidos.
Cromie et al, 2000 relacionaram a idade e o tempo de atuação como fatores de risco
predominantes para o desenvolvimento de DORT em fisioterapeutas. Para os autores o
primeiro episódio de DORT geralmente surge antes dos 30 anos, sendo que os profissionais
com maior tempo de atuação apresentam menor prevalência destes distúrbios, pois são
aqueles que mais desenvolvem estratégias para adaptar as demandas físicas ao trabalho. O que
divergiu com os resultados encontrados nesse estudo, onde a grande maioria dos
fisioterapeutas acometidos apresentou idade superior a 30 anos, porém quanto ao tempo de
experiência correspondem aos estudos anteriores, poucos profissionais acometidos
apresentaram mais de 10 anos de atuação.
Na amostra atual foi constatado que o fator idade tem menos influência que o tempo de
experiência para o aparecimento de desordens, pois se trata de uma profissão nova, onde
muitos dos profissionais já se formam com idade avançada. Em relação ao tempo de
experiência, quanto mais conhecimento sobre os possíveis fatores de risco, o que só se
adquire com o passar dos anos de atuação, tende-se a buscar estratégias, como posturas,
pausas para descanso, alongamentos entre outras, para diminuir o risco do surgimento desses
distúrbios.
7
Nos estudos de Pinheiro et al, 2002; Filho et al, 2006 encontraram que as mulheres são as
mais facilmente afetadas, talvez, pela jornada doméstica, menor número de fibras musculares,
menor capacidade de armazenar e converter glicogênio em energia útil e por serem entregues
a elas, as atividades repetitivas que exigem maior habilidade. Divergindo com os resultados
obtidos no presente estudo, em que os homens participantes da pesquisa são mais afetadas por
alguma alteração osteomuscular.
Na população entrevistada o sexo masculino foi muito superior ao sexo feminino no que
concerne ao absenteísmo, e a região da coluna lombar foi a grande responsável por esse
resultado. Corroborando com o presente estudo, Sandanger et al, 2000 refere em sua pesquisa,
que os homens demonstraram estar mais susceptíveis a lombalgia e foram os que mais
cometeram faltas no trabalho. Em contrapartida, Wijnhovene et al, 2007 afirmaram na sua
pesquisa que em relação ao absenteísmo, não existe diferença entre os sexos.
O estudo teve como vantagem o fato de ser realizado em uma área onde muitos profissionais
atuam, o pouco tempo gasto para responder os questionários, a forma de aplicação do mesmo,
que facilita o entendimento dos questionários e o baixo custo para realização da pesquisa.
Entre as possíveis limitações do estudo está a dificuldade de estabelecer quais as principais
posturas que podem levar os fisioterapeutas atuantes em terapia intensiva a desordens
funcionais é a necessidade de se trabalhar em vários outros locais, que torna um obstáculo
considerável quando se objetiva realizar comparações entre as populações acerca das
dificuldades e dos acometimentos que cada uma enfrenta. O fato de se tratar de uma amostra
pequena e a falta de estudos relacionados aos profissionais da área de fisioterapia, o mesmo
pode servir de estímulo para a elaboração de outras pesquisas relacionas a esta temática, que
irá contribuir para o crescimento do setor.
CONCLUSÃO
Os dados do presente estudo permitem-nos concluir que é elevada a freqüência de alterações
do sistema músculo esquelético em fisioterapeutas, com maior predominância para o sexo
masculino. A coluna lombar foi a região mais acometida, seguida da coluna cervical e
membros superiores. Foi observado que a idade, tempo de atuação, carga horária e sexo são
fatores de risco que mais influenciam para surgimento desses distúrbios. Apesar dos dados
serem significativos, a amostra utilizada foi pequena de forma que recomenda-se a realização
de novos estudos sobre a freqüência das alterações musculoesqueléticas nestes profissionais.
8
É importante salientar que nesse contexto o conhecimento sobre ergonomia surge como uma
alternativa eficaz para amenizar as sobrecargas das articulações diminuindo assim a instalação
de DME nesses profissionais.
9
FREQUENCY OF CHANGES IN PHYSICAL THERAPISTS MUSCULOSKELETAL
SYSTEM WORKING IN THE AREA INTENSIVE CARE IN A HOSPITAL IN THE
CITY OF SALVADOR, BAHIA
ABSTRACT
The aim of this study was to analyze the frequency of changes in the musculoskeletal
physiotherapists working in the ICU area in the city of Salvador , Bahia . This is a descriptive,
cross-sectional study conducted with 43 physiotherapists from the city of Salvador , Bahia .
The data source was the primary source, obtained with the application of semi-structured
questionnaire developed for the study and the questionnaire. Date collection was conducted in
the period May-August 2011 and interviews were conducted in person. Were defined as
variables age, gender, weight, height, area, length of experience, workload, number of visits
per day, exercise other professional activity, performed some musculoskeletal pathology, after
starting in this profession if symptoms pathology and affected regions was held seeking
medical or physical therapy, if you have knowledge of the discipline of ergonomics. This
study was approved by the Ethics Committee of the Faculty of Technology and Science (3286
Protocol) and other requirements of Resolution 196/96. We interviewed 43 physiotherapists,
79 % of respondents exclusively working in intensive care and the remaining 11 % in other
areas, thus being excluded from the study. We conclude that there is a high frequency of
abnormal musculoskeletal system in physiotherapists. It was observed that age, time of
performance, workload and sex are risk factors that most influence for appearance of these
disorders. Although the data are significant, the sample was small so it is recommended to
carry out further studies on the frequency of musculoskeletal disorders in these professionals.
KEYWORDS: Changes musculoskeletal; Low back pain; Physiotherapists; Osteo-muscular
disorder related to the Work;
10
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12
Tabela 1 – Percentual em relação sexo, média e desvio padrão do IMC (índice de massa
corpórea) e idade dos fisioterapeutas atuantes na área de terapia intensiva em Salvador, Bahia.
Variáveis
N
%
Sexo
Feminino
6
17,65
28
82,35
M
DP
IMC
21,82
2,01
Idade (anos)
30,29
3,56
Masculino
Tabela 2 – Presença e local da dor, procura médica e fisioterapêutica relacionadas aos
fiisioterapeutas que apresentam alterações do sistema musculoesquelético, atuantes na área de
terapia intensiva na cidade de Salvador, Bahia 2011.
n
%
Sim
18
52,94
Não
16
47,06
Coluna lombar
8
33,33
Coluna dorsal
3
12,50
Coluna cervical
6
25,00
MMII
1
4,16
MMSS
6
25,00
Sim
12
66,66
Não
6
33,33
Sim
12
66,66
Não
6
33,33
Variáveis
Presença de dor após iniciar na profissão
Local que sente mais dor
Realizou procura médica
Realizou procura fisioterapêutica
13
Tabela 3 – Características ocupacionais dos fisioterapeutas atuantes na área de terapia
intensiva que apresentam alterações do sistema musculoesquelético, na cidade de Salvador,
Bahia 2011.
Variáveis
M
DP
Carga horária diária
16,8
4,42
Tempo de experiência
4,05
2,61
Número de atendimentos diários
11,44
2,40
Tabela 4 – Freqüência de sintomas, período temporal e prevalência do absenteísmo por
região anatômica.
7 dias
12 meses
Absenteísmo
Região Acometida
n(%)
n(%)
n(%)
Pescoço
Sim
8 (44,4)
14 (77,7)
4 (22,2)
Não
10 (55,5)
6 (33,3)
2 (11,1)
Ombros
Sim
6 (33,3)
6 (33,3)
2 (11,1)
Não
12 (66,6)
12 (66,6)
16(88,8)
Cotovelos
Sim
2 (11,1)
2 (11,1)
0 (0,0)
Não
16 (88,8)
16 (88,8)
18 (100,0)
Punhos e Mãos
Sim
2 (11,1)
6 (33,3)
0 (0,0)
Não
16 (88,8)
12 (66,6)
18 (100,0)
Coluna Dorsal
Sim
4 (22,2)
6 (33,3)
2 (11,1)
Não
14 (77,7)
12 (66,6)
16 (88,8)
Coluna Lombar
Sim
12 (66,6)
14 (77,7)
8 (44,4)
Não
6 (33,3)
4 (22,2)
10 (55,5)
Quadril e Coxas
Sim
1 (5,5)
1 (5,5)
0 (0,0)
Não
17 (94,4)
17 (94,4)
18 (100,0)
Joelhos
Sim
1 (5,5)
1 (5,5)
0 (0,0)
Não
17 (94,4)
17 (94,4)
18 (100,0)
*Nenhum fisioterapeuta relatou alterações musculoesquelética em tornozelos ou pés.
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freqüência de alterações do sistema musculoesquelético em