INTRODUÇÃO
Este trabalho sobre a “Física no Ensino Fundamental”, busca relatar como é o ensino
de ciências no Ensino Fundamental, e o que pode ser feito para que este ensino possa
melhorar e tornar-se mais satisfatório, onde as crianças possam entender o verdadeiro
significado de “ciências”.
No primeiro capítulo temos uma pequena introdução sobre a educação, que é a base
para a formação de qualquer cidadão, também sobre o que as leis dizem sobre o ensino
fundamental e sobre o ensino de ciências, como a LDB e os PCNs e, por fim, a situação que o
ensino fundamental brasileiro se encontra.
O Segundo capítulo traz duas grandes referências teóricas. Um deles é Jean Piaget,
que possui suas teorias reconhecidas mundialmente e que ainda hoje são utilizadas; como o
foco deste trabalho são as crianças, seu trabalho foi de grande ajuda.
Ele estudou o
desenvolvimento cognitivo, e através de observação de seus próprios filhos desenvolveu
estágios de desenvolvimento cognitivo seqüenciais, pelos quais as crianças passam até chegar
à idade adulta. Outro teórico estudado foi John Dewey que tem como conceito de seu
pensamento central a “experiência”, o qual também é bastante citado neste trabalho como
parte essencial para o aprendizado de ciências, como uma maneira de atrair alunos e estimulálos.
O terceiro capítulo retrata um pouco da situação dos professores de ciências do
ensino público, suas dificuldades com o ensino da disciplina e também sobre alguns métodos
que podem ser usados para que o ensino de ciências saia da monotonia, e seja uma disciplina
que os alunos gostem de estudar. Retrato também experiências de projetos que foram
realizados aplicando-se a Física no Ensino Fundamental, quais foram os pontos positivos e
negativos encontrados neles e como está sendo a formação dos professores que lecionam
ciências no ensino fundamental.
No quarto capítulo podemos ler sobre um projeto que começou na França iniciado por
Georges Charpak com o ”La Main à La Patê”, e que vêm sendo influência desde 2001 no
Brasil, onde cada vez mais escolas estão participando desde projeto denominado “ABC na
Educação Científica – Mão na Massa” (Academia Brasileira de Ciências), projeto este de
nível internacional, fruto de cooperação entre as Academias de Ciências francesa e brasileira,
que visa a melhoria da educação científica no ensino fundamental, utilizando atividades
experimentais, propiciando o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, investindo na
formação de docentes e na implementação da proposta em sala de aula.
10
No quinto capítulo temos o relato de uma experiência vivida por mim, “Física no
Ensino Fundamental”, o qual foi realizado no ano de 2007, em uma escola estadual de Rio
Brilhante, Mato Grosso do Sul – MS. O projeto teve como objetivo incentivar os alunos do
Ensino Fundamental a gostarem da disciplina de Física, passando assim a conhecê-la melhor
notando que esta disciplina não serve apenas para se fazer contas, mas também para entender
o mundo em nossa volta, através de aulas teóricas e práticas.
OBJETIVO
Nosso objetivo é mostrar que é possível se ensinar Física para alunos do Ensino
Fundamental, no nosso caso o 9º ano, através de pesquisas e projetos já realizados, analisando
assim seus pontos positivos e negativos.
JUSTIFICATIVA
O ensino das primeiras séries do Ensino Fundamental em nosso país, tem se
concentrado apenas nos problemas referentes à alfabetização e a matemática elementar,
deixando muitas vezes de lado a chamada “Alfabetização Científica”, que é tão importante
quanto. Na maioria dos casos os professores que lecionam a disciplina de ciências no Ensino
Fundamental não se sentem seguros para tratar de assuntos relacionados à disciplina, e assim
a “ciência” acaba sendo esquecida; além disso, sabemos da sua grande importância no
desenvolvimento de um individuo capaz de raciocinar e obter um pensamento critica, além do
conhecimento do que acontece pelo mundo, pois as ciências explicam a maioria das
fenômenos que ocorrem à nossa volta. Assim sendo, este tema foi escolhido para mostrar a
importância da divulgação científica e do ensino de Física já nas séries iniciais do Ensino
Fundamental.
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado através de Pesquisa Bibliográfica sobre o estudo da física
no ensino fundamental, com propostas e projetos existentes no Brasil e no mundo como o “La
Main à la Patê”; foi feita também uma pesquisa de campo através de um projeto denominado
“Física no Ensino Fundamental”, realizado em 2007 / 2008, na Escola Estadual Fernando
11
Corrêa da Costa, da cidade de Rio Brilhante – MS, com alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental. O projeto foi inspirado no trabalho de Georges Charpack, “La Main à la Patê,
que tem como prioridade a melhoria da Educação Científica no Ensino Fundamental. O
projeto foi realizado com cerca de 75 alunos, entre 14 e 17 anos, nos períodos matutino e
vespertino,o qual foi desenvolvido em duas etapas, o projeto foi realizado durante as aulas de
ciências, onde a professora lecionava a parte química e biológica e nós a parte física, a 1º
etapa foi realizada em 2007, onde foi proposto atividades práticas e teóricas sobre conceitos
de Física aos alunos, já na 2º etapa em 2008, foi realizado um debate e aplicado um
questionário com alunos do 1º, que participaram do projeto no ano anterior, para sabermos se
o projeto os ajudaram e também o que eles estavam achando da disciplina de Física, onde
através desta pesquisa pude perceber que o projeto foi de grande auxílio para os alunos e que
eles aproveitaram o que aprenderam e aplicaram em sala de aula já no 1º ano do Ensino
Médio. Participaram do questionário 30 alunos e a mesa redonda foi realizada no mês de
Outubro/2008 na própria escola durante período de aula com 10 alunos que participaram do
projeto no ano anterior. Para o desenvolvimento deste projeto foi utilizado como referencial,
Jean Piaget que estudou o desenvolvimento da inteligência humana, onde propôs a existência
de quatro estágios: sensório-motor, pré-operacional, operatório-concreto e operatório-formal,
e também John Dewey, filosófo que defende a utilização de atividades práticas que é bastante
citada neste trabalho como um método de aprendizagem .
12
1) Educação.
A educação é de extrema importância para o desenvolvimento humano, sendo assim
neste primeiro capítulo será tratado alguns pontos importantes sobre a educação atual do
Brasil e também quais são as leis que regem o Ensino Fundamental, principalmente na área de
ciências que é a base deste estudo.
“Educação” – Ato ou efeito de educar-se. Processo de desenvolvimento da capacidade
física intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor
integração individual e social – (Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
A educação é base fundamental na formação de qualquer indivíduo. Uma de suas
funções é ajudar os alunos a construírem certa compreensão da realidade relativamente
coerente. Segundo Aristóteles é “um caminho para a vida pública”. A educação ocorre
principalmente dentro das escolas, mas também pode existir onde não há a escola e por toda
parte onde houver redes e estruturas sociais de transferências de saber de uma geração a outra,
onde ainda não foi sequer criado a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado.
A educação atual passa por uma fase meio conturbada, pois a partir do século XXI,
com as ditas “melhorias”, as quais proíbem a punição e praticamente obrigam a aprovação
através da recuperação dita paralela (recuperação da recuperação), fazem com que muitas
escolas percam o controle de seus alunos, professores não conseguem dar suas aulas de modo
satisfatório sem contar no índice de violência dentro da escola que cresceu assustadoramente.
As dificuldades encontradas por famílias de baixa renda fazem com que abandonem a escola
para trabalhar e ajudar no sustento da família. Os alunos estão desmotivados e desinteressados
por motivos diversos o que atrapalha e muito o seu aprendizado, e também o desrespeito para
com os próprios professores que são muito mal remunerados e não recebem nem um tipo de
incentivo, para se ter uma idéia em 1960 um professor ganhava um salário igual ao de um
juiz, hoje ele ganha apenas 10% do salário de um magistrado. Com tudo isso o ambiente
escolar está se tornando cada vez mais estressante e sua qualidade vêm decaindo cada dia
mais. (OLIVEIRA, 2003).
Em relação à educação, o Brasil deixa muito a desejar, a grande maioria de nossos
jovens não tem acesso a um ensino de qualidade, podemos notar que em vários vestibulares
do nosso país o tema das redações está quase que sempre voltado para a educação, visando à
precariedade em que se encontra o nosso ensino público, sem contar que são temas de vários
debates, mesas redondas, congressos, onde se busca sempre soluções para que a educação
melhore e seja de qualidade atingindo a todos os brasileiros, mostrando sempre que ela é uma
13
ferramenta indispensável para a transformação de uma sociedade.
O Brasil corre sérios riscos de não atingir parte das metas de educação que foram
estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), entre os 121 países o Brasil
encontra-se em 71º lugar. Apenas 85% das crianças chegam a 5º série do Ensino Fundamental,
dados esses que constam no relatório global da Educação para todos, divulgado em 2006 pela
Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (UNESCO).
Embora o governo brasileiro tenha conseguido aumentar a taxa de alunos dentro das
escolas através de programas como a bolsa família, bolsa escola, fome zero entre outros,
(Programas que beneficiam famílias de todo Brasil em “situação de pobreza”, para que elas
possam mandar seus filhos para escola ao invés de trabalharem para ajudar no sustento da
família), a qualidade do ensino ainda continua ruim, conseqüência do preparo insuficiente dos
mestres, da falta de estrutura dos estabelecimentos de ensino e de uma série de outros fatores
negativos, dentre os quais se sobressai a pobreza que assola mais de 10% das famílias
brasileiras. Faltam bibliotecas, laboratórios de ciência e de informática em grande parte das
escolas públicas do Brasil.
Alguns números da Equipe Brasil Escola que retratam os problemas na educação
brasileira:
•
No Brasil 97% dos estudantes de 7 a 14 anos de idade se encontram na escola, 3%
( aproximadamente 1,5 milhões) com idade escolar estão fora dela.
•
Para cada 100 alunos que entram na primeira série, somente 47 terminam o 9º ano
com idade correspondente, 14 o ensino médio e apenas 11 chegam ao ensino
superior.
•
61% dos alunos do sexto ano não conseguem interpretar textos simples, 60% do
nono ano não interpretam textos dissertativos.
•
65% dos alunos do 5º ano não dominam cálculo, 60% do 9º ano não conseguem
realizar cálculos de porcentagens.
Medidas que poderão ajudar a combater os índices acima apresentados segundo a
Equipe Brasil Escola:
•
Mobilização da sociedade para a importância que a Educação exerce.
•
Direcionamento de recursos financeiros para escolas e professores.
•
Valorização do profissional da educação.
•
Implantação de medidas políticas educacionais a longo prazo.
14
Em Setembro de 2006 um grupo formado por empresários e políticos, com a
participação dos meios de comunicação firmaram um compromisso denominado ”Todos pela
Educação”, onde denominaram algumas metas a serem atingidas até 7 de Setembro de 2012,
que são as seguintes segundo a Equipe Brasil Escola:

Todo indivíduo com idade entre 7 e 17 anos deverá estar na escola.

Todo indivíduo com idade de 8 anos deverá dominar a leitura.

Os alunos deverão ter acesso a todos os conteúdos correspondentes a sua série.

Todos os alunos deverão concluir as etapas de estudo (fundamental e médio).

Garantia de investimentos na Educação Básica.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística), através do reflexo da percepção das famílias entrevistadas na Pnad de 2007,
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, relata que 1,3 milhões de crianças entre 7 e
14 anos não sabem ler e nem escrever, apesar de 1,1 milhões freqüentarem estabelecimento
de ensino, o que é um dado alarmante e preocupante. Outro fator importante que deve ser
destacado aqui é o atraso escolar, crianças que estão ainda no Ensino Médio com idades já
avançadas.
Não podemos deixar que esses dados continuem aumentando, é necessário que pais,
professores, comunidade e governo se unam numa única corrente e busquem novas estratégias
para que nossa educação possa tornar-se melhor e mais satisfatória, não basta apenas falar é
necessário que aja ação. Assim nada melhor do que começar uma nova etapa visando um
Ensino Fundamental melhor, pois é nesta faixa de idade que começamos a formar o caráter do
aluno e estaremos formando indivíduos capazes de pensar e raciocinar e não apenas máquinas
decorativas (alunos que decoram toda a matéria apenas para a prova e logo mais não sabem
nada).
1.1) LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais LDB.
De acordo a LDB 9394/96, a Educação Escolar divide-se em educação básica e
educação superior. O Ensino Fundamental, juntamente com a Educação Infantil e o Ensino
Médio, compõe a Educação básica. Art. 32, LDB 9394/96: o Ensino Fundamental, com
15
duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a
formação básica do cidadão. É obrigatório para todas as crianças na faixa etária entre 7 e 14
anos. A meta a ser atingida de cada escola de ensino fundamental é fornecer ao aluno acesso à
base comum nacional e à parte diversificada, o que inclui as características regionais da
sociedade, da cultura, da economia e do cotidiano do aluno.
Objetivos do ensino fundamental (Seção III - Art. 32º. – LDB 9394/96 -).
I - O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno
domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das
artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de
tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
A LDB foi formulada para expressar a política e também o planejamento educacional
do país, os quais foram formulados com base na Constituição Federal, ela foi citada pela
primeira vez no ano de 1934 e criada em 1961, sua ultima reformulação se deu no ano de
1996 e é aceita até os dias de hoje, foi sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso
e tem com base fundamental uma educação voltada para todos, que possa atingir a toda
população brasileira de maneira igual, sem distinções, ela nos dá novas perspectivas a serem
cumpridas e alcançadas pela nossa educação.
1.2) Dados do Ministério da Educação e do Desporto – PCNs Os PCNs são referências de qualidade para o ensino fundamental e médio do Brasil,
elaborados pelo Governo Federal em 1996, sua função é orientar e garantir a coerência dos
investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações,
contando com a participação de técnicos e também professores brasileiros, principalmente
aqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica
atual, tendo em vista um projeto pedagógico em função da cidadania do aluno e uma escola
em que se aprende mais e melhor, buscando assim padronizar o ensino no país. No que diz
16
respeito ao aprendizado ele deve dar lugar a ações que levam as crianças a buscar seu próprio
conhecimento. Mas o foco principal da tomada dessas medidas é tentar eliminar o grande
número de repetência e abandono escolar.
Dentro das escolas brasileiras, principalmente as do Norte e Nordeste notamos que o
números de alunos na situação de repetência e abandono escolar é grande, muitas crianças não
tem a possibilidade de saírem de suas casas e irem a escola devido ao difícil acesso a ela,
outros param o estudo no meio do caminho para poderem trabalhar na roça com seus pais e
ajudar no sustento da família, e esse é um ponto muito importante que deve ser mudado para
que a educação do Brasil possa evoluir, conseguir manter as crianças e jovens dentro das salas
de aula oferecendo um ensino de qualidade a todos eles.
Os PCNs foram divididos em 6 áreas que são elas : Língua Portuguesa, Matemática,
Ciências Naturais, História e Geografia, Arte e Educação Física, onde cada um trata de uma
área específica do conhecimento e são apresentados em documentos separados por volumes.
−
Ensino Fundamental – Ciências Naturais O que dizem os PCNs.
Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases no 4.024/1961, ministravam-se aulas
de Ciências Naturais apenas nas duas últimas séries do antigo curso ginasial. Essa lei se
estendeu a obrigatoriedade do ensino da disciplina a todas as séries ginasiais, apenas a partir
de 1971, com a lei no 5.692, Ciências Naturais passa a ter caráter obrigatório nas oito séries
do primeiro grau.
O objetivo fundamental do ensino de Ciências passou a ser o de dar condições para o
aluno identificar problemas a partir de observações sobre um fato, levantar hipóteses, testálas, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso, trabalhando de forma a tirar conclusões
sozinhas. É com essa perspectiva que se buscava, naquela ocasião, a democratização do
conhecimento científico, reconhecendo-se a importância da vivência científica não apenas
para eventuais futuros cientistas, mas também para o cidadão comum.
Mostrar a Ciência como um conhecimento que colabora para a compreensão do
mundo e suas transformações, para reconhecer o homem como parte do universo e como
indivíduo, é a meta que se propõe para o ensino da área na escola fundamental. A apropriação
de seus conceitos e procedimentos pode contribuir para o questionamento do que se vê e
ouve, para a ampliação das explicações acerca dos fenômenos da natureza, para a
17
compreensão e valoração dos modos de intervir na natureza e de utilizar seus recursos, para a
compreensão dos recursos tecnológicos que realizam essas mediações, para a reflexão sobre
questões éticas implícitas nas relações entre Ciência, Sociedade e Tecnologia.
Os objetivos de Ciências Naturais no ensino fundamental são concebidos para que o
aluno desenvolva competências que lhe permitam compreender o mundo e atuar como
indivíduo e como cidadão, utilizando conhecimentos de natureza científica e tecnológica.
Esses objetivos de área são coerentes com os objetivos gerais estabelecidos na Introdução aos
Parâmetros Curriculares Nacionais e também com aqueles distribuídos nos Temas
Transversais.
O ensino de Ciências Naturais deverá então se organizar de forma que, ao final do
ensino fundamental, os alunos tenham as seguintes capacidades:

Compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser humano parte integrante
e agente de transformações do mundo em que vive.

Identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições
de vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica.

Formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas reais a partir de
elementos das Ciências Naturais, colocando em prática conceitos, procedimentos e
atitudes desenvolvidos no aprendizado escolar.

Saber utilizar conceitos científicos básicos, associados a energia, matéria,
transformação, espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida.

Saber combinar leituras, observações, experimentações, registros, etc., para coleta,
organização, comunicação e discussão de fatos e informações.

Valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a
construção coletiva do conhecimento.

Compreender a saúde como bem individual e comum que deve ser promovido pela
ação coletiva.

Compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades humanas, distinguindo
usos corretos e necessários daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza e ao
homem.
O ensino de ciências é muito importante assim como qualquer outra disciplina. Ela não
trata apenas do estudo da saúde e do corpo humano, mas abrange uma outra parte
fundamental que é “ciência em si”, a qual estuda o mundo e suas descobertas e proporciona
18
aos alunos aprenderem como funciona tudo ao seu redor e também a capacidade de
construírem um conhecimento científico e crítico sobre determinado assunto, onde as crianças
possam acompanhar a evolução do mundo atual entendendo o que se passa no mesmo, onde a
ciência possa colaborar para a compreensão do mundo e de suas transformações. Os PCNs
podem auxiliar os educadores entenderem como ensinar ciências, ele nos mostra como na
verdade deveria ser o ensino de ciências, mas que na verdade não acontece.
1.3) Ensino Fundamental no Brasil.
A partir de dados do Ministério da Educação (MEC – www.mec.gov.br) de 2003,
cerca de 90% do atendimento escolar estava sendo feito pelo poder público, o que nos
demonstra que o papel e dever do estado estavam sendo “cumpridos”, mas se analisarmos
bem a desigualdade encontrada nas escolas volta aparecer, no sentido da permanência dos
alunos na mesma, de um total de 5,7 milhões de alunos matriculados na 1º série do Ensino
Fundamental, somente 4,19 milhões chegam a 4º série, assim essas crianças acabam por
pararem no “meio do caminho”, sendo que nesse período não poderia haver interrupções e
todos os alunos deveriam caminhar juntos. Esses dados são mais evidentes em regiões mais
pobres como o Norte e Nordeste, onde a desistência dos alunos são maiores.
Com a municipalização do ensino fundamental, a responsabilidade para com o ensino
das primeiras séries do ensino fundamental passou para a responsabilidade do município.
“O governo federal intensificou, a partir da década de 1990, o processo de
municipalização do ensino fundamental, que compreende oito anos da vida do
estudante. Tornar o ensino fundamental uma responsabilidade das prefeituras, e
não mais do governo estadual, tem como objetivo aumentar a participação dos
cidadãos na elaboração, implementação e avaliação do processo de ensinoaprendizagem.” (Diretrizes estabelecidas pela Lei n. 9.394, de dezembro de 1996).
Considerando dados de 2003 temos que a distribuição da municipalização das séries
iniciais do Ensino Fundamental no centro oeste era de 58,56%, que apresentava a taxa mais
baixa no Brasil, fato que pode ser entendido pelo Distrito Federal ser considerada um estado e
sua população escolar é de alunos estaduais. Cada estado ao recolher seus impostos repassa
uma porcentagem daquilo que foi recolhido para os municípios, para a manutenção do ensino.
Estados como São Paulo possui uma arrecadação maior, assim sucessivamente o dinheiro
repassado aos municípios é maior do que, por exemplo, municípios do Norte e Nordeste que
19
detêm uma população mais pobre e também uma arrecadação menor, assim nessas regiões a
dificuldade de se manter um ensino de qualidade é maior.
Um outro fator importante a ser dito aqui é sobre a freqüência dos alunos no âmbito
escolar, que pode ser analisado a partir da tabela seguinte:
Tabela 1. - (% de alunos com idade escolar que frequentam a escola).
-----4 a 17 anos
Intervalo de
Confiança*
2005
88,7%
Indicador
2006
89,9%
2007
90,4%
Metas
2007 2008 2009 2021
91,0%91,9%92,7%98,0%
88,4% - 89,0%89,6% - 90,2%90,1% - 90,6%
------
Fonte: “Todos pela Educação”- Elaboração própria com base nos dados da PNAD/IBGE.
Analisando a Tabela 1, podemos observar que os índices de alunos com idade escolar
que freqüentam a escola com o passar dos anos vêm aumentando gradativamente, o que pode
ser muito comemorado, mas, no entanto gera uma segunda questão a ser analisada. O fato da
desistência dos alunos que acabam por não concluírem os estudos desistindo do mesmo ou se
estagnando na mesma série por mais de um ano, sem contar que ainda não conseguimos
garantir o sucesso de nossas crianças nas escolas.
Em 2000 o Pisa confirmou a baixa da nossa escola fundamental, em uma prova que é
aplicada internacionalmente a adolescentes de 15 anos de idade em 32 países que demonstrou
que estamos com um grande atraso escolar, que é provocado pela grande evasão, repetência e
distorção idade-série -“era o maior problema educacional do Brasil”, informa a página do
INEP na Internet, Sala de Imprensa em 01/03/02- , onde nosso país ficou em último lugar, na
pesquisa , foi analisada a leitura e demonstrou que o nosso país “lê mal” e que nossos
“alunos se contentam com uma compreensão superficial do texto”. (CASTRO, 06/03/2002:
20). Que é um fator importante e que deve ser urgentemente mudado, pois a leitura é
primordial na vida de qualquer cidadão.
Muitos professores estão desmotivados e estressados com essa situação, não sabem
mais o que fazer e nem como lidar com a situação encontrada dentro das salas de aula. Eles
têm que se virar nos trinta para dar conta do recado. As reclamações vindas por parte deles
são muitas: a baixa remuneração, o não incentivo, a falta de materiais didáticos, a falta de
apoio principalmente dos pais que se desobrigam de suas funções em relação à educação de
seus filhos, atribuindo essa responsabilidade totalmente para os professores, enfim são muitos
os fatos a serem discutidos e analisados para se entender um pouco a vida de um educador.
20
Como podemos ver esses são só alguns dos problemas enfrentados pelo nosso ensino
atual. O Ensino Fundamental é a base da educação é nele que as crianças começam a se
desenvolver.
A disciplina de ciências deve ser conduzida de uma maneira que os alunos possam ter
envolvimento com a matéria para que possam desenvolver um conhecimento intelectual. Mas
o que encontramos dentro das salas de aula é um tanto diferente, pois a matéria gira quase que
exclusivamente em torno da biologia que trata de animais, corpo humano entre outros
assuntos, onde a parte física e química é vista com um pouco mais de tempo e
aprofundamento do último ano do Ensino Fundamental que é o nono ano, ainda assim em
muitas escolas de maneira superficial pelo fato de que os professores não têm tanta intimidade
com os conteúdos e acabam por deixarem de lado ou mesmo para ser visto ao final do ano
letivo.
21
2) Teóricos.
2.1) Jean Piaget (1986 - 1980).
Com o passar dos anos vamos adquirindo e evoluindo cada vez mais nossos
conhecimentos. Piaget estudou o desenvolvimento da inteligência da criança em estágios que
são separados por idades os quais são seqüenciais, sendo assim com a introdução da física já
no Ensino Fundamental, a cada estágio a criança de acordo com Piaget vai evoluindo seu
pensamento e adquirindo novas habilidades, onde pode-se ao final do ultimo estágio que é o
operatório-formal, ela ter desenvolvido raciocínio, linguagem e escrita científica, que foi
adquirido durante o desenvolvimento de todos os estágios.
Piaget foi simplesmente um garoto prodígio, suas teorias são hoje reconhecidas e
utilizadas como referencial teórico por todo o mundo, elas tentam explicar como se
desenvolve a inteligência nos seres humanos. Sua carreira começou aos 11 anos de idade com
a publicação de seu primeiro trabalho sobre observações de um pardal albino. Estudou
filosofia e biologia na Universidade de Neuchâtel, após formar se trabalhou como psicólogo o
que influenciou em seu trabalho. Em 1919 iniciou seu estudo sobre a mente humana, em 1923
casou se com Vanlentine Châtenay com quem teve 3 filhos, Jacqueline, Lucienne e Laurent. A
maioria de suas teorias foram formuladas através de observações de seus próprios filhos desde
que nasceram. Em toda sua vida Piaget escreveu mais de 75 livros e diversos artigos
científicos.
No início do século XX o pensamento da época era de que as crianças e os adultos
raciocinavam e pensavam da mesma maneira, imaginava-se que a diferença entre os processos
cognitivos deles era, sobretudo de grau, por exemplo, os adultos eram superiores mentalmente
as crianças do mesmo modo que eram maiores que eles fisicamente, mas os processos
cognitivos eram os mesmos ao longo de suas vidas. Piaget com suas observações através das
22
observações de várias crianças concluiu que as crianças pensam diferentemente dos adultos
em várias ocasiões, por faltarem certas habilidades, ou seja, a maneira de pensar é diferente
tanto em grau como em classe.
A construção do conhecimento segundo Piaget, assimilação, processo cognitivo pelo
qual uma pessoa passa, quando a criança tem novas experiências, tenta adaptar-se esses novos
estímulos a estruturas cognitivas que já possui. (Piaget, 1996, p13):
“... uma integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos
modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem
destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação.”
A acomodação ocorre quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo,
onde não há uma estrutura cognitiva que possa assimilar a nova informa, assim restando para
a criança apenas duas hipóteses, ou ela cria um novo esquema ou modifica um sistema
existente, senso que qualquer uma das duas modificará a estrutura cognitiva, (Piaget, 1996, p
18):
“Chamaremos acomodação (por analogia com os "acomodatos" biológicos) toda modificação dos
esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.”
Piaget deixa claro que não há assimilação sem acomodação e vice-versa. A teria da
equilibração trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, do tipo
mecanismo regulador o qual é necessária para que a criança assegure sua interação com meio.
(Piaget, 1975, p.14):
“Primeiro Postulado: Todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos
que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza”.
Segundo Postulado: Todo esquema de assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos que
assimila, isto é, a se modificar em função de suas particularidades, mas, sem com
isso, perder sua continuidade (portanto, seu fechamento enquanto ciclo de
processos interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação.”.
O desenvolvimento cognitivo está para Piaget em quatro estágios seqüenciais:
− Sensório Motor: vai desde o nascimento do bebê até a aproximadamente dois anos
de idade, este período é caracterizado por uma característica egocêntrica, onde há
ausência de fala, e também falta de coordenação motora da criança. Ex: O bebê
pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está
diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e
levá-lo a boca.
− Pré - Operatório: pode ser chamado de Inteligência Simbólica, vai de dois a sete
anos de idade, crianças já com idade pré-escolar, neste período a criança não está
mais centrada em seu ambiente sensorial, em virtude do desenvolvimento da
23
capacidade simbólica. Ex: Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa
iguais e dá-se a uma delas a forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de
massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.
− Operatório-Concreto: se estende de sete a onze anos de idade, neste período a
criança já consegue tirar conclusões através de observações. Começa a
desenvolver noções de tempo, velocidade... Ex: Despeja-se a água de dois copos
em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades
continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia
aspectos e é capaz de "refazer" a ação.
− Operatório-Formal: compreende dos doze anos em diante, sua estrutura cognitiva
alcança seu grau mais elevado de desenvolvimento, de acordo com Piaget a
criança atinge a forma final de equilíbrio. Ex: Se lhe pedem para analisar um
provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança trabalha com
a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos.
Esquema dos estágios sequencias do desenvolvimento cognitivo de Piaget.
Figure 1. The Inspiration web above illustrates Piaget's four cognitive development stages; sensorimotor (birth2 years), preoperational (2 - 7 years), concrete operational (7 - 11 years), and formal operational (adolescence adulthood). By Tiffany Davis, Meghann Hummel, and Kay Sauers (2006).
No primeiro estágio o sensório motor o universo que cerca a criança é conquistado
mediante as percepções e os movimentos como sucção, movimento dos olhos. A busca visual
é um comportamento sensório motor para o desenvolvimento mental da criança, à medida que
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1
vai evoluindo a criança começa a compreender que quando um objeto sai sua visão ele ainda
continua existindo, essa experiência de ver os objetos aparecer e desaparecer é importante
para o desenvolvimento mental, e também faz com que a criança seja libertada de um
incessante busca visual, pois ela sabe que o desaparecimento é temporário. No período a
criança começa a descobrir o mundo que a cerca, através da interação com o meio, mas do seu
jeito dentro do seu mundinho. No segundo estágio o pré-operatório, o que caracteriza a
passagem do primeiro estágio para o segundo é o aparecimento da linguagem, ela fala
sozinha, pois ainda não tem seu pensamento organizado, começa a evoluir sua habilidade de
entender e usar palavras, de acordo com Piaget nesta fase surge algumas características do
pensamento infantil como egocentrismo que é a incapacidade da criança se colocar no ponto
de vista de outra pessoa, ou seja, não aceitam o ponto de vista de outras pessoas se não estão
de acordo com o dela, surge também a centralização a qual a criança não consegue relacionar
diferentes aspectos ou dimensões de uma situação, ou seja, ela se focaliza apenas em uma
dimensão centralizando se nela e não leva em conta mais nenhuma, a classificação o qual a
criança não possui um critério definido no desenvolvimento de tarefas. No estágio préoperacional é onde para Piaget se desenvolve e se reorganiza o pensamento, onde se começa a
ver o mundo com mais realismo, ao longo deste período a criança vai conseguindo distinguir
o mundo real da fantasia, nesta fase elas começas a gostar de sair com os amigos, onde
surgem valores como a amizade, diferentemente do estágio anterior agora à criança já
consegue se colocar no ponto de vista de outro, já se concentra em alguma coisa e pode ficar
por algum tempo interessado e focado em alguma tarefa. No ultimo estágio o operatórioformal a criança desenvolve sua própria identidade, podendo muitas vezes haver neste período
problemático de existência e dúvidas, já é capaz de realizar raciocínios abstratos, não
recorrendo ao contato com a realidade. A adolescência é caracterizada por aspectos do
egocentrismo cognitivo, pois eles são capazes de resolver os problemas que surgem a sua
volta.
1
OBS: A maioria dos exemplos foi retirada da reportagem "Jean Piaget", escrita pela jornalista Josiane Lopes,
da revista Nova Escola, ano XI, nº 95, de agosto de 1996.
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2.2) John Dewey (1859-1952).
A maioria dos projetos relacionados à física defende o uso de experiências para que os
alunos possam aprender mais e melhor a disciplina, podendo assim se desenvolver em quanto
grupo e também individualmente, sem contar que aprendem a manipular os equipamentos.
Um dos primeiros teóricos a defenderem o uso da experiência foi John Dewey, que considera
este método fundamental na aprendizagem dos alunos.
Filosofo e pedagogo americano, nasceu em Burlington, pequena cidade agrícola do
estado norte americano em 1859, teve uma educação desinteressante e desestimulante, o que
foi compensado pela formação que recebeu em casa, sua mãe confiava a seus filhos
responsabilidades para despertar o senso de responsabilidade, foi professor secundário por
três anos antes de cursar a Universidade Johns Hopkins, graduou-se na Universidade de
Vermont em 1879, tornou se um grande pedagogo americano, contribuindo para a divulgação
dos princípios que se chamou “Escola nova” no Brasil liderado por Anísio Teixeira. Em 1887
publicou seu primeiro livro Psychology. Entre suas obras se destacam The School and Society
(1899; "A Escola e a Sociedade") e Experience and Education (1938; "Experiência e
Educação").
Dewey critica severamente a educação tradicional, é o nome mais célebre do
pragmatismo, ou melhor, instrumentalismo como ele preferia dizer. O Pragmatismo de Dewey
na educação pode ser sintetizado na forma de que o aluno deve “aprender fazendo”, levando
em consideração o uso do conhecimento para que ocorra aprendizagem. Para ele “o
conhecimento é uma obra dirigida que não tem um fim em si mesmo”, mas está dirigido para
a experiência. Onde a educação tem por finalidade dar a criança condições para que ela possa
resolver sozinha seus problemas e não as tradicionais idéias de formar a criança de acordo
com modelos prévios. Ele tem como fator central de seus pressupostos o conceito de
experiência o qual consiste em um lado experimentar e outro provar, estando assim vida,
experiência e aprendizagem unidas, sobre o princípio de que os alunos aprendem mais e
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melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos que lhes foram ensinados, como por
exemplo, atividades manuais e criativas que acabam por ganharem destaque e as crianças
passam a ser estimuladas a experimentar e a pensar por si próprias. Para Dewey “O
aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num ambiente
democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de pensamento”. (DEWEY, sem data 1)
Influenciado pelo empirismo criou uma escola laboratório, onde lecionava para testar
métodos pedagógicos, onde insistia em estreitar a relação entre teoria e prática. Experiência
educativa é para Dewey reflexiva resultando em novos conhecimentos, na sua visão é uma
constante reconstrução da experiência, dando cada vez mais sentido e habilitando novas
gerações a responder aos desafios da sociedade.
Dewey defende o fato de que o professor tem que sempre mostrar o caminho para seus
alunos os incentivando a pensar e nunca das respostas ou soluções prontas de antemão, onde o
método de educar não está simplesmente em passar os conteúdos através de lições, onde os
alunos na maioria das vezes apenas memorizam durante uma parte de sua vida, mas sim
buscar a capacidade de raciocínio e obtenção de um pensamento crítico, tornando assim o
educando um cidadão capaz de se deparar com qualquer tipo de situação, analisando e
propondo soluções para resolvê-lo ou diminuindo sua forma de impacto. Para ele não existe
hora para aprender, qualquer lugar é lugar para se encontrar novas situações que possuam
elementos que podem despertar o interesse dos alunos, onde é possível tirar proveito disto
para se aprender algo novo.
Ghiraldelli (2006) expõe uma tendência de Prática pedagógica deweyana, constituída
por cinco passos: o primeiro relata a atividade e pesquisa, onde os alunos quando encontram
dificuldades e barreiras durante as atividades se interessam em resolvê-las, e o professor
observando isto utiliza como elemento de partida para se iniciar o ensino, em seguida vêm a
eleição de problemas onde Dewey propõe que ao identificar-se os interesses dos alunos, o
professor deve estimular os alunos a desenvolverem e formularem perguntas ou apresentarem
problemas sobre o assunto que está sendo estudado e selecionar alguns para dar continuidade
ao trabalho pedagógico, o terceiro passo é a coleta de dados, onde se tem os problemas já
formulados onde os alunos devem ser incentivados a buscarem soluções e hipóteses para
soluciona-los, mas para isso dados devem ser coletados dados para servir de suporte as idéias
que possivelmente surgiram, o quarto passo é a hipótese, o qual coletado os dados e
analisados pelo grupo com a ajuda do professor é obtido argumentos para que os alunos
possam formulas suas hipóteses, e por fim a experimentação e/ou julgamento onde é
necessário se escolher as melhores hipóteses que foram propostas pelos grupos as quais se
27
adequaram melhor ao acontecimento estudado através de debates, argumentações e também
contra-argumentações.
Dewey acredita também que é necessário que haja trabalho em grupo para que as
crianças possam desenvolver a capacidade de relacionarem-se uns com os outros, exercendo
assim a democracia que permite maior desenvolvimento nos indivíduos, no sentido de
decidirem em conjunto o destino do grupo a que pertence, discutindo, trocando idéias,
sentimentos e experiências.
O processo de ensino-aprendizado para Dewey estaria baseado em:
-Uma compreensão de que o saber é constituído por conhecimentos e vivências que se
entrelaçam de forma dinâmica, distante da previsibilidade das idéias anteriores;
-Alunos e professor detentores de experiências próprias, que são aproveitadas no
processo. O professor possui uma visão sintética dos conteúdos, os alunos uma visão
sincrética, o que torna a experiência um ponto central na formação do conhecimento, mais
do que os conteúdos formais;
-Uma aprendizagem essencialmente coletiva, assim como é coletiva a produção do
conhecimento.
Fonte: Centro de Referência Educacional. (Setembro/2007).
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3) Projetos de Ciências no Ensino Fundamental.
Com o passar dos anos vários métodos alternativos para o ensino da Física vêm
surgindo para o auxílio dos professores. Nos últimos anos projetos referentes ao estudo da
Física no Ensino Fundamental estão sendo realizados e obtendo bons resultados, sendo assim
destaco aqui alguns projetos já realizados. A formação acadêmica dos professores que
lecionam ciências no Ensino Fundamental não é totalmente satisfatória, a maioria desses
professores não têm total domínio sobre os conteúdos relacionados a Física e acabam
passando de uma maneira superficial ou mesmo deixando de lado a disciplina, destaco aqui a
situação desses professores no Brasil.
Além de todos os obstáculos que o professor tem de passar até a sua formação
acadêmica, há também uma enorme queixa por parte deles, devido ao fato de que com o
passar do tempo eles estão perdendo cada vez mais a autoridade dentro da sala de aula, os
alunos não os respeitam mais e eles acabam vivendo principalmente em cidade grandes com
medo de exercerem sua profissão, ou seja, o que na verdade deveria lhes causar prazer hoje
lhes causa pânico, um lugar que na verdade seria de paz e harmonia se transforma em guerra,
além disso, o que se vê também é a falta de prestígio e reconhecimento por parte da sociedade
e da escola. Por exemplo, do texto de Marcelo Barros (Reflexões sobre um curso de formação
de professores de ciências das séries iniciais do ensino fundamental) os professores que foram
entrevistados reclamam muito do fato de que a família está deixando de cumprir seu papel na
educação de seu filho atribuindo toda a responsabilidade para os professores, sem contar que
o próprio aluno se mostra desmotivado e sem interesse algum. Sabemos que é necessário que
a escola e principalmente os educadores tenham o apóio dos pais para que a educação de seus
filhos tenha um melhor desempenho, mas se encontramos uma família que se desobriga da
educação de seus filhos, o papel do educador se torna mais difícil, pois além de ter que ser
professor muitas vezes ele acaba tendo que se tornar pai e mãe no sentido de cobrar daquele
aluno o que na verdade nem precisaria cobrar, e também sem contar que ao fazer isto eles
podem ser vistos como pessoas desagradáveis e podem ganhar a antipatia de determinados
alunos. Podemos observamos que este quadro não está presente somente no Ensino Médio,
mas também infelizmente no Ensino Fundamental.
Quando nos deparamos com os professores de ciências do Ensino Fundamental, o que
podemos perceber em suas aulas é que dificilmente eles trabalham a Física e a química de
uma maneira que busque incentivar e interessar seus alunos, mesmo por que em seus cursos
de graduação o estudo de ciências não é o bastante para que tenham domínio total de
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determinados assuntos, assim preferem ter uma postura mais segura onde decidem pelas aulas
tradicionais temendo não corresponderem as expectativas, ou melhor, dizendo não dando
conta da realização de uma aula mais prática. Sendo que seria esta a fase de introduzir o aluno
no universo cientifico. Sem contar também que existem professores que se justificam dizendo
que só não introduzem aulas práticas em sua disciplina pela falta de equipamento e também
falta de ambiente físico para a realização do mesmo. Durante o desenvolvimento deste
trabalho pude perceber que os cursos preparatórios de professores para o Ensino
Fundamental, destinam uma carga horária muito pequena ou quase nenhuma para o
desenvolvimento da disciplina de ciências, então o que acontece é que o futuro educador
acaba saindo da universidade com base apenas nos conceitos aprendidos no segundo grau, e
ao adentrarem nas salas de aula acabam por aplicarem aquilo mesmo que aprenderam quando
alunos, sem buscar métodos inovadores. A realidade de formação de professores, carente de
reflexão sobre a ciência e sobre o seu ensino, provoca uma grande insegurança quanto ao
desenvolvimento do conhecimento científico em sala de aula; e resulta em um trabalho pouco
ou nada inovador, limitado em muitos casos a leitura ou realização de exercícios propostos
pelo livro didático que, por melhor que seja produzido, pouco contribui para um primeiro
contato atraente da criança com o mundo dinâmico da Ciência.
No artigo de Érika Zimmermann (2004) (Motivando Pedagogos a Ensinar Física nas
Séries Iniciais do Ensino Fundamental), ocorre o relato de uma experiência que foi realizada
com uma turma de graduação em Pedagogia de Brasília, onde foi feito primeiramente um
questionário com esses alunos, os resultados foram de que estes mesmos alunos resistem à
idéia de se ensinar Física no Ensino Fundamental, e logo depois foi realizado um mini projeto
que buscava desafiar as idéias, inseguranças e também as atitudes que esses alunos têm em
relação ao ensino de Física no Ensino Fundamental. Com o desenrolar do projeto de acordo
com os comentários dos próprios participantes pude notar que a concepção que eles tinham no
início pode ser um pouco modifica, por exemplos ouve alguns comentários de que o projeto
pode ensinar “receitas” para que eles pudessem ensinar ciências para as crianças, alguns
simplesmente consideraram o projeto apenas mais uma exigência a ser cumprido por eles
enquanto alunos, outros que não gostavam de ciências acabaram interessados pela disciplina
no final. Enfim o que podemos tirar desta experiência é que qualquer que seja o tipo de
projeto que relacione ciências ao Ensino Fundamental e que estimule o desenvolvimento da
disciplina é válido, principalmente nos cursos de graduação que não disponibilizam uma
disciplina específica para o ensino de ciências naturais. Sabemos que não conseguiremos
abranger e agradar a todos, mas se conseguirmos modificar o pensamento de uma pequena
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parcela desses futuros pedagogos já teremos um grande caminho andado e concerteza a
educação do ensino de ciências mudará grandemente. Existem também cursos de capacitação
(formação continuada), de professores os quais trabalham com ciências naturais os quais
busca auxilia-los no desenvolvimento de sua disciplina no texto de Odete Pacubi (A
Identidade do Professor das Séries Iniciais do Ensino Fundamental e o Ensino de Ciências:
Uma Análise de Alguns Fatores que Influenciam a Atividade Docente), podemos perceber que
os professores que participaram do curso não tiveram uma boa experiência enquanto aluno de
física o que se torna um obstáculo na hora de lecionar, também foi apontado outro fator que é
a do não apoio que elas encontram durante o exercício de sua docência. Alguns projetos foram
realizados com crianças do Ensino Fundamental, onde os resultados obtidos foram de acordo
com o texto de Cláudia Nascimento e Maria da Conceição (O Ensino de física nas Séries
Iniciais do Ensino Fundamental: Lendo e Escrevendo Histórias), onde o trabalho realizado
com as crianças da terceira série foi muito agradável, onde as atividades que foram propostas
incentivaram as crianças, estimulando suas curiosidades, o projeto foi tido como um grande
sucesso.
A sociedade atual tem presença cada vez maior da ciência e da tecnologia no dia-a-dia
da população, presença essa motivada pelo grande avanço dos meios de comunicação e
informação sem contar com a grande produção de conhecimento científico e inovações
tecnológicas, isso faz com que se torne cada vez mais urgente a estruturação de processos que
visem o conhecimento cientifico e tecnológico da sociedade, assim o ensino de ciências na
escola se torna de extrema importância e pode obter melhores resultados se aplicado já nos
primeiros anos do Ensino Fundamental. Enfim a cada dia que passa se torna mais evidente a
importância de um ensino científico de maior qualidade, e com isso vêm surgindo também
cursos de capacitação e projetos referentes ao tema, os quais visam o aperfeiçoamento tanto
de quem começa a dar aula como também de quem já está dando aula há muito tempo, o que
podemos perceber que é ainda existe um obstáculo referente ao ensino física no ensino
Fundamental, mas com o passar do tempo esse obstáculo tente a cair e as escolas poderão
fazer parte de algum tipo de projeto que auxilie, divulgue e desenvolva o ensino científico
como nas grandes cidades e estados que já deram o primeiro passo como São Paulo e Rio de
Janeiro com o projeto ABC – Mão na Massa – que vem dando certo e adquirindo cada vez
mais adeptos, e a tendência é que esse projeto que começou na França se abranja não só em
mais estados e cidades de nosso país, mas também mundialmente.
Uma das sugestões que se aponta para um melhor ensino de ciências vai à direção a
“reformulação dos cursos de formação de professores para o Ensino Fundamental para que na
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constituição de seus currículos, sejam revistas às situações de trato com o ensino de ciências,
permitindo que os futuros profissionais tenham contato com situações que lhes possibilitem
trabalhar de forma mais instigante com seus alunos, temáticas voltadas para o mundo da
ciência, onde a experimentação assume um dos palpites em destaque”. (MALACARNE;
STRIEDER, 2009, p.79).
“Mesmo atualmente os futuros pesquisadores continuam sendo muito mal preparados
nesse particular devido a ensinamentos que visam à especialização e resultam, com efeito, na
fragmentação, por não se compreender que todo aprofundamento especializado leva, pelo
contrário ao encontro de múltiplas interconexões” (Piaget, 1998, p.21)
3.1) Desenvolvimento do conhecimento.
Se os professores que lecionam ciências têm um bom conhecimento sobre a disciplina
que leciona, ele é capaz de conduzir a criança para que ela descubra e adquira um
conhecimento científico com o passar dos estágios que segundo Piaget é seqüencial, aonde a
cada estágio elas vão amadurecendo e desenvolvendo seu conhecimento.
Dewey (DEWEY, sem data2) afirma que: “O professor que desperta entusiasmo em
seus alunos, conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistemáticos por mais corretos
que sejam podem obter”.
Piaget através de um método clínico analisou as crianças, num tipo de observação
natural, no qual se propunha uma questão ou se cria uma situação e solicita a explicação do
observador, no caso à criança, as respostas infantis possibilitam a identificação de operações
lógicas ou estruturas mentais da criança em cada estágio, que são sensório-motor, préoperacional, operacional-concreto e operacional-formal, onde em cada estágio a criança tem
uma maneira de compreender o mundo diferente, aonde ela vai amadurecendo seus
pensamentos em cada estágio, no estágio pré-operatório, elas começam a ir para a creche, e se
iniciam no período escolar (6-7 anos) começam a descobrir a linguagem e o mundo que as
cerca, se inicia a fase dos “por que”, onde para tudo elas querem uma resposta ou uma
justificação mesmo sem entender, podemos começar a introduzir alguns conceitos físicos
nessas crianças através de demonstrações, conversas, mesmo que elas possam ainda não
entender de uma maneira concreta ela vai assimilando algo que ouviu ou viu e vai
amadurecendo aquilo que aprendeu com o passar dos estágios, pois as crianças desde cedo
precisam conhecer e interpretar os fenômenos naturais, situando-se no universo em que estão
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inseridas e interpretando a natureza O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período
intra-uterino e vai até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui também
após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção da inteligência
dá-se, portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às
outras. A isto Piaget chamou de “construtivismo seqüencial”. Ao iniciar o estágio préconcreto, a criança começa a desenvolver noções de tempo, velocidade entre outros e começa
a se concentrar por mais tempo em determinado assunto. O conhecimento não nasce com o
indivíduo nem é dado pelo meio social. O “sujeito constrói seu conhecimento através da
interação com o meio (físico e social).”, então podemos ir aplicando aos poucos conceitos
físicos a essas crianças de acordo com o estágio que ela se encontra e ir a estimulando para
que futuramente esta criança possa adquirir além de uma linguagem cientifica adequada,
também conhecimento cientifico mais adequado. Os indivíduos segundo Piaget se
desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio em que
vivem. O comportamento de cada um de nós é construído numa interação entre o meio e o
indivíduo.
3.2) Inovando dentro da sala de aula.
Para que uma aula de física não seja monótona e desinteressante é necessário que os
professores saibam inovar dentro da sala de aula fugindo um pouco do método tradicional,
que não estimula os alunos, existem vários métodos de ensino inovadores, um método que
está sendo bastante utilizado é o uso de experimentos através de projetos de Física para o
Ensino Fundamental.
Uma boa aula de ciências é a melhor oportunidade para desenvolver estudantes com
espírito crítico e capacidade de se expressar claramente. Mas do que aprender conteúdos as
aulas podem servir para o desenvolvimento de valores efetivos necessários para o aprendizado
geral. “É importante que as crianças comecem a construir conceitos físicos desde cedo e
consigam explorar aspectos mais formais no ensino médio” (CARLOS SCHROEDER, 2006,
p.31). O que normalmente acontece é que ao adentrarem no Ensino Médio os alunos não tem
qualquer conhecimento sobre a Física em si, e apresentam bastantes dificuldades durante o
desenvolvimento da disciplina, agora se trabalhado esses conceitos no Ensino Fundamental,
essas crianças adentram no ensino médio já com certa base e aperfeiçoam aquilo que já
aprenderam além de aprenderem conceitos novos com mais facilidade. As crianças observam
e interagem com o mundo ao seu redor demonstrando que ensinar física desde as séries
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iniciais não é utopia, ou seja, não é fantasia, mas uma realidade necessária para que o
conhecimento adquira um caráter de instrumento para a vida.
A alfabetização científica preocupa-se com os conhecimentos científicos e se investido
em um ensino de ciências mais adequado nas séries iniciais, os pequenos já se familiarizarão
com conhecimentos e linguagem científica, possibilitando ao aluno ler e compreender o seu
universo, onde o indivíduo pode ampliar seu universo de conhecimento como cidadão
inserido na sociedade. As crianças são curiosas e os professores podem se utilizar disto para
aplicar os conceitos referentes à Física.
Existem várias formas de se trabalhar a Física de uma maneira que ela possa se tornar
menos cansativa e mais atrativa e divertida, e cabe ao professor saber entender qual maneira é
mais adequada a seus alunos. Através de aulas práticas, os alunos têm condições de articular o
conhecimento cientifico, desenvolver habilidades e competências e também o domínio da
língua falada e escrita. Estas aulas podem ser através de experimentos, histórias em
quadrinhos, tirinhas, computador, entre outros, a cada dia que passa novas técnicas vêm
surgindo para o auxílio do professor.
Dewey defende a prática de aulas experimentais sobre o princípio de que os alunos
aprendem mais realizando tarefas dos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas
ganharam destaque no currículo e as crianças passam a ser estimuladas a experimentar e
pensar por si mesmas. Onde essas atividades podem se dar de maneira individual e coletiva.
"O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num
ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de pensamento” (DEWEY,
sem data3). Se o trabalho é feito em conjunto proporciona a criança aprender uns com outros,
saber discutir e defender suas idéias de maneira coletiva, além do que esses tipos de atividade
estimulam os alunos.
Através das experiências os alunos aprendem muito mais sobre os conceitos e fenômenos,
pois eles têm maior oportunidade de manipular idéias, adquirem algumas habilidades de
raciocínio, aprendem que a ciência é feita por pessoas que pensam formulam palpites e tentam
coisas que às vezes funcionam e às vezes falham. Sabemos que nem todos os alunos se
identificam com aulas práticas cada um tem uma forma que melhor se adapta, mas se os
professores buscarem formas inovadoras que diversifiquem suas aulas tornando a disciplina
mais interessante à quantidade de alunos que irá atingir concerteza aumentara.
Os alunos de hoje em dia não disponibilizam de quase nenhuma linguagem científica,
com a introdução da Física no Ensino Fundamental essa linguagem pode ser trabalhada para
que futuramente eles possam desfrutá-las, sem contar que a maioria dos alunos que terminam
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o Ensino Fundamental por não terem tido uma experiências muito boa com a disciplina
acabam tomando outros rumos que se distanciam da ciência, ou seja, uma minoria faz algum
tipo de curso superior nesta área, fato este que podemos observar e comprovar na falta de
professores formados principalmente em química e Física, lugar este ocupado por professores
de outras áreas como biologia, matemática, turismo entre outros, o que torna ainda mais
difícil se obter um ensino de Física de qualidade.
Segundo Piaget (1998, p.12): “Uma das questões que mais preocupam as autoridades
escolares e universitárias de diferentes países é o número muito baixo de vocações científicas
em relação ao número proporcionalmente bastante grande avultado de colegiais e estudantes
que se orientam para as carreiras literárias”.
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4) “ABC na Educação Científica: Mão na Massa.”
Existem vários tipos de projetos que estão sendo realizados em diversas escolas do
Brasil, relacionados com o ensino de Física no Ensino Fundamental. Todos concordam da
importância de se falar em Física, já nesse período escolar. De acordo com os dados
estudados, os resultados obtidos por esses tipos de projetos são bastante satisfatórios.
O ensino de Física no Ensino Médio ainda é visto como “bicho de sete cabeças”, as
dificuldades encontradas pelos alunos são muitas. De acordo com relatos e também
experiências vividas por mim em sala de aula, pude perceber que ainda existe um obstáculo
entre o aluno e a disciplina, eles não conseguem entender, relacionar as fórmulas e seus
conceitos.
Comentário aluno I:
“Há é muito difícil, já não entendo os conceitos e muito menos as fórmulas, é muita coisa
para decorar, que acabo não dando conta”.
Este aluno assim como muitos outros acham que a Física em si tem que ser decorada.
Comentário aluno II:
“Os conceitos até entendo, mas essas fórmulas são um saco”.
Novamente podemos notar um mal estar referente às fórmulas usadas na disciplina de
Física.
Comentário aluno III:
“As fórmulas é só decorar, o que temos que entender são os conceitos”.
A palavra “decorar”, está presente em quase todas as falas dos alunos, que é um fato
que temos que procurar modificar, pois para se aprender a Física é necessário entender os seus
conceitos, e não simplesmente “decorar”, pensando assim que está aprendendo algo.
Comentário aluno IV:
“Eu gosto de física e até entendo seus conceitos, mas acho que existem muitas
fórmulas, então acabo decorando também”.2
Com base nesses comentários feitos por alunos do 1º ano do ensino médio,
podemos ver como eles encaram a Física, em nenhum comentário houve elogios ou mesmo
demonstração alguma de satisfação total com a disciplina. Assim podemos concluir que
possivelmente se eles tivessem tido algum tipo de ensino de Física antes do ingresso no
Ensino Médio, eles poderiam enxergar a disciplina de uma outra forma, pois já estariam
familiarizados com ela.
2
(Obs.: comentários retirados de um debate com alunos do 1º do ensino médio no ano de 2008).
36
De acordo com as pesquisas feitas por mim durante o desenvolvimento deste trabalho
pode se destacar que os próprios alunos gostam da idéia de se desenvolver um projeto no
Ensino Fundamental sobre Física. Todos aqueles que participaram de algum tipo de projeto
referente a isto aprovaram a iniciativa.
Existe um projeto que a cada dia que passa esta sendo incluído no plano de
ensino de muitas escolas brasileiras e também em vários países. Esse projeto foi iniciado em
Paris em 1996 pelo prêmio Nobel em física de 1992 pela invenção e desenvolvimento de
detectores de partículas, em particular a câmara de múltiplas ligações proporcionais
(multiwire proportional chamber) e membro da academia de ciências Georges Charpack, que
nasceu na Polônia em 1 de Agosto de 1924, esse projeto foi inspirado no trabalho de seu
colega Leon Lederman também prêmio Nobel em física.
Georges Charpack.
Georges Charpack em visita a uma escola no Canadá.
O projeto tem o nome de “La Main à la Patê”. Em 1994 Charpack foi visitar algumas
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escolas de localidades desfavorecidas na cidade de Chicago, onde ele conhecia um colega
também físico e prêmio Nobel Leon Lederman que orientava o desenvolvimento do projeto
Hands On (mãos em), que era aplicado a crianças de 5 a 12 anos de idade.
Depois disso, Charpack reuniu alguns cientistas e pedagogos para elaborarem
um projeto de ciências, com uma metodologia de renovação no ensino de ciências e
tecnologia, que fornecesse o desenvolvimento da expressão tanto oral como escrita dos
alunos. Este projeto desenvolvido foi implantado na França e foi muito bem sucedido, este
fato levou a Inter Academy Panel (Organização das Academias de Ciências do Mundo) a
recomendar esses tipos de projetos a todos os países.
Esse projeto também chegou ao Brasil, a Acadêmica Brasileira de Letras,
presidida por Eduardo M. Krieger, apóia o desenvolvimento desse projeto. Foi implantada a
proposta em escala piloto inicialmente com uma parceria da USP (Universidade de São
Paulo), e da FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro.
Entre 2002 e 2004, alguns professores foram enviados para participarem de estágios
na França, onde puderam conhecer um pouco da realidade francesa do projeto. Nesses
estágios eram transmitidas a eles as experiências do projeto realizado na França, eles
abordavam o histórico “La Main à La Patê” desde o inicio até os dias atuais, assim como os
órgãos envolvidos e os recursos utilizados. Esses encontros se davam anualmente, mas de 40
professores do Rio de Janeiro, São Paulo e São Carlos já participaram desde estágio.
A experiência brasileira em sete anos de implementação e desenvolvimento do projeto,
adquiriu independência frente aos materiais utilizados e elaborados para a formação dos
professores. As atividades são desenvolvidas entorno de experiências simples que
desenvolvem atos de observação, discussão, avaliação e registro, elementos necessários à
construção do conhecimento científico e a apropriação progressiva dos seus conceitos
científicos, além de despertar a curiosidade e o interesse dos professores nos encontros de
formação e dos alunos na aplicação em sala de aula.
O projeto favorece a interação entre aluno e professor e também a inclusão nas
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atividades de alunos com necessidades especiais e um desenvolvimento melhor nas
expressões oral e escrita.
O projeto embora exija mais preparo do professor no sentido de mais pesquisas e
estudo para elaboração das aulas, por outro lado os problemas disciplinares diminuem
consideravelmente, pois aumenta a participação e o entusiasmo dos alunos nas aulas de
ciências e favorece o desenvolvimento de uma reflexão sobre a prática.
Um dos pontos principais do programa é a busca de integração entre profissionais da
área de ciências e da educação com professores do ensino fundamental.
O projeto já conta com mais de 30 países envolvidos, na tabela a seguir temos algumas
cidades e alguns países participantes:
No Brasil.
No Mundo.
São Paulo – Estação Ciências;
Colômbia - Portal latino – americanos
para apoiar a educação científica baseada
no inquérito;
Rio de Janeiro – Fiocruz – Instituto
Oswaldo Cruz;
Argentina: Proyecto de Alfabetización
Científica;
Viçosa – Minas Gerais;
Panamá: Hagamos Ciencias;
Fonte: CDCC – Centro de Divulgação Científica e Cultural, (São Carlos).
4.1) Os 10 princípios do “Programa ABC na Educação Científica – Mão na Massa”.
Desenvolvimento pedagógico;
1. As crianças observam um objeto ou um fenômeno do mundo real, próximo e
perceptível e experimentam com ele.
2. Durante suas investigações as crianças argumentam, raciocinam e discutem suas
idéias e resultados, constroem seu conhecimento - uma atividade puramente manual
não é suficiente.
3. As atividades propostas aos alunos pelo professor são organizadas em seqüências de
acordo com a progressão de sua aprendizagem. Realçam pontos do programa e
deixam boa parte à autonomia dos alunos.
4. Um mesmo tema é desenvolvido durante ao menos duas horas semanais ao longo
de várias semanas. Durante a escolaridade assegura-se uma continuidade de atividades
e métodos pedagógicos.
5. Cada criança terá um caderno próprio com suas experiências e anotações próprias.
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6. O objetivo maior é uma apropriação progressiva de conceitos científicos e de
aptidões pelos alunos, além da consolidação da expressão escrita e oral.
A parceria;
7. Solicitam-se as famílias e aos moradores do bairro a cooperação com o trabalho
escolar.
8. Os parceiros científicos nas universidades acompanham o trabalho escolar e coloca
sua competência a disposição.
9. Os educadores colocam sua experiência pedagógica e didática a disposição do
professor.
10. O professor encontra na Internet módula a executar, idéias para atividades e
respostas as suas perguntas. Ele pode também participar em trabalhos cooperativos,
dialogando com colegas, formadores e cientistas.
Fonte: CDCC – Centro de Divulgação Científica e Cultural, (São Carlos).
4.2) Histórico de Desenvolvimento do Projeto no Brasil.
O projeto começou a ser desenvolvido no Brasil no ano de 2001 em escala piloto
através da cooperação entre as academias de ciência da França e do Brasil.
São Carlos: O projeto foi implantado em Julho de 2001. Durante Julho e Dezembro de 2001
foi realizado um curso de capacitação para os professores de 1º a 4º séries, com duração de
40h, para esse curso foram utilizados roteiros franceses traduzidos para português: Transporte
da água – Educação Infantil, Flutua ou afunda – Educação Infantil de 1º a 4º séries e Estados
Físicos da Água – 2º a 4º séries.
Para a aplicação desses roteiros foram produzidos e distribuídos pequenos Kits às
escolas. Em 2002 foi realizado um curso de Aperfeiçoamento chamado “O Universo da
Ciência no Ambiente Local”, realizado em três fases (40h em Janeiro de 2002, 40h em Julho
de 2002 e 24h em Janeiro de 2003).
Os professores aplicavam as atividades em seus alunos, e por intermédio de exposição
reflexiva, relatavam os pontos positivos e negativos no desenvolvimento de suas práticas.
40
Participantes do projeto “ABC na Educação Científica - Mão na Massa” em 2001, 2002
e 20043 em São Carlos.
Ano
2001
2002
2003
Professores e
Coordenadores
47
92
254
Escolas
Alunos
08
44
73
1134
2950
6469
Multiplicadores/
Cidades
05/02
12/05
Fonte: Relatório Centro de Divulgação Científica e Cultural - USP São Carlos.
Como podemos perceber na tabela a cada ano o número de pessoas envolvidas com o
projeto foi aumentando. E essa é a tendência, pois como em todos os lugares onde o projeto
foi executado colheu se pontos positivos, cada vez mais escolas querem que ele faça parte de
seus planos de ensino. Em cada ano são oferecidos módulos diferentes, como por exemplo,
em 2004 temos: Animais, Flutuação, solos e Estados Físicos da Água. Para o
desenvolvimento desse projeto primeiramente os professores recebem um curso de
capacitação sobre os temas que serão abordados futuramente com os alunos, depois é
estudado uma problematização com os alunos sobre o tema escolhido, onde podem ser
levantadas e testadas várias hipóteses, para em fim se chegar à conclusão.
Rio de Janeiro: Em Agosto de 2001, começou se a realização que estimula o questionamento
da realidade concreta, a elaboração e a verificação de hipóteses, procurando fornecer um
ambiente propício a debates de idéias, possibilitando o confronto de opiniões entre os
educandos e o desenvolvimento da capacidade oral e também escrita. Para os professores que
participam é uma oportunidade de estar em contato direto com cientistas e também com
especialistas em didática da ciência. Um dos resultados desse trabalho é o Kit “Caixa d'
Água”, o qual trata se de uma caixa que contém um conjunto de materiais e atividades
relacionadas ao tema Água, assunto este que o grupo do projeto brasileiro optou por trabalhar
primeiro, o kit foi dividido em três módulos: Por que a água é tão especial para o fenômeno
da vida?- onde trata das características que distingue a água de outros solventes-, Vida na
água e água na vida e Água = Saúde? - onde busca trabalhar se com atividades experimentais,
enfocando o papel fundamental da água-, e por fim Que fórmula é essa? - que enfatiza a
relação entre a qualidade da água e a saúde, levando isso ao debate sobre a cidadania. O kit
ainda é acompanhado por um manual, com sugestões de atividades, alem de textos técnicos de
apoio e informações sobre os materiais necessários. Dados estes referentes ao Projeto Mão na
Massa - Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz). A metodologia do projeto “La Main à la
Pâte”, vem sendo aplicada também na educação de jovens e adultos, buscando se assim
41
formar pessoas capazes de estabelecer relações causais, conseguir entender tabelas e gráficos
a partir de leituras, ou seja, um cidadão pronto para enfrentar o mercado de trabalho ou dar
continuidade a sua formação.
Espírito Santo Resultado de uma parceria entre o Núcleo de Ciências, PROEX/UFES com o
CDCC/USP – São Carlos – esse programa é justificado pela carência expressiva com relação
à produção e confecção de materiais pedagógicos para atender tanto o ensino fundamental
como o ensino médio, busca se com o projeto oferecer condições para que os alunos de 5 a 10
anos possam adquirir conhecimento científico, desenvolver habilidades e competências tanto
do domínio oral ou escrito. O projeto foi implantado em cinco escolas envolvendo 17
professores e 500 alunos, onde o módulo escolhido pelos professores foi Água (Flutuação).
Relatos sobre o projeto nas escolas feito pela professora Fabiola do Nascimento da
Escola Pública Municipal da Serra - ES (EEF Antonio Vieira de Resende) mostram o
seguinte:
“A Vivência e o trabalho com o material experimental, propicia o desenvolvimento e
amadurece as idéias, exercitando o pensamento e a busca de respostas. Observamos
que tanto no grupo de professores, quanto no grupo de alunos, os competentes iam
articulando suas respostas, à medida que experimentavam, aprofundando se nos
fatores que interferem na flutuabilidade. Quando verificavam que a hipótese não se
confirmava, começavam a analisar e a classificar os objetos, até verificarem quais os
fatores que influenciavam, refinando mais suas hipóteses”.
O projeto realizado no Espírito Santo exerceu uma grande melhoria na qualidade do
ensino das ciências, facilitou a comunicação, o intercâmbio entre professores e alunos, o qual
promoveu uma troca de experiências. (Fonte: Relatório da Universidade Federal do Espírito
Santo).
Viçosa: O centro de Referência do Professor da UFV, em parceria com as Superintendências
Regionais do Ensino e apoio da Fundação VITAE, ofereceu oficinas sobre o módulo
“Flutuação”, em 2004 ofereceu nove oficinas, que contou com a participação de 250
professores, provenientes de 120 escolas de 27 municípios, a avaliação feita das oficinas
foram bastante positivas e os professores participantes se manifestaram no sentido de estar
aplicando os roteiros aprendidos durante as oficinas em suas salas de aula. (Fonte: Relatório
Universidade Federal de Viçosa).
Juazeiro – BA- Projeto desenvolvido no período entre 12/05/2005 à 04/10/2007, ele atendeu
53 professores de quatro escolas da educação básica, o qual envolveu cerca de 2987 alunos e
seis alunos bolsistas de Iniciação Científica. Foram desenvolvidas três etapas: água, ar e solo.
A equipe UNIVASF realiza a formação de professores e faz o acompanhamento do projeto
nas escolas, também produz o material didático escrito e experimental, o qual oferece
42
oficinas, divulga o projeto em congressos e eventos e realiza pesquisas sobre a aplicação do
projeto. Houve bastante participação dos professores da rede pública, o projeto tem cumprido
seu papel de popularizar a ciência e também promover a divulgação científica, além de
mobilizar professores e jovens em torno de temas e atividades científicas. Alguns pontos altos
foram destacados, sendo eles:
•
Fórum de discussão e intercâmbio em projetos de educação cientifica da região;
•
Realização de duas Mostras Cientifica nos anos de 2006 e 2007;
•
Participação de 15 professores no Seminário Nacional do Mão na Massa em
Recife/PE;
•
Integração escola, universidade de centro e museu da ciência;
•
Adesão de professores do ensino fundamental e médio em projetos investigativos e de
divulgação cientifica;
•
Participação efetiva de instituições públicas;
•
Disposição da Prefeitura de implementar em todas as escolas do município após dois
anos de projeto piloto;
Algumas dificuldades também foram apontadas:

Cada escola tem suas particularidades como disponibilidade de horário para formação
continuada;

Execução e aplicação dos recursos provenientes da SECTI no valor de 20 mil para
material permanente, no entanto os kits são materiais de consumo;

Dificuldades com relação a crédito suplementar em função de a UNIVASF ser uma
IFES nova;
Fonte: Relatório Técnico Convênio 043/2005 SECTI/ UNIVASF
Estrutura de uma aula experimental de Física para crianças. Após uma explanação oral
que descreva rapidamente os materiais e o procedimento, os alunos organizam os materiais
necessários e realizam a atividade. Antes de elaborar um relato individual, deve haver um
tempo reservado para se discutir os resultados e dar espaço para que as crianças proponham
teorias para explicar o que foi observado.
Esquema.
43
Explanação oral do professor explica o procedimento;
↓
Alunos providenciam materiais e realizam atividades;
↓
Alunos discutem resultados em grupo ou em classe;
↓
Elaborar relatório escrito ou em forma de desenho;
↓
Nova atividade;
A principal função da realização de atividades com alunos de 7 e 8 anos que estão
adentrando nos seus primeiros dois anos de escola é familiariza-los com o trabalho
experimental e também com o trabalho em laboratório.
Tabela: Unidades de exploração para alunos de 7 e 8 anos.
Unidade
Atividades
Calor e temperatura;
Condutores e Isolantes térmicos;
Movimentos do ar quente;
Construção de um coletor solar;
Luz e calor;
Luz, cores e sombra;
Construção de filtros de cor;
Construção de um periscópio;
Somando cores e sombras coloridas;
Ímãs;
O que são ímãs;
Quem é atraído por um ímã;
Qual a intensidade e o alcance de um ímã?
Água e ar;
Água em uma garrafa;
Balão em um freezer;
Foguetes de papel;
Fonte: Instituto de Física do Rio Grande do Sul.
Os alunos de 9 e 10 anos já estão familiarizados com os procedimentos que são típicos
da disciplina de ciências, os quais envolvem atividades de manipulação, onde já nesta fase
elas podem explorar mais e melhor os fenômenos e propor teorias mais fundamentadas.
Tabela: Unidades de exploração para alunos de 9 e 10 anos.
44
Unidades.
Atividades.
Eletricidade;
Quantos Watts?
O que é um circuito?
Como funciona um lâmpada?
Como ligar mais de uma lâmpada?
Como funciona uma lanterna?
Estados da matéria;
Gás em um balão;
Densidade de líquidos;
Partículas de sólidos e líquidos;
Pressão e empuxo;
Afunda ou flutua?
Construção de um submarino;
foguetes d' água;
Mudanças físicas e químicas;
Como fazer chuva?
Uma mistura que derrete – oobleck;
Como fazer queijo;
Forças e máquinas químicas;
Como medir forças;
Construção de catapultas;
Máquinas a vapor;
Unidades de instrumentos de medida;
Podemos confiar em nossos sentidos?
Qual a medida de cada coisa?
A velocidade;
Temperaturas negativas;
Fonte: Instituto de Física do Rio Grande do Sul.
Trabalhando essas unidades as crianças as crianças além de aprender a manipular
equipamentos e formular hipóteses começam a se familiarizar com os conceitos científicos,
assim sendo desenvolvem uma linguagem científica cada vez mais aprofundada, e com a
passar do tempo vão passando por outras unidades onde aprendem cada vez mais. Neste
estágio a criança segundo a teoria de Piaget começa a realizar operações mentalmente e não
mais apenas através de ações típicas da inteligência sensório-motor, raciocina de forma mais
coerente, já consegue raciocinar diferentes aspectos, reorganizar verdadeiramente seu
pensamento, começam a ver o mundo com mais realismo, então neste estágio podemos
introduzir vários conceitos físicos para essas crianças, com atividades adequadas a sua idade,
pois elas já têm a capacidade de raciocinar sobre o conteúdo que está sendo aprendido,
conseguindo já diferenciar o que é abstrato e o que é real, conseguindo ficar um tempo maior
concentrado em algo que possa lhe ser proposto, consegue formular pequenas hipóteses,
questionar e pensar sobre elas.
5) Projeto “Física para Séries Iniciais do Ensino Fundamental”.
45
Com o avanço do mundo moderno, um bom ensino de Física se torna mais necessário,
para que possamos compreender o mundo a nossa volta, jornais e meios de comunicação
sempre divulgam fenômenos que estão se tornando cada vez mais evidentes e várias novas
tecnologias que estão surgindo e para que possamos entender o que se passa é necessário que
saibamos pelo menos um pouco sobre a Física. Mas o que acontece é que as crianças estão
crescendo sem praticamente nenhum conhecimento cientifico, o que dificulta seu aprendizado
e entendimento. Neste sentido realizei este projeto para que as crianças no 9° possam ter um
aprendizado mais aprofundado sobre a Física, onde possam começar a adquirir um
conhecimento cientifico, já que no 1° ano começam a estudar a disciplina em si, e para que
elas já tenham certo conhecimento sobre a disciplina facilitando o seu aprendizado posterior e
também para que possam gostar da disciplina.
Foi realizado por mim, Vanessa Micheli, sob orientação do Professor Sérgio Yamazaki,
um projeto de extensão baseado na Física nas séries iniciais do ensino fundamental no ano de
2007 e 2008 na escola Estadual Fernando Corrêa da Costa na cidade de Rio Brilhante, Mato
Grosso do Sul, com cerca de 75 alunos, com faixa etária entre 14 e 17 anos, nos períodos
matutino e vespertino, com três turmas do ensino fundamental: 9º ano A, B e C, no período de
(10/08 a 28/09) no ano de 2007 e no período de (22/07 á 24/11) de 2008. Para a realização do
projeto foi dividido as aulas de ciências com a professora da disciplina, assim ela continuava
suas aulas normais e nós o projeto falando da física.
O projeto teve como objetivo incentivar os alunos do Ensino Fundamental a gostarem
de Física, deixando de rotular a disciplina como sendo um “Bicho de sete cabeças” e passando
assim a conhecê-la melhor e a notarem que esta disciplina não serve apenas para se fazer
contas, mas também para entender o mundo em nossa volta; a Física está em todo lugar e, ao
adentrarem no Ensino Médio seria interessante que eles já pudessem estar familiarizados com
a disciplina.
O projeto foi realizado em duas etapas, a primeira foi realizada no ano de 2007 com as
três turmas, sendo que nas primeiras aulas foi realizado um apanhado através de debate sobre
as contribuições dos principais físicos para a disciplina; a sala foi dividida em grupos e os
mesmos fizeram uma apresentação mais aprofundada sobre os físicos, levando em conta a
importância que cada um teve na física, pois acredito que antes mesmo de estudarmos a física
em si é necessário que conheçamos aqueles que a desenvolveram. Após essas apresentações
foram realizadas aulas teóricas expositivas e dialógicas sobre temas de física, desde a
mecânica até a física moderna; também foram realizadas experiências sempre depois das
aulas dadas, com o objetivo inicial de preparar os alunos para o ensino médio, onde passarão a
46
ter uma matéria específica desses conteúdos. Como a escola possui um pequeno laboratório
de física e química, os alunos foram convidados a realizarem um experimento com materiais
de fácil acesso onde, divididos em grupos, fizeram à montagem de uma câmara escura.
5.1) Roteiro para Câmara Escura.
Objetivos:
Este experimento tem por objetivo a construção de uma câmara escura onde é possível
observar a chama de uma vela sendo projetada em seu interior.
Contexto:
Segundo os princípios da óptica geométrica, os raios de luz se propagam em linha reta.
Na câmara escura, todos os raios de luz que são emitidos pelo objeto a ser projetado, passam
através de um pequeno orifício e atinge o aparato no interior dela. Assim sendo, a luz que sai
do ponto mais alto do objeto atingirá o aparato no ponto mais baixo da imagem projetada,
formando uma imagem invertida como na figura abaixo.
Idéia do Experimento:
Projeta-se a luz emitida pela chama de uma vela na parte interna da tampa de uma lata
de chocolate em pó, apenas fazendo um furo em seu fundo.
Etapa I: materiais necessários:
47
Item
Lata de Nescau
Comentário
Será utilizada também a tampa de plástico
translúcida. Pode ser qualquer lata desde que
esteja com uma tampa de mesmo material da lata
de Nescau.
Vela
Prego
Será utilizado apenas para fazer um furo no
fundo da lata, por isso, pode ser substituído por
qualquer outro objeto de metal pontiagudo.
Montagem:
Faça um furo, o menor possível, no meio do fundo da lata e tape-a com a tampa de
plástico. Acenda a vela e aproxime o fundo da lata até ver a imagem refletida na tampa.
Obs: Para que o experimento seja realizado com sucesso a ambiente para realizá-lo deve
permanecer o mais escuro possível.
Projeto Experimentos de Física com Materiais do Dia-a-Dia – UNESP/Bauru
Etapa II:
Para transformar seu experimento em uma máquina fotográfica, você precisará além
dos materiais já utilizados tinta fosca, fita isolante, papel fotográfico preto ou branco, solução
reveladora, solução fixadora, 3 formas plásticas e lâmpada vermelha fraca.
Vamos começar pintando o interior da lata com a tinta preta fosca. Depois da lata
pintada e a tinta seca, faça um furo no centro do seu fundo utilizando o prego fino. O uso de
furadeira manual e broca fina é mais recomendável, pois evita a formação de rebarbas. Agora
a lata se tornou em uma câmara escura de orifício. A câmara escura de orifício é o princípio de
todas as câmaras fotográficas existentes. Esse nome sugere uma cavidade preta com somente
48
um orifício em uma de suas faces, pelo qual entra a luz. A seguir ilustramos nossa câmara
escura.
Depois que isso estiver pronto, vamos preparar o laboratório de revelação. Pegue a
lâmpada vermelha e coloque-a em um cômodo bem escuro. Deste ponto em diante é
recomendável fazer todos os procedimento dentro deste quarto (escuro) iluminado
exclusivamente pela lâmpada vermelha. Retire o papel fotográfico do envelope e recorte-o de
modo que caiba na face interna da tampa da lata (7 cm x 7 cm). Fixe-o, com fita isolante,
nessa face da tampa, de modo que a face brilhante do papel fique voltada para a tampa. É
importante que o papel fique bem no centro da tampa da lata. Veja a ilustração a seguir:
Agora tape com um pedaço de fita isolante o orifício no fundo da lata, verifique se a
lata está bem vedada, de modo que nenhuma luz penetre em seu interior. Apague a luz
vermelha e saia do quarto escuro. Pronto. Fixe sua lata fotográfica para a cena com boa
iluminação que deseja fotografar. Se for tirar foto de uma pessoa peça para que ela fique
imóvel. Quando estiver tudo posicionado, retire a fita isolante do furo na lata e deixe-o
exposto por cerca de 1 minuto. Depois tampe novamente. O "retrato" esta tirado! Vamos ao
49
laboratório para revelá-lo.
Revelação:
Para revelar o papel fotográfico você precisará:
a) colocar a solução reveladora em uma das formas plásticas, em quantidade suficiente para
que cubra o papel fotográfico;
b) colocar água na segunda forma e,
c) colocar na terceira forma a solução fixadora. Tanto o revelador como o fixador pode ser
obtido em lojas especializadas em material fotográfico. Tudo pronto, então é hora de revelar
sua foto.
Dentro do laboratório (quarto escuro), com a luz vermelha acesa, destampe a lata e
dela retire o papel fotográfico. Coloque o papel fotográfico na solução reveladora, de modo ao
lado mais brilhante fique voltado para cima. Mova o papel lentamente e observe o
aparecimento da imagem. Não deixe muito tempo, pois senão a imagem ficará muito escura.
Isso feio retire o papel fotográfico do revelador, agora com a imagem visível, e coloque-o na
forma com água, somente para enxaguar. Retire da água e mergulhe-o na solução fixadora por
alguns instantes. Depois basta lavar a foto em água corrente e está pronto a sua foto.
O funcionamento deste aparelho é simples, trata-se da aplicação do princípio da
propagação retilínea da luz. Quando ela está voltada para o objeto bem iluminado, a luz
refletida do objeto entra através do orifício e forma a imagem dele na parede do fundo da
câmara. Como nos meios homogêneos a luz caminha em linha reta, isso justifica a inversão
entre objeto e imagem. Em nossa lata fotográfica a imagem se forma justamente sobre o papel
fotográfico, que reage à incidência de luz, ficando assim impressa a imagem do objeto. A
iluminação no ambiente de revelação deve ser vermelha e bem fraca, pois o papel de filme é
pouco sensível à luz vermelha.
Autor: Pedro Paulo Carboni Muniz
Essa parte do projeto foi realizada no período noturno na própria escola, onde os
alunos das 3 classes foram convidados a participarem juntos. Os alunos participantes foram
divididos em dois grupos, onde cada grupo ficou responsável por adquirir os materiais
necessários para o experimento. A primeira etapa foi realizada com total sucesso pelos alunos,
já a segunda etapa não foi possível realiza-la com sucesso, não foi possível arrumar as
50
soluções necessárias para a revelação das fotos, pois além de ter um custo alto, não foi
possível consegui-los com as lojas de fotografia, assim sendo, apenas conversamos e
discutimos sobre a possibilidade de transformar nosso experimento em uma máquina de
fotografia.
A segunda etapa do projeto foi realizada no ano de 2008, com os mesmos alunos do
ano de 2007, só que esses agora estavam no 1º ano do ensino médio; essa etapa contou com a
realização de um questionário com os alunos que haviam participado do projeto no ano
anterior sobre como eles estavam lidando com a física que encontraram no ensino médio;
também foi feita uma mesa redonda onde podemos conversar e discutir os pontos positivos e
negativos do projeto.
5.2) Apêndice A - Questionário
51
1) Qual a disciplina que você considera mais difícil no ensino médio?
( ) Matemática ( ) Física
( ) Química
( ) Outra.
2) Em se tratando da disciplina de física, que fator você considera mais difícil?
( ) Os conteúdos
( ) A grande quantidade de fórmulas
( ) O método ensinado
( ) Outra. Qual?
3) Você acha que se houvesse algum estudo mais aprofundado no ensino
fundamental a disciplina de física não seria tão complicada e suas notas
poderiam ser melhores?
( ) Sim. Por que?
( ) Não. Por que?
4) O projeto realizado no ano anterior sobre física ajudou você de alguma forma?
( ) Sim. Como?
( ) Não. Como?
5) Na sua opinião qual a importância da física?
( ) Vestibular
( ) Conhecimento
( ) Nenhuma3
5.3 Resultados e Discussões.
3
OBS: os dados coletados por este questionário serão representados em forma de gráficos.
52
Foi feita a realização de um questionário em Março de 2008 com 30 alunos do 1º ano
do Ensino Médio que participaram do Projeto o ano anterior.
Figura 1: Disciplina mais difícil do Ensino médio.
Disciplina mais difícil do ensino médio
13%
13%
44%
30%
Fisica
Matemática
Química
Outro
A primeira questão foi feita para termos uma idéia de qual disciplina do ensino médio
os alunos consideram mais difícil. Segundo Lafer (LAFER, 2008) “Se você tiver a sorte de
ter alguém que o(a) conduza pelos caminhos da verdadeira Ciência, mostrando cada
fenômeno, encadeando os conceitos, para só depois propor a modelagem matemática, você
descobrirá que a Física é uma disciplina muito gostosa de aprender. Agora, se você tiver que
resolver problemas matemáticos sem a mínima idéia do que eles representam, aí o troço
pega!” . Esse fato pode ser analisado e observado do ponto de vista de que a maioria dos
professores que lecionam a disciplina de física não são formados, assim sendo podem fazer
com que em vez da disciplina ser interessante ela fica chata e monótona. Outro fator que é
citado quando falamos de física é o fato de haver uma grande quantidade de fórmulas, Cleber
Moreira de Souza (MOREIRA, 2008)“ A maioria dos conteúdos são apresentados de maneira
repetitiva, com exercícios que em sua maioria utilizam um excesso de fórmulas matemáticas,
53
privilegiando a memorização e não o raciocínio do aluno” isso faz com que os alunos não se
animem e nem se interessem em aprender física. Na concepção da maioria dos alunos a Física
é vista de forma simplesmente matemática o que faz com que ela se torne mais difícil de
entender, assim os estudantes acabam preferindo outras disciplinas. De acordo com o primeiro
gráfico a Física é considerada a disciplina mais difícil seguida da Matemática, dentre os 30
alunos entrevistados a disciplina de física ficou na frente com 44%, a matemática com 30% e
por último empatados química e outros com 13%.
Figura 2: Ponto mais difícil da disciplina de Física.
Fator que dificulta o ensino de Física
17%
33%
20%
30%
Fórmulas
Conteúdos
Método
Outro
Essa pergunta foi feita para que possamos ter uma idéia de quais as dificuldades são
encontradas pelos alunos na disciplina de física. A Universidade Federal do Pará em seu
processo seletivo revelou que a disciplina de língua Portuguesa, Matemática e Químicos
somados juntos não ultrapassam a quantidade de zeros que a Física somou dado este que
surpreendeu os examinadores. O professor Vitor Façanha que coordenou a banca corretora da
prova de Física detectou que os alunos não conseguiram interpretar as questões, mas ele
afirmou que o conteúdo estava de acordo com aquilo que é ensinado no Ensino Médio. Esses
54
dados obtidos refletem a deficiência do ensino de Física. Vitor Façanha explica “que pelo fato
de o conteúdo de Física ser muito extenso nas três fases, o professor dispõe de um tempo
muito reduzido para desenvolver, de modo aprofundado, os assuntos relacionados a esta
matéria, o que o obriga a usar livros de volume único em que vem condensado todo o
conteúdo dos três anos, com modelos simples e que pouco estimulam o cognitivo do aluno”
(FAÇANHA, 2009). Vitor propõe que haja uma valorização do professor de Física, no sentido
de “haverem melhores recursos didáticos, recursos audio-visuais, laboratórios e uma boa
biblioteca com acervo atualizado, tanto nas escolas públicas como nas particulares, para que
o professor possa desenvolver a sua atividade de uma forma dinâmica e interessante”. De
acordo com relatos de alunos a disciplina de física se torna cansativa pelo excesso de fórmulas
e conteúdos que são transmitidos de forma tradicional, isso acaba fazendo com que eles
percam o interesse pela disciplina e não se animem tanto com ela, dados estes que podemos
perceber no gráfico 2, onde a maioria dos alunos acham que o que dificulta o ensino de física,
são as fórmulas, alguns alunos acham que a disciplina envolve muitas fórmulas, o que acaba
os confundindo, já outros relatam que não conseguem entender os conceitos relacionados as
fórmulas representando 33%, em seguida com 30% os conteúdos, método ensinado 20%, e
17% dos alunos optaram por outros, sendo este destacado por todos como sendo a professora
que lecionava a disciplina. Embora o método de como a disciplina é ensinada não tenha
ficado em primeiro lugar na preferência dos entrevistados em muitas conversas paralelas e
também com experiências vividas por mim dentro da sala de aula há uma grande reclamação
por parte dos alunos de que os professores apenas transmitem as aulas de forma tradicional e
não diversificam, que não há laboratório adequado entre outras coisas que faz com que eles
não se interessem tanto pela disciplina, o que se traduz em baixas notas e desistências.
Figura 3: Projeto para o Ensino Fundamental.
55
Projeto para o Ensino fundamental
27%
73%
Sim
Não
“A importância do ensino de Ciências é reconhecida por pesquisadores da área em
todo o mundo, havendo uma concordância relativa à inclusão de temas relacionados à
Ciência e à Tecnologia nas Séries Iniciais. Apesar da convergência de opiniões e de sua
incorporação pelas propostas curriculares e planejamentos escolares, ainda hoje em dia a
criança sai da escola com conhecimentos científicos insuficientes para compreender o mundo
que a cerca”. (Lorenzetti, 2008).
“Compreender é inventar, ou reconstruir através da
reinvenção, e será preciso curvar se ante tais necessidades se o que se pretende para o futuro
é moldar indivíduos capazes de produzir ou de criar e não apenas repetir” (Piaget). “Para
que as crianças não percam o interesse na disciplina é necessário incentivar os alunos a
colocarem a mão na massa, transformando a curiosidade em algo produtivo” (Gleicer,
2005). Muitos autores defendem a iniciativa de se trabalhar ciências com as crianças para que
desde cedo elas possam ter contato com um mundo cientifico, construam uma linguagem
científica adequada e consigam desenvolver um pensamento crítico, sendo que muitos deles
incentivam o uso de materiais diversificados, onde o mais requisitado e destacado é o uso de
experimentos.
Ao observarmos o gráfico 3, notamos que a grande maioria dos alunos com 73%
acham que deveria haver algum tipo de projeto sobre física no ensino fundamental, para que
eles possam ter um certo conhecimento sobre a disciplina antes de adentrarem no Ensino
56
Médio, já 27% dos alunos acham que não é necessário nenhum projeto ou mesmo estudo
aprofundado
Figura 4: Auxílio que o projeto concedeu aos alunos do 1º ano.
Auxílio do projeto
17%
83%
Sim
Não
Esta pergunta foi feita para que os alunos do 1º ano que participaram do projeto
relatassem se o projeto os auxiliaram de alguma forma no estudo da física em si. De acordo
com o gráfico acima, podemos perceber que 83% dos alunos acharam que o projeto do qual
participaram no ano anterior, foi importante para que eles entendessem o conteúdo que estava
sendo ministrado no 1º ano, pois eles já tinham uma base do que estava sendo passado, assim
conseguiram entender um pouco melhor, outros 17% consideraram que o projeto não os
ajudou em nada. Muitos autores defendem a iniciação de um ensino de física já no Ensino
Fundamental, como por exemplo, “É importante que as crianças comecem a construir
conceitos físicos desde cedo e consigam explorar aspectos mais formais no Ensino Médio
(SCHROEDER, 2006)”.
57
Figura 5: Importância da Física.
Impotância da Física
17%
50%
33%
Vestibular
Conhecimento
Nenhuma
“A Física permite-nos conhecer as leis gerais da Natureza que regulam o
desenvolvimento dos processos que se verificam, tanto no Universo circundante como no
Universo em geral. O objetivo da Física consiste em descobrir as leis gerais da Natureza e
esclarecer, com base nelas, processos concretos”( Miakichev; Bukhovtsev, Tradução 2009).
Passar de ano, conseguir o curso técnico desejado ou fazer vestibular, para tudo isso é
necessário saber pelo menos um pouco de física para se conseguir uma boa nota, o que
corresponde ser aprovado na escola, aprovado no vestibular ou mesmo conseguir o curso
técnico desejado. Em se tratando da importância da Física, os alunos entrevistados
relacionaram a importância da disciplina principalmente com o vestibular - 50 % deles acham
que ela é necessária, pois cai também nesses tipos de provas; outros 33% relatam a
importância de se estudar esta matéria para aumentarem seu conhecimento sobre o mundo que
os cerca e por fim 17% acham que a disciplina não tem importância alguma.
58
5.4) Análise dos gráficos.
O objetivo da aplicação desse questionário para os alunos no 1º ano do Ensino Médio,
foi saber o que eles sentem em relação à disciplina de física, como eles estão lidando com ela
e se o projeto realizado com eles no ano de 2007 os ajudou de alguma forma.
Com base no gráfico 1, não houve surpresa nenhuma em relação a qual disciplina eles
não se davam bem, podemos perceber que ainda hoje a Física seguida da Matemática ganha
em disparada das demais disciplinas, fato este que os alunos justificam dizendo que existem
muitas fórmulas nos conteúdos de Física, onde eles afirmam que não conseguem decorar
todas as fórmulas e muitas vezes não conseguem conciliar as fórmulas aos conteúdos.
Em relação ao gráfico 2, o fator que é considerado o mais difícil para se aprender
Física e que é sempre lembrado e reclamado novamente pelos alunos é justamente a grande as
fórmulas existentes e também o fato de os conteúdos serem muito complicados; relatam eles
que se dão mal nas provas pelo fato de não conseguirem decorar todas as fórmulas de Física e
quando decoram muitas vezes na hora da prova se esquecem devido ao nervosismo; alguns
alunos também reclamaram do método de ensino adotado pela professora, sempre do mesmo
jeito tradicional, giz e quadro e nunca diversificado. De acordo com alguns teóricos existem
vários métodos alternativos que podem contribuir para a realização de aulas diversificadas e
que fogem um pouco do tradicional que é o que mais predomina nas escolas brasileiras; é o
que podemos observar nos trabalhos dos seguintes autores Luciano Denardim (Aprendendo
física com o Homem aranha, 2006), Caruso (Uma proposta de ensino e divulgação de ciências
através de quadrinhos, 2002), Renato Júdice (Física e teatro, 2001), Fábio Luís (Como
trabalhar com tirinhas nas aulas de física, 2003), entre outros que buscam trazer inovações
para sala de aula, visando a diversificar as aulas, despertando assim o interesse e a
participação dos alunos. E por fim um último fator por eles considerado e de extrema
importância é a formação dos professores que lecionam a disciplina; 17% relacionam a
dificuldade de se aprender física com a professora, eles dizem que não entendem o que ela
explica, eles têm consciência de que isso se justifica pelo fato de ela não ser formada em
Física e sim em outro curso, isto é o que encontramos em muitas escolas brasileiras; soma-se
a isso, o fato de que mesmo dentre os graduados na área, a defasagem com relação aos
conteúdos e com as técnicas e teorias pedagógicas é grande. Mas, voltando aos não graduados
em Física, as escolas acabam por colocarem para lecionar a matéria, professores formados em
outras áreas, principalmente matemática; sabemos da importância de o professor que leciona
qualquer tipo de matéria ser formado no mesmo, o texto de Ângela Mascarenhas (Os
59
conceitos Fundamentais das ciências humanas e a formação do professor), fala sobre a
importância da formação do professor, principalmente em sua área de atuação, mas que ele
também possa ser formado para ter consciência e saiba lidar com tudo em sua volta
Podemos observar que as instituições acadêmicas têm dificuldades em formar o
professor que consiga articular os fundamentos teórico metodológicos no cotidiano
escolar com sua prática pedagógica. Nesse sentido é que acreditamos que o
trabalho do professor não pode prescindir de uma significativa formação na área
das Ciências Humanas (História, Sociologia, Antropologia, Ciência Política,
Geografia) e Filosofia, tanto no exercício de sua prática pedagógica, atuando
diretamente com os conceitos e conteúdos dessa área (sociedade, relações sociais,
cultura, política, tempo, espaço) junto aos seus alunos, quanto para compreender o
universo das relações sociais, econômicas, políticas, históricas e culturais que
compõem o cotidiano da vida escolar e social. (MASCARENHAS, 2007, Pg. 107).
A formação oportuniza o professor não só o saber em sala de aula, ele precisa
conhecer as questões da educação, as diversas práticas analisadas na perspectiva histórica,
sócio-cultural e ainda, precisa conhecer os desenvolvimento do seu aluno nos seus múltiplos
aspectos: afetivo, cognitivo e social, bem como refletir criticamente sobre seu papel diante de
seus alunos e da sociedade. Segundo o depoimento da professora “os professores até querem
mudar, mas se não passam por cursos de capacitação não irão aprender como usar os
recursos do computador e irão desanimar”. Então além de ser absolutamente necessário que
os professores sejam formados em suas respectivas áreas, se torna necessário também que ele
continue aprendendo com o passar dos anos para que possa acompanhar as várias tecnologias
que surgem e possam aplicá-las em sala de aula.
Em se tratando do gráfico 3, percebemos que a grande maioria dos alunos acha
importante a realização de algum projeto ou mesmo algum estudo mais aprofundado sobre a
Física, pois assim eles podem entrar mais preparados no Ensino Médio. Muitos alunos já
entram no Ensino Médio imaginando a física como um bicho de sete cabeças e com o passar
dos tempos muitos acabam se simpatizando ainda menos com a disciplina, fatos esses
evidenciados no grande número de notas baixas e reprovações na disciplina, sem contar que
muitos ao terminarem o Ensino Médio sequer pensam em seguir uma carreira cientifica.
Já no gráfico 4, o que observamos é que os alunos consideraram que o projeto “Física
para Séries Iniciais do Ensino Fundamental”, foi de grande auxílio para eles, 83% relataram
que com o projeto puderam entender com mais facilidade os conteúdos passados pelo
professor de Física no ensino médio, pois já estavam familiarizados com vários pressupostos
da disciplina e devido a isso puderam se sair melhor
em suas avaliações. De fato,
praticamente todos os projetos relacionados ao Ensino de Física no Ensino Fundamental vêm
60
dando certo e colhendo bons resultados, e o mais importante e satisfatório de tudo isso é que
os próprios alunos conseguem enxergar e entender isso.
Por fim no gráfico 5, podemos ver qual a importância que os alunos atribuem ao
Ensino de Física, 50% deles consideram apenas como uma matéria necessária para o ingresso
em uma faculdade, ou seja, relacionam ela simplesmente ao vestibular, alguns ainda não
conseguem ver nenhuma contribuição da física para suas vidas; este é um dado que com o
passar do tempo com certeza podemos modificar, e 33% já conseguem relacionar a física com
o conhecimento que podem ter para conseguirem entender melhor o mundo que os cerca,
nesta fase, segundo a teoria de Piaget, eles se encontram no estágio operacional-formal,
estágio este que vai dos 12 anos em diante, com essa idade as crianças já conseguem realizar
raciocínios abstratos, não recorrendo ao contato com a realidade, começam a desenvolver sua
identidade, pensam e formulam hipóteses, permitindo que determinem conceitos e valores. Já
passam a ser capaz de fazer críticas, propor novos modelos e hipóteses. Nesta fase o préadolescente como é considerado, começa a desenvolver um pensamento mais crítico capaz de
aprovar e refutar idéias, procurando soluções mais adequadas. Pudemos perceber que, como
diz Piaget, eles já são capazes de entender conceitos abstratos os quais existem muito na
Física e se não concordam com algo questionam até provar que estão certos ou se convencem
e adquirirem um novo conhecimento, e já conseguem fazer uso de uma linguagem mais
científica. Se a criança é inserida desde cedo no mundo científico, como os estágios de Piaget
são seqüenciais ao chegar, no último estágio que abrange os 12 anos em diante ela é capaz de
raciocinar, conversar e pensar cientificamente, pois já adquiriu e aperfeiçoou os conceitos
aprendidos anteriormente e conseguem fazer uso deles, agora se eles apenas vêem a parte
física no 9º ano superficialmente e somente no ensino médio, têm mais dificuldade que é o
que podemos perceber através de suas notas.
Um fato importante a ser destacado é que os alunos já começaram a ter consciência da
importância da física em suas vidas, e já entendem que através dela podem adquirir
conhecimentos capazes de entender o mundo a sua volta. Dewey foi um dos primeiros
filósofos a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos. Para ele é importante
que os educadores descubram os verdadeiros interesses das crianças, para poder apóiá-las,
pois esforço e disciplina são produtos do interesse e somente com base nesses interesses a
experiência poderia adquirir um verdadeiro calor educativo. Sendo assim se o professor é
capaz disso a consciência do aluno se modificará.
61
6) Mesa Redonda. (2008)
Perguntas que foram debatidas.

Vocês acham física chata/ difícil?

O que vocês sentiram com o primeiro contato com a matéria?

Se houvesse algum curso, projeto ou mesmo disciplina no ensino fundamental sobre a
matéria, o pensamento e a visão de vocês seriam diferentes?

O que vocês acharam do projeto?

Ele teve algum ponto positivo, influenciou vocês no ensino médio?

Vocês gostaram das aulas práticas?

Gostaram da experiência de se aprender física através de experiências?

Recomendam o projeto para o ensino fundamental?

O que esperam da física nos próximos anos.
6.1) Análise da Mesa Redonda.
O objetivo dessa mesa redonda foi saber dos alunos, o que o projeto realizado com
eles no ano anterior significou, se os ajudaram e quais os pontos positivos e negativos.
A mesa redonda contou com a participação de 10 alunos, os quais haviam participado
do projeto no ano anterior, ocorreu no mês de Outubro de 2008 na Escola Estadual de Mato
Grosso do Sul no período vespertino durante horário de aula. A maioria dos alunos
entrevistados não acha a disciplina tão difícil, embora a maioria precise de nota para passar;
consideram a disciplina mais fácil de entender dependendo do professor que irá aplicá-la, pois
no início do ano eles acharam a disciplina um pouco complicada devido ao fato da professora
não ser formada em Física, e não entender muito bem a matéria, então era tudo na base da
memorização e as notas baixas apareciam, pois dizem eles que “ela apenas lia e fingia que
explicava, não tinha muito do mínio do assunto”; assim contrariando a resposta obtida na
figura 1 onde 44% consideraram a física a disciplina mais difícil do Ensino Médio, como
participaram do questionário 30 alunos e do debate 10 esse dado pode ser contestado, pois os
participantes podem estar inseridos nas outras porcentagens, outro fator que pode também
explicar essa contradição é de que o questionário foi aplicado no mês de Março e o debate foi
realizado em Outubro e como houve mudança de professora podem ter se identificado mais
62
com a disciplina passando assim a não considerarem tão difícil como no ínicio do ano. Todos
concordaram que era uma maneira mais fácil de tirar nota, pois nas provas o que se mudava
basicamente eram os números, mas mesmo assim iam mal. Já no meio do segundo bimestre a
professora que é formada em física voltou e assumiu as aulas, de acordo com eles ficou um
pouco mais difícil, pois ela cobrava mais, em compensação agora eles entendiam a matéria e
as notas começaram a melhorar, pois entendiam o que estava sendo explicado; assim, de dez
estudantes apenas um preferiu a primeira professora, pois diz ele que suas notas eram maiores
com ela.
Todos concordaram em dizer que é necessário e importante algum estudo mais
aprofundado nas séries iniciais, pois assim ao adentrarem no Ensino Médio eles podem
entender melhor o que está sendo explicado e consequentemente suas notas podem melhorar.
Embora eu achasse que muitos consideravam o projeto perda de tempo, no sentido de que era
uma forma de se matar aula ou não ficar em sala de aula, depois desta mesa redonda meu
ponto de vista se modificou completamente, foi possível observar que os alunos acharam o
projeto muito bom, alguns até disseram que graças a ele puderam entender melhor os
conteúdos que foram passados pela primeira professora. Eles recordavam do que lhes foi
passado e explicado no projeto no ano anterior, assim não foram tão mal nas provas; falaram
que se o projeto não tivesse sido realizado as notas iriam ser muito piores, sendo assim
concluíram que o projeto foi de grande importância para eles, e que essa importância se
refletiu neste ano quando começaram a aprender à física e a realizarem as provas no ensino
médio. Alguns até relataram que quando foi aplicada uma pequena avaliação para ver se eles
estavam entendendo o que estava sendo ensinado no projeto eles nem estudaram e levaram na
brincadeira, mas aprenderam o que havia sido explicado e pedido e colocaram em prática este
ano. Assim confessam que com o projeto tiveram um pouco mais de facilidade com os
conteúdos do 1º ano de física. Embora este ano não tenha havido nenhum trabalho com eles
no laboratório e nem experiências em sala de aula eles concordam ao dizer que é necessário
que além das aulas teóricas sejam feitas aulas práticas, assim como teve no projeto. Todos os
alunos que participaram da mesa esperam que a física fique cada vez mais interessante e
menos complicada.
Em relação aos pontos negativos relatados por eles, gostariam que houvesse tido mais
experiências porque era um método divertido e diferente de se aprender física, e também
gostariam que o projeto envolvesse mais experiências onde eles pudessem colocar a “mão na
massa”, como o realizado no período noturno da câmara escura, onde eles mesmos montaram
o equipamento. Para mim os pontos negativos foi o pouco tempo que tive para aplicar o
63
projeto, já que tínhamos que dividir a aula com a professora para que ela também pudesse
continuar com seu trabalho, e também que havia muitos feriados e dispensas dos alunos para
jogos, feira de ciências o que acabava por cair bem no dia do projeto que era realizado
praticamente em todas as sextas e quintas feiras, apenas em uma sala era realizada na terça.
Um outro fator observado por mim negativo foi que também devido ao tempo, em algumas
aulas não foi possível a realização de experimentos.
Ao final do projeto foi realizada a entrega de certificados referentes ao projeto que
todos os alunos receberam da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS –.
Como se pode notar tanto nos projetos que foram citados neste trabalho como no
projeto por nós realizado, todos eles contaram com a realização de experimentos,
contemplando, Dewey, que defende a forma do “aprender fazendo”, através de experiências
que consistem em orientar e em provar, apresentando situações-problema a serem resolvidos,
permitindo ao aluno desenvolver em seus aspectos psicológicos, morais e sociais, e também o
espírito de se trabalhar em equipe, pois através deste tipo trabalho pode-se estimular a
cooperação e se desenvolver um espírito social que é extremamente importante nos dias
atuais, onde as pessoas costumam pensar apenas em si próprio. Dewey considera que as aulas
tradicionais, não são capazes de proporcionar um bom ensinamento e que os estudantes
aprendem melhor quando realizam tarefas experimentais em que possam manipular os
equipamentos colocando a mão na massa sobre os conteúdos que lhes são ensinados,
estimulando assim o aluno para que ele possa pensar. Defende o uso de experiências práticas
do dia-a-dia, pois argumenta ele que “Afinal, as crianças não estão, num dado momento, sendo
preparadas para a vida e, em outro, vivendo”
(Edição Especial Nova Escola, 2008), assim sendo
defende que as crianças devem ser colocadas diante de problemas reais, onde através deste
tipo de experiência elas possam adquirir novos conhecimentos.
Em praticamente todos os projetos assim como na teoria de Dewey é defendido o uso
da experimentação como papel fundamental para o aprendizado, onde os alunos interagem
com o meio e podem pensar sobre aquilo que lhes é proposto. Em todos os trabalhos e
projetos citados e estudados neste trabalho onde a Física é introduzida no Ensino
Fundamental foi obtido grande sucesso, até mesmos os próprios alunos defendem o uso dos
experimentos nas aulas de ciências, pois consideram eles que é uma forma que facilita o
aprendizado e os estimulam a aprender.
"O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num
ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de pensamento” (DEWEY,
sem data4).
64
7. Apêndice B - Fotos do Projeto.
Turmas Participantes.
Seminários.
65
66
Experimento: Termômetro Caseiro
Experimento: Vela no Copo
Experimento: A Bexiga que não Explode
67
Experimento da água Quente e Fria
Experimento da água Quente e Fria
Mesa Redonda.
68
Entrega do Certificado.
69
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Com o passar dos tempos o mundo se moderniza cada vez mais, as tecnologias
evoluem rapidamente fazendo com que as exigências do mundo e do mercado de trabalho
cresçam num piscar de olhos. Em se tratando da disciplina de ciências, o ensino que é
destinado a ela é fraco e deixa muito a desejar, a Física ensinada no Ensino Médio não dá
conta de suprir todas as necessidades do aluno e muitos conteúdos importantes são deixados
de lado. Nesta disciplina o índice de reprovação e desistência infelizmente é altíssimo. Os
estudantes estão cada vez mais curiosos e espertos e os métodos tradicionais já não satisfazem
mais.
Se as escolas adotassem a “introdução da física”, já nas séries iniciais do ensino
fundamental, provavelmente estes índices iriam diminuir consideravelmente, pois os alunos já
teriam uma base sobre os conteúdos e já estariam familiarizados com a linguagem científica
ao adentrarem no Ensino Médio, o que tornaria a disciplina mais prazerosa.
A importância de um Ensino de Física de maior qualidade é cada vez mais necessário
para que possamos formar alunos capazes de raciocinar por conta própria e ter um
pensamento crítico mais adequado à sociedade em que vivemos. Sabe-se que as escolas
seguem um plano de ensino fixo e de como é complicado alterar esses planos, mas existem
70
vários projetos que são realizados pelas escolas, assim poderia se investir num projeto
relacionado à ciência (física). Como vimos neste trabalho há várias maneiras de se aplicar a
Física no Ensino Fundamental através de projetos ou mesmo nas próprias aulas de ciências,
projetos estes que possam incentivar e estimular o racíocínio e as habilidades dos alunos sem
contar que os inserem num mundo científico com desenvolvimento oral e escrito.
Um método bastante utilizado e defendido por Dewey é o experimental, onde o aluno
interage com o meio, através de experiências de seu dia-a-dia, podendo se desenvolver tanto
fisicamente como mentalmente, assim o incentivando e animando a aprender Física, fazendo
com que a disciplina perca o rótulo de “bicho de sete cabeças” como dizem os próprios
alunos. Já é um fato que uma das melhores formas de se ensinar Física é experimentalmente,
pois também é um método diversificado que foge do tradicional e vêm obtendo resultados
bastante positivos, pois os próprios alunos gostam deste tipo de aula.
Ainda há muitos obstáculos a serem enfrentados para que tudo isso se concretize e
todas as escolas tenham inserido em seus planos de ensino a “Física no ensino fundamental”,
um deles foi bastante citado neste trabalho que é o despreparo dos professores que lecionam a
disciplina, os quais pela falta de conhecimento da mesma preferem adotar uma postura mais
tradicional, pois os próprios cursos de formação deixam muito a desejar em relação às
Ciências, mas para sanar pelo menos um pouco desta falta de conhecimento, já existem cursos
de capacitação continuada para que esses professores possam ser melhores preparados para
dar suas aulas, um exemplo disto é o POPCIÊNCIA da Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul – UEMS, que viabiliza a capacitação de professores principalmente de Física e
Química, mas também é aberto para professores de outras áreas que trabalham na área
científica (Física, Química, Biologia e Ciências).
Enfim, de acordo com o que foi estudado e principalmente vivenciado, chegamos à
conclusão de que todos os tipos de projetos ou mesmo aulas diversificadas voltadas para o
ensino de Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental são válidas e com certeza dão
certo, respondendo assim ao nosso objetivo, como podemos ver no projeto “ABC na
Educação Científica – Mão-na-Massa”, que é um projeto que por onde passa está dando certo
e vem se expandindo e sendo copiado por muitos países em todo o mundo; também como no
projeto realizado por nós “Física no Ensino Fundamental”, que em nossa concepção foi de
grande valia para os alunos do 9° ano do Ensino Fundamental, onde eles puderam utilizar o
que lhes foi ensinado já no 1° ano do Ensino Médio; com esse projeto verificamos o interesse
e a participação dos alunos e pudemos notar que a cada aula havia interesse por parte dos
educandos, é claro que sempre têm aqueles alunos que não se interessam e acabam preferindo
71
as aulas tradicionais, mas deste projeto a grande maioria dos alunos que participaram
aprovaram a iniciativa o que nos deixou muito contentes e realizados. Sendo assim
acreditamos que estes tipos de iniciativa que viabilizam uma maior valorização do ensino de
Física é um grande trunfo para a desmistificação da ciência, para que crianças e adolescentes
sejam instigados a estudá-la, onde a partir disto possam aumentar as estatísticas e interesses
pela carreira científica se tornando quem sabe grandes professores ou mesmo cientistas,
divulgando assim ainda mais a ciência.
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