Alunos Participantes
Presidente do Colégio Dante Alighieri
Ana Carolina Paixão De Queiroz
Dr. José de Oliveira Messina
Daniel Mathias Rosenfeld
Eduardo Andrés Fernandez Marins
Fabio Marelli Thut
Felipe Morelli Guazzelli
Diretora-Geral Pedagógica
Profª. Silvana Leporace
Professoras Orientadoras da Oficina
Francisco de Asis Corrales Arbeloa
Valdenice Minatel Melo de Cerqueira
Gabriel Amara
Verônica Martins Cannatá
Gabriel Mathias Rosenfeld
Jornalistas Orientadores da Oficina
Gabriela Nusbaum
João Pedro Garrido Magnani
Barbara Endo
Júlia Costanza Gonzalez
Felipe Guerra
Pedro José Curiati Chaddad
Projeto Gráfico
Yanni Barreto Donati
Thiago Maldonado
Participações Especiais
Jornalista Responsável
Equipe Dante Em Foco Mirim
Fernando Homem de Montes
Leonardo Lombardero Sanchez
MTb 34598
Rafael Moraes Bonsanti
Tiragem:
@D ante E m F oco
D ante
em
F oco
1.000 Exemplares
Acesse nossos blogs
http://dante.foco.blogdante.com.br/
http://dante.catraca.blogdante.com.br/
Envie suas críticas e sugestões para o
Alameda Jaú, 1061 - CEP 01420-003 - SP
e-mail:
Tel.: (11) 3179 - 4400
[email protected]
www.colegiodante.com.br
2
FOCO | Outubro 2013 |
SUMÁRIO
04
Editorial
05
Brasileiros no espaço
06
Vivendo no mundo da lua
08
Treinamento de choque
09
Roupas espaciais, mais que especiais
10
Entrevista com pedro Nehme
16
Imagens de outros planetas
17
Veículos espaciais
18
Acidentes acontecem
20
Espaço sideral chega à Alameda Jaú
28
Indo para o espaço, literalmente!
29
A galáxia em suas roupas
30
Guia de curiosidades espaciais
32
Star Food - Uma jornada gastronômica
34
Guia de aplicativos
38
O que os nossos olhos não veem
40
Espaço e cultura: uma aliança terráquea
42
O espaço inspira o cinema
| Outubro 2013 | FOCO
3
Foto: sxc.hu
Editorial: O olhar além de uma escola
Por Barbara Endo e Felipe Guerra
Não existe dúvida de que a temática espacial desperta o interesse
e aguça a curiosidade de muitas pessoas. Quem nunca pensou, por
exemplo, em como seria viajar para o espaço? Ou na possibilidade da
existência de vida fora da Terra? As ciências do espaço servem para
despertar em nós esse desejo de explorar, descobrir e aprender.
Sabemos que a Astronomia, a Astronáutica e as Ciências Espaciais
servem como portas de entrada para o conhecimento em diversas
áreas como Física, Química, Matemática, Geografia, História e muito
mais. Não à toa, tais campos são estudados há muitos séculos – Leonardo da Vinci (1452-1519) e Galileu Galilei (1564-1642), que dão
nome a dois edifícios do Colégio Dante Alighieri, foram grandes expoentes em várias dessas áreas.
E, no ano em que o Colégio lança o programa de Educação Espacial,
nós, da Dante Em Foco, não poderíamos deixar de registrar esse
passo tão importante que alia a tradição do Colégio à modernidade
dos estudos do espaço. Nossa matéria de capa permitirá a melhor
compreensão do que é a Educação Espacial e de como ela será implementada no Dante.
Aqui, você encontrará conteúdo relacionado a diversas questões,
como, por exemplo, quais foram os principais acidentes espaciais que
ocorreram até hoje, como é a vida dos astronautas e o que esses profissionais comem, entre várias outras curiosidades. Além disso, você
também poderá conferir uma entrevista exclusiva com Pedro Nehme,
que será o segundo brasileiro a ir para o espaço.
Faça uma ótima leitura e divirta-se nesta jornada!
4
FOCO | Outubro 2013 |
Brasileiros no espaço
Por Daniel Rosenfeld
Sim, os Estados Unidos são a maior referência mundial quando se
fala no envio de pessoas para o espaço. Mas o Brasil também tem
seus “heróis”. Confira, abaixo, um breve perfil de cada um deles:
Marcos Pontes
Em junho de 1998, Pontes foi selecionado para o
programa espacial da NASA, para a candidatura
a que o país tinha direito, pelo fato de integrar o
esforço multinacional de construção da Estação
Espacial Internacional (ISS). Iniciou o treinamento no Johnson Space Center, em Houston, e, em
2000, foi declarado “astronauta da NASA”.
Foto: www.marcospontes.net
Enquanto esperava a vez de ir ao espaço, Marcos Pontes foi designado para o Escritório de Astronautas para Operações na Estação
Orbital, onde trabalhou no setor de missões técnicas. Em outubro
de 2005, durante uma visita oficial do então presidente Luís Inácio
Lula da Silva à Rússia, foi assinado um acordo de cooperação entre
os dois países, possibilitando assim a ida de Marcos Pontes à Estação Espacial Internacional.
Foto: Divulgação AEB
Pedro Nehme
O estudante de Engenharia Elétrica na UnB (Universidade de Brasília) Pedro Henrique Doria Nehme, de 21 anos, é o segundo brasileiro a ir para o
espaço. Ele venceu uma promoção da companhia
aérea KLM, batizada de “Space Flight,” e ganhou
uma vaga na nave Lynch, da Space Expedition Cor-
poration (SXC). A viagem está marcada para o início de 2014 e custa
US$ 107 mil (cerca de R$ 223 mil).
Pedro fez um estágio de nove meses em um centro da NASA, nos
EUA, no ano passado e, atualmente, é estagiário da Agência Espacial
Brasileira.
| Outubro 2013 | FOCO
5
Vivendo No Mundo da Lua
Por João Pedro Magnani
Já lhe disseram que você vive no mundo da lua? Bem, por mais que
isso queira dizer que você é desatento, viver no espaço não é tão
simples assim. Atividades cotidianas como fazer um sanduíche ou até
dormir podem se tornar um grande desafio.
No espaço, a gravidade é tão pequena que é quase impossível percebê-la, portanto, dormir deitado é um luxo que os astronautas não
têm. Na Estação Espacial Internacional, os viajantes espaciais dormem em sacos de dormir presos na parede da nave, porém, segundo
o engenheiro-astronauta Chris Hadfield, como não há gravidade,
mesmo dormindo em pé, é possível relaxar o corpo inteiro durante o
sono. Segundo ele, no espaço até uma simples janela pode se tornar
uma distração. “As janelas são ímãs, as imagens que podemos avistar
delas são magníficas, podem te manter entretido durante horas”,
conta Hadfield a respeito das “distrações” que existem no espaço.
Chris ficou famoso recentemente por postar vídeos na internet diretamente da ISS (sigla em inglês para Estação Espacial Internacional)
mostrando a vida cotidiana no espaço. Alguns de seus vídeos mais
famosos o mostram fazendo um sanduíche, escovando os dentes e se
barbeando.
Para Chris, uma das atividades mais
difíceis é se barbear, pois os pelos
faciais podem sair voando pelo módulo espacial e acabar entrando no
computador central. O astronauta se
previne usando um aspirador de pó
compacto.
Foto: youtube.com/chrishadfield
Outras atividades também se tornam
muito mais difíceis no espaço. Escovar os dentes, por exemplo, requer
que o astronauta engula a pasta de
dente que resta em sua boca após a
escovação, já que não existem pias no
espaço.
Foto: youtube.com/chrishadfield
6
FOCO | Outubro 2013 |
Apesar de ter que tomar cuidados
extras em algumas atividades banais na Terra, Hadfield diz divertir-se muito fazendo sanduíches:
“Você não precisa ficar segurando
sempre seu sanduíche, ele nunca
vai cair no chão!”
Foto: youtube.com/chrishadfield
Porém, pela falta de água corrente na ISS, depois de se deliciar com
um sanduíche, a única forma de limpar as mãos é com lencinhos desinfetantes, feitos especialmente para atuar como água e sabão em
uma pia.
Aliás, esses lencinhos são a única forma que os astronautas têm de
se limpar, pois não é possível ter água corrente no espaço.
A água na ISS é estocada em pequenos saquinhos com canudos, e
brincar com ela também pode ser muito divertido. Certa vez, Chris,
por sugestão de duas internautas americanas, decidiu ver o que
acontecia quando se torcia um pano molhado na gravidade zero.
Aliás, essa interação entre a ISS e os internautas só começou recentemente, quando implantaram conexão com a internet via satélite na
estação. Quem sabe não apareçam mais astronautas “vlogueiros” por
aí?
Os vídeos de Chris, inclusive o resultado da experiência do pano
molhado, podem ser encontrados em:
www.youtube.com/canadianspaceagency
Nas fotos retiradas do canal de
vídeos de Chris Hadfield no Youtube, o astronauta canadense aparece mostrando situações cotidianas,
como torcer um pano, comer e
barbear-se, para mostrar as principais dificuldades de viver em um
ambiente sem gravidade
Foto: youtube.com/chrishadfield
| Outubro 2013 | FOCO
7
Treinamento de cHOQUE
Por Gabriel Rosenfeld
Você acha que é fácil ser astronauta? Está muito enganado se pensa que ser astronauta é simplesmente colocar o macacão e entrar
num foguete. Se bem que, há alguns anos, os treinamentos para ser
astronauta têm sido muito menos rigorosos para os possíveis futuros
astronautas do que anteriormente.
No passado, a NASA submetia seus astronautas em treinamento a
verdadeiras sessões de “tortura” para prepará-los para o espaço. Os
testes consistiam, por exemplo, em amarrá-los a centrífugas e girá-los
até desmaiarem. Os candidatos a astronauta também davam mergulhos de até 7 mil metros para experimentar a ausência de peso, além
de consertar cópias das partes do ônibus espacial embaixo d´água
por oito horas.
Hoje em dia, para se tornar astronauta, não é mais preciso ser homem, com idade entre 25 e 40 anos, ter menos de 1,60 m, ter curso
superior, e ser um piloto de teste da Força Aérea com três anos de
experiência. Atualmente, as mulheres também podem se inscrever.
Não há mais a centrífuga, isso porque os trajes reduzem os efeitos
colaterais da força gravitacional, como vômitos, desmaios e o rompimento de vasos sanguíneos.
As principais exigências para ser um verdadeiro astronauta hoje em
dia são: um treinamento básico (que dura aproximadamente dois
anos), um treinamento em jatos, simuladores, piscinas e em salas de
aula, onde os candidatos realizam cursos complementares a fim de se
prepararem para o desafio do espaço.
Foto: marcospontes.net
Nas fotos, é possível observar partes do treinamento
realizado pelo astronauta brasileiro Marcos Pontes
8
FOCO | Outubro 2013 |
Roupas espaciais, mais que especiais
Por Francisco Arbeloa
Sem o traje espacial, um astronauta duraria apenas alguns segundos
no espaço. Para se ter uma ideia da importância dos trajes espaciais,
basta dizer que eles devem criar uma pressão interna artificial, o que
evita que o corpo do astronauta se despedace e seja atraído pelo
vácuo. Em resumo, a roupa espacial tem as seguintes funções:
• Proteger contra as variações de temperatura;
• Proteger contra a radiação solar;
• Proteger contra o impacto de micrometeoritos, que podem se chocar
contra o traje como se fossem um tiro;
• Regular a temperatura do corpo do astronauta;
• Impedir que o vácuo quase absoluto do espaço cause problemas para o
astronauta;
• Evitar atrito, mesmo que pequeno, com os corpos existentes no espaço;
• Controlar a pressão arterial.
O primeiro traje espacial: SK-1
Apesar de inventores autônomos terem começado a desenvolver
roupas espaciais já na década de 1930, somente em 1961, durante
a corrida espacial que marcou a Guerra Fria, que o primeiro traje foi
usado por um homem no espaço. O cosmonauta russo Yuri Gagarin
vestiu o SK-1 em 12 de abril de 1961, no primeiro voo tripulado por
um ser humano, a bordo da aeronave Vostok 1.
Criado pela empresa Zvezda, o modelo foi desenhado especificamente para o piloto e usado em outros voos da missão Vostok até 1963.
A camada externa laranja era feita de nylon, e o modelo era inteiriço (nem mesmo o capacete podia ser removido). Tendo em vista a
sobrevivência de Gagarin, o SK-1 contava com um colar de borracha
inflável (para o caso de pouso na água), um forro de pressão com
conectores de suporte à vida e mangueiras de comunicação. Uma
curiosidade: havia um espelho costurado na manga, para auxiliar a
encontrar itens difíceis, como interruptores.
| Outubro 2013 | FOCO
9
Conversando com
Pedro Nehme
Por Equipe Dante Em Foco
Pedro Nehme é o segundo brasileiro a ir para o espaço. Ele concorreu
com 129 mil pessoas e ganhou uma promoção realizada pela companhia aérea holandesa KLM, que o levará a bordo de uma viagem
suborbital no início de 2014.
Pedro viajará a bordo de uma nave da empresa Space Expedition
Corporation (SXC). O lançamento será em Curaçao, no Caribe. Com
duração de uma hora, o voo atingirá uma altura aproximada de 100
quilômetros, cruzando a chamada linha de Kármán.
A equipe da Dante Em Foco conversou com Pedro Nehme e fez uma
entrevista exclusiva para vocês! Confira:
Dante Em Foco: O que o levou a
participar do sorteio para o voo?
Pedro Nehme: Estava vendo um
vídeo no Youtube e, antes do vídeo
começar, apareceu o comercial
dessa competição promovida pela
KLM. Achei muito interessante,
pois estavam usando algo científico (um balão meteorológico) para
uma atividade comercial e para um
fim inusitado, fazer uma viagem
pelo espaço. Entrei no site e resolvi
participar sem pretensão alguma de
ganhar a competição.
Dante Em Foco: Vai haver algum
tipo de treinamento para a sua
viagem? Se houver, conte como vai
ser.
Pedro Nehme: Sim, haverá. Os
treinamentos servem para simular
10
algumas partes críticas da missão.
Nessas partes, o corpo é submetido a sensações novas, como
acelerações de 4 g e ambiente de
microgravidade. Como o voo dura
apenas 1 hora, esse treinamento é
suficiente. O treinamento é composto por 3 sessões: um voo em um
caça Albatroz L-39, um voo Zero G
Flight e uma sessão no simulador da
SpaceXC.
A primeira sessão serve basicamente para submeter o corpo a
acelerações de 4 g, a segunda para
experimentar o ambiente de microgravidade, e a terceira para experimentar a sequência de acontecimentos do voo.
Dante Em Foco: Quais são as suas
expectativas e o que você pretende
aprender com a viagem?
FOCO | Outubro 2013 |
Foto: Divulgação AEB
Pedro Nehme: Bom, essa é uma experiência única e poucas pessoas já
viram a Terra de cima. Acredito que
toda experiência agrega valor de
alguma forma. Ser um dos precursores do turismo espacial, um setor
em que as expectativas são muito
altas, é talvez sentir, ainda que em
menor escala, a experiência que
os primeiros astronautas tiveram,
quando ainda orbitar a Terra era um
grande desafio.
anos são muito altas. Quanto aos
projetos da UnB, ela vai servir para
consolidar ainda mais todas as iniciativas do Laboratório de Inovação
e Ciências Aeroespaciais que estão
sendo implementadas. A princípio,
a espaçonave que vai me levar tem
compartimentos para experimentos
em microgravidade, que poderão
ser utilizados para testar projetos,
inclusive o LAICAnSat-1, que estou
desenvolvendo na UnB.
Dante Em Foco: Como essa viagem
ao espaço poderá contribuir com a
sua carreira e com seus projetos na
UnB?
Dante Em Foco: Sabemos que você
está, atualmente, desenvolvendo
o projeto de um microssatélite
universitário, juntamente com a
equipe do Laboratório de Automação e Robótica da Faculdade de
Tecnologia (LARA). Você pode nos
explicar melhor esse projeto?
Pedro Nehme: Ainda não tenho ao
certo as consequências que essa viagem vai trazer para minha carreira.
É certo que no setor aeroespacial
o fator experiência conta bastante.
Algumas portas vão se abrir, primeiramente no setor de turismo
espacial, em que as expectativas
de crescimento para os próximos
| Outubro 2013 | FOCO
Pedro Nehme: O projeto é uma
mistura de CanSat e balão meteorológico. Basicamente, é uma estrutura cilíndrica (carga útil) de 15 cm
x 30 cm que carrega uma câmera e
11
diversos sensores meteorológicos
para medir temperatura, pressão,
umidade, nível UV. A carga útill sobe
em um balão de gás hélio de mais
ou menos 3 m de diâmetro. O balão
deve estourar a mais ou menos 31
km. Nesse momento, um parapente
se abrirá e, através de 2 motores,
a carga útil descerá como se fosse
um paraquedista, tirando fotos da
superfície e gravando os dados dos
sensores. Queremos desenvolver
uma plataforma de baixo custo para
sensoriamento remoto, o que tem
implicações economicas diretas.
Essa plataforma, por exemplo, pode
ser usada para o monitoramento
de queimadas, assim como para o
controle da produção agrícola do
país, etc.
Dante Em Foco: Qual a importância
de viagens como a sua para o desenvolvimento da educação espa-
cial nas escolas brasileiras?
Pedro Nehme: Talvez essa viagem
aproxime o espaço de diversos
estudantes no Brasil. Hoje já existem
diversas iniciativas para essa aproximação, como os CanSats, nanossatélites e picossatélites. As escolas
já podem desenvolver e lançar seus
próprios satélites, com componentes disponíveis comercialmente.
Essa aproximação é muito importante, pois mostra que matemática,
física, química e as disciplinas STEM
são extremamente úteis e efetivamente utilizadas por profissionais
todos os dias. Uma das grandes
dificuldades hoje no Brasil é fazer
essa aproximação. Ainda mais nas
gerações que crescem envoltas por
tecnologia. É preciso tornar as aulas
muito mais interessantes, e é muito
mais interessante e gratificante,
por exemplo, projetar, desenvolver
Pedro Nehme é estudante da UnB
e participou de um intercâmbio nos
Estados Unidos em 2011. Na foto,
ele aparece trabalhando em um dos
laboratórios do Centro de Voos Espaciais Goddard, da Nasa
Foto: Arquivo pessoal
12
FOCO | Outubro 2013 |
e lançar algo aplicando os conhecimentos de sala de aula.
Dante Em Foco: Você disse em uma
entrevista que, após a viagem,
pretende ajudar o setor espacial
brasileiro a crescer. Você acredita que o Brasil já pode oferecer
a infraestrutura necessária para
avançarmos, em termos tecnológicos, nesse campo de estudo?
Pedro Nehme: Bom, não só após
a viagem, mas no momento eu
faço isso todos os dias quando vou
trabalhar. A situação hoje é bastante
complicada, tanto do ponto de vista
orçamentário como burocático. E
isso é bastante frustrante, pois o
que limita hoje o crescimento nesse
setor não é a falta de competência
técnica nem de mão de obra qualificada. Mão de obra vai aparecer
a partir do momento em que esse
setor for prioridade para o governo,
e assim começar a receber investimentos significativos. Uma comparação rápida com os BRICs mostra
que o investimento realizado pelo
governo brasileiro é muito menor
do que o investimento realizado por
qualquer um dos outros países. Isso
talvez seja uma consequência direta
da falta de conhecimento dos diversos benefícios que o setor aeroespacial pode trazer para a sociedade.
Por exemplo, todo mundo tem
uma antena apontada para o céu
para assistir ao jornal à noite, mas
quase ninguém lembra que isso só é
possível porque existe um satélite a
| Outubro 2013 | FOCO
milhares de quilômetros da Terra.
Dante Em Foco: Você já estagiou na
NASA. Pretende voltar aos Estados
Unidos para obter uma maior especialização na área?
Pedro Nehme: É uma das possibilidades. Trabalhar nos EUA é uma
experiência muito enriquecedora,
tanto pela experiência pessoal,
como pelas pessoas que você
conhece. Penso em voltar sim, para
fazer pós-graduação ou mesmo para
trabalhar na NASA. Mas ainda não
está decidido, considero também
as oportunidades que existem no
Brasil, que aparentemente podem
ser bem interessantes.
Dante Em Foco: O que você acha da
ideia de os programas de turismo
espacial e as viagens espaciais
deixarem de ser realizados apenas
pelos governos de grandes países?
Pedro Nehme: É uma tendência
muito forte. Os grandes passos que
a humanidade deu, com relação à
tecnologia, foram investimentos do
governo. Em um segundo momento,
essa tecnologia é transferida para
a indústria, quando se torna mais
acessível, rentável, e um modelo
de negócio é elaborado. No setor
espacial essa transferência tem que
ser feita naturalmente. O programa
espacial americano é um dos mais
antigos e mais bem-sucedidos. A
indústria aeroespacial americana
está tão consolidada, e eu tive a fe13
Pedro Nehme venceu a campanha
“Space Flight”, que convidava os
internautas a arriscar um palpite
sobre quanto um balão conseguiria
subir se fosse lançado no deserto
de Nevada, nos Estados Unidos.
Nehme deu o palpite mais próximo
ao resultado oficial e, assim, será
o segundo brasileiro a ir para o
espaço
Foto: Divulgação KLM
licidade de comprovar isso quando
trabalhei na NASA, que muitas das
responsabilidades que antes eram
da NASA agora são da indústria. É
como se a NASA gastasse o tempo
desenvolvendo os instrumentos
complexos e novas tecnologias, e a
indústria se encarregasse de fornecer as demais partes necessárias.
Esse modelo só é possivel devido
ao grande investimento do governo
no setor espacial como um todo,
tanto na indústria quanto na própria
NASA.
Dante Em Foco: O que falta para
que voos comerciais comecem a ser
efetuados até a estação espacial?
Pedro Nehme: Acredito que não serão realizados voos comerciais para
a ISS pelo fato de ser um laboratório
em órbita. Os astronautas estão efetivamente trabalhando, dando continuidade a experimentos, enviando
14
relatórios sobre o andamento das
atividades. Muitos astronautas relatam que é muito gratificante morar
na ISS, mas que o trabalho é muito
puxado. Por isso acredito que os
turistas iriam atrapalhar o andamento desses experimentos e eventualmente atrapalhar alguma atividade.
Talvez seja possível viagens esporádicas e agendadas, mas não creio
que seja explorado comercialmente.
Entretanto, existem alguns projetos
para construir “hotéis” no espaço,
o que seria uma espécie de ISS para
turistas, onde eles poderiam passar
um ou dois dias e retornar à Terra.
É bem possível que isso se torne
comercial em um espaço de tempo
relativamente curto.
Dante Em Foco: Já que você se provou muito bom de “chute”, qual é o
seu chute para o futuro das viagens
espaciais?
FOCO | Outubro 2013 |
Pedro Nehme: Creio que existem
algumas barreiras técnicas a serem
transpostas para que viagens a Marte, por exemplo, sejam viáveis, tais
como sistema de propulsão, isolamento da cápsula contra radiação,
etc. Além disso, existem limitações
físicas e psicológicas do ser humano
para tais viagens, o que, na minha
opinião, são os maiores impedimentos desse tipo de viagem. Acho que,
na verdade, são necessárias mais
iniciativas para preservar o nosso
planeta e diminuir o impacto que
causamos do que iniciativas para
exploração humana em outros planetas (acho que robôs fazem muito
bem o trabalho nesse caso).
mento além da sala de aula. A internet proporciona isso. A quantidade
de informação acumulada na internet é muito grande, e informações
de todas as partes do mundo. A
educação formal hoje não é interessante e existem diversas discussões
sobre a validade disso. Entretanto,
é necessário complementar essa
educação formal com atividades
práticas extraclasse, muitas vezes
por conta própria. Busquem atividades práticas, pensem e desenvolvam
projetos, construam esses projetos.
O conhecimento existe para sustentar as atividades práticas, e não para
ficar nos livros.
Dante Em Foco: E, para finalizar,
qual é a mensagem que você deixaria para os jovens estudantes que,
assim como você, possuem interesse pela questão espacial?
Pedro Nehme: Continuem estudando e buscando conhecimento fora
dos “padrões”. Busquem o conheci-
Foto: Ascom do MCTI
| Outubro 2013 | FOCO
15
Foto: European Southern Observatory
Imagens de outroS planetaS
Por Fabio Thut
Você conhece o termo fotografia espacial? Isso mesmo, são fotos
do espaço sideral. Elas são obtidas aqui da Terra, por meio de telescópios apropriados para essa atividade, ou por satélites, que ficam
em órbita em torno do planeta, ou então são lançados no espaço.
Também existem fotos feitas pelos astronautas, que captam algumas
imagens dentro e fora da nave.
Os mais interessados pela astrofotografia são os astrônomos amadores ou profissionais e as organizações espaciais, como a NASA.
As fotos são geralmente obtidas por satélites, dos quais o mais famoso é o Hubble. As imagens registradas com maior frequência são
do Sol e de estrelas, mas há também as fotos tiradas de planetas do
sistema solar.
Esses registros visam desvendar os mistérios do espaço sideral, e
influenciam, inclusive, na busca de vida fora da Terra.
Uma maneira de acompanhar de forma leiga é buscar as imagens
postadas por cientistas, astrônomos e amadores em diferentes sites
que podem ser localizados de maneira simples por meio do Google.
As fotos tiradas do Universo no próprio espaço sideral são as mais
belas e caras do mundo, demandando um investimento de 40 bilhões
de euros, no período de 10 anos. Embora o valor seja alto, os cientistas e “fotógrafos espaciais” acreditam que a contribuição dessas
imagens nos estudos astronômicos é imensurável, isso sem falar na
imensa beleza que chega aos nossos olhos.
16
FOCO | Outubro 2013 |
VEÍCULOS ESPACIAIS
Por Pedro Chaddad
Com certeza você pensa em foguetes quando se fala em veículos que vão para o espaço, mas
há muitos outros que podem ser
qualificados para missões espaciais. É a NASA quem determina a
produção e a forma de utilização
deles.
Confira, a seguir, dois veículos
muito diferentes dos tradicionais
foguetes e com funções muito importantes.
Curiosity. Foto: Divulgação NASA
Um protótipo de carro produzido para missões espaciais que deu certo é o veículo alpinista batizado de “Curiosity”. Ele faz parte da missão “Laboratório Científico de Marte” (MSL, na sigla em inglês), que
no total vai custar 2,5 bilhões de dólares (o equivalente a cerca de
R$ 4,65 bi). O “Curiosity” foi enviado para a superfície de Marte em
agosto de 2012, com o objetivo de verificar a possibilidade de vida no
planeta, além de estudar o clima e a atmosfera e coletar dados para o
envio de uma futura missão tripulada a Marte.
Outro veículo de exploração espacial que a
NASA planeja enviar ao espaço é a “Sunjammer”, uma vela espacial movida a energia solar,
com lançamento previsto para 2014. O projeto
pretende usar células fotovoltaicas para abastecer um satélite, que coletará dados e imagens a três mil quilômetros do planeta Terra.
Além disso, o modelo usado na criação da vela
Sunjammer Foto: Divulgação NASA
espacial servirá de exemplo para o desenvolvimento de outras tecnologias aeroespaciais que funcionem a partir
de energia limpa, o que reduz o impacto dos combustíveis sem que o
satélite seja menos eficiente. Segundo a Nasa, a “Sunjammer”ajudará
a recolher lixo espacial e contribuirá com a comunicação entre as
expedições espaciais e as centrais de controle na Terra.
| Outubro 2013 | FOCO
17
Acidentes acontecem
Por Julia Costanza
No Brasil, em 2010, foram registrados 9.059 mortes por acidentes de
carro. Mas, e no espaço? Qual será o número de mortes envolvendo
acidentes espaciais? Quais serão os acidentes que mais deram prejuízo econômico? Qual é o mais recente? Será que já houve algum
acidente desse tipo no Brasil?
O acidente mais caro e mais recente registrado até hoje foi o do
ônibus espacial Columbia, que causou um prejuízo de US$ 13 bilhões.
Ele ocorreu no dia 1º de fevereiro de 2003, durante a fase de reentrada na atmosfera terrestre, a apenas dezesseis minutos de tocar o
solo, causando a destruição total da nave e a perda dos sete astronautas que compunham a tripulação.
No Brasil, houve um acidente em 2003, durante o lançamento de dois
satélites que seriam colocados em órbita pela Agência Espacial Brasileira. O foguete que levaria os equipamentos ao espaço explodiu,
causando a morte de 21 funcionários do Centro Técnico Aeroespacial
(CTA), de São José dos Campos (SP).
Quer saber mais? Então veja uma lista com os principais acidentes
espaciais que ocorreram ao longo da história:
23 de Abril de 1967
Nave Soyuz 1 e 2
O acidente ocorreu devido a problemas técnicos na Soyuz 1, que deveria se
encontrar com a Soyuz 2. Isso acabou não apenas retardando o lançamento
da Soyuz 2, como tirando a vida do astronauta a bordo da Soyuz 1, o coronel Vladimir Komarov.
28 de Janeiro de 1986 Ônibus espacial Challenger
Acidente ocorrido devido a uma explosão que matou a tripulação de seis
astronautas e a professora Christa McAuliffe, primeira civil a participar de
um voo espacial.
18
FOCO | Outubro 2013 |
3 de Maio de 1986
Foguete Delta
Explodiu pouco depois do lançamento, no Cabo Canaveral. Ele levava um
satélite climático de 57 milhões de dólares.
1º de Dezembro de 1994 Foguete Ariane 70
Caiu no Atlântico transportando o satélite de telecomunicações PanAmsat-3, de 150 milhões de dólares, após lançamento de Kourou, Guiana
Francesa.
11 de Dezembro de 2002
Foguete Ariane 5
Explodiu pouco depois do lançamento de Kourou, na Guiana Francesa, destruindo dois satélites mesmo depois de ter passado por melhorias.
12 de Agosto de 1998
Foguete Titan 4A
Explodiu pouco depois do lançamento. Foi um dos desastres mais caros. O
custo do foguete e de sua carga de satélite militar foi estimado em mais de
1 bilhão de dólares.
27 de Agosto de 1998
Foguete Delta 3 Explodiu em uma bola de fogo de 225 milhões de dólares pouco depois do
lançamento para seu voo inaugural.
23 de Setembro de 1999
Nave da Mars Climate Orbiter
Desintegrou-se ao entrar na atmosfera de Marte por causa de confusões
entre seus construtores sobre unidades métricas e inglesas.
3 de Dezembro de 1999
Sonda Mars Polar
Perdeu contato com a Terra após chegar a Marte.
A missão custou 165 milhões de dólares.
15 de Agosto de 2002
Sonda Contour
Explodiu após deixar a Terra. A missão, iniciada em 3 de julho, tinha como
objetivo chegar a cometas.
| Outubro 2013 | FOCO
19
O Espaço Sideral
chega à Alameda Jaú
Por Leonardo Sanchez e Rafael Bonsanti
O conhecimento e as descobertas do homem sobre o espaço,
referido há poucos anos como
algo longínquo e basicamente
inatingível, estão hoje muito
avançadas, aproximando da Terra
e das salas de aula essa realidade
tão distante. A chamada “educação espacial”, hoje já muito
madura em muitos países, ainda
está chegando ao Brasil, que,
apesar de possuir projetos bem
desenvolvidos no campo, ainda
tem muito o que fazer para se
destacar na área. Nesse sentido,
o Colégio Dante Alighieri e outras
escolas brasileiras vêm trabalhando em projetos práticos para
aproximar seus alunos dessa área
tão presente nas nossas vidas.
Com o objetivo de tomar conhecimento do que é a educação
espacial e como ela é tratada
fora do Brasil, o Dante levou um
grupo de professores e uma conselheira do Colégio aos Estados
Unidos para visitarem, entre
outros lugares, uma escola pública, uma escola particular, uma
universidade, as instalações da
NASA e museus relacionados ao
20
tema. Foram escalados a coordenadora do Departamento de Ciências, profª Sandra Tonidandel,
o coordenador do Departamento
de Física, prof. Renato Laurato, a
coordenadora do Departamento de Química, profª Clemance
Santos, a professora de Biologia
Helika Chikuchi e a conselheira
Flávia Piovacari.
Na viagem, foi possível notar o
contraste na seriedade com que
é tratada a educação espacial
fora do Brasil. “Vimos escolas
particulares na Califórnia que já
trabalham com experimentações
feitas pelos alunos para mandá-las para o espaço,” disse a profª
Clemance, que contou também
sobre as intenções do Colégio de
desenvolver experiências com os
alunos do Cientista Aprendiz para
enviá-las aos Estados Unidos e,
possivelmente, à Estação Espacial
Internacional. Um aspecto notado pelo prof. Renato, de Física,
foi a integração entre os diferentes centros de pesquisa espalhados pelos Estados Unidos, o que
inclui escolas tanto particulares
como públicas. “Uma escola sabe
FOCO | Outubro 2013 |
dos trabalhos que a outra está
desenvolvendo, apesar da distância geográfica,” contou ele.
O espaço não é mais tão
longe
Com o passar do tempo, as descobertas do homem em relação
ao espaço desmistificaram esse
campo da ciência. “Os estudos
atuais nos trouxeram uma visão
de que as coisas podem acontecer fora do planeta,” comentou
a profª Clemance. Os avanços
tecnológicos levam a crer que,
em um curto espaço de tempo, o
turismo espacial pode começar a
se desenvolver comercialmente,
por exemplo. Essa nova realidade foi, aliás, objeto de nota da
profª Sandra. “Do mesmo modo
que houve uma busca por novos
territórios na época das Grandes
Navegações, hoje o mundo está
se projetando para o espaço, estamos vivendo um fervilhamento
de novas descobertas nesse campo,” disse a profª Sandra.
Os projetos relacionados à educação espacial a serem implementados no Dante vão desde
complementos ao curso já existente de Astronomia a oficinas de
construção de lunetas e telescó-
Foto: sxc.hu
| Outubro 2013 | FOCO
21
Na foto, o grupo de professores dos departamentos de
Ciências, Biologia, Química
e Física, além da conselheira
do Colégio Dante Alighieri,
em visita à NASA, nos Estados
Unidos
Foto: Arquivo pessoal
pios. O Colégio ainda vai criar um
curso de Astronomia Investigativa, em parceria com um grupo
de cientistas da USP, e formar
um grupo de mapeamento dos
meteoros que caem na cidade de
São Paulo. Além disso, o Departamento de Ciências da Natureza
e Biologia está desenvolvendo
projetos curriculares para os 7ºs
anos do Ensino Fundamental e
1ªs séries do Ensino Médio, além
do Projeto Cosmos, destinado
aos alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental II. Vale ressaltar
que os projetos a serem trazidos
buscam atingir todos os alunos
do Colégio e trabalhar horizontalmente com todas as disciplinas juntas. “Tentaremos propor
projetos práticos que os alunos
possam desenvolver”, esclareceu
a profª Sandra Tonidandel.
22
O início da exploração do
espaço
A partir da segunda metade do
século XX, o interesse da população mundial pelo espaço
ficou cada vez maior devido à
chamada “corrida espacial”, uma
das principais marcas da Guerra
Fria. Em 20 de julho de 1969, a
Terra parou para ver o astronauta
norte-americano Neil Armstrong
pisar, pela primeira vez, em solo
lunar. Foi uma das conquistas
mais marcantes da humanidade,
no campo espacial.
Desde então, cada vez mais
pesquisas vêm sendo conduzidas
com o intuito de desenvolver
novas tecnologias capazes de nos
ajudar a descobrir mais informações sobre o Universo que nos
cerca. Governos estão preparando seus jovens para entenderem
FOCO | Outubro 2013 |
melhor o espaço e, dessa maneira, se tornarem profissionais
mais qualificados para atuar
nessa área. Algumas instituições
de ensino, inclusive no Brasil,
já estudam a incorporação da
educação espacial às suas grades
curriculares, a fim de promover
esse campo que tanto cresce.
O Dante é uma das primeiras
escolas de educação básica no
Brasil a trazer a temática da
educação espacial para a grade
curricular.
Educação espacial mundo
afora
A educação espacial é um assunto relativamente recente
nas escolas de todo o mundo, e
ainda existe certa dificuldade em
encontrar instituições com forte
tradição na área.
Mesmo nos Estados Unidos, país
com a maior tradição no ramo
espacial, o estudo do espaço
como um componente curricular
ainda não é uma realidade em
grande parte das escolas. Mas,
de acordo com o modelo de
ensino americano, os estudantes
têm a possibilidade de escolher
algumas matérias que querem
estudar no período equivalente
ao Ensino Médio brasileiro, e entre as opções de alguns colégios
encontram-se algumas ciências
espaciais. “[Nos Estados Unidos]
cada um faz o seu horário, e tem
gente que escolhe Física, Biologia
ou Astronomia”, afirmou Marina
Rosa, brasileira de 17 anos que
estuda na Windermere Preparatory, instituição de ensino localizada na Flórida.
Entre os cursos de graduação,
destacam-se nesse ramo as
Equipe do Dante na Columbia Memorial Space Center,
um dos locais visitados para
trazer ao Dante o Programa
de Educação Espacial
Foto: Arquivo pessoal
| Outubro 2013 | FOCO
23
Foto: Arquivo pessoal
tradicionais universidades britânicas de Cambridge e o Imperial
College, de Londres, além das
americanas Harvard, Stanford
e o Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT). Outros
cursos renomados são os oferecidos pelo Instituto Federal de
Tecnologia de Zurique, a École
Normale Supérieure de Paris, e a
Ludwig-Maximilians-Universitat,
de Munique.
Em alguns países da Europa
ocidental, o acesso a esse tipo de
informação é grande. Programas
de televisão, convenções, revistas especializadas e sessões em
bibliotecas estão à disposição da
população.
“De uma maneira geral, os estudantes do ensino básico aprendem sobre astronomia e o espa24
ço por conta própria, através de
documentários e publicações”,
declarou Yuri Willing, brasileira
que mora na Inglaterra e mãe
de dois filhos em idade escolar.
Graças às redes televisivas como
a BBC, a população tem acesso
a programas focados no espaço,
como o “The Sky at Night” e o
“Stargazing Live”, ambos presentes semanalmente na programação da emissora. “O assunto foi
popularizado através dos documentários da BBC apresentados
por um físico chamado Brian Cox.
Ele é relativamente jovem e tem
um estilo mais acessível ao povo
em geral”, complementou Yuri.
Na Europa há ainda a possibilidade de participar de oficinas
promovidas pela Agência Espacial
Europeia. “O objetivo é ajudar
jovens europeus, dos 6 aos 28
FOCO | Outubro 2013 |
anos, a ganhar e manter interesse na ciência e tecnologia”, declara o site da instituição, que ainda
expressa seu desejo em formar
força de trabalho qualificada para
“assegurar a contínua liderança
dos países europeus em atividades espaciais”. O Escritório
Europeu de Recursos de Educação Espacial ainda fornece treinamento anual para professores de
escolas primárias e secundárias.
O site da Agência Europeia afirma que a instituição promove
atividades internacionais ao lado
da NASA e que novos materiais
estão sendo desenvolvidos para
estudantes de todas as idades.
Na Grã-Bretanha, diversas instituições oferecem preparação na
área espacial. Entre elas está a
Universidade de Leicester, que
realiza cursos para estudantes
que tenham entre 13 e 18 anos,
incluindo aulas teóricas e atividades práticas, além de encontros
com cientistas da área, que são
“empregadores em potencial”, de
acordo com seu site. Programas
similares também são oferecidos
pela Scottish Space School (Escola Espacial Escocesa), na Universidade de Strathclyde, no sudoeste
do país.
O Centro Aeroespacial Alemão
| Outubro 2013 | FOCO
(DLR) é mais uma instituição que
busca aproximar os jovens das
ciências espaciais. Através do
programa Laboratório Escolar,
crianças e adolescentes têm a
possibilidade de conduzir experimentos nas dependências do
Centro.
O DLR também fornece material
impresso para 17.500 escolas de
ensino primário da Alemanha e
para 10 mil de ensino secundário, totalmente de graça.
Iniciativa semelhante ocorre no
Japão, onde a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial
(JAXA) também oferece material
para as escolas, além de aulas
relacionadas ao tema para alunos
do Jardim de Infância ao Ensino
Médio, e seminários dedicados a
professores.
Entre os eventos que utilizam
conhecimentos da educação
espacial, está a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica, da qual o Brasil faz parte.
Voltada para alunos de Ensino
Médio, a competição é recente e
sua primeira edição ocorreu na
Tailândia, em 2007. Em 2012, a
cidade do Rio de Janeiro foi sede
do mesmo torneio. Apesar disso,
o Brasil não tem grande destaque no quadro de medalhas, ao
25
Durante a viagem aos Estados Unidos, a equipe do
Dante discutiu sobre como
os modelos já conhecidos
de educação espacial poderiam ser aplicados no
Colégio
Foto: Arquivo pessoal
contrário de Tailândia, Índia, Polônia, República Tcheca, Lituânia
e China, que se sobressaem nas
competições.
Ainda nos Estados Unidos, a
NASA, Agência Espacial Norte- Americana, possui em seu
site um diretório com quase 70
projetos de educação espacial,
que são oferecidos a professores
e estudantes de diversas idades.
Para uma maior aproximação
com o público jovem, a NASA
ainda disponibiliza uma variedade de aplicativos, jogos, e-books
e podcasts em sua página na
internet.
O Brasil e a educação espacial
Em nosso país, a educação espacial ainda dá seus primeiros
passos. As poucas escolas que
já possuem cursos do gênero ou
que se preparam para recebê-los são tanto de origem pública
26
quanto privada. O país já chegou
a ter projetos de porte relacionados ao tema, e até projetos
desenvolvidos por alunos da
escola pública, que foram enviados à sede da NASA nos Estados
Unidos, porém ainda há muito a
ser feito.
Uma iniciativa do governo federal é o sistema de bolsas para
instituições de ensino internacionais “Ciências sem Fronteira”.
Em julho de 2013, o governo
anunciou que vagas específicas
para a área espacial passarão a
ser oferecidas pelo programa.
Há ainda a iniciativa por parte
de agências espaciais, como o
Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), que realiza o
Curso de Introdução à Astronomia e Astrofísica para professores
de Ensino Fundamental e Médio,
e que já se encontra em sua 16ª
edição.
FOCO | Outubro 2013 |
Em 2003, a Agência Espacial
Brasileira (AEB) criou o projeto
AEB Escola, cujo objetivo é levar
a temática do espaço às salas de
aula de todo o Brasil. O programa oferece aos alunos e professores cursos, palestras e oficinas,
e visa despertar o interesse dos
jovens pela pesquisa e ciência.
O problema é que a cultura
brasileira sempre relacionou
a ideia de exploração espacial
com o campo militar. Um jovem
interessado no assunto deve
participar da Força Aérea Brasileira (FAB) antes de poder virar
um astronauta, por exemplo.
Marcos Pontes, o primeiro brasileiro a embarcar em uma viagem
espacial, era um piloto de aviões
de caça na FAB. Contudo, nos países onde o estudo do espaço é
mais desenvolvido, o Estado não
é o único a atuar nesse campo.
“A ideia de exploração espacial
no Brasil precisa ser, cada vez
mais, desvinculada da sociedade militar e atingir a população
civil”, comentou a professora
Sandra. Segundo ela, nos Estados Unidos, escolas e até
empresas privadas têm grande
participação no desenvolvimento tecnológico, sendo que boa
parte dos projetos e experimentos não são feitos pelo Estado,
| Outubro 2013 | FOCO
mas sim pela iniciativa privada.
Empresas como a Orbital Sciences chegam a lançar foguetes à
órbita da Terra para a realização
de experimentos e lançamento
de satélites.
Educação espacial: o que é?
A educação espacial envolve o estudo de ciências relacionadas ao
espaço. A área que essas ciências
abrangem se divide em diversos
ramos. Alguns deles são a Astrofísica, responsável pelos conceitos
físicos aplicados no ambiente espacial; a Astroquímica, que estuda
as interações químicas ocorridas
no espaço; a Exobiologia, responsável pela busca de condições
para a vida fora do planeta Terra;
a Astronáutica, desenvolvedora
de máquinas e naves que operem
fora da órbita terrestre; a Astrogeologia, que estuda as formas
geológicas dos corpos celestes.
Em alguns locais, algumas dessas
ciências já estão sendo utilizadas nas salas de aula, seja como
auxílio para matérias mais tradicionais, seja como novos componentes da grade curricular ou até
mesmo como matérias opcionais.
27
Foto:Divulgação KLM
Indo para o espaço, literalmente!
Por Eduardo Marins
Já pensou em fazer um passeio pelo espaço? Parece muito distante da
realidade, mas algumas empresas já estão fazendo isso. Os recursos de
hoje nos permitem fazer turismo por um lugar que, há pouco tempo, só
era utilizado para fazer pesquisas científicas.
Ninguém quer perder a chance de fazer uma viagem como essa. Mas,
mesmo assim, poucos terão a oportunidade de fazer esse tipo de passeio. Isso porque as passagens custam, no mínimo, 95 mil dólares, o
equivalente a aproximadamente 211 mil reais. Mas, ao contrário do que
se pensa, a demanda não é pequena e estima-se que o setor movimente
mais de 3,3 bilhões de reais em dez anos.
O tempo das viagens espaciais financiadas apenas pelos cofres públicos
dos grandes países também já passou. Grandes empresas estão desenvolvendo naves e até aeroportos espaciais para mandar turistas ao
espaço. O Spaceport America, por exemplo, será um aeroporto espacial
construído para empresas privadas com o objetivo de se tornar o pioneiro da segunda era espacial. Ele se encontra no estado do Novo México,
nos Estados Unidos, e está sendo construído com um investimento de
200 milhões de dólares. Esse investimento é da empresa Virgin Galactic, do britânico Richard Branson, que usará o aeroporto espacial para
o lançamento das suas naves. A Virgin Galactic está muito próxima de
fazer seu primeiro lançamento espacial tripulado, previsto para o final
de 2013.
Em entrevista ao Aviation International News TV (AINTV), Richard Branson afirma que aproximadamente 550 pessoas viajarão com sua empresa.
Essas viagens espaciais levarão, em média, uma hora e alcançarão uma
altitude de 100 km, altura considerada pela NASA a divisa com o espaço.
28
FOCO | Outubro 2013 |
A GALÁXIA EM SUAS ROUPAS
Por Gabriela Nusbaum
Estrela, planeta, galáxia, moda...Para tudo! Que
história é essa de moda e galáxia juntos!?
É a nova moda chamada Print Galaxy, que mistura moda e todo o charme do espaço.
Foto: Divulgação dyfteria.com.br
A inspiração requer o uso de um esquema de
cores diferentes, com direito a brilhos e faíscas.
Esse estilo Print Galaxy está presente em roupas, sapatos, acessórios e até mesmo em unhas!
A estampa galáctica começou em 2011 com uma
coleção feminina do estilista escocês Christopher Kane. Ele foi o responsável pela inserção da
estampa no mercado da moda, novidade na qual
muitos estilistas se basearam em seguida.
A estampa, que reproduz a imagem de galáxias,
se encaixa naquela ideia de estampas realistas
ou 3D que invadiram o guarda-roupa das fashionistas mais ousadas há algumas temporadas, e
ate mesmo dos homens.
Foto: Divulgação dyfteria.com.br
Infelizmente, por enquanto é bem difícil encontrar uma peça com Galaxy Print no Brasil,
mas já existem alguns tutoriais no YouTube que
ensinam a fazer uma estampa nesse estilo.
Foto: Divulgação dyfteria.com.br
Foto: Divulgação dyfteria.com.br
A estampa de galáxia chegou ao mundo da
moda e tem sido captada por vários designers
que utilizaram esse estilo em suas coleções.
Por exemplo, o vídeo disponível no endereço
abaixo ensina a transformar peças básicas em um
look de arrasar:
www.youtube.com/watch?v=CXB1HN3mr80
Nas imagens, você confere dicas
de como usar a nova tendência
| Outubro 2013 | FOCO
29
Guia de Curiosidades
Quer saber alguns fatos bem legais sobre o espaço? A turma da
Dante Em Foco Mirim preparou pequenos textos contando algumas
coisas que você nem imagina!
Você sabia que, diferentemente de quem está na Terra, os astronautas da
Estação Espacial Internacional têm o privilégio de assistir ao nascer e ao pôr
do sol 15 ou 16 vezes por dia?
Isso acontece graças ao funcionamento da estação espacial, que orbita a 354
km da Terra. Como ela navega a uma velocidade de 27.700 km/h, isso significa que, em cerca de 92 minutos, a estação completa uma rotação pela Terra.
Assim, é possível que os astronautas assistam a um nascente ou poente a
cada 45 minutos, e todos eles garantem que do espaço o espetáculo é ainda
mais impressionante.
Maria Eduarda Alves e Raphael Giannattasio
Você sabia que, por causa da falta de gravidade, os astronautas não sentem o peso e podem dormir em qualquer posição? Ou seja, eles não precisam dormir deitados. A única coisa que eles precisam fazer é se prender de
alguma maneira a uma parede, a uma cadeira ou a uma cama, tipo saco, ou
dentro de uma cabine, para não flutuar pela nave espacial e se chocar sem
querer com alguma coisa.
Gabriela Bonsanti e Gabriel Lopes
Você sabia que, quando se diz que a nossa galáxia tem o tamanho de 100
mil anos-luz, isso significa que um raio de luz com velocidade de 300 mil
km/s demoraria cerca de 100 mil anos para cruzá-la? Mas, apesar de a Via
Láctea ser grande, comparada com determinadas galáxias do Universo, ela é
relativamente uma anã. A Markarian 348, por exemplo, é 13 vezes maior que
a Via Láctea.
Laura Mancini e Maria Carolina Pazetti
30
FOCO | Outubro 2013 |
Você sabia que a Estação Espacial Internacional é um laboratório espacial
atualmente em construção? A montagem dela em órbita começou em 1998.
Ela se encontra em órbita baixa (entre 340 km e 353 km) e fica em movimento constante. Ou seja, ela viaja a uma velocidade média de 27.700 km/h,
completando 15,77 órbitas por dia.
Mariana Hauschild e Maria Carolina Gibelli
Você sabia que os buracos negros existem? Eles são uma porção do espaço
sideral onde se desenvolve uma elevadíssima força gravitacional, de modo
que nada sai dessa região. Essa força se forma a partir de matérias que flutuam sobre um corpo gravitacional.
Sabendo que nada escapa de um buraco negro, não podemos receber nada
vindo dessa parte do Universo.
Vitória Brinker e Gabriel Raniere
Você sabia que existe lixo espacial? Pois é, são objetos artificiais que giram
ao redor da Terra, a uma velocidade de 35 mil km/h!
Em 2008, existiam cerca de 17 mil detritos espaciais, e a NASA acredita que
esse número vem aumentando com o passar dos anos.
Um dos maiores problemas causados pelo lixo espacial é o seu choque com
satélites, que os danifica ou os deixa inativos.
Heloísa Cunha e Giovanni Cerqueira
Você sabia que a primeira tentativa de mandar uma mensagem para civilizações alienígenas ocorreu em 1974? Ela foi transmitida de um rádiotelescópio,
em Porto Rico, e teve como alvo um aglomerado de estrelas localizado na
constelação de Hércules, onde deve chegar no ano 26.974. Foi uma mensagem pequena, que mostra algumas figuras sobre a vida aqui na Terra.
Ysis Donati e Victor Yazbek
Você sabia que a última vez que um asteroide passou bem perto da Terra foi
em 1908? Ele tinha o tamanho de um campo de futebol, e a explosão destruiu uma área de 2 mil quilômetros quadrados na Sibéria.
Pedro Saboia e José Maria Gomes
| Outubro 2013 | FOCO
31
Foto: Divulgação NASA
Star Food - uma jornada gastronômica
Por Gabriel Amara
A comida do espaço tem cheiro e gosto? Será que os astronautas
engordam ou emagrecem no espaço? Qual tipo de comida consumida? A dieta é rígida? Você sabia que o risco de engasgar no espaço é
mais alto do que na Terra? Será que a comida do espaço é diferente
da nossa?
Primeira curiosidade: a comida do espaço não tem gosto nem cheiro.
Isso porque não há gravidade e, dessa forma, os aromas dos alimentos se dissipam antes mesmo de chegar ao nariz. E, sem sentir o
cheiro da comida, os astronautas não conseguem saboreá-la.
Mas não pense que a comida espacial é tão diferente da nossa. Algumas, inclusive, estão em nosso dia a dia, como estrogonofe de carne,
biscoitos, cereal crocante de arroz cozido, frango, ovos mexidos, abacaxi, barras de granola, macarrão com queijo, pudim de chocolate,
entre outros.
Um detalhe importante é que comer no espaço também oferece
riscos: a comida pode fazer com que um astronauta engasgue. Isso
porque, como eles estão em um lugar sem gravidade, as pequenas
32
FOCO | Outubro 2013 |
migalhas podem entrar pelo nariz ou pela boca sem que o astronauta
perceba, o que levaria ao engasgamento.
Veja, a seguir, como são classificados os alimentos que vão para o
espaço e o que é feito com eles:
Alimentos reidratáveis: A água é removida do alimento durante o
processo de embalagem. Ex: sopas, ovos mexidos e cereais matinais.
Alimentos de umidade intermediária: Apenas uma parte da água é
removida. Ex: pêssegos, peras e damascos secos.
Alimentos termoestabilizados: Processados a altas temperaturas, de
forma a destruir bactérias e outros organismos. Ex: frutas e atum.
Alimentos irradiados: Brevemente expostos a raios gama ou feixes
de elétrons, de modo que não desenvolvam bactérias. Ex: carnes.
Alimentos em forma natural: Eles são conservados em bolsas de fácil
acesso. Ex: barras de granola e biscoitos.
Alimentos frescos: Anitizados com cloro para preservar o frescor. Ex:
frutas e legumes.
Agora que você já sabe bastante coisa sobre a comida espacial, pare
e pense: como será a cozinha dentro de uma nave espacial ? Será que
ela é bem equipada?
Bom, a resposta é simples: a cozinha de uma nave espacial só começou a ser bem equipada depois dos anos 80. Nessa época, ela recebeu alguns utensílios novos, como o forno micro-ondas.
Antes disso, nas primeiras viagens (em 1961 e 1963), a comida era armazenada dentro de tubos semelhantes ao dos cremes dentais, com
uma espécie de “pavê de comida” dentro.
Outra curiosidade: os astronautas não levam água para o espaço, já
que, na própria cozinha da nave, há um sistema que aciona uma reação eletroquímica e produz, em seguida, a fórmula química da água.
| Outubro 2013 | FOCO
33
Guia de Aplicativos
Você gosta de aplicativos? Nós também! Foi por isso que a turma
da Dante Em Foco Mirim preparou um guia com aplicativos gratuitos
muito legais só para você! Confira nossas dicas:
Para pessoas curiosas, o aplicativo “Solar
System - Q fact book” é ótimo. Existem várias
informações interessantes sobre todos os
planetas do sistema solar e Plutão, além de informações sobre o Sol. Você já pensou qual o
seu peso em outros planetas? Ou quantas luas
os outros planetas têm? Júpiter tem 64 luas!
Seja um expert no nosso sistema solar. Este
aplicativo é gratuito, muito divertido, e, além
disso, nos ajuda a aprender muito.
Juliana Sternlicht
O aplicativo oficial da NASA é bem interessante. Com ele você pode descobrir as últimas
imagens, vídeos, informações de missões,
notícias e reportagens divulgadas pela NASA.
O conteúdo está todo em inglês.
Tiago Stefani
34
FOCO | Outubro 2013 |
O “Spaceship Simulator” serve para ver fotos
de satélites e também de controles de foguetes. Ele é de graça e fácil de mexer: é só passar
o dedo para o lado e pronto, muda a foto. As
vantagens são que ele mostra imagens bonitas, mas há poucas fotos. Eu não gostei muito
desse aplicativo, pois ele tem uma proposta de
simular uma viagem para o espaço, mas, no
fundo, são só algumas imagens de painéis e de
satélites.
Pedro Stefani
O aplicativo “Ciência Macrocosmo 3D” mostra
alguns modelos bem interessantes em 3D dos
planetas, satélites, estrelas, galáxias, nebulosas e também ajuda a aprender a descrição
de cada objeto. Ele serve para que, em vez de
fotos, você consiga ver o Universo em formato
3D!
Esse aplicativo é gratuito. Ele é fácil de usar, é
rápido e explica bem como usar. Um dos problemas dele é que está escrito em inglês, o que
dificulta um pouco.
Helena Garrido
| Outubro 2013 | FOCO
35
“Astronautas livres” é um jogo cheio de astronautas, estações espaciais e foguetes. O módulo de Missões apresenta simulações interativas
de missões da NASA SHUTTLE e também a missão “Curiosity” de Marte. O aplicativo é legal,
mas é muito difícil controlar o astronauta.
Giorgio Grotti
Dicas legais para quem não tem ferramentas
profissionais e quer conhecer melhor os planetas e o céu são os aplicativos que mostram
mapas virtuais do céu. Bons aplicativos gratuitos são o Droid Sky View e o Sky Map.
Lucas Cabral
O aplicativo “Amazing Atronomy Facts” mostra
uma coleção de mais de 200 incríveis, interessantes e estranhos fatos sobre a Astronomia. É
bem legal, dá para aprender muito, pena que
está tudo em inglês.
Nina Bocanegra
36
FOCO | Outubro 2013 |
“Space Jigsaw Puzzle” é um jogo em que
temos que construir o espaço num grande
quebra-cabeça. Quanto mais você passa de
nível, fica mais difícil. Ele serve para aprender
sobre o espaço. Ele é de graça. É muito fácil
de usar, pois só precisamos escolher a fase e
começar a jogar. Sua vantagem é que você
aprende como é o espaço e conhece mais o
ambiente em que você vive. A desvantagem é
que você tem que “rachar a cuca” para construir o espaço. Este jogo é bem divertido!
Isabella Ribeiro
“Planet Camera” é um aplicativo em que
tiramos fotos e as transformamos em planetas. É gratuito e muito fácil de usar, e eu nem
consultei um site para saber como mexer. A
vantagem é que, se formarmos um planeta
de uma maneira que não gostamos, podemos
mudar o efeito ou dar um zoom no objeto da
foto. A desvantagem é que a foto não é muito
clara. Se você é daquele que gosta de tirar fotos, baixe-o agora no seu tablet, iPod, iPhone,
celular ou iPad.
Júlia Hochstetler
| Outubro 2013 | FOCO
37
o QUE OS NOSSOS OLHOS NÃO VEEM
Por Yanni Donati
Sabia que conseguimos ver a Via Láctea a olho nu? Mas isso só é
possível se apagarmos todas as luzes de uma cidade inteira. O único
fenômeno que nos impede de ver a Via Láctea é a chamada poluição
luminosa.
O termo refere-se às luzes artificiais emitidas pelas cidades, como a
iluminação pública, anúncios publicitários e toda emissão exagerada
de luzes nos centros urbanos. Então, se deixarmos uma cidade em
um “breu” total, poderemos ver a Via Láctea sem telescópios ou outros equipamentos, apenas a olho nu.
Hong Kong é a cidade mais iluminada do mundo. Seu céu noturno
é cem mil vezes mais brilhante do que os padrões internacionais,
segundo o investigador Jason Pun Chung-shing, do departamento de
Física da Universidade de Hong Kong.
Apesar de podermos ver Hong Kong do espaço, a cidade não tem
uma lei que atue contra a poluição luminosa, o que faz com que o
número de queixas não pare de crescer. A disputa pela atenção do
consumidor é um dos fatos que impede a diminuição das luzes durante o dia. Especialistas já pediram para os comerciantes diminuírem o
uso de recursos luminosos em abundância, mas foram ignorados em
prol do capitalismo.
Esse tipo de poluição produz muitos impactos gravíssimos no meio
ambiente, por exemplo, nos processos naturais que apenas ocorrem
na escuridão, como repouso, reparação, navegação celestial, predação ou recarga dos sistemas. A escuridão é tão importante quanto o
dia, e sua ausência pode causar um desequilíbrio nos ecossistemas.
As perturbações nos padrões luminosos também influenciam o comportamento animal. A poluição luminosa pode alterar a fisiologia e
confundir os sentidos de animais noturnos.
E não é apenas a animais noturnos que esse tipo de poluição afeta.
Estudos indicam que a exposição excessiva à luz à noite pode afetar
a saúde humana, causando estresse, depressão, insônia e até alguns
tipos de câncer.
38
FOCO | Outubro 2013 |
O aumento do aquecimento global também se deve, em parte, à
poluição luminosa, já que os gases liberados pelo produto final da
energia elétrica contribuem para o aumento do efeito estufa.
A flora também está em risco. Estudos revelam que certas espécies
de plantas não florescem com a curta duração da noite e que outras
plantas florescem antes do normal, alterando seu ciclo natural.
Muitos insetos transportadores de doenças, como o da malária,
leishmaniose e mal de Chagas, podem ser atraídos por luzes, aproximando-se de populações humanas e aumentando o risco de contaminação nos grandes centros urbanos.
Para diminuir os efeitos maléficos da poluição luminosa, devemos
criar novas estratégias de iluminação, e regulações devem ser criadas
por meio de leis, tomando-se por exemplo cidades como Orlando,
Sidney e Londres, onde vigoram leis contra o uso excessivo de luz.
Apesar de tantos efeitos negativos, o senso comum diz que ambientes iluminados são mais seguros. Embora muitas vezes as luzes ofusquem a visão dos cidadãos, o que é realmente perigoso, a iluminação
nos dá uma sensação de segurança. Imagine o caos que seria uma
cidade totalmente apagada. A iluminação, como qualquer recurso,
deve ser usada com sabedoria.
Há muitos problemas decorrentes desse tipo de poluição e suas consequências ainda estão sendo estudadas.
Foto: Internetional Dark-Sky Association
Na imagem ao lado, é possível ver a
província de Ontário, no Canadá, com
poluição luminosa (à direita) e com as
luzes apagadas (à esquerda), quando
é possível contemplar o céu estrelado.
| Outubro 2013 | FOCO
39
Espaço e cultura: uma aliança terráquea
Por Leonardo Sanchez
O Universo à nossa volta é um ambiente tão misterioso que há milênios cativa
pessoas de todas as gerações.
A maior parte do espaço ainda não foi explorada pela raça humana, e esse
desconhecimento não gera somente especulações científicas, mas também
abre espaço para nossa imaginação.
Não apenas nossas mentes se ocupam com esse assunto, mas também a arte.
Com isso, os responsáveis por produções culturais viram no espaço um grande
potencial de encantamento, difusão de ideias e de lucro.
Desde 1902, com o filme Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune), do cineasta
francês George Mélliès, o espaço tem sido tema de importantes produções
cinematográficas. Clássicos como 2001: Uma odisseia no espaço (2001: A
space odyssey), Guerra nas estrelas (Star Wars) e Contatos imediatos de 3º
grau (Close encounters of the third kind) não somente criam legiões de fãs,
mas também fazem seus expectadores refletirem sobre questões que intrigam
a humanidade há anos. Existe vida fora da Terra? De onde nós viemos? Para
onde vamos? São algumas dúvidas que circundam a mente humana desde os
primórdios de nossa civilização e que tentam ser respondidas pela ficção.
Além de Guerra nas estrelas, outras franquias famosas sobre o tema e que
tiveram sua estreia como séries de televisão são a britânica Doctor Who e a
americana Jornada nas estrelas (Star Trek).
Para conferir mais informações de filmes sobre o espaço, leia a reportagem
que aparece nas próximas páginas da revista Foco.
O famoso Guia do mochileiro das galáxias (The hitchhiker’s guide to the
galaxy), do britânico Douglas Adams, é outro ícone da ficção científica e já foi
adaptado para cinema, teatro, gibi, televisão, literatura e até jogo virou. O que
poucos sabem é que seu início se deu no rádio, em 1978, em um programa
transmitido pela BBC Radio 4. Um dos maiores sucessos da cultura espacial de
todos os tempos, os livros de Adams já haviam sido traduzidos para 30 línguas
em 2005.
No campo literário, o espaço sideral também marca importante presença.
Eram os deuses astronautas?, escrito pelo alemão Erich Von Daniken em 1968,
engloba a hipótese de que tecnologias e religiões de várias civilizações antigas são derivadas do contato entre esses povos e seres de outros planetas.
Sustentam a ideia central do livro obras arquitetônicas como a Stonehenge, na
Inglaterra, que se acredita ter sido utilizada para estudos astronômicos.
Como única maneira de captar imagens antes da invenção da fotografia, a
pintura teve importante papel no registro de eventos espaciais passados.
40
FOCO | Outubro 2013 |
Através do quadro Cometa Halley,
de 1759, Samuel Scott, grande nome
da pintura britânica, materializou a
passagem do cometa pelo céu de
Londres.
Van Gogh, artista neerlandês do
século XIX, utilizou em vários de seus
quadros as estrelas como elementos
de destaque, como observamos nas
obras Noite estrelada e Noite estrelada sobre o Ródano. Nascido no mesmo século, o russo Wassily Kandinsky,
um dos introdutores da abstração no
campo visual, registrou corpos celestes em seu quadro Estrelas, de 1938.
Nos Estados Unidos, Frederic Edwin
Church é conhecido por quadros
como O meteoro, de 1860, e Aurora
borealis, além de outras obras que
colocam o Sol em posição de destaque.
Até mesmo a Tapeçaria de Bayeux,
importante peça histórica do século
XI e que possui impressionantes 70
metros de comprimento, estampa em
seu bordado a passagem do Cometa
Halley em 1066, que na época era
considerado um prenúncio da ascensão de Guilherme II da Normandia ao
trono inglês.
Entre as músicas, um grande exemplo
é Rocket man, do britânico Sir Elton
John. Um dos principais sucessos de
sua carreira, a composição de 1972
conta a história de um astronauta
cujos sentimentos se dividem entre
a vontade de realizar seu trabalho
em Marte e o desejo de ficar com
sua família. Rocket man é considerada pela revista especializada Rolling
Stone uma das 500 melhores músicas de todos os tempos e chegou a
ser apresentada ao vivo durante o
| Outubro 2013 | FOCO
lançamento da espaçonave Discovery,
em 1998.
David Bowie, outro bem-sucedido
músico britânico, também aborda
temas espaciais na música Space
Oddity, que chegou a ser utilizada
pela rede televisiva BBC como trilha
sonora durante a transmissão da aterrissagem da espaçonave Apollo 11 na
Lua. Tanto o evento quanto a composição datam de 1969.
A banda britânica de rock alternativo
Muse lançou, em 2006, o álbum Black
Holes and Revelations, recheado de
músicas com menções a elementos
espaciais. Starlight (Luz das estrelas),
Supermassive Black Hole (Buraco negro supermassivo) e Knights of Cydonia (Cavaleiros da Cydonia, região do
planeta Marte) contam com o espaço
como base para suas letras.
A influência do Universo em nossa
cultura é evidente. Personagens
como Buzz Lightyear, o brinquedo
astronauta da popular franquia Toy
Story, da Disney Pixar, foi inspirado
no segundo homem a pisar na Lua:
o americano Buzz Aldrin. E.T. - O
Extraterrestre, do filme homônimo
de Steven Spielberg, é o amigo que
qualquer criança gostaria de ter.
Com muito carisma, esses e muitos
outros personagens conquistam
crianças e adultos de várias gerações.
Com o espaço mais em voga do que
nunca, a tendência é que expressões
culturais relacionadas ao Universo apareçam cada vez com maior
frequência. Seja através da literatura,
cinema ou música, uma coisa é certa:
nós, terráqueos, não resistimos a um
tema extraterrestre.
41
A arte imita a vida... E o espaço!
Por Ana Carolina Queiroz
De sabres de luz a robôs que se aventuram pela galáxia, a presença
inegável de temas relacionados ao espaço no cinema, desde seus
primórdios, tem aumentado com o passar dos anos. Os avanços
tecnológicos dos efeitos especiais deixam, cada vez mais, os cenários
realistas, e os lucros, astronômicos!
Os filmes que tratam do Universo tiveram início, muito provavelmente, com o “Viagem à Lua” (1902), de George Mélliès. Em onze minutos, o filme conta a história em preto e branco de seis astrônomos
que vão para a Lua após construir uma cápsula, que fica presa bem
no olho do satélite (literalmente). Foi revolucionário na época, uma
vez que os efeitos e técnicas eram novos.
Em 1968, foi lançado “2001: Uma odisseia no espaço”, dirigido por
Stanley Kubrick. O roteiro é dividido em quatro grandes seções, que,
em seu desenrolar, têm em comum um monólito preto. Seu “vilão”, o
computador HAL 9000, possui avançada inteligência artificial. É uma
obra complexa que traz ao espectador diversos questionamentos,
reflexões, levando-o a pensar principalmente no destino do homem.
Tem poucos diálogos e um ritmo desacelerado, com efeitos visuais
incríveis não só para a época, mas também muito convincentes para
a atualidade.
Foto: Cartaz de divulgação de “Viagem à Lua”
42
Hoje em dia, os efeitos especiais,
que custam milhões, nos proporcionam a impressão de realmente
estarmos no espaço, participando
de missões interestelares e explodindo naves inimigas, como é o
caso de “Guerra nas estrelas” (Star
Wars), criada por George Lucas. A
franquia que se tornou fenômeno
mundial da cultura popular, e desde 1983 lançou seis filmes, acompanha a história de personagens
como Luke Skywalker e a princesa
Leia Organa (e depois regressando
no tempo para contar a de Anakin
Skywalker). A saga é ambientada
FOCO | Outubro 2013 |
numa galáxia fictícia sem nome e
tempo especificado. Entre acertos
e erros (muitos destes na segunda
trilogia, que, comparada à primeira,
perde a força no desenvolvimento
das personagens), tem o rendimento total estimado em 30 bilhões de
dólares, firmando a “space opera”
como uma das sagas mais lucrativas
da história e cultivando multidões
de fãs.
Os filmes animados também foram
influenciados pelo tema espaço,
o que se pode observar no filme
“WALL-E” (2008), da Disney Pixar,
que retrata um futuro distante,
no qual a Terra foi abandonada
e apenas um robô coletor de lixo
Foto: Cartaz de divulgação StarWars
ainda circula por sua face. Ele acaba
embarcando numa aventura cósmica que acabará decidindo o futuro dos humanos que deixaram o
planeta. É conduzido com graça e delicadeza, para agradar desde os
menores até os adultos, e traz consigo críticas à sociedade contemporânea, entrelaçadas a uma mensagem de esperança.
No Brasil, o espaço foi pouco explorado, sendo apenas um elemento
em segundo plano, como em “Os Cosmonautas” (Victor Lima, 1962)
e o recente “Corpos celestes” (Marcos Jorge, 2011), servindo só de
pano de fundo.
Contudo, esse tema inspira Hollywood desde os primórdios da sétima
arte, por provocar no espectador a imaginação e a curiosidade pelo
desconhecido, e por lhe permitir, ao se distanciar da própria órbita,
encontrar os caminhos e respostas de sua existência.
Entre os próximos lançamentos, o longa “Guardiões da galáxia”
(mais um grupo de super-heróis da Marvel) será lançado em 2014,
enquanto o episódio VII de “Star Wars” , que promete não cometer
os deslizes de seus antecessores mais recentes, está previsto para
2015, ressaltando mais as personagens e cenários reais que os efeitos
computadorizados, em busca do tom de veracidade que faltou aos
últimos filmes da franquia.
| Outubro 2013 | FOCO
43
44
FOCO | Outubro 2013 |
Download

Fazer - Colégio Dante Alighieri