A temperatura pode influenciar no tipo de resposta anti-predatória em Tomodon dorsatus (Serpente, Colubridae)? Jessyca Michele Citadini 1, e Carlos Navas 2 1Programa de Pós-graduação em Fisiologia Geral IBUSP, email:[email protected] 2 USP, Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências – SP, Laboratório de Ecofisiologia e Fisiologia Evolutiva. Para muitas linhagens de tetrápodos e ectotérmicos, o sucesso em atividades ecológicas relevantes, como captura de presas e escape de predadores depende do desempenho locomotor do indivíduo, que por sua vez é influenciado pela temperatura corpórea. A influência da temperatura sobre o desempenho comportamental de serpentes é interessante, pois uma porção substancial da musculatura corpórea é usada na locomoção e também devido ao fato das serpentes apresentarem os mais elaborados comportamentos defensivos já descritos entre os répteis. Além disso, diferentes comportamentos defensivos possuem diferentes demandas fisiológicas e, em teoria, difeririam na sua sensibilidade à temperatura. O objetivo do presente estudo foi testar a hipótese de que em serpentes a temperatura corpórea alta, que viabiliza a locomoção eficiente, favorece respostas antipredador associadas à locomoção, por exemplo, fuga em serpentes. A hipótese complementar é que, em contraste, as temperaturas corpóreas baixas devem estar associadas a respostas mais agressivas. Para testar tais hipóteses foi analisado o comportamento de resposta a um estímulo simulando um ataque predatório em serpentes da espécie Tomodon dorsatus (Colubridae) testando as respostas dos mesmos indivíduos em quatro diferentes temperaturas: 20, 25, 30, 35ºC (n=49). A ordem dos testes foi aleatória, aplicando só um teste por dia com um dia de descanso entre testes. O estímulo foi aplicado na cauda do animal e consistiu em uma leve pressão que simulava uma tentativa de mordida, mas não causava dano aos animais. A freqüência de comportamentos classificados como agressivos foi maior 20ºC, temperatura na que os indivíduos apresentaram maior freqüência de botes. A fuga foi mais freqüente em 30ºC. Esses resultados sugerem que Tomodon dorsatus apresenta diferente probabilidade de produzir comportamentos de fuga ou agressivos dependendo de sua temperatura corporal. Contudo, grande parte dos comportamentos defensivos está constituída de “exibições de advertência”, tipos de comportamento que pela sua demanda fisiológica, devem ser viáveis ao longo de grandes intervalos de temperatura corpórea. Palavras - chave: comportamento defensivo, temperatura, serpente, predador Suporte financeiro: FAPESP