MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] RESPOSTA TERMORREGULATÓRIA DE OVINOS DESLANADOS RECEBENDO DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO CONCENTRADA NO PRÉ E PÓSPARTO Weverton Lopes da Silva (bolsista do ICV/CNPq), Jacira Neves Torreão da Costa (Orientador, Depto Zootecnia – UFPI) RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta termorregulatória de ovinos deslanados recebendo diferentes níveis de suplementação concentrada no pré e pós-parto. Foram utilizados 24 animais, sendo 12 da raça Santa Inês e 12 Morada Nova, a partir da metade da gestação até o final da lactação, aos 75 dias. Todos os animais fazem parte do Módulo Didático Produtivo do Colégio Técnico de Bom Jesus - PI. Durante o experimento, as ovelhas foram suplementadas à base de farelo de soja, farelo de milho e sal mineral, onde receberam 0,5% e 1,5% do peso vivo em concentrado. Os parâmetros fisiológicos frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC) e temperatura retal (TR). Foi utilizado um Delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial (2x2) em que: dois níveis de suplementação concentrada (0,5 e 1,5% de MS do peso vivo) e duas raças (Santa Inês e Morada Nova). Não houve efeito (P < 0,05) da raça para nenhum das variáveis fisiológicas estudadas. Ovelhas da raça Morada Nova, são suscetíveis aos efeitos do estresse térmico durante o pré-parto e o pós-parto levando-as a uma condição de estresse por calor moderado durante a tarde e para aqueles que receberam a suplementação de concentrado de 0,5% em sua dieta. Palavras-chaves: Suplementação. Morada Nova. Santa Inês Introdução: Mesmo com adversidades climáticas, o rebanho ovino do Nordeste Brasileiro é de aproximadamente 9,85 milhões de cabeças, o que corresponde a cerca de 56,72% do rebanho nacional (IBGE, 2010). Os animais homeotérmicos trocam constantemente calor com o ambiente. Assim, a resistência de um animal às altas temperaturas é definida pela sua capacidade em dissipar o calor corporal excessivo, conseguindo manter a sua temperatura interna dentro dos limites da homeotermia. Os ovinos nativos são naturalmente adaptados ao ambiente da região semiárida e estão bem ajustados aos sistemas de exploração extensivo e semiextensivo (SOUZA et al., 2010) e dependem de pastagens naturais como sua principal fonte de nutrientes, as quais possuem a produção e a qualidade de sua fitomassa sujeitas a fatores climáticos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta termorregulatória de ovinos deslanados recebendo diferentes níveis de suplementação concentrada no pré e pós-parto. Material e métodos: Foram utilizados 24 animais, sendo 12 da raça Santa Inês e 12 Morada Nova, a partir da metade da gestação até o final da lactação, aos 75 dias. Todos os animais fazem parte do Módulo Didático Produtivo do Colégio Técnico de Bom Jesus – PI. Durante o período experimental foram mantidos em uma área de 2,5 ha, num sistema de pastejo alternado com pastagem formada por capim Andropogum gayanus e ao final do dia, recolhidos para receber suplementação concentrada e água a vontade. Durante o experimento, as ovelhas foram suplementadas à base de farelo de soja, farelo de milho e sal mineral, onde receberam 0,5% e 1,5% do peso vivo em concentrado. Os parâmetros fisiológicos frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC) e temperatura retal (TR), foram aferidos uma vez por semana. Quanto aos parâmetros ambientais, a temperatura ambiente (TA) e umidade relativa (UR) foram medidas com auxílio de termo-higrômetro e a temperatura de globo negro (TGN), instalados à altura de 55 cm do solo. Foi utilizado um Delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial (2x2) em que: dois níveis de suplementação concentrada (0,5 e 1,5% de MS do peso vivo) e duas raças (Santa Inês e Morada Nova). As variáveis ambientais e sanguíneas foram avaliadas pelo arranjo em parcelas subdivididas. Resultados e discussão: Verifica-se que não houve efeito (P < 0,05) da raça para nenhum das variáveis fisiológicas estudadas. Esses dados demonstram que, pelo fato dos animais da raça Santa Inês e Morada Nova serem oriundos de regiões semiáridas, onde foram submetidos a processos adaptativos semelhantes, a exteriorização das variáveis fisiológicas também é semelhante. Observou-se um aumento da frequência cardíaca no período da tarde em ambos os grupos, Morada Nova e Santa Inês. Esse aumento nas médias, provavelmente deve-se as variações na temperatura do ambiente, que tem influência significativa sobre as respostas fisiológicas dos animais domésticos, especialmente sobre a temperatura retal, temperatura da pele, frequência respiratória, frequência cardíaca (MEDEIROS & VIEIRA, 1997). A freqüência de batimentos cardíacos registrada foi influenciada significativamente (P<0,05) pelo turno, sendo a taxa cardíaca vespertina (111,48 mov/min) superior à taxa matutina (95,05 mov/min). Já a freqüência respiratória dos animais alimentados com dietas com alto teor de ração concentrada foi superior à frequência respiratória daqueles alimentados com dietas contendo baixo teor de ração concentrada em ambos ambientes estudados, mas não houve diferença estatística entre os grupos (P<0,05). A temperatura retal média dos ovinos esteve dentro da normalidade como descrito por Ribeiro (2008) que cita TR média de 38,9°C. A frequência respiratória no período da tarde ficou acima da normal descrita para a espécie, entre 16 e 34 mov/min. Conclusão: Concluiu-se que ovelhas da raça Morada Nova, nativas do semi-árido brasileiro são suscetíveis aos efeitos do estresse térmico durante o pré-parto e o pós-parto levando-as a uma condição de estresse por calor moderado durante a tarde e para aqueles que receberam a suplementação de concentrado de 0,5% em sua dieta. Referências Bibliográficas NEVES, M.L.M.W., AZEVEDO, M., COSTA, L.A.B.,GUIM, A., LEITE, A.M.,CHAGAS, J.C. Níveis críticos do Índice de Conforto Térmico para ovinos da raça Santa Inês criados a pasto no agreste do Estado de Pernambuco. Acta Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v. 31, n. 2, p. 169-175, 2009. TORREÃO, J. N. C. Características termorreguladoras e ganho de peso de cordeiros Santa Inês no sul do estado do Piauí no período de transição seca/águas. Revista Agrarian, v.6, n.20, p.198-204, 2013. SOUSA, B. B.; ANDRADE, I. S.; PEREIRA FILHO, J. M.; SILVA, A. M. A. Efeito do ambiente e da suplementação no comportamento alimentar e no desempenho de cordeiros no semiárido. Revista Caatinga, v.24, n.1, p.123 - 129, 2011.