87 Estados contra a Negação da Existência Histórica da Shoá - 1942: Janusz Korczak é executado em
Treblinka
Países de todo o mundo se uniram para colaborar na luta contra o antissemitismo
Com o apoio do Ministério de Relações Exteriores israelense e com a presença do vice-chanceler Danny Ayalon,
foi firmado esta semana, em Israel, um acordo que envolve o compromisso de 87 países para lutar contra a
negação do Holocausto e do antissemitismo no mundo.
As entidades que uniram seus objetivos são: a "Força de tarefas internacional para a Memória do Holocausto"
(ITF) e o "Bureau de Instituições Democráticas e Direitos Humanos" (ODIHR), braço executor da Organização
para a Segurança e colaboração Mútua na Europa.
É a primeira vez que mais de 80 Estados se unem para colaborar mutuamente contra a campanha de
deslegitimação que sofre Israel no plano local e o judaísmo em nível internacional.
"Existem certos elementos que negan a Shoá e preparam o próximo Holocausto. Devemos preservar a memória
para que tais horrores, junto com a xenofobia, não se repitam e para que tenhamos um mundo mais seguro",
enfatizou Ayalon durante a assinatura do documento.
A ITF - cujo objetivo é promover a memória do Holocausto por meio da educação, investigação e monumentos
recordatórios- conta atualmente com 27 países membros, em sua maioria europeus.
A ODIHR, da qual são membros 57 países, se ocupa entre outras coisas de programas educativos e de
monitoração de fenômenos tais como a xenofobia contra os estrangeiros e, em especial, o antissemitismo.
Ministério das Relações Exteriores de Israel
1942: Janusz Korczak é executado em Treblinka
No dia 5 de agosto de 1942, o médico polonês Janusz Korczack foi executado no campo de extermínio de
Treblinka. O diretor do orfanato judeu de Varsóvia não aceitava separar-se de suas crianças ao serem
deportadas.
Henryk Goldszmit nasceu em Varsóvia no ano de 1878, cresceu sob a influência do espírito liberal judaico e
abandonou cedo a burguesia. Seu pai era um advogado polonês judeu. Henryk optou pela Medicina e teria uma
brilhante carreira internacional pela frente se não tivesse escolhido outro caminho: ajudar os pobres e órfãos de
um subúrbio de sua cidade natal.
Desde pequeno, Henryk costumava sair escondido de casa para ir brincar com as crianças pobres. Quando
resolveu se dedicar às crianças carentes, mudou de nome. Passou a se chamar Janusz Korczak.
Este pseudômino foi tirado de um apreciado romance polonês do século 19 que conta a história de Janasz Korczak
e da bela espadachim. Um erro tipográfico, entretanto, transformou a palavra Janasz em Janusz, e o jovem
médico deixou assim mesmo.
Dedicação às crianças na teoria e na prática
A partir de 1911, ele dirigiu o orfanato Dom Sierot (Casa dos Órfãos), construído conforme seus planos. Nele
Janusz colocou em prática todos seus ideais de educação como utopia de uma sociedade pacífica, sem distinção
de classes. Até então, o mundo para ele estava dividido em duas classes: a dos adultos e a das crianças. Entre
elas reinava uma luta constante e desigual, onde as crianças não tinham a menor chance.
Paralelamente ao seu extraordinário engajamento pelas crianças, ele batalhava como escritor, com certo
fanatismo e desmesurada paixão pela causa infantil. Escrevia meticulosamente sobre educação e as
peculiaridades da psicologia infantil, baseado em suas próprias experiências e ideologia, além de salientar a
premente necessidade da igualdade de direitos.
Janusz redigiou seus textos sob circunstâncias adversas: durante as pausas de combate na Primeira Guerra
Mundial, depois de um puxado dia de trabalho, faminto e até doente. Ele não se ateve só às dissertações
pedagógicas, também gostava de escrever prosa, tendo redigido um romance com traços autobiográficos.
Atividades múltiplas
Em seu orfanato Dom Sierot, Janusz montou aquilo que imaginava ser uma "república democrática infantil". Tinha
um parlamento, um tribunal infantil, um jornal para os pequenos e muitas outras instituições, nas quais e através
das quais crianças e educadores aprendiam a conviver sem que um grupo reprimisse ou dominasse o outro.
Além de diretor, médico e literato, Janusz acumulava outras funções. Era funcionário de uma emissora, diretor de
uma escola experimental, editor de um jornal infantil e professor universitário.
Quando teve início a Segunda Guerra Mundial, ele voltou a vestir seu uniforme de oficial polonês, que já havia
usado como médico militar, demonstrando assim sua lealdade para com seu sofrido povo.
Quando foi criado o Gueto de Varsóvia em 1940, os 200 órfãos judaicos tiveram que se mudar para uma casa em
seu interior e lá viviam, com seu diretor, em condições indescritíveis. Até que, no dia 22 de julho de 1942, os
nazistas invadiram o local e deram início a uma matança em massa de seus habitantes através da chamada
"transferência para o campo de extermínio de Treblinka".
O velho médico, como gostava de ser chamado, teve diversas possibilidades de se salvar, mas sempre as recusou
indignado. Numa quinta-feira, dia 5 de agosto de 1942, chegou a vez da transferência do orfanato. As crianças
formaram uma fila de quatro. na frente, ia Janusz de mãos dadas com duas crianças. Desta forma eles partiram,
exprimindo um organizado e silencioso protesto contra os nazistas.
Em suas últimas anotações, antes da marcha rumo à câmara de gás, Janusz escreveu: “Eu não desejo a ninguém
nada de mau. Eu não consigo. Eu não sei como se faz. Pai nosso que estais no céu. Esta oração nasceu da fome e
da desventura. Pão nosso de cada dia. Mas isto que eu suporto, aconteceu mesmo. Aconteceu”.
Edição : Lia Bergmann - Assessora de Direitos Humanos e Comunicações da B´nai B´rith do Brasil
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