0
ISNN 2236-9953
REVISTA
FCV EMPRESARIAL
Revista Eletrônica da Faculdade Cidade Verde
Vol. 4 agosto 2010
1
FCV EMPRESARIAL é uma publicação dirigida e
editada pela Faculdade Cidade Verde - FCV Maringá
PR
Diretor Geral
Prof. José Carlos Barbieri
Coordenador de Pós- Graduação
Prof. Dr. Hamilton Luiz Fávero
Editor Chefe
Prof. Dr. Hamilton Luiz Fávero
Editor Adjunto
Prof. Enaldo Francisco da Silva
Conselho Editorial
Prof. Msc Alfredo Lopes da Costa
Moreira Neto (FCV)
Profª Msc Daniela Alessandra
Rufato Figueiredo (FCV)
Profª Msc Giselle Moraes e Silva
Pereira (FCV)
Prof. Msc José Carlos Costa
(UNIOESTE)
Prof. Msc José Plinio Vicentini
(FCV)
Profª Drª Luzia Yamashita
Deliberador (UEL)
2
Prof.Dr. Sânderson Reginaldo de
Mello (FCV)
Prof. Msc Valdemar Dias dos
Santos ( FCV)
Correspondências deverão ser encaminhadas à:
REVISTA FCV EMPRESARIAL
Advogado Horácio Raccanello,
5950- Novo Centro.
Maringá- Pr
CEP – 87.020.035
Fone: ( 044) 3028-4416
Home-page: www.fcv.edu.br
e-mail: [email protected]
EDITORIAL
A
revista
eletrônica
FCV
EMPRESARIAL,
tem
a
satisfação de tê-lo como leitor dessa quarta edição. Os
resultados
de
trabalhos
de
nossos
Coordenadores,
Professores e Alunos são apresentados nessa publicação.
Por isso, é um prazer tê-lo como leitor.
Nas
debates
próximas
páginas
sobre
importância
a
você
de
será
apresentado
gerenciamento
a
de
processo, o sistema financeiro, a relação com o mercado
3
que o marketing desenvolve, e como deve se buscar a
lealdade do cliente, como funciona a análise de créditos nas
empresas, o Capital de Giro como ferramenta de gestão
empresarial e a responsabilidade social como meio de
preservação de patrimônio público.
Este importante veículo de publicação que a FCV trás a
você, busca contribuir para a ampliação do conhecimento
tecnológico e científico das áreas de Ciências Sociais
Aplicadas, alem de colaborar com a qualidade de produção
acadêmica da nossa Instituição.
Tenham uma ótima leitura.
Prof. José Carlos Barbieri
Diretor Geral
ARTIGOS
4
A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS
Maria Regina da Fonseca e José Paulo de Souza
O GIGANTE SISTEMA FINANCEIRO
Jeniffer
de
Sousa
Bogdanavicius,
Evandro
Castilho
Salamão, Patrícia Rosana Andersen e Neori Taminini
MARKETING
DE
RELACIONAMENTO:
EM
BUSCA
DA
RETENÇÃO E
LEALDADE DO CLIENTE.
Luciene Martins Campiotto, Fátima Regina Oberst, Pedro
Vieira, Bianca
Burdini Mazzei e Pedro Espinha
A ANÁLISE DE CRÉDITO NAS EMPRESAS
Claudemir Souza Bueno e Ronaldo Cordeiro
CAPITAL
DE
GIRO:
UMA
FERRAMENTA
NA
GESTÃO
EMPRESARIAL
Cristiano de
Jesus
Ballejo, Mário Kunio Marutaka e
Augusto César Oliveira Camelo
CIDADANIA
COM
RESPONSABILIDADE
SOCIAL:
UMA
PROPOSTA PARA A PRESERVAÇÃO DE BENS PÚBLICOS DA
UEM
Manoel Quaresma Xavier, Mário Lonardoni e Edna Mitiko
Ota
5
A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE
PROCESSOS
Maria Regina da Fonseca1
José Paulo de Souza2
RESUMO
Esse texto se propõe a facilitar a compreensão do que vem
a ser gerenciamento de processos, bem como, sua
importância, como elemento decisivo, para o alcance das
metas traçadas. Para tanto, procura demonstrar quais as
principais decisões que envolvem os processos e sua
relação com o volume de produção, bem como, a relação
existente entre as varias decisões possíveis. Explica,
também, a importância da abertura a mudanças nos
1
Professora do curso de Ciências Contábeis da FCV – Artigo desenvolvido na disciplina Gestão de
Processos, do curso de Mestrado em Administração da UEM, como aluna não regular.
2
Professor doutor do Programa de Pós-Graduação em Administração da UEM.
6
processos, através da melhoria dos mesmos, ou ainda, da
reestruturação, denominada reengenharia.
Palavras-chave: gerenciamento de processos, decisões,
reengenharia.
ABSTRACT
This text is proposed to facilitate the understanding of what
comes to managing processes, and its importance as a
decisive, to achieve the goals outlined. For both, which
aims to show the major decisions involving the processes
and their relation to the volume of production, and the
relationship between the various possible decisions. It
explains, too, the importance of openness to changes in
procedures, by improving the same, or, in the
restructuring, known as reengineering.
Key-words:
reengineering.
management
process,
decisions,
INTRODUÇÃO
A
globalização
da
economia
trouxe
consigo
um
aumento crescente da concorrência em produtos e serviços.
Hoje, mais do que nunca, o cliente busca o produto/serviço
que tiver o maior valor agregado possível.
O uso ideal dos recursos disponíveis, a fim de
proporcionar algo de valor, depende das decisões sobre os
processos a serem utilizados.
7
Assim,
os
gerentes
precisam
estar
abertos
a
mudanças, seja pela reengenharia ou por um esforço
contínuo para a melhoria do processo.
Os processos estão presentes em todas as funções da
organização, tais como contabilidade, recursos humanos,
finanças, sistemas de informação gerencial, marketing e
operações.
Esse artigo se propõe a facilitar a compreensão da
importância do gerenciamento de processos, como função
decisiva
às
empresas,
no
sentido
de
atingir
metas
competitivas.
PROCESSOS
O processo representa uma série de tarefas interrelacionadas envolvendo diversos insumos com a finalidade
de gerar um determinado produto/serviço esperado.
Conforme
Ritzman
e
Krajewski
(2004,
p.
29),
“Gerenciamento de processo é a seleção dos insumos, das
operações, dos fluxos de trabalho e dos métodos que
transformam insumos em resultados”.
Segundo os autores, os processos estão envolvidos na
maneira como a área de marketing realiza uma análise de
mercado, em como a contabilidade fatura aos clientes, em
como uma loja varejista proporciona serviços em suas
instalações de vendas e, na forma como uma indústria
realiza
suas
operações
de
montagem.
Dessa
forma,
8
quaisquer decisões sobre o processo afetam diretamente o
processo em si e, indiretamente, o produto ou serviço
fornecido, implementando a estratégia de operações.
De acordo com Graham e LeBaron (1994), apud
Gonçalves,
José
Ernesto
Lima
(2000),
todo
trabalho
importante realizado nas empresas faz parte de algum
processo. O autor complementa que não faria sentido um
processo empresarial, que não oferecesse um produto ou
serviço, pois o processo em si representa quaisquer
atividades que tomam determinados insumos e, após
adicionar valor, oferece-o ao cliente na forma como este o
requer.
Os processos podem ser entendidos, segundo Lipnack
e Stamps (1997), como a forma pelas quais as coisas são
feitas na empresa ou, conforme Cameron (et al, 1995), a
maneira particular de realizar um determinado conjunto de
tarefas.
No entanto, algumas vezes, as atividades essenciais
envolvem um conjunto de atividades operacionais, diversos
níveis organizacionais e práticas gerenciais, ou seja, são os
processos necessários para que a empresa exista (BENNIS;
MISCHE, 1995).
As decisões sobre mudanças ou não dos processos
atuais envolvem vários fatores, tais como:
 aptidões humanas;
 equipamentos;
 qualidade;
9
 capacidade;
 arranjo físico;
 estoque;
 avanços na tecnologia;
 mudanças nas capacitações do concorrente;
 impacto sobre o ambiente.
Sobre isso, Ritzman e Krajewski
(2004, p. 29)
ressaltam que “decisões sobre processos precisam ser
coerentes com as prioridades competitivas e a habilidade
da organização para obter recursos necessários a fim de
apoiá-los”.
De nada adiantaria uma decisão sobre processos que
não auxiliasse a empresa a atingir metas competitivas ou
que necessitasse de recursos que a empresa não dispõe.
Assim, o processo de desenvolvimento de estratégia
de manufatura, por exemplo, visa garantir que critérios
competitivos sejam estabelecidos e priorizados de forma a
garantir coerência externa, coerência interna e coerência
temporal. Deve garantir, também, que todas as decisões
referentes aos recursos estruturais e infraestruturais da
manufatura sejam tomadas de acordo com um padrão de
decisões coerente e a tempo e que cumpra seu papel
proativo adequadamente, monitorando o ambiente, a fim
de
identificar
alternativas
de
tecnologias
e
métodos
gerenciais de processos. Além disso, deve desenvolver uma
dinâmica de replanejamento flexível capaz de responder
10
bem e a tempo as instabilidades e incertezas ambientais e
internas (CORRÊA; GIANESI, 1993, p. 30 e 31).
As principais decisões que envolvem os processos são:
1. escolha do processo;
2. integração vertical
3. flexibilidade dos recursos;
4. envolvimento do cliente;
5. intensidade do capital.
A decisão da escolha do processo é uma das mais
importantes, pois, segundo Ritzman e Krajewski (2004, p.
30), ela determina se os recursos são organizados em torno
de produtos ou processos.
A escolha do tipo de processo depende das prioridades
competitivas da organização e será realizada pelo gerente.
Normalmente, o tipo de processo escolhido, está entre
uma das seguintes:
A. de projeto;
B. por tarefa;
C. por lote;
D. em linha;
E. contínuo.
Processo de Projeto: é aquele, segundo o autor
supracitado, que tem como principal característica um grau
elevado de customização das tarefas; o grande escopo de
11
cada projeto é a liberação de recursos substanciais após um
projeto ser completado.
Ou seja, as operações e processos envolvidos são sob
medida para o projeto e destinados à criação de certos
produtos ou serviços. Logo, esses produtos ou serviços são
exclusivos, feitos para atender um pedido de um cliente
específico.
Segundo Tubino (2000, p. 27):
Como o sistema produtivo espera a
manifestação dos clientes para definir
os produtos, estes não são produzidos
para estoque e os lotes normalmente
são unitários. Devido ao fato de o prazo
de entrega ser um fator determinante
no atendimento ao cliente, os sistemas
que
trabalham
sob
encomenda
possuem
normalmente
grande
capacidade ociosa, e dificuldade em
padronizar os métodos de trabalho e os
recursos produtivos, gerando produtos
mais caros do que os padronizados. A
automação dos processos é menos
aplicável, visto que a quantidade
produzida
não
justifica
os
investimentos.
Coaduna-se com essas reflexões Davis (et al, 2001),
quando ressalta que os custos variáveis nessa categoria são
muito altos enquanto os custos fixos são ínfimos e que, nos
casos onde há a fabricação de apenas um produto, os
custos fixos são até mesmo inexistentes.
12
Ou seja, no sistema de produção por projeto ou sob
medida produzem-se bens unitários com características
únicas, individuais.
Como exemplo, podemos citar: a construção de um
Shopping Center ou a formação de uma equipe para
realizar
um
trabalho
de
consultoria
gerencial
ou
o
desenvolvimento de uma nova tecnologia ou produto.
Processo por Tarefa: é aquele em que os recursos
similares, equipamentos e trabalhadores, são alocados em
torno da tarefa e não do produto e/ou serviço específico.
Ritzman e krajewsk (2004, p. 33), alertam que essa
escolha de processo cria fluxos desordenados ao longo das
operações, em vez de um fluxo de linha, que seria o
movimento linear de materiais, informações ou clientes de
uma operação para a próxima de acordo com uma
sequência fixa. Embora haja uma variabilidade considerável
nos fluxos ao longo de um processo por tarefa, podem
existir fluxos de linha em seu interior.
Isso é possível porque alguns subprocessos podem ser
idênticos para todas as tarefas, além de que determinados
clientes
podem
solicitar
frequentemente
os
mesmos
produtos, criando condições para a produção por lotes.
Processo por Lote: volumes médios ou moderados,
padrão do fluxo e desordenado, sem uma sequência
padronizada de operações por toda a unidade produtiva. No
entanto, surgem trajetórias mais dominantes do que em
um processo por tarefa, e alguns segmentos do processo
13
possuem um fluxo de linha (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004,
p. 33).
Embora não haja uma sequência padronizada de
operações por toda a unidade produtiva, Tubino (2000, p.
28) deixa claro que cada lote segue uma série de operações
que necessita ser programada à medida que as operações
anteriores forem realizadas.
Esse tipo de operação exige certa flexibilidade a fim de
atender
diferentes
pedidos
de
clientes,
além
de
acompanhar as flutuações da demanda.
Exemplos: programação de uma viagem aérea para
um grupo de pessoas, produção de componentes que
alimentam uma linha de montagem, processamento de
hipotecas, laboratórios de análises químicas, etc.
Processo em Linha: caracteriza-se por volumes
elevados
e
produtos
ou
serviços
padronizados.
Os
prestadores de serviços, com um processo em linha,
seguem uma estratégia de serviços padronizados e os
fabricantes
produzem
para
estoques,
objetivando
disponibilizá-los aos clientes a qualquer momento. Essa
utilização de um processo em linha algumas vezes é
denominada produção em massa, ou ainda, processo de
fabricação (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
Nesse tipo de produção, tanto os recursos produtivos,
quanto
os
padronizados,
métodos
de
produzindo
trabalho
bens
e
e
controles
serviços
são
uniformes,
14
levando
a
uma
maior
eficiência
do
sistema
com
consequente redução de custos.
De acordo com Davis (et al, 2001, p. 75), os fluxos de
linha são usados apenas para os volumes de produtos mais
altos, são bem concentrados em termos de enfoque e por
consequência, são os menos flexíveis dos três processos.
Como
exemplo,
pode-se
citar:
automóveis,
eletrodomésticos, brinquedos, fast-food, refeitórios, etc.
Processo Contínuo: caracterizado pela produção em
grande volume e padronizado com fluxos de linha rígidos.
Segundo o autor supracitado, sua designação relaciona-se
com o modo como os materiais movem-se pelo processo.
Normalmente, o processo é capital intensivo e é operado 24
horas por dia, para maximizar a utilização e evitar
interrupções e reinícios de produção onerosos.
Tubino (2000, p. 28) ressalta que são necessários
altos investimentos em equipamentos e instalações, sendo
seu custo insignificante em relação aos outros fatores
produtivos.
Classificam-se nesse grupo as refinarias de petróleo,
indústrias químicas e fábricas que produzem cerveja, aço e
alimentos. Como exemplo, no setor de serviços, pode-se
citar uma usina geradora de eletricidade.
A segunda decisão mais importante é relacionada à
integração vertical que, para Ritzman e Krajewski (2004,
p. 34), diz respeito ao grau de execução dos processos
internamente, e não por fornecedores externos. Ou seja, a
15
quanto o sistema de produção ou as instalações de serviço
de uma empresa são capazes de atender a sua necessidade
sem precisar terceirizar. Assim sendo, decisões de produzir
representam maior integração, enquanto que decisões de
comprar representam maior terceirização.
Após a decisão do que produzir e do que terceirizar,
identificam-se maneiras para coordenar e integrar os vários
processos
e
fornecedores
envolvidos,
podendo
ser
a
integração realizada para trás e para frente.
 Para trás (backward integration) – representa o
movimento da empresa em direção às fontes de
matérias-primas
e
peças,
como
rede
de
supermercados que possui fábricas para produzir
marcas
próprias
de
sorvete,
massas
de
pizza
congelada e manteiga.
 Para frente (forward integration) – representa a
aquisição de mais canais de distribuição e lojas de
varejo, ou mesmo a aquisição de empresas que são
suas clientes.
A integração vertical apresenta várias vantagens, tais
como:
 aumenta a participação de mercado, além de permitir
que a empresa penetre em mercados estrangeiros
mais
facilmente
circunstâncias;
do
que
o
faria
em
outras
16
 possibilita a obtenção de economias no caso de
possuir as qualificações, o volume e os recursos para
executar processos a um custo menor e produzir bens
e
serviços
de
maior
qualidade
do
que
seus
concorrentes;
 permite maior pontualidade na entrega e melhor
aproveitamento dos recursos humanos, equipamentos
e espaço da empresa.
A integração vertical é especialmente atrativa para
grandes volumes, pois possibilita a especialização de
tarefas e uma maior eficiência. Mas, a alta administração
precisa identificar cultivar e explorar suas competências
essenciais para prevalecer na concorrência global.
A terceirização, por sua vez, também apresenta várias
vantagens, conforme relacionamos a seguir:
 é especialmente atrativa para empresas com pequena
produção e pode proporcionar maior qualidade e
menor custo, tendo em vista que, a produção por si
mesma, poderia exigir um investimento significativo
que não compensaria a demanda por seus produtos;
 a globalização cria mais opções de fornecedores e os
avanços na tecnologia da informação tornam mais fácil
a coordenação com esses fornecedores. Um exemplo
disso é o incêndio que destruiu a fábrica Aisin Sekei,
em 01/02/1997 e que forçou a Toyota a parar as 20
fábricas automotivas que produziam 14000 carros por
17
dia.
Graças
ao
trabalho
conjunto
dos
seus
fornecedores, a Toyota começou a produzir carros
alguns
dias
após
o
incidente,
embora
muitos
previssem que demoraria semanas, que seria o tempo
que levaria para a Aisin reiniciar sua produção (DAVIS
et all, 2001, p. 393);
 a
tecnologia
da
informação
permite
que
os
fornecedores se juntem como uma corporação virtual,
onde os concorrentes efetivamente fazem parcerias
em curto prazo para responder às oportunidades de
mercado. As corporações virtuais permitem que as
empresas alterem suas posições de modo flexível em
resposta às exigências do mercado em alteração
rápida.
A terceira decisão refere-se à flexibilidade dos
recursos que, segundo Ritzman e Krajewski (2004), diz
respeito à facilidade com que funcionários e equipamentos
podem lidar com uma ampla variedade de produtos, níveis
de produção, deveres e funções. O grau de flexibilidade dos
recursos
da
empresa
equipamentos)
é
(funcionários,
determinado
instalações
pelas
e
prioridades
competitivas da alta administração.
Os
autores
supracitados
(p.
36)
descrevem
a
flexibilidade de recursos como sendo a facilidade com que
funcionários e equipamentos podem lidar com uma ampla
18
variedade de produtos, níveis de produção, deveres e
funções.
Os elementos envolvidos nesse tipo de decisão são os
seguintes:
 equipe de trabalho: segundo os referidos autores
(2004), a equipe de trabalho ajuda a absorver os altos
e
baixos
da
individuais
carga
causados
reduzido,
de
trabalho
pela
processamentos
em
produção
operações
em
volume
desordenados
e
programação instável. Se o fluxo de produção for
homogêneo
e
permanente,
contínuo,
com
o
emprego
ideal
é
regular
uma
equipe
em
período
integral. Se o processo estiver sujeito à picos da
demanda de horários, diários ou sazonais, a utilização
de funcionários em tempo parcial ou temporário para
suplementar um pequeno núcleo de funcionários em
tempo integral pode ser a melhor solução;
 equipamento: quando produtos ou serviços possuem
um ciclo de vida curto e um grau elevado de
customização, volumes reduzidos significam que os
gerentes de processo devem selecionar equipamento
de tipo universal.
 Volumes
reduzidos
(customização
é
elevada)
requerem equipamento universal a um custo pequeno,
o que mantém o investimento em equipamento baixo
acarretando custos fixos pequenos.
19
 Volumes
elevados
(customização
é
reduzida)
requerem equipamento de aplicação especial, ou seja,
alto investimento em equipamento e, portanto, custos
fixos elevados. No entanto, ao distribuir esses custos
fixos por um maior número de unidades produzidas,
ver-se-á a vantagem dos custos fixos variáveis baixos
compensando os custos fixos elevados.
Gianesi
e
condicionantes
flexibilidade
Corrêa
básicos
de
um
(1993)
dos
sistema
alertam
níveis
sobre
os
necessários
de
produtivo,
que
são
as
incertezas do processo, a variabilidade das saídas e a falta
de
coordenação.
Para
lidar
com
essas
condições
é
necessário o desenvolvimento de habilidades específicas e
flexibilidade do sistema.
O envolvimento do cliente é a quarta decisão e,
segundo Ritzman e Krajewski (2004, p. 37), diz respeito ao
grau de participação do cliente no processo e ao modo pelo
qual ele participa. Esse envolvimento pode variar do
autosserviço à customização do produto à decisão do
horário e do local em que o serviço deve ser prestado.
 Autosserviço: comum para varejistas em que o preço
é uma prioridade competitiva. Fabricantes de produtos
como brinquedos, bicicletas e móveis podem deixar o
cliente fazer a montagem final, diminuindo assim os
custos com produção, despacho e estocagem, além
das perdas decorrentes de estragos. Ou seja, podem
20
transferir as economias para os clientes sob a forma
de preços menores.
 Seleção do Produto: quando a empresa concorre na
base da customização frequentemente permite que os
clientes apresentem suas próprias especificações do
produto, como no caso de construção customizada de
residências.
 Horário e Local: se o serviço é prestado ao cliente ou
paciente
com
hora
marcada,
as
decisões
que
envolvem o local tornam-se parte do projeto do
processo.
Davis (et al, 2001, p. 32), complementa essa ideia,
afirmando:
Esta tendência de ter o processo de
transformação
trabalhando
mais
proximamente
de
clientes
e
de
fornecedores, em igual intensidade,
costuma ser denominada a cadeia de
valor de um produto. [...] Esta
integração de fornecedores e clientes
no processo de transformação começa
a tirar a nitidez dos limites entre aquilo
que
antes
eram
organizações
totalmente independentes. O que
parece estar surgindo agora é um
conceito conhecido como a empresa
virtual, que é uma rede totalmente
integrada e completa de organizações
interdependentes. Com esta nova
abordagem,
costuma
ser
difícil
21
determinar onde uma organização sai
de cena e a outra assume.
Essa integração de fornecedores e clientes traz, assim,
vantagens tanto para as empresas que, de certa forma,
recebem
o
feedback
dos
clientes
e
o
apoio
dos
fornecedores, quanto para os clientes e fornecedores que
participam ativamente do processo de produção.
A quinta decisão mais importante é a intensidade de
capital
que
é
conceituada
como
a
combinação
de
equipamento e habilidade humana em um processo –
quanto maior o custo relativo do equipamento, maior é a
intensidade do capital.
Por outro lado,
quanto maior a capacitação da
tecnologia menor será o custo.
Sendo assim, os gerentes se defrontam com uma
variedade crescente de escolhas, desde operações que
utilizam muito pouca automação até aquelas que exigem
equipamento
específico
para
a
tarefa
e
pouquíssima
intervenção humana.
Automação é um sistema, processo ou parte de um
equipamento que atua sozinho e faz sua autorregulação.
Uma
das
vantagens
é
agregar
significativamente
a
produtividade e melhorar a qualidade. Uma desvantagem é
o custo proibitivo do investimento para operações com
volume reduzido.
22
No entanto, para produto único ou serviço de alta
qualidade, podem ser necessários funcionários hábeis,
trabalho manual e atenção individual e não uma nova
tecnologia.
Segundo Ritzman e Krajewski (2004, p. 38), os
fabricantes usam dois tipos de automação: fixa e flexível.
 Automação
fixa:
preferível
para
volumes
de
demanda elevados, projetos de produto estáveis e
ciclos de vida do produto longos para compensar o
custo
elevado
do
investimento
inicial
e
relativa
inflexibilidade. A automação fixa maximiza a eficiência
e resulta no menor custo variável unitário se os
volumes são elevados.
 Automação flexível: pode ser alterada facilmente
para
produzir
vários
produtos.
A
capacidade
de
reprogramar máquina é útil para os processos de
customização
reduzida
e
elevada.
No
caso
de
customização elevada, uma máquina que produz uma
variedade de produtos em pequenos lotes pode ser
programada para alternar entre os produtos. Quando
um produto está no final do seu ciclo de vida, a
máquina pode
ser
reprogramada
produto.
RELAÇÃO ENTRE AS DECISÕES
para um novo
23
As
decisões
sobre
o
processo
normalmente
se
vinculam e têm como denominador comum o volume, que
resulta da estratégia de operações. No caso de operações
de serviço deve ser dada uma atenção especial às decisões
relativas ao envolvimento do cliente e à intensidade de
capital e automação.
Segundo Davis (et al, 2001, p. 77):
Uma abordagem-padrão para decidir
quais das diversas alternativas é mais
adequada a determinado negócio é
utilizar a análise do ponto de equilíbrio.
[...] O eixo horizontal representa o
volume de produto, a ser produzido,
enquanto o eixo vertical representa os
custos totais. [...] os projetos têm
poucos ou nenhum custo fixo, mas
custos
variáveis
bastante
altos.
Processos intermitentes localizam-se
entre os dois. Utilizando um critério do
custo mais baixo, a escolha de qual
processo
adotar
e,
portanto,
dependente do volume a ser produzido.
Deve-se estar atento, conforme alerta Ritzman e
Krajewski (2004), ao fato de que volumes elevados em um
processo de serviços normalmente indicam os seguintes
fatores:
 um processo em linha: serviço básico e especificações
do serviço rigidamente controlados. Ex.: atendimento
em um restaurante self service;
24
 maior integração vertical: volume maior diminui a
probabilidade de terceirização;
 menor flexibilidade de recursos: os recursos podem
ser dedicados a cada serviço padronizado;
 menor envolvimento do cliente: serviços padronizados
estão
relacionados
a
pequeno
contato
entre
funcionários e clientes;
 maior intensidade do capital e automação: como o
cliente não está envolvido com o processo, aumentam
as possibilidades de automação. Volumes elevados e
repetição permitem maior automação.
No
entanto,
volumes
reduzidos,
normalmente
significam:
 um processo de projeto ou processo por tarefa: cada
cliente requer alterações distintas no processo em si.
Ex.: médicos, etc.;
 menor
integração
vertical:
volumes
reduzidos
aumentam a probabilidade do prestador de serviços
procurar terceirizar muitos processos;
 maior flexibilidade de recursos: os funcionários e os
equipamentos
devem
ser
capazes
de
lidar
com
serviços novos ou diferenciados quando necessário;
 maior envolvimento dos clientes: interação com os
clientes
para
compreender
necessidade particular deles.
e
diagnosticar
cada
25
 menor intensidade de capital e automação: nível
elevado de habilidades, grande intensidade de mão de
obra.
Sendo assim, se a escolha do processo a ser adotado
tiver como critério o menor custo, essa escolha será
dependente do volume a ser produzido.
ECONOMIAS DE ESCOPO
Representa a capacidade para produzir diferentes
produtos, conjuntamente, a um menor custo do que se os
produzissem separadamente. Para tanto, duas prioridades
competitivas
que
normalmente
são
conflitantes,
customização e preço baixo, tornam-se mais compatíveis
(RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
Para que haja as economias de escopo é necessário
que uma família de componentes ou produtos tenha um
volume coletivo suficiente para utilizar plenamente os
equipamentos.
Também
em
processos
de
serviços,
podem
ser
aplicadas economias de escopo, tais como, a utilização da
internet pela Disney, que vincularam seus processos na
internet entre si e com outras partes da Disney.
26
REENGENHARIA DE PROCESSOS E MELHORIA DO
PROCESSO
Reengenharia é a reestruturação dos processos com a
finalidade de melhorar significativamente o desempenho
em termos de custo, qualidade, atendimento e rapidez.
Para Davis (et al, 2001, p. 138), reengenharia
significa, literalmente, começar do princípio com uma
planilha em branco e buscar definir como projetamos nossa
organização para melhor atender aos nossos clientes.
Em função disso, a reengenharia rejeita quaisquer
regras que sejam consideradas antiquadas à redefinição da
organização e exige o emprego de equipes interfuncionais,
tecnologias da informação, liderança e análise do processo.
Segundo Ritzman e Krajewski (2004, p. 47) os
principais elementos da reengenharia são os seguintes:
 processos críticos: a ênfase da reengenharia deve
dirigir-se aos processos fundamentais do negócio, em
vez de aos departamentos funcionais, como compras
ou marketing;
 liderança forte: os executivos devem estabelecer e
monitorar objetivos básicos de desempenho para o
processo;
 equipes
resultado
interfuncionais:
em
locais
a
de
reengenharia
trabalho
com
dá
mais
grande
envolvimento, equipes de autogestão e a delegação de
responsabilidade aos funcionários;
27
 tecnologia da informação: a maioria dos projetos de
reengenharia dizem respeito à fluxos de informações;
 filosofia de começar de novo: os encarregados da
reengenharia começam do futuro e trabalham em
sentido inverso;
 análise de processo: é necessário analisar todos os
procedimentos envolvidos no processo em toda a
organização.
No entanto, para obter sucesso, a reengenharia
precisa estar relacionada à estratégia corporativa da
empresa e obter o empenho da gerência, para assim, não
correr o risco de precisar competir por recursos escassos.
Outra decisão possível para efetuar mudanças é a
melhoria de processo que representa um estudo visando
o aprimoramento das atividades e fluxos de cada processo.
A
empresa
tarefas,
deve
eliminar
buscar
maneiras
inteiramente
de
processos
simplificar
completos,
substituir materiais ou serviços onerosos, melhorar o meio
ambiente ou tornar as funções mais seguras, e ainda
encontrar maneiras para reduzir custos, atrasos e aumentar
a satisfação do cliente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os
finanças,
processos
recursos
estão
presentes
humanos,
na
sistemas
contabilidade,
de
informação
28
gerencial, marketing e operações, e atravessam as linhas
organizacionais, não importando se a empresa é organizada
em
linhas
funcionais,
por
produto,
regionais ou
por
processo.
Eles estão presentes em todos os lugares e são a base
de
qualquer
trabalho,
devendo,
portanto,
agregar
o
máximo valor possível para o cliente.
Assim sendo, a decisão sobre qual alternativa é a que
mais se aplica a determinado negócio, exige uma séria
análise por parte da organização.
Para que isso seja possível, é necessário abertura a
mudanças nos processos por parte dos gerentes, quer pela
reengenharia, que representa um redesenho do processo,
ou uma iniciativa menos drástica, que seria um esforço
contínuo para a melhoria do processo.
REFERÊNCIAS
BENNIS e MISCHE, 1995, citado por GONÇALVES, José
Ernesto Lima. RAE-Revista de Administração de Empresas.
Jan/março 2000. São Paulo, v. 40. n. 01. p. 6-19.
CAMERON, Kim et al. Downsizing and redesigning
organizations. Citado por GONÇALVES, José Ernesto Lima.
RAE-Revista de Administração de Empresas. Jan/março
2000. São Paulo, v. 40. n. 01. p. 6-19.
CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G. N. Just in time,
MRP II e OPT - um enfoque estratégico. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1993.
29
DAVIS, Mark M.; AQUILANO, Nicholas J.; CHASE, Richard
B. Fundamentos da administração da produção. 3. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2001.
GRAHAM, Morris, LeBARON, Melvin. The horizontal
revolution. San Francisco: Jossey-Bass, 1994. Citado por
GONÇALVES,
José
Ernesto
Lima.
RAE-Revista
de
Administração de Empresas. Jan/março 2000. São Paulo, v.
40. n. 01. p. 6-19.
LIPNACK e STAMPS. 1997. Citado por GONÇALVES, José
Ernesto Lima. RAE-Revista de Administração de Empresas.
Jan/março 2000. São Paulo, v. 40. n. 01. p. 6-19.
RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da
produção e operações. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de planejamento e controle
de produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
O GIGANTE SISTEMA FINANCEIRO
30
Jeniffer de Sousa Bogdanavicius3
Evandro Castilho Salamão8
Patrícia Rosana Andersen8
Neori Taminini - Orientador4
RESUMO
O objetivo desse trabalho é mostrar o quão grande é o
sistema financeiro, o que é esse mercado, seus
componentes, seus objetivos, sua importância, por que
devemos entender e interagir com esse mercado. Sabemos
que o sistema financeiro está presente no Brasil
desde a vinda dos portugueses ao país, tendo por objetivo
guardar as riquezas que aqui possuía, dessa mesma forma
até hoje, as pessoas tentam da melhor maneira cuidar do
seu dinheiro, sendo com investimento, ou movimentando
de diversas outras formas. Essa troca de serviços que as
instituições e representantes financeiros possuem é muito
importante, pois a moeda depositada volta à população em
forma de empréstimo e a volta para a instituição em forma
de investimento é recíproca, por isso deve-se ter uma
noção básica do que ocorre nesse mercado, através do
sistema financeiro. Dessa forma este artigo traz um
conhecimento simples para que possamos compreender o
que fazemos todos os dias com nosso dinheiro, de uma
forma básica, pois é muito complexo e amplo o sistema,
sendo assim seguem, no decorrer desse artigo, os pontos
principais do sistema financeiro.
Palavras-chave: moeda, sistema, mercado.
ABSTRACT
The objective of that work is to show him/it how big it is
the financial system, what is that market, your
components, your objectives, your importance, why should
3
4
Acadêmicos do curso de Ciências Contábeis do 5º semestre da Faculdade Cidade Verde – Maringá.
Professor dos cursos de Ciências Contábeis e Administração da Faculdade Cidade Verde.
31
understand and to interact with that market. We know that
the financial system is present in Brazil from the coming of
the Portuguese to the Country, tends for objective to keep
the wealth that here possessed, this same way to today,
the people try in the best way to take care of your money,
being as investment, or moving of several other forms, that
change of services that it possesses institutions and
financial representatives and very important, because the
coin deposited turn the population in loan form and it goes
back to the institution in investment form and reciprocal,
for that that one should have a basic notion of what it
happens at that market, through the financial system. This
way this article brings a simple knowledge so that we can
understand what we do everyday with our money, in a
basic way, because it is very complex and wide the system,
it proceeds in elapsing of the article the main points of the
financial system.
Key-words: coin, system, market.
1 INTRODUÇÃO
Você sabe por que as instituições financeiras recebem
a visita de milhares de pessoas todos os dias? Mesmo
trabalhando
em
um
tempo
curto
ao
público,
essas
instituições apresentam uma grande movimentação, tendo
espaço para todas as pessoas, desde uma dona de casa,
até um empresário bem sucedido. A resposta para essa
questão irá se desenvolver no decorrer desse artigo.
Antigamente, antes da invenção do papel moeda, as
pessoas trabalhavam com trocas de objetos, porém sempre
observando o valor que possuía o objeto para se ter uma
troca justa. Com o decorrer do tempo, vieram as pedras
preciosas, ouro, prata, e logo o conhecido papel moeda. A
32
diferença nos tempos atuais é que todas as pessoas
diariamente buscam essa moeda para adquirir algo, por
isso
mesmo
muitas
vezes,
não
sabendo,
elas
estão
inseridas no mercado financeiro, dentro dos sistemas
financeiros, até mesmo as que aplicam ou investem em
algo.
Dessa forma o sistema financeiro veio facilitar essas
transações para que se possa ter um controle, uma
organização, para que tudo esteja de forma correta e
fiscalizada. Abaixo segue a história, o que é esse sistema,
seus componentes e sua importância, para que todos
possam entender melhor e até trabalhar mais de forma
adequada com esse sistema.
2 HISTÓRIO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
O sistema financeiro chegou ao Brasil juntamente com
a vinda da Família Real portuguesa, em 1808, data na qual
também foi criado o Banco do Brasil. Com o passar do
tempo
outras
Inspetoria
instituições
Geral
dos
foram
Bancos
surgindo,
(1920),
a
como
Camará
a
de
Compensação do Rio de Janeiro (1921) e de São Paulo
(1932),
também
surgiram
novos
bancos,
as
Caixas
Econômicas e outras tantas instituições privadas.
Em 1808, surge o Sistema Financeiro Nacional, com a
construção do 1º Banco do Brasil, porém teve uma duração
33
em curto prazo, pois assim que D. João VI voltou para
Portugal levou todo o ouro depositado.
Dessa forma, o Sistema Financeiro veio a crescer com
a Independência do Brasil, criando-se três novos bancos,
sendo o 1º Banco do Ceará, em 1936, o 2º Banco do Rio de
Janeiro e o 3º Banco de Pernambuco, tendo um marco
maior com a criação do 3º Banco do Brasil, pois o segundo
nem ocorreu o funcionamento, começa então a desenvolver
as intermediações financeiras, ocasionando a instalação de
Bancos Estrangeiros. O Sistema Financeiro caracterizou-se
pela intermediação financeira na sua forma mais simples
através de atividades relacionadas ao setor cafeeiro e a
implantação de projetos no setor de infraestrutura.
No período das Guerras e da Depressão, por volta de
1914 e 1945, houve vários acontecimentos que interferiram
diretamente no sistema, entre eles tivemos: expansão do
sistema de intermediação financeira de curto e médio
prazo; criação da Inspetoria Geral dos Bancos, integração
da Câmara de Compensação, e ainda a implantação da
Carteira de Redescontos do Banco do Brasil, iniciou-se
neste mesmo período os estudos para a criação do Banco
Central do Brasil. Todos estes acontecimentos trouxeram
grandes benefícios ao sistema financeiro brasileiro.
Porém, em 1945 e 1964 ocorreram as principais
mudanças no Sistema Financeiro Nacional. Foi uma fase de
transição, de uma estrutura simples a uma estrutura mais
ampla
e
complexa,
com
a
implantação
da
SUMOC
34
(Superintendência da Moeda e do Crédito), é o órgão que
controla e fiscaliza o sistema financeiro, logo vem o BNDE
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico). Tivemos
ainda a criação de instituições financeiras de apoio a
regiões carentes, o desenvolvimento de companhias de
crédito, financiamento e investimentos de médio e longo
prazo.
Segundo Souza (2003, p. 3), em 1964, 1965 e 1976,
tivemos as principais reformas no Sistema Financeiro
Nacional, com a edição de 5 (cinco) Leis:
 Lei nº 4380/64 – Instituindo a Correção
Monetária nos contratos imobiliários e
criados o SFH – Sistema Financeiro da
Habitação e o BNH – Banco Nacional de
Habitação.
 Lei nº 4595/64 – A base de reforma
bancária, criando o Banco Central do
Brasil e o Conselho Monetário Nacional.
 Lei nº 4728/65 – Que normatizou o
funcionamento do Mercado de Capitais,
estabelecendo medidas para o seu
desenvolvimento.
 Lei nº 6385/76 – Criou a CVM –
Comissão de Valores Mobiliários, órgão
normativo do Mercado de Capitais, que
veio substituir o então Departamento
de Mercado de Capitais, do Banco
Central do Brasil.
 Lei nº 6404/76 – Estabelecendo a
legislação das Sociedades Anônimas.
35
Com as alterações acima citadas, o SFN conseguiu
ampliar
e
diversificar
o
número
de
intermediários
financeiros, que passaram a atuar em áreas específicas,
aumentando, dessa forma, as opções de Ativos Financeiros.
Os
fatos
acima
são
as
principais
alavancas
para
o
crescimento do sistema financeiro.
Com o decorrer da história, as pessoas tiveram mais
acesso aos benefícios do sistema financeiro, como mostra a
citação abaixo.
Segundo Fleuriet (2004, p. 7):
Antigamente,
era
simplesmente
impossível emprestar dinheiro ou tomar
emprestado dinheiro. Até pelo menos o
século XV, a doutrina católica ensinava
que empréstimos a juros (usura) eram
contrários à lei divina. Para Santo
Agostinho,
no
século
V,
esses
empréstimos representavam um crime.
São Tomás de Aquino concordava
plenamente.
E
também
Martinho
Lutero,
para
quem
os
juros
representavam umas das principais
obras do demônio! De acordo com o
Velho
Testamento,
os
melhores
empréstimos eram aqueles que não
estavam sujeitos a encargos. Na prática
de todo dia, a lei proibia emprestar a
um irmão porque essa “ajuda” poderia
na verdade escravizá-lo. Na sociedade
cristã da Idade Média, era possível
emprestar dinheiro a um irmão, mas
sem direito a exigir pagamento de
juros.
36
Atualmente as coisas mudaram muito, hoje as pessoas
que necessitam de capital tem acessibilidade a qualquer
sistema financeiro, desde que cumpra com suas obrigações,
à base de contratos, normas, e à taxa de juros, sem
esquecer os impostos. Com a amplitude da população
quase não existe a confiança uma nas outras, tudo é feito
de forma legalizada e registrada para não se ter dúvida do
compromisso que está sendo firmado.
Dessa forma, vamos conhecer melhor nosso sistema
financeiro para fazer melhores negócios, seguindo os
tópicos abaixo.
2.1 O QUE É O SISTEMA FINANCEIRO
Para melhor entender o que é um sistema financeiro,
devemos saber a definição do Mercado Financeiro, e que a
negociação de dinheiro entre pessoas varia de um simples
empréstimo bancário até um alto investimento na bolsa de
valores. É um fluxo onde os superavitários (pessoas,
empresas
e
governo)
transferem
o
recurso
para
os
deficitários, através das instituições financeiras.
Segundo Alexandre Neto e Martins Elizeu, (1992, p.
67):
Todo processo de desenvolvimento de
uma economia exige a participação
37
crescente
de
capitais,
que
são
identificados por meio da poupança
disponível em poder dos agentes
econômicos e direcionados para os
setores produtivos carentes de recursos
mediante intermediários e instrumentos
financeiros. E é em função desse
processo de distribuição de recursos no
mercado que se evidencia a função
econômica
e
social
do
sistema
financeiro.
Dessa maneira, as pessoas depositam fundos em uma
instituição financeira, através da poupança, aplicações,
investimentos na bolsa de valores, depósitos, fazendo com
que
essas
instituições
emprestem
ou
forneçam
esse
dinheiro com juros para aqueles indivíduos que necessitam
de uma complementação, para eventuais finalidades. Na
realidade existem diversas formas desse fluxo financeiro
girar, para que essa negociação aconteça. O sistema
financeiro nacional do Brasil é composto por um conjunto
de instituições financeiras voltadas para a gestão da política
monetária do governo federal e por entidades supervisoras
e operadores que atuam no mercado nacional e, orientado
por três órgãos normativos, o Conselho Monetário Nacional
(CMN), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e
o
Conselho
de
Gestão
da
Previdência
Complementar
(CGPC).
Segundo pesquisa via internet, o mercado financeiro
nada mais é do que o mecanismo que recolhe e canaliza as
38
poupanças dos agentes econômicos para o investimento,
através de três segmentos fundamentais, cujos signos
orientam e determinam o movimento geral da economia e
competência.
Segundo, Fortuna (2005, p.16):
Uma conceituação bastante abrangente
de sistema financeiro poderia ser de um
conjunto
de
instituições
que
se
dedicam, de alguma forma, ao trabalho
de propiciar condições satisfatórias para
a manutenção de um fluxo de recursos
dentre poupadores e investidores. O
mercado financeiro, onde se processam
essas transações, permite que um
agente
econômico
qualquer
(um
indivíduo ou empresa, sem perspectivas
de
aplicação
em
algum
empreendimento próprio), da poupança
que é capaz de gerar (denominado
como
um
agente
econômico
superavitário),
seja
colocado
em
contato com outro, cujas perspectivas
de
investimento
superam
as
respectivas
disponibilidades
de
poupança (denominado como um
agente econômico deficitário).
Dessa
maneira,
o
sistema
financeiro
vem
proporcionando a manutenção de um fluxo de recursos
entre os poupadores e investidores, dentro do mercado
financeiro, que possui um papel muito importante no
processo de crescimento econômico, pois é através dele
que as taxas de poupança e investimento elevam-se.
39
2.2 ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO
Para melhor entender esse sistema devemos conhecer
sua estrutura, que cada vez se modifica para melhor
atender as necessidades de seus usuários.
Essa estrutura obedece a SFN do art. 192, da
Constituição Federal, que prevê Lei Complementar para
regulamentar o Sistema Financeiro.
Segundo Souza (2003, p. 3): “Atualmente o Sistema
Financeiro Nacional é composto por 2 (dois) subsistemas: 1
– Subsistema Normativo; e 2 – Subsistema Operativo”
O Subsistema Operativo é normatizado e controlado
pelo Subsistema Normativo.
O subsistema Normativo tem a finalidade de regular o
subsistema operativo, e é responsável pelo funcionamento
do mercado financeiro e de suas instituições tendo como
órgão máximo o conselho monetário nacional, possuindo
dois subgrupos, as autoridades monetárias e autoridades
de apoio.
O subsistema de intermediação é composto pelas
instituições bancárias e não bancárias que atuam em
operações de intermediações financeiras.
Sendo as autoridades monetárias responsáveis de
fixar as diretrizes da política monetária, creditícia e cambial
do país, sendo considerado como um Conselho Político-
40
Econômico, as autoridades de apoio têm o objetivo de
fiscalizar, disciplinar e regulamentar o mercado de valores
mobiliários
(ações,
debêntures,
partes
beneficiarias,
cupons, bônus de subscrição, certificados de depósitos de
valores mobiliários, etc.), tendo inserido a CMV (Comissão
de Valores Mobiliários), sendo, segundo Souza (2003, p.
13):
“uma
entidade
autarquia
em
regime
especial,
vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade
Jurídica e
patrimônio próprio, dotada de
autoridades
administrativas independentes, ausência de subordinação
de seus dirigentes”.
2.3
ELEMENTOS
QUE
COMPÔEM
O
SISTEMA
FINANCEIRO
Existem
dentro
do
sistema
financeiro
alguns
elementos, ou subgrupos, que servem para diferenciar o
tipo de finanças com a qual trabalho. Vejamos cada um
deles de acordo com os autores citados e explicações:
Segundo Azevedo (p. 17),
O Conselho Monetário nacional foi
criado pela lei nº 4.595, de 31 de
dezembro de 1964, que lhe dá poderes
para direção da política da moeda e do
crédito do país. Através da evolução da
sua constituição, pode-se ter uma ideia
das diferenças de conceitos que
41
norteiam a
monetária.
sua
influencia
na
área
O CMN e a responsável pela formulação de toda a
política de moeda e do crédito, tendo como objetivo,
atender
os
interesses
socioeconômicos
do
país.
A
superioridade dessa entidade dentro do sistema financeiro
faz com que a mesma tenha diversas competências, entre
elas:
 sincronizar os valores internos da moeda, prevenindo
ou corrigindo os surtos inflacionários de origens
internas e externas;
 regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do
balanço de pagamentos do país;
 orientar a aplicação dos recursos das instituições
financeiras,
tanto
públicas,
quanto
privadas,
propiciando condições financeiras regionalizadas, para
garantir o desenvolvimento do país;
 zelar
pela
liquidez
e
solvência
das
instituições
financeiras.
BANCO CENTRAL DO BRASIL – BC OU BACEN
Segundo Fortuna (2005, p. 20):
O Banco Central é entidade criada para
atuar como órgão executivo central do
42
sistema financeiro, cabendo-lhe a
responsabilidade de cumprir e fazer
cumprir as disposições que regulam o
funcionamento do sistema e as normas
expedidas pelo Conselho Monetário
Nacional.
O Banco Central foi criado pela Lei nº 4595 de 31 de
Dezembro de 1964 vindo para substituir a antiga SUMOC –
Superintendência da Moeda e do Crédito. É um órgão
fiscalizador da política e das operações realizadas no
mercado financeiro. Na sua superioridade, é o banco dos
bancos, recebe com exclusividade o depósito compulsório
dos bancos comerciais.
As autoridades financeiras do Banco Central baixam
normas,
fiscalizam
e
controlam
as
atividades
das
instituições financeiras, concedendo autorizações para seu
funcionamento, bem como pode decretar intervenções
extrajudiciais dessas instituições.
Sua atuação é direta nas Instituições Financeiras do
Mercado, Companhias de Capital Aberto e Investidores. É o
monopolizar da emissão de papel-moeda e da moeda
metálica.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM
Segundo Fortuna (2005, p. 23): “Elas operam com
autonomia
administrativa,
financeira
e
patrimonial
e
responsabilidade de fiscalização direta de seus respectivos
43
membros e das operações com valores mobiliários nelas
realizadas, mas sempre, sob a supervisão da CVM”.
A CVM tem como função básica incentivar a poupança
no mercado acionário, estimular o funcionamento das
bolsas de valores e das instituições operadoras do mercado
acionário, bem como proteger seus investidores, e ainda
promover a expansão de todo mercado acionário.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social – BNDES.
Segundo Fortuna (2005, p. 25): “É a instituição
responsável pela política de investimentos de longo prazo
do governo federal. É a principal instituição financeira de
fomento do país”.
O BNDES apoia empreendimentos que contribuem
para o desenvolvimento do país, resultando desta ação
melhorias na competitividade econômica brasileira, bem
como uma elevação da qualidade de vida da população.
Caixa Econômica Federal – CEF ou CAIXA
Segundo
Fortuna
(2005,
p.
25):
“A
caixa
é
a
instituição da política do governo federal para habilitação
popular e saneamento básico, caracterizando-se cada vez
mais como o banco de apoio ao trabalhador de baixa
renda”.
44
É a principal agência de atendimento à população
brasileira, além de ser uma instituição bancária como as
outras, atende uma grande massa de trabalhadores formais
do país, quer por meio de pagamentos de FGTS, PIS,
seguro-desemprego, entre outros. É uma das pioneiras no
setor de atendimento da população no que tange à
habitação, procurando melhorar o acesso da população na
aquisição de imóveis, principalmente da classe de baixa
renda.
Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional
– CRSFN
Segundo Fortuna (2005, p. 26): “Criado pelo decreto
91.152, de 15/03/85, como órgão integrante do Ministério
da Fazenda, para julgar, em segunda e última instância os
recursos interpostos das decisões relativas à aplicação de
penalidades administrativas pelo Banco Central do Brasil e
comissão de valores mobiliários”.
O CRSFN é composto por oito conselheiros, que
possuem
conhecimentos
específicos
em
assuntos
do
mercado financeiro, de câmbio, crédito rural e industrial, de
capitais. Compõem-se de:
 um representante do Ministério da Fazenda;
 um representante do Banco Central do Brasil;
 um representante da Secretaria de Comércio Exterior;
45
 um representante da Comissão de Valores Mobiliários;
e
 quatro representantes das entidades de classe dos
mercados afins, indicados por estas em lista tríplice.
Instituições Financeiras – MNI
Segundo Fortuna (2005, p. 27): “O Manual de Normas
e Instituições – MNI, preparado e editado pelo Banco
Central, estabelece todas as instituições financeiras”.
São divididas em: Bancos Comerciais – BC; Caixas
Econômicas
–
CE;
Bancos
Cooperativos
–
BCO;
Cooperativas de Crédito – CC.
Instituições
Financeiras
não
monetárias,
segundo
Fortuna (2005, p. 32): “São instituições que captam
recursos para empréstimo, através da emissão de títulos,
portanto, intermediam a moeda”. São divididas em: Bancos
de Desenvolvimento – BD; Bancos de Investimentos – BI;
Sociedades de Créditos, Financiamento e Investimento
Financeiro; Sociedade de Crédito ao Microempreendedor –
SCM; Companhias Hipotecárias – CH; Sociedades de
Crédito Imobiliário – SCI; Associações de Poupanças e
Empréstimos – APE.
Instituições Auxiliares do Mercado Financeiro
46
Segundo Fortuna (2005, p. 36): “São instituições
típicas do mercado acionário, operando com a compra,
venda e a distribuição de títulos e valores mobiliários
(inclusive ouro) por conta de terceiros”. São divididas em:
Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários –
CCVM; Sociedades Distribuidoras de Títulos e valores
mobiliários – DTVM; Sociedades de Arrendamento Mercantil
(Leasing); Agências de Fomento ou Desenvolvimento – AF;
Bancos Múltiplos – BM.
2.4 IMPORTÂNCIA DO SISTEMA FINANCEIRO E SUA
DEVIDA UTILIZAÇÃO
Quando as pessoas utilizam desse sistema sem o
devido conhecimento, e de forma a levar vantagens, acaba
como previsto por Karl Marx, citado por Fleuriet (2004, p.
3):
O sistema de crédito público, isto é, o
endividamento nacional, cuja origem
vamos encontrar em Gênova e Veneza,
já na Idade Média se espalhou pela
Europa
durante
o
período
manufatureiro (...) a dívida nacional
deu lugar às sociedades por ações, à
negócios de todos os tipos e à
agiotagem, ao jogo das bolsas de
valores e à moderna bancocracia.
47
A citação acima nos mostra que, com o passar do
tempo, foram ampliando as facilidades para se adquirir
créditos, para usufruir do sistema financeiro. Diante de tais
facilidades, um problema é percebido: as pessoas que não
têm
controle
acabam
se
tornando
inadimplentes
no
decorrer dos anos, pois não buscam informações, não
pesquisam
melhores
taxas
e,
às
vezes,
fazem
uma
operação atrás da outra sem se importar com a renda que
possui.
O Estado é que desperta o crescimento do mercado,
todos procuram o que está exposto nele, por isso que o
mercado financeiro também se tornou um arrecadador de
imposto, pois além da população pagar pelas taxas de
serviços, ainda paga o valor correspondente aos impostos.
Dessa forma, é um sistema capitalista que expande para
atender as necessidades do grande mercado, que cria
argumentos de vendas, estuda novos investimentos e
facilidades para atrair cada vez mais a população.
Segundo Silva (1985, p. 31):
O
mercado
financeiro,
também
conhecido como mercado do dinheiro,
constitui-se o centro do mercado
monetário. A importância do mercado
de financiamentos está calcada na
expressividade do volume de recursos
que ali é transacionado diariamente, já
que as instituições financeiras tomam
recursos emprestados de terceiros para
‘bancar’ as carteiras de títulos. Além
48
desse aspecto, há que se reconhecer
que esse mercado se constitui um dos
canais de propagação da política
monetária. A atuação do Banco Central,
através das Operações de Mercado
aberto, injeta ou retira reservas dos
bancos, o que permite uma maior ou
menor capacidade de expansão dos
bancos comerciais.
Dessa
forma,
o
mercado
financeiro
é
muito
importante, assim como qualquer outro mercado, ele
também tem procura e oferta de recursos, sempre busca
atrair as pessoas para girar esse mercado, pois necessita
das mesmas que investem para bancar as pessoas que
buscam recursos de terceiros, fato muito comum hoje. Só
não pode deixar se prender nesse mundo financeiro e não
ter a liberdade de ter seu próprio capital.
Por isso, na realidade, é um direito e uma obrigação
de cada cidadão saber em que se está interagindo, quem
cuida de seu dinheiro, ou mesmo onde se está investindo,
pois hoje o sistema financeiro também se tornou um
consultor de seus investidores, também para tirar as
dúvidas necessárias, podendo ser procurado sempre que
houver necessidade.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As
transações
financeiras
avançaram
das
trocas
comerciais ao papel moeda. Nesse meio tempo, passou
49
pelas
acumulações
primitivas
de
capital,
pelo
mercantilismo, pela Revolução Industrial, até chegar ao
surgimento
dos
grandes
bancos,
dos
conglomerados
multinacionais e das bolsas de valores atuais, instrumentos
que viabilizam o fluxo de capitais entre os países.
Em se tratando do Brasil, o mercado financeiro teve
seu início com a vinda dos portugueses, e cresceu
gradativamente acompanhando o crescimento do país
atuando, orientando e direcionando os investimentos nos
diversos setores da economia brasileira.
Diferente do que se percebia há algumas décadas,
quando apenas quem possuía um grande montante tinha
acesso ao sistema financeiro, hoje quase todos podem
frequentar e usufruir desse sistema, que procura viabilizar
o acesso da população às operações financeiras, incluindo o
pagamento de impostos, financiamentos, investimentos,
enfim,
formas
variadas
de
transações
que
envolvem
dinheiro.
REFERÊNCIAS
EIZIRIK, Nelson. Instituições financeiras e mercado de
capitais. Rio de Janeiro: Renovar, 1998.
FLEURIET, Michel. A arte e a ciência das finanças. Rio de
Janeiro: Campus, 2004.
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serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
produtos
e
50
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operacional das sociedades de crédito, financiamento e
investimento. São Paulo: Atlas, 1992.
SILVA, Peri. A. Técnicas do mercado aberto. Rio de Janeiro:
IBMEC, 1985.
SOUZA, José Luiz de. Mercado financeiro conhecimentos
bancários. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.
MARKETING DE RELACIONAMENTO: EM BUSCA DA
RETENÇÃO E
51
LEALDADE DO CLIENTE.
Luciene Martins Campiotto (FCV)
Fátima Regina Oberst (FCV)
Pedro Vieira (FCV)
Bianca Burdini Mazzei (FCV)
Pedro Espinha (FCV)
RESUMO
A prática do marketing de relacionamento pode se tornar
um diferencial entre empresas e produtos. É capaz de
trazer para o consumidor um motivo concreto para escolher
uma marca em detrimento das outras. Assim, o objetivo
desse artigo é caracterizar o marketing de relacionamento
como instrumento na busca pela retenção e lealdade do
cliente. Para tanto, trata-se de uma pesquisa do tipo
descritiva, com natureza qualitativa, e bibliográfica quanto
ao levantamento dos dados. Observa-se então que o
marketing de relacionamento é saber que o poder está nas
mãos do consumidor e perceber que ou a empresa
reconhece essa força e dá para ele o que ele quer, ou tem
poucas chances de vencer os desafios impostos pelo
mercado competitivo. Dessa forma, de um diferencial, o
marketing de relacionamento, está passando a ser
considerado uma obrigação, já que contribui efetivamente
na retenção e lealdade dos clientes.
ABSTRAC
The practice of relationship marketing may become a form
different between companies and products. It is able to
bring to consumers a concrete reason to choose one brand
between of others. So the purpose of this article is to
characterize the relationship marketing as tool in the quest
52
for the customer loyalty and retention. Then, this is a
search-type descriptive, with a qualitative nature, and
literature on the lifting of the dates. It was then that the
marketing relationship is knowing that the power is in the
hands of consumers and realize that or the company
recognizes that force and to give him what he wants, or
have little chance of overcoming the challenges posed by
the competitive market. Thus, a differential, relationship
marketing, is going to be considered an obligation, as it
contributes effectively in the retention and loyalty of
customers.
1- INTRODUÇÃO
A busca das empresas na construção e manutenção de
relacionamentos duradouros e lucrativos com os clientes
tem sido uma tendência (KOTLER, 1998), uma vez que
muitas
empresas
estão
se
afastando
do
marketing
exclusivamente de transação, cuja ênfase é a venda, para
praticar o marketing de relacionamento. De acordo com
Gordon (2002), isso se deve principalmente em função da
alta competitividade gerada a partir da enorme quantidade
de novos produtos com tecnologia e preços muito parecidos
que são introduzidos no mercado a cada ano.
Acompanhar as constantes mudanças e tendências dos
mercados tem sido um dos grandes problemas para as
organizações que primam pela satisfação dos clientes,
através da oferta de produtos e serviços.
Muitas empresas acreditam que o marketing de
relacionamento
consegue
reduzir
seus
custos
com
53
prospecção de novos clientes e aumentar a receita com os
clientes existentes.
Portanto, a conquista da venda não é a função do
marketing em si, mas o início para o real desenvolvimento
do trabalho dos profissionais dessa área: consistindo na
construção de um relacionamento entre a empresa e o
cliente, agregando valor ao serviço ofertado já baseado em
informações relevantes, selecionadas e aplicadas ao longo
dos contatos.
Tem-se
observado
que,
no
momento
atual,
as
empresas estão cada vez mais investindo na capacitação de
seus funcionários, no bom atendimento ao cliente, para que
este possa sair satisfeito e sempre retornar. Quanto mais a
empresa reconhece as necessidades de seu cliente, mais
este lhe dará informações a seu respeito. As empresas
conquistam a sua lealdade e fidelidade, o que garante um
crescimento nas suas vendas.
Entende-se que o caminho para o sucesso está no
fortalecimento dos relacionamentos com seus públicos,
criando elos e rotinas que melhoram a imagem das
empresas, aumentando a qualidade percebida e garantindo,
assim, a superação de suas tão desejadas metas comerciais
e financeiras.
2 METODOLOGIA
54
O objetivo desse artigo é caracterizar o marketing de
relacionamento como instrumento na busca pela retenção e
lealdade do cliente. Para tanto, trata-se de uma pesquisa
do tipo descritiva, pois conforme Richardson (1999, p. 66)
esse é o estudo que se utiliza “quando deseja descrever as
características de um fenômeno”. Nesse artigo o fenômeno
social descrito é o marketing de relacionamento como
instrumento de marketing na busca pela retenção do
cliente.
Os dados foram levantados por meio de uma pesquisa
bibliográfica que,
para Marconi
e
Lakatos (2006),
a
pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange a
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de
estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, livros,
os meios de comunicação mais influentes, entre outros.
Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direito
com tudo que foi escrito.
A pesquisa bibliográfica abrangeu os levantamentos e
estudos bibliográficos que se estenderam ao longo do
trabalho e foram essenciais para elaborar as categorias de
análise, tratar os resultados e construir as referências
teóricas que serviram de sustentação para esse estudo.
Assim, essa pesquisa possui natureza essencialmente
qualitativa, uma vez que não se utiliza de instrumental
estatístico para levantamento e análise dos dados (VIEIRA,
2004).
55
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 EVOLUCAO DO MARKETING
Com o passar do tempo, essa definição de marketing
foi evoluindo e passou a ser não uma função, mas uma
forma de fazer negócios. Com o desenvolvimento da
tecnologia e o aumento da competição, algumas empresas
se mostraram mais dispostas a atender as necessidades
dos clientes.
O desafio do marketing agora é decodificar o modo de
pensar, de compreender e lidar com a realidade oferecendo
as informações necessárias para que os executivos possam
tomar decisões, com base no conhecimento do ponto de
vista do cliente.
De acordo com Kotler (1998, p. 19), “no delineamento
da oferta da organização, em termos das necessidades e
dos desejos do mercado-alvo, e no uso eficaz da política de
preços, comunicações e distribuição, a fim de informar,
motivar e prestar serviços aos mercados”.
As ações de marketing visam que o cliente compre o
produto hoje, desde que não se perca a relação de longo
prazo que deve perdurar entre cliente e fornecedor.
Atender as necessidades do consumidor é um dos
princípios básicos do marketing. E o que mais as pessoas
56
precisam hoje, para além da relação de compra, é de
relacionamentos positivos com uma marca.
O marketing está sendo praticado no mundo inteiro e
está
atraindo
o
interesse
de
organizações
sem
fins
lucrativos, tais como escolas, hospitais, museus.
3.2 CONCEITO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO
O marketing de relacionamento é considerado uma
filosofia de administração empresarial baseada na aceitação
da orientação para o cliente e para o lucro por parte de
toda a empresa, e no reconhecimento de que se devem
buscar novas formas de comunicação para estabelecer um
relacionamento profundo e duradouro com os clientes.
Para Kotler (1998) há cada vez mais uma necessidade
de relacionamento. O autor acredita que a maioria das
pessoas está se afastando do marketing de transação, cuja
ênfase é fazer vendas, para praticar o marketing de
relacionamento, que enfatiza a construção e manutenção
de relacionamentos lucrativos em longo prazo com os
clientes oferecendo-lhes maior valor e satisfação.
“Marketing de relacionamento é como a empresa
encontra, conhece, mantém e garante ao seu cliente, que
ele obtenha o que deseja e que lhe foi prometido em todos
os aspectos do negócio” (BRETZKE, 2000, p. 29).
57
Para Kotler (1998), o marketing de relacionamento
objetiva
estabelecer
relacionamentos
mutuamente
satisfatórios de longo prazo com partes-chave: clientes,
fornecedores e/ou distribuidores, de maneira a ganhar e
reter sua preferência no longo prazo. Estes relacionamentos
estabelecem sólidas ligações econômicas, técnicas e sociais
entre as partes, resultando na construção de um patrimônio
corporativo singular, denominado rede de marketing.
As empresas necessitam estudar bem o mercado, e
principalmente seu público-alvo, para poder atender da
melhor
forma
suas
necessidades.
O
marketing
de
relacionamento apresenta um produto ou serviço e trabalha
bastante com a área subjetiva da mente do consumidor,
lutando para que ele realmente se torne leal a sua marca.
Freitas (1999, p. 3) entende que:
Clientes insatisfeitos frequentemente
cessam de usar ou comprar os serviços
sem dar informações que permitam que
ações corretivas sejam tomadas. A
confiança nas reclamações dos clientes
como uma medida da satisfação dos
clientes pode levar as conclusões
incorretas.
Com
a
tecnologia
avançada
e
o
marketing
de
relacionamento é possível identificar as necessidades do
cliente. Não somente os dados da venda e o cadastro do
58
cliente geram níveis de lealdade à marca, o relacionamento
reduz o investimento na busca de novos clientes.
Quando o cliente confia mais na empresa, sabe que
ela reconhece suas necessidades e entrega produtos e
serviços compatíveis com as suas características, mas dá
informações a seu respeito. Quanto mais informações a
empresa
privilegiar
tem,
os
maior
clientes
a
capacidade
lucrativos.
de
O
reconhecer
marketing
e
de
relacionamento estimula a lealdade dos clientes.
Enfim, fazer marketing de relacionamento é saber que
o poder está nas mãos do consumidor e perceber que, ou a
empresa reconhece essa força e dá para ele o que ele quer,
ou tem-se poucas chances de vencer os desafios impostos
pelo mercado no novo milênio.
3.3 RELACIONAMENTO COM O CLIENTE
Os clientes querem os produtos que satisfaçam seus
desejos e suas necessidades, de uma forma constante as
exigências aumentam e se tornam imprescindíveis às
medidas de adequação de cada setor da empresa as
exigências dos mercados consumidores.
McKenna (2000, p. 45) diz que:
Os consumidores não querem ser
classificados como alvos ou segmentos
59
de mercado, grupos de pessoas com
necessidades praticamente idênticas.
Eles querem que lhes perguntem quais
são suas preferências, e esperam que
essas preferências sejam respeitadas.
Na maioria das vezes, o relacionamento entre a
empresa e o cliente é ineficiente por causa da inexistência
ou da má qualidade das informações existentes.
A força de uma organização voltada para o mercado é
medida pelo conhecimento das necessidades de seus
clientes e sua habilidade em atender de modo eficaz e
lucrativo essas necessidades.
3.3.1 Clientes Externos
O relacionamento entre empresa e cliente pode-se
caracterizar pelo caráter passivo ou ativo de ação da
empresa. De acordo com Abreu (1996) quando a empresa
participa ativamente, ela se antecipa ao cliente procurando
saber sua satisfação com o produto adquirido, e ao
contrário, as que atuam de forma passiva, ficam esperando
pelas chamadas dos clientes.
Conforme Kotler (1998, p. 201), “[...] apesar de todos
os clientes serem importantes, as empresas precisam
identificar os clientes que lhes são mais valiosos e tratá-los
de forma especial”.
60
A estratégia de relacionamento e de retenção dos
clientes pode ser incrementada erguendo-se barreiras para
dificultar a troca de fornecedor ou entregando melhor valor
aos
clientes.
A
lealdade
de
uma
clientela
é
um
compromisso físico e também emocional, mas em troca
desse comprometimento, os clientes esperam que suas
necessidades sejam bem atendidas. O comportamento do
consumidor
é
bastante
instável
e
pode
mudar
repentinamente, e nesse ambiente de mudança nem
sempre usar dados do passado e presente é suficiente para
predizer o futuro.
Para identificar os desejos, anseios e necessidades
antes mesmo que eles consigam percebê-los, a empresa
devera
consolidar
um
relacionamento
baseado
na
confiança, redobrar a atenção nos dados internos e
externos ao mesmo tempo em que acompanha a evolução
do mercado.
Uma vez que se saiba, de um lado, qual é a identidade
da marca, e de outro, o perfil do consumidor - bem como
suas
crenças
e
valores
-
cabe
ao
marketing
de
relacionamento garantir a conexão entre ambos num
processo contínuo de ação e reação.
Para Cabral (2006, p. 1), “a grande estrela é o cliente.
Deve-se conhecer profundamente a fim de administrar o
que fazer o que não fazer e quanto de energia as empresas
devem
dispensar com seus diversos tipos de clientes”.
61
Quanto mais o cliente percebe que a empresa sabe
reconhecer
suas necessidades e entregar produtos e
serviços compatíveis com as suas características, mais o
cliente dá informações a seu respeito. Quanto mais
informações a empresa tem, maior a capacidade de
reconhecer e privilegiar os clientes lucrativos.
A fidelização do cliente integra-se ao processo do
marketing de relacionamento. Desde a preocupação com o
cliente interno (quadro funcional da empresa), passando
pela qualidade total de serviços, e o pós-venda, que atua
como fator importante para conquista da fidelidade do
cliente externo.
3.3.2 Clientes Internos
Os
clientes
internos
da
empresa
constroem
ou
destroem a imagem da organização. Jamais haverá um
bom relacionamento com os clientes externos se não
houver um bom relacionamento com os colaboradores.
Para que o empregado exerça seu papel com eficiência
e eficácia é preciso antes de tudo, que ele esteja satisfeito
e comprometido com a organização. A medida da satisfação
dos funcionários proporciona um importante indicador dos
esforços da empresa no sentido de melhorar a satisfação
dos clientes e o desempenho operacional.
A empresa que deseja proporcionar satisfação dos
seus clientes externos deve, prioritariamente, investir na
62
formação,
preparação
e
satisfação
dos
seus
clientes
internos, ou seja, dos empregados.
Os clientes internos são os funcionários da empresa,
que são responsáveis pela sua imagem. Não há um bom
relacionamento com os clientes externos se os internos não
estiverem em perfeita harmonia.
Daí resulta a necessidade de se fornecer serviços de
qualidade aos clientes internos como condição fundamental
para que estes possam prestar serviços de qualidade para
os clientes finais.
Portanto, é muito importante que a empresa invista no
marketing de relacionamento com o objetivo de manter os
clientes antigos e capturar novos clientes. Essas ações se
traduzem em atendimento eficaz e personalizado, no qual
são observadas as características e particularidades de
cada cliente.
A empresa pode se destacar mantendo funcionários
mais hábeis em contato com os consumidores do que com
seus concorrentes (KOTLER, 1998).
3.4 O MARKETING DE RELACIONAMENTO
O
conceito
de
marketing
de
relacionamento
é
relativamente novo na Administração. Seu surgimento deuse a partir da década de 1990.
Inicialmente, o marketing de relacionamento dizia
respeito apenas ao desenvolvimento de relações entre
63
empresas e consumidores institucionais, ou seja, outras
empresas.
Acredita-se, porém, que a percepção original sobre o
conceito de marketing de relacionamento não faz sentido.
Para Kotler (1998, p. 619), “marketing de relacionamento é
baseado na premissa de que os clientes importantes
precisam receber atenção contínua”, independentemente
de serem pessoas físicas ou jurídicas. O que vale aqui é o
retorno que esse cliente dá à empresa.
De
acordo
com
Vavra
(1993),
marketing
de
relacionamento refere-se ao processo de proporcionar
satisfação
contínua
e
reforço
aos
indivíduos
ou
organizações que são clientes atuais ou que já foram
clientes. Os clientes devem ser identificados, reconhecidos,
comunicados,
aditados
em
relação
à
satisfação
e
respondidos. Para tanto, as empresas de sucesso rastreiam
as expectativas dos seus clientes, investigam como o seu
próprio desempenho é percebido, e monitoram a satisfação
do cliente continuamente.
Além de melhorar suas relações com seus parceiros da
rede
de
suprimentos
(atacadistas
e
varejistas)
que
distribuem seus produtos, algumas empresas têm especial
interesse em melhorar seu relacionamento com seus
consumidores finais.
De acordo com Limeira (2003, p. 301), o marketing de
relacionamento é:
64
Uma estratégia de marketing que visa a
construir uma relação duradoura entre
cliente e fornecedor, baseada em
confiança, colaboração, compromisso,
parceria, investimentos e benefícios
mútuos, resultando na otimização do
retorno para a empresa e seus clientes.
As organizações precisam prestar muita atenção na
taxa de consumidores perdidos e tomar providências para
reduzi-la, pois, de acordo com Kotler (1998, p.619), “o
custo de atrair novos consumidores é cinco vezes maior
que o custo de manutenção do atual consumidor”. Logo, é
necessário
muito
esforço
para
induzir
consumidores
satisfeitos a abandonar seus fornecedores atuais, situação
que se agrava em mercados altamente competitivos.
Para
Kotler
(1998),
determinar
a
taxa
de
consumidores perdidos deve-se seguir quatro passos:
a) a empresa deve definir e mensurar sua taxa de
retenção de consumidores. No caso de uma agência de
viagens ou operadora de turismo, o ideal seria medir a
quantidade de clientes que utilizam seus serviços
seguidamente. Em uma faculdade, por exemplo, uma
boa medida pode ser dividir o número de graduados
em relação ao numero de matrículas;
b) a empresa deve determinar as causas que levaram os
consumidores
a
abandoná-la.
A
Empresa
deve
classificar em porcentagem essas causas. Pouco se
pode fazer no caso de consumidores que estão
65
deixando a cidade ou que faleceram, por exemplo. No
entanto, problemas como má qualidade ou mau
atendimento podem e devem ser solucionados;
c) a empresa deve contabilizar o volume de lucro perdido
com esses consumidores, ou seja, o quanto deixou de
arrecadar ao longo do tempo em que esse consumidor
deixou de adquirir seu produto;
d) e, finalmente, a empresa precisa calcular quanto
custaria reduzir a taxa de abandono de clientes. Se o
custo for menor que o lucro perdido, essa mesma
quantia deve ser destinada à redução da taxa de
abandono. Em verdade, geralmente esse custo é
muito menor. Alguns hotéis adotam medidas simples
para reduzir a taxa de abandono, como, por exemplo,
bordar no roupão do hotel, o monograma do hóspede
que lá se hospeda com determinada frequência.
Ainda conforme Kotler (1998) há duas maneiras de se
aumentar a taxa de retenção do consumidor:
a) a primeira é erguer uma barreira para dificultar a troca
de
fornecedor.
Os
consumidores
estão
menos
dispostos a procurar outro fornecedor quando isso
envolve altos custos de capital, de procura, perda de
descontos por fidelidade e assim por diante.
b) a outra maneira é entregar alta satisfação aos
consumidores,
pois
se
se
torna
difícil
para
um
fornecedor atrair consumidores somente oferecendo
66
preços
mais
baixos,
já
que
o
consumidor
está
plenamente satisfeito com o produto. É o que procura
fazer a Disney, por exemplo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente
o
marketing
de
relacionamento
está
presente em qualquer planejamento de negócios. Fruto do
aumento da competitividade, qualquer empresa atualmente
precisa dar maior ênfase à pós-venda, à comunicação
dirigida
ao
cliente
e
ao
atendimento
em
todos
os
momentos.
Vê-se que na atualidade as empresas estão investindo
no
marketing
de
relacionamento,
pois
estão
sempre
preocupadas em adaptar seus serviços às necessidades de
seus clientes.
Assim, o profissional de marketing deve se preocupar,
também, com relacionamento. Conquistar clientes já não é
suficiente para que uma empresa mantenha seus níveis de
excelência
em
resultados.
O
cliente
hoje
está
mais
atualizado, sempre busca serviços de melhor qualidade,
custo,
satisfação
e
principalmente
que
atenda
suas
necessidades.
Através do programa de relacionamento desenvolvido
pela empresa, ela cria um relacionamento especial com
67
seus clientes através de diálogo, privilégios especiais e
prêmios.
O que se mostrou através do presente estudo é que as
empresas devem trabalhar cada vez mais o relacionamento
com
o
cliente,
pois
assim
desenvolve
uma
grande
vantagem competitiva, com redução de custos, e por
consequência consegue clientes mais fiéis e satisfeitos,
trazendo
uma
maior
estabilidade
para
a
empresa,
comprovando que o foco no relacionamento traz resultados.
A fidelização de clientes não é só a grande largada
para o início das ações de comunicação externa, como
também um fator de diferenciação frente aos concorrentes,
pois se conquista assim uma credibilidade com os clientes
atuais
e
os
futuros.
A
empresa
deve
posicionar
adequadamente seus ativos e diferenciais intelectuais no
mercado, comunicando ao mundo externo todo o potencial
associado a eles e evidenciando como estes ativos a tornam
uma empresa diferentemente exclusiva.
É uma estratégia de negócios que visa construir pró
ativamente
relacionamentos
duradouros
entre
a
organização de seus clientes, contribuindo para o aumento
do desempenho dessa organização e para resultados
sustentáveis.
O objetivo maior das empresas atualmente é reter o
cliente, já que isso significa maximizar o lucro no longo
prazo, durante o período em que o cliente se relacionar
68
com ela e não obter o lucro máximo em apenas uma única
transação.
Conclui-se, portanto, que para manter seus clientes, é
necessário
que
a
empresa
possua
foco
estratégico,
conquiste a confiança dos seus clientes, e invista também
nos funcionários, para assim trabalhar uma estratégia de
marketing de relacionamento.
REFERÊNCIAS
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marketing. Disponível em: <www.pauloangelim.com.br>.
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Deborah M. Pesquisa qualitativa em Administração. Rio de
Janeiro: FGV, 2004.
A ANÁLISE DE CRÉDITO NAS EMPRESAS
Claudemir Souza Bueno5
Ronaldo Cordeiro1
5
Graduandos em Administração pela Faculdade Cidade Verde.
70
RESUMO
A finalidade desse estudo é a relevância da concessão de
crédito para as empresas, especificando parte dos conceitos
que envolvem o assunto. O tema, inserido no campo de
atuação da Administração, envolve a defesa da pessoa
jurídica que, diante dos sistemas de análise de crédito
utilizado no Brasil, busca uma maior velocidade e
segurança nos processos de análise e concessão dos
mesmos. Torna-se fundamental a correta e justa análise do
crédito oferecido a cada entidade, visando não só o
benefício
gerado
a
quem
contrata/compra,
mas
primordialmente, a solvência da empresa que o concede.
Esse artigo consiste em uma pesquisa bibliográfica, onde se
buscou fontes de dados secundários. A importância do tema
é evidenciada nesse artigo, que reúne os principais
aspectos da concessão de crédito.
Palavras-chave:
competitividade;
solvência e insolvência.
análise;
crédito;
ABSTRACT
The purpose of this study is the importance of granting
credit to businesses, specifying part of the concepts that
surround the subject. The theme, in the field of action of
government, involving the defense of legal person who,
before the credit analysis systems used in Brazil, seeking
greater speed and safety in the process of examining and
granting the same. It is essential to correct and fair
analysis of the credit given to each entity, aiming not only
to whom the benefit generated hire / purchase, but
primarily, the solvency of the company that gives. This
article consists of a literature search, which sought sources
of secondary data. The importance of this issue is
highlighted in this article, which brings together the main
aspects of the granting of credit.
71
Key-words: competitiveness; analysis; credit; solvency
and insolvency.
INTRODUÇÃO
Com o advento da atual conjuntura econômica, a
escassez de crédito no âmbito global sofreu destaque. O
fato afetou de forma direta, principalmente, os micros e
pequenos empresários no Brasil. Os fatores gerados pela
recessão, originária da crise que se apregoa atualmente,
acaba
por
dar cenário
a um
problema
comum
das
empresas: a falta de capital para financiar suas operações.
Devido a esta situação, o acesso ao crédito ficou mais
restrito e burocrático. O impacto nas empresas, que tinham
a necessidade de investimento seja para expansão de suas
atividades
ou
para
manter
seus
negócios
foi,
evidentemente, negativo. Nesse enfoque, a dificuldade de
acesso ao crédito no sistema financeiro tradicional, para a
constituição de capital de giro, é um dos principais motivos
do encerramento prematuro das atividades dos pequenos
empreendimentos.
Pretende-se com este trabalho definir, conceituar e
esclarecer a importância da análise de crédito, identificando
os seis grupos de
informações
e
características das
empresas solicitantes do crédito (seis C’s do crédito),
unindo todos dados necessários sobre estes grupos para
uma análise correta e segura.
72
Todavia, é relevante se definir e conceituar análise de
crédito, dando alicerce teórico ao que se tratará em
sequência. A análise de crédito nas empresas objetiva uma
carteira de clientes mais saudável, com mais segurança em
suas vendas, gerando maior lucratividade e menor índice
de perdas. Para que haja um menor índice de perdas a
análise deve ser realizada de forma criteriosa, de maneira
que
a
área
de
vendas
ou
mercadológica
esteja
subordinadas às áreas de crédito e finanças, que estão
incumbidas de fazer com que a empresa reduza as de
possíveis
falhas
neste
processo.
Com
o
mundo
em
constantes mudanças, a rapidez das informações e o uso de
tecnologias para realização destas análises é de grande
importância.
Visando proporcionar uma breve ideia sobre tão
importante assunto, trata-se do tema em duas vertentes:
conceituar Análise de Crédito e a apresentação dos seis “Cs
do Crédito”.
ANÁLISE DE CRÉDITO
1.1 CONCEITO
Tendo em vista a importância desta ferramenta neste
trabalho será descrito de forma sucinta a definição de cada
“Cs” do crédito nas empresas (pessoa jurídica) constando
73
informações sobre concessão e dicas para esta análise.
Porém para melhor entender análise de crédito é de grande
relevância conceituar a palavra “crédito”.
Segundo Blatt (1999, p. 23) “a palavra crédito tem
sua origem no vocábulo latino credere, que significa: crer,
confiar, acreditar, ou ainda, do substantivo créditum, o qual
significa literalmente “confiança”, ou seja, uma relação de
confiabilidade entre dois ou mais agentes”.
Logo, podemos afirmar que o surgimento do crédito se
deve, de forma especial, à confiança do credor no devedor,
além dos fatores econômicos e financeiros que envolvem o
tema.
Já de forma mais prática, a operacionalização do
crédito ocorre por meio de um contrato entre dois agentes,
um com a obrigação de oferecer o produto/serviço e outro
com a obrigação de pagá-lo.
Pereira (2008, p. 48) diz que “o crédito de que alguém
se dispõe, portanto, é sua capacidade de obter dinheiro,
mercadoria
ou
serviço
mediante
compromisso
de
pagamento num prazo tratado”.
Notamos que a Análise de Crédito é uma tarefa
bastante complexa e de fundamental importância, seja
numa instituição financeira ou até mesmo em operações
comuns de venda a prazo. Seu objetivo consiste em atribuir
valores a um conjunto de fatores, que permitam a emissão
de um parecer positivo ou negativo sobre determinada
operação de crédito, dentro de um cenário de incertezas e
74
informações, comumente, incompletas. Contudo a análise
de crédito é uma das ferramentas indispensáveis para uma
boa decisão de crédito.
Para Blatt, (1999, pg.23),
a análise de crédito consiste em um
estudo da situação global de um
devedor em perspectiva, visando à
elaboração de um parecer que retrate,
de
forma
clara
e
objetiva,
o
desempenho econômico-financeiro do
mesmo. Tal estudo é realizado não só
mediante
a
avaliação
de
suas
demonstrações
financeiras,
como
também das condições do grupo do
qual faz parte, do seu setor de atuação,
além
de
aspectos
políticos
e
econômicos.
Esse mesmo autor diz que analisar crédito também
significa avaliar os riscos envolvidos em um negócio, a
capacidade de o cliente liquidar a dívida nas condições
contratadas. Desta forma, para que se possa elaborar um
parecer consistente é necessário obter dados econômicofinanceiros mais recentes possíveis, levando em conta até
que ponto as mudanças no cenário econômico poderão
refletir no contexto operacional da empresa.
Segundo Hoji, (2004, p. 137):
a análise de crédito não deve ocorrer
apenas na ocasião da primeira venda a
prazo. A situação do cliente, mesmo
75
daqueles antigos e tradicionais, deve
ser constantemente monitorada e
atualizada, quanto aos aspectos de
pontualidade,
capacidade
de
pagamento e situação financeira. As
informações financeiras podem ser
obtidas por intermédio de entidades
especializadas como o SPC e SERASA.
O mesmo autor faz entender que existem condições
em que a empresa deve analisar, simultaneamente, o risco
comercial e o risco financeiro do cliente, ou seja, para cada
fator será emitido um valor individual, seja ele positivo ou
negativo. Se o conjunto de fatores apresentarem valores
positivos, em maior número que os negativos, a tendência
é que o parecer seja favorável à concessão do crédito. Para
exemplificar, podemos pensar que uma pessoa física tem
sua fonte de renda e suas despesas que podem ser de
curto, médio ou longo prazo e sua receita tem que ser
suficiente para honrar suas despesas.
A falta de controle das despesas faz com que exista a
necessidade da empresa em buscar um suprimento de
dinheiro extra para preencher esta lacuna aberta em seu
orçamento. Nesta situação é que surge o profissional de
crédito com a missão de analisar se este proponente
merece que a instituição lhe conceda os recursos que
necessita. Existe também a situação que o proponente está
procurando recursos para investimento e a análise é feita
76
de maneira um pouco diferente, mas os princípios não
mudam.
Entretanto, no aspecto de análise serão diversos
fatores como, por exemplo, o caráter e capacidade, que
analisados, torna possível emitir um parecer que possibilita
uma
ideia
Analisando
do
o
provável
seu
comportamento
passado,
busca-se
do
cliente.
prever
seu
comportamento futuro. A ideia é só conceder o crédito aos
que demonstrem as melhores chances de honrar seus
compromissos.
Outro fator de grande relevância são as garantias.
Comumente bens e fianças (de acordo com a natureza da
operação), as garantias geram a certeza de que, no caso de
um fato que impeça o pagamento por parte do credor, o
capital investido terá um retorno mais rápido, fazendo uso
da garantia oferecida no contrato.
A análise de crédito também pode contar com a TI –
Tecnologia da Informação como instrumento de precioso
auxílio. É possível, com uma grande base de dados
estatísticos, saber o perfil de um provável bom pagador.
Não se pode esquecer que as informações obtidas pela
checagem e pela análise dos documentos apresentados
pelo tomador, que deseja realizar uma operação de crédito,
são fatores determinantes na análise de crédito. Sendo
assim, todos estes fatores permitem que a análise de
crédito seja possível com maior segurança.
77
Entretanto, a análise de crédito pode ser realizada
com base em técnica conhecida como os seis Cs: caráter,
condições, colateral, capacidade, capital e conglomerado.
2 Cs DO CRÉDITO
Os
“Cs”
de
crédito
fornecem
uma
visão
da
complexidade que uma avaliação de crédito pode assumir.
Tal
dificuldade,
frequentemente
implica
um
grau
de
subjetividade elevado no que tange à decisão propriamente
dita. Portanto, este nível de subjetividade aumenta em
função da multiplicidade que é o grau de qualidade e
origem das informações, do caráter que frequentemente
contraditório reveste essas mesmas informações e muitas
vezes, tornando a decisão muito complicada por existir
vários pontos positivos e negativos. Para melhor entender
será explicado cada um dos “Cs” do crédito utilizado dentro
de uma análise.
2.1 CARÁTER
Caráter é referente à intenção, a determinação, a
vontade que o tomador tem em honrar uma operação.
Identificar se um tomador que não honrou suas dívidas
teve ou não a intenção de pagar não é uma tarefa fácil de
realizar. As informações que a instituição/empresa possui
de seus clientes, aquelas obtidas com outros bancos e
78
fornecedores
e
as
informações
disponibilizadas
pelas
empresas/órgãos de proteção ao crédito, evidenciam a
melhor maneira de conhecer os hábitos de pagamento do
tomador. Para Hoji (2004, p. 137), “caráter é o item mais
importante na análise de crédito”.
É importante destacar que uma empresa pode não
honrar seus compromissos por não possuir recursos, isto
não significa que falta caráter aos responsáveis pela
empresa.
Sinteticamente,
o
caráter
é
um
dos
mais
importantes elementos de uma análise de crédito, pois
outros fatores que não permitam que o cliente consiga
honrar suas dívidas podem até ser contornados. Mas, se o
tomador
não
possui
a
intenção
de
honrar
seus
compromissos, nada há para fazer, a não ser recorrer aos
meios legais de cobrança. Se possuir caráter, ele tentará
negociar
a
dívida,
oferecer
bens
como
forma
de
pagamento, buscando manter sua boa reputação.
Também haverá casos em que a intenção de pagar do
tomador não é muito grande, mas ele necessita de realizar
negócios
com
determinado
fornecedor
para
que
seu
empreendimento continue a existir. Sendo assim, pode-se
dizer que a importância do produto ou serviço, em relação
ao negócio do tomador, pode ser fundamental para o
recebimento dos valores concedidos, ou seja, se parar de
vender os produtos ou serviços a um determinado cliente,
seu negócio acaba. Além disso, o cliente pode ter um mau
caráter
e
apesar
disso,
honrar
suas
obrigações
por
79
necessidade, conveniência, ou até para não deixar de
honrar outro compromisso futuro. Portanto o que se tem a
entender é que quando os fatores são favoráveis, como os
negócios, os lucros, o crescimento da riqueza, o poder, o
prestigio, a probabilidade de se ter caráter é maior que em
situações adversas, onde se exigirá sacrifício de algum
daqueles fatores.
Nessa
fase,
busca-se
avaliar,
através
de
comportamentos e posturas evidenciados na vida pessoal
ou profissional, a imagem que o cliente desfruta junto às
pessoas com as quais convive ou negocia. A perspectiva é
de
que
os
comportamentos
pessoais
se
repitam
na
administração do crédito. Blatt (2009) faz entender que os
fatores para análise do caráter vão envolver: Idoneidade;
Crédito que desfruta na praça e experiência com operações
de crédito na instituição. A pergunta-chave do “caráter” é
se a pessoa ou empresa tem reputação de honestidade a
ponto
de
fazer
qualquer
esforço
para
pagar
suas
obrigações.
2.2 CAPACIDADE
Entre os profissionais de crédito, a capacidade pode
ser definida como a capacidade de pagamento de uma
empresa de honrar suas dívidas e obrigações, ou seja,
como a habilidade ou a competência de se administrar a
80
empresa demonstra, numericamente, sua capacidade de
pagamento.
Conforme Hoji, (2004, p. 138), “capacidade é o
potencial de o cliente saldar os compromissos financeiros
obtidos por meio da análise das demonstrações financeiras
e informações financeiras adicionais, em instituições como
Serasa”.
Esse
mesmo
autor
diz
que
as
analises
das
demonstrações financeiras fornecem informações sobre os
índices de liquidez, índices de endividamento, índices de
investimentos, rentabilidade e geração de caixa. Ele afirma
que só a determinação de pagar, ou seja, o caráter, não
terá validade se não tiver capacidade de honrar seus
compromissos
financeiros.
Para
Blatt
(1999,
p.
43),
“consiste nas qualidades curriculares do indivíduo em gerir
sua vida pessoal/profissional e/ou empresarial”. Portanto
para se analisar a capacidade da empresa, devem-se
observar os seguintes fatores:
a) seus administradores: a formação profissional destes,
se possível à formação acadêmica também, sua
exposição ao ramo de atuação na qual a empresa que
ele dirige está inserida;
b) a empresa: suas instalações, seus métodos de
trabalho. Quanto maior o porte da empresa mais
profundamente deverá mergulhar nela, até pelo
fato de que, devido ao grande porte da empresa,
a
possibilidade
das
quantias
envolvidas
em
81
operações de crédito e risco serem altamente
significativas.
Enfim, para analisar o “C” da capacidade o analista
deve dispor de dados que permitam julgar o potencial da
pessoa e/ou profissional para gerenciar as finanças que
estejam sob sua responsabilidade.
2.3 CAPITAL
Em uma análise de crédito de uma empresa, não é
entendido simplesmente como a conta de capital que se
usa na contabilidade. Quando se fala de Capital em uma
análise, refere-se
à situação econômica,
financeira e
patrimonial. Segundo Pereira, (2008, p.60), “o Capital
abrange a análise financeira e patrimonial do tomador de
recursos”. Reúnem-se nesse enfoque, os recursos e bens
que podem ser utilizados para honrar suas dívidas. Através
da
análise
dos
demonstrativos
contábeis,
se
podem
levantar informações sobre como está o desempenho da
empresa e sobre sua solidez, portanto o “C” do capital é um
fator importantíssimo na análise de crédito. Em outros
termos, significa fazer uma análise financeira da empresa.
Conforme Hoji (2004, p. 138),
para fazer este resultado, por exemplo,
é analisado o nível de imobilização em
82
relação ao patrimônio líquido, o nível de
investimentos
em
máquinas,
equipamentos e tecnologias. Os índices
de liquidez e a analise de Capital de
Giro que evidencia com clareza o
quanto
a empresa precisa para
financiar suas operações.
Para a análise financeira não se utiliza somente os
demonstrativos
como
balanços
e
relatórios
de
demonstração de resultados. Torna-se interessante fazer a
análise
financeira
para
descobrir
a
capacidade
de
pagamento de uma empresa ou de uma pessoa que não
emita nenhum demonstrativo, ou declare imposto de renda
podendo se basear apenas em informações obtidas com o
próprio proponente e com terceiros. O “C” do Capital, no
âmbito da analise de crédito, procura identificar se o
tomador de credito, pela quantidade e forma de aplicação
de recursos na empresa, apresenta condições de saldar
seus empréstimos nos prazos combinados.
Para Blatt (1999, p.45), se faz importante que “o
capital faz menção às condições econômico-financeiras da
empresa,
abrangendo
o
volume
de
bens
e
direitos
disponíveis para o fiel cumprimento de suas obrigações”.
Nesses casos, cabe ao analista procurar mensurar até
que ponto as informações disponíveis dessas condições são
confiáveis e se os demonstrativos, realmente mostram
dados melhores ou piores que os reais que a empresa
declara.
83
CONDIÇÕES
As "condições" na análise de crédito são os fatores
externos e macroeconômicos, procurando identificar e
medir o impacto destes fatores sobre o desempenho do
negócio. Estes fatores externos não são controláveis pela
empresa, pois se encontram permeado pelas mudanças na
política
econômica
positivamente
ou
do
governo
que
negativamente
uma
podem
afetar
empresa.
Toda
empresa está envolvida em um sistema onde diversas
forças e fatores lhe exercem influência. Podemos citar como
exemplos, as conjunturas nacionais e internacionais, as
políticas de um governo, o meio ambiente, a concorrência,
etc. O ramo de atividade também é um fator que influi na
existência
da
empresa.
Alguns
ramos
de
atividade
funcionam em uma cadeia e só atendem a outro ramo, se
este ramo entra em crise, com certeza a crise irá lhe afetar.
A sazonalidade é outro elemento que deve ser muito
considerado neste “C“ crédito. Existem empresas que
produzem para comercializar somente durante determinada
época do ano, a exemplo das fábricas de ovos de Páscoa e
Panetone. Existem também os produtores agrícolas que
cultivam culturas que não se desenvolvem durante o ano
todo. As condições afetam as empresas de diferentes
formas e de diferentes intensidades. O porte da empresa é
outro fator fundamental para a redução desta intensidade.
84
Podemos citar também outros fatores que afetam as
empresas como: a moda, a essencialidade e a região
geográfica.
Blatt (1999, p. 47), em sua obra, diz que:
a medida das condições é feita com
base no conhecimento das atividades
do cliente no que concerne ao mercado
em que atua, concorrência, qualidade
dos produtos que fabrica/comercializa,
crise ou fartura financeira, enfim,
condições que permitam ter uma
previsão do futuro do cliente.
De
acordo
com
esse
pensamento,
percebe-se
a
importância das empresas buscarem parcerias para, nos
momentos
de
crise,
ter
melhores
condições
de
sobrevivência. Este C do crédito também busca verificar se
os
dados
demonstram
que
o
empreendimento
tem
capacidade para absorver o crédito, já que este pode
potencializar os recursos humanos, ou seja, colaboradores
que dispõe conseguem atingir a produção necessária ao
alcance das metas; se os equipamentos são adequados e
estão em condições de uso; se há possibilidade de
suprimentos de matérias-primas; se o mercado é favorável;
se o processo gerencial é compatível com o crédito
solicitado.
CONGLOMERADO
85
O termo conglomerado em análise de crédito significa
analisar não apenas a empresa que está solicitando crédito,
mas todo o conglomerado de empresas na qual a solicitante
está inserida. A ideia é que se faça a análise da empresa
controladora ou das controladoras se for o caso, também
das coligadas.
Blatt (1999, p. 47) diz que “o conglomerado faz
menção
à
análise
financeira
de
controlada(s),
controladora(s), coligada(s) e interligada(s), para que se
possa fazer uma análise mais apurada com relação ao
pleiteante do crédito”.
Dessa maneira, poderemos ter uma ideia do conjunto
de
empresas
que
formam
determinado
grupo.
O
procedimento servirá para evitar que alguém utilize uma
coligada ou controlada, que está em melhor condição
financeira, para obter recursos que, na verdade, serão
utilizados em outra empresa sem condições favoráveis ao
crédito. A ideia de conglomerado não é usada somente nos
termos da lei, mas sim quando qualquer empresa possui
participação nas tomadas de decisão de outra empresa.
Pereira (2008, p. 60) afirma que “conglomerado abrange a
apreciação dos fatores de risco relativos às coligações,
controles e vínculos”.
Para melhor entender o contexto, a definição de
empresa coligada e empresa controlada, se faz necessário
entender o que significa cada uma delas:
86
 empresa coligada: É uma sociedade que participa
com o mínimo de 10% do capital da outra, porém
sem controlá-la; e,
 empresa controlada: É uma sociedade na qual a
condição de eleger a maioria dos administradores
e
o
predomínio
nas
deliberações
sociais
é
exercida de modo permanente. Ou seja, uma
sociedade
possui
direitos
de
sócios
que
a
possibilita controlarem outra sociedade. Esse
controle pode ser exercido de maneira direta ou
através da intermediação de outras controladas.
COLATERAL
O “C” de Colateral é uma espécie de segurança
adicional a uma operação de crédito. Representa uma ou
mais garantias dadas pelo tomador, para aumentar o grau
de segurança da operação e, muitas vezes, para fortalecer
algum dos outros fatores da análise. Segundo Hoji (2004,
p. 138), “colateral é utilizado para contrabalançar ou
reforçar a fragilidade de um ou mais “C” dos quatros outros
itens. Pode ser representado por ativos tangíveis ou ativos
financeiros, desde que cubram o período do crédito
concedido”.
Blatt (1999) faz entender que colateral faz menção às
garantias oferecidas pelo cliente para compensar fraquezas
87
ou simplesmente para reforçar e complementar outros
aspectos de crédito. Contudo, nunca se devem utilizar
garantias para fortalecer uma proposta de um tomador que
apresente restrições em relação ao seu caráter, por ser um
dos Cs de difícil avaliação.
As
garantias
também
constituem
um
fator
complementar à operação de crédito, devendo-se levar em
conta, em primeiro plano, o caráter do cliente e a
capacidade de pagamento do próprio negócio. Elas geram
maior comprometimento com a operação, mas não pagam
o
crédito.
São
assim,
importantes
como
fatores
de
"pressão" em caso de atraso de pagamento, uma vez que o
cliente também está correndo risco de perder algo, ou seja,
a garantia é a última hipótese a ser analisada, servindo
exclusivamente para reforçar as hipóteses de que o cliente
tem capacidade de pagamento. Para Pereira (2008 p. 60),
“as garantias são tratadas como decorrência do risco que o
cliente apresenta”.
Por outro lado, devem ser exigidas como componente
de aprendizagem, para o futuro acesso aos créditos
tradicionais e
também,
como recurso em caso de
inadimplência. Desse modo, à medida que o risco aumenta,
deverá haver maior preocupação com a qualidade e liquidez
das garantias. Conforme Hoji (2004, p. 136), “as garantias
podem ser representadas por diversos instrumentos e
classificada
em
dois
aspectos:
fidejussórias e as garantias reais”.
garantias pessoais
ou
88
GARANTIAS
As garantias têm com objetivo dar reforço à segurança
nas operações de crédito. Durante uma operação de crédito
as garantias deverão ser examinadas em conjunto com as
informações cadastrais, a finalidade da operação, sua forma
e as fontes de pagamento. É fundamental adequar as
garantias às características da operação de crédito, porém
a liquidez do crédito não deve ser baseada somente nas
garantias constituídas, mas sim em um conjunto de
variáveis que nos permitam ter uma ideia se a operação de
crédito será concedida a um "bom cliente". As garantias são
divididas em grupos distintos:
a)garantias
pessoais:
as
garantias
pessoais
ou
fidejussórias são garantias nas quais pessoas físicas
ou jurídicas assumem como avalistas ou fiadores, a
obrigação de honrar os compromissos referentes à
operação de crédito, caso o cliente não o faça. Os
avalistas e fiadores devem passar pela mesma análise
creditícia que o proponente, pois caso o cliente não
honre seus compromissos o avalista ou fiador terá que
fazê-lo, portanto é necessário que ele tenha condições
econômicas e financeiras para isto. Quando o aval ou
fiança for dado por pessoa jurídica, deverá ser
verificado no contrato ou estatuto social da empresa
se existe esta possibilidade expressa no contrato, pois
89
se não houver, o aval ou a fiança não terá validade
jurídica;
b)garantia aval de pessoas idôneas: é a promessa
que alguém faz de cumprir obrigação de terceiro
realizado através de um título de crédito, se o
obrigado não vier a cumprir. O avalista é quem
concede o aval. Avalizado é a pessoa que recebe o
aval. Não existe aval em contrato, somente em títulos
de crédito;
c) garantia de fiança: é uma garantia cujo fiador,
pessoa física ou pessoa jurídica, se constitui como
principal responsável pelo pagamento das obrigações
assumidas pelo afiançado, caso este não cumpra as
obrigações
contratadas.
A
fiança
é
sempre
estabelecida em relação a um contrato;
d)garantias reais: são representadas por imóveis ou
fiança
mercantil,
recebimentos
ou
dados
seja,
em
bens
garantia
ou
de
direitos
de
obrigações
relativas a operações de crédito. A escolha do tipo de
garantia real deve ser feita de acordo com as
características da operação de crédito, como: tipo de
operação, prazo, valor etc. esta escolha deverá ser
voltada para os bens e direitos de maior grau de
liquidez (possibilidade de recebimento) e que deverão
ser observados os preceitos de sua formalização. Para
citar, os principais tipos de garantias são:
90
 Alienação
Fiduciária:
é
a
transferência
da
propriedade de um bem móvel ou imóvel do
devedor ao credor para garantir o cumprimento de
uma obrigação;
 Anticrese: é um instituto civil, espécie de direito
real de garantia, ao lado do penhor e da hipoteca,
no qual o devedor, ou representante deste, entrega
um bem imóvel ao credor, para que os frutos deste
bem compensem a dívida. É sempre originado de
um contrato (negócio jurídico), não existe anticrese
originada pela lei, como ocorre em outros dois
institutos citados anteriormente;
 Caução: é a cautela que alguém tem ou toma como
garantia de indenização de algum dano possível ou
devido à possível falta do cumprimento de alguma
obrigação. A caução pode ser real, se a garantia
dada
for
fidejussória
uma
coisa,
(pessoal),
móvel
se
a
ou
imóvel,
garantia
dada
ou
for
pessoal (ou seja, uma pessoa garante por outra que
vai cumprir a obrigação);
 Hipoteca: é uma garantia real extrajudicial e incide
sobre bens imóveis ou equiparados que pertençam
ao devedor ou a terceiros;
91
 Penhor Mercantil: recai sobre coisas móveis do
comércio, que ficarão sujeitas ao pagamento do
débito (ex.: Joias);
 Reserva de Domínio: tem o objetivo de atender a
pessoas e empresas que desejam resguardar um
domínio enquanto não fazem utilização do mesmo.
Com
o
crescimento
do
mercado
Internet
os
domínios estão ficando cada vez mais difíceis de
registrar. A corrida tem sido tão grande que
identificamos a necessidade de criar um serviço que
resguardasse marcas e ideias com um baixo custo
até o ingresso efetivo na internet.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que no processo de análise de crédito é
importante que os instrumentos envolvidos para a decisão
do crédito, sejam adequados a melhorar competitividade da
empresa buscando sempre o resultado das aplicações no
prazo e condições estipuladas, principalmente dentro dos
padrões de qualidade traçados pela organização.
Em síntese, a análise de crédito é uma importante
ferramenta para a boa saúde financeira e administrativa de
uma empresa. Uma instituição que analisa com critério o
crédito que concede, corre menor risco com perdas,
92
imprevistos com fluxo de caixa e outros, sobrando mais
tempo para se preocupar com sua atividade principal, se
desenvolvendo e destacando no mercado.
Pode-se dizer que, através de pesquisa elaborada de
forma minuciosa, utilizando-se critérios de avaliação dos Cs
do Crédito citados acima, as instituições terão capacidade
de prever a possibilidade de inadimplência futura. A ideia é
fazer constar qual o grau de risco que determinada
empresa apresenta em relação ao valor solicitado, para
sanar as dívidas que esta pretende adquirir junto à
instituição financeira.
REFERÊNCIAS
GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. São
Paulo: Prentice-Hall, 2004.
HOJI, MASAKAZU. Administração financeira. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2004.
SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. São Paulo:
Atlas, 2008.
TAVARES, R. F. Crédito e cobrança. São Paulo: Atlas, 1988.
CAPITAL DE GIRO: UMA FERRAMENTA NA GESTÃO
EMPRESARIAL
93
Cristiano de Jesus Ballejo6
Mário Kunio Marutaka2
Augusto César Oliveira Camelo7
RESUMO
As empresas com fins lucrativos são organizações que
utilizam recursos administrativos e financeiros para atingir
seus objetivos, no qual seu principal é a obtenção do lucro,
portanto é necessário um sistema de gestão que envolva o
controle financeiro e econômico adequado no que venha
proporcionar a execução de sua atividade a fim de gerar
recursos (receita) para saldar suas despesas, obtendo a
assim lucratividade necessária para dar continuidade em
sua atividade. Em suma o controle financeiro se dá através
da gestão do capital de giro, o qual precisa de
acompanhamento permanente, pois está continuamente
sofrendo o impacto das diversas mudanças enfrentadas
pelas empresas. A gestão financeira tem por objetivo geral,
direcionar a empresa para que esta obtenha lucro dentro de
um nível aceitável de risco e que esse lucro se transforme
rapidamente em dinheiro, uma vez que ele normalmente
está em forma de estoque (mercadorias) e precisa ser
convertido em dinheiro, fazendo se necessário também
uma gestão eficiente do controle e planejamento do
estoque e contas a receber já se que estão diretamente
ligados na geração de receitas, influenciando assim a
liquidez e o capital de giro da empresa.
Palavras-chave: capital de giro; gestão e empresa.
ABSTRATC
The companies with lucrative ends are organizations that
use administrative resources and financial to reach their
goals, whose the main one is the attainment of the profit,
6
7
Graduandos em Ciências Contábeis pela Faculdade Cidade Verde.
Docente da Faculdade Cidade Verde.
94
therefore is necessary a management system that involves
adjusted the financial and economic control in which it
comes to provide the execution of its activity in order to
generate
resources
(prescription)
to
liquidate
its
expenditures, getting thus the profitability necessary to
give continuity to their activities. In fact, the financial
control is developed through the management of the
floating
capital,
whose process
needs permanent
accompaniment, because it’s continuously suffering the
impact from too much changes confronted for the
companies. The financial management has as main
objective, to direct the company so that this gets profit on
a acceptable level of risk and that this profit transforms into
money quickly, once in supply form (merchandises)
normally and needs to be converted into money, it becomes
necessary also an efficient management of the control and
planning of the supply and bills to receivable that are
directly connected to prescription development, influencing
this way the pay off and the floating capital of the
company.
Key-words: floating capital; management and company.
1 - INTRODUÇÃO
Anteriormente as pessoas viviam a base de troca de
mercadorias para sobreviver, sem a utilização de moeda.
Após
o
surgimento
da
moeda
essa
forma
de
comercialização teve fim. Com isso surge a necessidade de
se ter um capital, para girar e administrar os recursos.
O capital passou a ser algo indispensável no dia a dia
das pessoas e das empresas em geral. Onde, para as
empresas o seu objetivo principal seria a obtenção do lucro
e quitação de dívidas.
Com o desenvolvimento do capitalismo e o surgimento
das transações comerciais entre as empresas, surgiu a
95
necessidade de as mesmas possuírem um instrumento que
lhes oferecesse a possibilidade de medir a capacidade dos
devedores
em
cumprir
com
os
seus
compromissos
financeiros.
O capital de giro se destina se principalmente aos
recursos de curto prazo utilizados pelas as empresas para
financiar as suas atividades. Daí a importância de se
conhecer as ferramentas que auxiliam o administrador a
aplicar melhor estes recursos, estudo que será abordado no
presente trabalho.
2 - CAPITAL DE GIRO
O capital de giro tem participação relevante no
desempenho
geralmente
operacional
mais
da
das
metade
empresas,
de
seus
cobrindo
ativos
totais
investidos. Uma gestão inadequada do capital de giro
resulta em sérios problemas financeiros, contribuindo para
a formação de uma situação de insolvência financeira, ou
seja, a sua capacidade de pagamento ficara comprometida.
Segundo pesquisas publicas no site do IEF, Instituto
de Estudos Financeiros (www.ief.com.br/analise) “O capital
de giro representa, em média, 30 a 40% do total dos ativos
de uma empresa”.
A gestão do capital de giro aplica se aos ativos e
passivos correntes sendo eles interdependentes, ou seja,
estão ligados de alguma forma e são dependentes. Um
96
certamente influencia o outro. Por exemplo, a perda da
liquidez pela maior participação dos estoques no ativo
circulante deve ser compensada por um volume maior de
caixa, através de vendas a vista ou recebimentos de
duplicatas. A presença de ativos correntes é importante
para viabilizar financeiramente seus negócios e contribui
para a formação do retorno econômico do investimento
realizado.
Para Assaf e Silva (1997, p. 37):
As decisões de investimento em capital
de giro devem também promover a
atratividade econômica da empresa,
favorecendo
sua
solvência,
sua
continuidade e valorização. A definição
da política de investimento em capital
de giro da empresa, portanto, deve
considerar qual a quantidade de capital
de giro é necessária para o adequado
funcionamento da empresa, ou seja,
qual é a melhor relação entre os ativos
circulantes e os ativos totais.
Para que se tome uma decisão de quanto investir em
capital de giro, é necessário ter um amplo conhecimento da
organização tanto econômico, quanto operacional. É de
suma importância a quem a administra conhecer suas
operações, sua sazonalidade quanto à atividade principal,
ou seja, sua situação financeira e econômica a curto e
longo prazo, para que esses investimentos venham de
encontro com as reais necessidades da empresa.
97
3 - CONCEITOS E OBJETIVOS DO CAPITAL DE GIRO
Devido
às
oscilações
atualmente
devem
variações,
sua
estar
atividade
do
mercado,
prevenidas
principal
as
quanto
não
empresas
a
essas
deve
ficar
comprometida, o capital de giro tem esse papel importante
de financiar seus recursos correntes para que a mesma de
continuidade em suas operações em curto prazo.
De acordo com Assaf e Silva (1997), “capital de giro
refere-se aos recursos correntes da empresa, geralmente
identificados como aqueles capazes de serem convertidos
em caixa no prazo máximo de um ano”, ou seja, são
recursos exigidos para financiar o ciclo operacional da
empresa.
Dessa forma entendemos que o capital de giro está
diretamente ligado as operações cotidianas da empresa.
Por isso
há necessidade
de
um
acompanhamento e
planejamento constante sobre os resultados operacionais.
Para Gitmam (1997, p. 616) “capital de giro refere-se
aos ativos circulantes que sustentam as operações do diaa-dia das empresas”.
Essas
operações
são
relacionadas
com
vendas,
compras, recebimentos, desembolsos e todas as atividades
que
se
empresa.
fazem necessárias para o funcionamento da
98
Cherry (1997, apud GONÇALVES 2004, p. 03) diz que
“capital
de
giro
em
finanças
denota
os
ativos
que
normalmente devem circular e ser substituídos, pelo menos
em
partes,
durante
o
ciclo
operacional
corrente
da
empresa, correspondente aos ativos correntes”.
Esses
recursos
são
destinados
para
compra
de
mercadorias, reposição de estoques, financiamentos das
vendas a prazo, despesas administrativas, etc...; que
corresponde a parte do capital utilizado para financiamento
dos ativos circulantes da empresa.
Para Santos (2001, p. 22),
uma
empresa
utiliza
para
seu
funcionamento recursos materiais de
renovação lenta, como as instalações,
equipamentos e imóveis – denominados
capital fixo ou permanente e recursos
materiais de rápida renovação, como os
estoques
de
matérias
primas
e
produtos que formam seu capital
circulante.
Os componentes do ativo corrente, ou do capital de
giro, são o caixa e títulos negociáveis, contas a receber e
estoques. Cada componente é rapidamente convertido em
outras formas de ativo, assim o saldo de caixa poderá ser
usado para recompor os estoques.
3.1 Ciclo Operacional
99
Podemos de conceituar o ciclo operacional como sendo
o intervalo de tempo em que uma empresa gasta para
executar todas as suas atividades operacionais, como por
exemplo: venda e o recebimento dos créditos gerados pela
atividade comercial.
Podemos entender o ciclo operacional como o prazo
total, que começa já na aquisição da matéria-prima é
termina no recebimento do valor referente à venda.
Segundo Gitmam (1997) o ciclo operacional pode ser
calculado de uma forma bem simples: pega-se o prazo
médio de recebimento (+) prazo médio de estoque (-)
prazo médio de recebimento.
Conhecendo esse intervalo de tempo pode-se assim
fazer um planejamento financeiro em curto prazo. Essas
informações
também
são
importantes
para
o
gerenciamento financeiro, permite fazer a adequação do
“tempo” aos compromissos da empresa.
3.2 Liquidez
O capital de giro ou ativo corrente está ligado
diretamente à liquidez da empresa. Para Gitmam (1997) os
indicadores de liquidez medem a capacidade de uma
empresa em saldar suas dívidas exigíveis no prazo máximo
de um ano.
Os índices de liquidez normalmente empregados são:
liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez
100
imediata. Todos eles relacionam bens e direitos com
obrigações da empresa, por intermédio de uma operação
de divisão. Embora não seja a melhor definição, costumase dizer que os índices de liquidez medem “o quanto a
empresa tem para cada unidade monetária que ela deve”.
Para se compreender como funciona o índice de
liquidez corrente de uma empresa, basta analisar os
valores do ativo circulante e os valores do passivo
circulante, assim temos o índice de liquidez corrente.
Ainda segundo Gitmam (1997) o capital de giro liquido
é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante:
AC-PC=CCL (Capital Circulante Líquido). Dessa forma a
empresa calcula a necessidade ou sobra de capital de giro.
O ativo circulante consiste nas disponibilidades, credito
e estoques e o passivo circulante consiste em contas a
pagar e financiamentos em curto prazo.
4 - AS DIFICULDADES DO CAPITAL DE GIRO NAS
EMPRESAS
Dentre as muitas dificuldades que surgem de capital
de giro nas empresas, pode-se destacar:
101
4.1 Redução de vendas:
A redução das vendas atinge e compromete toda a
situação financeira e econômica da empresa, uma vez que
se têm despesas fixas entre outros compromissos para
serem liquidados, alem de deixar um estoque parado
consequentemente
dinheiro
parado.
Assim
qualquer
empresa pode ficar num período difícil.
Santos (1995, p.23) afirma que: “quando o capital de
giro aumenta em virtude do crescimento dos estoques, ou
das duplicatas a receber, sem o acompanhamento das
vendas,
traduz
uma
situação
de
administração
inadequada”.
O capital de giro influencia diretamente no ciclo
operacional da empresa, por isso não é interessante deixálo preso como estoques. Quando uma empresa mantém um
estoque alto de baixo giro, com muitas duplicatas a
receber,
as
vendas
tem
que
acompanhar
o
mesmo
crescimento, quando isso não ocorre gera um aumento na
necessidade de capital de giro, umas vez que a empresa
necessita de caixa para fechar seu ciclo operacional.
Quando ocorre a redução nas vendas diminui-se a
receita da empresa, afetando diretamente a sua liquidez e
consequentemente comprometendo seus compromissos,
despesas e dividas em curto prazo. Por isso as vendas são
extremamente necessárias para que empresa feche o seu
ciclo operacional sem a necessidade de um aumento de
102
capital de giro ou, até mesmo de utilizar capital de terceiros
para financiar sua atividade em curto prazo.
4.2 Crescimento da inadimplência:
O aumento da inadimplência nas empresas ocasiona
uma situação desfavorável em sua saúde financeira, uma
vez que diminui os valores recebíveis em curto prazo.
Segundo a pesquisa realizada pelo Serasa Experian e
publicada
no
site
(http://www.serasa.com.br/empresa/noticias/2009),
no
período de 5 a 9 de janeiro de 2009 foi feito um pesquisa
com várias empresas representativas dos setores da
indústria, comércio, serviços e instituições financeiras do
país.
Dos
empresários
entrevistados,
72%
esperam
crescimento da inadimplência do brasileiro no 1º trimestre
do ano e 20%, estabilidade em relação ao mesmo período
de 2008. As instituições financeiras são as pessimistas,
86% apostam em alta, seguidas pela indústria (73%),
Serviços (71%) e o Comércio (70%).
Isso demonstra que a inadimplência afeta as empresas
de
todos
os setores,
podendo
ocorrer
consequências
diretamente ligadas ao caixa da empresa, uma vez que o
lucro
do
negócio
ficará
diminuído,
devido
ao
não
recebimento das vendas realizadas no período. Se o
recebimento nunca ocorrer, o efeito disso no caixa será
para sempre, se for o caso de um atraso, o efeito no caixa
103
é temporário. O que também poderá gerar um custo, só
que agora para financiar o caixa durante o atraso. Todos os
negócios, em geral, estão sujeitos a uma probabilidade de
não receberem parte de suas vendas realizadas, se seus
clientes atrasarem os pagamentos, você poderá precisar de
um empréstimo para conseguir pagar suas despesas
previstas, repor os estoques, fazer investimentos. E quando
ocorrer
o
recebimento
a
empresa
quitará
seu
financiamento, isso terá um custo, que seria os juros do
financiamento.
4.3 Aumento das despesas financeiras:
O descontrole das despesas financeiras ocorre pelo
desequilíbrio entre o ativo circulante e o passivo circulante,
geralmente ocorre porque elas não mantém uma margem
de segurança para cobrir gastos inesperados ocasionados
por alguma sazonalidade, desajustes nos recebimentos e
desembolsos. conforme define Assaf Neto e Silva (2007,
p.24) “... somente a presença de um CCL positivo não se
torna indicador seguro de equilíbrio financeiro. É necessário
que se identifiquem, nos ativos circulantes, as contas de
longo prazo (permanentes) e as variáveis (sazonais).”.
4.4 Aumento de Custos;
104
O aumento dos custos das empresas esta ligado a
diversos fatores, entre eles podemos destacar:
a) elevação do custo dos financiamentos, devido a altas
taxas;
b) elevação no custo da produção;
c) aumento no custo dos estoques.
Quando empresa compra mais estoques, o custo de
estocagem aumenta consideravelmente, pois tem que ser
levado em conta o custo de oportunidade e armazenagem.
Sendo que o aumento no nível dos estoques eleva o risco
de obsolescência, perda alem de aumentar o custo da
gestão desses ativos.
5 - ALTERNATIVAS EFICIENTES PARA A GESTÃO DO
CAPITAL DE GIRO
5.1 Formação de reserva financeira
O equilíbrio financeiro é fundamental para a empresa
se manter no mercado competitivo e se prevenir de
eventuais desequilíbrios ou de sazonalidade durante a
atividade operacional da empresa. E evitar buscar recursos
financeiros de terceiros para cobrir estas eventualidades.
É importante para toda empresa se prevenir desses
desequilíbrios e sazonalidades do mercado, para isso se faz
105
necessário à formação de reserva financeira pra cobrir
estas mudanças inesperadas. O volume desta reserva deve
ser estipulado de acordo com o grau de proteção que a
empresa
deseja.
Recomenda-se
que
seja
feita
uma
aplicação desta reserva para que gere juros ativos.
Segundo Sanvicente (1990, p. 140): “interessa e
empresa evitar insuficiência de caixa. A alternativa mais
desfavorável é aquela em que as diferenças entre provisões
e fatos levam a déficits superiores aos esperados. Por isso,
temos esta segunda parcela do saldo, cuja finalidade é
proporcionar uma margem de segurança contra essas
variações incertas e desfavoráveis”.
No caso de empresas que possuem suas vendas
irregulares,
é
necessário
ter
um
controle
financeiro
rigoroso, caso contrário não terá dinheiro em caixa no
período em que suas vendas forem baixas, assim o capital
de giro será incerto.
Por
isso
o
fluxo
de
caixa
é
uma
ferramenta
indispensável na administração do capital de giro, pois é ele
que irá projetar as entras e saídas de caixa. Assim o
objetivo desta projeção é fazer com que no período de
vendas elevadas seja feita uma reserva para evitar
surpresas durante o período de menor lucratividade.
5.2 Encurtamento do ciclo econômico
106
A redução do ciclo econômico significa um menor
tempo para produzir e vender. No comércio esta redução
significa um giro mais rápido dos estoques e no setor de
serviços
significa
basicamente,
trabalhar
com
um
cronograma mais curto para a execução dos serviços.
Quando e empresa encurta seu ciclo econômico suas
necessidades de capital de giro reduzem drasticamente.
Essa redução não é uma função tipicamente financeira, ela
requer o apoio de funções como o de produção, operação e
logística.
5.3 Controle da inadimplência
A inadimplência dos clientes pode ocorrer do quadro
econômico do país (ao qual não podemos controlar), como
a diminuição na renda das pessoas, isso faz com que o
cliente perca o poder de pagamento ou de fatores da
própria empresa, como por exemplo, a inexistência de uma
política de crédito criteriosa e a falta de um sistema de
cobrança eficiente e integrado, ocasionando o aumento da
mesma.
Também
devem
ser
observados
os
prazos
e
recebimentos das vendas, talvez seja possível diminuir este
prazo, qualificar melhor a análise de crédito e intensificar
as ações de cobrança, assim possibilita um giro mais rápido
do caixa.
107
Descontos também podem ser concedidos, isso fará
com que aumente as suas vendas a vista e reduz o risco de
inadimplências causadas pelas vendas a prazo.
5.4 Não se endividar a qualquer custo
Quando há insuficiência de capital de giro, muitas
empresas optam por empréstimos de custo elevado. O
financiamento do capital de giro com uma taxa maior do
que a sua rentabilidade pode sim resolver seu problema
imediato de caixa, mas também criar um novo problema, o
pagamento deste financiamento, uma vez que a captação
de capital de terceiros terá um custo maior do que através
de capital próprio.
5.5 Alongar o perfil do endividamento
Uma boa alternativa seria tentar negociar um prazo
maior para o pagamento de suas dívidas, isso retardaria as
saídas de caixas correspondentes, assim melhoraria o seu
capital de giro. Embora seja uma medida provisória,
ajudara
bastante
até
que
a
empresa
se
ajuste
financeiramente. No entanto é necessário fazer uma analise
do custo do alongamento deste prazo, para verificar se é
viável.
5.6 Reduzir custos
108
Uma das formas de redução de custos seria a
implantação de um sistema de custos, ele tem um efeito
positivo sobre o capital de giro da empresa, desde que não
restringem as vendas nem as operações da empresa. Para
as empresas que estão em crise com o seu capital de giro,
não é uma tarefa muito fácil, já que sua capacidade de
investimento está comprometida. Outra alternativa seria
cortar gastos que não causem grandes prejuízos. Primeiro
deve-se saber quais os custos que empresa tem e analisar
quais tem a maior importância, e aqueles de menor
importância podem ser eliminados ou reduzidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o estudo realizado podemos concluir que o
capital de giro é de suma importância na gestão de
qualquer empresa, pois está ligado diretamente com o seu
ciclo
operacional.
Podemos
identificar
as
principais
dificuldades enfrentadas pelas empresas para administrar
seus recursos em curto prazo e seu capital de giro, uma
vez que, suas necessidades se dão por vários fatores,
como:
a
redução
nas
vendas,
crescimento
da
inadimplência, o aumento das despesas financeiras e
aumentos
de
custos,
levando
em
conta
que
existe
sazonalidade de recursos. Por isso há a importância de se
109
conhecer a fundo empresa, conhecer os fatores que o
influenciam assim como as alternativas para uma gestão
eficiente, uma vez que o capital de giro está ligado
diretamente com sua atividade principal. As alternativas
encontradas aqui de uma gestão do capital de giro com
sucesso estão ligadas a prevenção e ao planejamento
administrativo e financeiro como fluxo eficiente do ciclo
operacional: o giro rápido dos estoques com as vendas por
exemplo. A boa administração do caixa pode o ajudar e
muito a se planejar, assim como das contas a receber,
entre
outras.
Então
compete
ao
administrador
ou
empresário planejar, organizar, controlar, dirigir e formar
estratégias que venham de encontro com as expectativas
de lucro e o objetivo da empresa.
REFERÊNCIAS
ANAIS. VII Ciclo de Estudos de Ciências Contábeis.
UNIVALE, Ivaiporã - PR, 24 a 26 de outubro de 2005.
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César A. T. Administração
do capital de giro. São Paulo: Atlas, 1997.
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César A. T. Administração
do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GONÇALVES, Cherry. Administração financeira. São Paulo:
Atlas, 1997.
GITMAN, Laurence J. Princípios de administração financeira.
São Paulo: Harbra, 1997.
110
SANTOS, Edno de Oliveira dos. Administração financeira da
pequena e média empresa. São Paulo: Atlas, 1995.
SANTOS, Edno de Oliveira dos. Administração financeira da
pequena e média empresa. São Paulo: Atlas, 2001.
SANVICENTE, Antônio Zoratto. Administração financeira.
São Paulo: Atlas, 1990.
111
CIDADANIA COM RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA
PROPOSTA PARA A PRESERVAÇÃO DE BENS
PÚBLICOS DA UEM
Manoel Quaresma Xavier8
Mário Lonardoni4
Edna Mitiko Ota9
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo discutir a
responsabilidade social como exercício de cidadania voltado
à preservação dos bens públicos da UEM, tanto os tangíveis
como os intangíveis. Atualmente, a Responsabilidade Social
é um tema que a cada dia vem atraindo a atenção da
sociedade, com ênfase nas organizações privadas que têm
como principal objetivo a geração de lucros, cujas críticas
mais comuns é que estas empresas utilizam não como um
benefício social, mas, sim, como marketing. Do ponto de
vista das organizações públicas, esse artigo pretende
revelar que a Responsabilidade Social pode ser praticada
sem a finalidade de “marketing”, mas por meio do exercício
da cidadania no que diz respeito aos deveres e direitos no
convívio social, cujas ações devem ser voltadas a
8
Professores do curso de Contabilidade da Universidade Estadual de Maringá.
Professora do curso de Contabilidade da Universidade Estadual de Maringá e professora da Faculdade
Cidade Verde.
9
112
possibilitar a compreensão e sensibilização da necessidade
de contribuir ativamente tanto na organização como na
preservação dos bens públicos da UEM. Nesse sentido,
encontra-se
em
desenvolvimento
um
projeto
na
Universidade Estadual de Maringá – UEM em que procura
despertar a comunidade universitária sobre a importância
de cada cidadão quanto aos seus deveres e direitos
independente da ação que lhe é atribuída. Embora o projeto
seja de longo prazo, já foi possível detectar aspectos
relevantes de mudança de comportamento entre os
envolvidos, inclusive interesse de outros departamentos em
implantá-lo.
Palavras-chave: responsabilidade social; capital social;
cidadania; patrimônio público.
INTRODUÇÃO
Uma das características sociais da atualidade está
relacionada à necessidade de participação efetiva de todas
as pessoas que convivem no mesmo ambiente como sendo
um fator primordial de sustentabilidade para continuidade
da comunidade a que pertencem, independentemente de
ser tal participação exercida de forma direta ou indireta.
Para Clemente et. al. (2006) a teoria do crescimento
endógeno, principal corrente de pensamento da atualidade
sobre desenvolvimento, destaca o fator humano como
explicação nuclear. A educação, enquanto formadora do
capital humano é, dessa forma, considerada a condição
mais importante para o surgimento e a manutenção do
processo de elevação sustentável da qualidade de vida.
113
Dessa forma, o conhecimento passa a ser considerado a
mola
propulsora
do
desenvolvimento
integrado
e
sustentável, proporcionando novas formas de atuação no
meio social e fazendo emergir novos mecanismos de
integração em torno de objetivos comuns.
Os autores acrescentam que a sensibilização e a
conscientização acerca da interdependência da vida em
sociedade têm como consequência lógica nível crescente de
participação, seja no processo de prevenir ações contrárias
ao
desperdício
de
qualquer
natureza
ou
mesmo
na
manutenção e no uso adequado dos bens e serviços de
natureza pública.
Possibilitar entender que todos os bens de uso comum
são de propriedade comum, bem como comparar o quadro
de necessidades da comunidade universitária com o volume
de recursos públicos que podem ser arrolados para o seu
atendimento é um exercício de afirmação e de crescimento
da cidadania.
A
sociedade
informada
e
sensibilizada
da
sua
importância não somente é capaz de resolver de forma
eficiente
e
eficaz
os
problemas
inerentes
ao
seu
desenvolvimento como se torna apta a fiscalizar a sua
execução, evitando corrupção e desvios de toda natureza.
Nesse contexto, um aspecto invisível e adormecido
nas redes sociais, denominado capital social, pode vir a ser
percebido pelos indivíduos e, através da interação, produzir
benefícios de natureza social. Para Garcia Jr (2005) o
114
capital social de qualquer comunidade compreende um
conjunto de valores e atitudes dos cidadãos que favorecem
o seu autodesenvolvimento.
Neste
sentido,
encontra-se
atualmente
em
desenvolvimento no campus da Universidade Estadual de
Maringá – UEM, um projeto denominado Cidadania com
Responsabilidade Social, cujo objetivo é possibilitar a
compreensão e sensibilização da necessidade de contribuir
ativamente na organização e preservação do ambiente de
convivência
manutenção
de
de
modo
a
ambiente
facilitar
sua
saudável,
conservação
melhorando
e
as
condições de vida daqueles que compartilham os espaços
públicos (e até particulares) envolvidos.
Visando contribuir com a mudança de comportamento,
o projeto tem a finalidade de agir perante a comunidade
universitária no sentido de sensibilizar professores, técnicos
administrativos e acadêmicos para preservarem e deixarem
seus locais de trabalho ou salas de aula devidamente
organizadas, bem como aos membros da sociedade externa
que frequentam o campus universitário, independente se
por motivos de estudos ou por interesse diversos.
Busca-se com isso facilitar a limpeza, preservação de
mobiliários, evitar gastos desnecessários de materiais de
consumo, facilitar a reciclagem de materiais, racionalizar o
consumo de água e energia; conservar a limpeza do pátio,
e assim evitar doenças (dengue), orientar a comunidade
115
externa que frequenta o campus da necessidade de
contribuir com a preservação do patrimônio público.
Por essas razões este artigo procura oportunizar o
conhecimento acerca das principais variáveis que compõe o
sistema integrado para ações voltadas a responsabilidade
social no contexto da UEM.
2 CONCEITO DE SOCIEDADE
Comumente define-se sociedade como um conjunto de
pessoas que compartilham propósitos, ideologias, costume
e preocupações, e que se unem com intuito de construir
uma sociedade harmônica que compartilhe as benesses da
sociedade para todos.
Segundo Birou (1966, p. 380) do ponto de vista
sociológico,
podem-se
dar
diferentes
definições
da
sociedade as quais se completam entre si: “Conjunto de
pessoas e de grupos, que mantêm relações de recíprocas
de comunicação, de solidariedade, de dependência, e têm
uma atividade geral e combinada resultante de tais
relações. A sociedade é a estrutura global que permite a
subsistência deste conjunto”. No Brasil, com o passar dos
tempos, e as mudanças de governo, surgem promessas e
mais promessas em prol da sociedade, mas o que se vê é
uma paranoia institucionalizada pelos governantes na qual
a prioridade é revertida apenas para satisfazer os grandes
capitalistas, e não a sociedade como deveria ser.
116
No
entanto,
as
dificuldades
enfrentadas
pela
sociedade, na maioria das vezes, existem em função da
falta de sua própria consciência, que agindo de maneira a
ignorar a responsabilidade sobre sua atuação no meio em
que convive provoca gastos que poderiam ser evitados,
caso se comportasse de maneira consciente. Esta ação
pode ocorrer de diversas maneiras, por omissão ao se
deparar com situações que prejudicam a coletividade,
acreditando
que
o
problema
é
somente
dos
outros
(principalmente da administração pública quando ocorrem
desperdícios), ou por ação própria quando provocam danos
ao meio ambiente, salas de trabalho, salas de estudos,
preservação de pátios, entre outros.
A responsabilidade social faz parte deste contexto, tão
almejada pela sociedade geral, porém, sem saber como
agir. As práticas de responsabilidade social têm tido
destaque em muitas empresas nos últimos anos, por meio
do desenvolvimento e ampliação de projetos sociais, já que
o Estado não pode mais ser visto como o único a ter
responsabilidades para com a sociedade.
Para Ashley (2002, p. 06 e 07),
Responsabilidade
social
pode
ser
definida como compromisso que uma
organização deve ter com a sociedade,
expresso por meio de atos e atitudes
que a afetem positivamente, de modo
amplo, ou a alguma comunidade, de
modo específico (...). Assim, numa
117
visão
expandida,
responsabilidade
social é toda e qualquer ação que possa
contribuir para a melhoria da qualidade
de vida da sociedade.
Neste contexto é necessário, também, que no convívio
social haja mudança de comportamento e de atitude para
que se possa praticar a responsabilidade social, bem como
da necessidade de se conhecer a sua finalidade, pois se isso
não ocorrer não há como colocar em prática a ideia da
responsabilidade social.
3 ABORDAGENS SOCIAIS
Do ponto de vista sistêmico, o que se espera como
abordagem social é a mudança cultural de comportamento
no convívio social. Entretanto, é muito difícil prescrever
aspectos que possam servir de modelo para tais mudanças.
É
argumentável
consolidar
os
que
meios
existam
métodos
necessários
que
para
possam
benefício
da
sociedade, como por exemplo, os conceitos de capital
social.
A aplicação do exercício da cidadania, quanto aos
deveres
e
comunicação
direitos
e
de
pode
proporcionar
integração
entre
uma
os
rede
de
cidadãos
e,
consequentemente, constituir destacado fator de Capital
Social,
necessário
sustentável.
ao
desenvolvimento
integrado
e
118
Para que o processo solidário se amplie e haja
engajamento generalizado na busca de desenvolvimento e
justiça social, é necessário que ações sejam desenvolvidas
em todos os segmentos, a fim de que cada indivíduo
descubra sua real capacidade de atuação e de influência
nos destinos da comunidade.
Para Pagnoncelli e Aumond (2004, p. 21), o Capital
Social é formado:
[...] quando as pessoas participam de
grupos
ou
associações,
formalmente
organizadas ou não, para realizar atividades
ou simplesmente para se reunirem de
maneira regular, com sindicatos, grupos
religiosos, movimento políticos, associações
de moradores, grupos esportivos, ONGs,
associação de pais e mestres.
Para
os
autores,
esses
grupos
e
associações
expressam a estrutura social em que operam: ricos e
pobres, as tendências políticas e religiosas, a diversidade
étnica e outros aspectos.
Quando há interação sintonizada com certo objetivo
comum, surgem redes que fortalecem o desenvolvimento e
o crescimento do capital social, predispondo as pessoas a
participarem e contribuírem, por exemplo, com tempo,
trabalho voluntário e atitudes solidárias, em projetos que
beneficiam a comunidade como um todo, seja com ações
individuais ou coletivas.
119
As pessoas acabam por entender que quando os
membros
de
uma
sociedade
têm
consciência
da
necessidade de atuação coletiva, essa consciência pode
propiciar condições de progresso mediante a constituição
de redes sociais, que são conexões de ideias. O principal
resultado
desse
processo
é
a
percepção
de
que
o
desenvolvimento efetivo de qualquer indivíduo não pode
ser alcançado à custa ou a despeito do desenvolvimento da
comunidade, mas tão somente como parte deste. Dessa
forma, a sensibilização de cada indivíduo da importância de
sua participação passa a assumir o verdadeiro caráter de
alavancagem do bem comum.
Do ponto de vista de Clemente et. al. (2006), a
solução dos problemas da comunidade passa a ser uma
tarefa a ser realizada pelos seus integrantes: o mito de
solução externa milagrosa, conhecido como messianismo,
perde lugar e cada indivíduo passa a se perceber como
elemento
ativo
capaz
de
cooperar
para
os
avanços
desejados. Questões elementares, mas frequentemente
desconhecidas, como: de onde vêm os recursos, porque
certas necessidades não estão sendo atendidas, ou porque
as autoridades parecem incapazes de enfrentar certos
problemas,
como
o
de
segurança
que
atualmente
atormenta a maior parte das comunidades, passam a ser
compreensíveis aos cidadãos.
O modelo de desenvolvimento fundamentado nos
deveres e direitos concebe a cidadania como um processo
120
de construção do bem-estar, liberdade e atendimento às
necessidades
coletivas.
Nessa
construção,
as
ações
coletivas e individuais são consideradas como parte de uma
rede social, em prol do bem comum. Portanto, cidadania
pressupõe
a
organizadas,
existência
cujos
de
membros
sociedades
discutam,
livremente
escolham
e
planejem suas ações de forma solidária.
Sawaia (1994, p. 147), destaca que:
As comunidades se colocam como
espaços privilegiados da passagem da
universalidade ética à singularidade do
gozo e vice-versa, passando pelas
necessidades do coletivo, e garantindo,
assim, a objetivação na vida cotidiana
do princípio da cidadania colocado pela
modernidade contemporânea, que é o
direito de viver a própria vida, ser único
e diferente dos demais, enquanto igual
a todos.
Nesses espaços, os indivíduos aprendem a viver em
sociedade
e
a
decidir
em
conjunto,
discutindo
racionalmente possibilidades concretas de vida melhor e
promovendo no homem, a consciência da necessidade de
se contrapor à hegemonia de interesses corporativistas,
capazes de que desvirtuar a ética, transmutando-a em ética
minimalista e moralidade cínica.
A cidadania agrega valores individuais cuja fusão, por
meio da interação social, contribui decisivamente para a
formação do capital social e elevação do status da
121
comunidade de objeto a sujeito, de modo a tornar-se
protagonista do seu próprio destino.
O PNEF (2004, p. 35, caderno 1), define educação
como:
Um processo de formação do ser
humano que objetiva prepará-lo para a
vida, dotando-o de conhecimento e
habilidades que o tornem capaz de
compreender o mundo e intervir
conscientemente para modificar a
realidade em que vivemos, de modo a
edificar uma sociedade livre, justa e
solidária.
Dessa forma, entende-se que quando os indivíduos
exercem seus direitos e deveres no convívio social fazem
com que estimule a mudança de valores, crenças e culturas
do indivíduo, na perspectiva da formação de um ser
humano integral, como meio de possibilitar o pleno
exercício de cidadania e propiciar a transformação social.
Sobre este aspecto, Lima (2001, p. 46) menciona que
Capital Social pode ser entendido como: “o conjunto de
normas de reciprocidade, informação e confiança presentes
nas redes sociais informais desenvolvidas pelos indivíduos
em sua vida cotidiana, resultando em numerosos benefícios
diretos e indiretos, sendo determinante na compreensão da
ação social”.
Fukuyama (1995) apud Garcia Jr. (artigo s/d, p. 1),
refere Capital Social como: “um conjunto de valores ou
122
normas informais comuns aos membros de um grupo ou de
uma
sociedade,
que
permitem
e
definem
regras
de
cooperação entre eles”. Entende-se assim que, uma vez
estabelecido o padrão de comportamento, os membros que
compõem a sociedade passam a confiar que os outros irão
se comportar de certa forma.
Os
conceitos
mencionados
anteriormente
são
unânimes quanto à interação entre os indivíduos orientada
para despertar sentimentos de responsabilidade em relação
à consecução de objetivos comuns como sendo a essência
do Capital Social.
4 A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA NO
CONTEXTO SOCIAL
Cidadania significa, de acordo com o Dicionário Barsa
de Língua Portuguesa (2005, p. 209), “qualidade ou
condição de cidadão”, e o Dicionário de Ciências Sociais
(1986, p. 177) define como: “o estatuto oriundo do
relacionamento existente entre uma pessoa natural e uma
sociedade política, conhecida como Estado, pelo qual a
pessoa deve a este obediência e a sociedade lhe deve
proteção”.
Para Guimarães (1999, p. 162) apud Peixe (2002,
p.153), “cidadania é a qualidade de cidadão, pessoa que
está no gozo de seus direitos e deveres civis e políticos
garantidos pela Constituição”.
123
Esses conceitos estão amparados pelo Art. 5º da
Constituição Federal, que assim estabelece: “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes...”.
Quanto a esses aspectos, Peixe (2002, p. 154),
sugere:
Compreender cidadania não como um
estado passivo de desfrutar os direitos
conquistados, ou seja, concedidos de
cima para baixo, nem como uma
concepção abstrata, mas uma prática
cotidiana de participação social e
política nos destinos do Estado, com
adoção de atitudes de solidariedade,
cooperação, corresponsabilidade pela
vida social na comunidade, onde o
objetivo maior seja a felicidade e o bem
estar de todos, individual e coletivo.
Acrescenta ainda que “no cotidiano, cidadania pode
ser qualquer atitude natural que implique a manifestação
de uma consciência de pertinência e de responsabilidade
solidária e coletiva”.
A
frequente
referência
aos
direitos
individuais
assegurados pela Constituição não deveria ser entendida
como destaque destes sobre os deveres e as obrigações do
indivíduo para com a sociedade. A consciência dos deveres
sociais trás consigo a noção de responsabilidade social em
124
relação ao bem comum e a disposição de participar dos
esforços
necessários
para
atender
às
necessidades
coletivas.
5
A
IMPORTÂNCIA
DO
MEIO
AMBIENTE
NA
ATUALIDADE
Não se pode falar em responsabilidade social sem se
preocupar
com
o
meio
ambiente,
haja
vista
que
a
convivência social forma esse meio e dele a sociedade é
dependente.
acadêmicos
ambiente,
Discutem-se
da
necessidade
tendo
em
vista
atualmente
de
que
nos
preservação
com
o
meios
do
meio
crescimento
econômico há uma crescente demanda pelo consumo de
energia e recursos naturais, os quais se não forem
utilizados com qualidade e responsabilidade poderá se
esgotar.
Por essas razões, a necessidade de administrar os
recursos naturais e os bens comuns à sociedade é fator
preponderante de cada ser humano, do qual deve ser feito
com muita eficiência, principalmente quando se trata do
uso eficiente de energia, água e outros recursos evitando o
desperdício.
Como exemplo, o simples ato de apagar uma lâmpada
economiza-se
não
somente
energia,
mas
recursos
financeiros e, principalmente a água dos reservatórios das
usinas hidrelétricas, tendo em vista que a energia não tem
125
origem de estoque, mas da produção simultânea em função
do consumo.
Estudos
têm
demonstrado
que
em
nome
do
desenvolvimento econômico não se pensa duas vezes em
destruir, com resíduos químicos, um riacho que passe
próximo de uma fábrica ou abusar dos agrotóxicos para se
obter
uma
maior
produção
e
até
mesmo
desmatar
florestas.
O
livro
Primavera
Silenciosa,
da
bióloga
Rachel
Carson, publicado em 1962, reunia uma série de narrativas
sobre as desgraças ambientais que estavam ocorrendo em
várias partes do mundo, promovidas pelo modelo de
“desenvolvimento” econômico então adotado, e alertava a
comunidade internacional para o problema. Rios mortos,
transformados em canais de lodo, o ar das cidades
envenenado pela poluição generalizada, destruição de
florestas,
solos
envenenados
por
biocidas,
águas
contaminadas e tantas outras mazelas compunham, enfim,
um quadro de devastação sem precedentes na existência
humana.
Dois
Universidade
convívio
projetos
Estadual
social,
em
de
mostra
desenvolvimento
Maringá
a
sua
estão
na
voltados
preocupação
ao
para
a
construção de ambientes saudáveis, visando à realização
do valor da sustentabilidade.
O
primeiro,
denominado
Cidadania
com
Responsabilidade Social, visa contribuir com a mudança de
comportamento e tem como finalidade agir perante a
126
comunidade
universitária,
no
sentido
de
sensibilizá-la
quanto aos aspectos de facilitar a reciclagem de materiais,
racionalizar o consumo de água e energia, conservar a
limpeza dos pátios, evitando doenças como a dengue.
O segundo denominado Programa de gerenciamento
de resíduos químicos – Pró-Resíduos têm como principais
objetivos:
 quantificar
e
qualificar
os
diversos
resíduos
gerados na UEM (Campus sede e extensões);
 desenvolver
tecnologia
para
passivação,
reaproveitamento e descarte final de maneira
ecologicamente
sadia
aos
diversos
resíduos
gerados;
 desenvolver,
nortear
e
determinar
as
ações
necessárias para o cumprimento da legislação do
meio ambiente;
 orientar, fiscalizar e propor medidas tecnicamente
corretas e seguras para o descarte de resíduos
em geral;
 proceder à segregação, tratamento, passivação
dos resíduos infectantes, químicos, radioativos,
efluentes (atualmente estocados nos diversos
laboratórios e setores da UEM que perderam a
rastreabilidade)
e
encaminhar
para
aterro
industrial os não recuperáveis;
 incentivar, articular e sistematizar as atividades
relacionadas
ao
gerenciamento
de
resíduos,
127
desenvolvidos no programa; etc. (Dados obtidos
na
página
br/programa
http://www.proresíduos.
de
gerenciamento
de
uem.
resíduos
químicos – Pró-Resíduos.htm em 04.11.08).
Projetos como esses têm para o serviço público valor
significante,
uma
vez
que
além
de
serem
políticas
institucionais capazes de implementar novos estímulos
cognitivos
para
viabilizar
a
construção
de
ambientes
saudáveis, não tem a preocupação de fazer marketing
tendo
um
significado
maior,
a
cidadania
e
a
responsabilidade da mudança para uma melhor qualidade
de vida.
A Constituição Brasileira, no seu artigo 225 diz que
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a
presente e futuras gerações”.
Por essas razões desenvolver o processo de formação
humana e social na academia se torna fator principal para
que o egresso não saia da universidade somente com o
conhecimento técnico, mas com uma formação voltada aos
aspectos da cidadania no que se refere aos deveres e
direitos no convívio social.
128
6
UNIVERSIDADE
ESTADUAL
DE
MARINGÁ:
UM
PATRIMONIO PÚBLICO QUE DEVE SER PRESERVADO
O patrimônio tangível e intangível da Universidade
Estadual de Maringá e tido como um patrimônio público,
cuja
missão
é
“produzir
conhecimento
por
meio
da
pesquisa; organizar, articular e disseminar saberes por
meio do ensino e da extensão, para formar cidadãos,
profissionais e lideranças para a sociedade”; sua Visão de
Futuro visa “Tornar a UEM, nos próximos cincos anos, uma
instituição de excelência na formação de profissionais e
pesquisadores, capazes de atender às necessidades e aos
anseios
da
sociedade,
de
forma
geral,
e
aos
das
comunidades onde está inserida”. (Dados obtidos da página
virtual http://www.scs.uem.br/2005/cou/021cou2005.htp).
Esse patrimônio pertence a toda sociedade, seja
aquela que compõe internamente sua estrutura ou mesmo
a externa, sendo de responsabilidade de todos os deveres
de cuidar e preservar para sua continuidade.
De acordo com o Minidicionário Caldas Aulete (2004,
p. 600), patrimônio significa “conjunto de bens de uma
pessoa, família ou instituição”. Esses bens podem ser
corpóreos (bens físicos) e incorpóreos (bens intangíveis).
Segundo o Vocabulário Jurídico (2003, p. 215), “...bens
incorpóreos são os que não têm existência concreta.
Referem-se a entidades abstratas, que, embora possam ser
objeto de direito, e deles se possam sentir os resultados,
129
não possuem qualquer materialidade, em que se possa
tocar ou apalpar, ou se sinta ou se veja. São bens de
existência imaterial, impalpável, invisível”.
Os bens intangíveis (incorpóreo) da Universidade
Estadual de Maringá estão representados pelo capital
humano
de
aproximadamente
4.165
mil
servidores,
formados por professores e técnicos administrativos, bem
como por 13.477 acadêmicos. (Dados obtidos na PróReitoria
de
Recursos
Humanos
e
Assuntos
Comunitários/Diretoria de Pessoal/Divisão de Controle de
Pagamento e Diretoria de Assuntos Acadêmicos (DAA).
Clemente et. al. (2006) argumentam que do ponto de
vista
social,
entende-se
que
todo
cidadão
é
parte
corresponsável pela autossobrevivência e, neste sentido na
interação consciente das ações e atitudes no convívio
social, cria-se o capital social como sendo um conjunto de
valores e atitudes que favorecem o desenvolvimento. Esse
conjunto de valores, por não ser corpóreo, pode ser
considerado um Ativo Intangível que necessita de ações de
sensibilização para proporcionar benefícios incrementais no
desenvolvimento sustentável.
É nesse sentido que o projeto denominado Cidadania
com Responsabilidade Social, em desenvolvimento na
Universidade Estadual de Maringá está focado, ou seja, está
investindo
no
seu
Ativo
Intangível
para
minimizar
problemas por meio da sensibilização e conscientização de
todos os cidadãos que convivem no ambiente universitário.
130
Entre as diversas ações que atualmente estão sendo
desenvolvidas para atender os objetivos do projeto, podese destacar:
a) identificação
dos
disseminadores
para
compor
a
equipe de trabalho;
b) fotografar salas de
utilização,
no
aula antes e
sentido
de
após sua
constatar
sua
organização antes e após o uso;
c) realização
de
atividades
com
zeladoria
e
encarregados de manutenção da UEM no sentido
de levantar informações sobre os problemas mais
frequentes enfrentados pelos mesmos e com
possibilidade de solução através de orientações;
d) aplicação
de
professores
questionário
para
levantar
para
alunos
informações
e
sobre
problemas encontrados;
e) estabelecimentos de estratégias para solucionar
problemas
(organização
detectados
de
salas,
nos
itens
limpeza
anteriores
de
salas,
manutenção prevenção de prédio e mobiliários,
proteção de acessórios, separação de materiais
recicláveis etc.);
f) participação
em
reunião
do
Conselho
Departamental expondo os objetivos do projeto;
g) participação em reunião dos Departamentos, que
permitirem, para expor os objetivos do projeto;
131
h) reunião
com
coordenadores
pedagógicos
dos
cursos que integram o CSA expondo os objetivos
do projeto;
i) confecção
de
material
de
sensibilização
e
divulgação;
j) realização
de
reuniões
com
técnicos
administrativos para discutir e implementar ações
visando a sensibilização para a necessidade da
mudança do ambiente em que convivem;
k) avaliação periódica das mudanças ocorridas em
função das atividades desenvolvidas pelo projeto.
(Dados obtidos do Projeto nº 13.270/2007-PRO –
Cidadania com Responsabilidade Social).
As ações do projeto Cidadania com Responsabilidade
Social podem ser consideradas fator relevante na formação
do capital social da comunidade universitária, haja vista
que possibilita mudança de comportamento, bem como
sensibilizar os futuros profissionais que serão colocados no
mercado quanto à formação do exercício da cidadania.
Diante
deste
contexto
de
que
o
processo
de
investimento na formação do cidadão, como ser humano
consciente de seus deveres e direitos, gera o capital social
facilitador dos mecanismos de continuidade sustentável da
sociedade e esse capital pode ser considerado um ativo
social intangível, entende-se que a formação, a confiança e
as ações de reciprocidade são consideradas os ativos
132
intangíveis mais importantes para solução de problemas
comuns de uma sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante
do
objetivo
deste
artigo
em
discutir
a
responsabilidade social como exercício de cidadania voltado
à preservação dos bens públicos da UEM, tanto os tangíveis
como
os
intangíveis,
pode-se
concluir
que
existem
iniciativas de discussões empreendedoras na busca de
sensibilizar
a
comunidade
universitária
a
exercer
a
cidadania quanto aos deveres e direitos na convivência
social, cujos resultados possam interferir positivamente na
conservação dos bens públicos da UEM, sejam por meio de
ações coletivas ou individuais por meio de mudança de
comportamento de seus membros.
Também foi possível perceber que por meio da
sensibilização e conscientização das ações de cada membro
que
o
capital
humano
adquirido
de
cada
cidadão
proporciona o aumento do “estoque” do capital social como
um ativo intangível e tão necessário ao desenvolvimento
integrado.
Através
de
um
relatório
sobre
os
resultados
alcançados durante o ano de 2008 do projeto Cidadania
com Responsabilidade Social, foi possível verificar aspectos
relevantes do comportamento de cidadãos, tanto com
exemplos
práticos
quanto
testemunhos
de
ações
de
133
cidadania, e que diante dessa percepção de mudança
comportamental, alguns departamentos e setores da UEM
demonstraram interesse em implantá-lo em suas áreas de
atuação.
Outro
resultado
positivo
do
projeto
refere-se
à
reivindicação junto a Diretoria de Manutenção da UEM para
colocação de lixeiras para coleta de pilhas e baterias a ser
entregue
para
destinação
o
Departamento
adequada,
de
protegendo
Física
o
que
meio
dará
ambiente.
Também houve depoimentos de servidores da zeladoria que
após a apresentação do projeto, constataram-se mudanças
de organização nas salas de aulas, no que se refere ao
estado das mesmas antes e depois de sua utilização,
facilitando o serviço das zeladoras, bem como o tempo
gasto para a limpeza das salas.
Essas ações têm contribuído com a preservação dos
móveis e equipamentos utilizados pela instituição nas salas
de aulas, consequentemente, poderá ocasionar redução de
gastos
com
a
manutenção
de
móveis,
cortinas,
ventiladores, materiais de consumo.
A
prática
da
responsabilidade
social
requer
não
somente a prática do exercício de cidadania quanto aos
direitos
e
deveres,
mas
também
uma
mudança
de
comportamento, principalmente nas organizações públicas
pelo fato de que a maioria entende que a “coisa pública”
não tem dono e esse paradigma converge para gerar
desperdício de tempo, materiais, recursos humanos e
134
financeiro, cujas consequências são revertidas em prejuízo
dos próprios cidadãos que financiam tais recursos por meio
dos tributos.
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ISNN 2236-9953 REVISTA FCV EMPRESARIAL Revista Eletrônica