Comportamento Organizacional - Desafios da Gerência do Agronegócio A princípio, nos parece bastante óbvia a ideia de que o mundo, hoje, gira, basicamente, no sentido da mudança que sinaliza: maior conforto, maior agilidade, maior destreza e maior flexibilidade nos contatos interpessoais. Consequentemente, instala-se uma mudança de mentalidade na cabeça de todo e qualquer colaborador. Sua lealdade à organização ganha novo desenho. Sua fidelidade está voltada à eficácia da execução da tarefa, mas não enquanto tarefa pura e simples, mas principalmente na aplicação de sua criatividade e no desenvolvimento da mesma. A valorização das competências do empregado deverá ganhar destaque. Todo e qualquer empregado deverá ser visto como candidato natural à auto realização. As relações entre empresas, colaborando entre si para maior ajuste de seus produtos e serviços, bem como as relações entre empregados – procurando estabelecer a ajuda mútua aos seus problemas comuns –, farão parte da qualidade global, criando a noção de parceria e envolvimento de todos com os vários negócios. A gerência moderna deverá enfrentar – nesse novo milênio – uma mudança cultural que mexerá com os valores, costumes, paradigmas e, consequentemente, com o comportamento do homem. Com o cenário diferenciado, não bastará mais orientar o subordinado na execução eficaz da tarefa. O prioritário será a preparação de homens que possam ser parceiros de um negócio, envolvidos com os lucros e preocupados com os prejuízos das organizações. Este, certamente, será um outro tempo que terá o desenvolvimento do indivíduo como principal foco de qualquer negócio. O papel de supervisor, historicamente falando, evoluiu no sentido de isolar na organização aqueles mais capacitados a exercerem o poder inerente a cada cargo na estrutura hierárquica. Portanto, foram sendo criadas e abrigadas rias empresas pessoas (gerentes) com posturas semelhantes de ação. Devido à forte influência do movimento mecanicista (tayloriano), que valorizava mais o sistema do que a colaboração humana instalou-se, inevitavelmente, na organização uma escola de gerência autoritária – com o poder centralizado na figura do chefe. Esse sistema, logicamente, deverá ser extinto, por ser individualista e extremamente centralizador – deixando de lado todo o potencial criativo do subordinado. A coordenação terá um papel de educar, onde o ambiente de trabalho seja saudável – com espaço para que todos possam falar e agir livremente – a relação interpessoal seja sempre voltado ao atendimento integral do cliente e às necessidades específicas do negócio. Educação e conscientização serão palavras que nortearão o trabalho de executivos e seguidores. Para esse milênio, poderemos retomar o conceito de liderança, pois será possível, com certeza, a identificação, por parte dos seguidores, dos líderes naturais e autênticos, capazes de tornar a relação de trabalho estimulante, prazerosa e realizadora. Em função desse novo executivo, cuja ação estará voltada para estimular a potencialização e maximização da capacidade criativa do homem, terá mais sentido e lógica falar-se de participação nos lucros e, também, na distribuição de responsabilidades atreladas ao sucesso do negócio. Será possível dispor de uma escala hierárquica mais enxuta, favorável a um crescimento uniforme e acessível a todos aqueles que farão do trabalho um ato de criação constante. Uma administração focada nos resultados permitirá projetar um futuro de igualdade salarial. Pode-se esperar, no entanto, que a participação do trabalhador no lucro da organização seja, portanto, expressiva e altamente estimulante à manutenção de uma conduta consciente, responsável e profissional. Essa remuneração se dará de forma variável e alcançará aqueles que lutaram e foram parcialmente responsáveis pelo êxito operacional e financeiro da organização. À medida que a era da qualidade for introduzindo mudanças estruturais, as empresas que já têm alcance para perceber esse processo de mudanças e que, por isso já se empenham em educar seus executivos nessa linha, colocarse-ão bem distantes daquelas que ainda não se aperceberam da urgência de adotarem mudanças vitais que lhes garantirão lugar no terceiro milênio. A capacidade de antever as mudanças, mediante a captação de sinais emitidos por um mundo em transição, é fundamental para facilitar o processo de adaptação aos novos tempos que emergirão. Empresas e executivos que não se ligarem nisso, estarão correndo sério risco. O gerente que está por vir, ao invés de impor sua autoridade sobre seus comandados, será capaz de transferi-la àqueles que demonstrem capacidade. A relação de subordinação será um ato natural: sem criar desgastes, frustrações, agressões e, principalmente, omissões. A participação no trabalho será mais ativa, propiciando maior aceitação da relação gerente-subordinado. Os talentos poderão desenvolver-se em favor da empresa. Cada empregado passará a assumir riscos, não por imposição, mas por um sentimento de desejo impregnado de motivação. Aceitar desafios e enfrentá-los fará do trabalhador um ser consciente, estimulando-o a dar o melhor de si no cumprimento das suas tarefas. Os grandes problemas de relacionamento hoje existentes desaparecerão. Um sistema de comunicação haverá de ser criado, a fim de colocar ao alcance de todos informações básicas ligadas às conquistas, aos objetivos e aos rumos da organização. Os pilares, ou linhas de atuação, serão do domínio de todos e, não, prerrogativa da cúpula. O sucesso de cada indivíduo não mais estará em descompasso com o crescimento da organização. Estes, certamente, serão alguns dos principais desafios que estarão presentes no novo cenário da Gerência Moderna. José Carlos Caires Técncio de Nível Superior II - EMBRAPA/CPATC