CANELA-DA-CHINA
Cinnamomi cortex
Cinnamomum cassia Blume – LAURACEAE
A droga vegetal é constituída da casca, deve conter no mínimo 1% de óleo essencial. O óleo
essencial é constituído de, 70 a 90 % de trans-cinamaldeído.
SINONÍMIA CIENTÍFICA
Cinnamomum aromaticum Nees
CARACTERES ORGANOLÉPTICOS
Possui odor aromático característico, seu sabor é menos doce, levemente mucilaginoso e menos
aromático que o da canela-do-Ceilão.
DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
O material desidratado apresenta a casca na forma de fragmentos com um a dois centímetros de
largura, três a sete centímetros de comprimento e um a dois milímetros de espessura. A superfície
correspondente à região do floema possui coloração castanho-clara ou vinácea e textura lisa
homogênea. A face oposta, correspondente ao ritidoma, possui coloração parda, castanha ou
acinzentada com manchas ou estrias e lenticelas e textura rugosa, mas suave. A fratura pode ser
perpendicular à superfície ou em ângulo; a face de fratura dos fragmentos é plana a levemente
irregular.
DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
A casca possui tecidos de origem primária, principalmente tecido cortical, e secundária, tecidos
derivados do câmbio vascular e felogênio. O felogênio aparentemente é unifacial e de origem
superficial, cujas células são alongadas tangencialmente na seção transversal, acumulam compostos
fenólicos e não são vacuoladas. A camada mais interna do felema possui células cujas paredes
periclinais externas são espessas, suberizadas e levemente papilosas; centrifugamente ocorrem
séries compactas de células esclerenquimáticas, com duas a oito células de espessura, alongadas
tangencialmente, quando observadas através da seção transversal. Externamente ao felogênio ativo
são observados dois a três camadas de ritidoma em escamação. Lenticelas são comuns.
Internamente ao felogênio ocorrem células pétreas as quais podem estar isoladas ou em grupos e
células com espessamento parietal assimétrico, onde a parede periclinal externa usualmente não é
espessada. Na região interna do tecido cortical primário ocorre uma faixa contínua, e irregular de
células pétreas, com duas a dez células de espessura; as células pétreas nesta região possuem
paredes espessas. A porção média do tecido cortical primário é composta por parênquima com
espaços intercelulares esquizógenos e acúmulo de material mucilaginoso em alguns destes espaços.
Alguns idioblastos com óleos são observados além de grande quantidade de células contendo grãos
de amido simples predominantemente, ou compostos. Predominam na região cortical idioblastos
fenólicos. O floema secundário possui além dos elementos de tubo crivados e células companheiras,
grande quantidade de parênquima, incluindo parênquima seriado e fibras libriformes esparsas e
usualmente isoladas. Os raios são predominantemente heterocelulares, podendo ocorrer raios
homocelulares, com duas células de largura, raro três, e cinco a 18 células de altura, onde é usual
ocorrer idioblastos fenólicos com grande concentração de cristais aciculares de oxalato de cálcio
similares a ráfides; a melhor observação dos cristais é realizada em 1000 aumentos; tais cristais
também são observados nos tecidos parenquimáticos primários. São observados também,
idioblastos contendo óleos, além de células mucilaginosas. O floema não é estratificado; as placas
crivadas possuem uma única área crivada, são retas ou com diversos tipos de inclinação. Na porção
externa do floema a dilatação do tecido se dá através de proliferação dos raios e crescimento
tangencial de suas células, sendo que este tecido de expansão não acumula compostos fenólicos.
DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA DO PÓ
O pó, de coloração castanha, é composto por grãos de amido que aparecem na forma isolada,
agrupada ou no interior de células. Cristais dissociados também são elementos encontrados com
grande freqüência, podendo ser visualizados na forma prismática, com ápices truncados, menores
que os grãos de amido de tamanho médio, ou ainda muito pequenos, na forma acicular. Os
esclereídes são observados tanto dissociados quanto compondo fragmentos de tecido; apresentam-se
na forma de células pétreas. Os esclereídes colunares, bastante freqüentes em C. zeylanicum, não
são abundantes nessa espécie. Os elementos de condução do floema não são facilmente
diferenciados. A maior parte dos fragmentos de tecido encontrados, de aspecto parenquimatoso,
apresentam células com abundância de grãos de amido.
IDENTIFICAÇÃO
Proceder conforme descrito em Cromatografia em camada delgada (V.2.17.1), utilizando sílicagel GF 254, com espessura de 0,25 mm, como suporte, e mistura de metanol: tolueno (10:90), como
fase móvel. Aplicar, separadamente, à placa, em forma de banda, 10 µl das soluções, teste, (1), e 10
µl da solução de referência (2), recentemente preparadas, descritas a seguir.
Solução Teste (1): dissolver 0,5 ml do óleo essencial a ser examinado em acetona e diluir a 10 ml
com o mesmo solvente.
Solução de Referência (2): dissolver 10 µl de eugenol SQR em acetona e diluir até 10 ml com o
mesmo solvente.
Desenvolver o cromatograma por um percurso de 15 cm. Remover a placa, deixar secar ao ar.
Examinar sob luz ultravioleta (364 nm). Uma mancha fluorescente azul é atribuída à cumarina (Rf
de aproximadamente 0,55). Nebulizar a cromatoplaca com solução de anisaldeído SR e deixar em
estufa entre 100°C e 105 ºC, por 5 minutos. O cromatograma obtido com a solução de referência
uma zona de coloração cinza escura (eugenol) em Rf de aproximadamente 0,5. O cromatograma
obtido com a solução amostra mostra zona violácea, logo acima da mancha do padrão de eugenol,
em Rf 0,6 que corresponde ao trans-cinamaldeído. Outras zonas tênues podem estar presentes.
ENSAIOS DE PUREZA
Índice de refração (V.2.6): De -1,0 a +1,0
Poder rotatório específico (V.2.8): De 1660 a 1614°
Densidade relativa (V.2.5): De 1,010 a 1,065
Perda por dessecação (V.2.9): No máximo 15%
Cinzas sulfatadas (V.4.2.10): No máximo 5%.
DOSEAMENTO DO ÓLEO ESSENCIAL
Proceder conforme descrito em Determinação de óleos essenciais (V.4.2.6). Utilizar balão de
1000 ml contendo 500 ml de água como líquido de destilação e 0,5 ml de xilol. Utilizar 50 g da
droga moída e destilar à velocidade de 3 a 4 ml por minuto, por 4 horas. O teor de óleo essencial
não deve ser inferior à 1%.
DOSEAMENTO DE TRANS-CINAMALDEÍDO
Proceder conforme descrito em Cromatografia a gás (V.2.17.5). Utilizar cromatógrafo provido de
detector de ionização de chamas, utilizando mistura de nitrogênio, ar sintético e hidrogênio (1:1:10)
como gases auxiliares à chama do detector; coluna capilar de 30 m de comprimento e 0,25 mm de
diâmetro interno, preenchida com polidifenildimetilsiloxano, com espessura do filme de 0,25 µm;
temperatura da coluna de 60 °C a 300 °C, a 3 °C por minuto (total: 80 minutos); temperatura do
injetor a 220 °C; temperatura do detector a 250 °C; hélio a 80 kPa de pressão, como gás de arraste;
fluxo do gás de arraste de 1 ml/minuto.
Solução amostra: diluir o óleo essencial obtido em Óleos essenciais na razão de 2:100 em éter
etílico.
Procedimento: injetar 1 µl desta solução no cromatógrafo a gás, utilizando divisão de fluxo de
1:50. O trans-cinamaldeído e o cis-cinamaldeído apresentam tempos de retenção linear (Índice de
Kóvats) de 1.270 e 1.219, respectivamente. As concentrações relativas são obtidas por integração
manual ou eletrônica. Calcular o Índice de Kóvats (IK), segundo a expressão:
IK = 100 × n +
100 × (trx − trz )
(trz +1 − trz )
em que
n = número de átomos de carbono do alcano de menor peso molecular,
trx = tempo de retenção do composto “x” (intermediário a trz e trz+1),
trz = tempo de retenção do alcano com “n” carbonos,
trz+1 = tempo de retenção do alcano com “n +1” carbonos.
EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO
Em recipientes, bem-fechados, ao abrigo da luz e calor.
ROTULAGEM
Observar a legislação vigente.
LEGENDA
Figura: Cinnamomum cassia (L.) C. Presl – A. aspecto geral de porção da casca; B. aspecto
histológico de porção externa da casca através de seção transversal; brq. Braquisclereídes; rp. raio
parenquimático; etc. elemento de tubo crivado; C. detalhe de um idioblasto contendo cristais
aciculares de oxalato de cálcio; cr. cristal; D. detalhe de fibra; fb. Fibra; par. parênquima. Escala
em: A = 5mm, B = 40 µm, C = 10µm, D = 20µm.
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