APLICAÇÃO DE MODELO DE REFERÊNCIA EM PROCESSOS DE ENSINO E APREDIZAGEM EM DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS. Marcos Martins Borges – [email protected] Professor Associado I, Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica. Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF. Faculdade de Engenharia, 4ª Plataforma Setor de Tecnologia – Sala 4156 Rua José Lourenço Kelmer, s/n – Campus Universitário, Bairro São Pedro. CEP: 36036900 – Juiz de Fora - MG Amanda Schelgshorn Pereira – [email protected] Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído. Universidade Federal de Juiz de Fora, PROAC. Rua Catulo Breviglieri, 30 – Bairro Santa Catarina CEP: 36036110 – Juiz de Fora - MG Resumo: O projeto de um produto é constituído pela reunião de atividades interdisciplinares e simultâneas, a fim de observar as oportunidades do mercado para conceber produtos dentro das necessidades de seus usuários. No processo de desenvolvimento de produtos (PDP) diversas informações são reunidas, sobretudo as que envolvem novas tecnologias, para o lançamento de produtos diferenciados de soluções eficientes. Nesse contexto é de vital importância o estudo de métodos e técnicas para otimização e organização dos processos envolvidos durante o projeto do novo produto. Neste sentido, este artigo objetiva realizar uma revisão de literatura a cerca da metodologia de PDP dos autores ULRICH & EPPINGER (2012), assim como os conceitos relacionados a desenvolvimento integrado de produto. Posteriormente é apresentado um estudo de caso de uma atividade didática realizada durante a disciplina de Engenharia de Produto I, no curso de Engenharia de Produção da UFJF. Essa atividade procura consolidar as bases teóricas, como a realização do projeto de um produto, no qual é aplicada a metodologia anteriormente citada. Palavras-chave: Desenvolvimento Metodologia de Projeto. 1. de Produto, Atividade Didática Projetual, INTRODUÇÃO Atualmente verifica-se cada vez mais a importância da inovação e estratégias para o desenvolvimento, tanto do ponto de vista do mercado, quanto da academia e do setor público. Neste cenário, ressalta-se a importância e a necessidade da formação de profissionais competentes na área de desenvolvimento de novos produtos com uma articulação eficaz entre conhecimento teórico e seu contexto de aplicação. Neste sentido, este artigo relata as experiências em desenvolvimento na disciplina Engenharia do Produto I, do curso de Engenharia de Produção da UFJF, aonde se articulam os conceitos teóricos do Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP), com sua aplicação prática no desenvolvimento de um conceito de produto para um equipamento de uso comum em sala de aula. Para tanto é apresentado inicialmente uma revisão teórica acerca do PDP para depois se realizar o relato das experiências em desenvolvimento. Por fim são apresentadas algumas considerações finais e diretrizes para futuras pesquisas. 2. DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PRODUTO O setor industrial vem sofrendo profundas modificações, ao passar por uma completa reestruturação produtiva, através de inovações técnicas, operacionais e mercadológicas. Assim, os setores de produção, recursos, comunicação e processo de fabricação acenderam a um novo padrão produtivo, no qual, a inovação e o design apresentam papel fundamental na competitividade industrial. A inovação tornou-se o ingrediente vital para o sucesso de uma empresa, impulsionando importantes modificações no processo de projeto (ROMEIRO FILHO et al., 2010). A economia de livre mercado apresenta uma dinâmica baseada na competição entre empresas, objetivando a superação de marcas consagradas no mercado. Nesse sentido, as empresas precisam introduzir continuamente novos produtos, a fim de impedir que os competidores mais agressivos controlem expressivamente boa parcela dos negócios. Devido aos lançamentos de produtos globalizados e de políticas internacionais para abertura dos mercados, aumentaram significativamente as pressões competitivas advindas do exterior. Assim, para dinamizar a produção de inovações, observa-se a estratégia gerencial baseada no encurtamento da vida útil do produto, tendo em vista a introdução rápida de novas versões no mercado. Essa prática foi inicialmente adotada pelos japoneses, sendo copiada posteriormente nos países ocidentais. Como resultado, todos os competidores devem esforçar-se para a produção e o desenvolvimento mais rápido (BAXTER, 2011). Historicamente, acreditava-se que o êxito na criação de produtos inovadores estava relacionado a laboratórios de pesquisas com profissionais altamente capacitados, que tinham a sua disposição grandes recursos financeiros. Considerava-se que, pelo alto grau de incerteza nas experimentações, caracterizadas pelas práticas de tentativa e erro, e pelo processo criativo, qualquer tentativa de gestão poderia atrapalhar a obtenção de resultados positivos. Ao longo do tempo, esse pensamento modificou-se com as práticas de gerenciamento. Assim, mesmo havendo especificidades, como: a incerteza, a baixa previsibilidade e a exigência da criatividade são possíveis planejar e controlar as atividades envolvidas, para resultados mais eficientes (ROZENFELD et al., 2006). Atualmente, verifica-se a demanda por produtos diversificados com menor escala produtiva. No qual, o tempo de lançamento ser tornou crucial para o sucesso nas vendas. Assim, a capacidade de responder rapidamente a expectativas dos consumidores, agregando continuamente valores a novas versões, se tornou objetivo fundamental, e também a sustentabilidade. O processo de desenvolvimento de produto (PDP) pode ser definido como um conjunto de atividades que buscam conciliar as necessidades do mercado, as restrições tecnológicas existentes e as estratégias comerciais das empresas, para a criação, inovação e aprimoramento de novos produtos. Seu principal objetivo é antecipar o lançamento de novas tecnologias, propondo soluções mais eficientes, que tenham qualidade e preço competitivo (ROZENFELD et al., 2006). O PDP apresenta-se como uma atividade de grande complexidade que necessita na maioria dos casos, da integração entre equipes multidisciplinares. Este caráter multidisciplinar auxilia na produção de um projeto completo, que agrega diversas áreas de conhecimento. O processo exige um esforço significativo para o gerenciamento das informações, necessitando desde conhecimentos explícitos em livros, tabelas, e manuais, a conhecimentos implícitos referentes à experiência e habilidade do projetista. Observa-se no PDP a elaboração de projetos incrementais para incorporação de pequenas modificações a um artefato já existente. Essas pequenas inovações reunidas transformam radicalmente o produto inicial (BORGES, 2004). Por existir diversas abordagens e definições para PDP, abaixo, se destaca algumas destas: 1. Desenvolvimento de produto é o processo no qual uma empresa reuni diversas informações a respeito da tecnologia pretendida e o mercado consumidor, para a produção comercial (CLARK e FUJIMOTO, 1991). 2. O processo de desenvolvimento de projeto é caracterizado por atividades cooperativa, multidisciplinares e faceadas, que tem por base o planejamento em três aspectos: o teor do processo, o estabelecimento de um cronograma e os custos de produção (PAHL et al., 2005). 3. O projeto de um produto é a reunião de atividades interdisciplinares, observando as oportunidades do mercado para conceber produtos, dentro do processo caracterizado por planejamento, desenvolvimento da concepção, projeto dos sistemas, projeto detalhado, experimentação e produção-piloto (ULRICH & EPPINGER, 2012). Nesse sentido, o desenvolvimento de produto integrado é representado por um conjunto de novas abordagens, que foram desenvolvidas ao longo dos anos 80 e 90, tendo em vista, o aprimoramento da prática sequencial. No processo integrado estão inseridas algumas abordagens conceituais como a Engenharia Simultânea, o Processo Lean e o Stage-Gates. Todos esses conceitos objetivam o desenvolvimento simultâneo de várias etapas do processo, para a resolução rápida de conflitos e a redução do tempo de lançamento do produto (ROZENFELD et al., 2006; SLACK et al., 2009). O PDP integrado apresenta diversos conceitos relacionados à simultaneidade do processo, a produção do projeto aliada constantemente ao controle e revisão, além do grande uso de projetos plataforma para facilitar a variabilidade de produtos. Basicamente, o PDP integrado apresenta as seguintes etapas: concepção de ideias, investigação preliminar, fase de desenvolvimento, prototipagem e lançamento (ROZENFELD et al., 2006; SLACK et al.; 2009 ROMEIRO FILHO et al., 2010; CORRÊA et al., 2012). Ressalta-se que nas diversas metodologias para PDP é comum haver maturidade das fases para o prosseguimento do processo. Isto é, para evitar futuras correções, o projeto é checado e revisado várias vezes, sendo liberado para fase posterior, após estar suficientemente definido. Observa-se também, que alguns modelos de PDP estão restringidos ao processo técnico de projeto, enquanto outros apresentam uma abordagem de planejamento de negócios associado ao processo. É importante destacar que as fases propostas pelos diferentes autores costumam não apresentar limites claros, embora tenham objetivos específicos (CODINHOTO, 2003). 2.1. Modelo para PDP de ULRICH & EPPINGER (2012) Ulrich & Eppinger (2012) desenvolveram uma metodologia de caráter interdisciplinar, que incluiu a participação de estudantes de graduação em design industrial, engenharias, e estudantes de MBA. Na qual, a proposta foi aplicada no MIT (Massachusetts Institute of Technology), com primeira publicação em 2000. Esse modelo tem o processo organizado nas fases de Planejamento, Desenvolvimento do Conceito, Projeto dos Sistemas, Projeto Detalhado, Teste / Refinamento e Produção Ramp up. Durante o processo, os autores propõem o desenvolvimento de tarefas em quatro áreas de conhecimento, no caso: Marketing, Design, Manufatura e Custos como demonstrado no Quadro 1, a seguir. Quadro 1: Modelo de PDP proposto por ULRICH & EPPINGER, (2012). Marketing Design Manufatura Planejamento Desenvolvimento do Conceito Projeto dos sistemas Projeto Detalhado Entender o quê os clientes precisam. Identificar características do produto. Identificar competidores. Desenvolver plano de produção. Desenvolver Produto de Plataforma. Realizar o Plano de marketing máster Desenvolver arquitetura do produto. Definir componentes. (Subsistemas Engenharia) Definir parte da geometria. Escolher materiais Documentar e controlar processo Identificar os fornecedores de componente chave. Executar analise de Definir produção das peças. Desenhar ferramentas. Definir a Oportunidades do mercado. Definir seguimento do mercado. Considerar a plataforma de produto e arquitetura. Pesquisar novas tecnologias. Identificar restrições de produção. Definir estratégias da Desenvolvimento de conceitos iniciais. Conceitos de design industrial. Construir e testar protótipos dos conceitos. Estipular custo de produção. Avaliar a viabilidade de produção. Teste e Refinamento Prod. Ramp up Realizar estratégias para o lançamento. Facilitar o teste de campo. Testar o produto com clientes chave. Testar desempenho. Obter aprovações regulatórias. Estudo de impacto ambiental. Implementar mudanças no design. Facilitar os fornecedores. Refinar processos de fabricação. Trenar mão de obra. Avaliar os resultados da produção antecipada Começar pleno funcionamento da produção cadeia de suprimento Custos Gereciamento e alocação de recursos Planejamento de custos Investigação de patentes Analisar viabilidade econômica compra. Definir esquema de montagem final. Identificar serviços e insumos garantia. Aquisição de peças mestres. Assegurar qualidade de fabricação - Desenvolver plano de vendas Viabilizar compra de componentes Gerenciar pós venda. A seguir são apresentados os principais temas abordados nos capítulos da proposta, organizados no processo proposto pelos autores, como observados na figura 1: Figura 1: Temas Abordados no PDP. Fonte: Adaptado de ULRICH & EPPINGER (2012). Outro ponto importante esta metodologia, está na seleção dos conceitos. Nessa seleção, Ulrich e Eppinger (2012) apresentam uma matriz de avaliação, onde as soluções e oportunidades encontradas são ranqueadas e comparadas em relação a um conceito de referência – produto padrão da indústria. Assim, cada solução é apreciada e avaliada dentro de parâmetros pré-estabelecidos, que são pontuados com o sinal de positivo ou negativo, e ao final, é realizado o somatório, tendo em vista encontrar a oportunidade mais benéfica e produtiva. Neste trabalho é apresentada a aplicação da matriz de avaliação durante a exposição da atividade prática didática, realizada ao longo da disciplina de engenharia de produtos. Ressalta-se aqui, os tipos de produtos explicitados pelos autores: Produtos Genéricos; Impulsionados pela Tecnologia; Plataforma; de Processo Intensivo; Personalizados, de Alto Risco; de Rápida Elaboração; e Sistemas Complexos. 3. APLICAÇÃO DO MODELO EM ATIVIDADE DIDÁTICA A atividade didática aplicada durante o curso da disciplina de Engenharia de Produto I, no curso de Engenharia de Produção da UFJF, tem por objetivo a consolidação teórica dos tópicos fundamentais sobre processo de desenvolvimento de produto (PDP). Assim, o conteúdo programático é organizado em três grandes áreas de estudo: Fundamentação das metodologias atuais para desenvolvimento de novos produtos; Estudo dos conteúdos relacionados ao conhecimento prático em tecnologia e a Realização de uma atividade prática que objetiva a construção de um protótipo para novo produto. Nesse sentido, visando uma melhor exposição dos conceitos, o trabalho prático é elaborado com base na metodologia para desenvolvimento de produto proposta por Ulrich e Eppinger (2012). Nessa atividade, os trabalhos são orientados visando à aprendizagem das fases de Desenvolvimento dos Conceitos (Passo 01) e Projeto dos Sistemas (Passo 02) da metodologia empregada. Para isto, tais fases são esmiuçadas nas etapas de trabalho que consistem na observação da demanda inicial; identificação das necessidades dos usuários; estabelecimento das especificações iniciais; geração de conceitos do produto; seleção de alternativas de conceito e refinamento das especificações. Para um melhor esclarecimento, este artigo apresentará um trabalho prático realizado por alunos que concluíram a disciplina. Nesse caso, o estudo da metodologia tinha por objetivo a criação de um projeto de Suporte de Data Show. Primeiramente, a etapa de observação da demanda busca a definição do escopo de projeto, para isto, são definidos os tipos de mercado consumidor, os pressupostos que o produto deve atender e a identificação da cadeia de clientes. Para fins didáticos ocorreu um debate entre o professor orientador e os alunos, no qual foi definido o produto a ser projetado (suporte para data show) e apresentado os principais nichos de mercados para o projeto, como exemplificado no quadro 2. Quadro 2 - Definição do Escopo do Projeto. Definição do produto: Suporte para Data Show. Objetivos financeiros principais - Professores e palestrantes Mercado Principal: - Instituições de ensino - Consumidores casuais Mercados Secundários: - Empresas - Eficiência - Facilidade de manutenção Pressupostos e - Facilidade de instalação Restrições - Flexibilidade - Centros de serviço Cadeia de clientes (Stakeholders): - Setor produtivo Grupo de Pessoas Afetadas pelos - Usuário final - Distribuidor Atributos do Produto - Departamento legal - Setor de desenvolvimento - Marketing Fonte: os autores. A fase de identificação das necessidades do usuário tem por objetivo a certificação de que o produto é projetado para atender satisfatoriamente o cliente. Assim, busca-se a identificação das necessidades explícitas e implícitas, que são extraídas por meio de entrevista ao cliente em potencial (cliente fictício – próprio orientador). É importante ressaltar que esta fase procura estabelecer uma base concreta para justificar as especificações do produto, garantindo que nenhuma necessidade importante seja esquecida ao longo do processo de projeto. Desse modo, é gerado o quadro 3 que estabelece as necessidades interpretadas de forma objetiva, utilizando as principais questões abortadas, que gerarão conceitos diretos a serem aplicados no projeto. Quadro 3 – Capacitação dos Dados Brutos do Cliente e Interpretação. Questões Realizadas ao Cliente em Potencial. Declaração do usuário Necessidade interpretada Resistência para suportar Usos típicos Sustentar o aparelho de Data com segurança o Data Show Show. O que gosta na Do design discreto do produto Um produto simples com ferramenta? boa estética O suporte precisa ter O que não gosta O Data Show fica muito alto e por flexibilidade de ajuste de na ferramenta? isso seu manuseio é dificultado. altura. Questão Quais são os melhoramentos sugeridos? O suporte precisa se deslocar na vertical para facilitar o acesso ao painel de comandos do aparelho. Inserir um sistema de ajuste de altura do suporte. O suporte precisa se deslocar horizontalmente Adaptar o suporte para que se desloque horizontalmente. Fonte: os autores. Posteriormente, durante a etapa de estabelecimento das especificações iniciais, algumas questões são levantadas às equipes de projeto, buscando a organização do trabalho prático. Nas quais, estas são: 1. Como traduzir as necessidades relatadas pelos usuários em objetivos precisos para o desenvolvimento do produto? Como a equipe e o seu líder podem concordar sobre o que vai ser sucesso ou falha no produto final a ser desenvolvido? 3. Como a equipe pode minimizar as incertezas em relação à conquista do mercado empreendido? 4. Como a equipe poderia resolver os inevitáveis conflitos (trade-offs) entre as diversas características e unidades do produto, como: custo e peso? 2. Portanto, procura-se estabelecer as principais características que farão parte do projeto do produto (após o atendimento das necessidades dos clientes), elencando a estas, uma pontuação com variação de 1 a 5. Onde a característica avaliada como 1 é a menos importante e a como 5 a mais relevante. No caso apresentado foram avaliadas quinze características, sendo onze dessas avaliadas como importante ou muito importante, quadro 4. Quadro 4 – Características do Produto com suas Respectivas Pontuações Nº de itens Características Pontuação Mecanismo Facilidade de operação 5 Mecanismo Deslocamento do suporte na horizontal 5 Mecanismo Deslocamento do suporte na vertical 5 para ajuste de altura do aparelho e facilidade no seu manuseio 4 4 Mecanismo Deslocamento do suporte em torno de um eixo giratório Design e Garantia contra vandalismo 3 5 Material Design Melhoria na estética do produto 3 6 Material Durabilidade do suporte 4 7 Material Facilidade de fabricação 4 8 Material O produto é leve 3 9 Material Resistência mecânica 4 10 Design Ocultar os fios do Data Show 2 11 Design Segurança contra acidentes 4 12 Número de componentes 4 13 Mecanismo Design, Custo financeiro 4 14 Design Facilidade de instalação 5 15 Fonte: os autores. 1 2 3 Unidade Metro Metro Ângulo N Subjetivo Anos Tempo Kg N Subjetivo Subjetivo Nº R$ Tempo Para o prosseguimento do trabalho, após a identificação das necessidades dos usuários e as especificações iniciais do produto, as equipes de projeto são sugestionadas a ponderar sobre as seguintes questões: Quais os conceitos de solução existentes que podem ser adaptados com sucesso para o caso em questão? 2. Que novos conceitos podem satisfazer as necessidades e especificações estabelecidas? 3. Que métodos podem ser utilizados para facilitar o processo de geração de conceitos? 1. Na etapa de geração de conceitos observa-se o início da descrição aproximada da tecnologia, dos princípios fundamentais e da forma do produto. Assim, os conceitos idealizados são expressos através de esboços, diagramas e modelos tridimensionais rústicos, que geralmente vêm acompanhados de uma breve descrição textual. Para a geração de conceitos criativos, a equipe de projeto deve certificar que diversas alternativas diferenciadas foram exploradas, isto reduz a possibilidade do aparecimento posterior de soluções projetuais melhores. Estas alternativas devem apresentar abordagem estruturada para a redução de falhas e problemas, como exemplo, a integração ineficaz de soluções parciais promissoras e o fracasso ao não considerar categorias inteiras de solução. A seguir na figura 2 são apresentados os conceitos criados para o suporte de data show, considerando as principais necessidades dos usuários destacadas: deslocamento vertical e horizontal. Figura 2: Soluções para Suporte de Data Show: Opções de Sistemas de Motor Acoplado, Acionado por Cabos, Eixo Helicoidal, Com Molas e Deslocamento Horizontal, respectivamente. Fonte: os autores. Após a elaboração de diversas alternativas de projeto, é necessária a seleção da melhor solução. Para isto, os conceitos são ranqueados na matriz de avaliação (quadro 5) de Ulrich e Eppinger (2012), descrita anteriormente. Neste estudo, utilizou-se como referência a opção de suporte acionada por cabo devido à menor complexidade dos componentes envolvidos, sendo observada a opção de motor acoplado como a melhor proposta para lançamento no mercado. Caso haja dúvidas na escolha da melhor proposta, os autores sugerem a etapa de refinamento das especificações, onde pesos percentuais são aplicados nos critérios de avaliação e são multiplicados por uma pontuação variante de 1 a 5 de grau de importância (quadro 6). Desse modo, após a seleção do conceito de maior pontuação e melhores benefícios de projeto, a atividade prática é encerrada com o desenvolvimento preliminar da proposta vencedora, e a entrega do relatório final. Quadro 5 – Matriz de Avaliação para Seleção dos Conceitos Uso Intuitivo Facilidade de Operação Deslocamento Horizontal Deslocamento Vertical Rotação Durabilidade Facilidade de Fabricação Resistência Mecânica Segurança Contra Acidente Número de Componentes Custo Financeiro Facilidade de Instalação Somatório + Somatório 0 Somatório Pontuação Rank Continua A B Motor Acionado Acoplado por Cabo + 0 + 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 6 12 4 0 -2 0 1 0 Continua Referência Fonte: os autores. C Eixo Helicoidal 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 4 -4 2 Não D Com Molas 0 0 0 0 0 0 0 0 2 8 3 -2 1 Revisar Quadro 6 – Refinamento da Matriz de Avaliação. Critérios de Seleção Peso % Uso Intuitivo Facilidade de Operação Deslocamento Horizontal Deslocamento Vertical Rotação Durabilidade Facilidade de Fabricação Resistência Mecânica Segurança Contra Acidente Número de Componentes 10 15 A Motor Acoplado B D Acionado por Cabo Com Molas (Referência) Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação Balanceada Balanceada Balanceada 5 0.50 3 0.15 2 0.20 5 0.75 3 0.45 2 0.20 10 3 0.30 3 0.30 3 0.30 10 3 0.30 3 0.30 3 0.30 5 10 5 3 2 2 0.15 0.10 0.10 3 3 3 0.15 0.30 0.30 3 3 2 0.15 0.30 0.10 10 3 0.30 3 0.30 3 0.30 5 3 0.15 3 0.15 3 0.15 5 3 0.15 3 0.15 3 0.15 Custo Financeiro Facilidade de Instalação Pontuação RANK Continua? 4. 5 2 0.10 3 0.15 2 0.10 10 2 0.20 3 0.30 3 0.30 3.10 3.00 1 2 DESENVOLVER NÃO Fonte: os autores. 2.55 3 NÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS As etapas do PDP utilizadas ao longo da disciplina representam um recorte do processo global e apresentam as limitações típicas de um trabalho prático em ambiente acadêmico. Estas etapas apresentadas traduzem o centro do processo de PDP, aonde se verifica o desenvolvimento do conceito do produto. Neste contexto, verifica-se que os resultados alcançados são satisfatórios pelo fato de possibilitarem aos alunos a experimentação prática dos conceitos teóricos apresentados no início do curso e constantemente revisitados ao longo do desenvolvimento das etapas. Esta atividade prática na disciplina apresenta também a possibilidade de aplicação em outros conceitos de produto com maior ou menor grau de complexidade, de acordo com o universo dos alunos na disciplina e com a carga horária disponível. A idéia de produto apresentada aqui (suporte de data-show) se mostra adequada pelo fato de ser um produto típico em salas de aula e assim não demandar o uso de laboratórios e recursos mais específicos. A experiência de desenvolvimento do conceito de produto a partir do método descrito, foi também testada em cursos de pós graduação latu sensu com uma carga horária bastante reduzida se comparada a um período letivo normal da graduação. Nestes cursos, geralmente o universo dos alunos é formado por profissionais de áreas diversas, tais como Administração, Economia, Tecnólogos, entre outros. Verificou-se também que os resultados foram satisfatórios no que se refere ao entendimento do método e a possibilidade de sua aplicação em cenários diversos. Entretanto, seria importante a experimentação da metodologia em produtos de maior complexidade e com a interação com laboratórios que possibilitem a fabricação de protótipos. Pretende-se a continuidade da pesquisa com a variação nos objetos a serem projetados e também o uso de ferramentas que possibilitem uma avaliação mais precisa da aquisição dos conhecimentos tanto no que se refere ao método em si, quanto nos aspectos técnicos que envolvem o PDP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAXTER, M.: Projeto de Produto: Guia prático para o design de novos produtos. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2011. BORGES, M.M.: Proposta de um Ambiente Colaborativo de Apoio aos Processos de Ensino/ Aprendizagem do Projeto. Tese de Doutorado (Doutorado em Engenharia de Produção). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPE/UFRJ, 2004. CLARK, K.B.; FUJIMOTO, T.: Product Development Performance: Strategy, Organization, and Management in the Word Auto Industry. Boston, Mass: Harvard Business School Press, 1991. CODINHOTO, R.: Diretrizes para o planejamento e controle integrado dos processos de projeto e produção. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Engenharia Civil), Núcleo Orientado para Inovação da Edificação. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003. CORRÊA, L.H.; CORRÊA, A. C.: Administração e Operação. Manufatura e Serviços: Uma Abordagem Estratégica. 3Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. PAHL, G., et al.: Projeto na Engenharia: Fundamentos do Desenvolvimento Eficaz de Produtos, Métodos e Aplicações. 6ª Ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. ROMEIRO FILHO, E., et al.: Projeto do Produto. São Paulo: Editora Elservier, 2010. ROZENFELD. H., et al.: Gestão de Desenvolvimento de Produto: Uma Referência para a Melhoria de Processo. São Paulo: Saraiva, 2006. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009. ULRICH, K. e EPPINGER, S. Product Design and Development. 5ª Ed. Nova York: McGraw-Hill Irwin, 2012. APPLICATION OF A REFERENCE MODEL IN THE LEARNING PROCESS OF PRODUCT DEVELOPMENT. Abstract: The design of a product is formed by the meeting of interdisciplinary activities and simultaneously, in order to observe the market opportunities for designing products within the needs of its users. In the product development process (PDP) various information is gathered, especially those involving new technologies, to launch differentiated products efficient solutions. In this context it is vital the study of methods and techniques for optimization and organization of the processes involved during the design of the new product. Thus, this paper aims to conduct a literature review about the methodology of the authors PDP ULRICH & EPPINGER (2012), as well as the concepts related to integrated product development. Subsequently we present a case study of a teaching activity carried out during the course of Product Engineering I, in the course of Production Engineering UFJF. This activity seeks to consolidate the theoretical, as the realization of the design of a product, which is applied in the aforementioned methodology. Key-words: Product Development, Design Learning Activities, Design Methodologies