TRABALHO RECUPERAÇÃO FINAL DE
PORTUGUÊS – 8º ANO
NOTA:
Aluno(a):
Professor(a): Camila
Data: 06/01/15
Valor: 20,0
Capítulo II
A ciência da dedução
Conforme o combinado, encontramo-nos no dia seguinte e fomos ver o apartamento do qual Holmes falara,
na rua Baker, número 221B. Ele era composto por dois dormitórios confortáveis e uma ampla sala de estar,
decorada alegremente, bem ventilada e iluminada por duas grandes janelas. O apartamento era atraente em todos
os aspectos, e os termos, tão moderados que fechamos o negócio ali mesmo. Naquela noite levei minhas coisas do
hotel para a rua Baker. Na manhã seguinte foi a vez de Sherlock Holmes chegar com suas caixas e malas. Nos dois
dias seguintes nós nos dedicamos a desfazer as malas e arrumar nossas coisas da melhor forma. Depois, aos
poucos, fomos nos acomodando no novo lar.
Holmes não era, definitivamente, um homem difícil de se conviver. Quieto sob vários aspectos e com hábitos
comuns, raramente ficava acordado após as dez da noite e, invariavelmente, já tomara café da manhã e saíra
antes de eu me levantar. Às vezes ele passava o dia no laboratório químico, ou então na sala de dissecação.
Ocasionalmente fazia longas caminhadas, que o levavam até os bairros mais perigosos da cidade. Nada superava
sua energia enquanto trabalhava. Mas, de vez em quando, algo acontecia e ele permanecia dias inteiros no sofá da
sala de estar, praticamente sem dizer palavra e sem mover um músculo, de manhã até de noite. [...]
Com o passar das semanas, meu interesse nele e em seus objetivos de vida se aprofundou. Só a aparência
de Sherlock Holmes já seria suficiente para chamar a atenção de qualquer pessoa. Tinha mais de um metro e
oitenta de altura e era tão magro que parecia ainda mais alto. Seus olhos eram agudos e penetrantes, a não ser
durante aqueles períodos de torpor que mencionei. Seu nariz, fino e parecido com o bico de um falcão, conferia à
sua expressão um ar de alerta e decisão. Também seu queixo, proeminente e quadrado, indicava que era um
homem determinado. Suas mãos estavam sempre sujas de tinta e manchadas por produtos químicos. Mesmo
assim, possuíam uma delicadeza extraordinária, como frequentemente pude perceber ao observá-lo manipulando
seus frágeis instrumentos. [...]
Holmes não estudava Medicina. Ele mesmo, respondendo a uma pergunta, confirmou a opinião de Stamford
a esse respeito. Também não parecia que estivesse em algum curso que pudesse lhe conferir um bacharelado em
ciências ou em qualquer outra área que lhe permitisse ingressar na comunidade acadêmica. Ainda assim, sua
dedicação a determinados estudos era notável e, dentro de limites excêntricos, seu conhecimento era tão amplo e
minucioso que seus comentários muito me espantavam. Com certeza, nenhum homem estudaria tanto para obter
informações tão definidas se não tivesse um objetivo preciso. Leitores sem método raramente dedicam-se a um
aprendizado específico. Nenhum homem carrega sua mente com tais minúcias a menos que tenha uma boa razão.
Sua ignorância era tão notável quanto seu conhecimento. Parecia que ele não sabia nada de literatura
contemporânea, filosofia e política. Quando citei Thomas Carlyle, Holmes perguntou, da forma mais cândida, quem
ele era e o que havia feito. Meu espanto chegou ao máximo quando descobri, por acaso, que Holmes desconhecia
a teoria de Copérnico e a composição do sistema solar. Que um ser civilizado, em pleno século XIX, não soubesse
que a Terra orbita ao redor do Sol era, para mim, um fato tão extraordinário que eu quase não conseguia aceitar.
[...]
Arthur Conan Doyle. Um estudo em vermelho. São Paulo: Melhoramentos, 2008. p. 23-27. (Fragmento). Thomas Carlyle, 1795-1881,
ensaísta e historiador escocês, autor de influentes críticas sociais.
GLOSSÁRIO
Agudos: precisos, aguçados.
Torpor: indiferença, apatia.
Bacharelado: curso de nível universitário.
Excêntricos: incomuns, inusitados.
Minucioso: detalhado.
1. O texto que você leu é um trecho do livro Um estudo em vermelho, de Arthur Conan Doyle, no qual o famoso
detetive Sherlock Holmes fez sua estreia na literatura. O romance é narrado por Dr. Watson, colega de aventuras
de Holmes.
Em sua opinião, qual a importância desse trecho na obra?
2. Marque a alternativa que explica o tipo de narrador presente nesse texto.
• Narrador-observador, que narra em terceira pessoa e não participa da história.
• Narrador-protagonista, que narra em primeira pessoa.
• Narrador-testemunha, que narra em primeira pessoa, mas é uma personagem secundária.
3. Aponte dois aspectos da descrição do apartamento que podem ser considerados objetivos e dois, subjetivos.
4. Qual sentido humano foi mais explorado pelo narrador para descrever o apartamento e Sherlock Holmes?
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5. Releia.
“Holmes não era, definitivamente, um homem difícil de se conviver.”
Que características de Sherlock Holmes comprovam essa afirmação do narrador?
6. Por que o interesse do narrador em Holmes se aprofundou com o passar das semanas?
7. Observe.
“Com certeza, nenhum homem estudaria tanto para obter informações tão definidas se não tivesse um objetivo
preciso.”
a) Considerando o título do capítulo e o trecho lido, qual objetivo seria esse?
b) Na sua opinião, por que Holmes tinha um grande conhecimento de alguns assuntos e uma notável ignorância
em relação a outros?
c) Produção de texto
Você vai descrever a personagem do Dr. Watson do ponto de vista de Sherlock Holmes. Considere as seguintes
orientações:
•
•
•
•
•
descreva usando a 1ª pessoa do singular, como se você fosse Sherlock Holmes;
a descrição deve conter aspectos objetivos e subjetivos da personagem;
alterne as descrições mais gerais e mais particulares da personagem;
explore diferentes sentidos humanos (audição, olfato, tato, visão etc.);
não se esqueça de incluir hábitos e costumes do Dr. Watson.
Só mais um pouquinho...
Uma das piores coisas da vida é acordar. Correr a São Silvestre requer menos esforço do que sair da cama
de manhã cedo. Falo sério, eu já corri a São Silvestre, mas raramente acordo cedo.
Não me entenda mal. Não sou daqueles que não gostam da vida nem dos outros, para quem despertar é um
sacrifício, pois a realidade é sufocante e blá-blá-blá. Acho que estar vivo é bastante divertido. E dormir é uma das
inúmeras coisas divertidas que se pode fazer nesta vida. Há quem prefira [...] doce de leite. Pode ser, mas tenho
lá minhas dúvidas.
Não tem nada melhor do que acordar no meio da noite, virar para o lado e dormir novamente. Esses
segundos sonolentos em que nos damos conta de quem somos, onde estamos e, principalmente, que o dia ainda
está longe e podemos voltar, aquecidos pelas cobertas, ao mundo dos sonhos, são maravilhosos. Dormir é
quentinho, é macio, é cheiroso, é fácil, é de graça, faz bem pra pele, pro coração e pra vista. O único
inconveniente de dormir é ter de acordar depois. Acordar antes de o sono acabar, então, acho terrível. Sou
absolutamente contra. Quando penso num mundo justo imagino um lugar sem despertadores.
Se hoje eu não sei quase nada de química ou biologia, não é porque tais assuntos não me interessavam na
época do colégio. Eles me interessavam, mas não às 7h15 da manhã. Nesse horário, nem a Camila Pitanga, a
Luana Piovani e a Cameron Dias, juntas, me interessam, imagine só protozoários e alcalinos terrosos...
Sou tão radical na defesa dos benefícios do bom sono que acho que o governo deveria interferir no horário
dos jogos de futebol para garantir o direito de descanso dos torcedores. Durante a semana, os jogos são às
21h30. Por quê? Para que a Globo, todo-poderosa, possa transmiti-los depois da novela das oito. A partida acaba
às 23h30. Se o torcedor que foi ao estádio mora longe, vai chegar em casa só depois da uma da manhã. No outro
dia, acordará às cinco, porque tem que chegar ao trabalho às oito. Passará o dia mal-humorado, se arrastando e
tratando mal as pessoas. Se os jogos começassem mais cedo, o mundo seria melhor.
Eliminar a fome da face da Terra é uma tarefa muito complicada, mas o sono, ao menos, nós deveríamos
garantir a todos. Vou sugerir ao governo o Programa Sono Zero. Todo cidadão tem o direito de dormir, no mínimo,
oito horas por noite. Aqueles que não conseguem, pois moram longe e trabalham até tarde, deveriam receber
cupons com direito a algumas horas de sono. Os cupons seriam entregues aos chefes e estes teriam que permitir
que o empregado chegasse mais tarde. As escolas, por sua vez, deveriam ter horários alternativos para quem não
acha divertido dar de cara com Pitágoras, Darwin e Camões logo após o galo cantar. E, por último, faço um apelo:
Camila, Luana e Cameron, por favor, não insistam! Seus apaixonados telefonemas, às sete da manhã, estão
atrapalhando não só o meu sono, mas também meu casamento. São duas coisas que, espero que entendam, eu
prezo bastante.
Antonio Prata. Estive pensando: crônicas de Antonio Prata. São Paulo: Marco Zero, 2003. p. 88-89.
GLOSSÁRIO
São Silvestre: A São Silvestre é uma corrida de rua internacional realizada todos os anos na cidade de São Paulo,
sempre no dia 31 de dezembro. Seu percurso de 15 km, o forte calor do verão e os obstáculos urbanos são alguns
dos desafios enfrentados nessa famosa competição.
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Protozoários: Antiga denominação do filo do reino animal que reunia uma grande parcela de seres unicelulares.
Alcalino terrosos: Qualquer um dos metais do grupo 2 da tabela periódica.
8. Com que intenção principal o autor teria produzido essa crônica? Marque a alternativa correta.
• Defender uma opinião.
• Criticar costumes da sociedade.
• Produzir humor.
9. Que recurso ele utilizou na frase a seguir para construir o humor: o exagero, o duplo sentido ou a crítica?
Justifique.
“Uma das piores coisas da vida é acordar. Correr a São Silvestre requer menos esforço do que sair da cama de
manhã cedo.”
10. Camila Pitanga, Luana Piovani e Cameron Dias são atrizes famosas e muito bonitas. O leitor compreenderia o
humor nas passagens em que elas são citadas se não soubesse quem são essas pessoas? Por quê?
11. Apesar de ser um texto de humor, o autor faz críticas a alguns problemas da nossa sociedade. Cite pelo
menos duas delas.
12. De acordo com o autor, quais são os benefícios de dormir?
13. O Fome Zero foi um programa criado pelo governo federal brasileiro em 2003 para combater a fome e a
miséria, garantindo o direito à alimentação a todos os cidadãos.
a) O autor da crônica faz uma referência bem-humorada a esse programa. Qual?
b) Que direitos os cidadãos brasileiros teriam de acordo com essa referência feita pelo autor?
c) Explique o título da crônica, deixando claro a que situação ele se refere.
14. A. Essa crônica foi publicada originalmente na revista Capricho, voltada ao público adolescente feminino. Você
considera a linguagem empregada pelo autor adequada a esse público? Justifique.
B. Você concorda que às 7h15 é mais difícil aprender? Por quê?
15. Leia novamente este trecho.
“São duas coisas que, espero que entendam, eu prezo bastante.”
a) Quais são as duas coisas que o autor preza bastante?
b) A quem ele está pedindo que entenda que ele preza essas coisas?
c) Por que ele faz esse pedido a essas pessoas?
d)Produção de texto
Você vai escrever uma crônica de humor curta com o mesmo tema explorado por Antonio Prata: o sono. Ao
escrever, considere as seguintes orientações:
• narre uma situação engraçada e “sonolenta” que você ou alguém que você conhece tenha vivido. Pode ser
alguém falando enquanto dormia, alguém que acordou assustado, alguém dormindo em uma situação imprópria
etc.;
Você dançou, cigarra
Na gíria, dançar tem o sentido de se dar mal.
Na fábula “A cigarra e a formiga”, as formigas dão um duro danado enquanto a cigarra passa o dia
tocando viola e cantando.
No inverno, ela vai pedir abrigo no formigueiro e uma delas pergunta: “Por que
você não fez uma casa no verão?”. A cigarra explica que estava cantando. Batendo a porta na cara da
cigarra, a formiga diz: “Pois então dance agora!”
(Recreio, no. 161)
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16. EXPLIQUE o uso da vírgula na primeira frase do texto:
17. No título, o uso da vírgula possui a seguinte justificativa:
(A) separar o vocativo;
(B) separar o aposto;
(C) fazer uma pausa;
(D) enumerar
18. Leia a charge.
Nas duas ocorrências, a palavra que poderia ser
substituída por:
a) e, com sentido restritivo.
b) mas, com sentido adversativo.
c) a fim de, com sentido de finalidade.
d) pois, com sentido explicativo.
19. A pergunta da personagem Mafalda, no segundo quadrinho, inicia-se com a palavra ―então‖, que estabelece
uma relação de sentido com a situação anterior.
Identifique a relação de sentido estabelecida:
a) Adição.
b) Conclusão.
c) Explicação.
d) Alternância.
20.
Identifique conjunções nos períodos, reescreva-as, classifique-as e informe o valor (a significação) que elas
oferecem às ideias.
I. A dona do apartamento chorou, porque se irritou com o problema da porta.
II. Esperaram o técnico por horas, entretanto ele não apareceu.
III. O técnico não apareceu, portanto o problema da porta persistirá.
IV. Venha, agora, ou perderá os seus clientes.
V. O frio rigoroso chegava e permanecia por semanas intermináveis
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