Physciaceae foliosos do Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil. I. ... 17 Physciaceae foliosas do Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil. I. Gêneros Dirinaria, Hyperphyscia e Pyxine Michel Navarro Benatti1 & Patrícia Jungbluth2 2 1 Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa em Micologia, Caixa Postal 3005, 01061-970 São Paulo, SP, Brasil. [email protected] Universidade Federal de Santa Maria, Dept. de Zootecnica e Ciência Biológicas, Av. Independência, 3751 - CEP 98300-000 - Palmeira das Missões, RS, [email protected] Recebido em 12.XI.2013. Aceito em 22.V.2014. RESUMO − Nós estudamos os espécimes de fungos liquenizados de hábito folioso de Physciaceae coletados no Parque Estadual da Serra da Cantareira ao final da década de 1990 e depositados atualmente no herbário SP. Foram encontradas e analisadas amostras de oito espécies pertencentes aos gêneros Dirinaria (Tuck.) Clem., Hyperphyscia Müll. Arg. e Pyxine Fr. São apresentadas descrições, comentários, ilustrações e uma chave para as espécies encontradas. Palavras-chave: liquens, Mata Atlântica, Sudeste do Brasil ABSTRACT − Foliose Physciaceae from the Parque Estadual da Cantareira, São Paulo State, Brazil. I. Genera Dirinaria, Hyperphyscia, and Pyxine. We studied the foliose lichenized fungi specimens of Physciaceae collected at the Parque Estadual da Serra da Cantareira at the end of the 1990s and currently deposited in the SP herbarium. Samples of eight species belonging to the genera Dirinaria (Tuck.) Clem., Hyperphyscia Müll. Arg., and Pyxine Fr. were found and analyzed. Descriptions, comments, illustrations and a key of the species found are presented. Key words: Atlantic Forest, lichens, Southeast Brazil INTRODUÇÃO Physciaceae é uma família relativamente pouco estudada nos neotrópicos. São citadas para o Brasil seis gêneros com talos de hábito folioso: Dirinaria (Tuck.) Clem., Heterodermia Trevis., Hyperphyscia Müll. Arg., Phaeophyscia Moberg, Physcia (Schreb.) Michx. e Pyxine Fr. (Marcelli 2011, Jungbluth & Marcelli 2012). Dirinaria está representada no Brasil por 15 espécies, sendo que são conhecidas 35 no total. Este gênero apresenta atranorina no córtex superior, não apresenta rizinas na superfície inferior, e, como Pyxine, possui apotécios com hipotécio pigmentado, epitécio reagindo sempre K+ púrpura e ascósporos característicos do tipo Dirinaria (Jungbluth & Marcelli 2012). Atualmente são conhecidas 10 espécies de Hyperphyscia, das quais sete ocorrem no Brasil. Este gênero não apresenta atranorina no córtex superior (sempre K–) nem forma rizinas verdadeiras (apresenta apenas pequenas protuberâncias ocasionais irregulares), sendo também o único gênero folioso de Physciaceae que forma conídios longos filiformes (Jungbluth & Marcelli 2012). Pyxine está representado no Brasil por 32 das 68 espécies mundialmente conhecidas. Aproximadamente metade das espécies deste gênero apresentam liquexantona no córtex superior (UV+ amarelo, K−). Este gênero também pode apresentar máculas corticais evidentes e a medula pigmentada (e.g., amarela) (Jungbluth & Marcelli 2012). Dados sobre a localidade de estudo dos liquens no Parque Estadual da Serra da Cantareira e arredores podem ser consultados em Benatti (2012). Até o momento, foram publicadas como parte do levantamento de liquens foliosos para a localidade as pequenas espécies de Parmeliaceae ciliadas (Benatti 2012) e os cianoliquens foliosos (Benatti et al. 2013). IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 17 14/07/2014 18:42:55 18 BENATTI, M.N. & JUNGBLUTH, P.. O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento das espécies dos gêneros Dirinaria, Hyperphyscia e Pyxine da família Physciaceae que ocorrem no Parque Estadual da Cantareira. São fornecidos uma chave de identificação, descrições comentadas, dados das localidades e de ambientes para as espécies encontradas. MATERIAL E MÉTODOS A metodologia de coleta para fungos liquenizados foliosos é descrita em Hale (1987), Malcolm & Galloway (1997) e Benatti & Marcelli (2007). As principais características analisadas nos gêneros aqui estudados são as apontadas em Jungbluth & Marcelli (2012). O material coletado na área da Reserva da Serra da Cantareira e depositado no herbário Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo (SP) do Instituto de Botânica foi identificado conforme a metodologia tradicional da Liquenologia, descrita em Hale (1979) e Galloway (1985, 2007). As análises morfológicas consistem na observação de características macro e microscópicas das estruturas vegetativas e de reprodução, mediante uso de estereomicroscópio e microscópio óptico. A metodologia de análises químicas consistiu em testes de coloração e irradiação por luz UV e CCD com solvente C, seguindo Asahina & Shibata (1954), Walker & James (1980), White & James (1985), Huneck & Yoshimura (1996) e Orange et al. (2001). A principal bibliografia taxonômica utilizada na identificação das espécies incluiu Aptroot (1987), Awasthi (1975, 1980), Elix (2009, 2011), Jungbluth (2010), Kalb (1987, 2002, 2004), Moberg (1987, 2002), Sipman (2002), Swinscow & Krog (1975, 1978, 1988) e Vainio (1890). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram encontradas oito espécies pertencentes a Dirinaria (3), Hyperphyscia (3) e Pyxine (2). É apresentada uma chave de identificação para as espécies, assim como a descrição e comentários sobre as espécies encontradas. Chave para as espécies de Dirinaria, Hyperphyscia e Pyxine do Parque Estadual da Cantareira 1a. Córtex superior contendo liquexantona (K−, UV+ amarelo-dourado); medula amarela em sua porção superior; córtex inferior rizinado 2a. Polisidiângios presentes, em parte originando sorédios granulares ................................................................................ Pyxine eschweileri 2b. Polisidiângios e sorédios ausentes ......................Pyxine berteriana 1b. Córtex superior contendo atranorina ou nenhuma substância (K+ ou K–, UV–); medula branca; córtex inferior sem rizinas 3a. Córtex superior K+ amarelo, contendo atranorina; medula contendo ácido divaricático; apotécios (quando presentes) com hipotécio pigmentado 4a. Polisidiângios presentes, em parte originando sorédios granulares ................................................................................. Dirinaria aegialita 4b. Polisidiân gios ausentes, apenas sorais hemisféricos com sorédios farinhosos 5a. Lacínias plicadas, de ápices flabelados ......Dirinaria applanata 5b. Lacínias planas, de ápices truncados ................. Dirinaria picta 3b. Córtex superior K–, sem substâncias corticais ou medulares; apotécios (quando presentes) com hipotécio não pigmentado 6a. Talo sem propágulos vegetativos .......... Hyperphyscia syncolla 6b. Talo sorediado ou lacinulado 7a. Talo sorediado, sorais laminais ..... Hyperphyscia adglutinata 7b. Talo lacinulado, lacínulas principalmente marginais ............ ................................................................ Hyperphyscia tuckermanii Dirinaria aegialita (Afzel. ex Ach.) B.J. Moore, The Bryologist 71: 248. 1968. Parmelia aegialita Afzel. ex Ach., Methodus Lichenum: 191. 1803. (Figs. 1, 2) Talo cinza esverdeado claro, de 3,0 cm diâm., corticícola. Lacínias 0,3−1,1 mm larg., planas a convexas, adnatas e pouco adpressas, plicadas, às vezes levemente pruinosas nas partes distais, confluentes, flabeladas, eciliadas, ápices subarredondados, flabelados, ±planos a revolutos. Polisidiângios laminais a submarginais, originados de estruturas dactilóides, gradualmente decompondo-se em sorédios granulares grosseiros a partir dos ápices, tornando-se às vezes crateriformes. Sorais formados pela desagregação dos polisidiângios, sorédios normalmente granulares, formando grânulos parcialmente corticados. Medula branca, com trechos alaranjados K+ na porção inferior, em parte visíveis próximos aos ápices das lacínias. Lado de baixo corticado, quase uniformemente negro, liso, opaco, a zona marginal também negra e indistinta do centro à exceção de alguns raros trechos esbranquiçados e com pigmento alaranjado. Rizinas ausentes. Apotécios e picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K+ amarelo, UV– (atranorina); medula K–, C–, KC–, P–, UV+ azulado (ácido divaricático e algumas substâncias indeterminadas). Distribuição: pantropical, estendendo-se a regiões subtropicais (Awasthi 1975, Elix 2009, Moore 1968, Kalb 2004, Swinscow & Krog 1988). Material examinado: BRASIL, SÃO PAULO, São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, próximo ao Lago das Carpas, sobre tronco de Araucaria angustifolia, 25.VI.1991, M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & F.M.M. Coppolla 11489 (SP). Comentários: Dirinaria aegialita assemelha-se bastante à D. applanata, e segundo a literatura (e.g., Elix 2009, Kalb 2004, Swinscow & Krog 1988) IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 18 14/07/2014 18:42:55 Physciaceae foliosos do Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil. I. ... podem ser diferenciadas pelas características de formação de polisidiângios (similares a dáctilos, podendo ou não originar sorédios) e sorais típicos. O único espécime encontrado apresenta a formação de polisidiângios que gradualmente decompõemse em sorais com sorédios granulares corticados, que em estágios mais avançados são algo similares aos sorais típicos encontrados nos espécimes de D. applanata. Segundo Kalb (2004), quando há dúvidas sobre a formação de polisidiângios em D. aegialita, os sorédios granulares apresentarão uma fina, porém distinta camada cortical. Dirinaria applanata (Fée) Awasthi, J. Indian Bot. Soc. 49: 135. 1970. Parmelia applanata Fée, Essai Crypt. Ecor.: 126. 1825. (Figs. 3, 4) Talo cinza esverdeado pálido a esbranquiçado, às vezes tornando-se escurecido nas partes proximais, 3,0−9,0 cm diâm., corticícola. Lacínias (0,4−) 0,9−1,8 mm larg., planas a convexas, adnatas e bastante adpressas, plicadas, confluentes, pouco ou não pruinosas, flabeladas, eciliadas, ápices subarredondados, ±planos a revolutos. Polisidiângios ausentes. Sorais geralmente orbiculares ou hemisféricos, às vezes de formato mais irregular ou alongado, laminais a submarginais, de coloração branca a acinzentada, sorédios farinhosos a subgranulares. Medula branca, ocasionalmente com trechos alaranjados K+ na porção inferior, em parte visíveis próximos aos ápices das lacínias. Lado de baixo corticado, negro, liso, opaco, zona marginal estreita e inconstante, 0,2−0,5 mm larg., cinza a branca e às vezes pigmentada. Rizinas ausentes, às vezes com pequenas protuberâncias 0,1−0,2 mm compr., negras e concoloridas ao córtex, poucas e esparsas. Apotécios raros (encontrados somente em um espécime), laminais, côncavos, sésseis a adnatos, ≤ 0,5 mm larg., disco negro, pouco pruinoso, ascósporos não encontrados (apotécios pouco desenvolvidos, himênios com ascos imaturos). Picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K+amarelo, UV– (atranorina); medula K–, C–, KC–, P–, UV+azulado (ácido divaricático e algumas substâncias indeterminadas). Distribuição: pantropical, com alguns registros para regiões subtropicais (Elix 2009, Kalb 2004, Swinscow & Krog 1988). Material examinado: BRASIL, SÃO PAULO, São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, sobre tronco de árvore na mata próximo a estrada de terra, 19 VI/2000, M.N. Benatti 14 (SP); idem, sobre tronco na mata ciliar, 18.V.1992, M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano, 13599 (SP); idem, sobre tronco de Cedrella sp., 30.III.1992, M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano, 13446, 13448 (SP); idem, Sítio da Cachoeira, em árvore no estacionamento, 20.VII.1990, M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & R.C Lourenço 9829 (SP); idem, em mata de encosta à beira da estrada do Pé de Galinha para Mairiporã, 25.VI.1991, M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & F.M.M. Coppolla 11579 (SP); idem, núcleo da Pedra Grande, 18.V.1992, M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano 13562 (SP). Comentários: Dirinaria applanata é semelhante a D. picta quanto ao formato dos sorais orbiculares capitados e também pela presença de ácido divaricático medular. Porém D. applanata difere pelas lacínias conforme a disposição (confluentes ao longo de sua extensão, exceto em parte dos ápices das lacínias), relevo (plicadas) e largura (tendo em média o dobro do tamanho das de D. picta). Conforme Awasthi (1975) e Swinscow & Krog (1988), D. picta pode ser diferenciada pelas lacínias não plicadas, planas, menos confluentes e de ápices truncados. Awasthi (1975) mencionou que os apotécios de D. applanata possuem margem visivelmente mais espessa, e ascósporos maiores dos que os de D. picta. Os apotécios encontrados no material da Cantareira são ainda imaturos, embora tenham margem aparentemente espessada desde jovens, ainda que ascósporos não tenham sido encontrados. Kalb (2004) considera D. applanata muito similar à D. aegialita, porém é distinta por ter os sorédios distintamente farinhosos; entretanto o espécime M.P. Marcelli 13599 apresenta sorédios subgranulares, mas sem nenhum sinal da formação de polisidiângios, comuns em D. aegialita, estando mais de acordo com a maioria das descrições de D. applanata e não de D. aegialita. Alguns dos espécimes encontrados apresentam lacínias parcialmente soltas, e mais similares na disposição às de D. picta. Contudo, são confluentes e aglutinados na maior parte de sua extensão, e flabeladas com ápices mais arredondados. Devido também à largura e à presença de pruína, e, portanto pela maior similaridade com os outros espécimes de lacínias mais confluentes identificados como D. applanata, estes espécimes estão sendo identificados com este nome ao invés de D. picta. Dirinaria picta (Sw.) Clem. & Shear, The Genera of Fungi: 323. 1931. Lichen pictus Sw., Nova Genera Specimen Plantarum: 146. 1788. (Fig. 5) IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 19 14/07/2014 18:42:55 20 Talo cinza esverdeado claro a verde acinzentado, às vezes tornando-se escurecido nas partes proximais, 2,5−7,0 cm diâm., corticícola ou ramulícola. Lacínias 0,4−1,0 mm larg., planas, adnatas e bastante adpressas, não a sutilmente pruinosas, aplanadas, ±adjacentes porem não aglutinadas, não flabeladas, eciliadas, ápices subtruncados a truncados, planos a levemente revolutos. Polisidiângios ausentes. Sorais capitados a orbiculares, laminais a submarginais, de coloração branca a acinzentada, sorédios farinhosos a raramente subgranulares. Medula branca, com ou sem manchas de pigmento alaranjado K+ na porção inferior, mais restritas aos ápices das lacínias. Lado de baixo corticado, negro, liso, opaco, zona marginal 0,3–0,5 mm larg., cinza, estreita e inconstante. Rizinas ausentes, às vezes com pequenas protuberâncias 0,1− 0,3 mm de compr., simples, negras e concoloridas ao córtex, raras e esparsas. Apotécios e picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K+am, UV– (atranorina); medula K–, C–, KC–, P–, UV+ azul (ácido divaricático e algumas substâncias indeterminadas). Distribuição: pantropical (Elix 2009, Kalb 2004, Swinscow & Krog 1988). Material examinado: BRASIL, SÃO PAULO, São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, estrada principal para o Lago das Carpas, idem, sobre tronco de árvore na mata, V.2000, M.N. Benatti 1024 (SP); idem, sobre ramo de árvore na mata, VI.2000, M.N. Benatti 1406 p. max. p. (SP). Comentários: esta espécie é extremamente semelhante a D. applanata, diferindo desta por apresentar lacínias não plicadas, planas e de ápices geralmente truncados e não flabelados, em média com a metade da largura. Talos pequenos (jovens) de D. applanata e de D. picta são difíceis de distinguir, uma vez que compartilham determinadas características, como o aspecto dos sorais, e inclusive a mesma substância medular principal, ácido divaricático. Aptroot (1987) observou presença de pruína nos espécimes de D. picta coletados nas Guianas, o que ele não averiguou nos espécimes de D. applanata. Ainda segundo o autor, os sorais de D. picta apresentam, quando amadurecidos, uma variação de coloração como diferença para os de D. applanata, sendo cinzentos na parte externa e esverdeados na parte interna. Os materiais da Serra da Cantareira são normalmente não pruinosos. A variação na coloração dos sorais não aparenta ser muito diferente nas duas espécies conforme o material visto aqui. O material está sendo identificado como D. picta seguindo-se principalmente os sensos de Elix BENATTI, M.N. & JUNGBLUTH, P.. (2009) e Swinscow & Krog (1988). Segundo Kalb (2004), espécimes coletados no Deserto de Sonora identificados como D. picta podem não pertencer realmente a D. picta (sendo que pela descrição são ainda mais próximos à D. applanata) uma vez que os autores informaram que não encontraram material considerado típico na localidade de estudo. Hyperphyscia adglutinata (Flörke) H. Mayrhofer & Poelt, Herzogia 5: 62. 1979. Lecanora adglutinata Flörke. Deutsche Lichenen 4: 7. 1819. (Fig. 6) Talo cinza esverdeado claro, às vezes tornando-se escurecido, 1,0−2,5 cm diâm., corticícola. Lacínias 0,1−0,3 (−0,5) mm larg., lineares, dicotômicas a subdicotômicas, planas, muito adnatas e bastante adpressas, não pruinosas, aplanadas a ligeiramente onduladas, confluentes a ±imbricadas, radiadas, eciliadas, ápices truncados a ±crenados, de planos a ascendentes. Lacínulas adventícias comuns, 0,1− 0,2 mm compr., abundantes no centro do talo. Sorais capitados tornando-se gradualmente erodidos e crateriformes, laminais, ±esparsos, de coloração acinzentada clara, sorédios granulares. Medula branca a esverdeada, sem manchas de pigmento alaranjado K+. Lado de baixo parcialmente corticado, variando de cinza escuro a negro no centro, liso a levemente venado, lustroso. Rizinas ausentes. Apotécios e picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K–, UV– (nenhuma substância detectada em TLC); medula: K–, C–, KC–, P–, UV– (nenhuma substância detectada em TLC). Distribuição: pantropical e subtropical. Oceania, África, Europa, América do Norte e América do Sul (Brodo et al. 2001, Moberg 1987, 2002, Scutari 1997, Swinscow & Krog 1988, Rogers 1986). Material examinado: BRASIL, SÃO PAULO, São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, sobre tronco de árvore na estrada do Pé de Galinha para Mairiporã, 25.VI.1991, M.P. Marcelli, A. Rezende & F.M.M. Coppolla 11577 (SP); idem, sobre tronco de árvore na face do morro voltada para a cidade, 09.XII.1991, M.P. Marcelli, O, Yano & C.L.A.P. Zottarelli 12522 (SP); idem, Núcleo da Pedra Grande, sobre tronco na mata ciliar, 18.V.1992, M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano, 13595a (SP). Comentários: esta espécie apresenta talos de hábito muito adpresso (podendo até ser confundido com um talo crostoso em uma observação em campo), lacínias pequenas e aglutinadas que lhe dão o nome e ausência de substâncias químicas de IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 20 14/07/2014 18:42:55 Physciaceae foliosos do Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil. I. ... 21 Figs. 1-6. 1. Dirinaria aegialita (Marcelli 11489); 2. Detalhe dos polisidiângios em D. aegialita; 3. Dirinaria applanata (Marcelli 13562); 4. Detalhe dos sorais em D. Applanata; 5. Dirinaria picta (Benatti 1024). 6. Hyperphyscia adglutinata (Marcelli 12522). Barras: Figs. 1, 3, 5, 6 = 1 cm; Figs. 2, 4 = 1 mm. IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 21 14/07/2014 18:42:55 22 valor taxonômico no córtex superior ou na medula. O material estudado apresenta medula ao menos parcialmente esverdeada, talvez por espessamento e/ ou difusão ocasional da camada de fotobiontes. Moberg (1987) comentou que as lacínias de H. adglutinata são muito variáveis em tamanho e formato. O material é mencionado pelo autor como contendo somente traços do pigmento esquirina. De acordo com Moberg (1987), o tipo de soral aparenta variação intraespecífica, mas segundo suas observações incluindo espécimes de mais áreas, a formação e desenvolvimento destas estruturas (maculiformes ou capitados, laminais a marginais) originam-se todos de protrusões no córtex superior. Moberg (1987) teve dúvidas se o material europeu e africano eram de fato da mesma espécie, mas suas observações posteriores citadas neste mesmo artigo mencionaram espécimes do leste africano com todas as etapas de transições dos sorais. Moberg (2002) mencionou uma rara ocorrência de rizinas, que não foram verificadas no material estudado, além de lacínias relativamente mais largas (0,3–0,7 mm larg., podendo em alguns espécimes atingir 2,0 mm), embora com o mesmo aspecto dos materiais encontrados na Serra da Cantareira. Scutari (1997) mencionou lacínias de largura mais similar às encontradas aqui, 0,4–0,5 mm de largura. Brodo et al. (2001) descrevem sucintamente um material bem similar ao encontrado aqui, embora com lacínias bem mais largas, 0,5–1,0 mm de largura. O material de coleta apresenta coloração esverdeada da medula, conforme também observado por Aptroot (1987) para as Guianas. Quando erodidos, os sorais laminais capitados deixam frequentemente partes da medula expostas. Assim como o material encontrado na América do Norte por Moberg (2002), o material da Serra da Cantareira não aparenta conter traços do pigmento alaranjado esquirina, encontrados por Moberg (1987) em espécimes africanos, conforme mencionado. Hyperphyscia syncolla (Tuck. ex Nyl.) Kalb, Lichenes Neotropici, Fascicle VI, no. 230. 1983. Physcia syncolla Tuck. ex Nyl. Acta Societatis Scientifica Fennica 7: 441. 1863. (Figs. 7, 8) Talo cinza amarronzado escuro, ca. 5,0 cm diâm., corticícola. Lacínias 0,2−0,6 mm larg., sublineares, irregulares, planas a levemente onduladas, muito adnatas e bastante adpressas, sem pruína a levemente pruinosas, ±aplanadas, confluentes, radiadas, eciliadas, de ápices truncados BENATTI, M.N. & JUNGBLUTH, P.. a subarredondados, as margens ocasionalmente enegrecidas, planos. Lacínulas adventícias ausentes. Sorais, isídios ou pústulas ausentes. Medula branca, sem manchas de pigmento alaranjado K+. Lado de baixo parcialmente corticado, predominantemente negro a ocasionalmente marrom escuro do centro às margens, liso a levemente rugoso, opaco. Rizinas ausentes. Apotécios abundantes, laminais, adnatos, 0,5–2,0 mm diâm., com excípulo talino, margem lisa a crenada, anfitécio ±rugoso, disco negro, ascósporos com um septo, marrons (do tipo Pachysporaria), 17,5–25,0 × 7,5–10,0 µm. Picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K–, UV – (nenhuma substância detectada em TLC); medula: K–, C–, KC–, P–, UV– (nenhuma substância detectada em TLC). Distribuição: Oceania, Ásia, África e Américas (Brodo et al. 2001, McMullin & Lewis 2013, Moberg 1987, 2002, Swinscow & Krog 1988, Thomas 1996). Esta espécie está sendo descrita pela primeira vez para SP, uma vez que já foi citada e registrada para Serra da Cantareira por Marcelli (1998). Material examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, Núcleo da Pedra Grande, sobre tronco na beira do lago, 18/V/1992, M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano, 13572 (SP). Comentários: esta espécie pode ser facilmente identificada pela coloração amarronzada da superfície superior e por não formar propágulos vegetativos, com presença comum de apotécios. É extremamente aderida ao substrato. O material coletado na Serra da Cantareira apresenta muitos apotécios, todos contendo muitos ascósporos desenvolvidos. Segundo Swinscow & Krog (1988), a zona marginal inferior é comumente branca, mas o único espécime encontrado apresenta o córtex inferior praticamente todo negro, mesclado com marrom escuro em alguns trechos. Uma explanação sobre os problemas nomenclaturais a respeito de H. syncolla é detalhada por Moberg (1987). Descrições encontradas na literatura mencionaram talos normalmente muito pequenos com ca. 1,0–2,0 cm de largura (e.g. Moberg 2002, Swinscow & Krog 1988). Entretanto, o espécime encontrado aqui é um talo bem desenvolvido e bem maior que os citados. Nenhuma outra característica, entretanto, apresenta qualquer outra diferenciação significativa para com a literatura. A coloração do talo, largura das lacínias, e o tamanho, forma e pigmentação dos ascósporos estão de acordo com o mencionado por Moberg (2002), exceto que ocasionais (e raras) IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 22 14/07/2014 18:43:15 Physciaceae foliosos do Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil. I. ... rizinas e zonas marginais inferiores de coloração claras citadas pelos autores não foram visualizadas aqui. Moberg (2002) mencionou ainda um córtex mais verrucoso nas partes centrais, mas estas são em geral lisas como os trechos mais jovens. Brodo et al. (2001) mencionaram lacínias mais largas, ca. 0,5–1,0 mm de largura. Hyperphyscia tuckermanii (Lynge) Moberg, Nordic Journal of Botany 7(6): 725. 1987. Physcia tuckermanii Lynge, Videnskapsselskapets Skrifter 1, mat.-naturv. Klasse 16: 37. 1924. (Figs. 9, 10) Talo verde acinzentado escuro, 2,0–3,0 cm de diâm., corticícola. Lacínias 0,3−0,6 mm larg., lineares a sublineares, dicotômicas a irregulares, ± adnatas e pouco adpressas, não pruinosas, ±aplanadas a levemente côncavas, adjacentes a ocasionalmente sobrepostas, eciliadas, de ápices truncados a subtruncados, levemente ascendentes. Sorais, isídios ou pústulas ausentes. Lacínulas presentes nas margens do talo, gradualmente tonando-se laminais e muito abundantes, revestindo trechos do córtex, simples a irregularmente ramificadas, 0,1–0,5 × 0,1 mm. Medula branca. Lado de baixo corticado, negro no centro, zona marginal branca, liso, opaco. Rizinas ausentes. Apotécios ausentes a comuns (em um espécime), laminais, adnatos, 0,5–2,0 mm diâm., com excípulo talino, margem lisa a crenada, anfitécio ±rugoso, disco marrom claro a negro, ascósporos com um septo, marrons (do tipo Pachysporaria), (17,5–) 20,0–25,0 (–30,0) × 8,0–12,5 (–15,0) µm. Picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K–, UV – (nenhuma substância detectada em TLC); medula: K–, C–, KC–, P–, UV– (nenhuma substância detectada em TLC). Distribuição: América do Sul e África (Moberg 1987, Scutari 1992, Swinscow & Krog 1988). Esta espécie está sendo citada pela primeira vez para o Estado de São Paulo. Material examinado: BRASIL, SÃO PAULO, São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, Núcleo da Pedra Grande, sobre tronco de árvore em mata de encosta a beira da estrada nas proximidades da Pedra Grande, 09/I/1991, M.P. Marcelli, A. Rezende & I. Riquelme 10920 (SP); idem, sobre tronco na mata ciliar, 18/V/1992, M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano, 13595b (SP). Comentários: esta é a única espécie do gênero conhecida até o momento que forma lóbulos. As 23 estruturas surgem nas margens, e lembram em parte o aspecto de isídios, tendo aparentemente função de propagação ao invés de serem estruturas adventícias, uma vez que tem forma, tamanho e padrão de reprodução regulares. Swinscow & Krog (1988) citaram a cor como amarronzada, mas o material encontrado é mais esverdeado, única diferença notável. Um dos espécimes (M.P. Marcelli 13595b) é ainda mais densamente lacinulado que o outro, as lacínulas marginais aumentando de número em direção à lâmina em partes velhas completamente recobrindo alguns trechos do córtex superior. Este espécime apresenta diversos apotécios bem desenvolvidos contendo ascósporos maduros. Há ainda muito pouca literatura a respeito desta espécie. As lacínulas laminais, características para esta espécie, são muito abundantes e recobrem o córtex superior em vários trechos a exceção das partes distais. Foi a única espécie do gênero encontrada na Serra da Cantareira a apresentar uma nítida zona marginal clara, branca, em contraste com a cor enegrecida do centro. Os apotécios são semelhantes aos de Hyperphyscia syncolla, porém os ascósporos atingem dimensões maiores em H. tuckermanii. A cor marrom clara de parte dos apotécios parece atípica, e talvez tenha se originado por descoloração. Moberg (1987) estudou material africano e mencionou ascósporos relativamente menores (14– 20 x 8–10 µm), mas que ele ressaltou serem muito poucos para uma análise estatística. O autor detectou traços de esquirina, um pigmento alaranjado, restritos a parte inferior. Porém, este pigmento não foi encontrado em nosso material. Pyxine berteriana (Fée) Imshaug. T. Am. Microsc. Soc. 56: 254. 1857. Circinaria berteriana Fée. Essai Cryptogamie Ecorces Exotiques Officinales: 138. 1825. (Fig. 11) Talo cinza esverdeado a amarronzado, 3,5−5,0 cm diâm., corticícola. Lacínias (0,3−) 0,6−1,4 mm larg., lineares a sublineares, dicotômicas a irregulares, muito adnatas e adpressas, pruinosas (principalmente nas partes distais), planas a côncavas, adjacentes a sobrepostas, não confluentes, lisas, porém às vezes levemente escrobiculadas, eciliadas, de ápices truncados a subtruncados ou irregulares, planos. Máculas linear irregulares, fracas a distintas, laminais a submarginais. Sorais, isídios ou pústulas ausentes. Lacínulas ausentes a escassas, muito curtas, simples, IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 23 14/07/2014 18:43:16 24 restritas a partes velhas. Medula amarela na parte superior, exceto por uma estreita porção inferior branca. Lado de baixo corticado, negro do centro até nas margens, liso a subrugoso, lustroso. Rizinas 0,2−0,6 mm de comprimento, simples a irregularmente ramificadas, concoloridas, negras, homogêneas, abundantes. Apotécios comuns, planos a ocasionalmente convexos, 0,5–1,5 mm diâm., laminais, sésseis, margem talina estreitando-se durante o desenvolvimento do apotécio, estipe interno não pigmentado, disco não pruinoso, negro, plano a levemente convexo, ascósporos com um septo, marrons (do tipo Dirinaria), 15,0–20,0 × 6,0–7,5 µm. Picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K–, UV+ amarelo (liquexantona); medulas pigmentada e branca: K–, C–, KC–, UV– (terpenoides não identificados). Distribuição: Oceania, África tropical, América do Norte, América Central e América do Sul (Aptroot 1987, Brodo et al. 2001, Calvelo & Liberatore 2002, Elix 2009, Jungbluth 2010, Kalb 1987, Kashiwadani 1977, Rogers 1986, Swinscow & Krog 1988, Scutari 1995). Material examinado: BRASIL, SÃO PAULO, São Paulo, Bairro Cachoeira, sopé da Serra da Cantareira, próximo da Rodovia Fernão Dias, 20.VII.1990, M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9757 (SP); idem, Mairiporã, Serra da Cantareira, mata de encosta perto de pomar com clareiras rochosas, II.1981, M.P. Marcelli 16899, 16975 (SP). Comentários: esta espécie apresenta liquexantona no córtex superior (K–, UV+ amarelo), as lacínias muito planas (achatadas) e a medula superior amarela, sem propágulos vegetativos. Pyxine physciaeformis (Malme) Imshaug é morfologicamente similar, porém produz polisidiângios e tem medula superior amarela com reação K avermelhada. Outra espécie similar é P. cognata Stirton, que difere por apresentar medula superior mais escura (amarelo forte ficando laranja) e os apotécios nascem com margens enegrecidas, não com margens talinas. Pyxine eschweileri (Tuck.) Vain. Acta Soc. Fauna Fl. Fenn. 7(1): 156. 1890. Pyxine cocoës var. eschweileri Tuckerman, Proceedings of the American Academie of Arts 12: 167. 1877. (Fig. 12) Talo cinza esverdeado claro, 2,5−3,5 cm diâm., corticícola. Lacínias 0,5−1,1 mm larg., sublineares, irregulares a parcialmente subdicotômicas, muito adnatas e adpressas, pouco pruinosas (mais acentuado nas partes distais), planas a levemente côncavas ou BENATTI, M.N. & JUNGBLUTH, P.. convexas, adjacentes, não confluentes, lisas, de ápices arredondados a subarredondados, planos a côncavos ou ligeiramente ascendentes. Máculas linear irregulares, fracas a distintas, laminais a submarginais. Polisidiângios marginais a ocasionalmente submarginais, originados de pequenos aglomerados de estruturas isidióides, gradualmente erodindo e expondo a porção superior amarelada da medula, decompondo-se em sorédios. Sorais formados pela desagregação dos polisidiângios, sorédios normalmente granulares grosseiros ou às vezes farinhosos. Isídios ou pústulas ausentes. Lacínulas ausentes a muito escassas, muito curtas, simples, restritas a partes velhas. Medula amarelo-enxofre claro na porção superior, a porção inferior branca e mais estreita. Lado de baixo corticado, negro do centro até nas margens com alguns trechos aleatórios marrons escuros, liso a venado, pouco papilado, lustroso. Rizinas 0,2−0,4 mm de comprimento, simples a irregularmente ramificadas, concoloridas, negras, homogêneas, frequentes. Apotécios e picnídios não encontrados. Testes de coloração: córtex K–, UV+ amarelo (liquexantona); medula pigmentada K+ laranja avermelhado, C–, KC–, UV–; medula branca K–, C–, KC–, UV– (terpenoides não identificados). Material examinado: BRASIL, SÃO PAULO, São Paulo, Serra da Cantareira, Bairro Cachoeira, sopé da Serra, próximo à Rodovia Fernão Dias, 20.VII.1990, M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9750 (SP); idem, Sítio da Cachoeira, sobre árvore derrubada isolada em pomar, 25.VI.1991 M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9830 (SP). Distribuição: África, América do Norte, América Central e América do Sul (Aptroot 1987, Brodo et al. 2001, Jungbluth 2010, Kalb 1987, Malme 1897, Vainio 1890, Imshaug 1957). Comentários: Pyxine eschweileri é caracterizada pela presença de atranorina no córtex superior, pelos pequenos polisidiângios que produzem polisídios e sorédios, e pela medula amarelo-enxofre K+ laranja avermelhado. Espécies morfologicamente similares são P. coralligera Malme, que apresenta polisidiângios bem mais desenvolvidos, que raramente produzem sorédios e medula K– ou K+ amarelo fraco, e P. obscurascens Malme, que diferencia-se pela medula laranja escuro K+ púrpura e polisidiângios laminais. AGRADECIMENTOS O primeiro autor agradece à Fundação para o Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 24 14/07/2014 18:43:16 Physciaceae foliosos do Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil. I. ... 25 Figs. 7-12. 7. Hyperphyscia syncolla (Marcelli 13572); 8. Detalhe dos apotécios de H. Syncolla; 9. Hyperphyscia tuckermanii (Marcelli 13595b); 10. Detalhe das lacínulas de H. Tuckermanii; 11. Pyxine berteriana (Marcelli 9757); 12. Pyxine eschweileri (Marcelli 9750). Barras: Figs. 7, 9, 11, 12 = 1 cm; Figs. 8, 10 = 1 mm. IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 69, n. 1, p. 17-27, julho 2014 2 artigo michel e patricia.indd 25 14/07/2014 18:43:16 26 BENATTI, M.N. & JUNGBLUTH, P.. pela concessão da bolsa de Iniciação Científica nº 00/01009-1. A segunda autora agradece a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela bolsa concedida (processo PNPD 02749/09-2). REFERÊNCIAS Aptroot, A. 1987. Pyxinaceae (Lichens). In: Rijn, G.A.R.A. (ed.), Flora of the Guyanas. Series E: 1-53. Koenigstein. Asahina, Y. & Shibata, S. 1954. Chemistry of Lichen Substances. Japan Society for the Promotion of Science. Ueno, Tóquio. 240p. Awasthi, D.D. 1975. 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