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EDITORIAL
Nenhum voto vale mais do que outro.
Mas o conjunto dos votos pode definir a
história de um país. Mais do que nunca,
é hora de reconhecer a grandeza das instituições e do poder que temos de definir
nosso futuro. Por isso, a Farsul conclama
os brasileiros e, em especial, cada produtor rural: participe, informe-se sobre os
programas de governo, sobre os candidatos, troque ideias, valorize suas escolhas.
Fundamentalmente: vá às urnas.
Não importa se você é jovem ou tem mais
de 70 anos, se terá de andar 50 metros ou
50 quilômetros, a pé, de trator ou a cavalo,
para chegar à seção eleitoral: reconheça
o poder do seu voto. É porque soubemos
reconhecer a força da manifestação de
cada vontade individual que nós, produtores rurais, temos conseguido garantir
coletivamente uma representação significativa no Senado, na Câmara Federal,
nas assembleias legislativas. É porque sabemos da importância do processo político
que mantemos diálogo ativo e permanente
com nossos representantes. Podemos cobrar mais eficiência do Estado ou mais
ética na política, porque assumimos uma
postura participativa e pró-ativa junto aos
eleitos. Assim, temos conseguido forjar um
Brasil cada vez mais ciente da grandeza do
agronegócio, sabedor da realidade rural
e aberto às propostas de melhoria da vida
no campo.
Valorize o seu voto, porque assim estará
reconhecendo a importância das instituições, indispensáveis para quem precisa de
estabilidade e liberdade para produzir mais
e viver em paz.
EXPEDIENTE
Terra – planeta água
Ivo Lessa* nos dias de hoje necessita de
31 m³/s. Como ilustração: de
Ao lermos o título acima, onde vem o nome Cantareira?
nosso pensamento nos remete Cantareira é o nome incorpoa cenários, onde, certamente, rado à região da serra desde os
visualizamos um lago, uma séculos XVI e XVII, devido ao
cachoeira, um rio ou o mar. elevado número de nascentes
A água está sempre presente, e córregos. Os tropeiros que
o precioso líquido necessário viviam na região armazenavam
à vida: início, continuidade a água em jarros denominados
ou, sem ela, o fim.
cântaros e estes jarros eram
Os anos passam e as dis- mantidos em prateleiras chacussões sobre o uso e o con- madas de Cantareira.
sumo da água continuam
O que houve com as nascentes
causando grandes dores de e os córregos? Desapareceram?
cabeça e gerando inúmeros Como são realimentados?
transtornos, sociais e econô- Somente com a água da chuva?
micos. Aqui, no RS, depois de
Se a resposta é sim, qual o
anos de discussão, elegemos plano de ação para distribuição
a irrigação como necessária
e garantidora de boas safras.
Menos precipitações pluHoje, estamos com dificuldades viométricas continuarão ocorde iniciar o plantio devido ao rendo, bem como excessos. O
excesso de umidade no solo importante é sabermos equidevido às chuvas; no Paraná, librar a oferta e a demanda,
as Cataratas de Iguaçu estão as secas e a enchentes.
com uma vazão cinco vezes
superior à normal.
Abundância de água? A água da água para uma população
é inesgotável? Dependemos que aumenta a cada ano?
das chuvas? O clima é cíclico? Contar com a boa-vontade
Aquecimento global?
de São Pedro, certamente.
Enquanto nos preocupamos
O que e por que não foram
com hipóteses e teorias sobre levados em conta:
a influência do homem sobre
o clima, e, portanto, na falta 1) O crescimento demográfico
ou abundância de água, esque- da Grande São Paulo: o Sistema
cemos do mais elementar: Cantareira foi idealizado na década
planejamento.
de 1960, quando a região tinha
No RS e Paraná, muita água. 3.781.446 habitantes. Em 2014,
E São Paulo? Acompanhamos tem 19.000.000 de habitantes.
diariamente as grandes dificul- Pelos números apresentados,
dades que enfrenta uma popu- começamos a entender o caos
lação de mais de 19 milhões de no abastecimento hídrico em
habitantes abastecida por duas São Paulo. Falta de chuva ou
bacias hidrográficas: Rio Tietê falta de planejamento?!
e Rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí. Do Rio Piracicaba e 2) A bacia de contribuição
do Rio Tietê é que se forma o para o Sistema – nascentes
Sistema Cantareira que produz dos rios Piracicaba e Tietê,
33 m³/s de água para todos os com um detalhe muito imusos. Só a grande São Paulo portante: “ineficiência do
lençol subterrâneo da bacia
do Piracicaba: a maior parte
da recarga dos mananciais
hídricos ficam por conta das
águas superficiais”. Falta de
chuva, falta de planejamento ou falta de conhecimento
técnico?!
Fato concreto: nos últimos
meses – pouca chuva na região.
Saímos de São Paulo e vamos para Bahia e Pernambuco
– polo de Produção Irrigada
de Juazeiro e Petrolina em
pleno sertão nordestino. Com
obras de engenharia, estamos
retirando água da Bacia do
Rio São Francisco e irrigando
áreas agricultáveis no sertão.
Estamos falando de uma vazão
de 42 m³/s, bem superior à
vazão necessária do Sistema
Cantareira (planejamento, visão
estratégica!).
Neste comparativo, falamos
da mesma coisa, sobrevivência
do homem. Água pra beber,
água pra higiene, água para a
produção agrícola, e indústria.
Em comum, o mesmo insumo:
ÁGUA.
Se analisarmos as colocações acima, todos os enfoques
trazem o princípio básico para
a gestão dos recursos hídricos,
visão estratégica, qual seja,
planejamento para os próximos
20, 30, 50 anos e não apenas
resolução imediatista de um
problema.
Menos precipitações pluviométricas continuarão ocorrendo,
bem como excessos. O importante é sabermos equilibrar a
oferta e a demanda, as secas
e a enchentes.
Tecnologia existe, conhecimento existe, nos falta o quê?
*Engenheiro Agrônomo
Consultor Técnico
do Sistema Farsul
SENAR-RS
JORNAL SUL RURAL
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