27/08/2014
André Perfeito
Sumário Executivo:
Economista-chefe
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Marina ganhou o debate;
A cordialidade política mais uma vez;
Frustração à vista;
Um desejo impossível.
Fernanda Dall´Antonia
estagiária
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Marina: a cordialidade e a frustração.
O debate ontem na Band foi magistral. Muitos reclamaram com razão da pobreza propositiva dos candidatos, da falta
de graça no toma lá dá cá (que foi rompido de maneira esporádica por Eduardo Jorge, postulante à Plínio) e que os
candidatos estavam nervosos ou assustados com o impacto da pesquisa Ibope na antessala do debate. Claro, os
partidários veem pontos positivos em seus candidatos e declaram de maneira triunfante suas vitórias. Discordo de
tudo isso. Marina foi a verdadeira vencedora e por um motivo simples: ela resgatou de maneira sutil e poderosa todos
os valores sociais da cordialidade brasileira.
Ela foi magistral, confiante de si como quem tira dez numa prova de matemática e depois vai falar com os pais, Marina
desfilou segurança e serenidades típicas de um vencedor. Não havia como desarmar sua linha de raciocínio e a pálida
ameaça de um ataque fazia dela ainda maior. Aécio tentou, Dilma ensaiou, mas no fim não houve arranhão
significativo à sua imagem.
Não digo isso porque vá votar em Marina ou coisa do tipo, muito menos estou recomendando votar ou que não vote.
Não é nada disso, estamos aqui tentando interpretar um traço do discurso dela que é profundamente arraigado no
brasileiro. O que me encantou no debate foi ver ao vivo e a cores como a cordialidade ainda tem força política de
sobra nesse país. Este jeito conciliatório de que “podemos ter o melhor dos dois mundos” é um argumento de força e
que ganha ares de nobreza infinita na figura da ex-senadora onde sua estampa humilde e orgulhosa se completa com
o melhor da alta-costura, onde o colar de pedras negras se sustenta como que em contradição complementar com um
vestido branco. Tudo isso com a inseparável echarpe que remete à moda e à devoção. No rosto um óculos vermelho
de leitura que lembra uma professora fundamental. Brilhante.
A cordialidade, sabemos, é a estratégia para circular numa sociedade onde público e privado se confundem. Num
ambiente contraditório como este, resultado de um povo infantil ainda em termos democráticos como nos ensina
Sérgio Buarque do Holanda, o afeto conciliatório azeita as relações sociais. Marina conseguiu encarnar a cordialidade
na política e isso é um trunfo sem tamanho nesse país. A polarização PT/PSDB apesar de desagradável é sinal de
maturidade a meu ver. Não há respostas fáceis na política e quando parece fácil está necessariamente errado.
Marina sem dúvida alguma é uma mulher íntegra que merece todo nosso respeito, mas me chama atenção como
economista como as pessoas estão colocando na boca dela muito mais do que ela está dizendo. De maneira
contraditória Marina é tudo menos cordial enquanto figura política. Ela representa hoje o anti-petismo de um lado
(alinhando assim as mais extremadas leituras de “direita”), e do outro o esquerdismo derivado das manifestações de
junho que não tem tamanho nem nunca terá. Quando um candidato vence numa situação que nem essa (de rejeição
“ao que está aí”) o resultado é claro caso o candidato não se imponha: haverá frustração, e rapidamente, para algum
dos grupos.
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27/08/2014
A situação que nos encontramos mostra como estamos sem projeto viável de tal sorte que tentaremos improvisar
uma terceira via que será definida apenas após as eleições. A Marina representa isso no fundo em termos políticos.
Haverá frustração para um dos dois grupos que podem levar Marina à presidência, ou aos dois. O que se exige de
Marina é mais do que é possível acontecer. Ajuste e elevação de renda são incompatíveis no curto prazo. Nesse
sentido Dilma e Aécio são mais claros cada um a sua maneira. Marina sinceramente quer construir um Brasil diferente,
mas as forças ao seu redor talvez sejam mais persistentes do que ela pode imaginar.
Ela diz que quer governar com o lado bom do PMDB como é o caso do honrado senador Pedro Simon. Mas me lembro
que o PMDB que tem força de fato é o de Renan Calheiros que foi ministro da Justiça de FHC e Presidente do Senado
do PT. Não é uma conta simples e que o eleitor mediano está dando como certo ser possível equacionar.
Levando em conta essas considerações estou alterando o cenário principal para a eleição de outubro. Nãoo trabalho
mais com a hipótese central com a vitória de Dilma Rousseff, mas sim Marina Silva na razão de 60%.
Segue abaixo a Compilação
Sistemática das Pesquisas Eleitorais.
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IBOPE
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Este relatório 23/08/10
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