MULHERES NA CONCEPÇÃO DE MACHADO DE ASSIS Colégio: Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré Profas. Patrícia Lara e Leila Fiamoncine Alunas: Grace Sanches Gutierrez Cerqueira Mariana Souza Lisboa Raísa Achão Brandão A figura feminina é com certeza, uma das mais difíceis de se expressa em palavras. Não existem adjetivos que consigam expor essa figura tão complexa. Há somente um aglomerado de expressões, que não devem ser lidas, e sim sentidas através da leitura. Machado de Assis conseguiu transmitir essa emoção em suas obras. O estereótipo da moça submissa contrasta com a imagem da mulher forte. São personagens doces, meigas, virginais, puras, e ao mesmo tempo, fortes, sensuais, objetivas e intolerantes. São figuras femininas tão marcantes, que geralmente conduzem as ações da narrativa, como ocorre em Helena, Ressurreição, A Mão e a Luva e Iaiá Garcia. Nessas obras, mostra-se evidente a atuação feminina como precursora de conflitos. A habilidade machadiana em transcrever para o papel figuras femininas tão próximas da realidade é impressionante. Ele explora todas as facetas da mulher, e o faz, com impecável perfeição. Em sua poesia Mulheres são como Maças, Machado evidencia a conduta feminina com admirável habilidade e eficácia. Mulheres são como maças As melhores mulheres pertencem aos homens mais atrevidos, mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo, os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs mais podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados. Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar... Aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore. Ao comparar as mulheres com maçãs, fruto também tido como símbolo do pecado, Machado deixa transparecer, desde o início, a personalidade feminina que tende a dominar, que leva outros à “perdição”. Cada mulher, a sua maneira, consegue direcionar, que leva outros à “perdição”. Cada mulher, a sua maneira, consegue direcionar o caminho a ser seguido, algumas encaixando-se nas “maçãs do chão”, sendo sensuais, sedutoras e até levemente eróticas, outras, como as “maças do topo”, conduzem a situação através de sua figura pura e meiga, entretanto não menos sedutora. Há grandes personagens machadianas em que podemos evidenciar a presença desses fortes perfis femininos. A exemplo da “maçã do chão” podemos citar Marcela, a espanhola da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas. Esta foi um dos grandes amores do personagem. Era uma prostituta de luxo, muito sensual, mentirosa, amiga de rapazes e cortesã que trocava favores por dinheiro. Suas ações eram movidas de acordo com seu interesse financeiro, podendo ser considerada uma mulher fácil de se conseguir, todavia difícil de se manter. Já Helena representa o caráter dominador através da figura pura e doce. Com seu jeito meigo, conquista a todos e consegue ludibriá-los. Seu perfil, típico romântico, adéqua-se às “maçãs do topo”, mulheres que, com a simplicidade natural feminina, alcançam seus objetivos. Na obra Dom Casmurro, temos a personagem Capitu, principal criação feminina de Machado de Assis. Nela podemos notar um perfil contraditório, que se encaixa ora em “maçã do topo”, ora em “maçã do chão”, condizente com um jeito feminino de ser mais plausível com o da realidade. Marcada por um lado manipulador e um forte sensualismo, Capitu seduz Bentinho. No desenrolar do conflito da “traição ou não”, porém, a personagem também revela pureza e inocência. Capitu revela-se “maçã do chão” quando consegue, de imediato, desviar uma situação, criando desculpas velozmente; como quando é flagrada escrevendo no murro, e logo consegue afastar a conversa. Demonstra também grande capacidade de não deixar transparecer a situação, é muito dissimulada; quando seu pai a flagra com Bentinho, muda rapidamente de expressão, assim não deixa nenhuma suspeita. Sua sensualidade se mostra claramente no episódio em que Bentinho penteia seus cabelos. Capitu se inclina e fica a encará-lo com o olhar fixo, e ela é quem começa a intenção do beijo. Capitu também pode ser considerada a “maçã do topo”, uma vez que é uma moça dedicada, preocupada com Bentinho, chegando a pensar em formas de como fazê-lo sair do seminário. Ela também demonstra esse perfil com sua incansável tentativa de conseguir o perdão de Bentinho, mesmo achando que não havia razão para pedi-lo. Outra característica foi sua postura diante de sua separação: não obstante longe de seu marido e acusada de adultério, ensina seu filho a amar o pai, elogiando-o exaltando suas qualidades. Ao trabalhar com o relativismo, Machado coloca a mulher como boa e má, do “topo” e do “chão”. A classificação dessas imagens é coerente com cada ponto de vista. Da junção dos perfis resulta a verdadeira mulher, complexa e composta de vários lados.