INTRODUÇÃO A introdução do tratamento antirretroviral de alta potência (TARV) propiciou um aumento dramático na expectativa de vida, reduzindo as taxas de infecções oportunistas e internamentos hospitalares em pacientes com HIV/AIDS 1. Porém, uma série de alterações anatômicas e metabólicas chamadas de síndrome lipodistrófica passou a ser relatada. Caracteriza-se por seletiva perda de tecido subcutâneo na face e extremidades (lipoatrofia) e/ou acúmulo de gordura ao redor do pescoço, região dorso-cervical, abdômen e tórax (lipo-hipertrofia), comumente agrupadas como lipodistrofia. Pode associar-se à resistência periférica à insulina, Diabetes Mellitus, Hipertrigliceridemia e outras Dislipidemias 2, tornando-se um dos problemas mais prevalentes e preocupantes no tratamento do paciente com HIV/AIDS 3. Aproximadamente 50% dos pacientes em uso da TARV desenvolvem a síndrome de maneira moderada a grave 4 – 6. O diagnóstico da lipoatrofia facial pode ser feito pela constatação da redução dos coxins gordurosos das regiões malar, temporal, pré-auricular e parotídea, com acentuação dos sulcos nasogeniano e nasolabial, da proeminência óssea malar, zigomática e da crista temporal 7. Essas alterações morfológicas podem desencadear sintomas depressivos, afetar negativamente a percepção da imagem corporal e a qualidade de vida de pessoas com HIV/AIDS 8. De todas as manifestações da síndrome lipodistrófica, a lipoatrofia facial é a condição mais estigmatizante e pode levar a efeitos dramáticos na auto-estima e na sociabilização desses pacientes 9. Atualmente, procedimentos de infiltração são as melhores soluções para minimizar os efeitos da lipoatrofia facial já que são mais eficazes no resultado estético e com poucas complicações. Algumas substâncias sintéticas biocompatíveis como ácido hialurônico, poliacrilamida, ácido poliláctico e o polimetilmetacrilato (PMMA) são as mais utilizadas para o preenchimento facial. 7, 10 - 12 O PMMA é um preenchedor permanente que produz resultado imediato e duradouro. Sua molécula é virtualmente inerte e biocompatível, permanecendo estável durante décadas após seu primeiro implante. Sua estrutura é na forma de microesferas maiores que 20µm de diâmetro e de superfície lisa e redonda. No Brasil, a infiltração com PMMA foi integrada à lista de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) desde dezembro de 2004 através da portaria 2.582, que distribui o produto na forma do Meta<>Crill®, implante injetável autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sob o registro de número: 80101070001 para correção da lipoatrofia facial nos pacientes com infecção pelo HIV/AIDS. 12 O objetivo deste estudo é avaliar o impacto do tratamento da lipoatrofia facial com PMMA sobre a qualidade de vida, a auto-percepção da imagem facial e a gravidade de sintomas depressivos de pacientes que vivem com HIV/AIDS, haja vista a pobreza de informações de intervenções específicas sobre a lipodistrofia, principalmente na região Nordeste do Brasil.