A EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO PRÁTICA TRANSFORMADORA Gilvandro Veras de Sousa1 [email protected] José Osman Silvino Santos1 [email protected] Pedro Igor Santana Frazão1 [email protected] RESUMO A transformação social de um indivíduo pode ocorrer de diversas formas, porém, o papel da educação nesse processo de transformação é condição sine qua non para que se alcance tal objetivo. Para que esta mudança ocorra, seja positiva e capaz de formar um novo sujeito, o qual seja politicamente crítico e socialmente justo, a educação deve estar pautada na realidade de tal sujeito, de modo que este se reconheça nela como sujeito social capaz de além de transformar a si mesmo, seja capaz também de conscientizar, mobilizar e liderar outros sujeitos, e assim pela luta de classe alterar a realidade em que vivem. A Educação do Campo, devido ao seu propósito de buscar consolidar os direitos previstos, tanto na Constituição Federal (1988), quanto na LDB (Lei de Diretrizes e Bases), constrói uma proposta pedagógica a partir das realidades, saberes e experiências dos sujeitos. Então, a Educação do Campo, se conduzida segundo seus princípios e fundamentos, pode ser transformadora. Para tanto, deve-se considerar o contexto histórico em que ela foi concebida, destacar os principais momentos de discussões e debates acerca do tema, considerar também as principais conquistas da classe trabalhadora camponesa como, por exemplo: as diretrizes para o segmento educacional do campo, bem como, as organizações e movimentos sociais que foram e continuam sendo os precursores e atualmente protagonizam essa pedagogia diferenciada. Como base de fundamentação teórica metodológica, adotou-se o materialismo histórico dialético. De maneira que este trabalho procura explicitar o potencial transformador da Educação do Campo, retratando o caso de um jovem, que até vivenciar os preceitos dessa EDUCAÇÃO, ignorava a realidade a sua volta, e sua própria condição de lavrador, negro, quilombola e camponês. Uma vez que sonhava em tornar-se um policial militar, corporação que se constitui quase sempre em um dos objetos do aparelho opressor do Estado contra as manifestações populares. Este jovem atualmente é professor em uma Escola Família Agrícola, militante quilombola, e desempenha um importante papel enquanto educador do campo. Sua militância e liderança comunitária são aceitas e reconhecidas. Para o desenvolvimento deste trabalho realizamos uma entrevista com ele e o observamos durante alguns dias no exercício de suas atividades pedagógicas e de militância, além de pesquisas bibliográficas de fundamentação. E a partir dessa análise, podemos considerar eficaz a ação transformadora que a Educação do Campo exerce quando seus princípios e fundamentos pedagógicos servem como orientação e prática educativa. 1 Graduandos do Curso de Licenciatura em Educação do Campo – PROCAMPO, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA, Campus São Luís – Maracanã. Palavras Chave: Transformação Social. Educação do Campo. Sujeito Social. Contexto histórico da Educação do Campo A educação do campo é um tema relativamente jovem e por tratar da educação de uma parcela significativa da população brasileira com características e necessidades semelhantes requer melhor entendimento sobre o tema. O sistema público de ensino brasileiro nunca contemplou a população de forma equitativa. Atender aos anseios e necessidades das minorias jamais foi uma prioridade governamental. Diante da falta de políticas públicas que atendessem as necessidades básicas do homem do campo, dentre elas a educação, e sem perspectivas futuras, a sociedade civil se organizou através de movimentos sociais, centrais sindicais, entidades religiosas e principalmente os movimentos sociais camponeses, os quais se engajaram numa luta mais ampla pela reforma agrária, pois perceberam que o enfrentamento à falta de políticas públicas não deveria ser apenas pelo direito a terra, mas também, pelo direito a educação, que segundo a Constituição Federal no Art. 205 – A educação, direito de todos e dever do estado [...] e no Art. 206 – “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: inciso I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”. E, ainda em conformidade com a LDB no seu Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Apesar da garantia constitucional desse direito e de vários outros, não há aplicabilidade como determina a própria legislação, resultando numa dívida gigantesca para com a população, principalmente a que vive no e do campo, tornando maior a convicção de que a política educacional brasileira foi excludente, principalmente aquela destinada à classe trabalhadora do campo tornando-a marginalizada. Diante de tal conjuntura os movimentos e entidades sociais iniciaram um debate sobre uma educação que fosse capaz de compreender as necessidades e ao mesmo tempo atender aos propósitos da classe trabalhadora. Para tanto, esses trabalhadores e trabalhadoras devem ser vistos como sujeitos de direito e construtores de sua história (CALDART, 2001). Essa luta foi travada com o governo, para que se pudesse ter a “Educação do Campo como processo de construção de um projeto de educação dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, gestado desde o ponto de vista dos camponeses e da trajetória de luta de suas organizações”, como relata Caldart (2004,p.17), em suma, baseado na pedagogia que os próprios dos movimentos já pautavam dentro das áreas de assentamentos e acampamentos. Fruto deste entendimento nasce o primeiro Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária – ENERA, em julho de 1997 em Brasília. No ano seguinte, em 1998, a partir dos debates com o governo, universidades, entidades ligadas a Organização das Nações Unidas (ONU), a classe trabalhadora teve uma conquista que foi a criação do PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, o qual teve editada sua portaria de nº 10, em 16 de Abril de 1998, e publicada no Diário Oficial da União em 24/04/98. Fato que inicia um novo momento para a educação camponesa, de maneira que esta não continuasse a ser tão somente um apêndice da educação urbana. Mesmo com a conquista do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), sabia-se que ainda se tinha muito a conquistar, pois a principio o programa só atendia o público da alfabetização de jovens e adultos. Então movimentos sociais e entidades ligadas à luta pelo direito do trabalhador voltaram a se reunir e tratar sobre o assunto. Veio então, a 1ª Conferência Nacional: Por uma Educação Básica do Campo, realizada de 27 a 30 de julho de 1998, em Luziânia – GO, com 974 participantes. Diante dessa luta massiva e constante das organizações sociais, por políticas públicas de governo ou contra a falta delas, foram surgindo algumas conquistas como: a aprovação das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo, aprovada em 2001. A necessidade de avaliar a aplicabilidade prática das diretrizes operacionais frente ao cenário e demanda nacional fez com que em 2002, no período de 26 a 29 de novembro, em Brasília, mais precisamente na Universidade Nacional de Brasília-UNB fosse realizado o Seminário Nacional por uma Educação do Campo, o qual contou com a presença de 372 participantes representando 25 estados da federação e várias organizações sociais. Os encontros realizados ao longo da década de 1990 adentraram na década seguinte e foram como sempre, marcadas pela morosidade do governo e a cobrança dos movimentos sociais. Apesar disso, houve avanços significativos no campo das discussões. A educação do campo foi conquistando algumas instâncias, como o Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo, instituído em 2003, e em 2004, a criação da secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, ligada ao MEC. No campo ideológico, a Educação do Campo foi postulando um conceito diferenciado que realmente contemple o que se busca para a classe trabalhadora. Embora em construção, mas, com a certeza de que territorialidades, natureza, família, práticas produtivas, organização social do trabalho, dentre outros aspectos, compõem essa inovação pedagógica. Sendo, portanto, o oposto do que denota a Educação Rural, que sempre foi imposta pelo governo como apêndice da escolarização urbana, retirando pura e simplesmente o homem do seu meio de origem e o tornando um instrumento produtivo a partir de uma idealização fomentada apenas para o trabalho, como apontam (OLIVEIRA & CAMPOS, 2012). O PRONERA no Maranhão O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), criado em abril de 1998, apesar de não ser vinculado ao Ministério da Educação e provavelmente por isso, tenha se constituído nas últimas décadas, o grande promotor e responsável pela melhoria dos níveis de escolaridade da população brasileira do campo. Tendo como público-alvo a população dos Projetos de Assentamentos Rurais (PA) e acampamentos da Reforma Agrária, implantados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, ou por Órgãos Estaduais de Terra responsáveis pela política agrária e fundiária (ANDRADE & DIPIERRO, 2004), o programa vem conseguindo atender ao que foi seu propósito de criação. Porém o quadro de beneficiários do programa deveria ser ainda maior, se considerarmos a demanda que o campo brasileiro apresenta. As ações do PRONERA no Maranhão, assim como em todo país, já contribuíram na profissionalização de muitos agricultores e agricultoras, assentados e assentadas, acampados e acampadas e os filhos e filhas destes. Porém concentra maiores beneficiários na área da alfabetização e elevação do nível de escolaridade deste grupo citado anteriormente, com os projetos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) implantados e executados no Estado. Esses avanços advieram das demandas apresentadas pelos movimentos e organizações sociais, que são os grandes mobilizadores e articuladores da concepção deste programa (ANDRADE & DI PIERRO, 2004), como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Associação em Áreas de Assentamento do Maranhão – ASSEMA. No Relatório geral de avaliação do PRONERA, de 2004, o Maranhão apresentou o seguinte quadro: em projetos de EJA existiam 2.220 alunos de 52 PAs, e 160 alunos em programas de formação de educadores. O relatório usou um recorte temporal dos convênios aprovados em 2001 e 2002, propondo-se inicialmente a abranger aqueles que se encontrava em desenvolvimento no ano de 2003 (ANDRADE & DI PIERRO, 2004), mesmo assim consegue mostrar um quadro de avanço na alfabetização e profissionalização dos camponeses e camponesas. Neste período muitos beneficiários da Reforma Agrária do Maranhão participavam de cursos de formação profissional fora do estado, por meio de convênio do MST com o PRONERA e Universidades, como: as turmas de Pedagogia da Terra, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), as turmas de Técnicos em Agropecuária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) / Colégio Agrícola “Vidal de Negreiros”, a turma de Ciências Agrárias e a turma de Licenciatura em história, também da UFPB. Posteriormente, no próprio Maranhão, ocorreram turmas de Técnico Agrícola em convênio com a Escola Agrotécnica Federal de São Luís, hoje IFMA Campus Maracanã, e de Pedagogia da Terra, conveniado com a Universidade Federal do Maranhão - UFMA, além de turmas de alfabetização e magistério. A formação profissional permitiu que grande parte dos egressos desses cursos retornasse as suas comunidades e contribuísse positivamente no processo de desenvolvimento e melhoria das condições de vida dos assentamentos e comunidades em que residiam. Um exemplo claro disso é o das pedagogas que se formaram nas turmas de Pedagogia da terra da UFPA e UFRN que, conjuntamente com os demais profissionais, conseguiram transformar a Escola Municipal Raimundo Cabral, da Comunidade Vila Diamante, no PA Diamante Negro/Jutahy, objeto de diversos estudos e pesquisas, devido à prática pedagógica e de gestão adotado pela escola. E assim a escola tem conseguido médias na Provinha Brasil, por exemplo, superiores a media do município. O PROCAMPO no Maranhão O Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo – PROCAMPO, instituído pela Resolução/CD/FNDE Nº. 06 de 17.03.2009 foi incorporado às políticas públicas do governo para o campo, portanto, deixando de ser um programa, está vinculado ao MEC e busca apoiar a implementação de cursos regulares de licenciatura em educação do campo nas instituições públicas de ensino para educadores e educadoras que atuam nas escolas do campo, visando, além da formação profissional, á formação política e humana desses professores, respeitando as especificidades culturais, étnicas, políticas, sociais e ambientais do campo. No Maranhão duas instituições aprovaram suas propostas de realizações de turma do programa e assim vem desenvolvendo três turmas, duas turmas sob a tutela Universidade Federal do Maranhão – UFMA e uma sob a responsabilidade do Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Campus São Luís – Maracanã. Estas turmas se encerrarão em 2013, porém suas contribuições e benefícios decorrentes do processo de transformação dos sujeitos participantes das referidas turmas, é notório, como o exemplo apresentado a seguir: Transformação por meio da Educação do Campo E neste contexto histórico de educação e transformação social que resolvemos analisar de que forma a educação do campo vem influenciando, contribuindo e mudando vida dos camponeses, sejam eles: sem terra, quilombolas, indígenas, etc. Em particular analisaremos um jovem camponês a partir de sua própria fala e vivência considerando aspectos como: compreensão social, familiar, educacional e política. Esse jovem, de 23 anos de idade identificados pelas iniciais A. S. C. F., trabalha na Escola Família Agrícola de Codó - MA, como professor de ciências e sociologia do 6º ao 9º ano e Licenciando em Educação do Campo do IFMA. Para obtenção das informações que comprovassem a influência transformadora da educação do campo na vida dos sujeitos nela envolvidos, e necessárias ao objetivo do trabalho fizemos alguns questionamentos que nos levasse a perceber o grau de compreensão desse jovem a cerca e educação do campo, chegando às informações que serão discorridas. Para ele, educação é compartilhar o conhecimento, para que através dele a sociedade alcance a liberdade. Quando questionado sobre seu sonho de infância ele responde que quando criança tinha como maior sonho ser um militar. Sobre os movimentos sociais e suas ações, ele respondeu que os movimentos sociais surgiram a partir da compreensão da necessidade de romper com as barreiras do sistema, e se faz necessário, uma vez que vivemos em um sistema opressor de exploração e acumulação primitiva de capital. Quando perguntado sobre seu envolvimento com os movimentos sociais disse: “durante minha estadia no PROCAMPO, pude conhecer e compreender melhor as lutas de classes foi através desse conhecimento que decidi lutar ao lado dos quilombolas por direitos” constitucionais. Seu primeiro contato com o conceito de educação do campo, segundo ele foi na Escola Família de Codó, onde trabalha e no PROCAMPO, onde estuda e teve esclarecimentos a partir de disciplinas como: Formação da Sociedade Brasileira e as lutas Camponesas; Historia e Cultura dos Povos indígenas Africanos; Economia Política; Educação do Campo, Historia da Educação e da Pedagogia; Estudos Comparados de Educação e Movimentos Sociais na America Latina. Importante resaltar que dentre as muitas disciplinas, estas tiveram um apelo significativo às questões sociais e foram ministradas por professores com um aguçado senso critico sobre os problemas sociais e uma metodologia diferenciada, tornaram notório o antagonismo das classes sociais e a importância da luta de classe no propósito da conquista de uma sociedade igualitária. Essa compreensão política dos educadores em face à intervenção pedagógica em sala, o auxiliaram a compreender-se como sujeito social, pertencente a uma classe oprimida e com condição de contrapor politicamente à realidade. Fica evidente que a partir desse momento percebe em si próprio que houve uma mudança em sua concepção de educação, de modo que quanto questionado, afirma que: “educação vai muito além da sala de aula. Educação é um meio de transformação social”. O dinamismo do curso e sua conformação, com a existência do período de tempo comunidade, que os educandos desenvolvem estudos e trabalhos nas comunidades e municípios em que vivem, possibilita aos alunos entender um dos princípios da educação do campo que é o conhecimento da realidade local e dos sujeitos sociais. Diante da atual conjuntura, a percepção desse jovem sobre as diferenças entre a educação do campo e a educação tradicional é apresentada na afirmação: “a educação do campo trabalha com o desenvolvimento do meio rural, defendendo a vida no campo e as lutas por reforma agrária, uma vez que sem reforma agrária não é possível haver educação do campo. Enquanto a educação rural é apenas uma extensão da urbana que chamamos de “convencional”, não há uma preocupação para com o desenvolvimento do meio”. No que diz respeito a sua postura em relação ao processo educativo é enfático ao afirmar: a educação é transformadora. Quando questionado sobre o que mudou em si próprio, é categórico ao responder: sou militante quilombola e luto por igualdade social. Para ele a sociedade hoje é “uma sociedade onde o mais importante é acumular riquezas sem se importar com o próximo, sociedade esta, onde o nível de desigualdade é gritante e incompatível com as riquezas produzidas no país. Acredito que tudo só irá mudar quando acontecer uma revolução na educação”. Finaliza a entrevista com a seguinte mensagem: “professores que não compreendem as lutas sociais, não são educadores, deveriam procurar outra profissão, a vida não faz sentido se não lutarmos por algo melhor para a sociedade, mesmo que não usufruamos de tal conquista, ainda sim devemos contribuir para que outras pessoas possam viver melhor”. O jovem em questão sempre viveu nas comunidades de base, mas como grande parte da população jovem desse país, incluindo aí, infelizmente, a rural, ele não havia se dado conta ou nunca fora instigado a refletir na sua realidade enquanto membro pertencente a uma classe, em suas raízes, sua verdadeira identidade de camponês, talvez uma autonegação produzida e imposta pelas mazelas que a sociedade historicamente impôs a essa classe marginalizada. O certo é que ao ter contato com essa nova forma de pensar e agir, direcionada para uma educação que o contemplasse enquanto sujeito, enquanto pessoa humana dotado de vontades, de possibilidades e mais ainda, sentiu-se nesse momento em igualdade de condições para que, a partir de então, pudesse escolher sobre como escrever sua própria trajetória, não mais sendo refém daquilo que sobrara a um jovem camponês como ele. Observar um jovem negro morador de área remanescente de quilombo e que dantes sonhara em ser um policial militar, o que para campesinos é avesso, pois serve ao aparelho de repressão do Estado. Hoje se autorreconhece quilombola, acredita na educação como meio de transformação social e percebe a diferença entre ser professor e ser educador, é extremamente gratificante, principalmente quando o próprio jovem assume: “Sou militante quilombola e luto contra a desigualdade social”. Desvela-se então o fruto sonhado por essa educação em constante avaliação. Considerações Finais O que traz satisfação enquanto estudantes de educação do campo é perceber o valor que essa concepção de educação, pensada e construída pelos sujeitos do campo e para o campo, está surtindo o efeito que fora pretendido ao longo de todo esse tempo em que se fizeram diversos enfrentamentos. Fica visível que a partir do contato com a educação do campo que a ótica foi ampliada e coube a ele enquanto ser, tomar suas próprias decisões, inclusive a de lutar ao lado de sua classe, aí não mais só por educação, mas por igualdade social e igualdade de condições para que cada um tenha o direito de escolher como traçar seu próprio caminho, sem desconsiderar suas origens, as experiências de mundo e os sujeitos que o orbitam. Percebe-se, portanto, que a educação do campo caminha no rumo certo com o propósito de lutar por melhorias dos sujeitos que a constroem e vivenciam-na, ao passo que, esta vai se construindo com a participação dessa classe e se constituindo em espaços de enfrentamento, seja ele ideológico prático ou social. E que essa construção se consolide em algo desejado por todos os camponeses desse país que é a tão sonhada reforma agrária. Referências ANDRADE, Márcia Regina; DI PIERRO, Maria Clara. Relatório geral: avaliação externa do programa. 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