NOTA TÉCNICA : CARACTERIZAÇÃO TECIDUAL
FOTOGRÁFICA DO PÉ DIABÉTICO ULCERADO
Pereira VHH; Filho EMC; Santos FTA; Barbosa RAS;
Santos TFA; Caiafa JS; Salles Cunha SX
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de
Alagoas – UNCISAL
Liga Acadêmica Vascular - LAVA
Introdução
Técnicas de caracterização tecidual ultrassonografica
(CATUS) transcutâneas já foram utilizadas na análise de
rins, ateromas carotídeos e periféricos, aneurismas
abdominais tratados com endoprotese, trombose venosa,
e edemas, em particular linfedema.1-5 CATUS é uma
variação da ultrassonografia intravascular (IVUS). O cálculo
do GSM (grey scale median) constitui-se numa
simplificação quantitativa prática de imagens. A fotografia
tem sido usada para documentar a evolução do
tratamento do pé ulcerado. Uma das quantificações da
fotografia é a área da úlcera6-8. Adaptamos a técnica da
caracterização
tecidual
ou
histologia
virtual
ultrassonográfica (CATUS – HVUS) na análise da imagem
fotográfica (CATIM)2,3.
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Santos TFA; Caiafa JS; Salles Cunha SX
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Material e Métodos
As fotografias obtidas durante o tratamento de um paciente
com pé diabético ulcerado foram quantificadas e analisadas por
software de imagem médica desenvolvido para caracterização e
diferenciação de tons de cinza.
Esta técnica classificou os pixels da imagem fotográfica de
acordo com a sua amplitude de brilho em escala cinzenta. Em
resumo os passos da análise foram:
1.
Seleção de imagens coloridas do paciente (figura 1 –
coluna 1);
2.
Transformação das imagens coloridas em imagens com
256 tonalidades de cinza, entre preto (0) e branco ( 255);
3.
Minimização de variações com reescala;
4.
Seleção da área para análise ;
5.
Cálculo da distribuição das amplitudes dos brilhos dos
pixels da imagem e da mediana (figura 1 – Coluna 3);
6.
Colorização artificial baseada em 14 intervalos de
amplitude de brilho e seus histogramas (Figura 1 – coluna 4);
7.
Correlação entre o número de pixels e a área.
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Resultados
A figura 1 apresenta na coluna 1 imagens da úlcera em
cinco diferentes fases do tratamento, a coluna 2
apresenta a mediana do brilho e a coluna 3 a proporção
de brilhos com tecidos granulados. A última coluna
ilustra a colorização da úlcera, cada região é colorida com
a cor correspondente de intervalos pré-definidos na
escala de cinzas.
Na análise da distribuição dos intervalos, o achado mais
significativo foi a proporção de pixels no intervalo de 77 a
111. A proporção deles nesse intervalo aumentou de 11%
para 34%, 56%, 62% e chegou a 75%. Devido a esse
significativo aumento, esse intervalo foi visualmente
associado à granulação da ferida.
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FIGURA 1 - Avaliação da úlcera do pé diabético ao longo do tratamento
FIGURA 1 –
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TABELA 1 – Quantificação do tamanho da úlcera e da
porcentagem da área de granulação.
Área da
úlcera (cm²)
Área de
granulação
(%)
GSM
Imagem 1
17,85
11
127
Imagem 2
12,44
34
98
Imagem 3
3,68
56
86
Imagem 4
2,11
62
76
Imagem 5
0,15
75
83
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TECIDUAL FOTOGRÁFICA DO PÉ DIABÉTICO
ULCERADO
Pereira VHH; Filho EMC; Santos FTA; Barbosa RAS;
Santos TFA; Caiafa JS; Salles Cunha SX
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Conclusão
A técnica da caracterização tecidual por imagem permitiu
quantificações relacionadas ao tratamento da úlcera do pé
diabético. Em particular, o tamanho da úlcera, a mediana do
brilho e a proporção de brilhos associados a tecidos
granulados, apresentaram
melhora resultante do
tratamento da úlcera. Novas análises de úlceras ou outros
tecidos podem ser utilizadas com essa técnica, permitindo
quantificação, caracterização e controle da evolução do
agravo ou tratamento.
Referências
1. Salles-Cunha SX. Nota técnica: avaliação ultrassonográfica de aneurismas da aorta tratados com endopróteses. J Vasc Bras 2012,
Vol. 11, Nº 2
2.Barros FL, Sandri JL, Prezotti BB et al. Embolia pulmonar: uma rara associação com trombo flutuante da veia basílica identificada
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3. Engelhorn AL, Engelhorn CA, Salles-Cunha SX. Initial evaluation of virtual histology ultrasonographic techniques applied to a case of
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4. Cassou-Birckholz MF, Engelhorn CA, Salles-Cunha SX, et al. Assessment of deep venous thrombosis by grayscale median analysis of
ultrasound images. Ultrasound Q. 2011;27(1):55-61.
5. Valiente Engelhorn AL, Engelhorn CA, Salles-Cunha SX, Ehlert R, Akiyoshi FK, Assad KW. Ultrasound tissue characterization of the
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8771.
6. Hazenberg CE, van Baal JG, Manning E, Bril A, Bus SA. The validity and reliability of diagnosing foot ulcers and pre-ulcerative lesions
in diabetes using advanced digital photography. Diabetes Technol Ther. 2010 Dec;12(12):1011-7.
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cutaneous ulcer surface area. Zhongguo Xiu Fu Chong Jian Wai Ke Za Zhi. 2008 May;22(5):563-6.
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and three reference methods. Diabetes Technol Ther. 2011 Nov;13(11):1101-7.
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nota técnica : caracterização tecidual fotográfica do pé diabético