O preço das Renováveis
Comissão de Especialização em Engenharia da OE
Ciclo de encontros sobre o preço da energia
Lisboa, 17 de Fevereiro de 2011
Pedro Neves Ferreira
Director de Planeamento Energético – EDP
[email protected]
Tópicos
Preço da electricidade
Sobrecusto das Renováveis
Custos nivelados
Política Energética
Conclusões
DPE – Direcção de Planeamento Energético
1
Pergunta: comparar o quê?
Métrica
1 • Preço final incluindo
O que compara?
• O que se paga
• Única métrica válida para comparar
preços de electricidade
• Esforço relativo face
ao orçamento
disponível
• Electricidade é um bem capitalintensivo baseado em commodities
internacionais; custos subjacentes
são iguais em todo mundo
impostos não
recuperáveis
2 • Preço final ponderado
por Paridade de Poder
de Compra (PPC)
Comentários
• Métrica revela mais sobre riqueza de
cada país do que sobre eficiência
do preço da electricidade
3 • Preço final sem
impostos
• Preço líquido de
fiscalidade
• Métrica “virtual”
• Há que ajustar também por:
− Consumo per capita
− Capilaridade da rede
− Mix canais comerciais
− Outros (rendas,…)
DPE – Direcção de Planeamento Energético
2
O preço da electricidade em Portugal tem sido consistentemente inferior à
média da UE-27 e de Espanha
Preços de electricidade para clientes
residenciais1
€/MWh
Preços de electricidade para clientes
empresariais2
€/MWh
180
130
Espanha
170
UE27
160
Portugal
120
Espanha
110
UE27
150
100
140
90
130
80
120
2S07
70
2S07
Portugal
1S08
2S08
1S09
2S09
1S10
Em Portugal, as tarifas de 2011 implicam um
aumento mensal na factura de 1,5€3
1S08
2S08
1S09
2S09
1S10
À semelhança de Espanha, em 2011 foram
extintas as tarifas finais MAT, AT, MT e BTE
Fonte: Eurostat.
1. Preços para o escalão Dc (consumo anual entre 2.500 e 5.000 kWh), incluindo impostos 2. Preços para o escalão Ic (consumo anual entre 500 e 2.000 MWh), excluindo IVA e outros
impostos recuperáveis. 3. Considera cliente doméstico médio, com factura mensal de 41€ (Fonte: ERSE)
DPE – Direcção de Planeamento Energético
3
… uma realidade no sector doméstico para todas as bandas com
excepção das bandas de menor consumo, que são agora abrangidas
pela Tarifa Social, …
Comparação dos preços de electricidade no sector doméstico
Inclui IVA e todos os outros impostos
Preço Portugal
(cêntimo do euro
Peso das bandas
por kWh)
de consumo (%)
Banda Da
< 1.000 kWh
4%
Banda Db
>= 1.000 kWh
< 2.500 kWh
23%
Banda Dc*
>=2.500 kWh
< 5.000 kWh
37%
Banda Dd
>=5.000 kWh
< 15.000 kWh
Preço Portugal /
Preço UE27 (%)
136,5
33,8
87,3
100,3
90,9
15,8
94,5
91,7
29%
14,4
89,5
92,6
Banda De
>=15.00 kWh
7%
13,7
88,2
95,8
Banda
Equivalente**
100%
Fonte: Eurostat.
* Banda de consumo apresentada nos relatórios semestrais do Eurostat
** Média ponderada pelo peso de cada banda de consumo
18,0
Preço Portugal /
Preço Espanha (%)
16,5
96,5
100,0
DPE – Direcção de Planeamento Energético
91,6
100,0
4
… e no sector industrial em todas as bandas de consumo
Comparação dos preços de electricidade no sector não doméstico
Inclui todos os impostos excepto IVA e impostos recuperáveis
Preço Portugal
(cêntimo do euro
Peso das bandas
por kWh)
de consumo (%)
Banda Ia
< 20 MWh
12%
Banda Ib
>= 20 MWh
< 500 MWh
35%
Banda Ic*
> =500 MWh
<2.000 MWh
16%
Banda Id
>= 2.000 MWh
< 20.000 MWh
Banda Ie
>=20.000 MWh
<70.000 MWh
22%
10%
Banda If
>=70.000 MWh
<150.000 MWh
5%
Banda
Equivalente**
100%
Fonte: Eurostat.
* Banda de consumo apresentada nos relatórios semestrais do Eurostat
** Média ponderada pelo peso de cada banda de consumo
Preço Portugal /
Preço UE27 (%)
16,4
11,8
9,4
6,7
100,0
90,4
96,4
85,0
90,2
80,1
87,6
8,0
80,1
67,4
5,2
92,3
10,3
100,0
DPE – Direcção de Planeamento Energético
Preço Portugal /
Preço Espanha (%)
86,4
88,8
76,3
85,5
100,0
5
Na última década, os preços de electricidade em Portugal cresceram
menos que em Espanha e na UE
Crescimento médio dos preços de electricidade (%)
Clientes residenciais1
2000-2010
-0,2
3,2
0,0
2,8
2,3
Bélgica
3,6
Finlândia
4,3
Alemanha
4,5
Holanda
11,4
3,1
Dinamarca
França
9,5
6,8
Grécia
Portugal
9,6
4,7
Espanha
Itália
2005-2010
2,3
Reino Unido
Clientes empresariais2
6,5
4,6
5,9
1,0
0,6
1,7
-2,7
UE27
2000-2010
8,9
2,8
8,3
4,8
6,1
4,4
5,1
5,1
2,8
4,2
2,5
3,7
2,0
3,3
3,9
2,2
n.a.
2,1
1,2
2,1
1,9
5,0
2005-2010
1,1
UE27 4,0
Fonte: Eurostat (valores para o 1º semestre de cada ano)
1. Preços incluindo impostos, para o consumidor-tipo Dc até 2007 (consumo anual de 3.500 kWh) e para o escalão Dc (consumo anual entre 2.500 e 5.000 kWh) de 2008 a 2010,
2. Preços excluindo IVA e outros impostos recuperáveis, para o consumidor-tipo Id (consumo anual de 1.250 MWh) até 2007 e para o escalão Ic (consumo anual entre 500 e 2.000 MWh) de 2008 a
2010.
6
DPE – Direcção de Planeamento Energético
Tópicos
Preço da electricidade
Sobrecusto das Renováveis
Custos nivelados
Política Energética
Conclusões
DPE – Direcção de Planeamento Energético
7
Do sobrecusto de PRE (~1.200 M€) de 2011 as renováveis representam 55%
(509 M€) e as eólicas apenas 31% (373 M€)
Detalhe do sobrecusto da PRE* nas Tarifas de 2011
M€
Renovável
1,214
181
1.033
200
61
139
833
Eólicas
570
324
55%
45%
509
Não
renovável
Outras
Renováveis
463
373
136
Reclassificação
Total
Cogeração
Sobrecusto
Renovável
PRE
Sobrecusto PRE
após
reclassificação
Ajustamento
Anos
Anteriores
Sobrecusto
do Ano
Sobrecusto
do Ano não
renováveis**
Sobrecusto
do Ano
renováveis
•PRE – Produção em Regime Especial
** Inclui 16M€ de microgeração, considerada pela ERSE fora do DL 90/2006
DPE – Direcção de Planeamento Energético
8
Para preços de mercado de 2008 – os quais permitem operar de forma viável
centrais térmicas a gás – o diferencial face ao preço de mercado reduzir-seia em 70%
Preço de mercado de referência
€/MWh
Margem de uma CCGT (CSS)
€/MWh
Sobrecusto PRE renovável
M€
-22,0
40,0
579
-15,4
46,6
509
-12,0
50,0
474
-2,0
60,0
Cenário
Tarifas
2011
368
-71%
70,0
80,0
Preço
energia
verificado
no 1ºT 2008
8,0
263
18,0
158
1. CSS: Clean Spark Spread - pressupostos assumidos: rendimento CCGT 51,4%; factor de emissão 0,365 ton/MWh; VOM 1,4 €/MWh; ATR variável 1,0 €/MWh; CO2 15€ /ton ;
câmbio 1,35 €/$; Brent 102,5 $/bbl
DPE – Direcção de Planeamento Energético
9
A energia eólica já é competitiva com a geração a gás para Brent
~75 $/bbl (ou 105 $/bbl, se incluirmos estimativa do sobrecusto associado
a investimento em backup e reforço de redes)
Custo da eólica e da CCGT em função do Brent1
€/MWh e $/bbl
€/MWh
Brent ($/bbl)
Fonte: Análise EDP.
1. Pressupostos assumidos: custo nivelado eólica 75 Eur/MWh; sobrecusto eólica associado a redes, reserva e backup 15 Eur/MWh; CAPEX CCGT 0,65 Eur/W; vida útil 25
anos; WACC 7,5%; FOM 12,9 Eur/kW/ano; TPA fixo 22,3 Eur/kW/ano; rendimento 51,4%; factor de emissão 0,365 ton/MWh; 3.500h funcionamento CCGT; câmbio 1,35 €/$;
VOM 1,4 €/MWh; ATR variável 1,0 €/MWh; CO2 15€ /ton
DPE – Direcção de Planeamento Energético
10
Num mundo estilizado sem eólicas, o preço de mercado aumentaria,
anulando a poupança do sobrecusto
Sistema com eólicas
Sistema sem eólicas
Preço (€/MWh) vs. quantidade (TWh)
Preço (€/MWh) vs. quantidade (TWh)
Preço
Sobrecusto
= 373 M€
Preço
Aumento
do custo
da energia
= 364 M€
90,5
7 €/MWh
46,6
Mercado
(43,5 TWh)
Eólica
(8,5 TWh)
Consumo total
(52 TWh)
Neste sentido, as eólicas não introduzem sobrecustos no sistema.
DPE – Direcção de Planeamento Energético
11
Uma política que se baseie em renováveis maduras tenderá a ter cada
vez menos sobrecustos
Tendência
86
Preços
médios
Sobrecusto
PRE
€/MWh
Preço de
mercado*
26
59
27
37
66
57
101
97
97
98
52
58
51
28
73
45
8.792
10.130
39
47
15.680
16.331
• Renováveis não maduras
• Progresso tecnológico
• Aumento dos
combustíveis fósseis e
CO2
• Aumento da penetração
de renováveis
11.578
6.530
Aumento devido à
queda do preço
da pool
Sobrecusto
total com PRE
M€
94
14.386
Quantidades
fornecidas
GWh
93
373
172
234
2005
2006
2007
903
748
833
• Redução do peso do
sobrecusto no custo
total de energia
323
2008
• Estabilidade
2009
2010
2011
* Para o ano de 2005 e 2006 o preço de referência diz respeito ao valor da tarifa EP + tarifa URT AT; para os anos seguintes é o preço médio com
aquisição de energia eléctrica no mercado organizado
DPE – Direcção de Planeamento Energético
12
Tópicos
Preço da electricidade
Sobrecusto das Renováveis
Custos nivelados
Política Energética
Conclusões
DPE – Direcção de Planeamento Energético
13
A importância das fontes
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14
Diversidade de estimativas
Released by DECC, June 2010
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15
Tópicos
Preço da electricidade
Sobrecusto das Renováveis
Custos nivelados
Política Energética
Conclusões
DPE – Direcção de Planeamento Energético
16
Condicionantes da Política Energética
Competitividade
Segurança de
abastecimento
Sustentabilidade
Previsão do preço do petróleo
Dependência energética
da UE-271 (cenário baseline)
Objectivos de emissões da UE-27
$2008/bbl
GtCO2e
-8%
-20%
Spot
~102 $/bbl
-80%/-95%
Compromiss
o
internacional
Protocolo de
Quioto
Pacote
Energia/
Clima
Conf.
G8 em
Itália
1. Fonte: EC, DG TREN, “European energy and transport trends to 2030 – update 2007”
DPE – Direcção de Planeamento Energético
17
O défice externo de Portugal está fortemente associado à
factura energética
Factura energética portuguesa
Decomposição da Balança de Bens e Serviços
mil M€, 1998-2009
% do PIB e % energia no saldo da balança, 1999-2009
% Energia
no Saldo
% PIB
12
60
Peso balança
energética
11
55
10
50
9
45
8
40
7
35
Balança excluindo
componente
energética
6
5
30
25
4
20
3
15
2
10
1
Balança energética
0
5
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Desde 2005 que metade do défice externo nacional se deve à balança energética
Fonte: DGEG, “A Factura Energética Portuguesa” (vários anos); Banco de Portugal, “Relatório e Contas 2009”
DPE – Direcção de Planeamento Energético
18
Existem três alavancas principais para reduzir o peso da
factura energética no PIB
Drivers fundamentais
Alavancas de actuação
Volume de
Importações de
Combustíveis
Fósseis
Valor da Factura
Energética
Peso da Factura
Energética no PIB
Consumo de
Energia
• Maior eficiência energética
Dependência
Energética
• Maior aproveitamento de
recursos endógenos
(Renováveis)
X
X
Preço Unitário dos
Combustíveis
Fósseis
÷
• Não accionável
• Aumento da produtividade
da economia
PIB
• Maior incorporação nacional
na produção de energia
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19
Tópicos
Preço da electricidade
Sobrecusto das Renováveis
Custos nivelados
Política Energética
Conclusões
DPE – Direcção de Planeamento Energético
20
Conclusões
1.
As renováveis são mais caras que as convencionais?
• A grande hídrica não apresenta qualquer sobrecusto, participando plenamente em mercado
• Comparando custos totais, a eólica é já hoje competitiva com a térmica a gás
• Num mundo estilizado sem eólicas, o preço grossista aumentaria, anulando a poupança do
sobrecusto – pelo que este é apenas aparente
• A prazo, as renováveis serão mais competitivas que as convencionais pelo encarecimento dos
combustíveis fósseis e progresso tecnológico nas renováveis
2.
Se há sobrecustos os benefícios directos e indirectos podem compensá-lo? Serão estes benefícios
indirectos quantificáveis?
• Como referido, as renováveis maduras (hídrica e eólica) não apresentam sobrecusto face aos custos
totais das convencionais
• Ainda assim, apresentam benefícios adicionais não internalizados: independência energética,
redução do défice externo, criação de emprego e menor impacto ambiental
• Haverá que fazer análise custo benefício sobre as renováveis menos maduras
3.
A política Portuguesa de renováveis está actualmente ajustada? Se não, quais as propostas
alternativas?
• A Política Energética nacional está alinhada com a P.E. Europeia e promove a competitividade do
sistema [reduzindo o défice externo e criando emprego], devendo contudo (i) aprofundar-se o
aproveitamento da eficiência energética, (ii) introduzir de forma gradual as renováveis não maduras
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21
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