Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Comunicação Social
Trabalho de Conclusão de Curso
MODA PARA MENINAS “PLUS SIZE”:
A DIFICULDADE DE ENCONTRAR ROUPAS NO SEGMENTO
Autora: Sarah Torres Cortez
Orientadora: Anelise Wesolowski Molina
Brasília - DF
2013
SARAH TORRES CORTEZ
MODA PARA MENINAS “PLUS SIZE”:
A LIMITAÇÃO DE ENCONTRAR ROUPAS NO
SEGMENTO
Projeto Experimental II apresentado ao curso
de Comunicação Social da Universidade
Católica de Brasília, como requisito parcial para
obtenção do Título de Bacharel em
Publicidade e Propaganda.
Orientador (a): Anelise Wesolowski Molina
Brasília
2013
Projeto Experimental de autoria de Sarah Torres Cortez, intitulado “Moda
para Meninas “Plus Size”: A limitação de encontrar roupas no segmento”,
apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, em 25 de
junho de 2013, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo
assinada.
_______________________________________________________________
Prof. Esp. Anelise Wesolowski Molina - UCB
(Orientadora)
_______________________________________________________________
Prof. Esp. Thiago Sabino - UCB
______________________________________________________________________
Prof. Dra. Florence Marie Dravet - UCB
Obrigada
pelos
amigos
e
professores
que
acreditaram nesse projeto e aos meus pais que me
deram toda força do mundo. E ó mais importante,
obrigada Deus por todos os momentos vividos.
Resumo
O segmento plus size no Brasil tem uma grande limitação. O projeto aborda o tema e a
falta de informação para esse público. O guia de estilo para as meninas plus size em
formato de blog tenta solucionar o problema de uma maneira moderna. O blog Fofs
Love é o resultado de dois semestres de pesquisa sobre esse segmento bastante
carente no mercado de moda brasileiro. Também busca aumentar o número de
informações através de post, fotos, dicas, truques, pesquisas em lojas de
departamento e editoriais de moda plus size.
Palavras chaves: Moda, Plus Size, Blog, Segmento e Limitação
Abstract
The plus size segment in Brazil has a major limitation. The project approaches the
topic and the lack of information to the public. The style guide for the plus size girls in
blog format tries to solve the problem in a modern way. The blog Fofs Love is the result
of two semesters of research on this segment quite lacking in the Brazilian fashion
market. It also seeks to increase the number of information through post, photos, tips,
tricks, research in department stores and plus size fashion editorials.
Keywords: Fashion, Plus Size, Blog, Fashion Segment
Sumário
1. Introdução........................................................................................... 7
2. Objetivos............................................................................................. 9
2.1. Objetivo Geral..................................................................... 9
2.2. Objetivo Especifico.............................................................. 9
3. Justificativa......................................................................................... 10
4. Corpo Gordo....................................................................................... 11
5. Ditadura da Beleza ............................................................................ 17
6. Lado Emocional ................................................................................. 20
7. Historia da Moda ................................................................................ 23
8. Mercado de Moda Brasileiro............................................................... 26
9. Campanhas Plus Size......................................................................... 29
10. Memorial........................................................................................... 34
11. A idéia............................................................................................... 35
12. O Formato......................................................................................... 36
13. O Tema............................................................................................. 39
14. Pré-Produção................................................................................... 40
15. Design;.............................................................................................. 42
16. Logomarca........................................................................................ 43
17. Formato do blog................................................................................ 44
18. Produção........................................................................................... 48
19. Tipo de Linguagem............................................................................ 51
20. Cronograma....................................................................................... 52
21. Contratempos..................................................................................... 53
22. Repercussão do Blog......................................................................... 54
23. Conclusão.......................................................................................... 58
24. Referências Bibliografia..................................................................... 59
1. Introdução
O corpo tem vários significados, de acordo com os contextos históricos, sociais
e culturais que influenciaram cada época. O filosofo Michel Foucautl, em Vigiar e Punir
esclarece que durante a época clássica o corpo foi descoberto como objeto poderoso
e alvo de poder como abordam a Cintia Moscovich no livro “Deslocamento de Gênero
na Narrativa Brasileira Contemporânea”. Na Grécia o corpo é objeto de admiração, ele
é totalmente cultural. Mas depois do cristianismo o corpo tem responsabilidades, e
começar a ter significado, o corpo deixa de ser um corpo cultural para ser um corpo
material. Nos dias de hoje o corpo é visto como um objeto, principalmente o corpo
feminino, exemplo disso são os comerciais de cerveja. O corpo da mulher é visto como
objeto sexual em muitas propagandas. No renascimento a referência de corpo padrão
era as mulheres com o corpo mais farto. As mulheres daquela época em sua maioria
donas de casa, mães de família e boas esposas, afirma o historiador Luiz Eduardo
Simões de Souza. Esse corpo era das mulheres nobres que se alimentavam direito,
explica o historiador.
Depois da revolução francesa e industrial, a mulher se torna cada dia mais
independente, ela conseguiu eliminar o papel de mulher submissa a sociedade e com
isso as vestimentas femininas mudam. Essas vestimentas, por exemplo, são calças,
minissaias e shorts, existe uma atualização no guarda roupa feminino. O corpo padrão
e as referencias de beleza mudam e entra em cena um corpo de uma mulher mais
magra e alta. O mercado de moda brasileiro se adaptou a essas mudanças, as
maiores informações da moda brasileira são sobre corpo magro.
A sociedade e a moda estipulam padrões de belezas. As maiorias das
mulheres querem seguir esse padrão. A sociedade por meio da mídia mostra sua
visão e muitas mulheres aceitam as condições estipuladas. As mulheres julgam seu
próprio corpo, se acham feias e sem graça, gastam horas no salão de beleza, para se
sentirem melhor. A moda só reafirma o que a sociedade quer passar para essas
mulheres. O mundo da moda é fascinante e quase todas as mulheres querem
participar. Muitas acompanhando as últimas tendências fazem dietas mirabolantes
somente para conseguir entrar em um vestido e maltratam seu próprio corpo com
cirurgias plásticas. Toda essa rotina de beleza e informação para ser tornar igual às
tops models, mulheres altas e absurdamente magras que são o símbolo da beleza no
mundo da moda.
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Com todas essas mudanças no mercado e na sociedade e na chegada desse
novo corpo padrão a moda começa a ter mais importância e valor. As vestimentas
produzidas são a maioria para as mulheres que seguem esses novos padrões de
beleza. O tamanho da roupa fica menor, e a tendência é sempre diminuir. Pois eles
querem mulheres cada vez mais magras e produzir mais peças de roupas com menos
quantidade de tecido e outros segmentos são deixados de lado por não lucrar tanto.
As vestimentas plus size foram deixadas de lado, por serem menos
importantes e atraentes de se ver. A dificuldade de encontrar roupas nesse segmento
bem como informações sobre esse ramo da moda é muito grande. Mesmo que no
passado, antes de das revoluções francesa e industrial as referências de um corpo
bonito fossem as mulheres mais fartas. O mercado de moda no Brasil quase não
fabrica peças de estilo para outro biotipo. Mesmo a maioria das mulheres brasileiras
tendo quadril largo e nádegas fartas.
O preconceito de fazer vestimentas de grande tamanho existe da mesma forma
que as meninas gordinhas sofrem bullying. Infelizmente o brasileiro ainda tem muito
preconceito, por isso esse segmento sofre algumas perdas. Mas isso pode ser
compensado por outras maneiras, o publico plus size precisa de informação, mesmo
não sendo o corpo padrão as meninas precisam e querem se vestir com um look
fashion e conceitual, como os looks que estão nas passarelas. Por isso essa questão
do corpo ideal é bem frisada, alguns tabus precisam ser quebrados.
O produto desse projeto será um guia de estilo, em formato de Blog para
aumentar as informações desse segmento, como se vestir bem e com estilo com as
peças que o mercado de moda oferece. As meninas serão guiadas de acordo com o
formato do seu corpo, pois existem vários tipos de “gordinhas”. Terão ajuda para se
informar dos melhores preços e lojas, elas também terão dicas de maquiagem e
beleza. A intenção do guia é facilitar a vida de algumas meninas que se sentem
prejudicadas em relação à moda. Se vestir com estilo é um direito para todos que
querem se vestir bem. Por tanto esse produto será uma ferramenta a mais para
aumentar essas informações e eliminar alguns preconceitos.
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2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Construir um blog de moda para o publico plus size.
2.2 Objetivos Específicos:
Abordar as dificuldades que as meninas têm de encontrar roupas nesse
segmento.
Esclarecer o assunto para o publico que não seja somente “plus size”.
Aumentar o nível de informações do mercado de vestimenta plus size.
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3. Justificativa
A escolha do tema tem em sua maior parte um caráter pessoal. Pois, ao final a
autora será beneficiada pela sua própria pesquisa. O tema é sobre a moda plus size
no Brasil e a limitação de encontrar roupas interessantes nesse segmento. A maioria
das vestimentas plus size são sem modelagem, as cores usadas não estão em alta na
estação, existem poucas peça nas lojas de departamento e não são todas as meninas
plus que tem acesso às roupas sob medidas. Mesmo com toda essa carência no
mercado plus size, as meninas que usam as vestimentas desse segmento, tem o
direito de ter informações especificas.
O tema aborda um assunto que infelizmente é pouco comentado no Brasil. A
moda para as meninas plus size está crescendo, mas não existem muitas informações
sobre o assunto. A carência de livros, artigos e bibliografia sobre o tema é muito vasta.
A maioria das bibliografias sobre o assunto é norte-americana. “Os livros de moda
brasileira como “A Moda e Seu Papel Social” de Diana Crane (2006).” A Roupa e a
Moda” de James Laver (1989). “ Chic” (2004) e “Fashion Marketing”de Gloria Kallil
(2010), não citam cautelosamente sobre o assunto, falam da moda em geral. Mas
existem livros que abordam somente vestimenta do corpo padrão. Sobre as
vestimentas maiores, existem poucas abordagens.
Por existe essa carência a pesquisa será feita para aumentar as informações
sobre o assunto. É necessário que existam informações cautelosas sobre tema. O
publico desse segmento precisa ser informado, mesmo que exista pouca bibliografia
sobre o assunto. A pesquisa será feita em Brasília, pois a autora acredita que será de
fácil acesso recolher as informações.
A pesquisa aumentará as informações sobre assunto e ajudará jovens que
pesquisam essas informações e obtém poucos resultados. Facilitará o dia-dia do
grupo que usa roupas desse seguimento. Ela acredita que possa deixar o mercado de
moda ainda mais forte no seguimento plus size.
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4. O corpo gordo
Na Grécia, no século IV a.C, alguns filósofos acreditaram que a simetria era o
que deixava o corpo humano harmonioso e perfeito, de acordo com Umberto Eco
(2010). A simetria está sempre presente na arte grega, nas esculturas de deuses
seminus e nas arquiteturas da época. Dois séculos mais tarde (VI a.C), surge um novo
‘padrão’ de corpo ideal na Grécia. Uma estátua criada pelo policleto, chamada de
cânone. Nessa estátua estavam todas as regras de uma proporção perfeita. Não era
uma simetria matemática, mas era vista de acordo com a expectativa do olhar e da
posição do corpo. Nesse período, o corpo é um objeto de admiração, sua imagem é
totalmente cultural. O corpo feminino que se pode usar como exemplo de corpo ideal
naquela época de acordo com Graça Proença (2004) é a escultura de Afrodite de
Cnido. Suas formas arredondadas na escultura mostram a sensualidade da mulher
naquele período
O corpo ideal muda de padrão em várias épocas de acordo com Eco (2010).
Nas obras de arte, não se pode concluir que o corpo estampado das obras é o corpo
padrão da época, isso dependia de cada artista. Algumas obras retratavam o que
estava acontecendo com a sociedade naquela época, mas outras obras simplesmente
vinham do gosto pessoal do artista. Alguns pintam mulheres de corpo gordo para
criticar a sociedade, mas enquanto outros artistas pintavam por lazer suas mulheres
que eram gordas e ele não queria passar nenhum significado com essa pintura. Podese observar cada momento artístico com cautela, verificando quais foram às
manifestações de cada época.
Na idade média todas essas regras de simetria, harmonia e proporções não
são aplicadas para avaliar um corpo perfeito. Segundo Cintia Moscovich (data) com a
chegada do cristianismo, corpo deixa o de ser simplesmente um objeto. Ele passar a
receber simbologias, como por exemplo, o espírito santo. O corpo começa a receber
responsabilidades que não existiam antes. Ele passa por normas e padrões que
mudam toda a visão da sociedade, ditam regras de comportamento. Toda essa
simbologia recebida pelo o corpo muda a atitude da sociedade e novos valores são
criados. Valores que nos dias de hoje refletem aspectos negativos para o corpo, que
começa a ser julgado e banido.
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No renascimento o corpo ideal é representado pela mulher de corpo
arredondado e volumoso. Ela era retrato de uma boa esposa e possuía a imagem
positiva de ser a mulher certa para ser a mãe dos filhos de qualquer homem. O corpo
gordo era relacionado à fertilidade e as mulheres magras daquela época eram
sinônimas de infertilidade e pobreza. Grandes artistas do século XV e XVI ilustraram
em suas obras mulheres ‘cheinhas’, como Ticiano Vecellio e sua obra ‘ Venûs de
Urbino’ (1538) e Giovanni Bellini e sua obra ‘As três idades da mulher e a morte’
(1547), Diego Velazquez e sua obra ‘Vênus no Espelho’ (1650), Edouard Manet e sua
obra ‘Le Dejeuner sur I'herbe’ (1863) e Jean Honoré Fragonard e sua obra ‘A camiseta
despedida’(1760), entre outros artistas da época. Em algumas obras, as mulheres
renascentistas eram chamadas de Vênus, por conta da semelhança da deusa da
fertilidade, a Vênus Willendorf. O corpo da mulher renascentista estava nessa linha do
exagero, é por isso essa comparação com a Vênus (UGO, 2012, p. 194- 198).
O corpo da mulher renascentista é um corpo feito para ser exaltado pelos
produtos da arte. É um período de empreendimento e atividade para a mulher. Mais
tarde o corpo que se mostra, serve de contraponto a expressão privada. Existe uma
dificuldade para distinguir o sentimento representado pela mulher na obra pintada. Na
maioria das obras renascentistas, as mulheres aparecem seminuas, pois aquele corpo
era exaltado pelos homens e mulheres daquela época. No final do século XVI e no
inicio do século XVII, as mulheres que nas obras artísticas eram pintadas seminuas,
passavam a sensualidade da mulher da época.
A mulher volta a se vestir, e se torna a mãe e dona de casa. Essa mudança de
costumes aconteceu no período da Reforma. A mulher teve uma mudança progressiva
no seu papel. Como exemplo, a pintura da terceira mulher de Henrique VIII Jane
Seymour. Seus traços não passam sensualidade como às outras obras, a pintura
passa a imagem de uma mulher forte e uma boa dona de casa. Alguns artistas como
Peter Paul Rubens continuaram fazendo suas pinturas com mulheres seminuas e
sensuais, uma maneira de atingir as regras da Reforma (UGO, 2012, p.196 - 206).
Segundo Eco (2010) o renascimento foi um grande movimento artístico, pois
obtiveram grandes transformações na cultura, sociedade, política, religião e na
economia. Com essas mudanças correram fatos importantes como a transição do
feudalismo para o inicio do capitalismo, nesse momento, novas regras e conceitos são
ditados, novos movimentos artísticos surgem.
12
O maneirismo se torna conhecido por não ter sua própria idade na arte. O
movimento tem um período de decadência na criatividade, por copiar grandes obras
renascentistas. O artista maneirista faz sua obra com espiritualização e pinturas com
aspectos surreais. O corpo gordo continua sendo o corpo visto nas pinturas do
maneirismo, mas não são mais exclusivos, outros objetos entram em ação, por
exemplo, fruta e legumes fazem parte de pinturas surreis.
Segundo o artigo de Juliana Treicha Toledo no barroco o corpo feminino tem
um significado, ele carrega uma beleza dramática e tensa. O barroco foi uma
continuação natural do renascimento, e por isso a mulher com o corpo gordo continua
sendo pintada nas obras barrocas. Essa mulher ainda é beleza ideal da época, vista
com outros olhos no barroco. A imagem feminina carrega uma dramaticidade e
melancolia para os artistas desse movimento. A sensualidade não é o foco da pintura
nessa época, como era no renascimento. As pinturas barrocas representam a beleza
da mulher de uma forma mais sombria. O sexo feminino é bastante comentado nos
poemas barrocos, o corpo é descrito, mas a personalidade é o ponto alto dos poemas.
Com as pesquisas sobro o corpo desse movimento é possível concluir que o corpo
não é o fator mais importante das mulheres, mas a sua personalidade melancólica e
sombria.
Segundo Eco (2010) no classicismo o corpo gordo não tem mais importância
como no renascimento. A beleza ideal nesse movimento dependia do olhar de cada
um. O que podia ser bonito para um, não era bonito para o outro. Nas obras ainda
existia o corpo gordo, mas com significado diferente. Em todos esses movimentos
artísticos é possível ver o corpo gordo, pois nesses períodos o corpo gordo era o ideal
de beleza. Alguns artistas como Fernando Botero faz suas pinturas com traços
arredondados. Fernando só pinta pessoas gordas em seus quadros. Na biografia de
Fernando Botero disponível no site Slide Share, mostra que o artista nasceu na
Colômbia, na cidade Medellín e se tornou conhecido mundialmente pelas suas obras
volumosas e estáticas. Na maioria das vezes fazendo suas críticas à sociedade
através das suas pinturas. Botero mudou-se para Bogotá em 1951 e realizou sua
primeira mostra internacional como explica o blog Sampa Art. Na Espanha, entrou da
academia San Fernando e depois se mudou para Itália, onde aprendeu a técnica
“afrescos” e originalizou várias das suas grandes obras.
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De acordo com autor Manuel López, Botero usa como referência o
renascimento italiano, aonde começou expandindo a figura e deixando o espaço dela
menor. A maioria dos quadros de Botero são homens, mulheres, crianças, objetos e
políticos “gordos”. Sua referência renascentista no século XX é um dos motivos do seu
grande sucesso. No renascimento, o corpo gordo estava em alta, por isso esse
paralelo com as obras do Botero. Seus trabalhos mais comentados surgiram no
período que morou em Nova York e viveu um momento difícil na vida pessoal, mas foi
uma época que retratou boas escolhas na arte. As obras mais caraterísticas são as
versões de quadros famosos da história da arte, como por exemplo, a Monalisa de
Botero, versão da Monalisa de Leonardo da Vince, que possui traços arredondados e
cores fortes. A intenção do pintor colombiano não é copiar, mas fazer interversões
com essas obras e às vezes fazer algumas críticas. Algumas vezes Botero afirmou
com que não tem interesse pelas mulheres de corpo gordo dos seus quadros, elas não
podem nem ser chamadas de obesas, pois não são pessoas reais, elas fazem parte
de uma imaginação pictórica como diz o Lopéz. O pintor se destaca, pois passa em
suas obras sempre uma mensagem, às vezes pessoal ou não, seus traços
arredondados e suas cores fortes fazem um grande sucesso, suas pinturas mais
famosas são: Moná Lisa 1978; Rubens com sua esposa 1978; Vênus 1989; e O Banho
1989.
Imagem 1: Moná Lisa 1978
Disponível: http://monique-belfort.blogspot.com.br/2011/02/releitura.html
14
Imagem 2: Princesa vista por Velasquez 1978
Disponível: http://ninitelles.blogspot.com.br/2013/04/fernando-botero.html
Imagem 3: Vênus 1989
Disponível: http://artforsalediscount.com/art/fernando-botero/fernando-botero-venus-24083.html
15
Imagem 4: O Banho 1989.
Disponível: http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/ti-america-475857.shtml
16
5. Ditadura da Beleza
Segundo Moreno, no século XVI até os dias de hoje, aconteceu uma
descoberta no corpo feminino, no período renascentista, as partes valorizadas eram as
superficiais (rosto, colo e pele) e nos dias atuais começa a observação controladora do
volume do corpo. A valorização das partes de baixo como bumbum, coxas e barriga
começou no século seguinte, e o corpo feminino começa a ser olhado com outros
olhos. O corpo gordo e clássico do renascimento sai de cena e entra outro padrão de
beleza.
No
século
XVIII,
a
beleza
começa
a
ser
individualizada,
cada
mulher construía sua identidade, por exemplo, antigamente, todas as mulheres tinham
cabelos grandes, e no século XVII elas já podiam escolher o comprimento do seu
cabelo, os cortes curtos foram adaptados por várias mulheres nesse século. Durante o
século XIX e até hoje, o corpo da mulher é visto como um conjunto, onde o
alinhamento do busto com a cintura e o quadril são as medidas perfeitas para qualquer
mulher, esse alinhamento faz com que a mulher se torne mais fina, conseqüentemente
alongando as pernas e se tornando mais alta. Saiu o corpo clássico e entra um novo
corpo padrão, a silhueta pós-revolucionária. Segundo Moreno, a forma do corpo
feminino muda de S (as gordinhas) para o I (as modelos magras e altas).
As novas relações de gênero fazem com que o papel da mulher mude, ela fica
mais ativa, pois começa entrar no mercado de trabalho e as relações com os homens
ficam mais independentes. A mulher começa a pagar suas próprias contas e a imagem
de dona de casa que existia antes é esquecida, mas ainda existem alguns homens
que não aceitam esse novo papel da mulher. O grande “bum” das mulheres acontece
no século XIX, com a participação das mulheres na política, economia e educação,
isso fez com que a mulher ganhasse mais espaço na sociedade, por exemplo, a
participação delas na revolução francesa mostra a liberação dos pensamentos
femininos. No século XIX, a liberação da beleza feminina estava em alta e é por isso a
grande fabricação de produtos cosméticos e construção de clínicas de estética.
(Moreno, 2008, p. 16-18). Hoje o mercado da beleza é acessível para todas as
mulheres, são milhares de lojas de cosméticos e salões de beleza espalhados pela
cidade, e pode se dizer que a beleza é algo democrático, usa quem tem vontade. Mas
as maiorias das mulheres estão presas nessa ditadura, algumas gastam por semana
fortunas em produtos de beleza, ser bonita se tornou obrigação feminina, pois a beleza
é pré-requisito para felicidade.
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No final do século XIX, a magreza reinou definitivamente, o corpo padrão são
as mulheres magras e altas, e continuam sendo elas nos dias atuais. As meninas
gordinhas passam a imagem de relaxadas ou mulheres que depositam frustrações nas
grandes barras de chocolate, a mulher gorda começa ser julgada pela sociedade e
sofre preconceitos desde criança. Ao longo dos anos o peso fica cada vez
menor, como se pode ver na tabela que Moreno mostra em seu livro (Moreno, 2008,
p.19)
Com a magreza em alta, é claro que as vestimentas femininas ficaram cada
vez menores, as mulheres "cheinhas" perderam de vez seu espaço no final do século
XIX e o mercado de moda brasileiro parece não se importar com esse segmento. Mas
hoje em dia, no século XXI, as gordinhas estão conquistando seus espaços no
mercado da moda. O número de campanhas e lojas de departamentos que criam
coleções especiais plus size aumentou bastante.
O impacto pela busca da beleza está cada vez maior nos dias de hoje como
aborda a autora Ferrari. Há cada história esdrúxula de jovens que fazem de tudo para
estarem nesse padrão de beleza, como por exemplo, lipoaspiração, massagens
linfáticas e reduções de estômago. Ferrari aborda o assunto de uma maneira forte,
pois o excesso de beleza não faz bem para ninguém e essa procura da beleza ideal é
algo dito pela sociedade. Muitas meninas se tornam verdadeiras barbies por conta
dessa ditadura, se tornando pessoas sem personalidade, essa ditadura foi passada
por gerações e desde crianças ensinam que as meninas bonitas são as loiras de olhos
azuis e magras.
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Todo esse excesso de preocupação com a beleza mexe com a autoestima e
ser escravo disso afeta o emocional das mulheres, uma menina que não está com o
corpo ideal nunca vai ser feliz? Ela não vai conseguir um emprego por isso?
Casamento está fora dos pensamentos dela? A resposta de todas essas perguntas é
um grande não, essas mulheres que fogem desse padrão de beleza pretendem serem
felizes com seus quilos a mais, mesmo tendo sua autoestima abalada pela sociedade,
elas querem e vão conseguir vencer suas metas. Segundo Ferrari, o preconceito
existe e sempre vai persistir, mas o poder de ser feliz é feito pelas mulheres que se
amam do jeito que são magras ou gordinhas.
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6. O Lado Emocional
A sensação de ter um corpo gordo é mais interna do que externa, o peso que a
sociedade coloca no padrão de beleza é enorme, segundo Cintia Moscovich. A parte
emocional é de extrema importância para esse projeto, para mostrar como as meninas
plus se sentem. No livro Porque sou gorda, mamãe? a protagonista fala a respeito da
identidade do gordo, dos seus pontos fracos e a tentativa de descobrir os motivos de
ser gorda. Depois da leitura de alguns trechos do livro, procurou-se a opinião de
meninas reais que sofrem com essa ditadura da beleza. Para não expor as duas
meninas que conversaram sobre esse tema, serão usadas às letras iniciais dos seus
nomes, seus sobrenomes e idade de cada uma. Trechos do depoimento da A.
CARDOSO, idade 21 anos: “Toda minha vida tive medo de me expor, na verdade, eu
nem gostava de sair de casa, quando tinha uns 15 anos eu era muito “zoada” na
escola, as pessoas nessa idade são muito cruéis. Nem passava pela a cabeça delas
que todas aquelas piadinhas de mau gosto me machucavam tanto. Acho que sem
querer eu me escondi, eu não queria ouvir aquelas barbaridades de novo sabe?!
Então, me escondi atrás dos livros e tentei ser o menos presente possível. Passava o
intervalo na biblioteca e sentava bem no canto da sala de aula, a única coisa que eu
queria era não ser notada”.
No depoimento acima é explicitada a condição de uma adolescente na época
da escola. Situações que não são nada fáceis de serem vividas quando se tem 15
anos de idade. Mas, infelizmente, isso marca a vida pessoal, deixa cicatrizes e muita
dor. Muitas vezes isso impede o crescimento pessoal de quem sofre o bullying. Não é
nada fácil conviver com agressões verbais, isso mexe com a autoestima. A pressão
que a sociedade coloca em cima desse padrão de beleza é extremamente
desagradável. No blog “As Blogueiras Feministas”, Jarid Arraes escreveu um post no
dia 21 de setembro de 2012, sobre um assunto muito importante, a “Gordofobia”. A
blogueira cita o seguinte parágrafo:
Para as mulheres, é excepcionalmente difícil ser gorda em meio ao
culto dos corpos magros sem odiar a si mesma ou ser odiada. Não
gostar de si mesma já é praticamente uma exigência social para toda
mulher, cujo valor é inteiramente atribuído à sua aparência; o que
dizer então para as mulheres gordas.
20
São aconselhadas uma infinidade de modificações corporais e
recomendadas centenas de dietas especiais. Para aquelas que
sempre foram “gordinhas” desde a infância, é incrivelmente comum
crescer com ódio internalizado de si mesma: são muitos anos de
bullying e cobranças sociais, que acontecem não apenas no ambiente
escolar, como também na televisão, nas revistas, nos círculos sociais
de amizades ou no núcleo familiar. Dificilmente uma criança gorda
não ouvirá de seus próprios parentes que é preguiçosa, come demais
e precisa “se cuidar”. A pressão para emagrecer é gigantesca de tal
modo que é muito improvável uma pessoa gorda não ter um histórico
de transtornos alimentares ou problemas psicológicos causados pela
autoestima severamente prejudicada. (Arraes, 2012)
Esse preconceito existe na cabeça de muita gente que acha que essa
brincadeira de mau gosto não acarreta conseqüências. Infelizmente não podemos
afirmar isso, a pessoa agredida verbalmente sofre milhares de crises emocionais e até
mesmo, problemas físicos. Isso prejudica o corpo e alma da vítima. Muitas vezes
essas vítimas mudam seu comportamento por conta dessa pressão. Deixam de fazer
coisas que gostam por vergonha de serem criticadas ou serem alvos de alguma piada
sem graça. O depoimento da menina acima que sofreu bullying na escola é de alguém
que não gostava de sair de casa e que queria ser ausente de tudo. A sociedade e a
mídia fazem com que rejeitamos o nosso corpo e o certo é entrar no padrão de beleza
dita pela sociedade.
O próximo depoimento fala de uma menina que lutou a vida toda para
emagrecer. Trechos do depoimento da G. SILVA, idade 23 anos: “Eu já fui muito
humilhada por ser gorda, mas se isso estava me incomodando eu tinha que mudar
esse quadro. Eu não queria ficar lamentando, eu queria sair logo desse quadro de
humilhação. Fiz milhares de dietas malucas, já passei dois dias sem comer, tomei
remédio pra ansiedade, entrei e sai da academia “trocentas” vezes e já pensei em
fazer cirurgia de estômago. Todo mês era uma dieta maluca que eu lia na internet ou
naquelas revistas de saúde, que tem uma mulher com o corpo dos sonhos de qualquer
pessoa na capa. O negocio ficou sério quando, com 17 anos, eu comecei a vomitar
tudo que eu comia e bebia. Eu sabia que era feio fazer aquilo, mas me deixa aliviada.
Porque, não comer o que você quer comer é muito difícil, então era por um bom
motivo que eu fazia isso, sabe? Eu tinha e tenho amigos muito bons, que nunca me
repreenderam por ser gorda, mas a sociedade continuava me repreendendo por isso.
Esse distúrbio alimentar só foi aumentando, porque eu vomitava com bastante
frequência, isso causou problemas sérios no meu estômago, comecei a sentir dores
fortes e tive que contar pra minha mãe.
21
Desde criança minha mãe me regula muito quando o assunto é comer e emagrecer.
Eu sei que ela só quer o meu bem, mas ela cobra muito de mim, ela está sempre me
lembrando de que eu preciso emagrecer, mas resumindo a historia (risos), contei pra
ela que estava com esse distúrbio alimentar e fomos juntas ao médico. Fiz os exames,
estava tudo tranqüilo e tals, mas depois de 3 meses descobrir que estava com pedra
na vesícula. O médico disse que isso foi causado, porque eu emagrecia em engordava
em um tempo muito curto, o famoso efeito sanfona. Tive que fazer a cirurgia para
retirar a vesícula e mudei toda minha alimentação. A vontade de vomitar ainda existia,
mas eu tentava me controlar. As consultas com a psicóloga me ajudavam muito, eu fui
melhorando, a vontade foi passando e de repente eu não vomitava mais, mas até
chegar aqui, foram muitos momentos vividos. Antes eu me culpava por ser gorda, nem
conseguia me olhar no espelho, queria poder me vestir bem como as minhas amigas e
ter relacionamentos amorosos iguais aos elas. Queria pode me sentir bonita, não
sentir vergonha do meu corpo, mas a sociedade não me ajudou muito não e eu sabia
que ela não ia ajudar mesmo (risos). Ela sempre preferiu as magras, altas e loiras
(mais risos). Mas hoje estou aqui, recuperada dos meus traumas e distúrbios
alimentares, graças à ajuda que eu mesma procurei. É importante saber quando se
tem um problema, temos que tentar concertar, se não vira uma “gorda” bola de neve
(risos).
A dificuldade de vestir bem um corpo gordo faz com que o dono do corpo seja
menosprezado por ele mesmo, isso significa se sentir renegado e deslocado com o
seu próprio corpo. Apresentamos os depoimentos de duas meninas diferentes, mas
que tem muitos detalhes incomuns e se houvesse outro depoimento, com certeza ele
ira ser parecido. O que essas duas meninas passaram, infelizmente é muito comum
para quem é gordo. Segundo a obra Moscovich, a identidade é construída pelo seu
histórico e não pelo seu biológico, então não podemos desvalorizar uns aos outros por
conta do biótipo. O que faz o ser humano não é seu corpo, mas sim sua
personalidade.
Mesmo com todos os preconceitos que existe da sociedade, a intenção do
produto (blog) desse projeto é ajudar meninas como essas dos depoimentos acima, a
se exporem mais, dando dicas de beleza e como se vestir bem. Deixando claras as
informações sobre o corpo delas, facilitando na escolha das roupas e dos acessórios,
pois quando você veste uma roupa e se sente bem, sua autoestima melhora e se
expor fica mais fácil.
22
7.
História da Moda
A história vai ser baseada de acordo com os movimentos artísticos que foram
comentados no capitulo anterior. Vão ser abordadas as vestimentas que marcaram
cada época e a importância dessas roupas para a moda plus zise. Na Antiga Grécia
eram vistos figuras nuas com cabelos longos e ondulados e outras figuras com seres
humanos usando saiotes estampados e pulseiras nos tornozelos, essas eram algumas
das peças usadas pelos gregos naquele período. Alguns acessórios como plumas na
cabeça e colores no pescoço até a altura do peito, marcaram bastante o figurino dessa
época. As mulheres usavam longas saias de babados e boleros, roupas que são
usadas nos dias atuais, algumas meninas plus size usam o bolero para disfarçar o
tamanho do braço, esse truque é bastante usado nesse segmento. (SABINO, 2011,
p.43 - 46).
Os gregos eram famosos por terem vestimentas sem cortes, mas sim com
drapeados que deixavam as vestimentas mais sofisticadas, o tecido era lã fina ou
linho, tingindo ou não, esse tecido foi bastante usado na Grécia. Essas vestimentas
eram chamadas de túnicas e mantos. Outra peça bastante usada pelas mulheres na
época era o Peplo, era um tecido retangular de 3 metros, na maioria das vezes ele era
usado por cima da túnica. O Quiton é outra vestimenta feminina, surgida após o peplo,
era longo e precisava da mesma quantidade de pano que era utilizado no peplo, uma
peça bastante conhecida. Nas vestimentas gregas a drapeado é a beleza do vestido
feminino, pois deixava o corpo feminino mais esbelto e elegante, esse corte é usado
bastante nos vestidos atuais, como por exemplo, os vestidos usados em formaturas.
As roupas desse período se encaixam com o padrão do corpo feminino. (SABINO,
2011, p.47 - 50).
Já na idade média as mulheres usavam túnicas de lã ou outros tecidos
diferentes, as mulheres faziam sobreposições com mantos e cintos, fazendo com que
a cintura ficasse mais fina. Os bárbaros usavam bastante acessórios, como pulseiras,
colares, tiaras e amuletos, esses acessórios deixavam as roupas com ar nobre, as
mulheres se sentiam mais sofisticadas. O contato com a cultura oriental influenciou
novas modelagens de túnicas, as mangas ficaram maiores e mais bufantes, deixando
a mulher com aspecto de grandeza, naquela época as roupas com cores mais fortes e
pedrarias, eram das mulheres nobres, como os aristocratas. A vestimenta na idade
media, tinham o poder de classificar os mais ricos e os menos favorecidos.
23
Ainda na idade media as peças femininas tiveram mudanças, os decotes nos
vestidos femininos começaram nesse período, não eram decotes grandes, pois a
igreja opinava muito nas vestimentas dessa época. Existia uma preocupação com os
tamanhos dos decotes usados pelas mulheres. (SABINO, 2011, p.61 - 66). Na
renascença aonde o corpo padrão são de mulheres mais carnudas, as vestimentas se
adequam bastante no corpo gordo. Nos primeiros anos do renascimento as mulheres
ainda usavam túnicas e mantos, as roupas se pareciam bastante com as peças
usadas na Idade Média. Mas depois de um tempo, a costura começou a se atualizar,
novos costureiros começaram a fazer uma modelagem diferente e a utilização de
novos panos como veludo e seda. Homens e mulheres ficaram interessados no
modismo nesse período, se vestir bem virou ritual para as classes mais nobres e um
sonho para os mais pobres. O consumo de compras nesse período foi maior em
relação às outras épocas, a moda começou ser um ponto positivo para economia de
algumas cidades. (SABINO, 2011, p.76 - 80).
As túnicas sairão de cena para entrar os vestidos volumosos e a cinturados,
renovando a silhueta feminina, a parte de cima do vestido era bastante justa com a
ajuda dos corpetes, essa peça foi uma das mais usadas na renascença, pois afinava a
silhueta feminina e deixam as mulheres mais sensuais. Um grande exemplo de mulher
que usavam as roupas que estava em alta na época, é a rainha Elizabeth I,
geralmente ela aparecia com modelos de vestidos grandiosos e volumosos, todo esse
volume era sustentado por um modelo de armação chamado “vertugado de tambor”,
quanto maior o diâmetro e o volume do vestido, maior eram o poder e a riqueza da
mulher. O vertugado disfarça o quadril avantajado da mulher renascentista. A moda no
renascimento não era classificada entre mulheres magras ou gordas, a moda era para
quem tinha dinheiro. Hoje a moda é acessível para quase todos consumidores, a
cartela de preço muda muito no mercado de moda atual. (SABINO, 2011, p.80 - 85).
Os decotes femininos na renascença foram diminuídos, foram ficando próximo
do pescoço. Os vestidos tinham inúmeras camadas, a quantidade de pano para a
produção desse vestido era enorme, bem diferente dos vestidos do século XXI. As
roupas nesse período, também classificavam seu poder no estado, pode-se concluir
que a maioria das mulheres bem vestidas eram as gordinhas, pois ser gorda dessa
época era sinônimo de riqueza.
24
Depois de algumas revoluções com as cruzadas, a moda renascentista teve
uma mudança, a igreja católica de novo recriminou as vestimentas femininas, fazendo
com
que
os
vestidos
fossem
mais
básicos
e
menos
exagerados.
Depois da recriminação da igreja católica nas vestimentas da época, fez com que no
barroco a moda fosse muito mais democrática, rompeu todo classicismo que existia
nas vestimentas do renascimento. A vestimenta da mulher barroca tinha toda
dramaticidade, da mesma forma que a mulher barroca era vista. Os vestidos tinham
muito exagero no contraste, dando impacto para a vestimenta barroca. As golas eram
exageradamente grandes para o vestido, alguns vestidos começaram a ter rendas,
deixando a peça mais singela. (SABINO, 2011, p.85 - 89).
No século XIX o modelo diretório mostrava vestimentas femininas mais
modernas, inaugurando uma nova era para indumentária feminina. Depois da
revolução francesa a moda não seria mais a mesma, nem as roupas femininas, o
século começa com rumores de uma moda muito mais sofisticada, mas essa grande
revolução da moda só acontece no século XX, aonde a mulher se posiciona no
mercado de trabalho. Mas no século XIX os vestidos decotados surgem de novo, mas
agora com um decote maior, a peça é bem marcada na cintura e no busto, saia reta e
longa, as mangas continuam bufantes e luvas para complementar, Carlota Joaquina
usava essas vestimentas, e influencio bastante a moda em outros países, como
Portugal. Em 1820 as saias armadas levaram as mulheres a usarem várias nagoas
para ter um efeito mais bonito no vestido, essa parte foi evoluída com o tempo, deixou
de ser nagoa para se chamar crinolina, aonde dois fios (fios de algodão e crina de
cavalo) juntos faziam com que a peça ficasse com o mesmo volume e menos pesada.
Em 1867 os vestidos volumosos saem de cena, a moda começou a pedir volume
somente nas partes posteriores as saias segundo Sabino.
A moda está sempre inovando, mas existem peças antigas que voltam a fazer
sucesso, peças que marcaram épocas importantes, algumas delas estão em semanas
de moda atuais. A atualização do guarda-roupa feminino cresceu bastante desde
Antiga Grécia até agora, a moda também se atualizou, criou vários segmentos, por
exemplo, feminino, masculino, infantil, esportes, plus size, praiano, inverno, festas e
entre outros.
25
8. Mercado de Moda Brasileiro
O mercado de moda brasileiro começa a ter importância quando as semanas de
modas surgem em meados de 1996. Depois das semanas de moda do Rio de Janeiro
e São Paulo, o mercado brasileiro começa ter uma rotatividade. O brasileiro começa a
ver que gosta e se interesse pelo mundo da moda. Kallil (2009, p.7) fala que todo o
sucesso da moda brasileira na época foi feito pela impressa. O faturamento do
mercado não bate com todo esse glamour que a impressa mostrava. Ela fala a
seguinte frase: “A moda brasileira brilha muito, mas vende pouco”. O poder que a
imprensa tem de fazer os brasileiros acreditarem que as exportações das marcas
brasileiras estavam indo bem, mas na verdade, não tinha nenhuma marca exportando,
segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). Com todo
esse problema de exportação e importação, com os baixos faturamentos do mercado
de moda brasileiro, a pesquisadora acredita que é difícil a moda brasileira apostar em
outro segmento, com indústria da moda tentando clarear os problemas que existem.
(Kallil, 2009, p.7-10).
“Os italianos têm design, os franceses têm marcas, os norte-americanos têm
mercado interno, os chineses tem preço. E nós, temos o que?” (KALLIL, 2009, p, 13).
A pesquisadora se pergunta se o Brasil tem a sua própria identidade no mundo na
moda. O livro “Fashion marketing: relação da moda com o mercado” aborda que o
Brasil tem um diferencial, que é muito ligado na identidade musical e cultural. Esse
diferencial está ligado a uma idéia de sol, felicidade e cultura artesanal. O Brasil tem
essa identidade “verão” com muitas cores alegres e estampas. (Kallil, 2009, p.10-14).
A pesquisadora especula que talvez essa identidade da moda brasileira faça
com que o fortalecimento de outros segmentos da moda seja mais lento. Por exemplo,
o Brasil tentar fortalecer esse segmento praiano (verão). As roupas desse seguimento
têm um corte menor, são mais sensuais e são aprimoradas no molde do corpo padrão,
que são os manequins 36 e 38. Talvez, por isso o seguimento plus size seja o mais
isolado na moda brasileira. A maioria das informações dessa identidade se chocam
com informações das realidades do corpo plus size e algumas mulheres têm uma
restrição com as peças dessa identidade brasileira. Um dos guias mais importantes do
Brasil é da consultora de moda Gloria Kallil “Chic: um guia básico de moda e estilo”,
retrata dicas para as mulheres com medidas maiores, mas o termo “Plus Size” não é
citado no livro.
26
O foco do guia não é para o corpo plus size. As maiorias das informações do
guia são para mulheres que têm o corpo padrão. Outros meios de comunicação que
transmitem informações, como revistas, livros e programas de televisão, abordam na
maioria das vezes, o corpo padrão. Com toda essa limitação de informações, o
mercado desse seguimento fica restrito, tendo poucas opções. A moda na França
depois de suas revoluções deixou de ser arte para ser comercializada, tendo como
maior objetivo, vender e lucrar. Outros países seguiram o mesmo rumo. (Crane, 2006,
p. 332-380). A pesquisadora acredita que os profissionais da moda brasileira estejam
tão preocupados em fazer essa identidade funcionar, que se esquecem de outros
segmentos importantes.
O mercado de moda brasileiro não é considerado um dos melhores do mundo.
Mas a vontade dos profissionais que trabalham com moda é de que seja reconhecido
pelos outros países. Mas enquanto isso, o mercado brasileiro de moda não pode
excluir o segmento plus size, por ser analisado como menor e não ter seu devido
reconhecimento, pois existe um público relativamente grande para esse segmento.
As meninas plus não precisam se vestir mal porque o mercado não tem um
grande foco para as vestimentas plus size. A pesquisadora crê que é preciso mais
informações sobre o assunto, toda mulher gosta de se vestir bem. Existe uma carência
no mercado plus e nas informações também. As consumidoras precisam de dicas,
truques, informações sobre o melhor tecido, o melhor corte e as cores que favorecem
o seu corpo. Essas informações já existem, mas não são cautelosas, são superficiais.
O mercado precisa dessas informações sobre esse segmente, é importante para o
crescimento da moda em geral.
No século XIX, as lojas de departamento eram praticamente shopping centers,
onde os consumidores encontravam tudo que queriam, desde artigos de casa,
restaurante, brinquedos e roupas. Com a chegada de hipermercados e shoppings
centers, as lojas de departamento perderam todo seu glamour e tiveram que diminuir
os serviços e vender seus produtos com preço mais acessível. (Kallil (Org), 2009,
p.115-116). Hoje, as lojas de departamento no Brasil apostam mais em roupas, muitas
delas fazem campanhas publicitárias com conceito fashion, e o mesmo direcionado
para as mulheres de corpo padrão. A pesquisadora incentiva que lojas de
departamento que trabalham com varejo e preços acessíveis poderiam aumentar suas
grades de roupas para tamanhos maiores.
27
A modelo plus size brasileira Flúvia Larceda que ganhou a fama nos Estados
Unidos, fala em entrevista para o site da Revista Época, publicada em 2007, que a
moda plus size, para o Brasil, é importante, mas que o preconceito dos brasileiros e
até mesmo das meninas plus faz com que isso seja menosprezado. Na entrevista o
site pergunta se ela já trabalhou em eventos plus size no Brasil, e a Flúvia responde
que o mercado de moda brasileiro ainda não tem essa demanda, para ter
propagandas com modelos plus size. Uma das hipóteses dessa pesquisa é, que o
preconceito seja um dos grandes motivos da carência no segmento plus size no Brasil.
Outra modelo plus size que está estampada nos editoriais, anúncios e capas de
revista é a Crystal Renn, que lançou o livro Hungray, aonde conta algumas historia
pessoais e todo seu sofrimento para emagrecer. Hoje ela é considerada uma das
maiores modelos plus size dos Estados Unidos e trabalha em inúmeras campanhas
plus size de marcas norte americanas.
28
9. Campanhas Plus Size
Ainda não existe uma pesquisa que prove como o mercado de moda plus size
cresceu no Brasil. Mas acompanhando a mídia durante um ano, é possível ver que
esse crescimento existiu. Pode se dizer que as meninas plus size estão expondo suas
opiniões e fazendo algumas criticas em blogs pessoais. O mercado de moda brasileiro
enxergou que as consumidoras plus size estão a ver navios nesse segmento. Por isso,
o mercado de moda em 2012 já criou algumas propostas inovadoras. Algumas
emissoras de televisão como GNT e SBT abordam o plus size como tema do seu
programa. No “Tenha Estilo”, apresentado por Arlindo Grund, exibido na emissora
SBT, no dia 16 de janeiro em 2012, o tema abordado foi “Moda para gordinhas”.
Segundo o site Wikipedia (2012), Arlindo Grund é consultor de moda e stylist das
revistas de moda mais importantes do Brasil. No programa, ele responde as dúvidas
das consumidoras plus size, e ensina a forma certa de usar as vestimentas de acordo
com cada corpo.
Site do programa Tenha Estilo:
Disponível: http://www.sbt.com.br/tenhaestilo/post.asp?c=631
29
O mercado de moda brasileiro já está apostando nesse segmento, mostrando
se mais preocupado com as consumidoras plus size. Na primeira quinzena do mês de
junho de 2012, foram divulgadas pela equipe de marketing da loja de departamento
C&A, algumas fotos da nova campanha da loja. A nova coleção se chama “Coleção
Special for You da C&A”, sendo direcionada totalmente para as consumidoras plus siz.
Serão 35 peças que vão do tamanho 46 ao 56 e estarão disponíveis a partir do dia 19
de julho de 2012. No release dado pela equipe de marketing da loja, as peças da
coleção serão caftãs, vestido com brilho e manga boca de sino, paetês, franjas e
renda, além do jeans com modelagens que se adequam a forma do corpo e
proporcionam conforto. Os destaques são os vestidos estampados em animal print e
tropical, camisas fluídas e camisetas com frases, foil e estampas.
Imagem 5: Site da Coleção da Preta Gil para a loja de departamento C&A:
Disponível: http://www.cea.com.br/moda-feminina/pretagil/
30
A personalidade que estampa essa nova coleção é a cantora, atriz e
apresentadora Preta Gil. A cantora é uma das personalidades que possuem opinião
forte sobre o assunto de moda plus size no Brasil. A campanha mais recente da
cantora foi para uma marca de lingerie Plié, aonde ela e a modelo Barbara Fialho
posam juntas.
A diretora criativa da campanha, Marilene Ramos fala no release:
“Todas as mulheres, independente do tipo físico, têm pontos fortes e inseguranças.
Cabe a cada uma aceitar as suas formas e viver bem de acordo com seu estilo e
personalidade”.
Imagem 6: Campanha Plié com a cantora Preta Gil e Barbara Fialho:
Disponível:http://plie.com.br/
A opinião de Preta Gil pode acrescentar muito no mercado de moda plus size.
Em algumas entrevistas para sites brasileiros, por exemplo, a entrevistada pelo site
Ego no dia 22 de dezembro de 2011, com a repórter Odara Gallo, Preta Gil cita:
"Acho isso uma sacanagem! Não sou adepta da pessoa gordinha ter
que ir a uma loja específica para achar roupa. Sou adepta de gritar
nos ouvidos dos meus amigos estilistas para eles aumentarem a
grade de tamanhos das coleções", disparou. "Sou a favor da moda
plus size, mas dentro das lojas. O mercado está marcando bobeira".
(Gallo, 2012).
31
Dia 21 de janeiro de 2012 em São Paulo aconteceu o primeiro concurso Miss
Plus Size 2012, o concurso de beleza que é conhecido mundialmente, agora paras
mulheres “gordinhas”. Antigamente ser Miss era somente para meninas que tinham o
padrão ideal de beleza e todas as medidas certas. Mas com o andar da carruagem e
atualização do mercado de moda, o concurso abriu oportunidade para belas meninas
com medidas nada convencionais. Segundo o site oficial do evento tiveram 33
candidatas participando do concurso, é a primeira regra era ter manequim acima de
44, o evento foi bastante comentado no Brasil e no exterior. Esse evento é uma
conquista para uma sociedade tão preconceituosa, é importante mostrar a beleza de
mulheres comuns.
Imagem 7: Site oficial do Miss Brasil Plus Size:
Disponível: http://www.mbps.com.br/
O mercado de moda plus size internacional também já está apostando nesse
segmento. Algumas personalidades como a cantora Betty Ditto já fez duas coleções
plus size em parceria com a loja de departamento britânica Evans. A cantora aborda
em entrevista pelo site americano New Work Fashion, que pensa em fazer sua própria
linha de roupas, mas de forma ética, aonde ela pode fazer o que quiser, sem precisar
de permissão de empresários. Betty pensa em abrir um brechó online para as
consumidoras plus size. Na entrevista, Betty se diz pró-ativista das gordinhas, e que o
mercado está perdendo dinheiro e tempo, pois não aposta corretamente nesse
segmento.
32
Imagem 8: Coleção de Betty Ditto para Evans
Disponível:http://blog.evans.co.uk/
Algumas marcas e revistas estão apostando, como a rede de fast fashion H&M,
que também fez sua coleção de roupas especializadas para as meninas plus size em
maio de 2011, e teve como garota propaganda a modelo Tara Lynn. Se os
empresários fossem mais corajosos e tentassem investir no mercado plus size por
algumas temporadas, venderiam mais e com isso os estilistas produziriam mais. È
possível ver o crescimento desse seguimento ao longo desse um ano, mas ainda não
estão cem porcento. Infelizmente é uma vez ou outra que existem coleções plus size,
a loja não lança uma nova coleção por estação. Mas o mercado já está percebendo o
poder desse segmento e que ele pode lucrar bastante se investir na maneira certa.
33
10. Memorial
Por ser um projeto cuja escolha do tema esta ligada a aspectos pessoais, minha
orientadora e eu decidimos que o memorial seria escrito na primeira pessoal do
singular. A pesquisa feita para o projeto foi um das tentativas de transformação dos
meus pensamentos como mulher gorda, um tema bastante complicado para alguém
que tenta o emagrecimento desde infância. Seria estranho escrever meus sentimento
e momentos que vivi na terceira pessoa. Usei literalmente o diário de bordo (memorial)
para explicar situações e idéias do meu produto.
34
11. A idéia
Quando estudamos publicidade nossas exigências e padrões estéticos ficam
mais críticos e começamos a perceber detalhes que antes não eram vistos. Desde os
primeiros semestres do Curso Universitário, sempre houve a vontade de pesquisar
algo relacionado à moda. Ao longo de algumas disciplinas foi-se delimitado o tema que
seria moda, para um segmento bastante pessoal e ao mesmo tempo novo - a moda
plus size. O estágio no maior site de moda de Brasília (Site Finíssimo) ajudou bastante
na escolha do tema. No site, aconteceu a aproximação com o universo da moda e
começaram os questionamentos sobre algumas carências do seguimento plus size.
Como todo profissional da moda, eu gosto de me vestir bem, mas comecei a enxergar
as limitações que existem para me vestir com o corpo que tenho. A partir desses
acontecimentos, resolvi fazer um guia de estilo para meninas gordinhas, na verdade o
projeto é algo bem pessoal, e mais pessoas irão utilizar-se dessas informações.
Existem muitas meninas que passam pelo mesmo problema, e o blog é uma boa idéia,
já que a quantidade de informações desses segmentos é em menor. O blog estaria,
assim, produzindo conteúdo segmentado para uma necessidade real.
Desde que resolvi trabalhar com esse tema, comecei a observar mais notícias
sobre o assunto, pois no momento a moda plus size está em alta no Brasil. Algumas
lojas de departamento já estão fazendo campanhas para essa sessão, na penúltima
campanha plus size das lojas C&A a estrela foi à cantora e atriz Preta Gil, a cantora é
um símbolo da moda plus size brasileira. Preta sempre está estrelando alguma
campanha desse segmento, sua opinião sobre esse tema é sempre relevante. Fui
como boa consumidora e pesquisadora, averiguar algumas das peças da coleção e
infelizmente me frustrei, uma vez que a coleção não chegou em nenhum shopping de
Brasília. Depois desse episódio vi que as limitações são ainda maiores na cidade em
que vivo e aonde guia será feito. O guia de estilo foi feito com muita cautela, fui a
várias lojas procurando as melhores peças a preços razoáveis.
A idéia de fazer um guia de estilo voltado para essas meninas é algo que vem
me estimulando, quero aumentar o número de informações sobre esse tema. Acredito
que qualquer menina tem o direito de ser vestir bem e todas essas dicas estarão
disponíveis no guia. Acredito que já tem muitos guias focados para mulheres magras,
então esse é exclusivamente para as meninas curvilíneas.
35
12. O Formato.
Blog
A maior discussão sobre o tema Blogs, segundo a autora, Denise Schittine no
livro Blog: Comunicação e escrita íntima na internet, a ferramenta que é chamada de
“diário íntimo” por ela, pode ser considerado um “gênero literário”. O blog era visto
antigamente como um diário ou autobiografia. Antes de existirem os blogs, existiam os
famosos diaristas, que são os blogueiros de hoje em dia. Eles escreviam sobre sua
vida pessoal em papeis, alguns guardavam em sete chaves e outros disponibilizavam
para outras pessoas lerem, mas a maioria dos escritores dos diários íntimos escrevia
por vaidade, pois existia uma vontade de ter sua vida compartilhada por pessoas. A
crítica literária dividiu em ficção e escrita íntima as obras de alguns autores, o que foi
um grande marco no século XIX, pois facilitava classificar os grandes e os médios
autores.
A ferramenta passa por vários preconceitos para obter o sucesso que tem nos
dias atuais, e o maior deles era o de dar o poder de expressão para qualquer
indivíduo. Não precisa escrever como um autor intelectual ou ser um artista famoso,
não existe barreiras para expor sua opinião. Paul Man acredita que a escrita do blog
não é um gênero, mas sim uma figura de leitura. A teoria de Man mistura as categorias
“vida e escrita” e o blog mistura esses dois elementos. Os primeiros blogs
funcionavam como diários online, onde o escritor escrevia sobre o tema que desejava.
Os atuais ainda funcionam assim, e os blogueiros fazem de acordo com o tema que
gostam de escrever ou com que trabalham. O Blog foi uma ótima ferramenta para as
mulheres se expressarem naquela época de mudanças sobre a visão feminina, como
aborda a pesquisa feita por Phillippe Lejeuane no século XIX.
No Brasil, essa ferramenta começou a fazer sucesso em meados de 2000. O
nome blog surgiu pela a criação dos próprios participantes do gênero ou figura de
leitura, como aborda Man. O significado da palavra e a junção de web (pagina da
internet) com log (diário de bordo). O fato de ser um diário íntimo dentro de um meio
de comunicação (a internet) e voltado para um público transformou uma questão que,
a princípio, seria literária, numa questão relativa, também, à disciplina da
Comunicação (Schittine, 2004, p,13). Essa escrita tem a finalidade de passar algum
tipo de mensagem para o receptor, que no caso é o leitor do blog.
36
A passagem do diário íntimo para a rede passou por todo um processo. Os
diaristas, como eram chamados antes de entrarem na internet, tiveram que se
adaptarem com os teclados, telas e os recursos existentes no computador. O blog
surgiu como um sistema de disponibilização de textos e fotos na web menos complexa
e mais rápida e facilitou a fabricação de páginas por indivíduo com poucos
conhecimentos técnicos (Schittine, 2004, p,13). Jorn Barger foi o primeiro a
desenvolver um sistema fácil, com poder de uso para qualquer pessoa que quisesse
relatar assuntos interessantes, como mostra o escritor Caio Novais no blog “Brogui”. É
muito fácil ter um blog, pois não precisa de muita técnica e uma linguagem formal.
Com esses argumentos, o índice de jovens que possuíam blog era muito grande, mas
segundo Schittine, o número de adultos blogueiros é bem maior do que os blogueiros
adolescentes e esses dados são comprovados através de uma série de entrevistas
com blogueiros, feita por Schittine.
O blog de 2000 para os dias atuais não teve somente essa função de diário
íntimo, ele evoluiu, falando de temas específicos como, esporte, política, arte, moda,
televisão, fofocas e cinema, formando também tribos (leitores fieis). A ferramenta tem
o poder de gerar um relacionamento com pessoas desconhecidas e muitas vezes vira
rotina ler um blog, como ler um jornal. Se o leitor se familiarizar com o tema que o blog
abordar, o ritmo de leitura desse leitor vai ser mais freqüente, pois o conteúdo de
alguns blogs é atualizado todos os dias. Um blog típico combina textos, fotos e links de
sites que abordam o tema do post e serve para deixar o leitor mais conectado com o
assunto e passar mais informações. De acordo com alguns blogueiros, é muito fácil
“alimentar” o blog com as ferramentas disponibilizadas e não é preciso lidar com as
técnicas de informáticas como HTML. O importante é saber o que escrever, pois
existem milhares de blogs na rede, e muitos deles sem sucesso, e poder fazer a
diferença com a ajuda de uma ferramenta tão famosa como o blog.
Referência de blogs de moda plus zise importantes são os de duas meninas
estrangeiras que postam dicas e truques de moda para esse segmento, os blogs são
http://saksinthecity.blogspot.com.br/ e http://thecurvyfashionista.mariedenee.com/. As
blogueiras mostram seus look e dão dicas de lojas e preço para as leitoras. A média
de visualização por mês são 320 mil visitas, isso mostra que as meninas estão atrás
de informações sobre o assunto. Outro blog/site de moda que aborda o assunto é o da
Julia Petit http://juliapetit.com.br/, o blog não aborda somente esse tema, mas sempre
está mostrando do universo plus zise de uma forma interessante.
37
Dessa maneira, eu acredito que é mais prático para as leitoras o formato do
guia ser um blog. A ferramenta tem um aspecto mais intimista, assim conseguirei me
comunicar melhor com as leituras. Existem muitas blogueiras de moda no Brasil, mas
nenhuma tão focada nesse segmento. A ferramenta é de fácil manuseio, facilitando a
atualização diária das informações postadas no blog. As leitoras podem tirar dúvidas
ou opinar nos posts. O custo é baixo e trabalho com essa ferramenta diariamente por
conta do estágio no site de moda.
38
13. O Tema
Moda
A moda começa ter a sua importância quando o ato de vestir-se deixar de ser
algo banal e se torna uma ação importante. Segundo Renata Pitombo, no livro
Sentidos da Moda, as vestimentas começam ser importantes quando a aparência
começa a ser observada pela a sociedade. E realmente, as roupas fazem parte da
construção da identidade, conseguimos distinguir algumas características de
personalidade pelas vestimentas, um bom exemplo é o folclore, cada país possui uma
cultura diferente e conseguimos ver isso nas vestimentas. A roupa consegue
descrever parte a identidade do ser humano, a partir dessa afirmação a moda começa
ser valorizada e ganha outro sentido. A autora fala da roupa como objeto-signo. A
moda e a sua dinâmica se estendem a outras esferas de culturas, assim surgindo sua
importância na sociedade moderna, no consumo e a comunicação. (PITOMBO, 2006,
p. 27).
Herbet Spencer formulou em 1854 que os homens e mulheres são submissos
as leis das aparências, ele foi o primeiro pesquisador a estudar sobre a moda e sua
relação com a sociedade. Em 1890, Gabriel de Tarde idealiza a moda como algo que
representa os indivíduos, pois a parte estética é a primeira coisa vista pelas pessoas,
as vestimentas agem através das determinações da sociedade. Pitomba aborda no
livro que as roupas usadas querem passar algum significado, é como se o indivíduo
fosse o emissor, a vestimenta a mensagem e o mundo o receptor.
Moda no latim significa modus que significa maneira, a moda é denominada
como maneira, modo individual de fazer, ou uso passageiro que regula a forma dos
objetos materiais, e particularmente, os móveis e as vestimentas. (PITOMBO, 2006, p.
30). Com palavras mais simples, isso significa a maneira de viver e o modo que se
veste. As palavras moda e modo são parecidas, as definições das duas palavras no
dicionário da língua portuguesa se complementam, a moda tem mudanças periódicas,
ela abrange vários modos de vida. Um exemplo interessante são as semanas de moda
e coleções que são lanças a cada estação do ano. O termo moda estar ligado também
as novidades/tendências, toda essa inovação para satisfazer o consumo da
sociedade. Pitombo mostra que alguns autores mais sensíveis falam que a moda é
equivalente ao um Deus feminino e que moda é o sinônimo de buscar da beleza. A
partir desses pensamentos algumas mulheres se sacrificam para obter essa beleza, é
quando surge a ditadura da beleza e a sociedade cria novos valores.
39
14. Pré-Produção
O Nome do Blog.
Depois de ter pensado em tudo, deixei o nome do blog por último. Realmente
não fazia idéia de como seria o nome do projeto que fiquei dois semestres
pesquisando. Comecei a observar os nomes de alguns blogs de moda e vi que quase
todos tinham uma palavra inglesa e comecei a pensar nessa proposta. Coloquei no
papel algumas das palavras como: plus, big, love, mode e lovers (imagem 9). Decidi
misturar uma palavra em inglês e outra em português.
Imagem 9: Foto por Sarah Cortez
No meu cotidiano sempre usei muito a palavra FOFS pra dizer que algo era
legal ou fofo. FOFS vem da palavra fofa que significa no Dicionário Aurélio: “adj.
Macio, flácido, mole, elástico. / Fig. Vaidoso, enfatuado, fanfarrão. / &151; S.m.pl. Tiras
de tecido, enrugadas e salientes, usadas como adornos de vestidos”.
40
Acreditava que a palavra poderia representar o universo plus size, porque no
Brasil as pessoas usam o adjetivo “fofo” para mencionar uma pessoa gorda, é uma
maneira carinhosa e sutil de chamá-la. Por isso escolhi a palavra FOFS. Já palavra
LOVE sempre me agradou bastante e o símbolo (coração) que representa a palavra
foi um dos maiores motivos para a escolha. Acreditava que a mistura das duas
palavras sairia algo mágico e que esteticamente a junção das palavras ficaria
harmonioso. LOVE significa amor na língua portuguesa, e o significado de amor no
Dicionário Aurélio:
Afeição viva por alguém ou por alguma coisa: o amor a
Deus, ao próximo, à pátria, à liberdade. Sentimento
apaixonado por pessoa do outro sexo: as mulheres
inspiram amor. / Inclinação ditada pelas leis da natureza:
amor materno, filial. Paixão, gosto vivo por alguma
coisa: amor das artes. / Pessoa amada: coragem, meu
amor! / Zelo, dedicação: trabalhar com amor. // Amor
platônico, amor isento de desejo sexual. // Por amor de,
por causa de. // Pelo amor de Deus, expressão que dá
ênfasea um pedido: não faça isso, pelo amor de Deus!
(Dicionário Aurélio - Online)
AMOR FOFO: amor pelas coisas fofas, amor pelas coisas gordas e amor pela
moda plus size. Esses são os significados das duas palavras. O conteúdo do blog foi e
será feito com muito amor, o tema será tratado com muita cautela. O blog tem amor
pelas coisas fofas e gordas, e o que a sociedade acha horripilante o blog acha a
“coisa” mais normal.
41
15. Design
Queria que o design do Fofs Love fosse parecido com um sonho, que fossem
usadas cores suaves, calmas e que fosse fofo como um algodão doce. O blog precisa
de uma arte que representasse seu nome. Na primeira reunião com agência Vualá
Design, mostrei alguns blogs de referência como: É do babado, Just Lia e Pesticos.
Queria algo nessa linha, pois esse design sempre fez sucesso no mundo dos blogs de
moda. O design do blog seria parecido com os dos outros blogs de moda famosos, e
ele se destacaria pelo o conteúdo inovador e diferente. Queria provar que era possível
ter um blog com o design descolado, mas voltado para o público plus size.
Nas cores escolhidas, pensei nas minhas cores favoritas, como amarelo, lilás e
rosa. As cores do blog são em tons pastel, esses tons dão um ar mais meigo e
delicado para o blog. A cor amarela representa estimulo, alerta e esperança, adjetivos
que o blog possui nesses primeiros meses. O lilás a calma o sistema venoso e quando
se acrescentado o amarelo causa uma sensação de calor, já o rosa dá essa sensação
de sonho de criança. As cores escolhidas possuem um significado para publicidade,
mas não me importei muito com esses significados.
A ilustração do blog são objetos que me representam. Os objetos usados
ajudam o leitor entender a proposta do blog de uma maneira sutil. (FRATIGER, 2007,
p. 27 a 29). Os objetos ilustrados são: uma boca, máquina fotográfica vintage, batons,
óculos, sapatos e diamantes. Os objetos são acessórios bastante utilizados por mim,
pois para utilizar esses assessórios, não é precisa se preocupar com as suas medidas,
eles podem ser usados por todos. Poderia ter colocado no design do blog uma
ilustração de uma menina gorda, mas seria óbvio demais. Por isso decidi colocar
objetos pessoais e que também usados pelas leitoras do blog.
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16. Logomarca
Nas aulas de design gráfico aprendi que a logomarca é a assinatura da marca
e por isso é importante pesquisar bastante para construção de uma. Ela será a
representação gráfica do blog. Precisei de ajuda para a construção da logomarca,
porque a logo precisa representar todo o conceito que a marca quer passar para o seu
público.
A criação foi feita na segunda reunião com a agência Vualá Design, depois de
ter feito o layout com os meus objetos pessoais, a logomarca precisava se encaixar
bem com o design. Eu e o diretor de arte Anselmo Leite decidimos logo de primeira
mesclar fontes diferentes. A justificativa dessa mistura é por conta do nome do blog
que também mistura dois idiomas diferentes. A palavra “fofs” é uma letra cursiva, no
livro Sinais e Símbolos de Adrian Frutiger a letra “F” do fofs é uma letra ornamental,
diferente dos tipos de letras básicas, pode ser totalmente alterada só não pode perder
a legibilidade. Uma letra com traços clássicos e conduz uma mensagem de status e
poder. Queria usar alguma referência do renascimento no blog, por isso a escolha
dessa letra mais clássica. (FRUTIGER, 2007, p. 153).
Já a palavra “LOVE” tem uma fonte mais básica, a escolha dessa fonte mais
simples e menos detalhada é para causar um impacto na logomarca. Uma fonte mais
fina e outra mais larga deixam claro para as leitoras que possuem duas palavras de
idiomas diferentes. O contraste de fontes diferentes deixa o design do blog mais
moderno, mas com uma “pitada” de clássico.
O símbolo que representa o blog é uma fechadura em formato de coração.
Sempre falei que a moda plus size é um mundo aonde poucos conhecem e o Fofs
Love mostra bastante informação sobre esse mundo, é como se ele abrisse as portas
para outras iniciativas. O blog destranca algumas portas, como por exemplo, a falta de
conhecimento, preconceito e informações sobre o tema. A fechadura simboliza a
passagem para um mundo que é novo, aonde as notícias serão novas. A fechadura
em formato de coração simboliza o quanto é bom conhecer esse mundo novo, cheio
de informações boas sobre esse segmento pouco falado, um espaço aonde as leitoras
irão descobrir assuntos novos sobre os seus corpos. O diretor de arte Anselmo e eu
tivemos essa idéia da fechadura em formato de coração logo depois que a logomarca
do blog ficou pronta. O Fofs Love é um dos blogs pioneiros sobre esse tema, poucas
pessoas conhecem esse universo plus size. Acredito que o símbolo representa todas
as ideais do blog: um mundo novo, com mais informações sobre o tema, menos
preconceitos e mais amor de maneira divertida e fácil.
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17. Formato do blog
Teve como referência para decidir o formato do blog, outros grandes blogs
como Julia Petit e Lia Camargo. O formato do blog é aquele convencional, é só descer
a barra de rolagem e ir a acompanhando os posts. Não é necessário clicar em nada.
Dividi o blog em abas, para ajudar as leitoras encontrar os posts com mais facilidade.
As abas do blog são “como usar”, “closet”, “editorial”, “provador” e “dicas”. Cada aba
será explicada em tópicos.
Como usar: Nessa aba mostro algumas opções de como usar uma peça básica,
como por exemplo, a regata. Falo de como uso essa peça e quais são os truques para
deixar a peça mais fashion.
Imagem 9: Print do blog FofsLove
Disponível: http://fofslove.com/2013/04/11/como-usar-regata/
44
Closet: Essa aba entrou no lugar do “look do dia”, preferi trocar. O motivo é simples,
não tenho um custo de vida alto como os das blogueiras de moda do país. Preferi
fazer algo que tivesse em meu seu alcance. O Closet funciona assim, eu escolho um
look do meu próprio guarda-roupa e explicou o look e como funciona meu guardaroupa. Uma das minhas idéias é levar essa aba para as leitoras, toda semana a
pesquisadora faria um closet com uma leitora diferente. Seria uma maneira das
leitoras mostrarem suas dicas e truques.
Imagem 10: Print do blog FofsLove
Disponível: http://fofslove.com/2013/04/17/closet-2/
45
Editorial: Nessa aba serão mostrados editoriais feitos por mim ou editorias de revistas
de moda. Mostrarei as mulheres gordas no universo da moda. Será postado editorial
de marcas importantes e campanhas publicitárias.
Imagem 11: Print do blog FofsLove
Disponível: http://fofslove.com/2013/05/06/faz-carao/
46
Provador: Umas das minhas abas preferidas, mas também uma das mais
complicadas de se fazer. O provador é sempre registrado por mim, faço meus cliques
nos provadores de lojas de departamento ou lojas que tem alguma peça para meninas
gordinhas. Vou pesquisando nas lojas, preços, tecidos e monto um look de acordo
com as peças que existem nas lojas. Quem é gordinha sabe a dificuldade para achar
roupas em lojas de departamento, por isso vasculho bastante e depois de toda essa
pesquisa faço as fotos com o look escolhido. No post comento sobre os preços, as
lojas e o nível de dificuldade para achar as peças. A quantidade de looks postados
depende da quantidade de peças encontradas durante a pesquisa.
Imagem 12 : Print do blog FofsLove
Disponível: http://fofslove.com/2013/04/25/provador-3/
47
Dicas: Essa aba é um mix de assuntos, quero falar de alguns temas como música,
moda, maquiagem, filmes, curiosidades e coisas dos gêneros. Por exemplo, posso
postar a última coleção da loja Melissa, o filme que vai estrear na semana, peça de
teatros, gastronomia e coisas que sejam agradáveis de ler.
Imagem 13: Print do blog FofsLove
Disponível: http://fofslove.com/2013/04/23/dicas-maios-lindos-e-coloridos/
48
18. Produção
A produção do blog é continua como ele é um produto que não terá o mesmo
fim que os outros trabalhos de conclusão. Ele não tem um prazo indeterminado,
mesmo depois da banca o blog existirá. Dessa forma é complicado falar da produção
dele. O que vai ser falado nesse capitulo é sobre a produção feita até a data de hoje.
Semanalmente vou a uma loja de departamento ou em alguma loja que possui ter
peças plus size. As lojas de departamento visitadas são Riachuelo, Marisa, Renner e
C&A e as lojas convencionais são Fernanda Ferrugem, Maria Filó e Renata Fiore. Nas
lojas de departamento as fotos tiradas foram escondidas, porque não era permitido
tirar fotos nos compartimentos das lojas. Tentei entrar em contato com os
responsáveis, mas os responsáveis não se importaram em me ajudar. Era muita
burocracia e isso poderia atrasar o conteúdo do blog, então por minha conta decidi
fazer as fotos às escondidas com o meu aparelho celular. O resultado saiu melhor do
que eu imaginava os aplicativos fizeram com que a qualidade da foto não caísse. Nas
lojas próprias para as meninas plus size foi bem mais tranqüilo, as donas me deixaram
clicar sem nenhum problema. Era até uma maneira de fazer divulgação da marca
também, as empresarias gostaram da idéia do blog e isso ajudou bastante.
A produção do primeiro editorial foi complicada, sem nenhuma loja para ajudar
nos looks e a falta de tempo para ir aos shoppings, eu mais uma amiga que também
escreve no blog comigo, montamos os looks do primeiro editorial com as nossas
próprias roupas. A idéia do primeiro editorial era mostrar que as mulheres gordinhas
também conseguem ser sexy e não fofas. Queríamos fugir do óbvio. Um exemplo:
todo editorial de gordinha tem que ser pin nup ou algo mais caricato. Não queríamos
isso, queríamos algo simples e sofisticado. As fotos foram clicadas na quadras da
cidade, aproveitei que abril é o mês do aniversário de Brasília e resolvi puxar o
editorial para um estilo mais rock roll, as fotos foram clicadas em preto e branco e o
resultado ficou muito bom. Os post feitos sobre o mundo plus size são produzidos por
mim e a minha colaboradora Stephanie Sidon. São feitas pesquisas em sites como
Vogue Cury, Pesticos,
Forever 21 para a
construção
dos posts. Alguns
acontecimentos pessoais geraram grandes pautas, as leitoras também deram opinião
sobre a produção de alguns posts. Mas não só de moda plus size vive o blog, a autora
faz uma vez ou outra posts sobre música, arte, televisão, cinema e coisas legais para
dar uma descontraída.
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Criou uma forma de colocar as leitoras dentro do blog, convidei algumas
meninas para falarem dos seus guarda-roupas. O contato com essas meninas foram
feito pelas redes sociais e todas elas toparam numa boa fazer o post para a aba
“closet”.
As leituras em blogs de moda e guias convencionais fizeram com que a autora
fizesse algumas adaptações para o mundo plus size. O Guia de Estilo “A Parisense”
de Inês de la Fressange foi um dos guias mais usado para a criação de alguns posts.
O livro aborda que nem sempre as roupas que estão em alta são as melhores, Inês
mostra de maneira divertida alguns truques e dicas. Faço essas adaptações através
dos conhecimentos pessoais do meu corpo e com conversas com algumas meninas.
Umas das produções mais complicadas são as dos “Provadores”, às vezes é
complicado conseguir um look legal para postar no blog. É necessário vasculhar muito
nessas lojas de departamento. Passo mais o menos de duas a três horas em uma
única loja fazendo as escolhas das peças que serão clicadas. A produção do blog foi e
continuará sendo uma diversão, pois todo o dia aprendo algo novo desse segmento. É
muito bom saber que o blog está ajudando algumas meninas, é legal ouvir elogios das
leitoras.
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19. Tipo de Linguagem
O blog é uma ferramenta aonde a linguagem predominante é a informal. Por
ser uma ferramenta mais intimista o tipo de linguagem não precisa ser formal ou
rebuscada. A linguagem do Fofs Love não seria diferente. Desde 2006 sou
acostumada a escrever no twitter, a rede social é conhecida como microblog. A
linguagem do twitter é totalmente uma escrita “falada”. O máximo de caracteres
usados para uma tweet são 144 é preciso enxugar as idéias para escrever no
microblog. Preferi usar essa linguagem informal para o meu blog, pois nunca tinha
escrito em um blog antes. Por isso a preferência em usar uma escrita que já domino.
Esse tipo de linguagem é mais usado no cotidiano e deixa os leitores mais
íntimos com blog. A maioria dos posts do blog são curtos, mas possuem as
informações necessárias. Uso em meus posts hastags para deixar o texto mais
humorado e familiarizado com o twitter. O texto é simples, mas contém as informações
que quero levar para leitoras. Escrevo no blog como se estivesse conversando com as
leitoras pessoalmente, acredito que é isso que faz o blog ser querido e bem visto por
elas. Pois as leitoras se tornam intimas do blog, e é esse o resultado que a desejo
chegar. Os blogs de moda como Julia Petit e Just Lia e É do babado tem uma
linguagem bem parecida com a do Fofs Love. O twitter e esses três blogs de moda
foram referências para a escolha do tipo de linguagem do blog.
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20. Cronograma
Atividades
Inicio
Fim
Domino do Blog
Construção do Blog
Produção do Blog
Visitas nas Lojas
Editorial
Revisão do memorial
14 de Fevereiro
10 de Março
08 de Abril
01 de Abril
20 de Abril
27 de Maio
27 Fevereiro
07 de Abril
--06 de Maio
10 de Junho
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21. Contratempos
Desde as aulas de laboratório de projeto com o professor Joadir, percebi que ia
ser complicado escrever meu projeto de conclusão de curso. A quantidade de livros
sobre o tema é muito pouca. Tive que garimpar em livros de moda, algo que
abordasse o tema. O resultado não foi bom, mas consegui alguns artigos sobre o
tema, contei com a ajuda de amigos e professores para isso.
Já na execução do memorial também tive meus contratempos, mas eles foram
bem
mais fáceis de
serem
resolvidos.
Um
dos primeiros problemas foi
sobre
o domínio do blog, nem sabia por onde começar. Pesquisei pela a internet e encontrei
o site Uol Domínio, onde lá eu o fiz. O site da Uol ficou fora do ar no momento do
pagamento( R$29,90). Não sabia se os dados e o nome do blog já tinham sido salvos.
Para a minha preocupação, o site ficou 5 dias fora do ar quando finalmente consegui o
domínio.
A pré-produção foi tranqüila, tive ajuda da agência Vualá Design para fazer o
design do blog. O único contratempo foram as cores. Na primeira versão, o blog era
azul e rosa. O rosa continuou, mas as cores da versão definitiva foram amarelo e
lilás. Tudo foi planejado, inclusive os atrasos que poderiam acontecer. O blog levaria
duas semanas para ficar pronto, mas com todas as mudanças que teve, ficou pronto
em um mês. Finalizado, os problemas só aumentaram. A dúvida do primeiro post, a
falta de tempo para atualização diária do blog e o medo de não ser levada a sério
pelos outros blogueiros. Medos que consegui vencer, o blog foi bem recebido pelos
leitores e pelos profissionais da área. Durante o mês de abril, me desdobrei para
confecção dos posts e do editorial. Este teve vários problemas: as modelos chegaram
atrasadas, as roupas não cabiam, o lugar marcado para tirar as fotos estava lotado de
pessoas por conta do aniversário de Brasília. Enfim, vários problemas aconteceram no
dia do editorial, mas todos os problemas foram resolvidos e o resultado do editorial
foi excelente.
Os contratempos existem e são eles que deixam o trabalho mais forte. É
importante ter um plano B sempre, principalmente quando se trabalha com pessoas. A
falta de compromisso de alguns faz com o trabalho seja mais complicado. É preciso
determinação e ser proativo para não deixar uma boa idéia escapar pelos imprevistos.
53
22. Repercussão do Blog
Ao longo dos meses de abril e maio, recebi inúmeros recados positivos sobre o
blog. Não apostei muito na divulgação ainda, mas mesmo assim o resultado foi bom.
O número de visitantes do blog por dia varia de 8 a 75 visualizações, a quantidade de
pessoas que acessam mais de uma vez por dia é quase o dobro. O blog vai fazer dois
meses e está sendo bem falado pelas leitoras e meus amigos trabalho. As pessoas
ficam surpresas em saber que existe um blog voltado somente para o público plus
size. Venho recebendo muitos conselhos de pauta de meninas magras, meninas que
não são o público alvo, mas mesmo assim gostam de ler o Fofs Love. A intenção é
apostar mais na divulgação do blog depois da apresentação da banca. Por falta de
tempo, ainda não criei twitter e instagram, apenas focar no conteúdo e divulgar com
mais calma.
É uma satisfação saber que meu trabalho de conclusão de curso está ajudando
pessoas e fazendo com que outras meninas tenham essa mesma coragem. Aposto
que o número de blogs voltado para esse segmento crescerá e a gratificação é ainda
maior por ter sido umas das pioneiras.
Fiz alguns print de elogios e recados positivos sobre o Fofs Love.
Imagem 14: Blog FofsLove
Disponivél: http://fofslove.com/2013/05/09/loja-brasiliense/
54
Imagem 15
Disponível: http://fofslove.com/2013/05/06/faz-carao/#comments
55
Imagem 16: Blog Fofs Love
Disponivel: http://fofslove.com/2013/04/30/menos-preconceito-e-mais-amor/
Imagem 17: Blog Fofs Love
Disponível: http://fofslove.com/2013/04/25/provador-3/
Imagem 18: Blog Fofs Love
Disponível: http://fofslove.com/2013/04/10/dica-lojas-online/
56
Imagem 19: Blog Fofs Love
Disponívél: http://fofslove.com/2013/04/09/provador-2/
Imagem 20: Blog Fofs Love
Disponível: http://fofslove.com/2013/04/08/comecou-2/
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23. Conclusão.
Durante um ano de pesquisa passei por vários momentos bons e tristes. Não
sabia que a escolha do tema do meu projeto final do curso de Comunicação Social ia
acarretar em tantas decisões. O significado do tema é muito importante, descobri
vários pontos fracos e positivos de mim mesma. O tema é totalmente pessoal, porque
desde criança fui ‘gordinha’. O blog começou a ter sua importância no mercado de
moda de Brasília, o trabalho foi despertando interesse de várias pessoas que lutam e
gostam da causa: a falta de roupas e informação no segmento plus size no Brasil.
Sempre foi muito difícil achar roupas descolas para o meu corpo, tinha que vasculhar
muito até achar duas ou três peças que me agradece e ficasse bem em mim. Por isso
surgiu a idéia de compartilhar esse problema e tentar resolve-lo
Um dos maiores problemas foi controlar meu emocional e minhas crises
psicológicas. Muitas vezes pensei em mudar de tema, mas decidi encarar e ver o que
poderia fazer por mim mesma e por outras meninas. Não foi fácil ver o preconceito
estampado no rosto de algumas pessoas, mas infelizmente não é possível mudar esse
conceito em um ano de trabalho. Isso é ao longo prazo. Tentar mudar o mercado de
moda também é ao longo prazo. O que me deixa feliz, é saber que fui uma das
pioneiras desse projeto que ajuda/ajudará tantas meninas. No meio de tantos pontos
positivos, ainda existem os negativos, o preconceito é algo que desmotiva muito, são
eles que me fazem pensar em desistir de um projeto tão especial. A continuação do
blog ainda é uma incógnita, não sei se vou fechar o blog depois da apresentação da
banca. O Fofs Love envolve muitas pessoas é isso seria desonesto com as leitoras
que se identificam com ele.
Pensei que no final do projeto teria algumas respostas sobre meu corpo gordo,
e tive, mas não foram positivas. Depois de alguns altos e baixos resolvi e irei fazer a
cirurgia bariátrica, não irei fazer a cirurgia para está nos padrões estéticos, mas sim
para me livrar de algo que atormenta desde criança. O projeto teve sua importância e
decisões foram tomadas. O blog ajudou mais as leitoras do que a mim mesma e é por
isso que tenho sensação de dever comprido. O objetivo do projeto era facilitar e
passar informações para meninas que se amam e gostam de serem elas. São essas
meninas corajosas e de bem com a vida que eu tenho vontade e orgulho em ajudar.
Mesmo que eu emagreça aos longos dos anos, eu continuarei entendendo esse
universo e saberei dos seus problemas. Sempre tentarei ajudar esse segmento, hoje
foi um blog e no futuro pode ser um livro. Farei o meu melhor para ajudar essas
meninas, porque o mais importante é ajudar o próximo.
58
24. Referências Bibliografia
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<http://www.slideshare.net> Acesso: 18 out 2012.
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(Org.) Deslocamentos de gênero na narrativa brasileira contemporânea. Brasília:
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61
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Sarah Torres Cortez - Universidade Católica de Brasília