UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA E TOXICIDADE AGUDA DO EXTRATO BRUTO DAS RAÍZES DE Euclea natalensis A.DC (Mulala) Carla de Souza Neves RECIFE 2010 2 Carla de Souza Neves AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA E TOXICIDADE AGUDA DO EXTRATO BRUTO DE Euclea natalensis A.DC (Mulala). Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Profa. Dra. Miracy Muniz de Albuquerque Co- Orientador: Prof. Dr. Almir Gonçalves Wanderley RECIFE 2010 3 Neves, Carla de Souza Avaliação da atividade antimicrobiana e toxicidade aguda do extrato bruto das raízes de Euclea natalensis A.DC (mulala) / Carla de Souza Neves. – Recife: O Autor, 2010. 64 folhas: il., fig., tab. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2010. Inclui bibliografia. 1. Euclea natalensis A.DC. 2. antimicrobiana. 3. Toxicidade. I. Título. 616-078 616.01 CDU (2.ed.) CDD (20.ed.) Atividade UFPE CCS2010-101 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Reitor Amaro Henrique Pessoa Lins Vice-Reitor Gilson Edmar Gonçalves e Silva Pró-Reitor para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação Anísio Brasileiro de Freitas Dourado Diretor do Centro de Ciências da Saúde José Thadeu Pinheiro Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas Dalci José Brondani Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas Pedro José Rolim Neto Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas Beate Saegesser Santos 5 Dedico este primeiramente à trabalho Deus, meu esposo Leonardo e à minha mãe Lisete. Obrigada por todo o apoio! 6 AGRADECIMENTOS A Deus por me dá a força e perseverança para enfrentar as dificuldades. À minha mãe Lisete Gomes de Souza por todo o apoio e confiança. Ao meu irmão Homero de Souza Neves pelo carinho e torcida. À minha amiga dentista, Marcela Figueiredo pela amizade, incentivo e pela idéia do estudo dessa planta em Moçambique. A amiga, dentista, Suely Coutinho Pires pelo incentivo, por ter colaborado em uma das estapas da pesquisa. A amiga Andreza Santos pela amizade e apoio na pesquisa. Ao amigo Saulo de Tarso pela ajuda na correção do trabalho. Ao Reitor do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique, Professor, Dr. João Leopoldo da Costa, por ter permitido e apoiado essa pesquisa. Ao Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique por ter permitido essa pesquisa em suas dependências e por todo o apoio oferecido. A professora Dra. Elsa Gomes pela orientação incondicional e boa vontade e conhecimentos transmitidos. A professora Dra. Olga Duarte pelo apoio na realização da pesquisa. A amiga Luciana Santos de Oliveira pelo apoio fundamental. A professora Márcia da Silva Nascimento pelo grande apoio e conhecimentos transmitidos. A professora Eulália Ximenes pela orientação e apoio na realização de uma das etapas importantes do trabalho. Ao meu co-orientador Professor Dr. Almir Gonçalves Wanderley pelo apoio e orientação. A minha orientadora Miracy Muniz de Albuquerque pelos conhecimentos transmitidos, confiança e colaboração. Ao meu amor Leonardo Albuquerque Andrade pelo amor, incentivo e compreensão durante todo o tempo. 7 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 8 LISTA DE TABELA ........................................................................................... 9 RESUMO.......................................................................................................... 10 ABSTRACT...................................................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12 2. OBJETIVOS.............................................................................................. 17 3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 19 3.1. ESTUDOS SOBRE EUCLEA NATALENSIS A.DC. ......................... 19 3.1.1. Botânico.......................................................................................... 19 3.1.2. Usos populares ............................................................................. 21 3.1.3. Estudo Fitoquímico da Euclea natalensis A.D.C........................... 23 3.1.4. Farmacológico .............................................................................. 26 3.1.5. Toxicológico .................................................................................. 27 3.2. MICRORGANISMOS ....................................................................... 28 3.2.1. Bactérias ..................................................................................... 28 3.2.2. Bactérias Gram positivas ........................................................... 28 3.2.3. Bactérias Gram-negativas ......................................................... 31 3.2.4. Leveduras .................................................................................... 32 3.2.4.1. Candida albicans ....................................................................... 32 3.2.5. Fármaco utilizado - Clorexidina................................................. 32 3.2.6. Determinação da Concentração Inibitória Mínima ................... 33 4. PARTE EXPERIMENTAL ......................................................................... 37 4.1. MATERIAL BOTÂNICO ................................................................... 37 4.2. OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO DE EUCLEA NATALENSIS ... 37 4.3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................... 37 4.3.1. Substâncias e Meios de Cultura ................................................ 37 4.3.4. Metodologia................................................................................. 38 4.3.4.1. Preparo da suspensão de microrganismos para verificação da concentração inibitória mínima (CIM) do extrato de Euclea natalensis ..... 38 4.3.4.2. Determinação da Atividade Antimicrobiana e da Concentração Inibitória Mínima (CIM) do Extrato de Euclea natalensis. .......................... 39 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 40 5.1.1. Ensaio Toxicológico ......................................................................... 47 5.1.1.1. Introdução ..................................................................................... 47 5.1.2. Materiais e Métodos ..................................................................... 48 5.1.2.2. Material Botânico ....................................................................... 48 5.1.2.3. Toxicidade aguda ...................................................................... 48 5.1.3. Resultados .................................................................................... 49 5.1.3.1. Toxicidade aguda ...................................................................... 49 6. CONCLUSÕES GERAIS .......................................................................... 52 7. PERSPECTIVAS ...................................................................................... 53 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 55 8 LISTA DE FIGURAS Fotografia das flores e folhas de Euclea natalensis FIGURA 1. FIGURA 2. Mapa da distribuição geográfica da Euclea natalensis na África FIGURA 3. Fotografia das raízes de Euclea natalensis FIGURA 4. Fotografia indicando o tamanho da árvore Euclea natalensis comparando ao tamanho de um adulto FIGURA 5. Estruturas químicas da octahidroeuclein e shinanolona FIGURA 6. Estruturas químicas da Diospirina, 7-metiljuglona, Isodiospirina, Mamegakiona e Neodiospirina FIGURA 7. Esquema da técnica da CIM FIGURA 8. Fotografia da placa da determinação da concentração inibitória. mínima (CIM) do extrato etanólico de Euclea natalensis frente a bactérias FIGURA 9. Fotografia da placa da determinação da concentração mínima inibitória (CIM) da clorexidina frente bactérias FIGURA 10. Fotografia da placa da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do extrato etanólico de Euclea natalensis frente a cepas de Candida albicans FIGURA11. Fotografia da placa da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) da clorexidina frente as cepas de Candida albicans FIGURA 12. Figura representativa de ganho de massa corporal FIGURA 13. Figura representativa do consumo de água pelos ratos Wistar FIGURA 14. Figura representativa do consumo de ração pelos ratos Wistar 9 LISTA DE TABELA TABELA 1 Resultados da Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato etanólico de Euclea natalensis e clorexidina frente bactérias Gram positivas e Gram negativa. TABELA 2 Resultados da Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato etanólico de Euclea natalensis e clorexidina frente a leveduras Candida albicans 10 RESUMO Euclea natalensis A. DC. pertence a família Ebenaceae e é encontrada na África Austral desde o Quênia e República Democrática do Congo até a África do Sul. Esta planta destaca-se popularmente pela pronunciada ação antibacteriana ao impedir a formação da placa bacteriana e antiinflamatória de seus metabólitos secundários, principalmente as naftoquinonas. Em revisão de literatura, constatou-se a carência de informações detalhadas para a área odontológica. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana frente a microrganismos patogênicos para a cavidade oral e determinar a toxicidade aguda do extrato bruto etanólico da raiz de Euclea natalensis. Diante deste relato foi utilizado método de microdiluição em caldo Mueller Hinton para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) frente aos seguintes microrganismos Streptococcus agalactiae, Streptococcus mutans, Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus, Porphyromonas gingivalis e algumas cepas de Candida albicans obtidas do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e Depto. de Antibióticos da UFPE e teste de toxicidade aguda. Na análise microbiológica, os resultados foram satisfatórios comparando com a clorexidina frente aos microrganismos ensaiados. Desta forma, foi observado que o extrato bruto das raízes de Euclea natalensis A.DC. possui atividade antimicrobiana possivelmente correlacionada a presença de naftoquinonas. Para o ensaio de toxicidade aguda por via oral em Ratos Wistar, realizado pelo método de Trevan (1927), foi administrada uma dose de 4mL de 6/6 horas, numa concentração de 5g/Kg, aos animais durante 24 horas e posteriormente foram observados em relação ao comportamento, consumo de água e alimento. Foi observado que os animais não apresentaram sinais clínicos de toxicidade, nem alteração no consumo de água e ração. Dessa forma conclui-se que o extrato bruto de Euclea natalensis A.DC. apresentou atividade antimicrobiana frente aos microorganismos testados e não possui toxicidade aguda. Palavras-Chave: Euclea natalensis A.DC. toxicidade, antimicrobiana 11 ABSTRACT Euclea natalensis A. DC. Belongs to the family Ebenaceae and is found in Southern Africa from Kenya and the Democratic Republic of Congo to South Africa. This plant stands by popularly pronounced antibacterial action to prevent the formation of plaque and its anti-inflammatory secondary metabolites especially naphthoquinones. In the literature review, we noted a lack of detailed information to the field of dentistry. Thus, this study aimed to evaluate the antimicrobial activity against pathogenic microorganisms to the oral cavity and determine the acute toxicity of crude ethanol extract of the roots of Euclea natalensis. Before this report was used microdilution method in Mueller Hinton broth for the determination of minimum inhibitory concentration (MIC) against the following microorganisms Streptococcus agalactiae, Streptococcus mutans, Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus, Porphyromonas gingivalis and some strains of Candida albicans obtained from the National Institute Quality Control in Health (INCQS) and Depto. Antibiotics, UFPE and acute toxicity test. In the microbiological analysis, the results were satisfactory compared with chlorhexidine against microorganisms tested. Thus, it was observed that the crude extract of the roots of Euclea natalensis A.DC. possibly have antimicrobial activity correlated with the presence of naphthoquinones. When tested for acute oral toxicity in Wistar rats, conducted by the method of Trevan (1927), was administered a dose of 4mL of 6 / 6 hours, at a concentration of 5 g / kg, animals for 24 hours and were later observed toward the behavior, consumption of food and water. It was observed that the animals showed no clinical signs of toxicity or changes in the consumption of food and water. Thus it is concluded that the crude extract of Euclea natalensis A.DC. showed antimicrobial activity against the tested microorganisms and has no acute toxicity. Keywords: Euclea natalensis A.DC. , toxicity, antimicrobial 12 1. INTRODUÇÃO 12 1. INTRODUÇÃO As plantas medicinais constituem importantes recursos terapêuticos para o tratamento da saúde humana, principalmente dos países sub desenvolvidos, servindo ao conhecido “uso popular”, que faz parte da cultura desses países, como matériaprima para elaboração de produtos fitoterápicos ou, extração de compostos químicos, farmacologicamente ativos (FREITAS, 1999). A fitoterapia existe principalmente no mercado informal, o que representa grande perigo à saúde da população, em decorrência da comercialização de drogas vegetais sem nenhum controle quer seja fitosanitário, quer seja de identidade e/ou pureza. Há necessidade de maior e melhor controle nesse ramo farmacêutico, pois os fitoterápicos representam uma altenativa economicamente viável à população (BENDAZZOLLI, 2000). A abrangência da utilização de fitoterápicos e de plantas medicinais é vasta e engloba fins variáveis, sobretudo em relação à saúde bucal (MONTEIRO et al., 2002). Alguns produtos de origem vegetal também são utilizados na higiene oral com a vantagem de não apresentarem efeitos colaterais, sendo relatados pequena ardência com possibilidade de erosão na mucosa, quando comparados a produtos sintéticos (MORAN; et al., 1992). A higienização dos dentes com raízes de plantas vem sendo avaliada em alguns estudos (KORN, 1965; EMSLIE, 1966; ENWONWU, 1974; MANLEY, LIMONGELLI e WILLIAMS, 1975; ATTAR, 1979; LODHIA, 1986). Tem sido proposto que esse costume é benéfico para a saúde bucal porque nessas raízes possuem compostos com propriedades antibacterianas (KORN, 1965; MANLEY e LIMONGELLI, 1975; WOLINSKY e SOTE, 1983). Na África, usar raízes e caules de plantas é uma forma muito comum de manter a higiene oral. Alguns extratos de algumas raízes usadas para mascar tem atividade antimicrobiana contra vários microorganismos, incluindo aqueles comumente implicados em infecções orofaciais. Alguns destes compostos antimicrobianos que foram identificados pertencem aos grupo dos flavonoides e alcalóides (NDUKWE; et al.,2004). 13 Uma prática similar vem sendo utilizadas para higiene oral, por povos da África do Sul e principalmente em Moçambique, onde encontra-se a raiz de uma planta chamada Euclea natalensis A. DC, que é a principal planta utilizada para higiene oral (FILIPE; et al., 2008). Em Moçambique o acesso ao dentista é raro. Apesar de escova e creme dental serem o método preferido dos cuidados da higiene bucal, é um luxo que é, na maior parte apreciado somente por pessoas que têm um elevado nível de educação formal. Para o resto da população que não tem condições financeiras para pagar esse luxo, mascar raízes ou caules de determinados vegetais com propriedades anti-bacterianas são uma medida de atenção primária à saúde comuns e importantes. Há muitas espécies diferentes de plantas que são usadas para fins medicinais. Por exemplo, em Moçambique Euclea divinorum e Euclea e natalensis são as espécies de plantas mais vendidas que são usados dessa forma. Ao longo do continente africano há muito mais espécies de plantas que são usadas para esta mesma finalidade na. Sociedade (.Ethnomedicine/Disease Prevention http://en.wikibooks.org/wiki/Ethnomedicine/Disease_Prevention_Practices, Practices consulta em 05/05/2010 as 17:00hs) Considerando a cárie dentária e as periodontopatias como uma das principais preocupações na odontologia, foi observado que há insuficiência de estudos da Euclea natalensis A.DC.voltados para área odontológica. fazendo despertar o interesse em aprofundar os estudos nessa área (SOUSA; GIL, 1998). Além da cárie a placa bacteriana também é uma ameaça à saúde oral e é definida como uma massa densa, não calcificada, constituída por microrganismos envolvidos numa matriz rica em polissacarídeos extracelulares bacterianos e glicoproteínas salivares, firmemente aderida aos dentes e outras superfíces da cavidade bucal. (LASCALA, 1997). A remoção da placa faz-se por meios mecânicos e ou químicos, os quais previnem a sua reincidência a redução de seu potencial patogênico. Os inibidores químicos da placa incorporados em colutórios e dentifrícios, atuam como agentes auxiliares das técnicas mecânicas e devem ser prescritos de acordo com a necessidade do paciente. (CARRANZA JÚNIOR, 1992). 14 Além das raízes, o caule de Euclea natalensis A.DC. também é utilizado para escovar os dentes (20) além de ser usado na forma cozida para esquistossomose urinária ou intestinal, doenças muito comuns que acometem a população em Moçambique (consulta em 27/04/2010 17:23hshttp://www.verdade.co.mz/vida-elazer/saude/bilharziose-infeccao-de-parasitas.html). Depois de ferver, o filtrado é administrado três vezes ao dia durante três dias, seguido de um clister de 30Ml (MOSHI et al, 2006). Para tratamento de malária e febre amarela usa-se o caule cozido na dose de uma colher de sopa três vezes ao dia. São utilizadas também as cinzas das cascas pulverizadas, misturadas com vaselina e aplicadas topicamente em nódulos e sifilomas (HUTCHINGS et al, 1996). As folhas dessa espécie também são utilizadas para dores de dente e cefaléias (Mc GRAW et al , 1997). Em Moçambique o banho morno com as folhas pela manhã e à noite é usado para tratar algumas alergias (MARTINS,N. 2006). Diversas substâncias químicas tais como anti-sépticos de amplo espectro, antibióticos específicos, têm sido utilizadas para prevenir ou limitar o acúmulo da placa bacteriana e doenças relacionadas. Pode- se citar como exemplos: fluoretos, sais de metais e agentes. oxidantes (KORNMAN, 1986; ADDY, 1986; NAKAE;et al. 1986; MANDEL; 1994; MARSH; 1992; GIORGI e DE MICHEL, 1992). O digluconato de clorexidina é um detergente catiônico colocado a disposição da prática clínica odontológica e se mostra efetivo na inibição da formação da placa seja em solução ou gel, no entanto, a clorexidina quando usada por longo período, apresenta efeitos colaterais indesejáveis, o que torna o seu uso restrito (STEFANI, e LIMA, 1996) Assim, este trabalho visa dar continuidade aos estudos desenvolvidos com Euclea natalensis D.C., que foi dividido nas seguintes abordagens: obtenção do extrato bruto das raízes de Euclea natalensis A.DC, estudo antimicrobiano do extrato etanólico das raízes e ensaio de toxicidade aguda. Esta planta foi escolhida com o objetivo de correlacionar o seu uso popular como escova de dentes à atividade antimicrobiana em relação à saúde bucal. Os microrganismos escolhidos são causadores de infecções na cavidade oral como por exemplo: faringite, amigdalite, cárie, doença periodontal, abcessos, 15 O estudo de toxicidade aguda é um dos parâmetros observados antes da elaboração de qualquer forma farmacêutica utilizando extratos vegetais. O controle de qualidade dos extratos vegetais é uma etapa importante para segurança no desenvolvimento de uma forma farmacêutica, nesse sentido esse também se enquadra nos objetivos desse estudo. 16 2.OBJETIVOS 17 2. OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Avaliar a atividade antimicrobiana e a toxicidade aguda de Euclea natalensis A.DC. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Obtenção do extrato etanólico das raízes de Euclea natalensis A.DC. Avaliar a ação antimicrobiana do extrato de Euclea natalensis frente aos microrganismos: Streptococcus agalactiae IC 02, Streptococcus mutans ATCC 00446, Streptococcus pyogenes -hemolítico IC 01, Staphylococcus aureus IC 17, Porphyromonas gingivalis ATCC 49417 e Candida albicans IC 01, 02 e 04. Determinar a dose letal mediana (DL50) do extrato etanólico. 18 3.REVISÃO DE LITERATURA 19 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. ESTUDOS SOBRE EUCLEA NATALENSIS A.DC. 3.1.1. Botânico Euclea natalensis A.DC. espécie vegetal pertence à família Ebenaceae e ao gênero Euclea Murray. Apresenta- se como pequenas árvores em Moçambique com folhagem verde escuro, onduladas e longas (FILIPE, et al, 2008). Essa espécie está presente desde o Quênia e República Democrática do Congo até a África do Sul, vegeta, em regiões desde o nível do mar e até 1525m de altitude (WHITE, 1983). FIGURA 1. Fotografia ilustrativa das flores e folhas de Euclea natalensis A.DC. Fonte: Dra. Elsa Gomes Novembro de 2008. 20 FIGURA 2. Mapa da distribuição geográfica da Euclea natalensis A.DC na África Dentre a vasta sinonímia popular, Euclea natalensis é conhecida como mulala, kitana, mcriparica, uchangula (Moçambique), hairy guari (África do Sul). Tem como sinônimos científicos Euclea multiflora Hiern., Euclea fructosa e Royena macrophylla E. Mey. Ex A.DC. (DA SILVA et al., 2004). Num estudo macroscópico as raízes de Euclea revelaram que são retas e longas, de superfície externa crenada e com alguns pêlos epidérmicos. A superfície externa é castanha escura a preta e a medula castanha clara a alaranjada. Tem uma textura fibrosa, odor, sabor amargo e adstringente.Neste mesmo trabalho após análise microscópica da raiz apresentou, nas secções transversais, a presença de medula com células do parênquima medular de parede espessada, raios medulares visíveis, vasos de xilema, parênquima cortical com escleritos, grãos de amido e cristais prismáticos de oxalato de cálcio, espessa camada de súber composto por células de parede muito espessa (FILIPE et al., 2008). Em análise histoquímica da planta encontraram-se amido na medula, nos raios medulares e em algumas células corticais, quinonas nos raios medulares, ausência de lipídios, ausência de mucilagens, polifenóis nos raios medulares e em algumas células corticais, ausência de terpenóides (FILIPE. et al., 2008 ). 21 FIGURA 3 - Fotografia ilustrativa das raízes de Euclea natalensis A.DC 3.1.2. Usos populares e estudo etinobotânico A prática de higienizar os dentes com a raiz de Euclea natalensis A.DC. consiste em retirar a casca e mastigar o interior até ficar desfeito, esfregando em seguida nos dentes e gengiva. Este processo deixa a boca e os dentes com uma coloração laranja que é temporária, desaparecendo em algumas horas. (STANDER, 1991). Também pode-se usar a raiz com a casca (KHAN, 2000). Nas dores de dentes também podem ser utilizadas as cascas das raízes (KHAN, 1991) ou então as raízes queimadas e pulverizadas (LONG, 2005b). A conservação das raízes de Euclea natalensis é bastante simples e fácil, pode-se guardar as raízes frescas em água ou em refrigeração Tradicionalmente as raízes de Euclea natalensis A.DC. também são utilizadas no tratamento de outras doenças da cavidade oral e no tratamento de cefaléias, parasitoses, malária, febre amarela, distúrbios gastrintestinais, nas lesões cutâneas da hanseníase, nos distúrbios ginecológicos, como estimulante sexual e em algumas doenças sexualmente transmissíveis como por exemplo gonorréia (HUTCHINGS, 1996; KHAN, 1991; LONG, 2005b; STEENKAMP, 2003; WATT, 1962; WHITE, 1983). 22 Para o tratamento de malária utiliza-se a Euclea natalensis, juntamente com outro vegetal, Tabernaemontana elegans Stapf., misturadas e cozidas e posteriormente usadas no banho pela manhã e a tarde (JANSEN, P. 1984). Nos casos de pleurite cozinha-se a Euclea natalensis com espinho de Phoenix reclinata Jacq.,Maytennus heterophylla (Exkl e Zeyh) N. Robson e Capparis tomentosa Lam. Outros cozimentos dessa espécie junto com as cascas de Ekebergia capensis são utilizados como anti – eméticos para azia e distúrbios respiratórios(LALL e MEYER, 2000). Na África do Sul alguns habitantes locais também usam como purgativo e como remédio para, bronquite, pleurite, asma crônica, infecções do trato urinário e odontogênicas (LALL e MEYER, 2000; WATT e BREYER – BRANDWIJK, 1962). Uma tinta escura é obtida a partir de das raízes esmagadas e fervidas e são usadas para tingir tapetes e cestos na África Oriental (WHITE, 1983; PALMER e PITMAN, 1973;PALGRAVE, 1977;LONG 2005). FIGURA 4. Fotografia da Euclea natalensis A.DC. comparada ao tamanho de uma pessoa 23 3.1.3. Estudo Fitoquímico da Euclea natalensis A.D.C Os primeiros trabalhos com isolamento dos constituintes da Euclea natalensis A.DC. foram desenvolvidos por Lall e Meyer (2001) onde foi isolada a binaftoquinona diospirina. Alguns grupamentos químicos foram identificados em várias partes dessa espécie como compostos terpênicos nas folhas (α-amirina, lupeol, ácido betulínico, ácido ursólico e respectiva lactona e uvaol) 30, 31. Na raíz lupeol, betulina, 20 (29) – lupene - 3β-isoflerrulato e β-sitosterol (WEIGNAD et al , 2004; LALL, 2006). As naftoquinonas encontradas na raíz foram : simples 4,8-di-hidroxi-6-metil-1tetralona, 7-metiljuglona e shinanolona (34,24,32), diméricas, natalenona, 8hidroxidiospirina, euclanona, diospirina, octa-hidroeucleína, isodiospirina, , mamegakinona e nodiospirina e triméricas como galpinona. (KING et al, 1976; FERREIRA et al, 1977;KOOY et al, 2006). Figura 5. Octahidroeuclein e shinanolona Mais tarde em 2006 seis naftoquinonas: diospirina, isodiospirina, mamegakinona, 7-metiljuglona, neodiospirina e shinanolona foram isoladas de extratos de raiz desta planta através da cromatografia em coluna de sílica gel (KOOY, et al., 2006). 24 Figura 6. Diospirina, 7-metiljuglona, Isodiospirina, mamegakiona e neodiospirina As quinonas representam uma ampla e variada família de metabólitos secundários de distribuição natural. Nos últimos anos intensificou-se o interesse nestas substâncias, não só devido à sua importância nos processos bioquímicos 25 vitais como também ao destaque cada vez maior que apresentam em variados estudos farmacológicos (SILVA, et al., 2003). Um estudo comparativo das naftoquinonas presentes em diversas espécies de Euclea foi realizado para selecionar a espécie com maior concentração de naftoquinonas para futuros estudos pré-clínicos (JOUBERT, et al., 2006). A quantificação foi realizada através da cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) e determinou a concentração de cada naftoquinona nas amostras. As naftoquinonas encontradas foram: 7-metiljuglona, isodiospirina, neodiospirina e diospirina. Euclea natalensis apresentou apenas duas naftoquinonas 7-metiljuglona e diospirina (JOUBERT, et al., 2006). A presença dessas naftoquinonas pode explicar a sua utilização como remédio natural em algumas doenças infecciosas por exemplo as infecções cutâneas (KHAN et al., 1978). Em 2008 Filipe et al., realizaram um estudo do perfil em cromatografia em camada fina (TLC) foram identificadas as naftoquinonas presentes na raiz (FILIPE, et al., 2008). O estabelecimento e a manutenção da qualidade de produtos farmacêuticos de origem vegetal apresentam grandes problemas ligados à insuficiência de dados fitoquímicos sobre muitas matérias-primas vegetais, bem como o desconhecimento das substâncias responsáveis pelas atividades terapêuticas relatadas. Por outro lado, existem determinadas limitações nas metodologias e nos equipamentos, que dificultam o controle de qualidade de produtos constituídos por extratos vegetais. Para garantir a qualidade no desenvolvimento de um produto é necessário o monitoramento da constituição química para que se possa garantir a ação farmacológica, durante todo o processamento. Dentre as técnicas de controle do processo extrativo encontram-se as técnicas cromatográficas, com as quais torna-se possível realizar avaliações tanto qualitativa quanto quantitativas. A análise da composição da droga vegetal e de preparações extrativas derivadas pode ser direta, através de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) ou cromatografia gasosa, com o emprego de cromatografia em camada delgada ou cromatografia em papel, seguidas de extração do componente e determinação por análise química quantitativa ou físico-química tais como térmicas, 26 volumetria, espectrofotometria, fotocolorimetria ou densitometria (MELO, 1989; ARAGÃO,1999, 2001, 2000a, 2002a, 2002b). 3.1.4. Farmacológico Euclea natalensis A.DC. é conhecida como fonte de naftoquinonas. Dentre essas naftoquinonas a 7-metiljuglona e diospirina apresenta atividade antibacteriana contra vários microrganismos: Staphylococcus aureus, Neisseria gonorréia p., Shigella disenteriae, e Shigella flexneri (KHAN, et al., 1978). Extratos etanólicos de 26 plantas, utilizadas por curandeiros de povos Zulu, da África do Sul, foram avaliados, para tratamento da dor e inflamação, entre estes os de Euclea natalensis, revelaram atividade antiinflamatória , por inibição da atividade da cicloxigenase, enzima responsável pela síntese das prostaglandinas que estão presentes durante o processo inflamatório (McGRAW, et al., 1997). Os extratos aquoso e acetônico inibiram o crescimento de Bacillus cereus, Bacillus pumilus, Bacillus subtilis, Micrococcus kristinae e Staphylococcus aureus numa concentração que variou de 0,1 e 6,0 mg/mL. O extrato aquoso não inibiu crescimento das bactérias Gram negativas enquanto que o acetônico mostrou inibição numa concentração de 5,0 mg/mL contra todas as Gram negativas investigadas por exemplo Enterobacter aerogenes, Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Klebisiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcerscens (LALL e MEYER 2000). Extratos aquoso e acetônico dessa espécie também foram avaliados em estudo comparativo com outras plantas, demonstrando atividade contra Mycobacterium tuberculosis, sendo a concentração inibitória mínima de 0,5 mg/ml, tanto para o extrato aquoso quanto o acetônico (LALL e MEYER, 2000). Em uma avaliação do potencial esquistossomicida, o extrato aquoso de Euclea natalensis, apresentou letalidade in vitro para os esquistossômulos da espécie Schistosoma haematobium, que causa a esquistossomose urinária. Este extrato foi usado numa concentração de 200 mg/mL (PARG; et al, 2000). 27 Avaliando as naftoquinonas isoladamente a binaftoquinona diospirina, isolada de extrato de raízes de Euclea natalensis, também foi testada para determinar a concentração inibitória mínima contra cepas de Mycobacterium tuberculosis resistente a fármacos e também cepa sensível. A concentração inibitória mínima (CIM) da diospirina foi de 100g/mL (LALL e MEYER, 2001). A naftoquinona 7-metiljuglona também isolada do extrato de raízes de Euclea natalensis inibiu também o crescimento de Mycobacterium tuberculosis tanto ensaida isoladamente numa concentração inibitória mínima (CIM) de 0,5g/mL ou em associação com rifampicina e isoniazida cuja concentração inibitória mínima foi da ordem de 1,25g/mL e 0,62g/mL respectivamente sugerindo um efeito sinérgico (BAPELA, et al.,2006). A atividade antifúngica dessa espécie também foi investigada em um estudo onde isolaram 2 naftoquinonas a partir do seu extrato etanólico as quais foram denominadas shinanolone e octahidroleucina. Essas naftoquinonas foram testadas contra os microorganismos: Aspergillus flavus, Aspergillus níger, Cladosporium cladosporioides e Phytophthora spp. A. niger foram significativamente inibidos pela shinanolone numa concentração de 0,01 mg/mL (LALL et al., 2006). 3.1.5. Toxicológico Existe uma idéia geral de que medicamentos a base de plantas são mais seguros e menos tóxicos comparando com os medicamentos sinéticos por exemplo. Apesar da incidência de efeitos colaterais serem menores entre os fitoterápicos a verdade é que alguns constituintes das plantas apresentam elevada toxicidade como digitálicos e alcalóides (DIMECH, 2003; DREW e MYERS, 1977). Existe uma preocupação das autoridades regulatórias com a normatização dos medicamentos fitoterápicos propiciando avaliações de aspectos importantes , como eficácia e segurança do uso destes medicamentos. O uso tradicional de diversas plantas medicinais baseado em conhecimentos populares, aliado à crença de que, por ser natural não causa reações adversas , fez com que poucas plantas fossem avaliadas através de estudos pré-clínicos e clínicos, a fim de comprovar sua eficácia e segurança (TURROLLA E NASCIMENTO, 2006). 28 Sendo assim no presente estudo iremos abordar sobre a toxicidade aguda do extrato bruto de Euclea natalensis como um dos objetivos. 3.2. 3.2.1. Microrganismos Bactérias Bactérias são microrganismos procarióticos que em relação a sua forma tipicamente são descritos como bastonetes, esferas, espirais, apresentando uma parede celular rígida o que vai determinar a forma do organismo. De acordo com a estrutura dessa parede celular, as bactérias se dividem em dois grandes grupos frente à coloração de Gram: bactérias Gram-positivas e bactérias Gram-negativas. Na coloração de Gram, quando tratadas com cristal violeta as bactérias Gram-positivas apresentam-se coradas em violeta, pois devido à estrutura de sua parede celular apresentar-se mais “densa” impossibilita a saída do corante quando essas bactérias são submetidas à lavagem com álcool. Já as Gram-negativas, que possuem uma parede celular mais “frouxa” apresentam-se incolores, pois permitem a saída do corante após a lavagem com álcool. A adição do contra corante safranina ou fucsina cora as bactérias Gramnegativas em rosa ou vermelhas (STROHL et al., 2004) 3.2.2 Bactérias Gram-positivas 3.2.2.1 Streptococcus agalactiae Esse microrganismo faz parte da microbiota de membranas mucosas de seres humanos e animais, colonizando principalmente os tratos intestinal e geniturinário. A grande relevância desta bactéria está na contaminação de neonatos, ocasionando quadros graves de septicemia, pneumonia e meningite (BORGER; et al., 2005). 29 3.2.2.2 Streptococcus mutans Streptococcus mutans é um microrganismo intimamente associado à cárie dentária, apresentando a capacidade de sinteizar polissacarídeos extracelulares aderentes, a partir da sacarose, e polissacarídeos intracelulares a partir de carbohidratos fermentáveis. Esta espécie geralmente coloniza a superfície dental, sendo que a área de maior frequência de localização é a região mais apical dos pontos de contato entre os dentes (HOFLING; et al., 1999). Streptococcus mutans tem sido considerado a principal espécie bacteriana envolvida na formação da placa bacteriana. Esses microrganismos não são encontrados na cavidade bucal antes da erupção dos dentes. Os glucanos, polissacarídeos formados por monômeros de glicose com ligações glicosídicas do tipo α-(1-6) e α-(1-3), produzidos por essas bactérias facilitam a aderência e o acúmulo de microrganismos, estabelecendo uma matriz extracelular resistente às forças mecânicas normais de remoção presentes no hospedeiro, e proporcionando alguma proteção contra o sistema imune e defesas não imunes (CANETTIERI; et al.,2006). 3.2.2.3 Streptococcus pyogenes Streptococcus pyogenes ou estreptcoco beta-hemolítico é uma epécie bacteriana mais frequentemente associada à etiologia de infecções primárias da faringe e amígdalas. O paciente pode apresentar febre alta e dor à deglutição, com mal estar geral, anorexia e astenia, sintomas que principalmente em crianças podem ser acompanhados por náuseas, vômitos e dor abdominal (SCALABRIN; et al.,2003). Esse microrganismo é resposável por causar a febre reumática que é uma complicação da infecção pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A. É a principal causa da doença cardíaca adquirida em crianças e adultos jovens em todo o mundo, mas é também a cardiopatia de mais fácil prevenção. 30 Existem 3 principais mecanismos responsáveis pela patogenia da febre reumática. O primeiro deve-se a infecção direta pelos estreptococos do grupo A, o segundo a um efeito tóxico dos produtos extracelulares do estreptococo sobre os tecidos do hospedeiro e por último uma resposta imune anormal a um ou mais antígenos extracelulares não identificados produzidos por todos ou, talvez, por alguns, estreptococos do grupo A. Verifica-se que as cepas reumatogênicas demonstram grande aderência às células da mucosa da faringe dos pacientes reumáticos, em contraste com as cepas não reumatogênicas, propriedade que habitualmente está associada a maior quantidade de proteína M no estreptococo. O fator reponsável pela aderência é o ácido lipotecóico, presente nas fímbrias da proteína M, que se une à fibronectina das células da mucosa da orofaringe. Aceita-se que o fator essencial na patogenia da febre reumática é a exposição de um indivíduo com uma anormalidade imunológica geneticamente determinada, a um estreptococo do grupo A que apresenta potencial reumatogênico, possivelmente relacionado a antígenos de reação cruzada com o tecido do hospedeiro (Liga de Reumatologia de Porto Alegre, www. Ufrgs.br/ligadereumatologia, agosto 2009). 3.2.2.4 Staphylococcus aureus São cocos Gram-positivos aeróbios ou anaeróbios facultativos, coagulasepositiva que se apresentam tipicamente em agrupamentos nos esfregaços corados. É o patógeno humano mais importante entre o gênero Staphylococus, sendo amplamente distribuído na natureza podendo ser isolados de ambiente, mucosa e outros sítios corpóreos dos seres humanos. Embora faça parte da microbiota normal podem produzir infecções oportunistas estando na maioria dos casos associados à inflamação purulenta, produzindo abscessos, além se também serem responsáveis por impetigo, furúnculo, osteomielite, artrite infecciosa e intoxicação alimentar (KONEMAN, 2001). 31 3.2.3 Bactérias Gram-negativas 3.2.3.1 Porphyromonas gingivalis Porphyromonas gingivalis é uma bactéria anaeróbia, Gram-negativa presente em diversas formas de doença periodontal. Essa bactéria apresenta relevância etiológica na iniciação e progresso da peridontite e demonstraram associação com doenças periodontais destrutivas. As bactérias do gênero Porphyromonas possuem fímbrias que atuam na fixação dos microrganismos nas células do hospedeiro. Elas geralemente podem tolerar uma exposição ao oxigênio. Em muitas cepas patogênicas, observa-se a presença de catalase e de superóxidodesmutase, que inativam o peróxido de hidrogênio e os radicais livres (O 2-), respectivamente. A colonização por este organismo resulta em lesão tecidular, através da produção de uma variedade de fatores de virulência e através da desregulação dos sistema imune e inflamatório do hospedeiro (CARVALHO e CABRAL, 2007). As proteases são encontradas nas bactérias do gênero Porphyromonas proteases, que degradam as imunoglobulinas IgA, IgG e IgM proetases, e também causam destruição tecidual devido à liberação de enzimas como protease, colagenases, fibrino-lisinas, neuraminidases, heparinases, glicuronidases e hemolisinas (MURRAY et al., 2000). A expressão de muitos determinantes da virulência pelas bactérias patogênicas é altamente regulada. Essas bactérias se adaptam a alterações do ambiente através da ativação ou inativação de uma gama de genes associados ao metabolismo e à virulência. A análise da expressão dos genes da virulência constitui um dos aspectos em maiorr expansão no estudo da patogênese microbiana, pois permite uma melhor compreensão da adaptação das bactérias à muitas alterações na medida em que iniciam as infecções e se disseminam em diferentes hospedeiros (MIMS, 1999) 32 3.2.4 Leveduras 3.2.4.1 Candida albicans As leveduras do gênero Candida são microrganismos integrantes da microbiota bucal do homem desde o nascimento. Esta condição microbiológica propicia comumente uma relação de equilíbrio entre parasita-hospedeiro, diante da manutenção da integridade das barreiras teciduais, relação harmônica da microbiota autóctone e funcionamento adequado dos sitema imunológico humano, havendo em contrapartida por parte do fungo leveduriforme, permanência equilibrada da capacidade de aderência e da produção de enzimas e toxinas. Alterações físicas, químicas, iatrogênicas e mecânicas, que se processsem na cavidade bucal, como mastigação, possam entre diversos fatores descritos. Favorecer a ruptura do esquilíbrio estabelecido entre o fungo e o hospedeiro fazendo com que as infecções por Candida sejam de origem geralmente endógena (DANIEL; et al., 2005). 3.2.5 Fármaco utilizado – Clorexidina A clorexidina foi desenvolvida nos anos 40 pela Indústria Química Imperial na Inglaterra e introduzida no mercado em 1954 como um anti - séptico para ferimentos na pele. Esta substância foi utilizada inicialmente na Odontologia para desinfecção pré-cirúrgica e na Endodontia (ADDY e MORAN 1997). A clorexidina pode ser adquirida em farmácias de manipulação sob a forma de uma solução aquosa de digluconato de clorexidina nas concentrações de 0,2 a 2,0%, (ZEHNDER, 2006 ;LOPES et al., 2004) Esta substância vem sendo utilizada na endodontia como solução irrigadora e medicação intracanal devido à sua atividade anti bacteriana de amplo espectro, baixa citotoxicidade e por apresentar substantividade, isto é, ela se liga à hidroxiapatita do esmalte ou dentina e a grupos aniônicos ácidos de glicoproteínas, sendo lentamente liberada à medida que a sua concentração no meio decresce, permitindo desse modo um tempo de atuação prolongado (LOPES; et al., 2004). 33 É um antibacteriano de largo espectro, do grupo das biguanidas, com propriedade catiônica, alto poder desinfetante, que controla a placa bacteriana em humanos. É uma molécula simétrica e estável, tendo afinidade com as bactérias, agindo através da interação eletrostática de sua carga positiva com a negativa da parede celular bacteriana, o que aumenta a permeabilidade desta parede, ocorrendo a ruptura e precipitação do citoplasma, causando a morte do microorganismo. O mecanismo de ação antibacteriano da clorexidina começa com a ligação na parede celular da bactéria, quando a adsorção das cargas positivas da molécula da substância às cargas negativas das superfícies bacterianas aumenta a permeabilidade da parede celular do microorganismo e permite que o agente penetre no citoplasma, ocorrendo o rompimento da membrana celular e fuga dos componentes intracelulares (RECHE, 2005). O uso diário da solução com a clorexidina apresenta efeitos colaterais indesejáveis como manchas nos dentes e na língua, perda do paladar e sensação de queimação na mucosa oral. O uso de produtos fitoterápicos naturais pode contribuir no controle do crescimento desordenado ocasionados por cepas da microbiota resistentes devido oral ao contornando uso transtornos indiscriminado dos antimicrobianos convencionais (SILVA; et al., 2006; SALGADO; et al.,2006). 3.2.6 Determinação da Concentração Inibitória Mínima A atividade antimicrobiana de extratos vegetais é avaliada através da determinação de uma pequena quantidade da substância necessária para inibir o crescimento do microrganismo-teste; esse valor é conhecido como Concentração Mínima Inibitória (CMI). Um aspecto bastante relevante na determinação da CMI de extratos vegetais é a preocupação em relação aos aspectos toxicológicos, microbiológicos e legais pertinentes combinações (PINTO; et al., 2003). dos compostos naturais ou suas 34 A pesquisa de novos agentes antimicrobianos se faz necessária devido ao surgimento de microrganismos resistentes e de infecções oportunistas fatais, associadas a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), quimioterapia antineoplásica e transplantes (PENNA; et al., 2001). O estudo de agentes antimicrobianos tem grande abrangência, sendo ponto crucial em vários setores do campo farmacêutico e cosmético. Outro ponto a ser ressaltado é a descoberta da atividade farmacológica de novos agentes, sendo de extrema importância, principalmente em um país como o Brasil que oferece uma imensa biodiversidade. Desta forma, tais pesquisas podem contribuir significativamente no desenvolvimento do campo da saúde em nível mundial, encontrando substâncias mais eficazes e menos tóxicas na corrida contra a resistência e o surgimento de microrganismos patogênicos (MENG; et al., 2000; HO; et al., 2001; MICHELIN; et al., 2005; LEITÃO; et al., 2006; LIMA; et al., 2006b; BARBOSAFILHO; et al., 2007; SAÚDE-GUIMARÃES; e FARIA, 2007). Atualmente, existem vários métodos para avaliar a atividade antibacteriana e antifúngica dos extratos vegetais. Os mais conhecidos incluem método de difusão em ágar, método de macrodiluição e microdiluição. Para determinar a CMI ou a Concentração Mínima Bactericida (CMB) de extratos ativos de plantas, temse utilizado um método sensível de microdiluição desenvolvido por Eloff em 1998. As variações referentes à determinação da CIM (Concentração Mínima Inibitória) de extratos de plantas podem ser atribuídas a vários fatores. Dentre eles podemos citar a técnica aplicada, o microrganismo e a cepa utilizada no teste, à origem da planta, a época da coleta, se os extratos foram preparados a partir de plantas frescas ou secas e a quantidade de extrato testada. Assim, não existe método padronizado para expressar os resultados antimicrobianos de produtos naturais (FENNEL; et al., 2004) de testes 35 Dados sobre a atividade antimicrobiana de extratos vegetais e fitofármacos, avaliada frente a microrganismos sensíveis e resistentes a antibióticos, bem como o possível efeito sinérgico da associação entre antibióticos e extratos, são relevantes, permitindo concluir que estudos mais detalhados sobre o uso terapêutico das plantas devem ser intensificados (NASCIMENTO et al., 2000 ). 36 4.PARTE EXPERIMENTAL 37 4. PARTE EXPERIMENTAL 4.1. MATERIAL BOTÂNICO Raízes de Euclea natalensis foram coletadas na região da Manhiça, zona Maluane de coordenadas de GPS (Global position satelite) S25 32 33.0 e E 032 39 41.5 . A planta foi identificada pelo Engenheiro Agrônomo, Ernesto Macamo Amamo, do jardim botânico e uma exsicata desta planta foi depositada no Herbarium do Jardim Botânico da Universidade Eduardo Mondlane, cidade de Maputo.(Carla Neves Número 01) 4.2. OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO DE EUCLEA NATALENSIS As raízes da planta fresca foi submetida à secagem à temperatura ambiente por 120 horas.100 g de raízes da planta secas foram moídas no moinho IKA® Works, Yellow line A10, foram extraídos por maceração a frio com agitação num agitador de marca Labcon, com etanol absoluto (Fisher Scientific), até esgotamento, filtrado por funil de placa porosa 4.0. O etanol foi utilizado devido a sua polaridade ter afinidade por um maior número de compostos químicos.O extrato obtido foi concentrado em evaporador rotativo de marca Buchi Waterbath B-480, Buchi Vacuum Controler V800, Buchi Vac® V-500, depois seco em estufa a 35C. 4.3. 4.3.1. MATERIAIS E MÉTODOS Substâncias e Meios de Cultura Meio de cultura: Caldo nutritivo BHI (Brain Heart Infusion Merck) e Ágar Mueller Hinton (Merck), meio RMPI 1640 (Merck), Tioglicolato de sódio, Digluconato de clorexidina 0,12% (Farmácia de Manipulação), Etanol absoluto (Fisher), TTC (Cloreto de Trifenil Tetrazólio), Extrato bruto etanólico de Euclea natalensis. 38 4.3.2. Microrganismos Para determinação da concentração inibitória mínima (CIM) da clorexidina e do extrato etanólico de Euclea natalensis foram utilizados os seguintes microrganismos: Streptococcus mutans ATCC 00446, Streptococcus pyogenes isolado clínico (IC) 01, Streptococcus agalactae (IC) 02, Staphylococcus aureus (IC) 17, Porphyromonas gingivalis ATCC 49417, Candida albicans (IC) 01, 02 e 04. 4.3.3. Equipamentos e materiais Estufa de marca FANEM, Capela de fluxo laminar (TECNAL),Placas de Petri, Pipetas automáticas de volumes ajustáveis de 5 a 100µL e 20 a 1000µL. Microplacas estéreis de 96 cavidades e fundo em “U” (TRP-92096). 4.3.4. Metodologia 4.3.4.1. Preparo da suspensão de microrganismos para verificação da concentração inibitória mínima (CIM) do extrato de Euclea natalensis A.DC. Com auxílio de alça de platina,calibrada (10µL), foram transferidas para 5mL de meio de cultura Mueller Hinton e incubado por 18h a 37°C. A suspensão do inóculo foi preparada utilizando água destilada esterilizada sendo a concentração ajustada para 108UFC/mL conforme comparação com a opacidade com o tubo 0,5 da escala de Mc Farland. Para padronização das leveduras foi utilizada metodologia similar, usando o meio Sabouraund dextrose e incubados a 22°C 2°C. 39 4.3.4.2. Determinação da Atividade Antimicrobiana e da Concentração Inibitória Mínima (CIM) do Extrato de Euclea natalensis. Para isto foi preparada uma solução de digluconato de clorexidina na concentração de 1,2mg/mL. Esterilizada no sistema milipore 0,45m. Uma suspensão do extrato foi preparada usando o sistema composto de água aquecida/Tween 80/Etanol (8,5:3:0,5) na concentração de 2000µg/mL. Esterilizadas em sistema milipore com membrana de 0,45m. A concentração inibitória mínima foi realizada segundo a metodologia de diluição em meio líquido proposto pelo Clinical and Laboratory Standard Institute, CLSI. Foram utilizadas microplacas estéreis (TRP-92096) de 96 orifícios. Para o teste foram usadas placas distintas para clorexidina e para o extrato da planta. Um volume de 200µL de cada solução padronizada foram depositadas em cada orifício às colunas 1 a 8 da linha A. As demais cavidades foram preenchidas com 100µL de caldo Mueller-Hinton (Merck) para os ensaios com as bactérias e RMPI 1640 Merck, meio de cultura desenvolvido pelo Instituto Roswell Park Memorial, feito com tecido animal desidratado e usado para as leveduras. Em seguida, uma alíquota de 100 µL do conteúdo de cada orifício da linha A foi trasnferido para os orifícios da linha B, e após homogeneização, o mesmo volume foi transferido para linha C, sendo este procedimento repetido até a linha H. Assim obteve-se concentrações decrescentes dos produtos que variavam de 200mg/mL a 0,015µg/mL para o extrato de Euclea natalensis e de 1,2 a 0,009mg/mL para a clorexidina. Os inóculos microbianos na concentração de 10 8 UFC/mL (0,5 de McFarland) foram diluídos em água estéril 1/10 e desta diluição um volume de 5 µL (104UFC/mL) foi transferido para os orifícios das linhas A-H, sendo que cada coluna 1 a 8 foi inoculado com microrganismo pré-escolhido. As placas foram incubadas a 37°C por 24 horas para bactérias e 30°C por 48 horas para as leveduras. Posteriormente a incubação e viabilidade microbiana foi realizada com depósito em cada poço 20µL da solução 0,5% de 2,35 – Trifenil tetrazólio e as placas reincubadas, sendo que as bactérias Porphyromonas gingivalis e Streptococcus mutans foram incubadas em anerobiose com sachet. 40 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Caldo Mueller Hinton 100µl A B C D E F G H 200µL do extrato + 5µL do inoculo 4 (10 UFC/mL) FIGURA 7. Esquema da técnica da CIM O tratamento estatístico que foi utilizado nesse experimento foi o programa Soft Graphpad Prism 5.0, análise pelo T de Student dados pareados. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente estudo os valores da concentração inibitória mínima (CIM) do gluconato de clorexidina são discretamente inferiores aqueles obtidos para o extrato de Euclea natalensis frente aos microganismos ensaiados, mas quando esses valores foram comparados entre si foi observado que não houve diferença estatisticamente significativa entre estes resultados (p<0,05), estão apresentados na tabela 1, página 35. O extrato inibiu o crescimento de Streptococcus pyogenes numa concentração de <0,15 mg/mL, sendo essa a menor concentração do extrato usada nesse estudo. Os microrganismos mais resistentes são Streptococcus mutans e Porphyromonas gingivalis onde tiveram concentração inibitória mínima de 1,0 mg/mL. seu crescimento suprimido numa 41 Também corroborando os estudos realizados por Stander e Van Wyk (1991) onde avaliou-se usuários e não usuários das raízes de Euclea natalensis,observouse que o crescimento da bactéria Streptococcus mutans foi suprimido pelo extrato etanólico (STANDER e WYK, 1991). Comparando os resultados da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) em extratos acetônicos e aquosos obtidos por Lall e Meyer (2000), respectivamente 0,5g/mL e 6,0g/mL, em relação ao microrganismo Staphylococcus aureus, sugerem que o extrato etanólico apresentou uma concentração inibitória mínima menor de 0,125 mg/mL, corroborando assim os estudos daqueles pesquisadores. As bactérias Gram positivas parecem ser mais susceptíveis ao esfeito inibitório do extrato do que a bactéria Gram negativa, Porphyromonas gingivalis por exemplo. Similarmente às observações feitas por Lall e Meyer (2000) quando testaram extratos acetônico e aquoso da Euclea natalensis A. DC. Das bactérias testadas as Gram positivas demonstraram ser mais susceptíveis à inibição pelos extratos comparando com as Gram- negativas. Para as leveduras testadas, três cepas de Candida albicans, o resultado apresenta-se na tabela 2 sendo que a mais sensível ao extrato apresentou concentração de 0,15 mg/mL e a mais resistente inibiu o crescimento numa concentração de 0,25 mg/mL também não havendo diferença estatisticamente significante (p<0,05). 42 Tabela 1. Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato de Euclea natalensis e clorexidina ___________________________________________________________________ Microrganismos Gram+/- Extrato Clorexidina (mg/mL) (mg/mL) Streptococcus agalactie IC 02 + 0,25 0,15 Streptococcus mutans ATCC 00446 + 1,00 0,03 Streptococcus pyogenes IC 01 + <0,015 0,009 Staphylococcus aureus IC 17 + 0,125 0,009 - 1,00 0,009 Porphyromonas gingivalis ATCC 49417 Poços vazios FIGURA. 8 – Fotografia representativa da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do extrato etanólico de Euclea natalensis frente a Streptococcus agalactiae IC 02 (poços 1 e 2), Streptococcus mutans ATCC 00446 (poços 3 e 4), Streptococcus pyogenes IC 01 (pocós 5 e 6), Staphylococcus aureus IC17 (poços 7 e 8) e Porphyromonas gingivalis ATCC 49417(poços 11 e 12). 43 Poços vazios FIGURA 9 – Fotografia representativa da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do gluconato de clorexidina frente a Streptococcus agalactae (1 e 2), Streptococcus mutans (3 e 4), Streptococcus pyogenes (5 e 6), Staphylococcus aureus (7 e 8) e Porphyromonas gingivalis (11 e 12). Tabela 2. Concentração inibitória mínima (CIM) da Euclea natalensis e clorexidina __________________________________________________________________ Microrganismos extrato (mg/mL) clorexidina (mg/mL) __________________________________________________________________ Candida albicans IC 01 0,25 <0,009 Candida albicans IC 02 <0,015 <0,009 Candida albicans IC 04 <0,015 <0,009 44 Cepa IC01 FIGURA IC 02 IC 04 10 – Fotografia representativa da determinação da concentração mínima inibitória (CIM) do extrato etanólico de Euclea natalensis frente a 3 cepas de Candida albicans. Isolado clínicos 01 (poços 1 e 2), IC02 (poços 3 e 4) e IC 04 (poços 5 e 6). 45 Cepas 01 FIGURA 11 02 04 – Fotografia representativa da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do gluconato de clorexidina frente a 3 cepas de Candida albicans. Isolado clínicos 01 (poços 1 e 2), IC 02 (poços 3 e 4) e IC 04 (poços 5 e 6). Em ensaio preliminar também sobre atividade antimicrobiana foi observado que os extratos de Euclea natalensis obtidos com éter de petróleo e clorofórmio a partir de suas raízes foram capazes de inibir o crescimento de Staphylococcus aureus numa concentração de 0,3 mg/ml (KHAN; et al.,1978). No presente estudo obtivemos uma concentração inibitória mínima de 0,125mg/mL apresentando dessa forma uma melhor atividade quando comparado com o extrato de éter de petróleo e clorofórmio com os outros solventes acima citados. . 46 5.ESTUDO TOXICOLÓGICO 47 5.1.1. Ensaio Toxicológico 5.1.1.1. Introdução Estudos de toxicidade aguda constituem o primeiro teste toxicológico realizado com um novo produto. A toxicidade aguda avalia os efeitos tóxicos detectados após administração de um agente em doses única ou múltiplas em 24h, tendo como propósito determinar a sintomatologia a curto prazo após a administração de um composto, bem como o binômio dose-efeito letal, que é estimada por um parâmetro denominado dose letal 50%, mais conhecida como DL 50 (LITCHFIELD e WILCOXON, 1949). A determinação da DL50 no estudo de novos medicamentos é um importante parâmetro, pois é a partir dela que podemos determinar as doses que podem serem utilizadas na forma farmacêutica acabada. Uma vez que é um dos requisitos a ser atendido para avaliação tóxica de novos medicamentos. A DL50 foi desenvolvida por Trevan (1927) com o objetivo de padronizar biologicamente a potência dos extratos de digitális e outras drogas. Este parâmetro é estatístico e representa a probabilidade de uma dose causar efeito letal em metade da população dos animais em estudo (FOWLER e RUTTY, 1983; PAUMGARTEN; et al., 1989). Os ensaios de toxicidade aguda são comumente realizados em camundongos e ratos, embora em certos casos também se utilizam animais maiores, como coelhos e cães. Recomenda-se a mesma via de administração utilizada no homem, sendo a via oral a mais comum (KLAASSEN; et al.,1996). O presente estudo objetiva a determinação de DL50 e toxicidade aguda da raiz de Euclea natalensis em ratos Wistar. 48 5.1.2. Materiais e Métodos 5.1.2.1. Animais Foram utilizados ratos Wistar (Rattus norvegicus) provenientes do Biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal de Pernambuco. Os animais receberam água e ração (Labina ®) ad libitum e foram mantidos em condições controle de iluminação (ciclo 12h claro/escuro) e temperatura (22 ± 2ºC) O protocolo experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA) da Universidade Federal de Pernambuco, processo n 23076.027573/2009-49. 5.1.2.2. O material Material Botânico botânico utilizado foi constituído pelas raízes secas de Euclea natalensis A.DC. sob a forma de extrato etanólico (EE), (50g do material vegetal para 100mL de álcool absoluto, produzido e fornecido pelo Laboratório de Farmacologia e Toxicologia Pré-Clínica de Produtos Bioativos da Universidade Federal de Pernambuco. O extrato etanólico (EE) foi concentrado na temperatura de 35°C para eliminação do solvente orgânico, em rotaevaporador, em seguida o material foi ressuspenso em água destilada. 5.1.2.3. Toxicidade aguda Dois grupos (controle e EE) de ratos machos (n=4/grupo) foram privados de ração por 12 horas e em seguida receberam por via oral EE (5g/kg de massa corporal). Após a administração, os animais foram observados individualmente durante os primeiros 30 minutos e a cada hora, durante as primeiras 6 horas e diariamente por um período de até 14 dias. Os animais foram observados diariamente quanto ao consumo de ração e água, alterações gerais de comportamento e sinais clínicos de toxicidade (MALONE, 1977). 49 5.1.3. Resultados e discussão 5.1.3.1. Toxicidade aguda O Extrato etanólico na dose de até 5,0g/kg administrado por via oral em ratos Wistar não produziu morte em nenhum grupo por um período de 14 dias de observação. Os animais não mostraram sinais clínicos de toxicidade ou alteração comportamental. Não houve alteração do ganho de massa corporal em ambos os grupos durante os 14 dias de observação (figura 12). Da mesma forma o consumo de água e ração não foram modificados (Figura 13 e 14). Massa corporal (g) 400 Controle (água) EEEn (5g/kg) 300 200 100 0 1o 7o 14o dia FIGURA 12: Efeito do extrato etanólico de Euclea natalensis (EEEn) sobre o ganho de massa corporal de ratos Wistar durante 14 dias de observação (n=4/grupo). Consumo de água (mL/dia/rato) 50 60 Controle (água) EEEn (5g/kg) 40 20 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (dias) FIGURA 13: Efeito do extrato etanólico de Euclea natalensis (EEEn) sobre o Consumo de ração (g/dia/rato) consumo de água de ratos Wistar durante 14 dias de observação (n=4/grupo). 60 Controle (água) EEEn (5g/kg) 40 20 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (dias) FIGURA 14: Efeito do extrato etanólico de Euclea natalensis (EEEn) sobre o consumo de ração de ratos Wistar durante 14 dias de observação (n=4/grupo). 51 Dessa forma de acordo com os parâmetros avaliados de consumo de água e ração, indicam que o extrato etanólico da raízes de Euclea natalensis não apresentou efeitos tóxicos gerais pois estes parâmetros são indicativos de toxicidade sistêmica (MELLO et al., 2006). 52 6. CONCLUSÕES GERAIS No presente estudo pode-se concluir que obteve-se o extrato bruto das raízes de Euclea natalensis o qual mesmo apresentou atividade antimicrobiana relevante sobre os microrganismos testados, para as doenças que afetam a cavidade oral dentre elas cárie, doença periodontal, amigdalite, faringite, febre reumática candidíase, entre outras. Os principais microrganismos que tiveram mais sensibilidade ao extrato etanólico das raízes de Euclea natalensis foram Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus,Streptoccoccus agalactiae e Candida albicans. O extrato das raízes de Euclea natalensis não apresentou toxicidade aguda no ensaio de determinação da DL50 nos animais testados. Os parâmetros de consumo de água e ração não foram alterados indicando que o extrato não é tóxico. 53 7. PERSPECTIVAS - Padronização do extrato etanólico. -Doseamento das naftoquinonas, triterpenos e polifenóis no extrato etanólico em HPLC (Cromatografia líquida de alta eficiência) -Avaliação da toxicidade sub-crônica e crônica; -Produção de uma forma farmacêutica para área odontológica; 54 8.REFERÊNCIAS 55 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADDY, M. Chlorhexidine compared with other locally delivered antimicrobials. J. Clin. Periodontol. v. 13, p. 954-964, December, 1986. ARAGÃO, C. F. S.; MACEDO, R. O.; NASCIMENTO, T. G. Application of thermogravimetry in the quality control of chloramphenicol tablets. Journal Thermal Analysis and Calorimetry, v. 56, n. 3, p. 1323-1327, 1999. ARAGÃO, C. F. S.; NASCIMENTO, T. G.; MACÊDO, R. O. Application of thermal analysis in the characterization of anti-hypertensive drugs. Journal Thermal Analysis and Calorimetry, v. 59, n. 3, p. 657-661, 2000. ARAGÃO, C. F. S.; BARBOSA-FILHO, J. M.; MACÊDO, R. O. 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