MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – CRITÉRIOS CORRECÇÃO (perguntas de desenvolvimento) PROCEDIMENTO CONCURSAL COMUM PARA CONSTITUIÇÃO DE RELAÇÕES JURÍDICAS DE EMPREGO PÚBLICO POR TEMPO INDETERMINADO TENDO EM VISTA O PREENCHIMENTO DE OITO POSTOS DE TRABALHO NA CARREIRA DE TÉCNICO SUPERIOR – Ref.ª D (GEÓGRAFO) DIVISÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA – SECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS – PROCEDIMENTOS CONCURSAIS Página 2 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – AVISO DRE n.º 24892/2010, de 30/11 – CONCURSO 07/2010 – REF.ª D PROCEDIMENTO CONCURSAL COMUM TÉCNICO SUPERIOR GEÓGRAFO 1. Indique as principais diferenças entre as cartas topográficas convencionais e as ortofotocartas quanto à natureza das entidades representadas, salientando algumas das vantagens e inconvenientes da ortofotocartografia em relação às cartas topográficas. Ortofotomapas São fotografias aéres rectificadas e corrigidas Incluem a totalidade das entidades Cartas Topográficas Simplificação cartesiana da realidade geográfica Construída através de processos de selecção e abstracção de entidades Inclui outros elementos não captados nos Entidades sobrepostas (efeito da vegetação) Ortos (Curvas de nível, limites de conceho, etc.) Entidades pouco visíveis (efeito da dimensão Simbologia objectiva e direccionada para a / resolução) mensagem a transmitir Permitem deformações, deslocações e Facilidade e rapidez de produção exageros de modo a incluir no mapa entidades e características difíceis de distinguir no orto Não incluem elementos adicionais importantes (grades cartográficas, limites Clareza de leitura administrativos, curvas de nível) Reprodução fidedigna da realidade Possibilidade de cruzamento com informação produzida em ambiente cartográfico convencional vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt Página 3 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – 2. Uma das grandes virtudes apontadas aos Sistemas de Informação Geográfica é o facto de possibilitarem a reunião, combinação e manipulação de informação distinta, proveniente de fontes variadas, em diferentes formatos, modelos de dados e projecções cartográficas. Diga o que entende por Sistemas de Projecção, explique a sua importância no processo de construção cartográfica num SIG e caracterize sucintamente um dos principais sistemas de projecção até hoje utilizados nas cartas topográficas publicadas em Portugal pelas entidades oficiais de produção de cartografia (IGP e IGeoE). Sistema de Projecção: Conjunto de Critérios e especificações técnicas associados a uma projecção cartográfica previamente determinada e que permitem a definição objectiva de um modo de identificação de coordenadas geodésicas e rectangulares no mapa dado o datum geodésico, o ponto central das coordenadas e o factor de escala sobre o meridiano definido como o "meridiano central"; Focar a imprescindibilidade de seleccionar previamente um sistema de projecção cartográfico associado a um datum geodésico (local ou global) e respectivas coordenadas e quadrícula associadas; Realçar a necessidade de diferentes layers necessitarem de sistemas de projecção que permitam a correcta sobreposição, facilitando a implantação de modelos baseados em operações de geoprocessamento e análise espacial entre diferentes layers; Sistemas normalmente utilizados em Portugal: ETRS89 O ETRS89 é um sistema global de referência recomendado pela EUREF (European Reference Frame, subcomissão da IAG - Associação Internacional de Geodesia) estabelecido através de técnicas espaciais de observação. No simpósio da EUREF realizado em Itália em 1990 foi adoptada a seguinte resolução: "A Sub-comissão da IAG para o Referencial Geodésico Europeu (EUREF) recomenda que o sistema a ser adoptado pela EUREF seja coincidente com o ITRS na época de 1989.0 e fixado à parte estável da Placa Euro-Asiática, sendo designado por Sistema de Referência Terrestre Europeu 1989 (European Terrestrial Reference System – ETRS89)". vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt Página 4 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – O estabelecimento do ETRS89 em Portugal Continental foi efectuado com base em campanhas internacionais (realizadas em 1989, 1995 e 1997), que tiveram como objectivo ligar convenientemente a rede portuguesa à rede europeia. Nos anos subsequentes, toda a Rede Geodésica de 1ª e 2ª ordens do Continente foi observada com GPS, tendo o seu ajustamento sido realizado fixando as coordenadas dos pontos estacionados nas anteriores campanhas internacionais. A agência EuroGeographics recomenda a utilização das seguintes projecções cartográficas: Transversa de Mercator, para escalas superiores a 1/500 000; cónica conforme de Lambert, com dois paralelos de escala conservada, para escalas inferiores a 1/500 000 Desde 2006, para o Território Continental, os parâmetros da projecção Transversa de Mercator referida são os que no quadro abaixo se listam. Este sistema deverá substituir completamente os anteriormente usados, que se consideram obsoletos. Semi-eixo maior: a = 6 378 137 m Elipsóide de referência: GRS80 Achatamento: f = 1 / 298,257 222 101 Projecção cartográfica: Transversa de Mercator Latitude da origem das coordenadas rectangulares: 39º 40’ 05’’,73 N Longitude da origem das coordenadas rectangulares: 08º 07’ 59’’,19 W Falsa origem das coordenadas rectangulares: Coeficiente de redução de escala no meridiano central: Em M (distância à Meridiana): 0 m Em P (distância à Perpendicular): 0 m 1,0 Exemplos: Ortofotocartografia e cartografia vectorial da AMAL DATUM 73 O Datum 73 foi estabelecido na década de 1970, posteriormente à reobservação da rede geodésica de Portugal Continental. vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt Página 5 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – As observações angulares foram efectuadas na década de 1960 com teodolitos Wild T3 e T4, tendo a orientação da rede sido estabelecida pelo azimute Melriça TF4 -> Montargil. A escala da rede foi dada pela base de invar de Vilar Formoso e por vários outros lados observados com Geodímetro AGA, Electrotape e Telurómetro. Foi escolhido para ponto origem do Datum um vértice geodésico no centro do País (ao contrário do Datum Lisboa que tem a sua origem numa extremidade do território) por forma a minimizar as eventuais distorções da rede. O cálculo da rede geodésica de primeira ordem foi realizado num só bloco, pelo método de variação de coordenadas. Ponto origem das coordenadas geodésicas: Vértice Geodésico Melriça Astronómicas de 1964) Elipsóide de referência: Hayford (ou Internacional 1924) TF4 (Observações Semi-eixo maior: a = 6 378 388 m Achatamento: f = 1/297 Nota: Para trabalhos associados a este Datum (produção cartográfica e outros) é habitualmente usado o seguinte sistema de projecção: Projecção cartográfica: Gauss-Krüger Latitude da origem das coordenadas rectangulares: 39º 40’ 00’’ N Longitude da origem das coordenadas rectangulares: 08º 07’ 54’’,862 W Falsa origem das coordenadas rectangulares: Coeficiente de redução de escala no meridiano central: Em M (distância à Meridiana): +180,598 m Em P (distância à Perpendicular): -86,990 m 1,0 Exemplos: Levantamentos topográficos, cartografia de grande escala produzida pelo IGP e ortofotocartografia à escala 1: 10 000. vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt Página 6 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – DATUM LISBOA O Datum Lisboa foi estabelecido nos finais do século XIX. As observações angulares que deram origem a este Datum foram realizadas entre 1963 e 1888 com teodolitos Troughton e Repsold. A orientação da rede foi dada pelo azimute Lisboa -> Serves e a sua escala pela base da Chamusca medida com decâmetro de Repsold. O cálculo foi realizado pelo método das condições de observação, tendo sido determinada em primeiro lugar a triangulação fundamental e posteriormente a restante rede de primeira ordem, dividida em vários blocos. Ponto origem das coordenadas geodésicas: Antigo Vértice Geodésico do Castelo de S. Jorge em Lisboa (Observações Astronómicas de cerca de 1890) Elipsóide de referência: Hayford (ou Internacional 1924) Semi-eixo maior: a = 6 378 388 m Achatamento: f = 1/297 Nota 1: Para trabalhos associados a este Datum (produção cartográfica e outros) é habitualmente usado o seguinte sistema de projecção: Projecção cartográfica: Gauss-Krüger Latitude da origem das coordenadas rectangulares: 39º 40’ 00’’ N Longitude da origem das coordenadas rectangulares: 08º 07’ 54’’,862 W Falsa origem das coordenadas rectangulares: Coeficiente de redução de escala no meridiano central: Em M (distância à Meridiana): 0 m Em P (distância à Perpendicular): 0 m 1,0 Exemplos: Cartas topográfocas do IGP (escalas 1: 100 000 e 1: 200 000; Cadastro Rústico) DATUM MILITAR O Sistema é semelhante ao Datum Lisboa, com a nuance de, na falsa origem das coordenadas rectangulares, se verificar uma distância à meridiana de 200 000 metros em M vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt Página 7 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – e uma distância à paralela de -300 000 em P, face à origem, deslocando-a, sensivelmente para uma posição a Oeste do do Cabo de S. Vicente. Exemplos: Carta Militar de Portugal (até 2002). A construção de um mapa em ambiente SIG implica sempre que sejam tomadas algumas opções, não só as relativas à projecção cartográfica a utilizar, mas também ao datum geodésico a que as coordenadas geográficas se referem, bem como à quadrícula cartográfica a implantar no layout final. O facto de duas camadas de informação partilharem a mesma projecção cartográfica não significa necessariamente que as respectivas coordenadas, geográficas e cartográficas, sejam directamente comparáveis entre si, uma vez que as referências fundamentais podem ser distintas, impossibilitando as operações de sobreposição e análise espacial multi-camadas. Assim, de modo a garantir aquele requisito, é importante que às diferentes camadas de informação esteja associado um Sistema de Projecção comum, entendendo-se este como o conjunto de parâmetros, que associados a uma determinada projecção cartográfica, estabelecem, inequivocamente, as coordenadas geodésicas e as coordenadas cartográficas dos lugares representados no mapa final. Fazem parte desses parâmetros: - O datum geodésico, incluindo a definição da superfície de referência e as coordenadas (latitude e longitude) do seu ponto de fixação ou ponto de origem; - Ponto Central da quadrícula cartográfica, definido pelo cruzamento da meridiana-origem e da perpendicular-origem; - A localização das linhas padrão ou, em alguns sistemas, o valor do módulo linear (ou factor de escala) sobre o meridiano central. Nas cartas topográficas publicadas em Portugal, um dos Sistemas de Projecção mais utilizados é o Sistema Hayford-Gauss-Lisboa (HGL), estabelecido na d+ecada de 30 do século XX, como resposta às maiores exigências de rigor impostas pelos levantamentos em escalas grandes. Como superfície de referência foi escolhido o elipsóide de Hayfor, o qual tinha sido adoptado internacionalmente em 1924 e, para evitar as deformações angulares, optou-sepor uma projeccção conforme, a projeccção de Gausse-krüger. O ponto central e a origem das coordenadas cartográficas são: 39º 40'N e 8º07'54,862''W. O sistema de Hayford Gauss Lisboa foi até há pouco tempo, utilizado nas cartas topográficas do IGP, nas escalas 1: 100 000 e 1: 2 000, bem como em algumas cartas náuticas das zonas costeiras do continente, publicadas pelo instituto hidrográfico. vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt Página 8 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – 3. O Sistema de coordenadas geográficas (latitude e longitude), não é a única forma de referenciar posições à superfície da Terra. Existem outros sistemas que, por vezes, o complementam. Nesses sistemas incluem-se aqueles que se baseiam no estabelecimento de uma malha de coordenadas rectangulares sobre determinadas projecções cartográficas designados por grades cartesianas ou quadrículas cartográficas. Explique a utilidade inerente à utilização de grades cartesianas em cartografia de grande escala e por que razão se desaconselha a sua utilização em cartografia de pequena escala. Referir a composição das grades: meridianas e paralelas rectangulares e de dimensão regular definida a partir do ponto em que o eixo das ordenadas coincide com o meridiano central da projecção e o eixo das abcissas é normal ao Ponto Central da Quadrícula; Salientar a importância das quadrículas na medição de áreas, distâncias e cálculo de azimutes, com particular destaque nos sistemas de redes de paralelos e meridianos "arredondados"; Usualmente reportadas a cartografia de grande escala; Vantagens: ignorar o efeito de curvatura terrestre; facilitar a marcação de posições e cálculos; Nas cartas de pequena escala, o efeito de curvatura do planeta não pode ser escamoteado, pelo que, a sua utilização enviesa qualquer cálculo de distâncias ou medição de proporções no mapa. vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt Página 9 MUNICÍPIO DE MONCHIQUE – CÂMARA MUNICIPAL – 4. Num sistema de informação geográfica, o relevo pode ser representado através de curvas de nível, pontos cotados, manchas hipsométricas, entre outras formas obtidas a partir de um Modelo Digital de Terreno. Explique a importância dos Modelos Digitais de Terreno na elaboração de cartografia relacionada com as várias figuras de planeamento e ordenamento que incidem sobre o território municipal. Definir Modelo Digital de Terreno: dados numéricos que permitam descrever numa superfície cartesiana os valores de altitude; Referir a possibilidade de obenção de um MDT através de estimadores de interpolação; Explicar os principais tipos de formato de MDT (TIN, matricial e vectorial). Relacionar os diversos layers derivados do MDT com as peças cartográficas previstas nos planos municipais de ordenamento do território e respectivas figuras de ordenamento (REN, Zonas adjacentes, leitos de cheia); Relacionar os diversos layers derivados do MDT com as peças cartográficas previstas nos Planos Municipais de Emergência e Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios (Risco de Cheias, Riscos Geotécnicos, Risco de Incêndio); Relacionar os diversos layers derivados do MDT com peças cartográficas úteis ao planeamento sectorial (Cartas Educativa, Equipamentos Colectivos, etc.); A bibliografia de referência para as perguntas é: Para as três primeiras: Gaspar, J., 2005. Cartas e Projecções Cartográficas, 3ª ed., Lidel Edições Técnicas, Lisboa. Para a última: Matos, J.,L., 2001. Fundamentos de Informação Geográfica, 3ª ed., Lidel Edições Técnicas, Lisboa. vsc Telefone: 282 910 200 – Fax: 282 910 266 | Apartado 25 – 8551-951 Monchique | Email: [email protected] / [email protected] | Web site: www.cm-monchique.pt