Matemática Básica II - Trigonometria Nota 01 - Sistema de Coordenadas no Plano Márcio Nascimento da Silva Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA Curso de Licenciatura em Matemática [email protected] 11 de março de 2014 1 Coordenadas no plano A idéia de localizar posições utilizando-se números, vem de longe e é usada em muitas situações da nossa vida. Quando vamos ao teatro e temos um bilhete marcado G-7, sabemos que devemos nos dirigir a fileira (linha) G, cadeira (coluna) número 7. Também quando localizamos uma cidade no mapa usamos a linha do Equador (horizontal) e o meridiano de Greenwich (vertical) para informar onde está esta cidade. “Retas paralelas” ao Equador determinam a latitude de um ponto qualquer, isto é a distância, dada em graus, deste ponto ao Equador. Como o Equador divide a Terra em duas metades, pontos (no mapa) localizados acima dele têm latitude Norte e pontos localizados abaixo, latitude Sul. Da mesma maneira, ”retas paralelas”ao meridiano de Greenwich determinam a longitude de um ponto ou sua distância em relação a este meridiano. Pontos localizados a sua esquerda têm longitude Oeste e pontos localizados a sua direita, longitude Leste. 4 y P 3 2 1 −5 −4 −3 −2 1 −1 2 3 4 5 −1 −2 x −3 −4 Figura 1: A cada ponto P do plano fica associado um par de números (x, y), que são as coordenadas deste ponto. 1 Em 1619, o filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650) percebeu que a ideia de determinar posições utilizando retas escolhidas como referência, poderia ser aplicada à matemática. Para isso usou retas numeradas. Como já sabemos, numa reta numerada cada ponto corresponde a um número e cada número corresponde a um ponto, definindo-se desta maneira, um sistema de coordenadas na reta. Como o plano tem duas dimensões, para localizar pontos no plano, precisamos de dois números, e não apenas um. Descartes resolveu este problema usando duas retas numeradas, perpendiculares, cujo ponto de encontro chamamos origem. Usualmente, uma dessas retas é horizontal, com a direção positiva para a direita. Esta reta será chamada eixo X ou eixo das abscissas1 . A outra reta, vertical com a direção positiva para cima, é chamada eixo Y, ou eixo das ordenadas2 . Veja Figura 1. Pelo esquema fixado, todo ponto P determina um par ordenado de números reais e reciprocamente, todo par ordenado de números reais (a, b) determina um único ponto do plano. Temos, então, uma correspondência biunı́voca entre os pontos do plano e os pares ordenados de números reais. Uma correspondência desse tipo é chamada um sistema de coordenadas no plano. Este sistema de coordenadas é chamado sistema de coordenadas retangulares ou sistema de coordenadas cartesianas em homenagem, claro, a Descartes, que primeiro definiu um sistema de coordenadas no plano, estabelecendo as bases de um novo ramo da Matemática chamado, hoje, Geometria Analı́tica. Parte do mérito da descoberta da Geometria Analı́tica deve ser creditado também, a um outro francês, Pierre Fermat (1601, 1665) que estabeleceu os mesmos princı́pios, mais ou menos na mesma época que Descartes. O plano, munido deste sistema de coordenadas, é usualmente chamado plano coordenado ou plano cartesiano e é denotado por R2 (que é a convenção para o produto cartesiano R × R). O eixo das abscissas e o eixo das ordenadas, usualmente colocados na posição indicada na Figura 2, dividem o plano em quatro regiões, denominadas quadrantes, indicados por i, ii, iii, iv, respectivamente. ii i iii iv Figura 2: O primeiro quadrante é o conjunto de todos os pontos (x, y) do plano para os quais x > 0 e y > 0; o segundo quadrante é o conjunto de todos os pontos (x, y) do plano para os quais x < 0 e y > 0; no terceiro temos x < 0 e y > 0 e, no quarto, x > 0 e y < 0. Como a correspondência entre os pontos do plano e o conjunto de pares ordenados de números reais é biunı́voca, em geral, nos referimos a um ponto P escrevendo P(x, y) que 1 2 Palavra derivada do latim abscindere, que significa cortar em dois; divide o plano em dois. Ordena os pontos em relação a abscissa. 2 significa, sem ambiguidade, o ponto do plano cujas coordenadas são (x, y). Exercı́cios I 1. Represente no plano cartesiano os seguinte pontos: P1 (0, −1), P2 (−2, 1), P3 (1, 1) 2. Represente no plano cartesiano os seguintes subconjuntos de R2 : (a) A = {(x, y) ∈ R2 ; x ≥ 0, y > 1} (b) B = {(x, y) ∈ R2 ; x < −2, y < −1} (c) C = {(x, y) ∈ R2 ; x < 1} (d) D = {(x, y) ∈ R2 ; x ≤ 1, y ≤ 2} (e) E = {(x, y) ∈ R2 ; x > 0, y = 1} 2 Distância entre dois pontos A distância entre dois pontos P1 (x1 , y1 ) e P2 (x2 , y2 ) no plano é representada por d(P1 , P2 ) e definida por: q d(P1 , P2 ) = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 P2 y 2 P 1 y 1 x1 x2 Figura 3: Esta fórmula é facilmente justificada pelo Teorema de Pitágoras se observarmos que o comprimento do segmento P1 P2 é a medida da hipotenusa de um triângulo retângulo cujos catetos medem |x2 − x1 | e |y2 − y1 |, como mostra a figura. Exemplo 1 Calcular a distância entre os pontos (1, −2), (6, 2). p p √ √ d(P1 , P2 ) = (1 − 6)2 + (−2 − 2)2 = (−5)2 + (−4)2 = 25 + 16 = 41 Exemplo 2 Calcular a distância entre os pontos (0, 0), (3, 1) p p √ √ d(P1 , P2 ) = (0 − 3)2 + (0 − 1)2 = (−3)2 + (−1)2 = 9 + 1 = 10 3 Exercı́cios II 1. Calcule os valores de t para que o ponto P, de coordenadas (2t + 4, 3 − 2t), esteja: (a) No primeiro quadrante. (b) No quarto quadrante. (c) Sobre os eixos. 2. Calcular o perı́metro do triângulo ABC sendo dados A(2, 1), B(−1, 3), C(4, −2) 3. Determinar x de modo que o triângulo ABC seja retângulo. São dados: A(4, 5), B(1, 1), C(x, 4) 4. Dados A(x, 5), B(−2, 3), C(4, 1) obter x de modo que modo que A seja equidistante de B e C. 5. Determinar o ponto P, pertencente ao eixo das abcissas, sabendo que é equidistante dos pontos A(1, 3), B(−3, 5). 6. Determinar o ponto P da bissetriz dos quadrantes pares, que equidista de A(8, −8) e B(12, −2). 7. Dados os pontos M(a, 0) e N(0, a), determinar P de modo que o triângulo MNP seja equilátero. 8. Dados A(−2, 4), B(3, −1) vértices consecutivos de um quadrado, determinar os outros dois vértices. 9. Dados A(8, 7), C(−2, −3) extremidades da diagonal de um quadrado, calcular as coordenadas dos vértices B e D, sabendo que xB > xD . √ √ √ √ √ 10. Mostre que os três pontos (1, 1 + 2 3), (2 + 3, 2 + 3) e ( 3, 3) são vértices de um triângulo equilátero. 11. Mostre que os quatro pontos (4, −2), (10, 8), (−6, 5), (0, 15) são vértices de um paralelogramo. 12. Mostre que os três pontos (−2, 2), (5, 1), (4, −5) estão em um cı́rculo com o centro em (1, −2). Qual o raio deste cı́rculo? 13. Prove que se o ponto (x, y) está no cı́rculo com centro (3, −2) e de raio 4 unidades, então x2 + y2 − 6x + 4y = 3 14. Ache um ponto sobre o eixo dos Y que está equidistante de (9, −11) e (5, −15). 15. Ache as coordenadas do centro de um cı́rculo que passe por três pontos (−1, 1), (6, 0), (5, 1) Qual o raio desse cı́rculo? 4 2.1 Condição para alinhamento de três pontos Teorema 3 Três pontos A(x1 , y1 ), B(x2 , y2 ), C(x3 , y3 ) são colineares se, e somente se, x1 y1 1 D = x2 y2 1 = 0 x3 y3 1 Exemplo 4 Mostrar que A(−1, 1), B(1, 3), C(7, 9) são colineares: −1 1 1 D = 1 3 1 = (−3 + 7 + 9) − (21 − 9 + 1) = 13 − 13 = 0 7 9 1 Exemplo 5 Para que valores de x os pontos A(x, x), B(3, 1), C(7, −3) são colineares? x x 1 D = 3 1 1 = (x + 7x − 9) − (7 − 3x + 3x) = 8x − 16 7 −3 1 Logo, se D = 0, os pontos são colineares, isto é, se 8x = 16 ⇐⇒ x = 2. Exercı́cios III 1. Mostrar que A(a, 2a − 1), B(a + 1, 2a + 1) e C(1 + 2, 2a + 3) são colineares para todo valor real de a. 2. Dados A(1, 1), B(10, −2), obter o ponto em que a reta AB intercepta o eixo das abscissas. 3. Dados A(2, −3) e B(8, 1), obter o ponto que em que a reta AB intercepta a bissetriz dos quadrantes ı́mpares. 4. Dados A(−3, 4), B(2, 9), C(2, 7), D(4, 5) obter a interseção das retas AB e CD. 5