1 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física Camila de Almeida Siviero Leonardo Cortes Neto Thiago Moreira da Silva Domingues RECREAÇÃO COMO PROPOSTA DE MELHORA NA AUTOESTIMA NA TERCEIRA IDADE CENTRO SOCIAL URBANO LINS - SP LINS – SP 2012 2 CAMILA DE ALMEIDA SIVIERO LEONARDO CORTES NETO THIAGO MOREIRA DA SILVA DOMINGUES RECREAÇÃO COMO PROPOSTA DE MELHORA NA AUTOESTIMA NA TERCEIRA IDADE CENTRO SOCIAL URBANO LINS - SP Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física sob a orientação dos professores Prof.ª Esp. Giseli de Barros Silva e orientação técnica da Prof.ª Esp. Ana Beatriz Lima. LINS – SP 2012 3 RECREAÇÃO COMO PROPOSTA DE MELHORA NA AUTOESTIMA NA TERCEIRA IDADE CENTRO SOCIAL URBANO LINS - SP Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Educação Física. Aprovada em: _____/______/2012 Banca Examinadora: Prof(a) Orientador(a): Giseli de Barros Silva Titulação: Mestranda em Ciências do Movimento Humano Assinatura: _________________________________ 1º Prof(a): ______________________________________________________ Titulação: ______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: _________________________________ 2º Prof(a): ______________________________________________________ Titulação: ______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: _________________________________ 4 Em primeiro lugar agradeço a minha família, pelo apoio, incentivo e dedicação nesses quatros anos de graduação. Também aos meus parentes que me apoiaram e me ajudaram quando necessitei. Em especial ao meu noivo, por toda a paciência que teve comigo e sempre me ajudando e incentivando nas horas complicadas. E todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a minha formação. Camila de Almeida Siviero 5 Dedico esta pesquisa em primeiro lugar a minha família, a minha mãe Lúcia, minha irmã Carolina, minha namorada Larissa e minha sobrinha Maria Clara, pois sem vocês eu não conseguiria concretizar esta etapa em minha vida! Nos momentos mais difíceis, foram vocês que me apoiaram sempre, e me transmitiram força com amor, alegria determinação e me encorajando mais a cada dia. Ao meu Pai Robson (In memóriam), que mesmo em um lugar diferente, sempre esteve presente, durante toda a jornada da minha vida! Leonardo Cortes Neto 6 Deus tem um propósito em nossas vidas, a minha foi ter fé e coragem para enfrentar obstáculos e inimigos durante a guerra que é a “vida”, agradeço não só esse momento e sim por minha vida toda, sei que às vezes me sinto sozinho, sem chão, mas ao olhar paro o céu vejo que não estou só, obrigado Deus por tudo. Agradeço aos meus pais, Nilza Moreira e Alercio Domingues, pois se cheguei ate aqui foi graças a eles, e a pessoa que sou foi culpa de toda atenção, carinho, afeto que eles me deram, amo vocês!!! Nesses quatro anos de faculdade, teve uma pessoa que sempre torceu por mim, mas não deu tempo de ver minha vitória, dedico especialmente a minha avó materna, Maria Leocardia, sei que no céu ela esta vendo aonde cheguei e continua olhando e torcendo por mim, hoje sinto saudades, mas sei que Deus quis que ela ficasse perto dele para poder os dois cuidar e olhar por mim. Te amo vozinha... Também dedico a minha avó paterna, Orondina Domingues, pois dei esse orgulho de ser o primeiro neto graduado, e por ter ajudado financeiramente a minha formação, mesmo longe se preocupa comigo. Te amo. Não posso esquecer-me de dedicar aos meus amigos, Lívia Maria, Kellen Aparecido, Junior Lopes, e não me esquecendo do meu mais que amigo, Cássio Miguel. Obrigado por vocês estarem comigo sempre. Aos professores e coordenador do curso de educação física, pois eles são os responsáveis pelo profissional que somos hoje. “Sentirei saudades das brincadeiras dos amigos que fiz esses quatro anos, das aulas, dos professores, mas essa fase da minha vida tenho que concluir. E sempre vamos lembrar-nos desses momentos”. Um agradecimento especial a Professora e amiga Giseli Barros Thiago 7 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, por ter dado sempre uma chance a cada dia e acreditar em nosso potencial. Também aos nossos professores e coordenador, sempre nos ajudando e ensinando o caminho certo. Aos nossos amigos que conviveram quatro anos, foram momentos jamais esquecidos, cada um proporcionou momentos marcantes. E em especial e mais importante, nossa professora e orientadora Giseli de Barros Silva que nos ajudou nessa pesquisa com paciência e ensinamento. Obrigada Gi pelos momentos felizes que passamos, foi muito bom estarmos juntos nessa etapa de nossas vidas. Te adoramos. 8 RESUMO Geralmente, a velhice está ligada às modificações do corpo, com o aparecimento das rugas e dos cabelos brancos, com o andar mais lento, diminuição das capacidades auditiva e visual, o corpo frágil. A maioria dos idosos não consegue continuar desempenhando uma vida ativa, mesmo com uma saúde muito boa. Este é o primeiro impacto do envelhecimento para o indivíduo: a perda de seus papéis sociais e o vazio experimentado por não encontrar funções. Sente angústia, decepção e sofrimento. Entre todos os fatores ocorrentes, a perda da autoestima está presente na maioria dos indivíduos que estão entrando ou já se encontram na fase da melhor idade. A atividade física tem sido uma saída para a recuperação da autoestima, junto a uma vida saudável, equilibrada e na melhora da qualidade de vida na terceira idade. A autoestima está correlacionada diretamente à autoimagem. Recreação caracteriza-se por divertir e entreter o indivíduo que dela participa. É por essência uma prática lúdica onde a participação busca ser prazerosa e produzir no individuo ou na sociedade um movimento de mudança positiva, de renovação, um revigorar da mente ou do corpo, ou ainda de ambos. A recreação direcionada ao idoso que fisicamente apresenta incapacidade, tem caráter individual e pela própria natureza é do tipo passiva, utilizando música e materiais diversos, para estimular os sentidos, os gestos e o raciocínio. A pesquisa tem como objetivo através da recreação promover melhora na autoestima de idosos Centro Social Urbano de Lins (CSU), avaliar a importância da atividade na vida deles, mostrando a melhora na qualidade de vida. Palavras chave: Terceira Idade. Autoestima. Recreação. 9 ABSTRACT Generally, old age is linked to changes in the body, with the appearance of wrinkles and gray hair, walking with the slower decrease in auditory and visual capabilities, the frail body. Most seniors can not continue to play an active life, even with a very good health. This is the first impact of aging for the individual: the loss of their social roles and emptiness experienced by not finding functions. Sit anguish, disappointment and suffering. Among all the factors occurring, the loss of self esteem is present in most individuals who are entering or already in the stage of better age. Physical activity has been an outlet for the recovery of self-esteem, along with a healthy, balanced and in improving the quality of life in old age. Self esteem is directly correlated to self image. Recreation is characterized by fun and entertain individuals who participate in it. It is in essence a practice where participation playful search be pleasurable and produce the individual or society in a movement of positive change, renewed, invigorate the mind and body, or both. The recreation directed at the elderly physically present disability has individual character and the nature is of the passive type, using music and various materials to stimulate the senses, gestures and reasoning. The research aims to promote recreation through improved self esteem of elderly Social Center of Urban Lins (CSU), to evaluate the importance of activity in their lives, showing the improvement in quality of life. Keyword: Third Age. Self esteem. Recreation. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................. 11 1 CONCEITOS PRELIMINARES........................................................... 14 1.1 A Terceira Idade.................................................................................. 14 1.1.1 Influência da Terceira Idade na Qualidade de Vida............................ 16 1.1.2 A Terceira Idade e Atividade Física................................................... 18 1.2 Auto Estima......................................................................................... 20 1.2.1 Auto Estima na Terceira Idade............................................................ 21 1.2.2 A Auto Estima e Exercício Físico........................................................ 22 1.3 Recreação........................................................................................... 23 1.3.1 Tipos de Recreação............................................................................ 24 1.3.2 Recreação na Terceira Idade.............................................................. 27 2 O EXPERIMENTO.............................................................................. 2.1 28 Casuísticas.......................................................................................... 28 2.2 Critérios de Inclusão e Exclusão......................................................... 2.3 Materiais.............................................................................................. 29 2.4 Caracterização da Amostra................................................................. 30 2.5 Condições Ambientais........................................................................ 30 2.6 Desenho Experimental........................................................................ 30 2.7 Protocolo Experimental....................................................................... 30 29 2.7.1 Atividades............................................................................................ 31 2.8 Análise Estatística............................................................................... 32 2.9 Resultados.......................................................................................... 32 2.10 Discussão............................................................................................ 33 2.11 Conclusão........................................................................................... 35 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 36 APÊNDICES................................................................................................... 39 11 INTRODUÇÃO Devido ao crescimento populacional do idoso a procura de atividade física aumentou gradativamente nos últimos anos. Geralmente, a velhice está ligada às modificações do corpo, com o aparecimento das rugas e dos cabelos brancos, com o andar mais lento, diminuição das capacidades auditiva e visual, o corpo frágil. Essa é a velhice biologicamente normal, que evolui progressivamente e prevalece sobre o envelhecimento cronológico. Cientistas e geriatrias preferem separar a idade cronológica da idade biológica. Para eles, tanto o homem quanto à mulher se encontra na terceira idade por parâmetros físicos, orgânicos e biológicos (MATSUDO e MATSUDO 2001). Entre todos os fatores ocorrentes, a perda da autoestima está presente na maioria dos indivíduos que estão entrando ou já se encontram na fase da melhor idade. Branden (2001), afirma que, basicamente a autoestima é o sentimento de amor-próprio, ou seja, “o quanto nos amamos, nos valorizamos, nos aceitamos com nossas limitações, erros e acertos, qualidades e defeitos, enfim, a opinião que temos de nós mesmos, valorizando e satisfazendo nossas vontades”. Isto nada mais é do que a avaliação positiva ou negativa que cada um faz de si mesmo e não o que os outros pensam sobre nós e que contribui fundamentalmente para um desenvolvimento saudável do ser humano. A autoestima é o que as pessoas sentem e pensam de si mesmas. Se ela esta bem com a sua autoimagem ela provavelmente estará bem com sua autoestima (MOSQUEIRA, 1976, BENEDETTI et. al, 2003 apud SILVA e DIAS, 2004 p. 12) As atividades recreativas devem ser espontâneas, criativas e que nos traga prazer. Devem ser praticadas de maneira espontâneas, diminuindo as tensões e preocupações. Segundo Lima, (2007), a recreação é a toda atividade espontânea, divertida e criadora a qual as pessoas buscam a participação individual e coletiva em ações que melhoram a qualidade de vida e para satisfazer sua 12 necessidade de ordem física, ou mental e cuja realização que proporciona prazer. A procura por grupos de recreação tem crescido devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, como solidão, falta de trabalho, ou simplesmente por diversão. Os principais motivos que as levam à procura de um grupo de indivíduos da Terceira Idade são: Melhora da qualidade de vida, melhora da condição em relação à sociedade, ocupação do tempo livre, fugir da solidão e encontrar diversão. As atividades em grupo, bailes, viagens podem contribuir para um resgate do convívio social e para que o envelhecimento deixe de ser apenas um período de perdas, abandono, solidão e exclusão por parte da sociedade. Particularmente as atividades recreativas devem ser: atraentes, diversificadas, com intensidade moderada, de baixo impacto, realizadas de forma gradual, promovendo a aproximação social, sendo desenvolvidos de preferência coletivamente, respeitando as individualidades de cada um, sem estimular atividades competitivas, pois tanto a ansiedade como o esforço aumenta os fatores de risco. Com isso é possível se alcançar níveis bastante satisfatórios de desempenho físico, gerando autoconfiança, satisfação, bem-estar psicológico e interação social. Deve-se levar em conta que o equilíbrio entre as limitações e as potencialidades da pessoa idosa ajuda a lidar com as inevitáveis perdas decorrentes do envelhecimento. (FERREIRA, 2003). A pesquisa tem como objetivo através da recreação promover melhora na autoestima de idosos do Centro Social Urbano de Lins (CSU), avaliar a importância em desenvolver atividades as quais interagem o grupo e elevam a auto estima. A presente pesquisa foi realizada no Centro Social Urbano de Lins (CSU), com 20 indivíduos do gênero masculino e feminino todos praticantes com faixa etária maior que 55 anos. Este estudo foi norteado pelo seguinte problema: A recreação pode ser um meio para elevar a autoestima, quando aplicada em idosos? Ao considerar a vivência como estudante de Educação Física, este trabalho surgiu a partir da observação realizada no crescente aumento da população de idosos no mundo. Assim, pode-se considerar na maioria das 13 vezes o propósito de recreação tem alcançado seu objetivo junto aos mesmos, ou seja, a sua importância na manutenção de melhoria da qualidade de vida das pessoas na terceira idade. 14 1 CONCEITOS PRELIMINARES 1.1 A Terceira Idade Para analisar a realidade sobre a importância da recreação na autoestima da terceira idade, é necessário que se compreenda todo o processo de envelhecimento no ser humano, elucidando as mudanças ocorridas nos aspectos físico, psicológico e social. O termo Terceira Idade foi empregado pela primeira vez no Brasil, pelo SESC de São Paulo quando foram criadas as “Escolas abertas para a Terceira Idade”. Conforme a lei 8.842/94 e o Decreto 1948/96, e são considerados idosos no Brasil a pessoa maior de 60 anos. O conceito de envelhecimento vem assumindo várias conotações ao longo dos tempos. Desde o ancião respeitável – advindo dos raros patriarcas com experiência acumulada e valorizada -, ao velhocaracterizando tudo o que está gasto e degradado, passando pelo idoso – significando pleno de idade, termo mais respeitoso, destinado em geral às camadas mais ricas da população -, até a denominada terceira idade – a partir da noção de produção: a primeira etapa compreendendo a fase de preparação, a segunda de produtividade e a terceira de aposentadoria. (NEGREIROS, 2007 p.16) A velhice é um processo natural, inerente ao ser humano e faz parte da vida, conforme a afirmação de alguns estudiosos no assunto como Lorda e Sanches (2001). Conclui-se, portanto que a senescência não é patológica, mas sim um processo contínuo, onde cada um, segundo Géis (2003), passa por transformações ao longo da vida, com o decorrer do tempo. Em relação à visão biológica, vem o declínio da força e da resistência; o enfraquecimento da memória, da musculatura, dos pulmões e do coração. Meirelles (2000) cita que o envelhecimento é um processo dinâmico, irreversível, lento e gradual, sendo a soma de vários processos entre si, envolvendo os aspectos biopsicossociais, num processo evolutivo que culmina com a morte completa (FONSECA 1998). E como o envelhecimento acontece de maneira gradual, de acordo com 15 Geis (2003), favorece desse modo condições de a adaptação física e emocional às mudanças, à medida que vão ocorrendo. E este processo de envelhecimento na vida do ser humano acarreta desconforto, pois o tema velhice vem carregado de preconceitos de caráter negativo. Para Monteiro (2001), os atributos negativos ditados pela sociedade priorizam as características biológicas e físicas. Meirelles (2000) complementa que na sociedade atual ser velho tem uma grande conotação negativa. O processo de envelhecer carrega um estereótipo social negativo muito grande, fundamentando uma idéia errada de que obrigatoriamente o envelhecimento causa “incompetência comportamental”. Lorda e Sanchez (2001), afirmam que a sociedade considera o idoso pouco importante, segundo estes, ser velho significa ser incapaz, é problema, vêm associado à senilidade, a dependência, a perda de status social e impotência, enfim, o idoso é uma pessoa que incomoda e atrapalha as outras. Diante desta imagem tão negativa ditada pela sociedade, Papaléo Netto (1996) destaca que, o idoso recusa-se a pensar e nega o seu próprio envelhecimento. Segundo Mazo (1997), através dessa desvalorização, o idoso diminui a sua participação no meio social, gerando um sentimento de inutilidade, levando-o a apresentar problemas orgânicos e psicológicos, ocasionando o isolamento. Mascaro (1997), afirma que o ser humano sente medo da velhice, pois, esta, ameaça a integridade de seu corpo, significa perder habilidades e isso o assusta, já que a sociedade exibe a preocupação com o corpo bonito e jovem, ser velho significa ser excluído. Segundo Benedetti, Petrosky, Gonçalvez (2012), o termo Terceira Idade, surgiu nos anos 60, com o objetivo de dar uma identidade positiva aos idosos. Buscando, assim, retirar os aspectos carregados de preconceitos, relativos à velhice, para criar representações sociais, mostrando um idoso mais dinâmico, preocupado com o lazer, em estabelecer relações sociais, em participar de atividades, enfim, querendo envelhecer com mais qualidade de vida. Com tantas transformações sofridas no processo de envelhecimento, que afetam o físico, o psicológico e o social, chega-se a conclusão que a terceira idade tem influência relevante na qualidade de vida do indivíduo que alcança esta fase. 16 1.1.1 Influências da Terceira Idade na qualidade de vida Em “Mudanças e Desafios”, Negreiros (2007), a autora inicia o artigo com a seguinte pergunta: “A quantidade de anos vividos pode estar associada a uma boa qualidade de vida?” e como resposta destaca os inúmeros desafios contemporâneos que as pessoas idosas enfrentam como: a fragilização dos laços afetivos e familiares numa sociedade de consumo; a dificuldade de pertinência de grupos concretos, com projetos comuns, numa cultura do espetáculo, especialmente tratando-se de grupo de idosos, que carrega estigmas sociais; o descompromisso com valores humanos numa era tecnológica e materialista; a precariedade das relações sociais – onde a lógica do direito e a condução ética defrontam-se duramente com a competição e a violência. (NEGREIROS, 2007, p. 15) No artigo de Benedetti et al.(2012), a autora com o objetivo de verificar os efeitos da implementação de um programa de exercícios físicos sistemáticos sobre a auto-imagem e auto-estima em idosos institucionalizados, baseada em alguns autores como Mazo (1997), confirma em sua tese que o envelhecimento se dá num processo gradual, que carrega consigo muitas perdas e alterações no funcionamento do organismo: saúde física e mental, aposentadoria, mudanças de papéis sociais, perdas de amigos e parentes, diminuição de renda, levando o idoso a ter maiores dificuldades em se adaptar a essa fase, ficando assim vulnerável às doenças. Portanto, na terceira idade tanto as mudanças no ambiente social, quanto às mudanças física e mental exige do idoso uma constante adaptação a estas novas situações. Existe por parte de alguns idosos a negação do seu próprio envelhecimento, provocando muitas atitudes, sendo que, algumas delas são prejudiciais à manutenção do seu lado psicológico, entre elas: o isolamento, levando-o a evitar contato com pessoas da mesma idade e fazer-se de vítima. Papaléo Netto (1996) afirma que, além do receio da senilidade, as pessoas não aceitam o envelhecimento devido também a falta de uma “razão de ser” da velhice, por não encontrarem um papel para ele mesmo na sociedade. Segundo Veras (1997), a própria sociedade, ao mesmo tempo em 17 que o marginaliza por considerá-lo incapaz e improdutivo, impede que ele volte a ser capaz e produtivo. A maioria dos idosos não consegue continuar desempenhando uma vida ativa, mesmo com uma saúde muito boa. Este é o primeiro impacto do envelhecimento para o indivíduo: a perda de seus papéis sociais e o vazio experimentado por não encontrar funções. Sente angústia, decepção e sofrimento. Segundo Negreiros (2007), embora sendo a última etapa vivida, não precisa ser a mais dolorosa, pesada, angustiante. Afirma a autora que é preciso que haja uma avaliação no processo de envelhecer, em todos os aspectos, positivos e negativos, para que se possa encontrar um meio de se viver da maneira mais prazerosa possível a vida que resta, enfrentando as limitações nesta fase e revendo todas as possibilidades de uma vida plena. Não se pode ignorar os distúrbios afetivos depressivos que, segundo Okuma (1998), existem através de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos, mas de acordo com Papaléo Netto (1996) existe uma ligação íntima entre velhice saudável, autonomia e independência, que para a população idosa, são indicadores de saúde e qualidade de vida. Os idosos querem ter o poder de decidir, ser os donos de sua própria vida e poder realizar algo com seus próprios meios. Todo ser humano em alguma fase da vida passa por perdas e crises (viuvez, morte de amigos, parentes, aposentadoria, isolamento, depressão, dificuldades financeiras), que segundo Negreiros (1996), a crise está vinculada ao processo de desenvolvimento humano em todas as etapas da vida e não se restringe apenas a uma idéia de catástrofe eminente, mas também como oportunidade de reflexão e mudança. Tanto as perdas quanto as crises são superadas de maneiras e intensidades diferentes por cada um, pois vai depender da vida que este idoso teve até aquele momento, entre eles, as relações e atividades sociais, recursos como moradia e rendimento, acesso à saúde. Na terceira idade, o tempo para superar estas perdas e crises é sempre menor, mas também é possível superá-las. A atividade física tem sido uma saída para a recuperação da autoestima, junto a uma vida saudável, equilibrada e na melhora da qualidade de vida na terceira idade. 18 Em seu artigo “O poder da Atividade Física”, Piraí e Negreiros (2007), afirma que a atividade física é reconhecida pela comunidade científica como um dos mais poderosos agentes na promoção da saúde e qualidade de vida. Acrescenta ainda o autor que a atividade física regular além de melhorar a qualidade de vida, retarda o envelhecimento e previne doenças degenerativas. Concluindo, a prática de exercícios regular tem o poder de prevenir, minimizar e/ou reverter muitos dos problemas físicos, psicológicos e sociais que acompanham o processo de envelhecimento. 1.1.2 A Terceira Idade e a Atividade Física Matsudo e Matsudo (1992) consideram que com o controle das doenças infecto-contagiosas e a melhora na qualidade de vida, a expectativa de vida e o número de pessoas que atingem a terceira idade tendem a aumentar. Dentre os fatores que têm contribuído para este fenômeno, os autores consideram que, estão sem dúvida, a preocupação pelo estilo de vida e o incremento da atividade física. O processo degenerativo do organismo ocorre gradativamente dos 20-22 anos de idade e se acentua a partir dos 60-65 anos. (...) e as principais conseqüências do processo de envelhecimento para a aptidão física são: a perda da massa muscular; a desmineralização óssea, a redução da capacidade cardiorrespiratória; a redução da flexibilidade articular e a redução do equilíbrio. (PIRAÌ, 2007, p.122-123) O envelhecimento vem acompanhado, segundo Matsudo e Matsudo (1992), de uma série de efeitos nos diferentes sistemas do organismo que, de certa forma, diminuem a aptidão e o desempenho físico. E concluem que, muitos destes efeitos deletérios são secundários à falta de atividade física. Por esta razão, acreditam que a prática do exercício físico regular tornase fundamental nesta época da vida. Todavia, alertam que a prescrição de exercício deve ser individualizada, já que as alterações morfológicas e funcionais que acontecem nesta época requerem atenção especial. Para Piraí e Negreiros (2007), o programa de 19 exercícios físicos ideal para o idoso deve ter como principal objetivo o desenvolvimento da força muscular, o aumento da aptidão cardiorrespiratória, a melhora da flexibilidade, da coordenação e do equilíbrio. As atividades físicas mais recomendadas, de acordo com Matsudo e Matsudo (1992), são as atividades aeróbicas de baixo impacto (caminhar, natação, ciclismo, hidroginástica), que estão associadas com menor risco de lesões. Ainda, segundo os autores, é de fundamental importância incrementar a força muscular, já que sua perda é associada com instabilidade, quedas, incapacidade funcional e perda de massa óssea. Para Piraí e Negreiros (2007), o programa de treinamento de força ou série de musculação deve ser individualizado, em conformidade com os exames médicos e avaliação funcional. Bem orientado, afirmam Matsudo e Matsudo (1992), um programa de treinamento muscular adequado traz grandes benefícios para o idoso. E uma atividade física regular na terceira idade proporciona ainda múltiplos efeitos benéficos a nível antropométrico, neuromuscular, metabólico e psicológico, o que além de servir na prevenção e tratamento das doenças próprias desta idade (hipertensão arterial, enfermidade coronariana, osteoporose, etc.), melhora significativamente a qualidade de vida do indivíduo e sua independência. Além desses efeitos já conhecidos, pesquisas recentes realizadas, segundo Matsudo e Matsudo (1992), mostram os efeitos benéficos da atividade física sobre a incidência de câncer (principalmente de cólon e do sistema reprodutivo na mulher) e na longevidade das pessoas. Iniciada precocemente, alguns autores reportam incremento de até 2,5 anos na expectativa de vida em função de participação em um programa de exercício físico regular. Piraí e Negreiros (2007), afirma que a atividade física é um poderoso instrumento na reabilitação de doenças cardiovasculares pelo aumento da aptidão cardiorrespiratória e a melhora da função do aparelho locomotor. E que a qualidade de vida está diretamente relacionada à sua capacidade de locomoção e sua saúde. Conclui-se, assim, provavelmente que, além de oferecer melhor qualidade de vida, a atividade física, proporciona mais anos de vida e também o aumento da autoestima. 20 1.2 Auto Estima Negreiros (1996), diz que a manutenção da autoestima depende do papel social desempenhado por cada indivíduo durante toda a sua vida, independente da idade em que se encontre. Branden (2001), afirma que, basicamente a autoestima é o sentimento de amor-próprio, ou seja, o amar, o valorizar, o aceitar-se com as limitações, erros e acertos, qualidades e defeitos, enfim, a opinião que cada indivíduo nutre, num processo contínuo de valorização e satisfação das vontades. Segundo o autor, a autoestima começa a se formar nos primeiros anos de vida do indivíduo e através da sua relação com o meio e com as primeiras experiências de auto valorização, a autoestima vai sendo construída, ao longo do seu crescimento e desenvolvimento. É na infância segundo Branden (2001), que o indivíduo assimila conceitos que irão contribuir na construção de sua autoestima e todos os conflitos psicossociais, desajustes, preconceitos e convicções. Todo o processo de relação com o seu meio, refletirá no seu comportamento emocional, que o tornará mais forte, ou mais frágil, para lidar melhor com ganhos e perdas, alegrias e tristezas. Todos os seres humanos possuem em menor ou maior grau autoestima. Okuma (1998) observa que, a autoestima se apresenta positiva ou negativa, enquanto Branden (2001) afirma que, ela se apresenta de positiva a negativa. Para Branden (2001), a autoestima positiva é aquela que leva o indivíduo a acreditar em si e na sua capacidade de pensar, tomar decisões e estar apto para enfrentar as situações que se coloquem á sua frente, e além de tudo, estar consciente das suas limitações, fragilidade, medos e de suas potencialidades. Para o autor, com a autoestima positiva, ele enfrenta os desafios, confiante em si mesmo, resolve os problemas que aparecem e diante de dificuldades, parte para tentar solucionar a questão. Quanto maior for a nossa autoestima, mais bem equipados estaremos para lidar com as adversidades da vida; quando mais flexíveis formos, mais resistiremos á pressão de sucumbir ao desespero ou à derrota. (BRANDEN, 1997, p.11) 21 A autoestima negativa, de acordo com Branden (2001), indica que o indivíduo apresenta vivências afetivas negativas, e sente medo de assumir riscos, do fracasso, sente-se incapaz e incompetente para realizar algo, vive se criticando, achando defeitos em si mesmo, enfim, vive se reprovando. Em relação ao círculo de amizades a autoestima negativa afirma Branden (2001), leva a pessoa a se afastar do seu grupo social por sentir-se incapaz de manter um relacionamento profundo e significativo, levando-a ao isolamento. Conclui-se, deste modo, que a autoestima positiva é aquela que existe a partir da valorização pessoal, de atitudes positivas em relação a viver e ser feliz, para que se possa desfrutar da vida e que todos os problemas de ordem psicológica, estão relacionados a uma autoestima negativa. E quando a autoestima é positiva, torna as pessoas mais conscientes, aumentando assim, a sua capacidade de ser feliz, de enfrentar a vida, de se ver de maneira mais valiosa. E quanto maior for a autoestima, mais preparados se encontrará para superação dos obstáculos, mais confiantes e seguros na manutenção de relações saudáveis, aumentando assim a chance de sucesso nas relações humanas ao longo de toda a vida, assim bem como o favorecimento da qualidade na vida terceira idade, pois de acordo com Branden (1997, p. 14), “a importância da auto estima saudável está no fato de que ela é o fundamento da nossa capacidade de reagir ativa e positivamente às oportunidades da vida”. 1.2.1 Auto Estima na Terceira Idade Os idosos, segundo Steglhich (1978), possuem dificuldade física, mental e financeira para manutenção de boa aparência física o que poderia melhorar a imagem corporal. Além do sedentarismo, morte social, dificuldades físicas, mentais e financeiras, freqüentemente os idosos apresentam quadros depressivos, diminuindo a autoestima. Segundo Oliveira e Negreiros (2007), o idoso quando sente o corpo fraco e cansado, percebe que a juventude já foi e que a morte é inevitável, 22 seus sentimentos se assemelham a doentes terminais e se transformam em uma espera solitária, muitas vezes marcadas por revoltas, ressentimentos, frustrações e depressão. Steglhich (1978), que desenvolveu o instrumento de autoimagem e autoestima, ao estudar três grupos de idosos acima de 65 anos, não aposentados, aposentados ativos e aposentados inativos, concluiu que os aposentados inativos possuem autoimagem e autoestima significativamente mais baixas que os idosos não aposentados e aposentados ativos, sendo que entre esses não houve diferença significativa na autoimagem e autoestima. O aspecto em que o autor encontrou maior diferença foi no emocional, principalmente no item felicidade pessoal. Mosquera (1976) destaca que a autoimagem está relacionada sempre à mudança, na medida em que o indivíduo modifica sua estrutura corporal ele acrescenta a seu quadro pessoal, novas dimensões que alteram a percepção de si mesmo e do mundo a sua volta. Fox (1997) afirma que a autoestima tem sido desenvolvida positivamente com a intervenção de programas de exercícios físicos e esportes, tendo resultados inéditos na qualidade de vida e bem-estar mental. O autor também coloca que a autoestima está correlacionada diretamente à autoimagem. Diversos autores, portanto, confirmam por meio de pesquisas e observações que a melhora da autoestima está associada à prática de atividades físicas. 1.2.2 A Auto Estima e Exercício Físico Carvalho (1996), afirma que a participação em grupos de ginástica traz sentimentos positivos em relação ao próprio corpo, níveis mais altos de autoestima e “competições saudáveis” geradas dentro do grupo. Mazo (2003), ao realizar uma pesquisa sobre qualidade de vida e atividade física com 198(cento e noventa e oito) idosas participantes dos grupos de convivência no município de Florianópolis, constatou que as idosas mais ativas possuíam melhor autoestima. 23 A atividade física, segundo Chogahara, Cousins e Wankel (1998), possui influências sociais nos idosos e traz benefícios em relação à família, amigos, bem estar, integração social e melhora na autoestima. Em um estudo com idosos, Safons (2000), verificou que contribuições da prática regular de atividade física melhora a autoestima, porque resgata nos idosos a autoimagem perdida. O envelhecimento ativo deve ser conseqüência de um envelhecimento saudável, segundo o autor, a busca do ser ativo melhora o ser humano de forma global. Os movimentos corporais estão ligados ao esporte e ao exercício, criando estratégias de auto representação com modificações constantes na aparência. Para que se possa resgatar a autoestima e recuperar a autoimagem dos idosos, é necessário retomar a cidadania, participando de grupos de discussão, trabalho voluntário, atividades físicas de maneira geral, fazendo se sentirem úteis para a sociedade e ocupando o seu tempo livre. A autoestima positiva indica bem-estar, saúde mental e ajustamento emocional, implicando diretamente na satisfação com a vida. Segundo Lorda (2001), dentre os benefícios imediatos da participação regular em programas de exercícios e recreativos se identificam no aspecto físico: maiores níveis de auto eficácia, controle interno, melhoria nos padrões do sono, relaxamento muscular, entre outros. Portanto, a atividade física além de prevenir a dependência é um estímulo para o bem estar das idosas. Conseqüentemente, melhora a autonomia e a independência, o que irá se refletir em melhor autoimagem e autoestima. E as práticas de atividades físicas fazem parte da recreação que deve existir de forma cotidiana na vida do idoso que visa melhoria na qualidade de vida. 1.3 Recreação De acordo com Cavallari e Zacharias (2003), a vida diária de uma pessoa divide-se em três partes: tempo de trabalho, tempo das necessidades 24 básicas vitais e tempo livre. O tempo de trabalho segundo Géis (2003) tem um valor social muito grande perdurando até a aposentadoria. Santini (1993) destaca que, é no tempo livre que existe o lazer. O lazer é útil, pois é através dele que as pessoas “dão um tempo” na vida agitada do dia, tornando fundamental para o nosso equilíbrio emocional, favorecendo a socialização e desenvolvimento da personalidade e deveria estar presente na vida de todas as pessoas. De acordo com Santini (1993), a recreação faz parte do lazer, sendo uma atividade física ou mental, onde as atividades são provenientes de motivação interior, com características psico, físico, emocional, promovendo o equilíbrio, pois preserva ou restaura a integridade do organismo. Lorda e Sanchez (2001) complementam que as atividades de recreação promovem um desenvolvimento integral do idoso, pois estão trabalhando entre outros, a saúde física, a socialização (pois integra o idoso ao seu meio social, amplia as relações sociais e estimula o convívio) e a sensibilidade, tornando-se um processo terapêutico de restauração e qualidade de vida, devolvendo ao idoso o prazer de viver. Para Lorda e Sanchez (2001) a brincadeira não é coisa só de criança. O ser humano cresce, mas não perde a vontade de brincar, pois esta nunca desaparece apenas outras atividades impostas pela vida os distanciam da brincadeira. Para Lorda e Sanches (2001), a participação regular em exercícios pode ajudar a retardar a deterioração física que ocorre com o passar dos anos e a inatividade. 1.3.1 Tipos de Recreação As atividades recreativas se encontram classificadas a fim de evidenciar a funcionalidade de cada uma dentro de uma programação ou de um programa de lazer e recreação. Para a escolha de determinada atividade recreativa como parte de uma programação, é necessário antes conhecer suas características classificações, de acordo com os objetivos, e propostas a serem alcançadas. e 25 Segundo Ferreira (2003), as atividades físicas se classificam em: grandes jogos, que requer grande número de participantes, e é difícil de ser dominado. Pequenos jogos, que extrai dos participantes características individuais como: velocidade, destreza, força. Revezamento ou estafetas que se constitui pelo revezamento dos participantes para a realização de tarefas. É uma atividade em grupo que preza pelas potencialidades individuais. Indicado para a infância. Jogos combinados (exigem mais de uma aptidão física), correr, saltar, giro. Aquáticos, jogos realizados dentro da água, com excelente valor terapêutico por diminuir o impacto causado pelo solo. Jogos sensoriais, aqueles que utilizam os sentidos (tato, visão, audição, etc.). Esses jogos desenvolvem o pensamento, diminui a tensão. Jogos Sociais de Mesa são realizados na mesa, com caráter educativo, sem estimular os jogos de azar. Para Caillois (1994), analisando as habilidades e interesses, classifica os jogos em: Alea, jogos de azar; Agon, jogos que levam a competição; Mimicry, jogos que induzem a imitação; Ilinix, jogos de vertigem. Segundo Melo (1981), os jogos se classificam em: Jogos de Seleção, utilizada para a separação de equipes e/ou participantes (par ou ímpar, palitinho); Jogos Gráficos, realizados em cima de algum desenho ou traçado (amarelinha, xadrez); Jogos de Competição, disputa física entre os participantes (pegas, cabo de guerra); Jogos de Salão, motricidade fina em locais restritos e/ou fechados (baralho, quebra - cabeça); Jogos com Música, com ritmo (cantiga de roda, karaokê). E de acordo com Mian (2003), os jogos são classificados em: pequenos, com regras fáceis e em menor quantidade, menor número de participantes e locais restritos; médios, por meio de regras pré-estabelecidas, em locais maiores como quadras ou piscina; grandes, com regras pré-estabelecidas e complexas, em maior quantidade e em locais grandes e abertos, com maior número de participantes. Segundo Guerra (1988), os jogos se classificam quanto à forma de participação: Recreação Ativa e Recreação Passiva. A Recreação Ativa está relacionada às atividades motoras, exige esforço maior do físico, como os jogos infantis e esportes em geral. As atividades 26 intelectuais, onde a mente é mais utilizada, como no xadrez e quebra-cabeça. As atividades artísticas ou criadoras, como a pintura, desenho, carpintaria, escultura, teatro, música, dentre outras. E finalmente as atividades de risco, que compreende àquela na qual o praticante coloca à prova sua integridade, como por exemplo, pára-quedismo, mergulho profundo, vôo livre, entre outras. Já, a Recreação Passiva, de acordo com Guerra (1988), está relacionada às atividades sensoriais, pois, trata-se de uma participação interativa com a atividade, como por exemplo, Torcida no estádio, onde se grita, balança os braços, salta participando emotiva e fisicamente. As atividades transcendentais, àquelas que se confundem com o ócio pela participação de espectador, como ver pinturas no museu, contemplar o pôr-dosol, relaxamento tranqüilizante. Quanto à faixa etária, segundo Guerra (1998), as Recreações podem ser: Adulta, para maiores de 18 anos; Infanto-juvenil, para crianças de 8 a 12 anos; Juvenil, para Jovens acima de 12 anos; Infantil, para crianças até os 7 anos; Mista, para várias faixas etárias - como pais e filhos juntos.Terceira Idade ou Idade Especial, para idosos. Quanto ao espaço as recreações, de acordo com Guerra (1998), podem ser internas e externas. Internas, quando realizadas em salas de festas; ginásios esportivos; salas de ginásticas; salas de musculação; salas de danças modernas ou clássicas; salas de música; salas de leitura; salas de projeção; piscinas térmicas, saunas e duchas. Salões de jogos: sinuca, bilhar, tênis de mesa, totó, bilhar, boliche, entre outros. Salões de jogos de mesa: buraco, biriba, paciência, xadrez, dama, entre outros. Estandes fechados: tiro ao alvo e arco e flecha. E na sala de jogos eletrônicos. Externas quando praticadas em campos de: futebol, beisebol, golfe entre outros. Em quadras poliesportivas em esportes individuais e coletivos; playgrounds infantis; piscinas; pátios para comemoração de datas espaciais; pistas de atletismo; hortos com pistas diversas, quadras, lagos, ciclovias, entre outros. Quanto ao ambiente, segundo o autor, as atividades são classificadas em terrestres; marinhas, náuticas ou aquáticas e aéreas. Quanto à participação dos indivíduos nas atividades físicas, estas podem ser segundo Guerra (1998): ativa; moderada ou calma. Cabe, portanto, 27 ao profissional que trabalha com o idoso a escolha da melhor recreação para ser utilizada na Terceira Idade. 1.3.2 Recreação na Terceira Idade Lorda e Sanches (2001) propõe que brincadeiras e jogos podem ser realizados em lugares abertos ou fechados, de simples organização, desde que com a aprovação dos idosos, adequados à idade, com alguma variação ou regra que os tornem mais lentos, sem tirar-lhes o valor de brincar ou de competir. Geis (2003), afirma que a recreação ajuda ao idoso a comunicar-se melhor com os outros e a enriquecer a relação que este idoso mantém com o ambiente que o cerca e as atividades devem ser desenvolvidas, considerando sempre sua capacidade física e as necessidades, interesses e motivação que ele apresente. Assim sendo, as atividades propostas de recreação para a terceira idade devem ser atraentes, gratificantes, integradoras, adaptadas a faixa etária, variadas, que favoreçam o contato social e desenvolvidas de modo que os idosos tenham condições de participar, gerando uma autoconfiança e satisfação e consequentemente após o término das aulas, mostrem-se alegres, descontraídos, exteriorizando uma autoestima elevada. A duração das atividades e sua intensidade devem ser adequadas à idade dos participantes e se houver regras, que sejam flexíveis. Para Benedetti (1999), a recreação tem como característica ser de livre escolha que visa proporcionar alegria, distração e prazer através de atividades que não apresentem preocupação com grande desempenho, estimulando a criatividade e a participação de todos os idosos, sem, no entanto estimular a competitividade, satisfazendo a necessidade de se expressar naturalmente, diminuindo assim tensões e preocupações. Benedetti (1999) afirma que, a recreação trabalha desde aquele idoso que apresenta incapacidade física até aquele que não apresenta nenhum problema físico. A recreação direcionada ao idoso que fisicamente apresenta 28 incapacidade, tem caráter individual e pela própria natureza é do tipo passiva, utilizando música e materiais diversos, para estimular os sentidos, os gestos e o raciocínio. A recreação por ser uma atividade desenvolvida em grupo, segundo Okuma (1998), leva o idoso a sentir-se valorizado, a fazer amizades, saber lidar com perdas e eventos negativos, sentir-se atuante no grupo e trazer satisfação pessoal. Esta autora, conclui que, este suporte social ajuda o idoso a manter uma autoestima positiva para enfrentar as dificuldades que surgem em decorrência da diminuição de energia, levando-o a adaptar-se às novas situações que se apresentam, gerando comportamentos afetivos. O idoso sente necessidade e valoriza as atividades em grupo, pois segundo Cavallari e Zacharias (2003), ele tem necessidade de se sentir integrado socialmente priorizando a sua participação em vez do resultado obtido na atividade. Rodrigues e Martins (2002) afirmam que, a recreação alcança seus objetivos quando, ao final das atividades desenvolvidas, vai perdurar o bom humor e o prazer, estendendo isto ao longo do dia, de modo que o idoso sinta prazer nos pequenos fatos do dia a dia. Para Barbosa (2000), várias são as formas de recreação que podem ser desenvolvidas pelos idosos, desde que sejam adaptadas, respeitando as características próprias desta faixa etária: gincana, ginástica, dramatização, jogos, danças, dentre muitas outras. Segundo Ferreira (2001), a recreação tem como característica ser de livre escolha que visa proporcionar alegria, distração e prazer através de atividades que não apresentem preocupação com grande desempenho, estimulando a criatividade e a participação de todos os idosos, sem, no entanto estimular a competitividade, satisfazendo a necessidade de se expressar naturalmente, diminuindo assim tensões e preocupações. 2 O EXPERIMENTO 2.1 Casuística e Métodos 29 Com o estudo desenvolvido objetivou-se em avaliar 20 voluntários com idades entre 55 e 85 anos, os participantes foram selecionados por meio de convite verbal. Os participantes foram informados sobre a proposta da pesquisa, detalhando os objetivos, metodologia, e benefícios em reunião com os responsáveis da pesquisa. Posteriormente, os interessados em participar receberam e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). 2.2 Critérios de Inclusão e exclusão Os critérios de inclusão e exclusão incluem: a) Ser sedentários. b) ter idade acima de 55 anos; c) não estar tomando nenhum tipo de calmante; d) Não estar fazendo nenhum tipo de terapia. 2. 3 2.4 Materiais a) Bexiga b) Aparelho de som c) Bolas de Volei d) Arcos e) Cones f) Fita Crepe g) Apito Caracterização da Amostra 30 A caracterização da amostra quanto a sua homogeneidade, foi realizada por de questionário de autoestima, para ambos os grupos. 2.5 Condições ambientais As atividades recreativas foram aplicadas na quadra poliesportiva João Manuel do Careno, da cidade de Lins no período entre os meses de Maio a Junho de 2012, horário matutino, das 9h e 30min às 10h 00, as datas e horários foram combinados com os participantes. 2.6 Desenho Experimental No primeiro dia foram selecionados os participantes, e entregue o termo de consentimento, explicando todo o procedimento do trabalho, após a assinatura dos termos foram divididos aleatoriamente em dois grupos, G1 que realizou atividade recreativa duas vezes por semana, com duração de 30 minutos por dia, e G2 sem atividade. As datas e horários que seriam aplicados as atividades recreativas foram combinados entre os participantes do G1. O questionário, (APÊNDICE B), foi aplicado antes e depois os dois meses, para a avaliação dos dados coletados. 2.7 Protocolo Experimental A realização do protocolo experimental consistiu em aplicações do questionário de Auto Estima (APÊNDICE B) pré e pós. 2.7.1 Atividades 31 2.7.1.1 Passa o arco Em linha reta, lateralmente de mãos dadas, duas equipes frente a frente, tendo como objetivo passar o arco de uma pessoa para outra sem soltar as mãos. Vence a equipe que passar o arco com mais agilidade até o ultimo individuo da mesma. 2.7.1.2 Passa bola Em duas filas indianas, passando a bola de vôlei entre as pernas até chegar ao ultimo individuo, o mesmo correrá para o inicio da fila e passará a bola novamente por todos. Quando todos os indivíduos passarem pelo o inicio da fila, vence a equipe. 2.7.1.3 Coelho sai – toca fica, toca fica – coelho sai, todos saem e ninguém fica. Separando uma parte dos participantes em duplas, em uma boa distância, sendo eles a toca, ficaram de mãos dadas um em frente ao outro. O restante dos participantes serão os coelhos. Lembrando que os coelhos tem que ter três a mais que as tocas. O recreador dará o sinal “coelho sai da toca”, os coelhos terão que procurar uma toca para entrar, no caso sempre irão sobrar três coelhos. O recreador dará outro sinal “toca sai do coelho”, os coelhos permanecem e as tocas terão que procurar outros coelhos. No ultimo sinal “todos saem e ninguém fica”, todos saem e vão formar tocas com seus respectivos coelhos; assim sucessivamente. 2.7.1.4 Bexiga no vôlei 32 Em uma quadra de vôlei, em duas equipes com mesmo numero de participantes, cada individuo receberá uma bexiga, separando as equipes pelo cor da mesma. Os participantes terá que passar a bexiga para o lado adversário da quadra, por cima da rede. Quando o recreado der o sinal de pare, a equipe que conseguir colocar a quantidade de bexigas do lado adversário vence a prova. 2.7.1.5 Tesouro Perdido Reúna as equipes e avise que tem um tesouro perdido, uma moeda de ouro, escondido no local. O recreado escolhe um individuo que não está participando e pede para ele cruzar os braços atrás e segurar o tesouro de mãos abertas e ficar caminhando pelo local. Quem ver a tesouro primeiro vence a prova juntamente com o seu grupo. 2.8 Análise Estatística Para análise dos dados será utilizado o teste de média e desvio padrão e para a comparação dos dados pareados o teste t - Student com nível significante p ≤ 0,05. 2.9 Resultado Os dados apresentados na tabela 1 representam as informações relativas ao gênero e a idade dos 10 sujeitos que compõem o Grupo controle (GC) e 10 sujeitos que compõem o grupo ativo (GA) avaliado. 33 Tabela1: Na tabela abaixo estão apresentados o gênero e a idade em média e desvio padrão, do grupo controle e grupo de atividade. Grupo controle (GC) Grupo ativo (GA) Gênero masculino 5 5 Gênero feminino 5 5 Media de idade 67,7 ± 9,87 67,3 ± 8,56 p≤0,05 Fonte: elaborada pelos autores, 2012 Tabela 2: Na tabela abaixo estão apresentados os valores médios e desvio padrão referente aos dados do questionário de Autoestima. Grupo controle (GC) Grupo ativo (GA) 3 ± 0,81 9,1 ± 0,73* Pontos do Questionário Fonte: elaborada pelos autores, 2012 * P≤0,05 em relação ao (GC) com (GA). Com os resultados apresentados na tabela 2 pode-se observar uma grande e estatisticamente diferença significante, do grupo controle em relação ao grupo ativo. 2.10 Discussão A presente pesquisa teve como propósito comparar e demonstrar a importância e a influencia da atividade física e recreativa na autoestima de idosos, comparando um grupo de idosos ativos com um grupo de idosos sedentários. Observa-se que a população idosa vem aumentando muito no decorrer dos anos. E essa população que se encaixa na terceira idade, está se isolando e sendo esquecida pela sociedade, e com isso tem como consequência a baixa autoestima desses indivíduos. 34 Lorda e Sanchez (2001), afirmam que a sociedade considera o idoso pouco importante, segundo estes, ser velho significa ser incapaz. Alguns problemas vêm associados à senilidade: a dependência, a perda de status social e impotência, enfim, o idoso é uma pessoa que incomoda e atrapalha as outras. Mas a falta de estimulo do próprio individuo nessa fase da terceira idade faz com que ele se sinta excluído e com baixa autoestima. Matsudo e Matsudo (1992) apontam uma série de disfunções nos diferentes sistemas do organismo que, de certa forma, diminuem a aptidão e o desempenho físico. E concluem que, muitos desde efeitos deletérios são secundários a falta de atividades físicas. Já a autoestima para Okuma (1998), se apresenta positiva ou negativa, enquanto Branden (2001), afirma que, ela se apresenta de positiva a negativa. Segundo Oliveira e Negreiros (2007), o idoso quando sente o corpo fraco e cansado, percebe que a juventude já foi e que a morte é inevitável, seus sentimentos se assemelham a doentes terminais e se transformam em uma espera solitária, muitas vezes marcadas por revoltas, ressentimentos, frustrações e depressão. Para Fox (1997), a autoestima tem sido desenvolvida positivamente com a intervenção de programas de exercícios físicos e esporte, tendo resultados inéditos na qualidade de vida e bem-estar mental. O autor também coloca que a autoestima esta correlacionada diretamente à autoimagem. Carvalho (1996), afirma que a participação em grupo de ginástica traz sentimentos positivos em relação ao próprio corpo, níveis mais altos de autoestima e “competições saudáveis” gerando dentro do grupo. Por sua vez Santini (1993), relata que a recreação faz parte do lazer, sendo uma atividade física ou mental, onde as atividades são provenientes de motivação interior, com características psicofísico emocional, promovendo o equilíbrio, pois preserva ou restaura a integridade do organismo. Benedetti (1999), afirma que, a recreação trabalha desde aquele idoso que apresenta incapacidade física até aquele que não apresenta nenhum problema físico. A recreação direcionada ao idoso que fisicamente apresenta incapacidade, tem caráter individual e pela própria natureza é do tipo passiva, utilizando música e materiais diversos, para estimular os gestos e o raciocínio. Diante dos conceitos expostos verificou-se que a recreação para a 35 terceira idade tem resultado significante na autoestima, mas faltam profissionais capacitados e voltados para esse tipo de recreação, visto que a recreação pode alcançar um grupo maior de idosos de uma só vez. A recreação não tem limites nem para a idade e nem para as capacidades físicas dos indivíduos, e sim é necessário adapta-los as atividades recreativas e programar adequadamente as atividades conforme o publico a ser atingido. Tornando a recreação não só um material de lazer e sim um instrumento de motivação, condicionamento físico e inclusão desses indivíduos a sociedade em que vivem esses profissionais estarão contribuindo com a sua experiência para a melhoria da saúde, do bem estar e da qualidade de vida dos mesmos. 2.11 Conclusão Conclui-se assim que a atividade física na terceira idade traz benefícios corporais e psíquicos, comprovados através de um questionário de autoestima. O resultado da pesquisa pôde ser concluído através do questionário realizado antes que começassem a pesquisa e outro pós os dois meses de estudo. Percebe-se que é fundamental para a terceira idade a conscientização dos benefícios que a atividade física traz para autoestima. Podendo assim dizer que deveria haver mais incentivo da mídia e dos meios públicos, e que sejam realizados mais projetos para a conscientização dos benefícios que traz a atividade física na terceira idade, evitando assim o isolamento, a depressão e inúmeras patologias. 36 REFERÊNCIAS A RECREAÇÃO na Terceira Idade. www. scrib.com. [s.l]. 23 fev. 2011. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/49359004/RECREACAO-NATERCEIRA-IDADE Acesso em 20 de maio de 2012. BARBOSA, R.M.S.P. Educação física gerontológica saúde e qualidade de vida na terceira idade. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. BENEDETTI, T. R. B. Idosos asilados e a prática de atividade física. 1999. Dissertação (Mestrado em Educação Física na área de Atividade Física e Saúde). UFSC, Florianópolis. 1999. BENEDETTI, T.B. PETROSKY, E.L. GONÇALVES, L.T. Exercícios Físicos, Auto-Imagem e Auto-Estima em Idosos Asilados. Revista Brasileira de Cineantropometria. Disponível em: www.periodicos.ufsc.br. Florianópolis. 2012. BRANDEN, N. 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Qualquer dúvida em relação ao estudo será imediatamente esclarecida pelos responsáveis pelo estudo e Sr (a) receberá explicações detalhadas sobre os procedimentos e métodos que serão realizados. O Sr (a) não receberá remuneração para participar da pesquisa. O Sr (a) estará livre para retirar seu consentimento e desistir de participar do estudo, em qualquer momento, sem interferência no relacionamento que tenha com a instituição. Eu ___________________________________________________ entendo descrito acima e dou meu consentimento para ser incluído neste estudo. o que foi ______________________________________ Assinatura do participante Eu declaro que expliquei ao participante acima a natureza e os objetivos da pesquisa, os prováveis benefícios e possíveis riscos com a participação neste estudo. ____________________________________ Assinatura dos pesquisadores Lins, ___ de __________________ de 2012 41 APÊNDICE B QUESTIONARIO DE AUTOESTIMA NOME: ____________________________________ DATA___/___/___ 1 – Você se sente sozinho? ( ) Sim ( ) Não 2 – Gosta do ambiente onde vive? ( ) Sim ( ) Não 3 – Dorme bem? ( ) Sim ( ) Não 4 – Faz alguma atividade física? ( ) Sim ( ) Não 5 – Sente dores? ( ) Sim ( ) Não 6 – Se alimenta bem? ( ) Sim ( ) Não 7 – Você passeia frequentemente? ( ) Sim ( ) Não 8 – Você tem medo da morte? ( ) Sim ( ) Não 9 – Você se relaciona fácil? ( ) Sim ( ) Não 10 – Você guarda magoa de algo do passado? ( ) Sim ( ) Não Observações: Respostas: Cada resposta “sim” vale 1 ponto nos itens: 2,3,4,6,7,,9 Cada resposta “não” vale 1 ponto nos itens: 1,5,8,10 Pontuação: 0 – 3: auto-estima baixa 4-6: auto-estima média 7-10: auto-estima alta 42 ANEXO C Figura 1 – Coelho sai – toca fica, toca fica – coelho sai, todos saem e ninguém fica. Fonte: elaborada pelos autores, 2012. 43 ANEXO D Figura 2 – Bexigas no Voleibol Fonte: elaborada pelos autores, 2012