Sônia Aparecida Siquelli Andréa Silva Domingues (Orgs.) UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ-Univás POUSO ALEGRE 12 DE NOVEMBRO 2014 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Sônia Aparecida Siquelli Andréa Silva Domingues (Orgs.) Atas de Textos Completos do I Encontro Institucional Pibid/Univás Universidade do Vale do Sapucaí-Univás Pouso Alegre/MG 12 de Novembro de 2014 1 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS I Encontro Institucional PIBID/UNIVÁS: “Orgulho de Ser Professor.Acreditamos na Formação Docente” (1: 2014 :Pouso Alegre, MG): Atas. Pouso Alegre, 12 de novembro de 2014 / organizado por Sônia Aparecida Siquelli, Andréa Silva Domingues – Pouso Alegre: Univás, 2014. 73p. Vários autores. Bibliografia . ISBN: 978-85-67647-04-3 Prefixo editorial: 67647 Tipo de Suporte: Internet 1 Artigos – Coletâneas. 2. PIBID 3. Formação de Professores. 4.Profissional da Educação 5. Licenciaturas. 6. CAPES. 7. PIBID/UNIVÁS. I. SIQUELLI, Sônia Aparecida. II. DOMINGUES, Andrea Silva. (orgs) . IV. Título. 2 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Comissão Organizadora Coordenação Institucional Pibid/Univás Coordenadores de Subprojetos Comitê Científico Sônia Aparecida Siquelli (Univás) Andréa Silva Domingues (Univás) Daniela Dias dos Anjos (Univás) Elizabete Maria Espindola (Univás) Manoel Araújo Teixeira (Univás) 3 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Universidade do Vale do Sapucaí Unidade Fátima Pouso Alegre 2014 Realização Coordenação Institucional PIBID/UNIVÁS Coordenação Sônia Aparecida Siquelli Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Andréa Silva Domingues Apoio UNIVÁS, FUVS e Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa. Universidade do Vale do Sapucaí Avenida Prefeito Tuany Toledo, 470 Pouso Alegre, MG CEP 37.550-000 www.univas.edu.br 4 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS I Encontro Institucional PIBID/UNIVÁS “Orgulho de ser Professor. Acreditamos na Formação Docente” O PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência, da Universidade do Vale do Sapucaí, convida você para participar do I Encontro Institucional do PIBID/ UNIVÁS, que reunirá membros do PIBID (licenciandos, supervisores, coordenadores) de três Instituições de Ensino Superior para discutir a formação na graduação e a docência na educação básica, no âmbito da pesquisa e das experiências em aulas presenciais. Nessa edição, o evento abordará discussões relacionadas aos temas, escolhidos em conformidade com as atuais áreas de abrangência do PIBID na UNIVÁS: - Formação Docente - Cotidiano Escolar - Ensino 12/ 11/2014 8h e 30 min- Recepção 9:00 h -Abertura Oficial do Evento 9h e 30 min- Mesa Redonda: “Formação Docente em Foco: da graduação ao cotidiano Escolar” Profª Drª Andrea Silva Domingues Pró-Reitora de Pesquisa Prof. Dr. José Luís Sanfelice Coordenador do Mestrado em Educação Prof. Dr. Guilherme Carrozza Pró-Reitor de Graduação 11 h– Teatro : “O Duelo das Fadas” Grupo de Pibidianos da FAI- Santa Rita do Sapucaí 13h e 30 min- Exposição de Painéis de Atividades de Prática do Cotidiano Escolar. Bolsistas Pibdianos 15h- “Contação de História:” Profª Edith Marinho Ribeiro Carvalho 15h 30 min: Mesa – Redonda: “ O Ensino em Discussão” Profª Drª Marilda de Castro Laraia Coordenadora do curso de História Profª Drª Mirian Lobo Saber Coordenadora do curso de Ciências Biológicas Profª Drª Rosimeire Ap. Soares Borges Coordenadora do curso de Matemática Profª Drª Sandra Maria Silva Sales Oliveira Coordenadora do curso de Pedagogia Pesquisadores em Educação: Prof. e Mestrando em Educação Álvaro Nonato Franco Ribeiro Profª e Mestranda em Educação Daniella Ribeiro do Vale e Silva Vieira 17h – Encerramento Coordenação Institucional do Pibid/Univás 5 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS SUMÁRIO APRESENTAÇÃO......................................................................................................09 ARTIGOS - FORMAÇÃO DE PROFESSOR: PIBID- UNIVÁS – 2014..............................................16 José Luís Sanfelice - A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ENSINO SUPERIOR NA CONTEMPORANEIDADE...........................................................................................24 Guilherme Carrozza - O ENSINO EM DISCUSSÃO: FORMAÇÃO DO PEDAGOGO APÓS AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DE 2006....................................................................30 Sandra Maria Silva Sales Oliveira - CURSO DE LICENCIATURA.....................................................................................33 Mirian Lobo Saber - DO PROFESSOR PESQUISADOR AO ALUNO PESQUISADOR E REFLEXIVO...............35 Rosimeire Ap. Soares Borges - FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA CONFORME DETERMINAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS.................................................................37 Marilda de Castro Laraia RELATOS DE EXPERIÊNCIAS – COORDENAÇÃO DE ÁREA PIBID/UNIVÁS - A INSERÇÃO DO PIBID EM ESCOLAS ESTADUAIS DE POUSO ALEGRE: SUBPROJETO PEDAGOGIA.......................................................................................40 Daniela Dias dos Anjos AS EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS E OS DESAFIOS COLOCADOS AOS PIBIDIANOS PELAS ESCOLAS VIRGÍLIA PASCHOAL E POLIVALENTE EM POUSO ALEGRE – MG.....46 Elizabete M. Espindola PIBID/UNIVAS UMA CONQUISTA PARA O FUTURO PROFESSOR..............................50 Manoel Araujo Teixeira 6 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS RELATOS DE PESQUISAS- PESQUISADORES DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO/UNIVÁS - FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA: RELAÇÕES ENTRE A FORMAÇÃO INCIAL E A PRÁTICA DE ENSINO......................................................................................57 Álvaro Nonato Franco Ribeiro Sônia Aparecida Siquelli - FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A DIALOGICIDADE E O COMPROMETIMENTO ÉTICO.......................................................................................................................66 Daniella Ribeiro do Vale e Silva Vieira Sônia Aparecida Siquelli 7 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS APRESENTAÇÃO A compreensão que se pode fazer neste período de um ano de Pibid/Univás, diz respeito quanto à formação à docência como reflexão teórica sobre as questões didático-pedagógicas. Como exemplo, podemos citar as reuniões formativas de planejamento das ações e a avaliação dos resultados, que perpassam o fazer docente. Cada subprojeto criou com seus pibidianos um cotidiano de trabalho em equipe, que procura manter as reuniões regulares, em que são discutidos referenciais teóricos no que tange às especificidades de cada uma das licenciaturas. Os grupos de estudos organizados pelos pibidianos estudam temas ligados ao seu campo de atuação, levando a uma troca de experiência entre os participantes, de forma a proporcionar e a criação de estratégias diversificadas de ações e, também, problematizar aspectos ligados a questões didático-pedagógicas oriundas da atividade docente. Estas reuniões formativas dos grupos de estudo são de caráter permanente e permite à equipe uma reflexão sobre a importância do diálogo e da troca entre os responsáveis pela execução do subprojeto, no intuito de compreender o significado da docência, no âmbito dos espaços formativos e do campo de atuação desse profissional no contexto da região do sul de Minas Gerais. Há outras atividades, que contemplam a análise da documentação da escola, como o projeto pedagógico, a compreensão da rotina escolar, o reconhecimento da realidade social em que se desenvolve a docência na área de conhecimento do subprojeto, considerando-se o nível socioeconômico do alunado, bem como o mapeamento das condições físicas e didático-pedagógicas do ambiente escolar para o bom desenvolvimento do ensino na educação básica. Dessa forma, foi possível ao bolsista compreender o contexto educacional em que se inserem as ações do PIBID, seus desdobramentos e implicações, do ponto de vista do local em que se desenvolvem e das condições sócio históricas em que essas ações se inserem. Os bolsistas realizam um levantamento dos espaços das escolas, bem como do perfil dos alunos, professores e demais profissionais envolvidos nas ações. Além disso, firmam 8 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS parcerias com a direção/supervisão das escolas de forma que possa participar tanto das discussões sobre o planejamento das aulas, quanto das reuniões pedagógicas e colegiadas. Os resultados dessas ações contribuíram de forma significativa para a criação de ações didático-pedagógicas específicas em cada subprojeto, as quais possam surtir efeitos positivos no ensino e na formação docente. A Universidade do Vale do Sapucaí-Univás, é a Instituição de Ensino Superior que assumiu estar, efetivamente, presente na educação superior dos jovens do sul de Minas Gerais. Neste sentido, desde a criação das licenciaturas, a Univás vem desenvolvendo um importante trabalho nesta região quanto à formação de professores para Educação Básica, de forma a possibilitar uma melhor adequação desta região em termos de desenvolvimento social e da educação, buscando uma redefinição e uma reorganização a nível pedagógico, técnico e científico. Nesse contexto, o Pibid tem colaborado com a forma de interferir positivamente na qualidade da Educação Básica nesta região do Sul de Minas Gerais. Em 2014, a Univás empenhou-se em participar nesta parceria com a Capes com objetivo de valorizar o magistério e apoiar estudantes das licenciaturas. O Ministério da Educação - MEC - por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, lançou o Pibid com o objetivo principal de estimular e elevar a qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de licenciatura das instituições de educação superior. A Univás participou deste processo seletivo Pibid/2014 com três cursos de licenciaturas: Ciências Biológicas, História e Pedagogia, todos do Campus Fátima/Univás Pouso Alegre/ MG, por ter compromisso institucional tanto na formação de professores bem como de contribuir junto à comunidade na qual está inserida. Se propôs atuar no Pibid com a elaboração de uma proposta inovadora frente os objetivos do Pibid/Capes e criativa frente à realidade de formação desta região específica. Isto, principalmente, por acreditar ser esse um excelente meio de contribuir positivamente na qualidade da educação básica do município de Pouso 9 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Alegre e das cidades atendidas pela universidade que atualmente passam de cinquenta e três (53) municípios, desta região do sul de Minas Gerais. É importante para Univás reiterar o interesse de ampliar as ações do Pibid/Univás, com o aumento de vagas nos subprojetos existentes e também com novos subprojetos, em editais novos, para os cursos de Matemática, Letras e, possivelmente, em Psicologia e Educação Física. Isto devido a visibilidade da formação dos pibidianos no cotidiano dos cursos de licenciatura. Esta participação dos graduandos de licenciaturas no projeto tem contribuído muito com a qualidade das aulas na graduação, estes fazem a diferença durante as aulas e estimulam a todos a participarem das atividades do projeto. Em 2014 foi realizado um Movimento dentro da instituição em favor das licenciaturas, em novembro/2014, onde os alunos fizeram uma camiseta constando o lema: “Orgulho de ser Professor. Acreditamos na Formação Docente” 1. Neste sentido, alguns depoimentos da coordenação das Licenciaturas da Univás vêm colocar a importância desta experiência no dia a dia do cotidiano da escola. O PIBID permite que os alunos se inteirem de forma mais ampla sobre a docência, onde antes obtinha-se somente como prática de ensino em sala de aula, permitindo perceber a complexidade do exercício da profissão. Do mesmo modo, o programa valoriza o acadêmico, incentiva à licenciatura e eleva a qualidade das ações acadêmicas. Proporciona ao aluno experiências e práticas docentes que levam a solução de problemas, tornando-as parte do seu processo de formação. Os acadêmicos que participam ativamente do PIBID possuem um desenvolvimento progressivo na postura dentro e fora da sala de aula, adquirem um senso crítico e se empenham cada vez mais dentro do curso. É para eles uma oportunidade de revisão a prática educativa, renovação de ideias, inundando assim os cursos de licenciatura de novas possibilidades. A Universidade, por sua vez, eleva a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciaturas e como resultado recebe o reconhecimento na formação de professores mais preparados e de profissionais 1 Vide: http://somospbidunivas.blogspot.com.br/2014/11/atividades-na-escola.html. 10 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS melhores colocados dentro do mercado de trabalho. (Depoimento cedido pela coordenadora do curso de Ciências Biológicas-Univás) - considero que o PIBID é muito importante para instituição e para o curso de Pedagogia por incentivar a pesquisa na graduação. Os alunos envolvidos do curso têm oportunidade de aprender e contribuem para o amadurecimento da pesquisa e da educação. Além disso, os estudantes bolsistas de Pedagogia têm oportunidade de terem uma formação docente que irá refletir em suas atuações profissionais no futuro. Alunos-Bolsistas de Pedagogia além de estarem aprofundando questões relativas ao ensino desenvolvido na universidade envolvem-se em atividades de pesquisa e extensão, produzindo conhecimentos sobre questões de Educação e em temas específicos de seu interesse, vivenciando um diálogo interdisciplinar com as demais licenciaturas envolvidas no PIBID. (Depoimento cedido pela coordenadora do curso de Pedagogia-Univás) - Os alunos do curso de Pedagogia da Univás que participam do PIBID apresentam ganhos que valem à pena comentar. Enquanto coordenadora e professora do Curso, pude observar que apresentaram melhorias no campo social, se tornaram mais desembaraçados para falar em publico e com facilidade para socializar dúvidas em sala de aula. Houve também aumento do senso de responsabilidade para executar as tarefas exigidas em sala de aula. Antes do PIBID, pedia-se para os alunos leituras referentes ao assunto que seria tratado na próxima aula. Apenas um ou dois alunos faziam a tarefa pedida, hoje, observa-se um empenho maior nas pesquisas sobre o tema pedido. Os debates e reflexões em sala de aula do curso de Pedagogia parecem ser importantes para os pibidianos encontrarem alternativas para redimensionar, sua atuação em sala de aula. Foi visível a percepção de que a experiência no programa PIBID proporciona aos participantes, maior determinação, responsabilidade e disciplina, indicando também uma identidade profissional mais madura. Soma-se a isso maior facilidade em relacionar teoria e prática e melhorias no desempenho acadêmico dos mesmos. Enfim, observou-se que ao participar do cotidiano escolar, o bolsista de iniciação a docência, passou a ter mais confiança em si mesmo e autocontrole para lidar com situações inesperadas, além da percepção dos comportamentos em sala de aula e 11 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS conhecimento dos diferentes ritmos de aprendizagem. Sem duvida observa-se um aprimoramento na formação dos alunos do curso de Pedagogia.”. (Depoimento cedido pela excoordenadora do curso de Pedagogia e vice-coordenadora do Mestrado em Educação-Univás). - Os pibidianos e pibidianas se destacam em sala de aula da graduação pelo comprometimento e entusiasmo com a prática docente. Aproximam os colegas de turma, durante as atividades práticas e mesmo de discussões teóricas da realidade escolar, que muitas vezes não aparecem no estágio de formação, mas que são alvo de polêmicas geradas a partir dos resultados do IDEB e do julgamento da sociedade sobre a questão da qualidade em educação. Esta aproximação se faz de forma crítica e sem juízo de valor, pois consideram que cada unidade escolar é fruto de um processo histórico que a constituíram e que a partir deste, buscam construir dia a dia uma escola melhor. (Depoimento dos coordenadores de área que também são professores da Licenciatura) Com isto o Pibid/Univás, veio atender uma realidade do próprio histórico da Universidade em formação de professores para região do Sul de Minas Gerais/MG, objetiva complementar a formação destes bolsistas graduandos na relação da teoria com a prática e, mais que isto, conhecer e vivenciar o cotidiano escolar em sua complexidade, desde relação ensino aprendizagem, à formação cultural dos alunos e sua socialização na escola. Este incentivo do PIBID/Capes à valorização do Magistério e do aprimoramento do processo de formação de professores promove o espaço de contribuição com a prática escolar, a metodologia empregada está baseada na formação teórica dos bolsistas, compreendida o estudo de metodologias de ensino e confecção de materiais didáticos e também vivência na prática escolar com todo seu universo de ensino e aprendizagem. Neste momento do projeto os resultados vislumbram um novo comportamento destes bolsistas pibidianos na sua própria formação, o que faz que se destaquem em suas turmas. Estão construindo uma identidade docente e 12 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS desmistificando os conhecimentos do senso comum sobre as realidades da escola. O Blog foi criado para socializar as atividades desenvolvidas por cada subprojeto na escola e na formação. O Projeto Pibid/Univás pelo tempo de trabalho, dois semestres, aprimorou a formação dos bolsistas e conseguiu incentivar as licenciaturas na instituição. Conseguiu estabelecer uma relação harmoniosa com as escolas atendidas e de contribuição com o trabalho pedagógico da escola. Ainda falta de acordo coma disponibilidade de verba da Capes, investir na formação dos pibidianos quanto à confecção de materiais didáticos e viagens culturais, e de participação em eventos. Como momento avaliativo e considerando o pouco tempo do Pibid/Univás, quanto às questões sobre aprendizagens, ações pedagógicas, influência do Pibid na formação inicial e continuada, fragilidades e potencialidades do programa, acreditamos que o Pibid é uma proposta de valorização dos futuros docentes durante seu processo de formação e tem como objetivo o aperfeiçoamento da formação de professores para a educação básica e a melhoria de qualidade da educação pública brasileira, é de fundamental importância reforçar a necessidade de aumento de bolsas para os subprojetos já existentes e de edital para novos subprojetos, assim os estudantes de cursos de licenciaturas poderão desenvolver atividades pedagógicas em escolas da rede pública de educação básica, e, ao mesmo tempo construir uma formação diferenciada de docência: formação a partir da prática e do cotidiano escolar amparada pela formação acadêmica de sala de aula da graduação. Nesse sentido, elencamos algumas perspectivas: - a organização e publicação de uma revista eletrônica e/ou um livro com artigos acadêmicos apresentando reflexões e relatos de experiências acerca da participação no Programa, que deverá ser produzido pelos bolsistas, supervisores e coordenadores do Pibid/Univás; - estimular a produção e publicação de artigos em anais de eventos e em periódicos de circulação nacional e internacional, bem como a pesquisa ligada à 13 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS atividade docente com desenvolvimento de projetos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso acenando a relevância da formação continuada; - contribuir na construção de um novo olhar às diferentes áreas de conhecimento da atividade docente da Educação Básica, por meio da divulgação de oficinas que mobilizem toda a comunidade e o entorno escolar, estimulando a mobilização de um maior número de participantes na consolidação e construção de novos projetos; - realizar fóruns anuais de discussão com os coordenadores e secretarias municipais e estaduais de educação. Análise e produção de recursos didáticos próprios ao contexto de ensino da Educação Básica, para tanto, faz-se necessário o desenvolvimento de competências de leitura, interpretação e construção textual em diferentes gêneros. Como compromisso a Univás uma carta prévia de intenções, este projeto delineia alguns caminhos possíveis. Antecipa algo que não se pode ver com muita nitidez, é fruto deste lugar do Sul de minas Gerais, que como outras regiões, apresenta um olhar específico para formação docente de qualidade, de possibilidades e de realizações. Temos consciência da importância do trabalho entre a Universidade e a Educação Básica e da nova postura profissional que, a exemplo dos tempos de crises herdados do século XX, trazemos conosco a certeza que como afirma Arendt (2012): “Pensar sem corrimão” e, que a crise é um momento oportuno de construção de uma realidade nova para a qualidade de formação de professores no Brasil. Sônia Aparecida Siquelli2 Coordenadora Institucional Pibid/Univás 2 Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos-Ufscar. Professora no Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí-Univás, em Pouso Alegre/MG. Líder do NEPHEB-Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ética, Política e História da Educação Brasileira. Email: [email protected] 14 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS ARTIGOS 15 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS FORMAÇÃO DE PROFESSOR: PIBID/UNIVÁS – 2014 José Luís Sanfelice 3 O presente texto corrobora a visão crescente de que a formação dos professores se constitui numa das principais estratégias para qualificar o sistema de ensino escolar gerenciado por qualquer nível do poder público. De fato, as políticas de formação de professores se desenvolveram ao longo da segunda metade do século XX e ganharam especial relevância nos seus anos 90. Em pleno processo de globalização, um amplo fenômeno econômico, cultural, social, tecnológico etc..., de reconfiguração mundial do modo-de-produção capitalista, os chamados Estados nacionais promoveram suas reformas de modo a se adaptarem às novas exigências da matriz teórica e política neoliberal. Em geral as ditas reformas implementaram velho-novas políticas sociais em detrimento, quase sempre, de ganhos anteriores das classes trabalhadoras (2). No quadro das reformas a educação não ficou esquecida e passou a ser focada também em nível mundial. Os temas educacionais foram objeto dos fóruns internacionais e, na prática, os sistemas nacionais de ensino sofreram intervenções das orientações das Agências: ONU, UNESCO, OIT, FMI, por exemplo. Nos dias de hoje amplia-se, de forma considerável, a atenção dos estudiosos e pesquisadores preocupados em entender e dimensionar o conjunto de transformações globais que o modo-de-produção capitalista vem desenvolvendo. As mudanças são, por todos os lados e, em várias dimensões, tão profundas que não há 3 Professor titular em História da Educação na FE/UNICAMP. (Aposentado e colaborador). Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil”– HISTEDBR. Histedbr. fae.unicamp.br. Coordenador e Docente do Mestrado em Educação da UNIVÁS. [email protected] 16 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS ser humano que não se sinta atingido por elas. Na essência as sociedades capitalistas continuam sendo o que sempre foram, ou seja: sociedades nas quais o capital explora o trabalho; sociedades que defendem com unhas e dentes a propriedade privada dos meios de produção; sociedades que geram riquezas por meio do trabalho social de muitos, mas que são apropriadas por poucos; sociedades de elevado consumo e de profundas desigualdades. Sempre reproduzindo a mesma essência, as sociedades capitalistas são impelidas às novas conjunturas para que se avivem as chances da própria manutenção. E, de crise em crise, o modo-de-produção capitalista alonga sua permanência, mas fadada a se exaurir um dia. Em 1966 a UNESCO, juntamente com a OIT, convocaram a Conferência Intergovernamental Especial sobre a Situação dos docentes dos Países Membros. Do referido evento herdou-se o documento “Recomendação relativa à situação do pessoal docente” com amplas “diretrizes sobre política de educação, planos de estudo, formação docente, emprego, condições de trabalho, e participação dos professores na tomada de decisões” (Rodriguez e Vargas, 2008, p. 39-40). Além do reconhecimento do papel dos docentes na educação, na formação das pessoas e na sociedade como um todo, propôs-se um detalhado programa de formação geral, integral, técnicopedagógico, continuada e gratuita. No Brasil a ditadura civil-militar imposta pelo denominado Movimento de 64 fez reformas educacionais que atendiam objetivos da internacionalização da economia. O ensino superior foi reorganizado pela Lei 5540/68 e a Lei 5692/71 modificou o antigo ensino primário e médio, agora denominados de primeiro e segundo graus. Desapareceram as Escolas Normais, de formação de docentes e, se instituiu a Habilitação Específica de 2º grau para o exercício do magistério de 1º grau (HEM), dispersa entre outras. As mudanças econômicas mundiais se aceleraram e muitas perdas de direitos nos Estados de bem-estar se configuraram. Nas ditaduras semeadas pela América Latina, nem os direitos humanos essenciais eram respeitados. 17 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Nos anos 80, com o crescimento da influência dos neoliberais (3) em muitos governos, a prioridade da política econômica passou a ser o investimento em infraestrutura para garantir a ampliação dos ganhos do capital. O mundo capitalista deixou de ter a concorrência dos países socialistas em derrocada e se sentiu mais liberado para ampliar a sua lógica de funcionamento onde quer que fosse. Os países periféricos da globalização passaram a ser monitorados pelo Banco Mundial que, emprestando dinheiro para que pagassem suas dívidas, exigia cortes nos gastos sociais, especialmente da saúde e educação. Foram tempos de privatização dos serviços públicos, de ampliação do desemprego estrutural e de flexibilização do trabalho. A lógica de mercado tornou-se soberana nas mais diferentes instâncias das sociedades afetadas e, muita pobreza passou a se constituir no cotidiano de milhões de seres humanos. A globalização demonstrava que nem todas as sociedades ganhariam algo de bom com ela. A dramaticidade dos problemas relacionados à educação em muitos países acabou se refletindo nas Agências e nos eventos internacionais. A Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990, em Jontien – Tailândia-, é um exemplo. Do documento Declaração Mundial e um Marco de Ação, assinado por 155 países, surgiam políticas educativas relacionadas à educação básica e às questões docentes. Em 1996, em Genebra, a 45ª Reunião da Conferência Internacional de Educação, patrocinada pela UNESCO e destinada a Ministros de Educação, o tema central dedicou-se ao papel dos docentes em um mundo em processo de mudança. Pouco antes, os Ministros de Educação da América Latina e do Caribe, reunidos em Kingston, Jamaica, elaboraram o documento Educação, Democracia, Paz e Desenvolvimento com várias recomendações relacionadas aos docentes. Em 1997 e 2000, OIT/UNESCO fizeram também suas manifestações voltadas aos docentes do ensino superior. Sintetizando as temáticas das Agências e dos fóruns internacionais, podese dizer que são as seguintes: formas de contratação e carreira dos docentes; participação nas decisões; formação; a situação da mulher docente; a deterioração do 18 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS trabalho; profissionalização; formação permanente; desempenho; salário; imagem social; formação em serviço, dentre outras. Documentos resultantes de novos eventos regionais ou internacionais continuaram sendo produzidos e destacando o papel dos docentes no sucesso das reformas educativas promovidas pelos Estados. Apenas menciono alguns deles: encontro de Santo Domingo, 2000, com a participação da América Latina, Caribe e América do Norte e que produziu o documento Educação para todos nas Américas. Marco da Ação Regional, assinalando o comprometimento dos Estados em melhorar as condições de profissionalização dos professores. Ainda em 2000, o Fórum Mundial de Educação, realizado em Dakar, Senegal, que avaliou o cumprimento das metas estabelecidas em Jontien e estabeleceu novos alvos até o ano de 2015, destacou a necessidade de melhorar as condições sociais, o ânimo e a competência profissional dos docentes, bem como a formação de qualidade. Na Primeira Reunião Internacional do Projeto Regional de Educação para América Latina e o Caribe – Havana, 2002 –, a Declaração de Havana propõe que o lugar de formação de professores é a Universidade. (4) Em estudo bem acurado BEECH (2008) demonstra a influência que as Agências, com seus fóruns regionais ou mundiais e os documentos neles produzidos tiveram sobre as reformas da formação docente na Argentina e no Brasil. A visão de mundo e o ideário dos reformadores e governos locais espelham o que elas impingem quase que mundialmente. O autor citado lembra que, dentre os pressupostos da visão universalizada, um deles é a afirmação de que os docentes devem ser flexíveis e adaptáveis. Os docentes devem aprender a adaptarem-se às mudanças permanentes no currículo e nos métodos. Como a atual formação do docente não o prepara para tanto, nem para acompanhar a evolução permanente do conhecimento, faz-se necessária à formação continuada para que ele tenha autonomia e seja responsável pelo seu trabalho. Também não lhe pode faltar a criatividade para que se constitua em um guia do aluno 19 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS que constrói o seu próprio conhecimento. É necessário que saiba trabalhar em equipe e que sua formação tenha sido prática. Também nas políticas educativas gerais o Brasil reflete aquilo que as Agências tornaram orientações hegemônicas: descentralização, autonomia da escola, currículo baseado em competências, sistemas centrais de avaliação de resultados e a profissionalização dos docentes. É possível observar que se disseminou uma crítica generalizada à formação docente que vinha sendo praticada. A proposta, agora, de uma formação docente permanente o responsabiliza por obtê-la. Acrescenta também a ideia que o obriga a estabelecer vínculos com a comunidade e se tornar o responsável pela aprendizagem dos alunos, incluindo aqueles de menor rendimento. BEECH (2008) se mostra surpreso com a legitimação que as propostas das Agências receberam por aqui e, posso acrescentar, tornaram-se absolutamente hegemônicas (5). Dentre outros aspectos a legitimação e a hegemonia do ideário das Agências na nossa legislação tornam quase inviável que se pense possibilidades diferentes para a educação, para a formação docente e para a sociedade. Obteve-se, de forma até subliminar, um consenso. Traduzo a seguir, de forma livre, a principal crítica das propostas das Agências e com a qual concordo: A crítica fundamental que se pode fazer às propostas das agências internacionais se centra na ideia de que um modelo universal de educação pode ser promovido como solução da maioria dos problemas educativos em quase todos os contextos do mundo. O suposto que está implícito na ideia é que a educação pode ser entendida como um aspecto independente da realidade social e que, portanto, as soluções educativas podem se transferir de um contexto a outro, sem maiores problemas. (BEECH, 2008, p 78) Na prática, as propostas universais acabam por ignorar as especificidades regionais e/ou locais, as reinterpretações dos discursos, as resistências e a base material para a qual deveriam se voltar. Os resultados esperados podem não ser alcançados e também, ás vezes, provocam desastres. 20 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Mais recentemente percebe-se que os docentes em formação ou em ação no “chão da escola” estão lançados à própria sorte. A maioria dos que se encontram em formação frequenta escolas privadas e, portanto, precisa arcar com todos os custos da empreitada. A qualidade básica da formação geral ou específica é um nó a ser desatado. Quem está em ação é induzido a prover sua formação continuada/permanente e, viver sob a ameaça dos novos sistemas de avaliação que impactam também os proventos, hoje, se não aviltantes, pelo menos muito inferiores às profissões equivalentes. A complexa situação dos profissionais docentes nos dias de hoje, quando os níveis escolares inferiores vem se universalizando, é bastante delicada. Pesam sobre eles inúmeras críticas e verdadeiras campanhas midiáticas de desabono. As relações com os poderes públicos ou privados – setor onde reina a educação mercantil – são dificílimas no que diz respeito a planos de carreira, salários e condições de trabalho. Mais difíceis ainda a cada dia, por conta da pouca mobilização da própria categoria. O encontro dos docentes com os alunos em sala de aula ou com as famílias em outras atividades não está sendo exatamente a convivência de um paraíso. O desafio atual é discutir as questões candentes para que a reflexão coletiva vislumbre as possibilidades do magistério e seus significados na sociedade contemporânea em mutação, mas na essência ainda a mesma. (6) A educação no Brasil teve avanços, como na universalização e acesso ao Ensino Fundamental, mas ela ainda permanece marcada pelas características históricas e sociais das nossas inúmeras diferenças e desigualdades. A educação escolar como um todo contínua necessitando de muita qualificação e a figura do professor é teórica e praticamente nevrálgica para o processo. Mas, há uma realidade gritante e, apesar da importância que se passou atribuir ao tema da formação inicial dos professores, o cotidiano desse profissional revela os seus limites para o exercício educativo das crianças das escolas estatais ou como agente de ações transformadoras do ensino e da própria sociedade. 21 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Onde estaria o nó central da questão? Nos programas de ensino das disciplinas das licenciaturas distanciadas da prática e da realidade da escola, burocratizados, acríticos e submetidos a uma racionalidade técnica. É preciso, então, antes de tudo, superar tal modelo, substituindo-o por outro de base reflexiva e de caráter ético. Não é, portanto, um referendo à visão predominante mais acima já indicada por mim. Como a formação inicial dos docentes exige uma resposta que viabilize ao professor saber lidar de forma ampla com os contextos específicos em que vai atuar sugestões reflexivas e críticas para os cursos de formação são bastante provocativas. Destaque-se, em especial, o problema fulcral dos Estágios nos cursos de formação e se assinale a necessidade de redefini-los conceitualmente. A relação teoria e prática deve ser pensada parcimoniosamente. Finalizo com um clamor às instituições formadoras de professores para que se empenhem de forma radical na organização de seus cursos de licenciaturas, de tal modo que possam assumir a responsabilidade social da formação dentro das condições complexas dos dias atuais. Os professores formados em novo modelo, por sua vez, terão maiores instrumentos teóricos e práticos para responderem aos desafios de ensino da escola infantil, fundamental e média, qualificando-a cada dia um pouco mais. Que a realização do presente seminário do PIBID seja um espaço para ampliar as nossas reflexões. Notas 2. Cf. SILVA JR., 2002 e SANFELICE, 2008. 3. Cf. CORRÊA, 2000. 4. Cf. RODRIGUEZ & VARGAS, 2008. 5. Cf. NEVES, 2005. 6. Recomendo enfaticamente a leitura do Documento final do CONAE, 2010, em especial o Eixo IV – Formação e Valorização dos/das Profissionais da Educação. 22 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS REFERÊNCIAS BEECH, J. Alta fidelidad: la influencia de las Agencias internacionales en las Reformas de formación docente en Argentina y Brasil en los 90. In: RODRÍGUEZ, M. V. & ALMEIDA, M. de L. P. Políticas educacionais e formação de professores em tempos de globalização. Brasília: Liber Livro Editora, UCDB, 2008, p. 57-83. BRASIL. Ministério da Educação. Conferência Nacional de Educação – CONAE. Documento Final. Brasília, 2010. conae.mec.gov.br CORRÊA, V. Globalização e neoliberalismo: o que isso tem a ver com você, professor? Rio de Janeiro, Quartet, 2000. NEVES, L. M. W. (org.) A nova pedagogia da hegemonia. Estratégias do capital para educar o consenso. São Paulo, Xamã, 2005. RODRÍGUEZ, M. V. & ALMEIDA, M. de L. P. (orgs.) Políticas educacionais e formação de professores em tempos de globalização. Brasília: Liber Livro Editora, UCDB, 2008. RODRÍGUEZ, M. V. & VARGAS, M. B. A formação dos professores na América Latina: um balanço dos debates nos fóruns internacionais 1966-2002. In: RODRÍGUEZ, M. V. & ALMEIDA, M. de L. P. Políticas educacionais e formação de professores em tempos de globalização. Brasília: Liber Livro Editora, UCDB, 2008, p. 37-56. SANFELICE, J. L. Transformações no estado nação e impactos na educação. In: LUCENA, C. (org.) Capitalismo, Estado e Educação. Campinas, Editora Alínea, 2008, p. 64-83. SILVA JR., J. dos Reis. Reforma do Estado e da Educação. No Brasil de FHC. São Paulo, Xamã, 2002. 23 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ENSINO SUPERIOR NA CONTEMPORANEIDADE Guilherme Carrozza 4 Quando fui convidado a falar nesta mesa a respeito do papel do professor no ensino de graduação, fiquei pensando em como contribuir para a discussão a partir do meu lugar teórico, que é o de analista de discurso. E olhar para os fenômenos a partir dessa perspectiva significa focar o que de específico tem do funcionamento da linguagem na sociedade contemporânea, expondo os modos como a língua, o sujeito e a história se articulam, sendo sempre atravessados pela ideologia. Minha formação específica, é bom que se diga, não é em educação, o que não me impede, porém, pela minha prática no ensino superior, de levantar algumas questões a esse respeito. E farei isso já propondo um direcionamento de reflexão para aquilo que é constitutivo do modo de ser contemporâneo e que faz vir à tona certas exigências que se impõem atualmente sobre os professores, no nosso caso, de ensino superior. Na Análise de Discurso, dizemos que “a materialidade da ideologia é o discurso e a materialidade do discurso é a língua” (Pêcheux, 1997). Isso significa que aquilo que é da ordem do ideológico, no sentido das práticas que conformam nossos modos de existência, se mostram nos discursos que circulam cotidianamente. Trata-se de um 4 Bolsista do CNPq. Graduado em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, Mestre em Linguagem e Sociedade (Univás), Doutor em Linguística (Unicamp). É professor/pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Univás e Pró-Reitor de Graduação na mesma instituição. 24 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS movimento que produz e reproduz o modo como estamos no mundo. E para entendermos como se dá esse movimento, como acessamos os processos discursivos, é preciso um olhar atento para as diversas formas de linguagem que aí estão. É nesse sentido que vou tomar uma fala que ouvi por estes dias para que avancemos na discussão. Na minha função de Pró-reitor de Graduação, venho tendo contato com alunos e professores com o objetivo de colher suas opiniões sobre o processo de ensino e de aprendizagem que vem sendo praticado na Univás. Numa dessas conversas com um grupo de alunos de um curso de graduação dessa instituição, que tem como característica a formação para o mercado de trabalho, e que vinham questionando a atuação de grande parte de seus professores, ouvi o seguinte: “O problema é que temos profissionais do mercado que vêm aqui dar aulas, não professores. Precisamos de professores que saibam atuar no mercado.” Esse enunciado me fez pensar no que se espera, hoje em dia, do professor de ensino universitário. E, se estamos falando da atualidade, não podemos deixar de considerar todas as demandas que se colocam para nós, como sujeitos, e que vêm das mais variadas direções, como imposição do movimento do mercado atual. Tenho uma posição materialista de ver a história, o sujeito e a linguagem. Isso significa pensar que não podemos tomar o homem como apartado da história e nem a língua como um mero instrumento de comunicação e transmissão de informação. Nesse sentido é que, quando um aluno me diz que o que se tem é profissional dando aula e não professor, fico pensando em que tipo de memória um enunciado como esse reclama, quando se fala de profissional e quando se fala de professor. É bom que nos situemos sobre as reflexões a respeito das finalidades do ensino da graduação, tema que vem sendo amplamente discutido, especialmente a partir do início dos anos 90 do século XX. Dentro dessa questão, está em pauta aquilo que conforma a prática do ensino superior, como por exemplo o aumento do número de professores universitários, a qualidade da educação, a gestão e controle do ensino 25 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS superior, as condições de trabalho e, sobretudo, os direitos, deveres e responsabilidades dos sujeitos envolvidos neste processo, quais sejam, professores e alunos (Assolini et al, 2011). Para Assolini, Lastoria e Rivas (2011), é preciso um olhar atento ao grau de qualificação como um dos fatores basilares no fomento da qualidade, seja ela em qualquer profissão e especialmente na educação, uma vez que ela experimenta ininterruptas transformações e mudanças no âmbito da organização sócio histórica, econômica e ideológica, das relações sociais, dos padrões de vida, cultura, valores, nos avanços tecnológicos e nas novas tecnologias de informação e comunicação, dentre outras. Ainda para as autoras, a universidade “é perpassada por uma intencionalidade teórica, prática, técnica, política e ética. Uma de suas principais finalidades é construir conhecimentos a partir de outros já construídos” (idem, p.36). Nesse sentido, há, desde sempre, um reconhecimento da universidade, na formação imaginária que circula socialmente, como lugar de (re)produção do conhecimento, lugar de intermediação entre quem detém o conhecimento e quem procura formação. É isso que torna possível, entre outras coisas, que desse jogo sobressaia uma rede de sentidos que reclama um tipo específico de docente, capaz de dar conta de múltiplas linguagens, detentor dos múltiplos saberes que se encontram nos mais variados espaços de circulação. Esse, aliás, parece ser também já um sintoma dessa “modernidade tecnológica”. Não é de hoje que ouvimos um grande número de pensadores falando de uma certa “desestabilidade” contemporânea, uma fragmentação do sujeito que se reflete também na sociedade e nas instituições, um enfraquecimento do Estado que dá lugar a uma ordem social outra, que tem no consumo seu ponto de ancoragem. Estou aqui me referindo a autores de diversos campos, desde a filosofia à psicanálise, passando pela antropologia e a Análise de Discurso. Autores como Bauman, Lewkoviks e Cantarelli, Canclini, Mellman, Mary Douglas, Payer, para citar alguns. Eu, em meus estudos (Carrozza, 2012), tenho empreendido alguns esforços para tentar compreender como a relação de consumo já está posta em qualquer tipo 26 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS de relação social, visto que essa forma sujeito contemporânea capitalista, que surge no século XVI e que funciona na atualidade, se dá a partir do momento em que o homem se oferece, ele mesmo, como força de trabalho produtiva, ou seja, como algo a ser consumido. É a partir daí também que nasce a necessidade de uma superestrutura que funcione como articulador simbólico e político nesse jogo, qual seja, o Estado, capaz de ir determinando os lugares sociais nos quais os sujeitos vão se colocando, produzindo mecanismos de identificação e reprodução dos seus próprios aparatos. Nesse sentido, esse sujeito se conforma a partir daí, submetido às leis do Estado, praticando suas relações de troca na organização social. E é certo que uma fratura na ordem mundial expõe obrigatoriamente uma mexida na organização social. Mudam-se os lugares, mudam-se as posições, mudam-se os discursos. Enfim, os sentidos de ensino, de escola, de formação são remexidos, os lugares são ressignificados. E, junto com eles, todas as práticas que conformam as relações que se estabelecem no espaço onde se encontram as instituições de ensino. Payer (2005) já de algum tempo vem se questionando sobre o papel da memória “em face a proliferação de linguagens na mídia, e as suas implicações nas relações educativas.” (idem, p. 12). Para ela, ao nos encontrarmos expostos à demanda de conhecimento e domínio de múltiplas linguagens, variadas e eficazes, percebemos que essa demanda requer também “que sejamos capazes de uma certa performance de linguagem, a fim de imprimir essa tal imagem de domínio destes elementos” (idem, p.12). E isso faz efeito no sujeito, considerado na perspectiva do discurso, na qual sujeito e linguagem se constituem simultaneamente. Ou seja, para Payer (idem) ... paralelamente ao aparecimento de tal demanda de domínio de novas e múltiplas linguagens, vai-se configurando também a demanda social de uma nova forma de sujeito, que é aquele que vai “dominar” estas múltiplas linguagens. Isto é, um sujeito capaz de tudo dizer, de tudo compreender, de muitos modos, de controlar com sua vontade os efeitos de sentido do seu discurso, de um modo implacavelmente “eficaz”. Ora, quem se depara com os estudos do discurso, lembra a autora, acaba por compreender que esse domínio nada mais é que um efeito produzido pelo imaginário 27 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS de transparência da linguagem. Ou seja, se há uma aparência de domínio da linguagem, esse domínio não chega a se fazer no real, produzindo ao fim e ao cabo um desconforto anônimo e localizável no sujeito, justamente por ser impossível, parecendo ser possível. Para nós, essa impossibilidade é o que vai afetar, na contradição, as relações que se estabelecem no ambiente escolar. É nesse espaço de contradição que temos de aprender a lidar, de um lado, com o aluno que procura a instituição para se formar para o mercado de trabalho, também na esperança de sair daqui detentor desse múltiplo domínio; e de outro, com o professor, do qual se espera também esse saber multifacetado e capaz de dar conta da formação desse aluno. Nesse sentido é que é possível, justamente porque há um processo discursivo que o sustenta, estabelecer-se um campo de significação que vai demandar do professor a figura de um super sujeito, elevado à enésima potência, que precisa, além de ser um bom profissional de mercado, materializar todo o imaginário do que é ser um bom professor de ensino superior. Ainda como dizem Assolini et al, A docência é uma ação complexa, que exige saberes de diferentes naturezas, alicerçados tanto na cultura em que o professor se constitui e se produz como na compreensão teórica que lhe possibilita justificar suas opções. Se, anteriormente, a profissão de professor calcava-se no conhecimento objetivo, em muito semelhante às outras profissões, hoje, apenas dominar esse saber é insuficiente, uma vez que o contexto das aprendizagens não é mais o mesmo. Resta a nós, gestores educacionais e pesquisadores interessados em compreender o processo educacional, produzir um olhar crítico para os modos pelos quais as práticas da educação vão se estabelecendo, a fim de não cairmos nas evidências postas em circulação em função das nuances da organização social. REFERÊNCIAS 28 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS ASSOLINI, Filomena E. P.; LASTÓRIA, Andrea C.; RIVAS, Noeli P. P. Docência no ensino superior: a (des) construção da identidade do sujeito-professor. In: Revista Plures Humanidades. Vol 12, n. 1, p. 34-50, jan. jul 2011. Disponível em [http://seer.mouralacerda.edu.br/index.php/plures/article/view/2/ pdf]. Acesso em 2/12/2014. CARROZZA, Guilherme. Consumo, Publicidade e Língua. Campinas, SP : RG Editores, 2011. PAYER, Maria Onice. Linguagem e Sociedade Contemporânea: sujeito, mídia, mercado. In RUA, vol 11. Campinas, SP : Nudecri, 2005. p. 9-25 PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 3 ed. Campinas, SP : Editora da Unicamp, 1997. 317 p. 29 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS O ENSINO EM DISCUSSÃO FORMAÇÃO DO PEDAGOGO APÓS AS DIRETRIZESCURRICULARES NACIONAIS DE 2006 Sandra Maria da Silva Sales Oliveira* No contexto histórico o Curso de Pedagogia no Brasil passou por mudanças que definiram as funções do Pedagogo bem como o campo de atuação. No que concerne ao campo de atuação observa-se oscilação, responsável por certa indefinição no que se refere à atuação desse profissional. Por vezes destacou-se o profissional especialista comàs funções de técnico em educação, outras vezes o destaque foi para o profissional generalista em que buscou-se a formação do docente, gestor, pesquisador. Após a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia (DCN), Licenciatura, Resolução CNE/CP 1 de 15 de maio de 2006, o campo de atuação do pedagogo se torna mais definido, dando a este profissional a oportunidade de atuar como docente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Houve uma demonstração de que o educador não é mais apenas o docente, são os múltiplos agentes educativos conforme as instâncias em que operem (BRASIL, 2006). Ainda com basena homologação das DCN institui-se um novo modelo de reorientação curricular para a formação do pedagogo no Brasil, o que levou as instituições que ofereciam Licenciatura em Pedagogia a adaptarem o seu Projeto * Doutora em Psicologia pela Universidade São Francisco – USF. Professora de Seminários I no Programa de Pós Graduação Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí. Coordenadora do Curso de Pedagogia da mesma Universidade. Email:[email protected] 30 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Político Pedagógico (PPP) e consequentemente o Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Salienta-se que o PPP garante a concretização de qualquer proposta curricular, além de viabilizar mecanismos para a realização contínua da ação-reflexão em torno da tríade construção, execução e avaliação ; e o PPC garante a realização de uma nova reestruturação curricular, por ser um ato dinâmico, pode ser feito e desfeito no processo, na vivência e inclui a participação efetiva de alunos, professores e técnicos da instituição de ensino. O PPP deve ser entendido como algo, para além da tríade construção, execução e avaliação, já que refletem rupturas,pressupostos, concepções, limites e possibilidades para a organização de um novo processo. Aimplantação de um projeto político-pedagógico nesse contexto teórico é apenas o caminho que deve ser percorrido para se pensar numa reestruturação curricular. A pedagogia se ocupa da formação escolar de crianças, com processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas antes dissoela é um campo teóricoinvestigativo que diz respeito ao estudo e à reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo (LIBÂNEO, 2006). Segundo as DCN do curso e pedagogia torna-se importante para a formação do pedagogo o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. E no que se refere às atividades docentes ainda pode-se acrescentar: planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares e produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares. 31 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Por fim, enfatiza-se que a atual legislação traz um significativo avanço em relação à superação da dicotomia entre o pensar e o executar. Nos dias atuais tem-se legalmente a possibilidade dodocente controlar seu trabalho, seu produto, de criar seu saber, de buscara função social da escola onde ele atua, podendo assumir as funções limitadas aoespecialista, supostamente responsável pela criação desse saber. Cabe ao curso de Pedagogia se responsabilizar pela formação de um profissional que seja capaz de refletir e agir da melhor forma para a realização de um processo educativo de qualidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pcp05_05.pdf>. Acesso em: 26 de outubro de. 2014. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública – a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 21º edição,2006. 32 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS CURSO DE LICENCIATURA Mirian Lobo Sáber5 Em muitos casos, os cursos de Licenciaturas estão distantes da escola real, da escola de base, havendo falhas na formação dos futuros professores. Há, portanto uma necessidade de um maior empenho dos professores formadores para prepara-los a enfrentar o dia-a-dia da sala de aula. O objetivo dos cursos de Licenciaturas é formar bons professores, educadores, independentemente da especialidade de cada curso, trabalhando na conscientização do futuro professor, levando-o a entender a docência enquanto profissão e ter uma dimensão de sua complexidade e especificidades. Para tanto, a própria questão da formação de professores vêm mudando muito nas últimas décadas, tendo como abordagem enfatizar e melhorar as metodologias didático-pedagógicas. Pois há um contexto bem diferente na realidade atual das salas de aula do que era antigamente. Algumas das disciplinas que são excelentes estratégias para esta conscientização e aprendizado nas vivências pedagógicas é a Prática de Ensino e Estágio Supervisionado, onde se priorizam a pesquisa e criam oportunidades para o entendimento do universo escolar. Essas disciplinas buscam romper com a desagregação entre a teoria e prática encontrada nos currículos, onde muitas vezes, será o primeiro contato real e contínuo com a escola, possibilitando a visão do trabalho de professor através dos saberes experienciais e práticos. 5 Mestre em Microbiologia Agrícola pela Escola Superior de Agricultura Professor Luiz de Queiroz / Universidade de São Paulo – USP. Professora de Estágio Supervisionado e Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Vale do Sapucaí-Univás. [email protected] 33 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Outro tema que esteve em foco em nossa discussão na “Mesa Redonda” foi a necessidade da formação continuada para os professores, onde há agregação de conhecimento associados à prática e melhoria em sala de aula. Há uma visão errônea entre os profissionais de licenciaturas onde entendem que somente com o diploma estará habilitado para trabalhar perenemente com a sua formação. Porém sabemos que em qualquer profissão isto não ocorre, principalmente na profissão de educador. Mais do que nunca, o educador deve estar atualizado e bem informado, não apenas em relação aos acontecimentos do mundo, mas, principalmente, em relação aos conhecimentos curriculares e pedagógicos e às novas tendências educacionais. O processo de formação continuada não é novidade, há tempos que autores relatam sua importância para os profissionais de ensino. Porém, ainda há dificuldade e resistência dos profissionais que se encontram há muito nesta profissão, retardando a melhoria do ensino nas escolas do nosso país. Portanto, é oportuno reforçar a ideia da articulação entre teoria e prática na formação dos professores, além dos processos de formação continuada serem valiosíssimos pois podem proporcionar a aproximação dos pressupostos teóricos e a prática pedagógica. 34 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS DO PROFESSOR PESQUISADOR AO ALUNO PESQUISADOR E REFLEXIVO Rosimeire Aparecida Soares Borges6 Atualmente, a evolução tecnológica provoca continuas mudanças em todos as esferas sociais, exigindo dos indivíduos uma formação para a vida. Assim, considerando que a escola tem uma função social é convidada a adquar-se às exigências que lhes são colocadas. Nesse cenário, os atores do processo de ensino e aprendizagem, alunos e professores, devem ser formados para um mundo digital. Aos professores cabe lidar com a tecnologia e com essa complexidade colocada pela sociedade, sendo um organizador de aprendizagens (NÓVOA, 2001). Aquele modelo de professor, detentor do conhecimento, que focava somente nos conteúdos não tem mais lugar. O professor precisa trabalhar com diferenciadas formas de pensar, as quais são construídas nas interações. Aos seus alunos deverão ser propostas atividades que envolvam a pesquisa e a experimentação com uso das tecnologias digitais de informação e comunicação. É necessário que se trabalhe com perspectivas de transformação das informações em conhecimento. Desse modo, ao professor cabe uma tarefa, reconstruir a sua identidade e novas formas de convivência, enfraquecendo as fronteiras do ‘dentro’ e do ‘fora’ da escola (ALONSO, 2014). Há a necessidade do professor fazer uma continua reflexão sobre sua prática docente, que lhe permita realizar uma avaliação e sentir-se seguro para efetuar modificações em suas ações. Para essa reflexão, o professor precisa ter espírito de investigação, ser um professor pesquisador, aquele que investiga ou reflete sobre a 6 Doutorado em Educação Matemática pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Professora do Mestrado em Educação e coordenadora do Curso de Matemática da Universidade do Vale do Sapucaí. Email: [email protected] 35 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS própria prática (NÓVOA, 2001).O professor pesquisador considera a prática, como um meio, suporte e destino dos saberes que levanta, os quais orientam e são apropriados por suas ações reflexivas. Nesse contexto, a formação do professor,tanto inicial como contínua, deverá ser teórica sólida, uma formação permeada por ações no sentido de fundamentar, analisar e aprimorar a própria prática pedagógica (NÓVOA, 2001) Dessa forma, poderá o professor pesquisador ser um formador de cidadãos autonômos, reflexivos e pesquisadores, não somente pessoas que recebem informações nessa sociedade tecnológica. REFERÊNCIAS ALONSO, K. M. et al. Aprender e ensinar em tempos de Cultura Digital. Revista Em Rede. v. 1, n. 1, 2014. Disponível em: http://www.aunirede.org.br/revista/index. php/emrede/article/ view/16/28.Acesso:22 nov. 2014. NÓVOA, A. O Professor Pesquisador e Reflexivo. Entrevista concedida em 13 de setembro de 2001. Disponível em: http://www.tvebrasil.com.br/salto/entrevistas/antonio_novoa.htm. Acessado em 22/11/2014. 36 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA CONFORME DETERMINAÇÃO DAS DIRETRIZESCURRICULARES NACIONAIS. Marilda de Castro Laraia7 A partir do século XIX, o estudo da História tem uma grande relevância nos currículos escolares de diferentes níveis de ensino. Por isso a grande importância das universidades preocupar-se com a formação dos professores dessa disciplina. Para dar cumprimento ao inciso II do Artigo 43 da LDB, que determina que as Instituições de Ensino Superior devam “formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, e aptos para a inserção em setores profissionais”, presume-se que o perfil do profissional seja definido por algumas características comuns aos cursos de licenciatura e que esses permitam ultrapassar as diversidades das áreas específicas do conhecimento e dar organicidade ao projeto de formação. Baseando-se nessas características, espera-se que o futuro profissional da educação e em especial o Professor de História tenha uma sólida fundamentação dos conhecimentos da área pedagógica, integrada de maneira orgânica com os da sua área específica, que seja capaz de entender o processo de aprendizagem como um todo. Segundo Bittencourt (2005) o professor de História deve ser capaz de desempenhar o papel de “catalisador” do processo educativo em todas as suas dimensões, não se restringindo apena a ser um mero transmissor de conteúdos, mas sim um profissional atento às relações éticas e epistemológicas que compõem o processo educacional. 7 Mestre em Ciências da Linguagem pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí. Professora de Prática de Ensino, Metodologia do Ensino de Matemática dos Cursos de Pedagogia, Ciências Biológicas e História da Univás. Coordenadora do Curso de História desta mesma Universidade. Email: [email protected] 37 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS O professor em si deve estar atento às mudanças ocorridas no contexto do mundo o qual está inserido seus alunos, para que possa ser um agente de transformações social e com isso ganhar a confiança desses alunos para que os mesmos possam com sua ajuda transformar o mundo em que vivem, ou seja, a sua realidade educativa. Não podemos nos esquecer de que o professor do século XXI, tem que estar atento, para que seja agente de transformações na realidade educativa por meio da abordagem pedagógica , dos recursos tecnológicos disponíveis e da busca constante de seu próprio aprimoramento. Por fim espera-se que o professor de história, principalmente um professor que tenha tido o privilégio de participar como Pibidiano no seu curso de formação acadêmica, seja um profissional que tenha uma sólida fundamentação dos conhecimentos da área pedagógica, integrada de maneira orgânica com os da sua área específica; entenda o processo de aprendizagem como um todo a fim de atuar como um profissional consciente e responsável capaz de estabelecer um diálogo entre a sua área específica e o mundo que o cerca. REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Históriadisponível em <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pcp05_05.pdf>. Acesso em: 26 de outubro de. 2014. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em www.mec.gov.br>. Acesso em 26 de outubro de 2014. BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004. 38 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS RELATOS DE EXPERIÊNCIAS – COORDENAÇÃO DE ÁREA PIBID/UNIVÁS 39 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS A INSERÇÃO DO PIBID EM ESCOLAS ESTADUAIS DE POUSO ALEGRE: SUBPROJETO PEDAGOGIA Daniela Dias dos Anjos8 Os bolsistas do Pibid estão desenvolvendo o projeto de iniciação à docência em duas escolas da rede estadual de Pouso Alegre: Virgília Pascoal e Presidente Arthur da Costa e Silva (Polivalente). O primeiro contato com a escola teve por objetivo realizar um diagnóstico das mesmas. Abaixo segue uma síntese do diagnóstico realizado pelas alunas: ESCOLA ESTADUAL VIRGÍLIA PASCHOAL A escola possui quinze salas. Nestas há carteiras e cadeiras em quantidade ideal para atender a demanda de alunos; possuem quadro negro em condições medianas com giz brancos e coloridos; caixas com livros; algumas salas possuem estantes, e todas têm armários e mesa para o professor. Os ventiladores são portáteis e ficam alojados na sala de informática. A escola possui dois banheiros, sendo um feminino e um masculino com quatro cabines. A quadra de esportes está em construção, com previsão de término em março do próximo ano. A escola também possui horta, estacionamento e rampa para acessibilidade ao piso superior. Nesta escola os pibidianos trabalham com seis turmas, três de terceiro ano e três de quinto ano, no período da tarde. 8 Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas-Unicamp. Professora do Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí-Univás, em Pouso Alegre/MG. Coordenadora de área do PIBID/Univás – Subprojeto Pedagogia. [email protected] 40 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS ESCOLA ESTADUAL PRESIDENTE ARTHUR DA COSTA E SILVA A escola estadual também é conhecida como Polivalente. Possuem dezoito salas de aula que são coloridas, arejadas. Possuem quadro em estado conservado e em cada sala as carteiras ficam arrumadas de maneiras diferentes. A quadra esportiva foi construída em 2010 e possui arquibancada, materiais esportivos disponíveis facilmente e cobertura. Próximo à quadra há um campinho de futebol gramado. Há muita área verde ao redor de toda escola. Além disso, a escola possui refeitório, teatro, biblioteca, laboratório de informática, vestiários, sala de professores, espaço para horta, dois pátios internos, banheiros (dois femininos e dois masculinos). Nesta escola os pibidianos trabalham com as seguintes turmas: 1º ano, 2º ano, 3º ano e período integral (4º e 5º ano) que estudam no período matutino. Após a realização do diagnóstico, e de algumas atividades de formação, em setembro de 2014 as alunas de Pedagogia iniciaram o trabalho nas escolas. O planejamento das atividades foi realizado tendo como base as ações previstas no sub projeto e as demandas apresentadas pelas supervisoras. Em um primeiro momento foram realizadas atividades de socialização com todas as turmas envolvidas. O objetivo foi o de conhecer as crianças e obter elementos para elaborar atividades futuras. Dentre as atividades de socialização realizadas destacamos: - Apresentação de breve teatro com a aluna Letícia caracterizada de palhaço. Objetivo: promover a interação entre pibidianos e alunos; - Dinâmicas de apresentação. Objetivo: conhecer um pouco sobre a história das crianças para melhor planejar as atividades. Foram realizadas rodas de conversas com os alunos, nas quais estes eram indagados sobre seus gostos, sonhos, relação com os estudos, etc. As respostas das crianças nessas rodas foram registradas pelas pibidianas para servir de subsídios para o planejamento de próximas atividades. - Dinâmica da MANDUCA 41 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Objetivo: Socialização entre pibidianos e alunos através da dinâmica de ordem e execução, que trabalha os movimentos corporais e a memória auditiva - Brincadeira Rabo no Burro Objetivo: trabalhar com noções de lateralidade, orientação espacial, coordenação visual e motora - Que tamanho meu corpo tem? Objetivo: Familiarizar-se com a noção de medida de comprimento tomando como referência sua altura; estabelecer relações de semelhanças e diferenças entre o seu corpo e o corpo dos seus colegas 1. Pibid na escola: iniciação à docência Após as atividades iniciais de socialização as estudantes desenvolveram atividades de português e matemática, conforme definido no sub projeto. Nesse primeiro momento as estudantes se dividiram em dois grupos, um para trabalhar com atividades de matemática e outro com atividades de português. O grupo de matemática construiu gráficos com as crianças a partir das respostas na dinâmica de socialização. O grupo de português realizou atividades de escrita a partir da leitura de tetos literários. Os pibidianos trabalharam também com jogos pedagógicos adquiridos com verba do PIBID. Alguns destes tinham ênfase em português outros em matemática. As crianças se divertiram e interagiram muito bem com os jogos e com os colegas. Eles viram a importância de compartilhar o uso do material com o outro, saber esperar a vez de jogar, organizar o espaço depois das brincadeiras e também que se aprende de maneira prazerosa. Além dessas atividades, com o objetivo de incentivar a leitura as pibidianas estão lendo histórias literárias para as crianças a cada encontro na escola, independente da atividade que será realizada no dia. O objetivo é aproximar as estudantes de pedagogia da prática da leitura prazerosa na escola, e oportunizar momentos de leitura aos alunos. 42 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS 2. Diários reflexivos A escrita supõe um processo de expressão e de objetivação do pensamento que explica sua atitude de reforçar ou constituir a consciência daquele que escreve. Escrever sobre si é auto-revelar-se, é um recurso privilegiado de tomada de consciência de si mesmo, pois permite "atingir um grau de elaboração lógica e de reflexibilidade", de forma mais acabada do que na expressão oral (Albert, 1993) Foi proposto às pibidianas que registrassem sua participação nas atividades desenvolvidas pelo PIBID, buscando analisar a relação entre o que foi planejado e o que foi realizado, as dificuldades encontradas, os aprendizados, as surpresas, as indagações. A ideia é que elas comentem sobre o relacionamento com as crianças, com as professoras, com a equipe do PIBID, com as supervisoras, com a escola de um modo geral, buscando, na medida do possível, estabelecer relação com estudos realizados no contexto do PIBID e no curso de Pedagogia, tendo em mente a seguinte questão: de modo o PIBID tem contribuído para minha formação? O objetivo do diário reflexivo é incentivar às pibidianas a desenvolverem a reflexão sobre a própria prática, incentivando-as a incorporarem a reflexão em sua futura prática docente. Seguem alguns trechos dos diários reflexivos das alunas: A oportunidade de participar do PIBID foi muito significativa. Todas as práticas pedagógicas proporcionadas pelas atividades do programa com certeza resultaram em uma reflexão sobre a educação muito mais real e concreta, dando sentido ao que se está estudando. Procurei observar tudo para aprender o máximo com essa experiência diferente. - Leidiane – VI período Gostaria de terminar este relatório falando o quanto está sendo de grande valia à socialização da universidade com a escola pública. Como diz Paulo Freire: “ Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. - Alariany – VI período Essa oportunidade que tive de fazer parte do Pibid foi algo maravilhoso. Estou vivenciando experiências que estão contribuindo para minha formação. A cada momento me apaixono pela profissão. - Letícia – IV período Gostei muito de trabalhar em salas com turmas variadas e diferentes idades. Em cada uma delas tive aprendizados diferentes e o que mais gostei é que em 43 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS praticamente todas as turmas eles perguntavam ao fim de cada atividade quando é que voltaríamos. Isso é gratificante. - Juliana – VI período No início tudo parecia um desafio! Mas agora o resultado está sendo um sucesso! Com o apoio de toda equipe do Pibid e direção da escola, os trabalhos realizados pelas alunas do curso de pedagogia obtiveram excelente resultados. Como supervisora enriqueci muito meu currículo, adquirindo experiência e transmitindo conhecimentos. - Fátima – supervisora – Polivalente O PIBID me deu uma grande oportunidade que me fortalecerá em meus estudos e futuramente na minha profissão pretendida, que me mostrou a parte que muitos de nós universitários não conhecemos que é a parte da prática. Percebi nas escolas, que a prática é totalmente diferenciada da teórica que além de ser diferentes, necessitam uma da outra para a atuação do pedagogo na educação. - Aline – II período Avalio essa oportunidade como um grande avanço, pois estar inserido em um ambiente escolar antes dos estágios nos permite conhecer um mundo cheio de alegrias e às vezes de dificuldades. Já estamos aprendendo a superar os desafios no dia a dia do professor, com a ajuda da coordenadora de área, supervisora e toda a equipe da escola onde estamos inseridas. É muito importante acompanhar a rotina da escola, pois quanto mais conhecemos isso, mais preparadas estaremos. - Patrícia – IV período O Pibid está me proporcionando uma experiência incrível, onde tenho contato direto com o cotidiano escolar nas duas escolas, posso observar as metodologias de ensino, comportamento dos alunos e também posso contribuir um pouco do que sei e estou aprendendo. Os alunos me motivam ainda mais a ser uma profissional da educação, saber que a cada dia que estou na escola os alunos estão levando um pouquinho de mim não somente para seu aprendizado, mas para a sua vida, e o resultado é percebido dia a dia. - Michele – VI período O contato com as crianças é um misto de sentimentos e questionamentos que ao mesmo tempo me dão segurança para iniciar minha prática docente através das experiências vivenciadas em cada atividade. A participação nesse projeto me deu oportunidades únicas onde consigo ao menos sentir e observar as práticas docentes atuais paralelamente planejando atividades com a orientação de profissionais capacitados; buscando acrescentar com qualidade e embasamento teórico além de tentar solucionar problemas do cotidiano na escola e isso é maravilhoso, gratificante. - Jaqueline – VI período A parceria entre a Escola Estadual Virgília Paschoal e o PIBID/Univás teve seu início marcado por um ato de instigar as relações envolvidas, no desafio de superar as competências e habilidades intrínsecas na busca de uma educação de qualidade e alto nível de interação, entre o processo de ensino e aprendizagem. As demandas de trabalho oferecidas pelo Projeto tornaram-se ao decorrer deste período a busca incansável de satisfazer as exigências de formação do profissional da educação e atender as reais necessidades dos discentes do Ensino fundamental I, no que se refere aos campos de Língua Portuguesa e Matemática. Ao longo do processo podemos observar o 44 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS crescimento constante do perfil das educandas em Pedagogia, como também dos envolvidos na escola, alunos, professores regentes e supervisão. Fernanda – supervisora - Virgília Paschoal No início foi uma dificuldade, pois nós estamos ainda aprendendo também, mas tudo correu muito bem. Estou aproveitando o máximo dessa oportunidade, gosto de trabalhar com as crianças pequenas nas atividades que aplicamos. Foi muito bom, as crianças gostaram muito, todas participaram e pediram que a gente voltasse outras vezes. - Andréa – IV período Como podemos observar a experiência do Pibid tem sido enriquecedora para as estudantes. Em poucos meses de trabalho na escola já puderam experimentar alguns aspectos da docência e se aproximar da realidade concreta das escolas de modo mais efetivo. 45 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS AS EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS E OS DESAFIOS COLOCADOS AOS PIBIDIANOS PELAS ESCOLAS VIRGÍLIA PASCHOAL E POLIVALENTE EM POUSO ALEGRE – MG. Elizabete M. Espíndola9 Já virou lugar comum afirmar, sobre a necessidade de se conciliar a teoria, a prática pedagogia de sala de aula e as mudanças sociais no processo de ensino aprendizado, este vem sendo o grande desafio enfrentado pela educação em todo mundo. Este também é o desafio proposto pelo governo federal através do programa de iniciação à docência, o Pibid, forma pensada para se enfrentar o problema da baixa procura pelos cursos de licenciatura em todo o Brasil. O texto busca de forma breve, colocar em evidência algumas das experiências vivenciadas através do Pibid/Univás, mais especificamente, através de seu subprojeto da área de História. Gostaria de ressaltar que a experiência tem sido gratificante, pois possibilitou a abertura para a reflexão de temas e problemas sobre o processo de ensino aprendizado, bem como sobre as mazelas sociais e o papel da universidade e da escola, mas, principalmente, por nos fazer repensar sobre, quem ensina e quem aprende. Coordenando os trabalhos de um grupo formado por 10 alunos de períodos diferentes do curso de História, observei uma série de limites e resistências por parte destes em se pensar o “ensinar” de uma forma diferente. A resistência manifestava-se principalmente quando se propunha a abordagem de um tema, sem um roteiro determinado, pronto, sem a segurança de um conteúdo decorado na ponta da língua. Minha intenção foi coloca-los diante do problema que todos nós enfrentamos ao pisar 9 Doutoranda em História Social pela UFMG. Mestre em História. Professora do curso de História. Coordenadora do Subprojeto de História/Pibid/Univás 46 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS em sala de aula, a distância entre a teoria ensinada dentro dos muros da universidade, e as experiências de vida dos diferentes sujeitos, os alunos das escolas Virgília Paschoal e Presidente Arthur da Costa e Silva, o Polivalente. As primeiras visitas dos pibidianos nas escolas serviram para que esses logo rompessem com a ilusória blindagem que o conhecimento lhes oferecia. As primeiras dificuldades dos pibidianos surgiram logo de início, na comunicação entre o grupo e os alunos das escolas, função essencial para a prática pedagógica. A sensação demonstrada pelos pibidianos foi de frustração, parecíamos ser invisíveis, ou pouco interessantes. A invisibilidade precisava ser rompida de alguma forma, a nosso favor, só tínhamos a curiosidade dos alunos. Esse primeiro encontro me fez lembrar o que Michel de Certeau nos diz na obra, A cultura no Plural, após se deparar com as transformações impostas pela sociedade francesa a partir de maio de 68, uma verdadeira massificação do ensino (escola e universidade). Certeau denuncia uma crise nos métodos de ensino, na própria concepção de conhecimento e da universidade como espaço de saber. Mas, o que há em comum entre estas duas experiências? A crise. Não a mesma, mas, com aspectos semelhantes. A escola e a universidade precisam se reinventar para dar conta de seus novos papéis, o que ocorre é que na maioria das vezes, ambas vem renunciando a este chamado, negando-se a pensar os problemas atuais. Não sabemos o que fazer em sala com o celular do garoto, com sua postura aparentemente agressiva, com a falta de perspectiva, com seu olhar que se desvia a todo o momento quando buscamos estabelecer uma conexão. Fomos ensinados a coibir estas atitudes, e a percebê-las como atos de rebeldia. Certeau ainda afirma que as universidades na França, até então, transmitiam uma cultura de elite, estável e homogênea, desta forma, havia também uma homogeneidade dos estudantes, o mito da língua original, e a cultura como um bem com acesso restrito. Na História da educação no Brasil, as universidades e as escolas, a princípio, foram pensadas como espaços da elite, afinal, as classes populares bastavam o conhecimento mínimo para o trabalho braçal, ou o ensino profissional e assistencial. 47 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS A universidade atende a sujeitos de classes distintas, todavia, seus conteúdos ainda continuam de elite, em uma sociedade com diferenças de classes gritantes, dentro e fora dos muros das universidades. Não conseguimos ainda ensinar a estes jovens o poder e a importância do ressignificar e da fluidez do tempo, afinal, como afirma Marx, Tudo que é sólido desmancha no ar, não há certezas universais, nem tão pouco, discursos ou verdades absolutas. Mergulhamos em uma miríade de novos gestos, atitudes, gostos, linguagens, valores, bem como individualismo, carência, desconfiança, recusa, baixa estima, experiências com as quais não sabemos lidar. A rapidez com que tudo flui, torna difícil adentrar neste universo, do qual também fazemos parte, porém, ignoramos. A universidade e a escola, como espaço de poder, renovam seus discursos a cada governo, contudo, seu objetivo continua sempre o mesmo, a preparação para o mercado de trabalho, tomado como o grande desafio, relegando ao segundo plano o desenvolvimento humano. A escola pública sucateada, e o seu modelo educacional atrasado, não cumpre hoje com nenhum dos dois papéis. É um terreno movediço, a mercê dos interesses dos governos estaduais e municipais. A relação presente/passado e passado/presente tão defendida pela historiografia não faz sentido na forma de educar, há um hiato entre a vida acadêmica e a prática pedagógica, sendo que nesta última reina apenas o passado, a memória mitificada e cristalizada. Há um desconforto em se falar sobre certos temas como, o racismo, a homofobia, a violência contra as mulheres. A universidade e a escola precisam se transformar em um lugar de troca de experiências. Falamos sobre a História do Corpo, na universidade, mas ao mesmo tempo, há um olhar míope para a homofobia nas escolas. O machismo e a violência contra as mulheres estão presente na História do Brasil desde os tempos da Colônia, assim como a luta das mulheres nas fabricas, nos campos e nas ruas também fazem parte de nossa História, mas isso não impede que estas ainda sejam vítimas de violência. Não ensinos a valorizar a família matrifocal, pois aprendemos e ensinamos a valorizar o patriarcalismo, a família nuclear e cristã, em um Estado Laico. A universidade e a escola são dois mundos apartados, a 48 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS falta de compromisso social e de projetos que levem uma, a participar da vida da outra, é a marca deste afastamento. Quem disse que um médico, um advogado, um contador, um publicitário, ou um administrador, não precisam conhecer a escola pública? Outro aspecto observado é a pouca eficiência do transplante das teorias educacionais formuladas sob outras realidades, em especial, suíços, russos, franceses, norte-americanos, entre outros. Somos mestiços, latino-americanos, católicos, autoritários e patrimonialistas, precisamos pensar em nossa reeducação discutindo-a a partir destas bases estruturais. Em Idéias fora do lugar Robert Schwarz já apontava para a interpretação a moda brasileira, do pensamento liberal europeu no século XIX. Para o autor, a relação entre o pensamento liberal e a permanência do trabalho escravo no Brasil no século XIX, seria o principal exemplo da interpretação, ou melhor, do transplante de uma teoria que garantiria o lustro de civilização ao Brasil, e o carimbo no passaporte que permitiriam sua inclusão na ordem dos países capitalistas, mas que na prática, se converteria em uma ideologia de segundo grau, perdendo o seu caráter universalista, passando a defender interesses particularistas. Configurar-se-ia, assim, uma verdadeira "comédia ideológica", em que, "com método, atribui-se independência à dependência, utilidade ao capricho, universalidade às exceções, mérito ao parentesco, igualdade ao privilégio, etc."10 A reversão deste quadro passa, antes de tudo, por encararmos nossas mazelas históricas, propondo um diálogo com aqueles que foram ou estão sendo sufocados pelos projetos hegemônicos. Reconhecer a importância das táticas de sobrevivência, elaboradas por sujeitos sociais distintos, não produzir juízo de valor, e acima de tudo buscar a alteridade. Em suma, assumir na prática o compromisso social que a educação pede. 10 SCHWARZ, Robert; apud, RICUPERO, Bernardo. Da formação a forma, ainda as “Idéias fora do lugar”. Lua Nova, São Paulo: 2007 p.60. 49 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS PIBID/UNIVAS UMA CONQUISTA PARA O FUTURO PROFESSOR Manoel Araujo Teixeira11 A presente ata tem por objetivo relatar a experiência do aproveitamento e acompanhamento dos pibidianos do subprojeto do curso de licenciatura em ciências biológicas no I Encontro Institucional PIBID/UNIVÁS, realizado na Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS), no dia 12 de novembro de 2014. Durante a programação os alunos do curso de ciências biológicas apresentaram três “banners” como resultado do trabalho no projeto. No entanto, para chegar a esse material se faz necessário um breve relato das atividades que foram desenvolvidas no decorrer dos nove meses de execução do projeto. O processo de treinamento dos pibidianos foi iniciado com a participação desses alunos em oficinas, reuniões, palestras, que procuraram mostrar a realidade encontrada nas salas de aula das escolas Presidente Arthur da Costa e Silva (polivalentes) e Virgilia Paschoal. A primeira ação de intervenção do pibidianos nas escolas foi em busca do projeto pedagógico, para eles coube a tarefa da leitura, discussão e a apresentação do projeto de cada escola, e por fim enxergar as diferença do que esta escrito e do que esta sendo realizado na instituições. Essa ação enriqueceu bastante o conhecimento desses alunos e foi um propulsor de ânimo para nosso pibidianos, pois entenderam o problema de cada instituição e o desafio para se chegar a uma resolução. Os trabalhos continuaram com a consulta dos livros adotados pelos supervisores e quais foram os conteúdos selecionados por eles para serem ministrados em cada série. 11 Doutor em Biotecnologia pela Universidade Estadual de São Paulo-USP. Professora de Microbiologia no curso de licenciatura em ciências biológicas da Universidade do Vale do Sapucaí-Univás, em Pouso 11 Alegre/MG. Universidade do Vale do Sapucaí-Univás. Email: [email protected] 50 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS O resultado dessa primeira intervenção foi concretizado na confecção do “banner” (Fig 1) intitulado de diagnóstico político do projeto pedagógico. Nesta figura foi mostrado resumidamente, parte do trabalho realizado pelos alunos junto às escolas, no decorrer dos primeiros meses do projeto. O desenvolvimento do trabalho foi acompanhado pelos supervisores e também com o respaldo da direção das escolas do programa. E como resultado final os pibidianos tomaram conhecimento das metas e dos projetos das escolas e também das datas em que ocorrem os eventos, e já começaram a se programar para estarem participando na organização desses eventos juntamente com o corpo docente e administrativo de cada escola e com a comunidade. Fig. 1: “Banner” sobre o projeto político pedagógico apresentado no I Encontro Institucional PIBID/UNIVÁS. 51 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS A segunda ação nas escolas aconteceu com o objetivo de que os alunos conseguissem perceber o que havia de espaço físico inutilizado em cada uma das escolas. A partir dessa visita começou o planejamento para ser elaborada uma horta, que será utilizada como um laboratório vivo de estudo para os conteúdos de ciências biológicas. Na escola Virgilia Pascoal os pibidianos decidiram juntamente com o supervisor da escola, prof. Wagner Ramos o local em que poderia ser montado o laboratório vivo. O mesmo aconteceu na escola Polivalente, que tem como supervisor o professor Marcos Machado. O “banner” abaixo (fig. 2) apresentado no evento mostrou parte do trabalho e como os alunos perceberam a importâncias dos espaços em cada uma das escolas do projeto. 52 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Além da definição do lugar onde foi destinado para ser elaborada a horta também foi observado pelos pibidianos a existência de outros espaços em cada uma das instituições do projeto. Para eles bibliotecas, salas de aula, pátios e mesmos os espaços que são inutilizados pela escola são lugares onde várias aulas diferentes poderiam acontecer e contribuiriam com o aprendizado dos alunos das escolas Polivalente e Virgilia. Para os pibidianos existe uma demanda reprimida de ensino e aprendizado que passa pela ocupação desses espaços nas escolas e para eles é de suma importância que o professor queira inovar suas aulas utilizando esses espaços. O texto reproduzido abaixo é relatado pelos pibidianos do curso de ciências biológicas em seu relatório ao final desse semestre mostra bem a situação aqui descrita: “Durante nossas reuniões sempre foram levantadas questões sobre as condições de trabalho dos professores, sobre planejamento de aulas práticas e teóricas, debates e trocas de experiências entre os supervisores professores de ciências/biologia e o grupo. Buscamos a todo o momento encontrar maneiras de atrair o aluno e transformar o ensino aprendizagem em algo bom e agradável”. “Em meio as nossas buscas e diante das nossas limitações criamos um laboratório vivo, onde cultivamos uma horta. Na horta podemos trabalhar os diversos conteúdos de ciências e biologia do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio”. “Com a ajuda da professora de prática de ensino IV realizamos uma aula prática onde os alunos do curso de Ciências biológicas doaram as mudas que foram cultivadas na horta – laboratório vivo”. “Os supervisores e diretores da escola abriram espaço para nós pibidianos conhecermos e trabalharmos na escola, sempre abertos ao diálogo e planejamento”.Pibidianos do curso de ciências biológica, 2014 – relatório final do semestre Ao final desse trabalho semestral a terceira intervenção dos pibidianos nas escolas resultou na montagem de duas hortas designadas de laboratórios vivos e que serão utilizadas para mostrar de forma prática, as teorias aprendidas em sala de aula. Em cada ano ou série de estudo os conteúdo programáticos vão ser trabalhados com esses alunos, conforme descrito no “banner” abaixo (Fig.3). Além dos conteúdos de biologia e ciência, também foi proposto o ensino interdisciplinar com as matérias de física e química. Esse laboratório vivo vem de encontro à percepção dos pibidianos e 53 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS também a necessidade de que o professor faça aulas mais diversificadas e saia do modelo que perdura por anos (professor, alunos e sala de aula). Para se chegar a esses três banners que foram apresentados no I Encontro Institucional PIBID/UNIVÁS houve o empenho e a dedicação do todos participantes do subprojeto de biologia. No entanto, a melhor parte desse trabalho foi a constatação que os alunos que participam do programa PIBID estão adquirindo experiência como professores e serão profissionais esclarecidos sobre a profissão que escolheram para atuar, isso é um passo pequeno mais muito importante na vida desses futuros profissionais, pois serão mais blindados aos vícios e aos desânimos que impregnou na profissão nos últimos anos. 54 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS RELATOS DE PESQUISAS- PESQUISADORES DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO/UNIVÁS 55 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA: RELAÇÕES ENTRE A FORMAÇÃO INCIAL E A PRÁTICA DE ENSINO12 Álvaro Nonato Franco Ribeiro13 Sônia Aparecida Siquelli14 Introdução 12 Este texto pertence à pesquisa de dissertação de Mestrado em Educação pela Univás, que se encontra em andamento. 12 Mestrando em Educação pela Universidade do Vale do Sapucaí-Univás. Professor de História no Ensino Fundamental da Rede Pública de Pouso Alegre/MG. Linha de pesquisa: Ética, Política e Direito à Educação. [email protected] 12 Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos-Ufscar. Professora de História da Educação Brasileira no Programa de Pós Graduação-Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí-Univás, em Pouso Alegre/MG. [email protected] 56 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS O presente texto tem como objetivo discutir a formação dos professores de História, para o atual contexto das propostas neoliberais de educação. Através das reformas impactantes que adentraram pelas escolas, qual seria o papel do professor de História, diante das mesmas? Ele pode aceitá-las, incorporá-las a sua prática de maneira acrítica, apenas cumprindo as determinações de instâncias superiores? Ou ele pode fazer da sua prática um meio de resistência, encontrando nas entrelinhas dos documentos curriculares oficiais meio de fazer frente a elas? E diante desse quadro, qual a importância da sua formação? O contexto do ensino de História na segunda década do século XXI Os ideais neoprodutivistas afetam a prática dos professores de todas as áreas do conhecimento. Consequências como a competitividade, alcance de metas e a meritocracia, fazem parte do cotidiano de toda a comunidade escolar, inclusive para o professor de História. Essa disciplina, como todas as outras está regida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e pelo Currículo Básico Comum (CBC), no estado de Minas Gerais. Ambos os documentos foram construídos com a finalidade de contribuir para desenvolver nos estudantes determinadas habilidades e competências para sua inserção do mundo do trabalho capitalista. No entanto, esses documentos tendem a desprezar a dinâmica própria em que se inserem as nossas escolas (GUIMARÃES, 2003). O PCN articula uma prática de ensino que evidencie no espaço da sala de aula o ser humano e as diferentes relações que ele estabelece com seu próprio grupo, consigo mesmo, com o mundo do trabalho, com seu meio e com o sistema político (PCN, 1998). O documento pode ser considerado pouco específico, uma vez que adota um discurso um tanto quanto generalizante, cabendo ao professor selecionar conteúdos que melhor se adéquem a realidade de seus alunos (BITTENCOURT, 2009). Além disso, os parâmetros também trazem consigo uma série de sugestões de recursos, que podem ser apropriados pelos docentes, e incorporados a sua prática na 57 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS construção de situações de ensino de aprendizagem, que possam contribuir para desenvolver as habilidades necessárias ao aluno com o fim da educação básica. Assim, o documento defende a utilização de fontes históricas, visita a museus e exposições, exibição de vídeos e documentários. Tudo com a finalidade de complementar sua prática, e assegurar o interesse dos estudantes, que crescem em um mundo pautado pelo imediatismo e pela tecnologia (GUIMARÃES, 2003). O documento determina também quais conteúdos devem ser trabalhados no decorrer do Ensino Fundamental II, estabelecendo um sistema de dois ciclos, o terceiro e o quarto, que atuariam em complemento com aqueles já tratados na primeira etapa do Ensino Fundamental. São estabelecidos também os objetivos para cada um desses ciclos, ou seja, aquilo que os estudantes devem dominar para seguir para a próxima etapa. Em consonância a esse aspecto, determinam por fim, como esses objetivos devem estar presentes na avaliação do professor. Embora em alguns aspectos os parâmetros sejam generalizantes, em outros ele poder ser considerado bem diretivo da prática docente. Principalmente no que diz respeito à avaliação. Diante disso, percebemos que o professor assume para si uma grande tarefa no quadro geral desse projeto de educação. Ou pode adotar uma postura que tende a reprodução dos saberes construídos historicamente, e que são salientados no PCN, como aqueles ideais a serem tratados em sala de aula. Ou pode utilizar das brechas existentes no documento muitas outras visões que foram sufocadas no processo da construção historiográfica, e levar a formação do pensamento crítico de fato, e não a formação de um pensamento dirigido pelas determinações governamentais (GUIMARÃES, 2003). O CBC que afeta exclusivamente a educação mineira, é por sua vez, bem mais específico, na formação do currículo. Embora ele saliente o papel do professor enquanto a principal agente de seleção dos conteúdos, ele não se restringe a apontar de forma geral, como fazem os parâmetros, mas determina de modo bem especifico o que e como se ensinar. Já fazendo, no lugar do professor, a seleção de conteúdos. 58 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS O governo de Minas Gerais adota ainda meios de assegurar que os professores apliquem o currículo por ele determinado, estipulando algumas avaliações distribuídas ao longo do ano letivo que possuem a função de verificar o desenvolvimento de sua proposta para o ensino. Em trecho do próprio CBC podemos observar esse aspecto, além das consequências do desempenho dos estudantes nesses testes na premiação da escola e de seus servidores: A importância dos CBCs justifica tomá-los por base para a elaboração anual do Programa de Avaliação da Educação Básica (PROEB), para o Programa de Avaliação da Aprendizagem Escolar (PAAE) e para o estabelecimento de um plano de metas para cada escola. O progresso dos alunos, reconhecidos por meio dessas avaliações, constituem a referência básica para o estabelecimento de sistema de responsabilização e premiação da escola e de seus servidores. Ao mesmo tempo, a consternação de um domínio cada vez mais satisfatório desses conteúdos pelos alunos gera consequências positivas na carreira docente de todo professor (BRASIL: SEE/MG, p.2, 2007). A organização do curricular desse modo afeta, portanto, diretamente a prática docente. Até mesmo os materiais didáticos adotados nas escolas seguem essas determinações, enviando para os professores, juntamente com exemplares dos livros didáticos a serem analisados para uma possível adoção, uma grade comparativa dos conteúdos ali tratados com aquilo que o CBC determina. A adoção de tal material pode significar o sucesso da escola nas avaliações citadas no trecho de CBC acima, vinculando-se totalmente ao sistema de meritocracia da política neoliberal (FREITAS, 2012). Diante disso temos a oportunidade de questionar qual seria a verdadeira finalidade da educação histórica, e da educação como um todo. Se raciocinarmos como querem as propostas curriculares da educação neoliberal, podemos pensar exclusivamente que o atual papel da educação é formar os nossos alunos para se destacarem nas avaliações externas, contribuindo para elevar a nota de sua escola e no valor do prêmio distribuído aos professores. Ou podemos pensar em uma formação histórica em que alunos e professores cruzem ou mesmo subvertem as fronteiras impostas entre as diferentes culturas e 59 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS grupos sociais, entre a teoria e a prática, a política e o cotidiano, a história, a arte e a vida (GUIMARÃES, p. 38, 2003). Discutindo a formação docente Os dados aqui apresentados, constituem parte daqueles coletados para a dissertação de mestrado em Educação, intitulada Fontes Históricas e Ensino de História: Olhares Sobre o Medievo, em que procurou-se compreender e problematizar como os professores da rede pública e privada do Ensino Fundamental de História, da cidade de Pouso Alegre – Minas Gerais, percebem, resistem e incorporam características do ideário neoprodutivista de educação, em sua prática de ensino junto aos alunos do Ensino Fundamental, nas temáticas relacionadas à Idade Média. O gráfico a seguir, retrata a relação que os docentes, participantes deste estudo, estabeleciam com a documentação curricular oficial do Estado e como ela influencia a prática de ensino no universo de sala de aula. Influência esta que de modo indireto contribui para edificar uma dada visão sobre a Educação e o ensino de História, como foi problematizado a seguir. Foi possível organizar em sete grupos diferentes as expressões que apareciam com maior frequência nas respostas dadas às questões. Embora não tenham sido as mesmas, destaca-se o papel do currículo enquanto aquilo que orienta e norteia a prática docente, mostrando a influência direta existente entre as orientações oriundas desses documentos nas ações desenvolvidas pelos professores em sala de aula. Gráfico 01: Significado das Propostas Curriculares na prática de Ensino 60 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS De acordo com Saviani (2008), ao longo da história da educação brasileira, todas as reformas que afetaram o trabalho do professor dentro da sala de aula foram pensadas fora da escola por aqueles que indiretamente estavam envolvidos no dia-adia escolar. Isso fez com que as necessidades da escola nunca fossem levadas em conta no processo da formação curricular e na constituição das políticas públicas para a Educação. Ao professor e a todos aqueles que atuam no espaço escolar cabia apenas seguir aos desígnios externos, enquanto um “norte”, uma “diretriz”, aquilo que viera para “orientar” e “conduzir” a prática de ensino. Refletir sobre o currículo, analisá-lo e questioná-lo não constitui um hábito para os profissionais que atuam na Educação Básica, que forjaram sua mentalidade de modo externo a esse processo e, que por este fato, enxergaram o currículo apenas como algo a ser seguido, sem a necessidade de se levantar quaisquer questionamentos acerca dele. Outro exemplo aqui destacado corresponde à relação estabelecida pelos participantes do estudo com as fontes históricas, destacando-se neste aspecto os discursos que permeiam a educação. Sempre é exigido ao professor a necessidade de reconstruir a sua prática, adaptá-la aos interesses dos alunos de seu tempo. Cobrança esta que passou a ser, segundo Saviani (2006), inclusa no ensino a partir da introdução dos ideais escolanovistas no Brasil, ainda na primeira metade do século XX. 61 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Ao longo das décadas, os profissionais da educação aderiram a este discurso e passaram e incluí-lo para descrever a sua prática ou as ferramentas por eles utilizadas. Quando questionados a esse respeito, os participantes trazem à tona um discurso que permeia cotidianamente o seu exercício profissional, assim como também as falas que ouviam enquanto alunos de graduação e até mesmo na Educação Básica. Convencionou-se que ser professor é estar em busca do novo, daquilo que desperta o interesse do aluno para a sua disciplina e que seja capaz de tornar as aulas mais atrativas e dinâmicas. Este fato passou também a compor as mentalidades acerca do ensino e da profissão docente. Esta justificativa e as demais apontadas pelos participantes foram agrupadas no gráfico a seguir: Gráfico 02: Razão da utilização das fontes históricas nas aulas de história Além da variação dos temas e das aulas, também foi apontado como justificativa o fato de as fontes estarem presentes no material didático (6 participantes), ou ainda, estarem seguindo a tendência atual para o ensino de história (4 participantes). Apenas um (1) participante não respondeu a essa questão. Considerações finais 62 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS Propôs-se durante este texto realizar uma discussão geral acerca da formação de professores de História na atual conjuntura do ensino brasileiro. Nesse percurso, pode-se perceber que hoje, o ensino dessa disciplina, e consequentemente a ação docente, tende a menosprezar a posição critica que se configura a seu ensino, para atender as demandas do pensamento neoliberal que afeta constantemente sua prática, determinando o modo como esses profissionais devem agir no espaço da sala de aula. A crítica a esse modelo e a esse tipo de prática só será possível mediante a uma formação sólida dada a esse docente, não apenas em seu momento inicial, mas também no que diz respeito a educação continuada. A formação do professor de História deve fugir das imposições que as Diretrizes Curriculares Nacionais, que privilegiam, assim como o ensino da Educação Básica, o saber - fazer, em detrimento do saber – ser, o que leva a uma posição alienante diante da realidade que circunda o professor. Apenas através de uma formação constante e carregada de saberes bem constituídos, conseguiremos conferir ao ensino de História o papel que é descrito em todos os documentos curriculares oficiais, mas que acabam ficando em segundo plano, diante das outras determinações por eles trazidas: formar o cidadão, que dentre outras características, seja capaz de compreender a história do País e do mundo como um conjunto de múltiplas memórias e experiências humanas (BRASIL: SEE/MG, p.2, 2007). Ou seja, um cidadão consciente de seu papel social, que compreender a realidade em que está inserido como espaço de lutas e resistências, operadas ao longo do tempo, pelos variados grupos sociais que contribuíram para formar o país. Referências BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2009. 63 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS BRASIL: Currículo Básico Comum: História / Secretária de Estado da Educação. – Belo Horizonte, 2007. BRASIL: Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. FONSECA, Selva Guimarães. A Formação de Professores de História no Brasil: Perspectivas Desafiadoras de Nosso Tempo. In: ZAMBONI, Ernesta. FONSECA, Selva Guimarães. Espaços de Formação do Professor de História. Campinas, SP: Papirus, 2008. FREITAS, Luiz Carlos de. Os Reformadores Empresariais da Educação: da Desmoralização do Magistério à Destruição do Sistema Público de Educação. Campinas: Educação e Sociedade, v.33, n. 119. Abril – junho de 2012. GUIMARÃES, Selva. Didática e Prática de Ensino em História. Campinas, SP: Papirus, 2003. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. __________________. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. 64 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A DIALOGICIDADE E O COMPROMETIMENTO ÉTICO15 Daniella Ribeiro do Vale e Silva Vieira16 Sônia Aparecida Siquelli17 Este trabalho, como parte da pesquisa de dissertação pelo Mestrado em Educação/Univás, propõe mostrar um dos dados pertinentes à formação do professor na relação com o aluno na prática pedagógica de sala de aula, no contexto da formação humana, política e ética. A partir de Arendt (2011, 2014) e Freire (1997, 2005, 2007) nas questões de tempo e dialogicidade, a importância das ações estarem baseadas no conhecimento da realidade em que se atua. Supõe apontamentos no trabalho pedagógico onde professores e alunos planejem coletivamente o fazer na 15 Este texto pertence à pesquisa de dissertação de Mestrado em Educação pela Univás, que se encontra em andamento. 16 Mestranda em Educação pelo Mestrado em Educação , Universidade do Vale do Sapucaí- Univás. 17 Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos-Ufscar. Professora de História da Educação Brasileira no Programa de Pós Graduação-Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí-Univás, em Pouso Alegre/MG. [email protected] 65 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS educação com vistas a alcançarem ou não as metas traçadas pelo Projeto Político Pedagógico. Este fenômeno sinaliza que o momento histórico da sociedade atual, marcada por mudanças, incertezas e crises das mais distintas, solicita a atenção para os fenômenos que interpelam o agir humano. A ética como valor a ser ensinado e constitutivo do agir humano, deve ser entendida como uma prática social, uma prática educacional e, sobretudo, uma prática humana. O que permite ao homem que ele seja entendido e compreendido como se r humano é o conhecimento incorporado, e não a formação massificada. Uma vez conhecendo a verdade, é possível comprometer-se e viver conscientemente através dos atos que transformam. Certamente não é preciso grande imaginação para detectar os perigos de um declínio sempre crescente nos padrões elementares na totalidade do sistema escolar, e a seriedade do problema tem sido autoridades para deter a maré. (ARENDT, 2011, p.221-222) Entender e compreender leis e direitos morais prescritos socialmente não significa ter a completude consciente da ética que está posta. Faz-se necessária a vivência para que a ação seja verdadeira. Existe um distanciamento entre o que se elabora e o que se vive, o ser humano está inserido em contextos históricos e a todo o momento se depara com escolhas. Assim, entende-se que a ética é um valor adquirido pela prática, parte constitutiva do perfil dos alunos que estão sendo preparados pelos docentes do século vinte e um. Foram realizadas análises das propostas pedagógicas de três instituições de ensino médio público e privado e de três cursos de graduação de duas instituições de ensino superior, em seu ano de conclusão, do município de Pouso Alegre/MG. Estas análises das propostas pedagógicas realizadas foram fundamentadas na metodologia que compreende a realidade através do contexto em que cada instituição, docentes e discentes estão inseridos. 66 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS A Educação Brasileira precisa de reformas, porém, devem partir de mudanças do próprio ser humano enquanto um ser que depende do outro para se consolidar, entender a essência da educação, educar para humanizar e olhar a realidade ainda obscura, mas com respostas possíveis através de uma verdadeira conceituação de homem, sociedade e educação. Essas questões podem ser o início de um novo momento para a ação educativa fundamentada em valores, na qual a criticidade e a valorização do humano se baseiam nos princípios éticos para qualquer mudança. O PPP é uma forma de organização da escola e do trabalho dos educadores quanto as suas finalidades, mesmo que não esteja ordenado em um papel. Avaliar o processo de construção e implementação deste projeto é refletir sobre a escola, suas características, seus pólos de poder, seus conflitos, por se tratar de uma organização orientada com finalidades, controlada e permeada pelas relações de poder. (VEIGA, 2006, p. 25). Com o desejo de encontrar instituições que cumpram com o papel de reflexão, diálogo, respeito às diferenças e democracia, o intuito deste capítulo foi o de encontrar nos PPP os indícios éticos para o trabalho docente e assim refletir no agir dos discentes. Os dados referentes ao tempo de docência na instituição e situação são detalhados de maneira que se compreenda que os professores de Graduação de um curso de Licenciatura, um Tecnólogo e um Bacharelando que estão há menos de dez anos em cada instituição pesquisada somam quarenta e nove por cento (49%). Acima de treze (13) anos essa soma fica abaixo, totalizando quarenta e dois por cento (42%). Os professores designados e contratados somam quarenta e três por cento (43%)e os efetivos estão na maioria com cinquenta e sete por cento(57%). O curso que apresenta o número de professores que estão há mais tempo na instituição é o de Licenciatura. A formação continuada não faz parte do cotidiano dos professores de Graduação participantes da pesquisa. Somente quatorze por cento (14%) dos professores participantes da pesquisa realizam algum tipo de formação continuada. Esta parece ser a realidade que suscita um questionamento em se tratar de falta de 67 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS interesse ou oportunidade de avançar nos estudos, mesmo com professores atuando há muitos anos dentro de uma mesma instituição e formados também há mais de vinte (20) anos. De acordo com os professores pesquisados, apesar de muitas vezes negar essa condição, o posicionamento do professor é visto como um dever, ser espelho de formação ética sempre, em todos os seus atos. É o professor que está com os alunos a maior parte do dia, atendendo às diversidades, sendo necessária sua exposição. O professor capaz de nortear escolhas ultrapassa as fronteiras da educação somente pelo conhecimento. Com consciência, é capaz de ser exemplo para a formação ética e transformadora. Freire (2005) acredita no método de conscientização, onde “a consciência do mundo e a consciência de si crescem juntas e em razão direta; uma é a luz interior da outra, uma comprometida com a outra”. (FREIRE, 2005, p.14) Acreditar que o professor pode não ser modelo compreende-se que a consciência não será formada, uma vez que ninguém é capaz de conscientizar-se sozinho. O professor, com sua autoridade, não impõe atitudes, mas com respeito e cordialidade pode tentar fazer com que o aluno compreenda o mundo e suas necessidades. Porém, alguns dos professores pesquisados não acreditam que sejam modelo ou estejam preparados totalmente. (P06) Sim, apesar de isso no momento atual não ser prioridade. O modelo escolar está completamente ultra passado, pois se foca somente em conteúdos, em vez de pensar na construção do ser humano como um todo, e não só como um operário de indústria. (P07) não a escola permite a atuação discente, eu me formo quando tenho tempo para ler livros, assistir vídeo buscar outras formas de conhecer a realidade. Como a questão de pesquisa girou em torno de conhecer para descrever se a ética docente é reproduzida na formação dos alunos, pode-se observar que a ética enquanto um valor posto da ação acaba por agregar outros valores e princípios que a 68 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS comunidade escolar sabe que existem, mas não possui consciência do seu conceito e muito menos em que momento se manifesta em sua formação, seja esta no momento da aprendizagem ou do ensino. Professores pouco têm ciência de que são nas atitudes do cotidiano de sala de aula que estão promovendo a aprendizagem do valor ético aos seus alunos. Considerando que suas ações são uma resposta ao que se espera no desenvolvimento atual de um aluno cercado de direitos e poucos deveres, os dados analisados vêm confirmar que o agir ético docente é reproduzido pelos seus alunos, mesmo que na sua maioria sem o pensar, o refletir. Mas, apenas a reprodução, a obediência, a execução de ações postas de fora para dentro na formação escolar. É importante ressaltar aqui, ao finalizar esta pesquisa, que a educação relacionada com a formação humana está repleta de regras e o sistema educacional vigente que organiza a entrada e permanência do aluno na escola é regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, que aponta os princípios de igualdade, liberdade, pluralismo de ideias, liberdade de pensamento, e uma gestão democrática. A vinculação da educação com o trabalho e as práticas sociais também é abordada, mas de acordo com as análises, compreende-se que esses princípios estão fundados nas regras apresentadas pelas instituições pesquisadas. O professor, a todo o momento deve se questionar e refletir sobre qual profissional deseja ser. Não precisa esperar que a própria escola aponte como construir a sociedade, mas caminhar lado a lado com a política de seu povo, seus alunos, sendo um profissional que assume seu papel político. A ética, enquanto valor a ser ensinado no universo escolar, seja este na educação básica, neste caso, no Ensino Médio, ou mesmo na graduação, considera as contradições entre o que constitui o ser humano em suas dimensões do agir político agregado ao acúmulo de conhecimento e à capacidade de refletir para decidir para si e para os outros. A partir da diversidade humana e da necessidade de se educar, compreendeuse que faz parte da educação escolar pensar e refletir suas atitudes pedagógicas 69 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS enquanto valores que deverão ser incorporados pelos seus alunos, e nestes estão postos a ética. REFERÊNCIAS ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Trad. Roberto Raposo. 11. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014. ______________. Entre o Passado e o Futuro. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. 7. Ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2011. FREIRE. Paulo. Política e Educação. 6. Ed. São Paulo: Cortez, 1997. ____________. Pedagogia do Oprimido. 48 Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. GATTI, Bernadete Angelina. A Construção da Pesquisa em Educação no Brasil. Brasília: Liber Livro, 2007. SPONVILLE, Comte. André. Dicionário Filosófico. Trad. Eduardo Brandão, São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003. 70 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS 71 I ENCONTRO INSTITUCIONAL PIBID/UNIVÁS 72