UNIVERSIDADE DO EXTREM0 SUL CATARINENSE – UNESC CUIDAR DO SER CURSO DE FORMAÇÃO DO TERAPEUTA COM ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR E HOLÍSTICA NAIR MARIA HEINECK MASSOTERAPIA UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A AUTOCURA CRICIÚMA, 2005. 1 NAIR MARIA HEINECK MASSOTERAPIA UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A AUTOCURA Monografia, apresentada para a obtenção do título de especialista em CUIDAR DO SER; Curso de Pósgraduação - Formação do Terapeuta com Abordagem Transdisciplinar e Holística – Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Orientador: Dr. Prof. Mauro Pozatti CRICIÚMA, 2005. 2 Dedico este trabalho a divindade que habita em mim, que reconhece e se espelha nas divindades que compartilham comigo. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus companheiros de caminhada diária, pois são os meus maiores mestres. Apesar de nem sempre ter percebido, foram responsáveis pelos momentos de leveza e de conflitos, que me fizeram crescer. Permitimo-me pontuar alguns destes mestres: os meus filhos Vanessa e Alessandro, a minha família que continua sendo meu referencial de porto seguro, os meus alunos de todas as idades, pela luz, os colegas de curso e de trabalho pelas diferentes visões de mundo, as amigas de quarto, pela amorosidade e pela terapia do riso, as ”gurias”, Simone, Gilka, Guilhermina e Leila, pela terapia das “viagens” e pela paciência, os professores que partilharam a sua sabedoria conosco através do coração, a Maria Lúcia, pela confiança e pelo desejo de saber mais, os meus terapeutas pelo acolhimento, um especial agradecimento a todas as pessoas que partilham as suas dores comigo nos momentos da terapia e, os autores dos livros que “caíram em minhas mãos” e me deram algumas respostas. Agradeço a nossa grande mãe Terra e todas as suas cores, a sutileza dos Guias de todas as tradições que estão comigo em todos os momentos e ao Universo pela oportunidade de estar aqui. 4 SOBRE A SAÚDE “A maioria das doenças que as pessoas tem são poemas presos. Abscessos, tumores, nódulos, pedras. São palavras calcificadas, são poemas sem vazão. Mesmo cravos pretos, espinhas, cabelos encravados, prisão de ventre. Poderiam um dia ser poemas, mas não... Pessoas às vezes adoecem em razão De gostar de palavra presa. Palavra boa é palavra líquida. Escorrendo em estado de lágrima. Sobre lágrima: Lágrima é dor derretida. Dor endurecida é tumor. Lágrima é raiva derretida. Raiva endurecida é tumor. Lágrima é pessoa derretida. Pessoa endurecida é tumor. Tempo endurecido é tumor. Tempo derretido é poema”. Viviane Moisés 5 RESUMO Neste trabalho, pretende-se apontar a Massoterapia como um dos possíveis caminhos para o autoconhecimento e a autocura. O ser humano, como todos os seres vivos, é constituído de energia vital. Sua vitalidade depende da livre circulação desta energia. Os traumas, ocasionados por stress, medos, raivas, cirurgias ou outros sofrimentos, ao longo de sua caminhada, intoxicam e congestionam seus órgãos vitais, provocando desequilíbrios energéticos. Os órgãos vitais congestionados impedem a livre circulação da energia vital pelos chakras, nádis e meridianos, promovendo nós e emaranhados no abdômen que causam desconfortos físicos e ou doenças, diminuindo a vitalidade do ser. Menor vitalidade, menor reação aos estímulos internos e externos, maior predisposição aos congestionamentos energéticos. A massoterapia propicia a liberação da energia estagnada, desintoxicando os órgãos, que passam a realizar as suas atividades de forma mais natural. Como conseqüência, ocorre a liberação dos desconfortos e ou a estagnação das doenças. Liberados, os desconfortos e as dores mais evidentes, o curador pode ajudar a despertar os mecanismos de autocura do organismo, possibilitando a investigação das causas dos mesmos. O corpo físico é uma via de fácil acesso ao cérebro límbico (emocional), que responde sem passar pelo crivo da razão (cérebro cognitivo). Entrando em contato sistemático com a dor e o desconforto de determinadas regiões do corpo, são ativadas as emoções e ou traumas inconscientes cristalizados. As cristalizações, formatadas em dores e desconfortos físicos, que podem ser recentes, muito antigas de vidas passadas, vão se mostrando na terapia à medida que o self tem condições de acolhê-las. Revendo situações veladas que estão por trás das dores, através de catarses que podem se apresentar como acessos de raiva, choros, contorções do corpo, medos, tosses, entre outros, o ser contata a emoção vivida na fase da formatação do trauma. Com a vivência e a razão de hoje e, com o apoio do terapeuta, tem condições de rever a situação e pode em um ou diversos contatos dissolver essas dores. Com o contínuo trabalho terapêutico de auto “olhar-se”, percebe-se que as dores físicas diminuem e na maioria das vezes desaparecem. O curador interno é acionado. Como conseqüência visualiza-se um novo paradigma que se estende para além da terapia e se manifesta no cotidiano, ocorrendo a mudança, a cura. Palavras-chave Massoterapia. Energia Vital. Desequilíbrios Energéticos. Meridianos. Traumas. Catarses. Autocura. Autoconhecimento. Curador Interno. Cérebro Límbico. Cérebro Cognitivo. Mudança. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÂO 07 MASSOTERAPIA, UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A AUTOCURA 08 O Toque Terapêutico As Dores do Corpo Físico O Contato com as Dores da Alma Desvelando a Máscara Acesso ao Curador Interno CONCLUSÂO 57 REFERÊNCIAS 59 ANEXOS 61 7 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa destacar a Massoterapia como um dos caminhos possíveis para o autoconhecimento e a autocura. A escolha do tema e do título deve-se a íntima e intrincada relação que se percebe existir entre o educador/terapeuta, a pessoa a ser cuidada e as suas transformações. O desenvolvimento do trabalho privilegia conteúdos e gráficos relacionados ao trabalho técnico do massoterapeuta, da sua intervenção no corpo físico, bem como a ressonância da mesma nos diversos corpos sutis das pessoas. Tendo o corpo físico como via de acesso, tenta-se tecer a conexão existente entre o físico (denso) e os emaranhados energéticos dos corpos sutis. Foi escolhida uma personagem, a Carla, para sintetizar algumas histórias de vida partilhadas no consultório e, para abordar a intervenção do terapeuta. Dessa forma o trabalho foi tecido, na tentativa de contar a história da Carla, a vivência, a transformação, a construção e a atuação do educador/terapeuta, mesclado com as idéias dos mestres da bibliografia consultada. Como anexos, foram acrescentados alguns gráficos para auxiliar na ilustração dos temas descritos e, alguns mapas do corpo, que se consideram importantes para construção da consciência corporal. Nas considerações finais retoma-se e apresentam-se algumas constatações relacionadas à atuação do terapeuta, sua transformação, bem como a massoterapia como um dos caminhos viáveis para o autoconhecimento e a autocura, pontuados na vida de Carla. 8 MASSOTERAPIA UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A AUTOCURA O TOQUE TERAPÊUTICO O toque secreto aqueceu corpos, espíritos e lares em todos os lugares através dos tempos. É um toque de coração quando você dá livremente de si mesmo a outra pessoa. Você descobrirá que o toque amoroso tem extraordinário poder de curar e renovar vidas e espíritos. (CHIA, 2003, p. 33). As raízes da palavra massagem remetem diretamente ao toque, às suas várias aplicações e as idéias que fundamentam a sua estruturação. Segundo FRITZ (2002, p.4): “o toque, anatômica e fisiologicamente, é o conjunto de sensações táteis que surgem da estimulação sensorial, em primeiro lugar da pele, mas também de estruturas mais profundas do corpo como os músculos”. A pele, maior órgão sensitivo do corpo, é a porta de entrada dos efeitos do toque. Através dela, somos tocados profundamente nos tecidos como os músculos, nos órgãos vitais, no sistema nervoso autônomo, que regula a homeostase visceral e química do corpo, promovendo o bem-estar. As partes anatômicas que compõem a pele (epiderme, derme e os tecidos conectivos entrelaçantes dessas camadas) recebem e retransmitem informações do sistema nervoso central e se associam ao complexo de vasos circulatórios para irrigação da pele. Toda essa complexidade anatômica e fisiológica não consegue explicar com propriedade a experiência do toque, que é sentida e vivenciada de forma particular pelo indivíduo. De alguma maneira, a pressão e os movimentos vibratórios musculares que excitam a pele causam sensações e experiências de prazer, ligação, alegria, dor, tristeza, raiva, saudade, relaxamento, êxtase, entre 9 outras. Não só pelo profundo mistério dos efeitos fisiológicos provocados pela massagem, mas também na grande quantidade dos mais variados casos tratados com êxito, muitos dos quais já abandonados pela medicina tradicional, é que podemos afirmar que ainda é desconhecida, emsuaplenitude, a extensão dos benefícios a serem proporcionados pela massagem, mesmo tendo sido estudada, analisada, e pesquisada por grande quantidade de cientistas e médicos do mundo ocidental, [...]. (OLIVEIRA, 1994, p. 45). Os animais precisam ser tocados para sobreviver. Existe vasta bibliografia apresentando relatos e pesquisas científicas a respeito da necessidade do toque para os seres vivos. Em relação a isto, SCHREIBER (2004, p. 181), ilustra bem o caso dos bebês, nas incubadoras dos hospitais da década de 1980, que apresentavam o seguinte aviso: “NÃO TOQUE”. Apesar de terem condições perfeitas de temperatura, umidade, oxigênio, alimento e luz, não cresciam. O descumprimento dessa regra por uma enfermeira, que massageava as costas dos bebês quando choravam, provou que as crianças reagiam ao toque, melhorando as suas condições vitais. [...], NA Universidade de Duke, o professor Saul Schonberg, M.D., Ph.D., e sua equipe já confirmaram esse resultado em uma série de experimentos com filhotes de rato isolados ao nascer. Sua pesquisa descobriu que sem contato físico, cada célula no organismo do animal literalmente se recusa a se de-senvolver. Em todas as células dos filhotes de rato, a parte do genoma que produz as enzimas necessárias para o crescimento não mais se expressa; com efeito, todo o corpo entra em um estado semelhante à hibernação. Porém, se uma escova úmida é suavemente passada nas costas de rato – como se a sua mãe o tivesse lambendo, em resposta ao choro -, a produção de enzimas imediatamente recomeça e, portanto, também o seu crescimento. O contato emocional é inegavelmente necessário para o crescimento – e para a sobrevivência. (SCHREIBER, 2004, p. 182). As pesquisas apontam inúmeras respostas fisiológicas ao toque, tais como: mudanças hormonais, alterações nas atividades do sistema nervoso e na 10 regulação dos ritmos do corpo. Porém, a quantidade de informações disponíveis, é insuficiente para a compreensão da experiência individual do toque. , [...] a experiência do toque é mais do que a soma de suas partes. [...] só quando toco os clientes e os sinto é que começo a compreender os seus corpos. Num sentido recíproco, quando coloco as minhas mãos no corpo de uma pessoa, a compreensão que eu, na qualidade de prático, recebi do cliente, é transmitida de volta a ele. O toque é uma forma de comunicação fundamental, de múltiplas camadas e poderosa. É a forma mais personalizada de comunicação que conhecemos. (FRITZ, 2002, p. 5). A linguagem do toque é uma das mais poderosas maneiras de comunicação emocional, pois envolve contextos pessoais, familiares, religiosos e culturais. A sensibilidade do terapeuta é imprescindível em relação aos fatores influentes nas respostas das pessoas. O toque terapêutico usado na massoterapia parece ter várias origens e como conseqüência a palavra massagem também. [...] a palavra “massagem” deriva de várias fontes. Do latim massa e do grego massein ou masso,significam tocar, manusear, apertar ou amassar. Do francês masser também significa amassar. Mass ou mass’h, do árabe e makeh do sânscrito são traduzidas como “pressionar suavemente”. FRITZ, 2002, p. 13, Observando o comportamento dos animais, podemos notar que freqüentemente estão se lambendo, se tocando, se esfregando ou se apertando, seja para curar uma dor ou ferida, nas brincadeiras, ou ainda, para se coçar. As crianças também costumam fazer brincadeiras, utilizando o toque. Os adolescentes, de uma forma mais “embrutecida”, estão sempre se tapeando, se socando e, muitas vezes machucam-se, no exagero do toque. A massagem sempre foi um dos meios mais naturais e instintivos para aliviar a dor e o desconforto. São incontáveis os filhos que 11 tiveram as suas dores aliviadas pelo toque amoroso e sutil das suas mães ou ainda, aquecidos pela fricção das mãos, dos pés ou outras partes do corpo quando frias. ,[...], a massagem Amma já era não só um valioso recurso natural de cura como também um grande mistério ligado aos efeitos tanto de amor e de carinho como de raiva e violência produzidos por um simples toque no deslizar ou friccionar da mão sobre o corpo de alguém, acalmando-o se nervoso ele estivesse; fazendo o rir, se tocado em determinadas partes do corpo; podendo faze-lo dormir, deixando-o em profundo estado de torpor ou relaxamento ou anulando suas dores. [...]. (OLIVEIRA, l994, p. 9). A massagem tem suas raízes na medicina chinesa, mas também possui aspectos incorporados de outras tradições de cura. Acredita-se que as referências escritas mais antigas da arte da massagem, datam de 2000 a.C. e que, desde 500 a.C. foi amplamente divulgada em livros. O anexo 1 (FRITZ, 2002, p. 14-15), apresenta uma linha de tempo, ilustrativa sobre as diversas teorias envolvidas na construção da massoterapia, desde os primeiros registros escritos até o ano de 1994. A fim de efetuar curas, quando necessárias, os chineses desenvolveram alguns sistemas que foram amplamente utilizados. Curiosamente, cada região da China desenvolveu um estilo próprio de cura fundamentado no clima e no ambiente. Nas montanhas do oeste, foram usados minerais e ervas para curar. No leste, onde se come mais alimento animal, inclusive marisco, desenvolveu-se a cirurgia. No clima mais frio da região norte, foi usada a moxabustão (um método de queimar moxa [artemísia] para aquecer); no sul, desenvolveu-se a acupuntura. Na área central, onde o clima é moderado, desenvolveu-se a massagem como meio de equilibrar e restaurar a energia vital. (SABETTI, 1991, p. 26). Ao longo dos tempos, muitos sistemas e teorias relacionadas ao tratamento da disfunção e da dor musculoesquelética, surgiram e passaram, mas a resistência da massoterapia durante os séculos é surpreendente, sendo validada pelo pensamento científico atual. É importante frisar que todos os sistemas e técnicas de massagem 12 apresentam um fundo terapêutico. O simples acolhimento da pessoa que está debilitada física, emocional e ou espiritualmente já propicia um continente para melhora. O acolhimento através do toque possibilita um caminho para o ser a ser cuidado acessar o próprio processo de cura. [...] Conquanto todas sejam eficazes e possam aliviar tanto doenças crônicas como agudas, elas não produzirão os resultados esperados se não forem aplicadas e animadas por um amor e compaixão que emanem sincera e abundantemente do coração. As suas mãos só se tornarão mãos de cura se você transbordar de boas intenções. (CHIA, 2003, p.33) A figura 1(CHIA, 2003, p. 34), ilustra com muita propriedade, a atitude do terapeuta no momento do toque, ou seja, quando ocorre a canalização energética. Durante o atendimento, são indispensáveis a entrega, a atenção, a amorosidade e a disponibilidade do terapeuta. A massagem ocidental ampliou profundamente os seus recursos técnicos em relação à primitiva Amma (massagem chinesa), que se baseia na pressão e percussão do dedo ou dos dedos sobre determinados pontos dos meridianos ou nervos chamados Tsubo. Valiosas contribuições para as diversas linhas de tratamento corporal, apresentados na figura 2 (FRITZ, 2002, p. 38), foram deixadas pelo sueco Per Henrik Ling (1776-1839) que desenvolveu seu sistema de massagem, combinando os movimentos e posições da ginástica sueca com exercícios, criando uma escola para ensinar a ginástica médica. Para o médico holandês, Dr. Johann Mezger (18391909) ficou o mérito de divulgar a massagem para a comunidade científica. 13 Figura 1 Cura com amor que transborda do coração Figura 1 Cura com amor que transborda o coração 14 Figura 2 A árvore do trabalho corporal – diversidade representada na metáfora de uma árvore. A representação mostra que todas as formas de massagem terapêutica e métodos relacionados de trabalho corporal derivam das mesmas raízes. A técnica ocidental baseia-se na manipulação dos tecidos (da pele, dos músculos, dos nervos e das articulações), através de pressões e percussões realizadas com os dedos , com as mãos, com os braços e ou com os pés, intercalando algumas das seguintes manobras: deslizamento, amassamento, fricção, vibração, pinçamento, rolamento, movimentos circulares, mão oca, mão de cutelo, mão em leque, punhos fechados, palmas, reptente, foullage, entre outras. A massagem contemporânea foi muito influenciada por mulheres como: Eunice Ingham que formalizou o sistema de reflexologia, Dra. Janet Travell com seu trabalho insuperável da dor miofascial e pontos-gatilho, Fran Trappan no tratmen- to da poliomelite, Ida Rolf com a técnica do rolfing, dra. Dolores Krieger com seu toque terapêutico, entre outras. Atualmente, a maioria dos profissionais que utiliza a massagem como arte de cura é composta por mulheres. 15 O trabalho do massoterapeuta pode ser complementado por algumas das diversas artes curadoras como: a bioenergética, o xamanismo, a arte terapia, a fitoterapia, a terapia dos cristais das rochas e dos fósseis, a terapia dos florais, entre outras, de acordo com as necessidades da pessoa a ser cuidada. A figura 3 (FRITZ, 2002, p. 39), simboliza de forma simplificada uma abordagem complementar das diversas artes de cura do massoterapeuta. O viés da interferência do terapeuta é o toque. Parte-se do corpo físico para que a pessoa a ser cuidada possa acessar os corpos sutis, em busca do curador interno. Figura 3 A sobreposição fisiológica fundamental dos métodos de trabalho corporal. Figura 3 A sobreposição Fisiológica Fundamental dos Métodos de Trabalho Corporal 16 Se do ponto mais alto de uma montanha olharmos ao redor, até onde nossa visão alcança, descobriremos e também sentiremos a natureza viva se mantendo graças a uma das muitas fontes geradoras de energia: o sol, representando, no caso, o absoluto, de onde o elemento terra acumula energia que a torna capaz de fazer germinar a semente nela colocada, transformando-a numa bela e frágil flor ou em uma majestosa árvore. Assim nós seres humanos acumulamos energia do absoluto e, a exemplo do elemento terra, mas pelo contato corporal e, principalmente, pelas mãos, podemos transmitir e captar esta energia. (OLIVEIRA, l994, p.10). 17 AS DORES DO CORPO FÍSICO [...] mente e corpo podem influenciar-se mutuamente. O que se pensa influencia o que se sente, e vice-versa. Esta interação, contudo está limitada aos aspectos conscientes ou superficiais da personalidade. Em nível mais profundo, no nível do inconsciente, tanto o pensar quanto o sentir são condicionados por fatores de energia. (LOWEN, 1985, p. 11-12). O corpo físico é depositário dos registros de traumas (energia-consciência congelada) que vamos acumulando durante a nossa caminhada como Essência. Isto se processa porque tentamos reprimir todo tipo de sofrimento para não sentirmos dor. Estes traumas causados por medos, stress, raivas, cirurgias ou outro tipo de dor, intoxicam e congestionam os órgãos, impedindo a circulação natural da energia vital. Segundo a idéia chinesa da criação do Universo no início existia somente ki, a Unidade. Para que o nosso mundo relativo fosse criado a unidade manifestou-se em seus dois aspectos opostos e complementares, negativo e positivo, a que os chineses denominaram de Yin e Yang. Yin é o princípio negativo responsável pela expansão; Yang, o positivo que contrai, sendo que todos os fenômenos ocorrem a partir da interação constante destas forças antagônicas. Portanto é eterna e contínua a atração que Yin exerce sobre Yang e vice-versa, formando um número infinito de combinações que constituem o Universo, a diversificação da Unidade. (CANÇADO, 1980, p. 1516). Dependendo da filosofia ou da tradição, a energia vital é denominada de energia primária, energia universal, prana, chi, orgone, ki, força odica, entre outras. Uma das mais antigas ciências sobre a energia vital de que se tem registro foi desenvolvida pelos egípcios, que deram a essa força o nome de ga-llama ou ka. Ga-llama era a energia inalada e manifestada na respiração, [...] Sabemos que os egípcios acreditavam numa totalidade original chamada nun, que atuava através de poderes cósmicos ou vitais chamados nateriv. (SABETTI, 1991, p. 18-19). A falta de circulação dessa energia ocasiona “nós” e ou “emaranhados” no abdômen, conforme mostra a figura 4 (CHIA, 2003, p. 211), responsáveis pelos 18 desconfortos físicos ou até mesmo “doenças”, diminuindo a vitalidade do ser. [...] os nós são bloqueios, superficiais que se manifestam como áreas engrossadas ou encaroçadas na região do intestino delgado. Eles se embaraçam com as fáscias superficiais, com os vasos linfáticos, com pequenos nervos e com tubos capilares. Os emaranhados são mais profundos que os nós e envolvem as estruturas maiores de nervos, vasos linfáticos, tendões, músculos, artérias, veias, fáscias e os sistemas de órgãos e suas energias. (CHIA, 2003, p. 211). Figura 4 Um emaranhado de Nervos, Artérias e o Sistema Linfático. Segundo o pensamento oriental, a saúde é mantida por um fluxo contínuo e livre de energia que, ao longo desses canais afeta diretamente as funções linfáticas, nervosas e sanguíneas. Minúsculos centros de energia, os acupontos (usados tanto na acupuntura como na acupressura), reúnem e distribuem a força vital ao longo dos meridianos. [...] O dr. Kim afirma ter encontrado um grupo de pequenas células ovais circundadas por capilares na pele e em outras células mais profundas do corpo, que ele pensa serem estes acupontos.Usando um tobiscópio, que mede graus de resistência elétrica, vários pesquisadores descobriram que os acupontos têm resistência mais baixa do que a pele circundante, permitindo assim que a energia flua com mais facilidade nesses lugares. (SABETTI, l991, p. 26). Quanto menor a vitalidade, menor é a reação aos estímulos externos e internos, criando-se um círculo vicioso de congestionamentos energéticos. 19 A dor que reprimimos começou muito cedo na nossa infância, com freqüência antes do nosso nascimento, no útero. Desde então, cada vez que interrompemos o fluxo de energia num acontecimento doloroso, congelamos esse acontecimento tanto na energia como no tempo. É a isso que chamamos de bloqueio no nosso campo áurico. Como o campo áurico é constituído de energia-consciência, um bloqueio é energia-consciência congelada. A parte da nossa psique associada a esse acontecimento também congelou no momento em que interrompemos a dor. Essa parte da nossa psique permanece congelada até a derretermos. [...] Ela não vai amadurecer até que seja curada, o que acontece quando o bloqueio recebe energia suficiente para derreter, e assim poder iniciar-se o processo de maturação. ( BRENNAN, 1996, p. 21- 22). O campo áurico (aura humana) é formado por várias camadas que também são chamadas de corpos, que se interpenetram e cercam umas às outras em camadas sucessivas. O Campo de Energia Humana refere-se ao campo de energia universal intimamente envolvida na vida humana. Pode ser descrito como um corpo luminoso que cerca o corpo físico e o penetra, emite sua radiação característica própria e é habitualmente denominado “aura”. (BRENNAN, 2003, p. 67). Carla, personagem que ilustra algumas das situações de tratamento terapêutico, queixa-se de dores crônicas na coluna, na cabeça, cansaço intenso principalmente nas pernas e às vezes, dificuldades no caminhar. As primeiras sessões de massoterapia foram voltadas para aliviar a dor física, aliando algumas técnicas de massagem com técnicas de relaxamento e interlocuções. Inicialmente pode-se perceber que já havia um círculo vicioso, conforme aponta a figura 5 (CHIA, 2003, p. 28), em torno dessas dores, não havendo distinção entre o início de uma ou outra. Simplesmente eram controladas por diversos tipos de analgésicos e relaxantes musculares, que faziam efeito por algum tempo. As causas também eram desconhecidas, aliás, as dores foram se acumulando e Carla pouco sabia da origem das mesmas. 20 Quando obstruídos, os órgãos internos armazenam energias nocivas que podem transbordar para outros sistemas do corpo e manifestar-se como emoções negativas e doença. Sempre à procura de uma saída, essas emoções negativas e energias tóxicas criam um círculo vicioso de negatividade e stress. [...] se alojam nos órgãos, infeccionando-os, ou vão para o abdômen, o “aterro sanitário” do corpo. [...] O centro energético do corpo localizado no umbigo, fica congestionado e isolado das outras partes. (CHIA, 2003, p. 27). Figura 5 O ciclo de energia negativa forma nós e emaranhados no abdômen O Ki flui ininterruptamente, através das estruturas do organismo em cinco diferentes níveis: o primeiro e o mais profundo localiza-se dentro dos ossos; o segundo nos músculos; o terceiro nos vasos sanguíneos e linfáticos; o quarto, na região subcutânea e o quinto na superfície da pele, contínuo com a aura, a força vibratória que envolve todos os seres vivos. (CANÇADO, 1980, p. 17). 21 Nas primeiras sessões de Carla, o enfoque foi voltado para a liberação e desintoxicação da região abdominal, que estava muito congestionada, apresentando muitos nós e emaranhados. O anexo 2 (CHIA, 2003, p. 227), apresenta os pontos reflexos dos diferentes órgãos internos localizados na região abdominal. Quando massageados suave ou profundamente ativam a circulação da energia estagnada nas áreas reflexas. [...] Além de ar, luz e comida que ele absorve, existem vibrações mais altas do cosmos, notadamente a energia eletromagnética “ki”, captada pelo corpo através de seus vários pontos de pressão. Esses pontos, localizados profundamente na pele, têm estrutura em espiral e determinam os canais ou “meridianos” que transmitem essa energia eletromagnética através do corpo. Nos organismos saudáveis existe uma livre e desimpedida circulação de “ki, força magnética vital, de órgão para órgão, através dos meridianos. (LANGRE, 1980, p. 68). Figura 6 Fluxo de Energia Através de pressões profundas na pele, da canalização da energia da Terra e da energia Universal, aos poucos, os órgãos são ativados, aumentando a circulação da energia vital, captada pelos chakras, que flui através dos canais internos do corpo (nádis), dos meridianos, do sistema nervoso, das glândulas e dos vasos sanguíneos. BRENNAN, (2003, p. 77), apresenta de forma esquemática o processo da circulação da energia vital nos seres humanos, conforme a figura 7. 22 Figura 7 O caminho metabólico da energia primária entrante [...] Diz-se que esses centros de energia denominados “chakras” – que em sânscrito significa “círculo”- assemelham-se a vórtices rodopiantes de energias sutis. Os chakras estão de alguma forma envolvidos na captação 23 das energias superiores e na sua transmutação numa forma utilizável na estrutura humana. (GERBER, 2002, p.104). A figura 8 (GERBER, 2002, p. 105), aponta a localização dos sete maiores chakras e seu respectivo plexo do sistema nervoso autônomo. Figura 8 Os Sete Chakras e os Plexos do Sistema Nervoso Autônomo Anatomicamente, cada chakra está associado a um grande plexo nervoso e a uma glândula endócrina. Os grandes chakras estão situados numa linha vertical que sobe da base da espinha até a cabeça. O mais baixo chamado de chakra da raiz, fica perto do cóccix. O segundo chakra, chamado de sacral ou esplênico situa-se ou logo abaixo do umbigo ou próximo ao baço. [...] O 24 terceiro chakra, o do plexo solar, situa-se na metade superior do abdômen, abaixo da ponta do esterno. O quarto, também conhecido como chakra do coração, pode ser encontrado na parte média do esterno, diretamente sobre o coração ou o timo. O quinto chakra, o da garganta, localiza-se no pescoço, próximo ao pomo de Adão. O chakra da garganta fica diretamente sobre a tireóide e a laringe. O sexto chakra, o da testa chamado de ajna nos textos iogues, situa-se na parte média da fronte, ligeiramente acima do cavalete do nariz. O sétimo chakra está localizado no alto da cabeça. (GERBER, 2002, p.104). Existe vasta literatura a respeito da teoria dos chakras. Alguns autores e ou estudiosos, dependendo da tradição, sinalizam para uma pequena diferença na localização dos sete principais chakras. Para exemplificar, aponta-se a localização dos chakras da raiz e da coroa, que de acordo com algumas teorias, situam-se afastados do corpo (alguns centímetros abaixo dos pés e acima da cabeça). O propósito não é discorrer sobre as teorias dos chakras, mas sim, mostrar as suas localizações para uma melhor compreensão deste trabalho. Considera-se oportuno, apresentar a figura 9 (BRENNAN, 2003, p. 73), para declinar mais um olhar sobre a localização dos sete chakras principais. Cada camada da aura está associada a um chakra, a saber: a primeira camada se associa ao primeiro chakra, a segunda ao segundo chakra, e assim por diante. [...] A primeira camada do campo e o primeiro chakra estão ligados ao funcionamento físico e à sensação física – a sensação da dor ou do prazer físicos. A primeira camada está ligada ao funcionamento automático e autônomo do corpo. (BRENNAN, 2003, p. 70). 25 Figura 9 Os Sete Chakras Maiores, Vistos de Frente e de Costas Figura 9 Os Sete chakras Maiores, Vistos de frente e de Costas O início de cada sessão de massoterapia é reservado para fazer a harmonização e a sintonia entre o ser a ser cuidado e o terapeuta. Em seguida, começa-se a massagem pelo abdômen, suavemente, depois mais profundamente para perceber os nós e ou emaranhados dos pontos reflexos de outras áreas do corpo, nos órgãos e tecidos desta região. Aliviados, os nós e ou emaranhados abdominais, o olhar é voltado para cai-xa torácica para ver se há algum congestionamento, emoção sufocada ou algum tipo de ansiedade, para depois verificar as demais regiões do corpo. Nos locais das dores, a atenção é mais focada, mas todo corpo é 26 massageado. À medida que a pessoa é tocada, partilham-se as impressões, sob forma de perguntas sutis, ou dependendo da situação, comunica-se diretamente o que foi percebido. Nas suas respostas e na sua fala, a pessoa expõe os acontecimentos mais recentes, que no seu entendimento, provocaram as dores. Muitas vezes a situação já é crônica e está se manifestando há muito tempo. Os problemas atuais somente vão reforçar as dores pré-existentes, acumuladas ao longo da vida. Dependendo dos órgãos ou regiões que estão sendo focados, faz-se perguntas para constatar se há dores reflexas em outros locais do corpo. Para exemplificar, o quadro relativo às dores da coluna de Carla, pergunta-se - Sente náuseas? Azia? Dor nos ombros? Nas pernas? Na cabeça? No estômago? A figura 10 (CHIA, 2003, p. 210), apresenta as zonas reflexas de um nó localizado na região abdominal. A definição médica de reflexologia é “estudo dos reflexos”. Reflexoterapia é o tratamento por meio de manipulação aplicada a uma área distante do distúrbio. Em termos fisiológicos, um reflexo é uma resposta involuntária a um estímulo. (FRITZ, 2002, p. 486). Na maioria das vezes, Carla confirma os sintomas mencionados das áreas reflexas, ou, no decorrer da massagem, relembra momentos da sua vida diária nos quais vivenciou essas dores. [...] uma importante reação que, em hipótese alguma, pode ser ignorada. Trata-se da sua ação reflexa. Isto é, se pressionarmos um determinado nervo no pescoço na região lateral, vamos sentir um estímulo de dor ao longo do antebraço; se a pressão for feita em um nervo cervical, junto a protuberância ocipital, o estímulo da dor percorrerá a caixa craniana, para se localizar na testa, acima da sobrancelha ou na própria cabeça, dependendo do nervo que for tocado. É comum tocar-se em um dos nervos lombares ou sacros e a pessoa sentir o estímulo de dor na perna ou pé. Esta reação é uma ração reflexa e, graças a ela, a massagem pode tratar de traumatismos profundos onde, por um motivo ou outro, a manipulação não pode ser efetuada. (OLIVEIRA, 1994, P. 54-55). 27 Figura 10 Um nó no abdômen pode provocar dor em áreas distintas do corpo, contraindo e criando tensão. A existência desses meridianos e sua relação com os pontos de pressão são conhecidas pela medicina tradicional há milhares de anos. A medicina ocidental moderna e a embriologia afirmam que a pele e os nervos do embrião se desenvolvem da mesma maneira que as células: existem pontos no ectoderma (camada externa do embrião) que em nove meses se transformam na pele e no sistema nervoso. Esses pontos estão diretamente conectados a outros no endoderma (camada interna do embrião) que darão origem aos órgãos. Um estímulo no meridiano ou em seus pontos principais provoca um impacto definitivo nos seus órgãos associados. (LANGRE, 1980, p. 13). Os anexos 10 (FRITZ, 2002, p. 488) e 11 (BRENNAN, 2003, p. 276), ilustram os pontos reflexos dos órgãos internos na sola dos pés. Assim como estes, existem incontáveis mapas de partes ou de todo corpo, apresentando esquemas dos 28 pontos reflexos. O continuado olhar e o estudo do terapeuta possibilitam a percepção destas zonas reflexas com bastante acuidade e precisão. A percepção física do terapeuta, para identificar e contatar as questões do momento são as pontas dos dedos no ato do toque. Parece simples porque é instantâneo. Este processo de percepção é muito complexo apesar da rapidez na informação transmitida aos dedos. O terapeuta, em contato com a pessoa a ser cuidada, de olhos fechados, faz a conexão com os seus guias, a energia da mãe-Terra, a energia cósmica e a permissão e o auxílio dos guias da pessoa. Esta conexão passa pelo coração e se processa no terceiro olho (região situada na testa entre os olhos). A figura 11 (CHIA, 2003, p. 346), simboliza de maneira simplificada esta conexão. Assim ocorre a sinalização física da dor do momento e o trabalho é realizado, liberando as regiões congestionadas. [...] sendo partes inseparáveis do todo, podemos entrar num estado de ser holístico, ser o conjunto e absorver os poderes criativos do universo para curar instantaneamente alguém em qualquer lugar. Curadores há que conseguem fazê-lo até certo ponto, fundindo-se e identificando-se com Deus e com o paciente. Sermos curadores significa mover-nos na direção da força criativa universal, que experimentamos como amor pela sua reidentificação com o eu, universalizando-nos e identificando-nos com Deus[...]. (BRENNAN, 2003, p. 51- 52). 29 Figura 11 Canalização da Energia Universal e da Terra 30 O término do atendimento acontece quando os “dedos” não têm mais nada para sinalizar e quando os chakras da pessoa estiverem alinhados, figura 12 (BRENNAN, 2003, p. 91). Figura 12 Figura 12 Equilibrando o campo áurico da paciente, da curadora e do Campo de Energia Universal Este processo de canalização e tratamento sempre foi muito natural para a autora deste trabalho, por isso, não procurava explicações, simplesmente aceitava. O contato com os conceitos e as idéias da Física Quântica: (ser quântico, energias sutis, ondas, movimentos, atemporalidade, não-localidade, universo de possibilidades, probabilidades, sincronicidade, campos morfogenéticos, espaçotempo, partículas dissipativas, hologramas, inteireza, etc.), satisfazia a sua curio- 31 sidade porque complementavam as suas percepções na prática diária como educador e terapeuta. Para ilustrar ainda mais a complexidade dos fenômenos que acontecem nos corpos energéticos dos seres vivos consideram-se importantes a figura do anexo 3 (BRENNAN, 2003, p. 227), conforme as explicações a seguir. [...] a luz não só penetra pelo terceiro olho, mas também pelos olhos físicos e flui ao longo dos nervos óticos, como mostra a figura. Essa luz de vibração mais elevada que a luz visível, passa através da pele. Atravessa o quiasma ótico e contorna a pituitária, que fica logo atrás do quiasma. Em seguida segue por dois caminhos, um que vai para os lobos ocipitais, servindo a visão normal, e outro que vai para o tálamo, servindo ao controle oculomotor. Consoante minhas observações, certas técnicas respiratórias e de meditação induzem a pituitária a vibrar e irradiar luz áurica dourada [...] a luz áurica se arqueia sobre o fundo do corpo caloso e se dirige para a glândula pineal, que age como detector da visão interior. (BRENNAN, 2003, p. 226). O rastreamento das dores com as pontas dos dedos, propicia elementos para a identificação de possíveis traumas associados às dores físicas. Esse conjunto de informações subsidia o processo da intervenção terapêutica. Através do toque nos acupontos, são liberadas as áreas doloridas e em conseqüência, por vibração energética, células, órgãos, canais linfáticos e sanguíneos, meridianos, nádis e chakras são liberados para a livre circulação da energia vital. Os chakras transformam energias de dimensões superiores (ou freqüências mais elevadas) em alguma espécie de produto glandular-hormonal que subsequentemente afeta todo o corpo físico. [...] Os chakras primários originam-se no nível do corpo etérico, Os chakras por sua vez, estão ligados uns aos outros e a determinadas partes da estrutura físico-celular através de canais energéticos sutis conhecidos como “nádis”. Os nádis são constituídos por delgados filamentos de matéria energética sutil. [...] Com base em informações provenientes de diversas fontes, foram descritos mais de 72.000 nádis ou canais de energia etérica na anatomia sutil dos seres humanos. Esses singulares canais estão intimamente ligados ao sistema nervoso físico. (GERBER, 2002, p. 106-107). 32 As pesquisas realizadas pelo Dr. Motoyama apontam para confirmação dos chakras nos seres humanos e, acredita-se que sejam os transformadores da energia básica de natureza sutil em energia mais densa, ou seja, em “reverberações secundárias de energia numa oitava inferior”, possível de ser mensurada pelos equipamentos eletrônicos convencionais. [...] Em 1980, uma pesquisa conduzida em Tóquio pelo dr. Hiroshi Motoyama, envolvendo cristais líquidos pintados sobre a pele, confirmou visualmente a localização e as funções dos meridianos. Suas descobertas tiveram o apoio do dr. Kim Bong Han, da Coréia do Norte, que injetou o isótopo p32 nos meridianos e traçou seus caminhos. Nesses meridianos, Kim descobriu o sanal, um fluido que contém moléculas de DNA e RNA, proteína, estrógeno e todos os aminoácidos necessários à vida. Sua descoberta sugere que, juntos, esses meridianos podem ser “um sistema circulatório de energia” virtualmente desconhecido pela ciência ocidental. Baseando-se nos resultados de milhares de experiências, ele sugere que esses meridianos de energia existem em todos os organismos multicelulares e se manifestam mais ou menos quinze horas após a concepção (em pintinhos). (SABETTI, l991, p. 26). Com a seqüência do tratamento, depois de algumas sessões de massoterapia, o aumento da vitalidade de Carla é perceptível, o cansaço e as dores diminuíram acentuadamente. [...] Assim, pela ativação das correntes sanguínea e linfática, podem se obter os seguintes efeitos: normalizar a circulação; eliminar os resíduos localizados nas paredes dos vasos sanguíneos; promover um aumento dos glóbulos vermelhos e da própria hemoglobina; segundo estudos de Michel, aumentar o campo de ação e defesa do organismo pelo deslocamento dos glóbulos brancos ou leucócitos, podendo ainda colaborar na formação de maior número dos mesmos; fornecer maior irrigação sanguínea no sistema muscular, energizando-o; eliminar dos espaços intersticiais musculares líquidos e toxinas desintoxicando-os e devolvendo aos músculos a elasticidade e a capacidade plena de extensão, flexão e contração; facilitar e proporcionar a corrente sanguínea melhor desempenho na sua função de retificar ou na formação de novas células, dando um aspecto jovial ao físico e auxiliar nos processos de calcificação e cicatrização e, ainda, restituir ao sistema muscular a sua flacidez normal. Ao sistema nervoso periférico restitui suas características de elasticidade, de sensibilidade e contração, eliminando anomalias e atrofias, dando condições de exercer plenamente suas funções, entre elas, a de receber e transmitir ordens e estímulos, fatores de relevada importância nos processos da cura ou recuperação dos casos de paralisia ou de traumatismos. (OLIVEIRA, 1994, p. 53-54). 33 Os analgésicos são pouco necessários, pois ela já consegue identificar muitas das situações diárias que provocam os seus sofrimentos. [...] podemos perceber que o corpo é a expressão final das intenções pessoais, pois não existe manifestação física na ausência da vitalidade. Nosso corpo assume, constantemente, posturas que expressam atitudes emocionais e, muitas vezes, causamos uma sobrecarga física em função deste teatro corporal diário. (SCORZA, 2004, p.24). Com a sua atenção um pouco mais focada no próprio corpo, Carla identifica deformações físicas e de postura (curvatura exagerada na cervical e enrijecimento da região dos quadris) provocadas pelas tensões crônicas da musculatura. [...] Estas tensões musculares crônicas perturbam a saúde emocional através do decréscimo de energia do indivíduo, restringindo sua motilidade [...], limitando a sua auto-expressão. Torna-se necessário então aliviar esta tensão crônica, para a pessoa recuperar sua completa vitalidade e bem-estar emocional. (LOWEN, 1985, p. 13). Nas observações realizadas, ao longo de alguns anos de trabalho, no contato direto com o corpo das pessoas, nas sessões de massoterapia, pode-se afirmar que uma musculatura tensa e rígida e dores generalizadas no corpo, na maioria das vezes, refletem uma emaranhada história de tensão nervosa, de problemas emocionais, de cansaços, de ausência de vitalidade, de excesso ou falta de atividades, enfim, de desequilíbrios energéticos. BRENNAN (2003, p.70), quando relaciona os chakras com o campo áurico aponta: “A segunda camada e o segundo chakra, se associam ao aspecto emocional dos seres humanos. São os veículos através dos quais temos nossa vida emocional e nossos sentimentos”. [...] Em virtude dessa intrincada ligação com o sistema nervoso, os nádis 34 influenciam a natureza e a qualidade da transmissão dos impulsos nervosos numa extensa rede constituída pelo cérebro, medula, medula espinal e nervos periféricos. Assim, uma disfunção patológica no nível dos chakras e nádis pode ser associada a alterações patológicas no sistema nervoso. [...] existe um alinhamento especial entre os grandes chakras, as glândulas e os plexos nervosos, alinhamento que é necessário para a otimização da função humana. Além disso, a ligação hormonal entre os chakras e as glândulas endócrinas sugere novas e complicadas possibilidades quanto à maneira pela qual um desequilíbrio no sistema energético sutil pode produzir alterações anormais nas células de todo corpo. (GERBER, 2002, p. 107). Ao completar seis meses de tratamento, Carla detecta uma angústia que não sabe explicar. A partir daí consegue lançar um olhar nas dificuldades no relacionamento com o companheiro. Já existe uma disponibilidade para um contato mais profundo com as causas das dores. 35 O CONTATO COM AS DORES DA ALMA As dores e os traumas armazenados ao longo da história de cada um, em contato com o outro, promovem o afastamento e esquecimento de si próprio. No livro A Dança, DREAMER (2003, p.20) propõe um olhar nas facetas das dores: “Se a questão não for por que é tão raro eu ser a pessoa que realmente quero ser, e, sim por que é tão raro eu querer ser a pessoa que realmente sou?”. Aliviada, em parte, dos desconfortos, dores e cansaços, Carla está disposta a procurar as causas da sua angústia e das dificuldades no relacionamento. Segundo BRENNAN (2003, p. 70), “A terceira camada liga-se à nossa vida mental, à reflexão linear. O terceiro chakra está unido à reflexão linear”. Nas primeiras semanas identificou algumas insatisfações em relação ao companheiro (pouco diálogo, falta de carinho, ciúmes, controle, pouca colaboração nos afazeres diários, entre outras queixas). A dor na cervical e na cabeça continuavam se manifestando com menor freqüência. No consultório, ficava fácil elaborar atitudes a serem tomadas, mas no contato com a situação real ainda estava muito difícil. Aos poucos, Carla percebeu que havia um medo inexplicável por trás desta incapacidade de lutar pelo que “queria”. Descobriu que não sabia o que queria. Nem se quer se dava a chance ou direito de perguntar o que era “bom” para a sua vida. [...] - o que é mais comum -, as pessoas vão vivendo sem raízes, sem saber de onde o seu coração continua recebendo energia, sem saber quem continua respirando em seu interior, sem conhecer a seiva da vida que está circulando dentro delas. (OSHO, 200, p. 47). O seu corpo apresentou dores mais profundas no externo (localização do chakra cardíaco), na região das costelas flutuantes (correspondente aos pontos de 36 ativação dos pulmões), no fígado e na cervical. Em cada sessão, esses pontos foram ativados e liberados. Algumas dores continuavam se manifestando, regularmente. Segundo GERBER (2002, p. 410), “é preciso que comecemos a olhar os nossos problemas emocionais como desequilíbrios energéticos que afetam o funcionamento da nossa anatomia física e sutil”. Para o paciente, enquanto sentir alguma dor, o tratamento não está sendo tão eficiente quanto desejava. Cabe, pois, ao massagista, ter total conhecimento do processo da relatividade massoterápica da dor, o qual se baseia em inúmeros pontos de dor cada um com determinado grau de intensidade, mas fazendo-se sentir somente o mais intenso. Quanto os de menor intensidade, eles vão se fazendo sentir de forma gradativa e pela ordem dos seus graus de intensidade, à medida que os de maior intensidade desaparecerem. (OLIVEIRA, 1994, P. 64). A angústia aliava-se a uma ansiedade e, cada vez que a região do tórax era tocada ocorriam acessos de tosse. Nenhuma dessas questões relacionadas com os chakras é mais importante do que a lição do chakra do coração, visto que esta envolve a capacidade de o indivíduo manifestar livremente amor por si mesmo e pelos outros, sejam eles pessoas conhecidas ou estranhas. As transformações pessoais e espirituais dependem, em última análise, da abertura do chakra do coração. (GERBER, 2002, p. 412). BRENNAN (2003, p.70) explica a função do chakra cardíaco quando diz: “O quarto nível, associado ao chakra do coração, é o veículo através do qual amamos, não somente os companheiros, mas também a humanidade em geral. O quarto chakra é o que metaboliza a energia do amor”. Para ilustrar, a persistência das dores físicas de Carla, considera-se importante apresentar o quadro do anexo 4 (RIBEIRO, 2004, p. 10-11) que aborda de forma simplificada, as sub-luxações espinhais e as implicações do corpo emocional no corpo físico, mais especificamente na coluna vertebral e as suas conseqüências nos órgãos das áreas de inervação. 37 Sub-luxação – é o termo usado pela Quiropraxia para descrever a perda de mobilidade em uma junta articular na coluna vertebral, capaz de interferir negativamente nos nervos que passam por esta articulação, obstruindo o fluxo de informação do sistema nervoso através do corpo. A enfermidade de um órgão é um estágio avançado de perturbações que tiveram origem no sistema nervoso, interferindo nas raízes nervosas que saem da coluna vertebral. (RIBEIRO, 2004, p. 9) Com a figura 13 (CHIA, 2003, p. 317), pretende-se detalhar o quadro do anexo 4, localizando os nervos do plexo cervical e braquial e com isto, exemplificar as dores de Carla. Uma sub-luxação na vértebra T-2, afeta as funções cardíacas, a região do tórax e causa dor na região superior das costas. As dores emocionais “invisíveis” são manifestadas no cardíaco, devido ao “fechamento” do coração para “não sentir” e resistência para não entrar em contato com mágoas e raivas. Figura 13 Nervos do Pescoço Algumas semanas depois, a insatisfação passou a ser com ela. Lampejos 38 de raiva, de autocrítica, de desvalia, de auto-abandono marcaram várias sessões. A desistência da terapia foi cogitada. Toda vez que alguém toma consciência de um aspecto novo de si, em um primeiro momento ama ou rejeita essa novidade. Talvez seja essa razão pela qual demoramos tanto em alargar nossa consciência, afinal descobrir algo novo de si é ter de reorganizar-se pelo menos, no conceito de si. (TREVISOL, 2003, p. 54). Conforme JUNG (1971, p. 49) “[...] Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por “individualidade” entendermos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si-mesmo”. Na necessidade de identificar-se, de individuar-se, Carla passou pelo processo de isolamento, gerando mais angústia e mais dores emocionais. Emoções negativas apareciam e formavam um campo vicioso para as dores, porém não tão doloridas fisicamente como antes. O símbolo maior de nossa planetarização é o nosso corpo. O ser humano tem um corpo definido e definidor. [...] Existir como ser-humano-corpo é mais do que possuir ou habitar um corpo: é sentir-se corpo. É experimentar-se como densidade palpável, entidade viva, delimitada, desenhada conjuntamente a todos os humanos da Terra e, ao mesmo tempo, diversa de todo corpo humano existente no planeta. (TREVISOL, 2003, p. 89). Carla não faltava ao trabalho, fazia as suas “tarefas-obrigações” da casa e em relação aos filhos e familiares, mas estava muito só. Sentia-se muito afastada das pessoas e não tinha vontade de procurar um contato maior. Com isto, as crises existenciais e as dores tornavam-se cada vez mais freqüentes. A figura 14 (CHIA, 2003, p. 204), mostra como o nosso abdômen (mais especificamente o intestino) fica comprometido, impedindo a livre circulação da energia vital, promovendo dores em regiões reflexas do corpo. 39 Às vezes, Carla estava tão emaranhada neste círculo vicioso de dor que não conseguia reagir para ir à terapia. [...] O nosso próprio organismo, e não uma realidade externa absoluta, é utilizado como referência de base para as interpretações que fazemos do mundo que nos rodeia e para a construção do permanente sentido de subjetividade que é parte essencial de nossas experiências. De acordo com essa perspectiva, os nossos mais refinados pensamentos e as nossas melhores ações, as nossas maiores alegrias e as nossas mais profundas mágoas usam o corpo como instrumento de aferição. (DAMÁSIO, 1996, p.16 -17). Figura 14 Efeito das Emoções Negativas sobre o Intestino Delgado O afastamento das pessoas do seu convívio, era justificado pelo medo de não conseguir manter o seu propósito e mais uma vez abrir mão da busca dos seus 40 desejos. As vidas passadas, também são conservadas nos nossos conglomerados de tempo psicológico congelado. [...] A origem do nosso sofrimento, do meu ponto de vista, encontra-se em nível ainda mais profundo do que o bloqueio de energia da dor pessoal ou dos fenômenos relacionados a vidas passadas. Ele decorre da crença de que cada um de nós está separado: separado de todas as outras pessoas e separado de Deus. Muitos de nós acreditamos que, para termos individualidade, precisamos estar separados. (BRENNAN, l996, p. 24). Quando Carla passava muito tempo com a família ou com os amigos, ficava muito confusa e titubeava. Achava difícil seguir com a terapia. Como os questionamentos permaneciam e as insatisfações aumentavam, buscava forças para prosseguir. [...] O campo de matéria física está em equilíbrio com esses campos de dimensões superiores do espaço/tempo negativo. Esses campos de corpos de freqüências etéricas, astrais, mentais, causais, e de freqüências ainda mais elevadas, proporcionam à personalidade encarnante informações energética, estrutura e conhecimentos superiores provenientes de sua fonte espiritual. O propósito de todo esse arranjo estrutural consiste em proporcionar um veículo de expressão para a alma poder se desenvolver através de experiências nos mundos da matéria. (GERBER, 2002, p. 413). Segundo CLOW (1993, p. 45), “A crise de meia-idade é incrivelmente estressante: você treme, tem medo da insanidade, teme os sintomas físicos e questiona profundamente tudo aquilo sobre o que já passou”. Existem por conseguinte, localizações específicas, no interior do nosso sistema de energia, para as sensações, as emoções, os pensamentos, as lembranças e para outras experiências não-físicas que costumamos confiar aos nossos médicos e terapeutas. Se compreendermos o modo com que nossos sintomas físicos se relacionam com essas localizações, ser-nos-á mais fácil compreender a natureza das diferentes enfermidades e também a natureza da saúde e da doença. Dessa forma, o estudo da aura pode ser uma ponte entre a medicina tradicional e nossas preocupações psicológicas. (BRENNAN, 2003, p. 70). 41 A incerteza e a angústia, suscitadas por este seu momento de vida, reafirmam para Carla a continuidade da terapia como fonte de apoio. 42 DESVELANDO A MÁSCARA Entrando em contato sistemático com a dor e o desconforto de determinados pontos ou regiões do corpo, são ativadas as emoções e ou traumas inconscientes e cristalizados. Usamos a máscara com o propósito de nos proteger de um mundo supostamente hostil, provando que somos bons. A intenção da máscara é a falsa aparência e a negação. Ela nega que o seu propósito seja ocultar a dor e a raiva porque nega a existência da dor e da raiva na personalidade. O propósito da máscara é proteger o Eu, deixando de assumir a responsabilidade por quaisquer outros atos ou pensamentos negativos. (BRENNAN, l996, p. 25). A resistência de Carla à terapia e às dores, aos poucos, foi se desmanchando. Em cada sessão de massoterapia, foi evidenciado o cultivo da paciência em relação aos outros para exercitar o auto-acolhimento. Já consegue fazer algumas técnicas de relaxamento na sua casa, anota os seus sonhos, faz algumas mandalas para aliviar tensões, toma chás com maior freqüência, ou seja, está em contato consigo, diariamente, por um período maior de tempo. “As atitudes de direcionamento mental, autoconhecimento e motivação individual em relação ao próprio corpo podem auxiliar o tratamento e prevenção de lesões, pois o corpo passa a desenvolver uma capacidade autocorretiva”. (SCORZA , 2004, p. 25), Após alguns meses, Carla está mais disponível para entrar em contato com as próprias dores. Decide ir em busca de seus desejos, da sua alegria de viver. Na terapia, ao ser tocada, ela vivencia uma situação na qual dançava muito. Identificou um desejo profundo, uma necessidade imensa de movimentar o corpo. A partir daí, 43 alia à terapia, uma atividade física. A academia passa a ser uma nova forma de aliviar as suas tensões e com isto sente-se muito bem. [...] Por “saúde vibrante” nós não queremos significar meramente a ausência de doença mas a condição de estar totalmente vivo. Vibrantemente vivo é talvez uma expressão mais exata, já que a vibração é o elemento-chave da vitalidade. Aumentando o estado vibratório do corpo [...] a pessoa é ajudada a atingir esta qualidade de saúde. Um corpo sadio está em constante estado de vibração, quer desperto ou dormindo. (LOWEN, 1985, p. 15). O corpo de Carla ao ser massageado, sinaliza que é o momento de aprofundar alguma questão relativa a dores ou traumas inconscientes, do passado, que podem ou não ter nenhuma relação com o presente, mas continuam a controlar seu comportamento e interferir na sua vida atual. Quando a região do tórax é massageada, tem um acesso de tosse desesperador, então é incentivada e acolhida para entrar em contato com essa tosse. Fica vermelha, rouca, continua tossindo muito, “perde as forças”, segundo ela, e descreve uma situação na qual foi abandonada e morreu de alguma doença pulmonar. Relacionou esta experiência, com momentos atuais de crises de tosse quando fica sozinha por um longo período de tempo. Em algumas sessões posteriores, as tosses reaparecem, mas com menor intensidade. No seu dia-a-dia percebe que a ansiedade e o medo de ficar sozinha estão diminuindo. [...] Enfim, pelo toque das mãos podem se obter todos os efeitos que expressam tranqüilidade, alegria e o prazer de viver em paz e no amor. Mas as mãos podem, também, pelo seu contato, irritar e excitar, provocando reações da mais alta expressão corporal como movimentos internos, representados pelas funções orgânicas, e movimentos externos, executados pela cabeça, tronco e membros superiores e inferiores. Estes movimentos, tanto internos como externos, reagem prontamente e sempre a altura da forma pela qual o corpo for tocado. (OLIVEIRA, 1994, p. 9). Quando o corpo é tocado em alguma região, ou em algum ponto depositário 44 de traumas emocionais cristalizados, a dor é intensa, a pessoa entra em contato com essa memória inconsciente automaticamente, através do seu cérebro emocional. Essa dor é visceral e a reação é instintiva. É ativado o instinto animal, a reação é imediata, sem passar pelo crivo da razão. Isso ocorre porque o neocórtex tem a sua base no cérebro límbico. A figura 15 (SCHREIBER, 2004), apresenta as estruturas “límbicas” que são encontradas em todos os mamíferos e feitas de um tecido neural diferente daquele do cérebro cortical “cognitivo”, responsável pela linguagem e pelo pensamento abstrato. Estruturas límbicas são responsáveis pelas emoções e pelo controle instintivo. No fundo do cérebro está a amígdala – um grupo de neurônios responsável pelas reações do medo. “Como Darwin tinha previsto, o cérebro humano compreende duas partes principais. No fundo do cérebro, em seu centro, está o velho cérebro primitivo, que temos em comum com todos os outros mamíferos, e, em seu núcleo, o que temos em comum com os répteis. Esse cérebro foi a primeira camada depositada pela evolução. Paul Broca, o renomado neurologista francês do séc. XIX, quem primeiro o descreveu, chamou-o de cérebro “límbico”. Ao redor do cérebro límbico, no curso de milhões de anos de evolução, uma camada muito mais recente se formou. É o “novo” cérebro, o “neocórtex”, o que significa “nova casa” ou “novo invólucro”. (SCHREIBER, 2004, p. 31). O Dr. SCHREIBER (2004, p.30), descreve uma conversa que teve com o Dr. Wortis, renomado psiquiatra americano, onde ele afirma que Freud insistia: “Não aprenda apenas psicanálise como existe hoje. Já está ultrapassada. Sua geração chegará à síntese entre psicologia e biologia. Você deve se dedicar a isso”. Freud acreditava e já estava realizando pesquisas, sinalizando que a terapia deveria ir além da verbalização. 45 Figura 15 O cérebro límbico – No coração do cérebro humano está o cérebro límbico. A partir dos estudos realizados por António Damásio, renomado neurologista e neurocientista, tivemos acesso a explicações mais satisfatórias para a constante tensão entre razão e emoção, ou seja, entre os dois cérebros: o límbico e o neocórtex. De acordo com o Dr. Damásio, nossa vida mental surge de uma luta constante para equilibrar esses dois cérebros. Por um lado, há o cérebro cognitivo – consciente racional e voltado para o mundo exterior. Por outro, o cérebro emocional – inconsciente, antes de tudo preocupado com a sobrevivência e, acima de tudo, unido ao corpo. Embora os dois “cérebros” estejam altamente conectados e dependam constantemente um do outro, visando a um funcionamento integrado, cada qual contribui de um modo diverso para a nossa experiência de vida e para o nosso comportamento. (SCHREIBER, 2004, p.30). Os resultados dos exames ginecológicos de Carla apontaram o vírus HPV instalado no colo do útero. Chateada e muito ansiosa, segue o tratamento prescrito pela ginecologista, com muitos questionamentos, muita autocrítica e muita culpa. [...] Até aqui, as mulheres tiveram poucas oportunidades de compreender suas próprias necessidades e seus próprios desejos ou de desenvolver sua própria identidade sexual. A grande maioria das mulheres não conhece o poder de cura da feminilidade nem uma realização sexual que permeie toda a 46 sua vida. As histórias que cercam nossa sexualidade pedem que as mulheres se tornem mais independentes e procurem a satisfação interior, em vez de procurar sempre amor e valorização no mundo exterior. (PIONTEK, 2001, p.17) Durante a massagem, percebe-se que a região do chakra cardíaco está muito dolorida. Quando as suas pernas são tocadas na região interna das coxas, ela contata uma dor muito profunda e em seguida, entra numa crise de choro compulsivo. Chora muito. O corpo acompanha a situação dolorosa que está revivendo. Fica em forma fetal e a musculatura muito tensa e contraída. Depois do choro tem um acesso de raiva e demonstra vontade de destruir o que tem em seu caminho, então dá um grande suspiro e entre soluços, pede um papel e caneta. Escreve, com muita raiva, vários palavrões que não tem coragem de pronunciar. Felizmente o cérebro emocional permanece constantemente em guarda. Seu papel é ficar alerta, na retaguarda, em seu meio. Quando ele percebe algum perigo ou uma oportunidade excepcional – um parceiro em potencial, ou um território, ou um bem valioso -, aciona um alarme. Em milésimos de segundo ele cancela todas as operações e interrompe todas as atividades do cérebro cognitivo. Essa reação capacita todo o cérebro a, instantaneamente, concentrar os seus recursos no que é essencial para a sobrevivência. (SCHREIBER, 2004, p. 36). Depois da catarse, Carla fala da raiva e do ressentimento de um familiar, já falecido, que abusava dela sexualmente quando era criança. Ficou muito indignada quando percebeu que nunca falara a respeito do ocorrido com ninguém por causa do seu medo. Isto porque nunca contara com os pais para protegê-la. Estavam sempre muito ocupados e por isso a agressão se repetia. Refeita física e emocionalmente, distancia-se da dor, redimensionando-a. Neste momento, a intervenção terapêutica se processa no sentido de auxiliar na “reprogramação” do cérebro emocional para que ele se adapte ao presente em vez de continuar reagindo às impressões das experiências do passado. A partir do olhar de adulto, consegue relacionar este episódio com seu medo de ficar só e mais, 47 entendendo porque em toda a sua vida nunca se permitira relaxar e estando sempre em estado de alerta. [...] o amor, o ódio e a angústia, as qualidades de bondade e crueldade, a solução planificada de um problema científico ou a criação de um novo artefato, todos eles têm por base os acontecimentos que acontecem dentro do cérebro, desde que este cérebro tenha estado e esteja neste momento interagindo com o seu corpo. A alma respira através do corpo, e o sofrimento, quer comece no corpo ou numa imagem mental, acontece na carne. (DAMÁSIO, 1996, p.18). Nas observações realizadas no consultório, pode-se constatar que, como a Carla, na maioria das vezes, as pessoas conseguem identificar e falar sobre as dores do passado, mas o processo de mudança através da verbalização é muito lento ou não acontece. Segundo SCHREIBER (2004): “O cérebro emocional está, portanto, quase mais intimamente relacionado ao corpo do que o cérebro cognitivo. E é por isso que é muito mais fácil acessar emoções pelo corpo do que pela linguagem verbal”. Na semana seguinte, Carla fala muito da sua relação com o parceiro. Dáse conta que não conseguia ter um relacionamento afetivo e sexual com tranqüilidade e de entrega. Estava sempre muito tensa e muitas vezes, evitava o contato físico com ele. O diálogo, o carinho e a afetividade da qual se queixara, não faziam parte da sua vida. O cérebro emocional tem uma organização muito mais simples do que o neocórtex. Ao contrário deste, a maioria das áreas do cérebro límbico não está organizada em camadas regulares de neurônios que o capacitariam a processar informações. [...] os neurônios parecem ter se juntado ao acaso. Devido a essa estrutura [...] processa informações de modo muito mais primitivo do que o cérebro cognitivo, mas ele é muito mais rápido e mais ágil para garantir a nossa sobrevivência. (SCHREIBER, 2004, p. 32). Sempre envolvida com o seu trabalho, não tem tempo para si mesma, 48 porque precisa prover quase todo sustento da família. Para complementar o quadro de inquietações, a filha adolescente tem uma crise “existencial”. Tendo a menina como espelho, Carla entra em contato com dores do passado. Relacionamentos difíceis, crises de depressão e uma gravidez precoce. Projeta e identifica na filha a sua história. O relacionamento entre mãe e filha fica quase insuportável. Reconhece que não pode faltar à terapia, pelo menos neste momento de crise, para ter o suporte necessário e enfrentar as situações de conflito diárias. Sente que precisa mudar alguma coisa que esteja ao seu alcance no momento. Os níveis mais baixos do edifício neurológico da razão são os mesmos que regulam o processamento das emoções e dos sentimentos e ainda as funções do corpo necessárias para a sobrevivência do organismo. Por sua vez, esses níveis mais baixos mantêm relações diretas e mútuas com praticamente todos os órgãos do corpo, colocando-o assim diretamente na cadeia de operações que dá origem aos desempenhos de mais alto nível da razão, da tomada de decisão e, por extensão do comportamento social e da capacidade criadora. Todos esses aspectos, emoção, sentimento e regulação biológica, desempenham um papel na razão humana. As ordens de nível inferior do nosso organismo fazem parte do mesmo circuito que assegura o nível superior da razão. (DAMÁSIO, 1996, p.12). Continua muito chorosa. Procura a família com maior freqüência, consegue falar sobre a sua infância e adolescência, esclarecendo alguns aspectos que estavam obscuros. 49 ACESSO AO CURADOR INTERNO Se o seu toque fluir do seu centro para o centro delas, elas se abrirão como as pétalas de uma flor ao sol da manhã. Toda vida, todo corpo tem um mecanismo de cura de si que você pode ajudar a despertar. (CHIA, 2003, p.33). A consciência, o acolhimento, a responsabilidade e a amorosidade do terapeuta são indispensáveis nos momentos das crises das pessoas, para promoção da mudança de paradigmas individuais e coletivos. Auxiliar na construção de um novo olhar, mais positivo, mais feliz e de maior empoderamento, através da luz e da sombra, na sua completude, é um caminho possível. O cenário subjacente pode ser a felicidade, quando os percalços, as tristezas e ou as frustrações forem olhadas da perspectiva do aprendizado da alma. O sistema reencarnacionista permite que as almas aprendam coisas a partir de suas tentativas e experiências através de muitas experiências em corpos físicos. Tanto as experiências de vida positivas e negativas são armazenadas no corpo causal e, através do karma, podem afetar as vidas futuras. (GERBER, 2002, p.412). Aos poucos, Carla percebe que o relacionamento da filha com o seu namorado está repetindo a sua própria história. Sente-se mal quando vê que a menina está submissa, que quase não sai ou faz algo diferente para ficar bem e ainda mais, está em constante crise, apesar dos atendimentos terapêuticos e “espirituais”. A nossa vida emocional é constantemente influenciada pelo inconsciente coletivo e principalmente pelas pessoas com as quais mantemos vínculos afetivos, como filhos, familiares e cônjuge. 50 Carla fica ainda mais chateada, quando percebe que, como ela própria, a filha se submete a algumas situações indesejadas sem conseguir reagir. Com isto, trava uma nova batalha consigo e com os que estão em sua volta porque ainda não consegue se colocar como protagonista da sua história. As pessoas que vivem inconscientemente, sem questionamentos ou indagações, se parecem com um canal. São um convite aberto para que o padrão da mente coletiva passe a agir nelas. Eis como as estruturas predominantes da sociedade, as tradições, as religiões e os papéis sexuais da mulher são transmitidos, através do útero, sem serem filtrados, de geração a geração. (PIONTEK, 2001, p. 19). Algumas semanas de brigas, crises, discussões entre mãe e filha, fizeram com que Carla percebesse, que os conselhos dirigidos à filha eram destinados a si própria. Relembra a sua juventude, a gravidez precoce, a sua dependência do companheiro. Na terapia, é levada a acolher as dores da filha na tentativa do autoacolhimento e da auto-aceitação. Na condição de terapeuta/educador, vivencia-se e é fortalecido a cada atendimento, o mito de Quíron, (do curador ferido). Quanto mais o terapeuta se olha, se acolhe e se aceita, maior é a capacidade de acolhimento e de amorosidade para quem está em processo terapêutico ou partilha alguma maneira as suas dores. Segundo a mitologia grega, Quíron era um famoso vidente e astrólogo que iniciava os curandeiros, guerreiros e mágicos da cultura minóica, antes de 1500 a. C. Foi atacado por Hércules com uma flecha envenenada, ficando então conhecido como o “curandeiro ferido”, que conseguia receber conhecimento especial de seu próprio sofrimento. O ferimento de Quíron era no pé esquerdo, e uma vez que o lado esquerdo do corpo está tradicionalmente associado ao feminino, ele precisava curar a sua natureza feminina. (CLOW, 1993, p. 154-155). A amorosidade, o acolhimento e a aceitação que o curador possibilita a si próprio é indispensável para que possa acolher de coração, a pessoa que está em 51 processo terapêutico e também para a sua disponibilidade e a sua inteireza no momento da canalização da energia. Ao longo do quinto caminho são desenvolvidas as qualidades que permitirão que a natureza do guerreiro espiritual assuma o controle, em qualquer momento e em qualquer situação. Esta sábia voz essencial sabe ser amorosa e respeitadora, escutar e oferecer encorajamento. Esta voz tem disciplina e autoridade sobre as emoções e os pensamentos negativos, que podem nos desequilibrar ou cortar as cordas que nos mantêm firmemente centrados em nossos caminhos individuais. (SAMS, 2003, p.221). Aos poucos, Carla percebe que está cansada demais para continuar nesta situação. Então, mais uma vez é incentivada a olhar para seu viver e descobrir do que gosta e o que a deixa bem. Reluta, mas aceita os convites das amigas para ir ao cinema e jantares de “bate-papo”. [...] o primeiro é que o organismo possui seu próprio sistema de autodefesa, ao qual a massagem está inteiramente subordinada, isto é não haverá cura ou recuperação naqueles casos em que o organismo perdeu sua capacidade reação ou de acionar seu sistema de defesa; o segundo é que os efeitos estão condicionados à técnica do profissional, que deverá saber qual é o movimento ou manobra a ser executada, a fim de conseguir o efeito ou os efeitos pretendidos. Caso contrário o organismo poderá ser contemplado com benefícios em outras áreas, menos naquela que está sendo tratada. (OLIVEIRA, 1994. p.53). Sente-se bem e o seu olhar se transforma ao falar das conversas com as amigas. Mas, como a própria Carla diz: “parece que me condeno e não mereço me sentir bem”. No mais profundo do ser humano existe um espírito natural de contextualização das experiências do viver. Mas essa potencialidade precisa manter-se ativada. Despertar essa dimensão da consciência é desenvolver a capacidade de organização do mundo externo num contexto amplo, interconecto e sinergético. Assim como é a consciência que mantém a unidade interna do indivíduo, é também ela que vai criar essa ordem no plano externo, pois a organização da realidade feita pelo indivíduo provém de sua capacidade intencional consciente de experimentar, intuir, refletir e decidir. Para isso, é preciso educar com base em métodos que permitam a relação entre as partes e o todo deste mundo complexo. (TREVISOL, 2003, p. 21). 52 Inúmeras vezes pode ser constatado como é complicado e difícil a mudança de paradigma. Faz-se necessário criar novos hábitos e ficar vigilante para perceber o que o Ser interno quer informar através dos sinais manifestados no corpo. As recaídas são cíclicas. [...] Quando estamos operando nos níveis inferiores de nossa consciência, não enxergamos os nossos temores e os projetamos sobre o mundo, quando o problema está dentro de nós mesmos. Para curar esses temores, o indivíduo precisa eliminar os bloqueios do chakra do coração e dar mais espaço em sua vida para o amor e para o perdão. Quando abrimos o chakra do coração e as energias espirituais superiores passam a fluir com mais facilidade através do organismo, esta transformação age como um catalisador para curar, não apenas nós mesmos, mas também aqueles que nos rodeiam. (GERBER, 2002, p. 412). À medida que Carla persiste nas suas saídas com as amigas e também com o marido, esquece um pouco da filha e as brigas amenizam. As duas conseguem trocar idéias pertinentes sobre as intimidades do universo feminino. O resultado do exame em relação ao vírus HPV, instalado no colo do útero há meses, foi negativo. O cérebro límbico é um posto de comando que recebe continuamente informações de diferentes partes do corpo. Ele responde regulando o equilíbrio fisiológico do corpo. Respiração, batimento cardíaco, pressão sanguínea, apetite, sono, impulso sexual, secreção hormonal e até mesmo o sistema imunológico seguem suas ordens. O papel do cérebro límbico parece ser o de manter essas diferentes funções em equilíbrio. “Homeostase” é o nome que o pai da moderna fisiologia, o cientista do séc. XIX Claude Bernard, deu a esse estado de harmonia entre todas as funções fisiológicas. É o equilíbrio dinâmico que nos mantém vivos. (SCHREIBER, 2004, p. 32). Muito feliz e entusiasmada, aceita o convite dos colegas de trabalho para ser sócia da firma que organizaram. Trabalha muito mais, as queixas diminuíram porque já consegue propiciar alguns cuidados para si mesma, nos momentos de folga que “magicamente” encontra. Os problemas, em relação ao companheiro, estão mais amenos. 53 Felizmente, essa valiosa chave para o nosso cérebro emocional não depende apenas do amor do parceiro. Na verdade, ela depende da qualidade de todas as nossas ligações emocionais – com os filhos, os pais, os irmãos e irmãs, os amigos e os animais. O que é importante é o sentimento de estar totalmente com outra pessoa. Ser capaz de mostrar que somos fracos e vulneráveis, mas igualmente fortes e radiantes. Ser capaz de rir, mas também de chorar. Sentir que nossas emoções são compreendidas. Saber que somos úteis e importantes para alguém. E receber um pouco de contato físico e afetuoso. Em poucas palavras, ser amado. (SCHREIBER, 2004, p. 191). Dá-se conta que não fica mais esperando o aval das pessoas em sua volta para fazer o que tem vontade. Na maioria das vezes simplesmente comunica suas decisões. Citando BRENNAN (2003, p. 70), “O quinto é o nível associado a uma vontade mais alta, mais ligada à vontade divina. O quinto chakra se associa ao poder da palavra, criando coisas pela palavra, prestando atenção e assumindo responsabilidade pelos nossos atos”. [...], emoções e sentimentos são os sensores para o encontro, ou falta dele, entre a natureza e as circunstâncias. E por natureza refiro-me tanto à natureza que herdamos enquanto conjunto de adaptações geneticamente estabelecidas, como a natureza que adquirimos por via do desenvolvimento individual através de interações com o nosso ambiente social, quer de forma consciente e voluntária, quer de forma inconsciente e involuntária. Os sentimentos juntamente com as emoções que os originam, não são um luxo. Servem de guias internos e ajudam-nos a comunicar aos outros sinais que também os podem guiar. E os sentimentos não são nem intangíveis nem ilusórios. Ao contrário da opinião científica tradicional, são precisamente tão cognitivos como qualquer outra percepção. São resultado de uma curiosa organização fisiológica que transformou o cérebro no público cativo das atividades teatrais do corpo. (DAMÁSIO, l996, p. 17) Nas sessões seguintes, Carla fala com entusiasmo, dos projetos e das reali-zações da empresa. As suas iniciativas e a sua criatividade para resolver as questões diárias, fazem com que seja escolhida a coordenadora do grupo. A relação com o companheiro, aos poucos está se transformando, pois percebe que a sua inquietude, os seus questionamentos e distanciamentos estão 54 sendo acolhidos e, sente que é aceita na sua nova maneira de ser. A figura do anexo 5 (SCHREIBER, 2004, p. 54), ilustra com muita propriedade a relação entre o cérebro e o coração. À medida que a amorosidade é desenvolvida e cultivada o cérebro emocional é afetado diretamente. Quando o cérebro emocional não está funcionando bem, o coração sofre e se desgasta. Mas a mais espantosa descoberta de todas é que essa relação funciona em mão dupla. O funcionamento correto do nosso coração acaba por influenciar o nosso cérebro também. Alguns cardiologistas e neurologistas chegam ao ponto de se referir a um “sistema cardio-cerebral”, que não pode ser dissociado. (SCHREIBER, 2004, p. 44). A dor na região do chakra cardíaco é evidenciada em quase todas as sessões de massagem. Carla tem a sensação de que em alguns momentos, a sua vida está tranqüila demais. Chega a falar que não está avançando na terapia, até que por um “motivo bobo”, segundo ela, se estressa com os colegas de trabalho e dá-se conta de que conseguiu resolver a situação de forma bem mais tranqüila, sem se abalar, como era de costume. A função primeira do praticante, é ser educador. [...] é ensinar as pessoas a curarem a si mesmas fazendo com que se tornem conscientes dos seus imensos poderes curativos interiores. [...] o praticante nunca se refere aos seus alunos como “paciente” ou “clientes”. Um aluno que despertou a própria energia de cura pode continuar o processo praticando em casa[...] Devemos lembrar-nos sempre de que a energia de cura mais importante provém de dentro de nós mesmos. (CHIA, 2003, p. 31-32). Bem mais tranqüila Carla aceita melhor a sua rotina. As crises são mais curtas e os reflexos no corpo físico são mais amenos. A amorosidade e o carinho, já fazem parte do seu viver. Presenteia-se com momentos de solitude em meio a correria diária. Na terapia, está mais consciente para olhar as dores do momento. Sinaliza a procura de um profissional, da área de nutrição, para ajuda-la na mudança 55 de seus hábitos alimentares e para diminuição do seu “peso”. A massagem sistemática, focada no chakra cardíaco promove uma transformação, que desencadeia uma complexidade de reações na “intrincada rede energética do organismo”, ou seja, o coração se abre para desvelar a amorosidade e a compaixão, qualidades inerentes ao ser humano. Além de possuir uma rede própria de neurônios semi-autônomos, o coração é, também uma pequena fábrica de hormônios. Ele produz seu estoque de adrenalina, que libera quando precisa funcionar com capacidade máxima. O coração produz e controla a liberação de outro hormônio, o FNA (fator natriurético atrial), que regula a pressão sanguínea. Ele produz sua reserva de oxitocina, geralmente chamada de “o peptídeo do amor”. (É o hormônio liberado no sangue quando uma mãe amamenta seu filho, durante o namoro e durante o orgasmo). Todos esses hormônios agem diretamente sobre o cérebro. Por fim, o coração pode afetar todo o organismo por meio de variações de seu campo eletromagnético, o que pode ser detectado há vários metros de distância do corpo, mas cujo significado nós ainda não compreendemos. (SCHREIBER, 2004, p.46). Baseado no acompanhamento realizado pelo terapeuta no cuidado de várias pessoas e, no caso específico da Carla, há mais de um ano, puderam ser constatadas as idéias de GERBER, citadas na página 52 deste trabalho, em relação ao chakra cardíaco e, ainda mais, as idéias de CLOW, em relação a energia kundalini e a abertura dos chakras, quando diz:: [...] acredito que a elevação na verdade ocorra na hora certa: na oposição de Urano na meia-idade, quando a vida pessoal e espiritual do indivíduo parecem estar maduras e preparadas para essa infusão de espírito. [...] Quando o kundalini se eleva na hora certa, as forças elétricas máximas são liberadas no corpo. É semelhante à plenitude de energia que todos nós sentimos quando a Lua se opõe ao Sol durante a lua cheia. O kundalini é eletromagnético, e é por isso que é a chave para programação da elevação. Assim que o corpo todo é banhado nos campos eletromagnéticos de cura na meia-idade – quando a ascensão ocorre na coluna vertebral -, há força suficiente para ativar os chakras. Enquanto a energia se leva, os chakras ficam limpos. (CLOW, 1993, p. 43). 56 A autora acredita que, quando ocorre a elevação do kundalini na hora certa, desencadeia-se o equilíbrio do relacionamento entre o coração e cérebro emocional. [...] quando descobrimos pela experiência que o escuro e o difícil são tão necessários quanto o claro e o fácil, passamos a ter uma perspectiva muito diferente do mundo. Ao deixarmos que todas as cores da vida penetrem em nós, tornamo-nos mais integrados. (OSHO, 2001, p. 46). Neste momento cabe citar: O sexto nível e o sexto chakra estão vinculados ao amor celestial, um amor que se estende além do âmbito humano do amor e abrange toda vida. Proclama o zelo e o apoio da proteção e do nutrimento de toda a vida. Considera todas as formas de vida preciosas manifestações de Deus. (BRENNAN, 2003, p. 70). A transformação de Carla no seu cotidiano, até o presente momento, ou seja, a sua mudança em relação às dores físicas e emocionais, a redefinição de algumas regiões do seu corpo, motivos de sua vinda à terapia, reafirmam, revalidam e, justificam a atuação do terapeuta, tendo como ponto de partida o corpo físico. 57 CONSIDERAÇÔES FINAIS No processo terapêutico descrito neste trabalho fica evidenciada a mudança de Carla e as suas perspectivas para continuar a busca de si mesmas. Remetendo a SCHREIBER (2004, p. 90), quando diz: "Para mim "cura" significa que os pacientes não estão mais sofrendo daqueles sintomas de que se queixavam quando me consultaram pela primeira vez, e que tais sintomas não voltarão depois do tratamento terminar", pode-se concluir que o processo de cura em si é inconcluso. Pois cada "curar" sinaliza a prontidão para novas e contínuas possibilidades, para acessar e potencializar quem realmente somos. O sistemático olhar do corpo físico através da massoterapia, desencadeia ressonâncias nos corpos sutis, promovendo a liberação das energias estagnadas e consequentemente os traumas instalados, possibilitando assim, o acesso para o autoconhecimento, desenvolvendo uma consciência corporal que resulta no empoderamento do SER, contribuindo assim, para a redefinição do corpo através de mudanças físicas e estéticas bem pontuadas. Estas mudanças puderam ser constatadas em algumas das pessoas atendidas, simbolizadas pela Carla, com problemas e deformações na região da coluna cervical. Reconhecem-se na Carla, muitas facetas e dores que são também as dores e as facetas do terapeuta. Compartilhar as dores, os sofrimentos, as emoções, os sentimentos, os desafetos, as conquistas e as recaídas, intensificou a capacidade da escuta, do acolhimento, da aceitação e da comunicação, constituindo o terapeuta um curador através do exercício do amor incondicional. Considera-se importante frisar que, as palavras empregadas para sintetizar e nomear "a pessoa a ser cuidada" no processo terapêutico, não dão conta da profunda dimensão que esta relação estabelece. Segundo OSHO (2001, p. 103), 58 "Uma "experiência" é coisa que pode ser registrada num caderno, ou fotografada e guardada num álbum. O experienciar já é a própria sensação de maravilhamento, emoção da comunhão, o toque delicado da nossa conexão com tudo o que nos rodeia". Ainda há muitas coisas a pesquisar, para podermos compreender e expressar com palavras a profunda ressonância do toque nos seres que nos rodeiam, de modo particular nos seres humanos, sujeitos deste trabalho. O curar e as novas possibilidades de curas, das diversas Carlas propiciam um continente para promoção de cura do Planeta, porque a mudança de cada um, interfere diretamente nas pessoas mais próximas, que por sua vez, interferem nos seus grupos. De acordo com SAMS (2003, p. 194): "O coiote nos ensina surfar nas ondas emocionais, naqueles momentos em que a intensidade das dificuldades aumenta. Desta forma nossa maestria é aperfeiçoada, ao fluirmos com o fluxo e o refluxo da vida". No decorrer do tratamento de Carla, pode-se mostrar que na massoterapia, enquanto processo de cura, o grande desafio do terapeuta é auxiliar o processo da livre circulação das energias sutis canalizadas de outras dimensões, para serem transformadas e assimiladas pelo corpo físico da pessoa e como conseqüência possibilitar o entendimento para transitar entre o denso e o sutil e aprender a dançar entre os desafios do cotidiano. 59 REFERÊNCIAS BRENNAN, Bárbara Ann. Mãos de Luz: Um Guia para a Cura através do Campo de Energia Humana. 19. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. 384p. _________. Luz Emergente: A Jornada da Cura Pessoal. 2.ed. São Paulo: Cultrix/Pensamento, 1996. 524p. CANÇADO, Juracy Campos. Do-In: Livro dos Primeiros Socorros. 7 ed. 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A Cura pela Massagem: Problemas na Coluna. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994. 112p. ORIAH, Mountain Dreamer. A Dança: Acompanhando o Ritmo do Verdadeiro Eu. 2. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. 224p. OSHO. O Tarô Zen, de Osho: O Jogo Transcendental do Zen. 3.ed. São Paulo: Cultrix, 2001. 208p. PIONTEK, Maitreyi D. Desvendando o Poder Oculto da Sexualidade Feminina. 1. ed. São Paulo: Cultrix, 2001. 312p. 60 RIBEIRO, Maria Adélia. O que é Sub-Luxação. Geração Saúde: Dores Na Coluna. Rio de Janeiro: Minuano, vol. 1, n. 2, 2004. SABETTI, Stephano. O Princípio da Totalidade: Uma Análise do Processo da Energia Vital. São Paulo: Summus, 1991. 336p. SAMS, Jamie. Dançando o Sonho: Os Sete Caminhos Sagrados da Transformação Humana. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2003. 328p. SCHREIBER, David Servan. Curar: O Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento nem Psicanálise. 1.ed. São Paulo: Sá Editora, 2004. 304p. SCORZA, Pablo. Biomecânica Funcional. Geração Saúde: Dores na Coluna. Rio de Janeiro: Minuano, vol. 1, n. 2, 2004. TREVISOL, Jorge. O Reencantamento Humano: Processos de Ampliação da Consciência na Educação. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2003. 136p. 61 ANEXOS Anexo 1 - Linha Histórica do Tempo – (FRITZ, 2002) Anexo 2 - Diagrama das Áreas Sobre as quais Trabalhar para Equilibrar as Energias (CHIA, 2003) Anexo 3 - Anatomia da Visão Interior – (BRENNAN, 2003) Anexo 4 - Quadro sobre Sub-Luxações – (Geração Saúde: Dores na Coluna, 2004) Anexo 5 - Sistema Cérebro Coração – (SCHREIBER, 2004) Anexo 6 - Esqueleto: Vista Anterior e Posterior – (FRITZ, 2002) Anexo 7 - Coluna Vertebral – (FRITZ, 2002) Anexo 8 - Sistema Muscular – (FRITZ, 2002) Anexo 9 - Vasos Linfáticos – (FRITZ, 2002) Anexo 10 - Pontos Reflexos nos Pés – (FRITZ, 2002). Anexo 11 - Pontos Reflexos nos Pés – (BRENNAN, 2003) Anexo 12 - Comparação do Sistema Nervoso Autônomo e os Centros de Energia (FRITZ, 2002). Anexo 13 - Coração – (Nair, 2005). 62 Anexo 1 63 64 Anexo 2 Anexo 4 65 Anexo 3 66 Anexo 4 67 68 Anexo 5 O sistema Cérebro-Coração A rede semi-independente de neurônios que constitui o “pequeno cérebro no coração” está estreitamente conectada ao próprio cérebro. Juntos, eles constituem um verdadeiro “sistema cérebro-coração”. Nesse sistema, os dois órgãos se influenciam constante e mutuamente. Entre os mecanismos que conectam o coração e o cérebro, o sistema nervoso autônomo tem um papel particularmente importante. Ele tem dois ramos: o ramo “simpático”, que acelera o coração e ativa o cérebro emocional, e o ramo “parassimpático”, que age como um breque em ambos. 69 Anexo 6 70 Anexo 7 71 Anexo 8 72 Anexo 9 73 Anexo 10 74 Anexo 11 75 Anexo 12 76 CORAÇÃO Coração, core, curar Coração, core, falar Coração, core, pular Coração, core, dançar Dançar, dançar a vida. Sentir, sentir, o ser que vibra com o coração para saborear a vida. Vida, vida, poesia expressa através da ação. Nair