UNIVERSIDADE DO EXTREM0 SUL CATARINENSE – UNESC
CUIDAR DO SER
CURSO DE FORMAÇÃO DO TERAPEUTA COM ABORDAGEM
TRANSDISCIPLINAR E HOLÍSTICA
NAIR MARIA HEINECK
MASSOTERAPIA
UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A AUTOCURA
CRICIÚMA, 2005.
1
NAIR MARIA HEINECK
MASSOTERAPIA
UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A AUTOCURA
Monografia, apresentada para a obtenção do título de
especialista em CUIDAR DO SER; Curso de Pósgraduação - Formação do Terapeuta com Abordagem
Transdisciplinar e Holística – Universidade do Extremo
Sul Catarinense – UNESC.
Orientador: Dr. Prof. Mauro Pozatti
CRICIÚMA, 2005.
2
Dedico este trabalho a divindade que habita em mim, que reconhece e se
espelha nas divindades que compartilham comigo.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus companheiros de caminhada diária, pois são os meus
maiores mestres. Apesar de nem sempre ter percebido, foram responsáveis pelos
momentos de leveza e de conflitos, que me fizeram crescer. Permitimo-me pontuar
alguns destes mestres: os meus filhos Vanessa e Alessandro, a minha família que
continua sendo meu referencial de porto seguro, os meus alunos de todas as idades,
pela luz, os colegas de curso e de trabalho pelas diferentes visões de mundo, as
amigas de quarto, pela amorosidade e pela terapia do riso, as ”gurias”, Simone,
Gilka, Guilhermina e Leila, pela terapia das “viagens” e pela paciência, os
professores que partilharam a sua sabedoria conosco através do coração, a Maria
Lúcia, pela confiança e pelo desejo de saber mais, os meus terapeutas pelo
acolhimento, um especial agradecimento a todas as pessoas que partilham as suas
dores comigo nos momentos da terapia e, os autores dos livros que “caíram em
minhas mãos” e me deram algumas respostas.
Agradeço a nossa grande mãe Terra e todas as suas cores, a sutileza dos
Guias de todas as tradições que estão comigo em todos os momentos e ao Universo
pela oportunidade de estar aqui.
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SOBRE A SAÚDE
“A maioria das doenças que as pessoas tem
são poemas presos.
Abscessos, tumores, nódulos, pedras.
São palavras calcificadas,
são poemas sem vazão.
Mesmo cravos pretos, espinhas,
cabelos encravados, prisão de ventre.
Poderiam um dia ser poemas,
mas não...
Pessoas às vezes adoecem em razão
De gostar de palavra presa.
Palavra boa é palavra líquida.
Escorrendo em estado de lágrima.
Sobre lágrima:
Lágrima é dor derretida.
Dor endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida.
Raiva endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida.
Pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor.
Tempo derretido é poema”.
Viviane Moisés
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RESUMO
Neste trabalho, pretende-se apontar a Massoterapia como um dos possíveis
caminhos para o autoconhecimento e a autocura.
O ser humano, como todos os seres vivos, é constituído de energia vital. Sua
vitalidade depende da livre circulação desta energia. Os traumas, ocasionados por
stress, medos, raivas, cirurgias ou outros sofrimentos, ao longo de sua caminhada,
intoxicam e congestionam seus órgãos vitais, provocando desequilíbrios energéticos.
Os órgãos vitais congestionados impedem a livre circulação da energia vital pelos
chakras, nádis e meridianos, promovendo nós e emaranhados no abdômen que
causam desconfortos físicos e ou doenças, diminuindo a vitalidade do ser. Menor
vitalidade, menor reação aos estímulos internos e externos, maior predisposição aos
congestionamentos energéticos.
A massoterapia propicia a liberação da energia estagnada, desintoxicando os
órgãos, que passam a realizar as suas atividades de forma mais natural. Como
conseqüência, ocorre a liberação dos desconfortos e ou a estagnação das doenças.
Liberados, os desconfortos e as dores mais evidentes, o curador pode ajudar a
despertar os mecanismos de autocura do organismo, possibilitando a investigação
das causas dos mesmos.
O corpo físico é uma via de fácil acesso ao cérebro límbico (emocional), que
responde sem passar pelo crivo da razão (cérebro cognitivo). Entrando em contato
sistemático com a dor e o desconforto de determinadas regiões do corpo, são
ativadas as emoções e ou traumas inconscientes cristalizados.
As cristalizações, formatadas em dores e desconfortos físicos, que podem ser
recentes, muito antigas de vidas passadas, vão se mostrando na terapia à medida
que o self tem condições de acolhê-las. Revendo situações veladas que estão por
trás das dores, através de catarses que podem se apresentar como acessos de
raiva, choros, contorções do corpo, medos, tosses, entre outros, o ser contata a
emoção vivida na fase da formatação do trauma. Com a vivência e a razão de hoje
e, com o apoio do terapeuta, tem condições de rever a situação e pode em um ou
diversos contatos dissolver essas dores.
Com o contínuo trabalho terapêutico de auto “olhar-se”, percebe-se que as dores
físicas diminuem e na maioria das vezes desaparecem. O curador interno é
acionado. Como conseqüência visualiza-se um novo paradigma que se estende para
além da terapia e se manifesta no cotidiano, ocorrendo a mudança, a cura.
Palavras-chave
Massoterapia. Energia Vital. Desequilíbrios Energéticos. Meridianos. Traumas. Catarses. Autocura. Autoconhecimento. Curador Interno. Cérebro Límbico. Cérebro
Cognitivo. Mudança.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÂO
07
MASSOTERAPIA, UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A
AUTOCURA
08
O Toque Terapêutico
As Dores do Corpo Físico
O Contato com as Dores da Alma
Desvelando a Máscara
Acesso ao Curador Interno
CONCLUSÂO
57
REFERÊNCIAS
59
ANEXOS
61
7
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa destacar a Massoterapia como um dos caminhos
possíveis para o autoconhecimento e a autocura. A escolha do tema e do título
deve-se
a
íntima e
intrincada
relação que
se
percebe existir entre
o
educador/terapeuta, a pessoa a ser cuidada e as suas transformações.
O desenvolvimento do trabalho privilegia conteúdos e gráficos relacionados ao trabalho técnico do massoterapeuta, da sua intervenção no corpo físico,
bem como a ressonância da mesma nos diversos corpos sutis das pessoas. Tendo o
corpo físico como via de acesso, tenta-se tecer a conexão existente entre o físico
(denso) e os emaranhados energéticos dos corpos sutis.
Foi escolhida uma personagem, a Carla, para sintetizar algumas histórias
de vida partilhadas no consultório e, para abordar a intervenção do terapeuta.
Dessa forma o trabalho foi tecido, na tentativa de contar a história da
Carla, a vivência, a transformação, a construção e a atuação do educador/terapeuta,
mesclado com as idéias dos mestres da bibliografia consultada.
Como anexos, foram acrescentados alguns gráficos para auxiliar na
ilustração dos temas descritos e, alguns mapas do corpo, que se consideram
importantes para construção da consciência corporal.
Nas considerações finais retoma-se e apresentam-se algumas constatações relacionadas à atuação do terapeuta, sua transformação, bem como a
massoterapia como um dos caminhos viáveis para o autoconhecimento e a
autocura, pontuados na vida de Carla.
8
MASSOTERAPIA UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A
AUTOCURA
O TOQUE TERAPÊUTICO
O toque secreto aqueceu corpos, espíritos e lares em todos os lugares
através dos tempos. É um toque de coração quando você dá livremente de
si mesmo a outra pessoa. Você descobrirá que o toque amoroso tem
extraordinário poder de curar e renovar vidas e espíritos. (CHIA, 2003, p.
33).
As raízes da palavra massagem remetem diretamente ao toque, às suas
várias aplicações e as idéias que fundamentam a sua estruturação. Segundo FRITZ
(2002, p.4): “o toque, anatômica e fisiologicamente, é o conjunto de sensações
táteis que surgem da estimulação sensorial, em primeiro lugar da pele, mas também
de estruturas mais profundas do corpo como os músculos”.
A pele, maior órgão sensitivo do corpo, é a porta de entrada dos efeitos do
toque. Através dela, somos tocados profundamente nos tecidos como os músculos,
nos órgãos vitais, no sistema nervoso autônomo, que regula a homeostase visceral e
química do corpo, promovendo o bem-estar.
As partes anatômicas que compõem a pele (epiderme, derme e os tecidos
conectivos entrelaçantes dessas camadas) recebem e retransmitem informações do
sistema nervoso central e se associam ao complexo de vasos circulatórios para
irrigação da pele. Toda essa complexidade anatômica e fisiológica não consegue
explicar com propriedade a experiência do toque, que é sentida e vivenciada de
forma particular pelo indivíduo. De alguma maneira, a pressão e os movimentos
vibratórios musculares que excitam a pele causam sensações e experiências de
prazer, ligação, alegria, dor, tristeza, raiva, saudade, relaxamento, êxtase, entre
9
outras.
Não só pelo profundo mistério dos efeitos fisiológicos provocados
pela massagem, mas também na grande quantidade dos mais variados
casos tratados com êxito, muitos dos quais já abandonados pela medicina
tradicional, é que podemos afirmar que ainda é desconhecida,
emsuaplenitude, a extensão dos benefícios a serem proporcionados pela
massagem, mesmo tendo sido estudada, analisada, e pesquisada por
grande quantidade de cientistas e médicos do mundo ocidental, [...].
(OLIVEIRA, 1994, p. 45).
Os animais precisam ser tocados para sobreviver. Existe vasta bibliografia
apresentando relatos e pesquisas científicas a respeito da necessidade do toque
para os seres vivos. Em relação a isto, SCHREIBER (2004, p. 181), ilustra bem o
caso dos bebês, nas incubadoras dos hospitais da década de 1980, que
apresentavam o seguinte aviso: “NÃO TOQUE”.
Apesar de terem condições
perfeitas de temperatura, umidade, oxigênio, alimento e luz, não cresciam. O
descumprimento dessa regra por uma enfermeira, que massageava as costas dos
bebês quando choravam, provou que as crianças reagiam ao toque, melhorando as
suas condições vitais.
[...], NA Universidade de Duke, o professor Saul Schonberg, M.D., Ph.D., e
sua equipe já confirmaram esse resultado em uma série de experimentos
com filhotes de rato isolados ao nascer. Sua pesquisa descobriu que sem
contato físico, cada célula no organismo do animal literalmente se recusa a
se de-senvolver. Em todas as células dos filhotes de rato, a parte do
genoma que produz as enzimas necessárias para o crescimento não mais
se expressa; com efeito, todo o corpo entra em um estado semelhante à
hibernação. Porém, se uma escova úmida é suavemente passada nas
costas de rato – como se a sua mãe o tivesse lambendo, em resposta ao
choro -, a produção de enzimas imediatamente recomeça e, portanto,
também o seu crescimento. O contato emocional é inegavelmente
necessário para o crescimento – e para a sobrevivência. (SCHREIBER,
2004, p. 182).
As pesquisas apontam inúmeras respostas fisiológicas ao toque, tais
como: mudanças hormonais, alterações nas atividades do sistema nervoso e na
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regulação dos ritmos do corpo. Porém, a quantidade de informações disponíveis, é
insuficiente para a compreensão da experiência individual do toque.
,
[...] a experiência do toque é mais do que a soma de suas partes. [...] só
quando toco os clientes e os sinto é que começo a compreender os seus
corpos. Num sentido recíproco, quando coloco as minhas mãos no corpo de
uma pessoa, a compreensão que eu, na qualidade de prático, recebi do
cliente, é transmitida de volta a ele. O toque é uma forma de comunicação
fundamental, de múltiplas camadas e poderosa. É a forma mais
personalizada de comunicação que conhecemos. (FRITZ, 2002, p. 5).
A linguagem do toque é uma das mais poderosas maneiras de comunicação emocional, pois envolve contextos pessoais, familiares, religiosos e
culturais. A sensibilidade do terapeuta é imprescindível em relação aos fatores
influentes nas respostas das pessoas.
O toque terapêutico usado na massoterapia parece ter várias origens e
como conseqüência a palavra massagem também.
[...] a palavra “massagem” deriva de várias fontes. Do latim massa e do grego
massein ou masso,significam tocar, manusear, apertar ou amassar. Do
francês masser também significa amassar. Mass ou mass’h, do árabe e
makeh do sânscrito são traduzidas como “pressionar suavemente”. FRITZ,
2002, p. 13,
Observando o comportamento dos animais, podemos notar que freqüentemente estão se lambendo, se tocando, se esfregando ou se apertando, seja para
curar uma dor ou ferida, nas brincadeiras, ou ainda, para se coçar. As crianças
também costumam fazer brincadeiras, utilizando o toque. Os adolescentes, de uma
forma mais “embrutecida”, estão sempre se tapeando, se socando e, muitas vezes
machucam-se, no exagero do toque. A massagem sempre foi um dos meios mais
naturais e instintivos para aliviar a dor e o desconforto. São incontáveis os filhos que
11
tiveram as suas dores aliviadas pelo toque amoroso e sutil das suas mães ou ainda,
aquecidos pela fricção das mãos, dos pés ou outras partes do corpo quando frias.
,[...], a massagem Amma já era não só um valioso recurso natural de cura
como também um grande mistério ligado aos efeitos tanto de amor e de
carinho como de raiva e violência produzidos por um simples toque no
deslizar ou friccionar da mão sobre o corpo de alguém, acalmando-o se
nervoso ele estivesse; fazendo o rir, se tocado em determinadas partes do
corpo; podendo faze-lo dormir, deixando-o em profundo estado de torpor ou
relaxamento ou anulando suas dores. [...]. (OLIVEIRA, l994, p. 9).
A massagem tem suas raízes na medicina chinesa, mas também possui
aspectos incorporados de outras tradições de cura. Acredita-se que as referências
escritas mais antigas da arte da massagem, datam de 2000 a.C. e que, desde 500
a.C. foi amplamente divulgada em livros. O anexo 1 (FRITZ, 2002, p. 14-15), apresenta uma linha de tempo, ilustrativa sobre as diversas teorias envolvidas na
construção da massoterapia, desde os primeiros registros escritos até o ano de
1994.
A fim de efetuar curas, quando necessárias, os chineses
desenvolveram alguns sistemas que foram amplamente utilizados.
Curiosamente, cada região da China desenvolveu um estilo próprio de cura
fundamentado no clima e no ambiente. Nas montanhas do oeste, foram
usados minerais e ervas para curar. No leste, onde se come mais alimento
animal, inclusive marisco, desenvolveu-se a cirurgia. No clima mais frio da
região norte, foi usada a moxabustão (um método de queimar moxa
[artemísia] para aquecer); no sul, desenvolveu-se a acupuntura. Na área
central, onde o clima é moderado, desenvolveu-se a massagem como meio
de equilibrar e restaurar a energia vital. (SABETTI, 1991, p. 26).
Ao longo dos tempos, muitos sistemas e teorias relacionadas ao
tratamento da disfunção e da dor musculoesquelética, surgiram e passaram, mas a
resistência da massoterapia durante os séculos é surpreendente, sendo validada
pelo pensamento científico atual.
É importante frisar que todos os sistemas e técnicas de massagem
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apresentam um fundo terapêutico. O simples acolhimento da pessoa que está
debilitada física, emocional e ou espiritualmente já propicia um continente para
melhora. O acolhimento através do toque possibilita um caminho para o ser a ser
cuidado acessar o próprio processo de cura.
[...] Conquanto todas sejam eficazes e possam aliviar tanto doenças
crônicas como agudas, elas não produzirão os resultados esperados se
não forem aplicadas e animadas por um amor e compaixão que emanem
sincera e abundantemente do coração. As suas mãos só se tornarão mãos
de cura se você transbordar de boas intenções. (CHIA, 2003, p.33)
A figura 1(CHIA, 2003, p. 34), ilustra com muita propriedade, a atitude do
terapeuta no momento do toque, ou seja, quando ocorre a canalização energética.
Durante o atendimento, são indispensáveis a entrega, a atenção, a amorosidade e a
disponibilidade do terapeuta.
A massagem ocidental ampliou profundamente os seus recursos técnicos
em relação à primitiva Amma (massagem chinesa), que se baseia na pressão e
percussão do dedo ou dos dedos sobre determinados pontos dos meridianos ou
nervos chamados Tsubo.
Valiosas contribuições para as diversas linhas de tratamento corporal,
apresentados na figura 2 (FRITZ, 2002, p. 38), foram deixadas pelo sueco Per
Henrik Ling (1776-1839) que desenvolveu seu sistema de massagem, combinando
os movimentos e posições da ginástica sueca com exercícios, criando uma escola
para ensinar a ginástica médica. Para o médico holandês, Dr. Johann Mezger (18391909) ficou o mérito de divulgar a massagem para a comunidade científica.
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Figura 1
Cura com amor que transborda do coração
Figura 1
Cura com amor que transborda o coração
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Figura 2
A árvore do trabalho corporal – diversidade representada na metáfora de uma árvore. A
representação mostra que todas as formas de massagem terapêutica e métodos relacionados
de trabalho corporal derivam das mesmas raízes.
A técnica ocidental baseia-se na manipulação dos tecidos (da pele, dos
músculos, dos nervos e das articulações), através de pressões e percussões
realizadas com os dedos , com as mãos, com os braços e ou com os pés, intercalando algumas das seguintes manobras: deslizamento, amassamento, fricção,
vibração, pinçamento, rolamento, movimentos circulares, mão oca, mão de cutelo,
mão em leque, punhos fechados, palmas, reptente, foullage, entre outras.
A massagem contemporânea foi muito influenciada por mulheres como:
Eunice Ingham que formalizou o sistema de reflexologia, Dra. Janet Travell com seu
trabalho insuperável
da dor miofascial e pontos-gatilho, Fran Trappan no tratmen-
to da poliomelite, Ida Rolf com a técnica do rolfing, dra. Dolores Krieger com seu
toque terapêutico, entre outras. Atualmente, a maioria dos profissionais que utiliza a
massagem como arte de cura é composta por mulheres.
15
O trabalho do massoterapeuta pode ser complementado por algumas das
diversas artes curadoras como: a bioenergética, o xamanismo, a arte terapia, a
fitoterapia, a terapia dos cristais das rochas e dos fósseis, a terapia dos florais, entre
outras, de acordo com as necessidades da pessoa a ser cuidada. A figura 3 (FRITZ,
2002, p. 39), simboliza de forma simplificada uma abordagem complementar das
diversas artes de cura do massoterapeuta. O viés da interferência do terapeuta é o
toque. Parte-se do corpo físico para que a pessoa a ser cuidada possa acessar os
corpos sutis, em busca do curador interno.
Figura 3
A sobreposição fisiológica fundamental dos métodos de trabalho corporal.
Figura 3
A sobreposição Fisiológica Fundamental dos Métodos de Trabalho Corporal
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Se do ponto mais alto de uma montanha olharmos ao redor, até onde nossa
visão alcança, descobriremos e também sentiremos a natureza viva se
mantendo graças a uma das muitas fontes geradoras de energia: o sol,
representando, no caso, o absoluto, de onde o elemento terra acumula
energia que a torna capaz de fazer germinar a semente nela colocada,
transformando-a numa bela e frágil flor ou em uma majestosa árvore. Assim
nós seres humanos acumulamos energia do absoluto e, a exemplo do
elemento terra, mas pelo contato corporal e, principalmente, pelas mãos,
podemos transmitir e captar esta energia. (OLIVEIRA, l994, p.10).
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AS DORES DO CORPO FÍSICO
[...] mente e corpo podem influenciar-se mutuamente. O que se pensa
influencia o que se sente, e vice-versa. Esta interação, contudo está limitada
aos aspectos conscientes ou superficiais da personalidade.
Em nível mais profundo, no nível do inconsciente, tanto o pensar quanto o
sentir são condicionados por fatores de energia. (LOWEN, 1985, p. 11-12).
O corpo físico é depositário dos registros de traumas (energia-consciência
congelada) que vamos acumulando durante a nossa caminhada como Essência. Isto
se processa porque tentamos reprimir todo tipo de sofrimento para não sentirmos
dor. Estes traumas causados por medos, stress, raivas, cirurgias ou outro tipo de
dor, intoxicam e congestionam os órgãos, impedindo a circulação natural da energia
vital.
Segundo a idéia chinesa da criação do Universo no início existia somente ki,
a Unidade. Para que o nosso mundo relativo fosse criado a unidade
manifestou-se em seus dois aspectos opostos e complementares, negativo e
positivo, a que os chineses denominaram de Yin e Yang. Yin é o princípio
negativo responsável pela expansão; Yang, o positivo que contrai, sendo que
todos os fenômenos ocorrem a partir da interação constante destas forças
antagônicas. Portanto é eterna e contínua a atração que Yin exerce sobre
Yang e vice-versa, formando um número infinito de combinações que
constituem o Universo, a diversificação da Unidade. (CANÇADO, 1980, p. 1516).
Dependendo da filosofia ou da tradição, a energia vital é denominada de
energia primária, energia universal, prana, chi, orgone, ki, força odica, entre outras.
Uma das mais antigas ciências sobre a energia vital de que se tem registro
foi desenvolvida pelos egípcios, que deram a essa força o nome de ga-llama
ou ka. Ga-llama era a energia inalada e manifestada na respiração, [...]
Sabemos que os egípcios acreditavam numa totalidade original chamada
nun, que atuava através de poderes cósmicos ou vitais chamados nateriv.
(SABETTI, 1991, p. 18-19).
A falta de circulação dessa energia ocasiona “nós” e ou “emaranhados” no
abdômen, conforme mostra a figura 4 (CHIA, 2003, p. 211), responsáveis pelos
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desconfortos físicos ou até mesmo “doenças”, diminuindo a vitalidade do ser.
[...] os nós são bloqueios, superficiais que se manifestam como áreas
engrossadas ou encaroçadas na região do intestino delgado. Eles se
embaraçam com as fáscias superficiais, com os vasos linfáticos, com
pequenos nervos e com tubos capilares. Os emaranhados são mais
profundos que os nós e envolvem as estruturas maiores de nervos, vasos
linfáticos, tendões, músculos, artérias, veias, fáscias e os sistemas de
órgãos e suas energias. (CHIA, 2003, p. 211).
Figura 4
Um emaranhado de Nervos, Artérias e o Sistema Linfático.
Segundo o pensamento oriental, a saúde é mantida por um fluxo contínuo e
livre de energia que, ao longo desses canais afeta diretamente as funções
linfáticas, nervosas e sanguíneas. Minúsculos centros de energia, os
acupontos (usados tanto na acupuntura como na acupressura), reúnem e
distribuem a força vital ao longo dos meridianos. [...] O dr. Kim afirma ter
encontrado um grupo de pequenas células ovais circundadas por capilares
na pele e em outras células mais profundas do corpo, que ele pensa serem
estes acupontos.Usando um tobiscópio, que mede graus de resistência
elétrica, vários pesquisadores descobriram que os acupontos têm resistência
mais baixa do que a pele circundante, permitindo assim que a energia flua
com mais facilidade nesses lugares. (SABETTI, l991, p. 26).
Quanto menor a vitalidade, menor é a reação aos estímulos externos e
internos, criando-se um círculo vicioso de congestionamentos energéticos.
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A dor que reprimimos começou muito cedo na nossa infância, com freqüência
antes do nosso nascimento, no útero. Desde então, cada vez que
interrompemos o fluxo de energia num acontecimento doloroso, congelamos
esse acontecimento tanto na energia como no tempo. É a isso que
chamamos de bloqueio no nosso campo áurico. Como o campo áurico é
constituído de energia-consciência, um bloqueio é energia-consciência
congelada. A parte da nossa psique associada a esse acontecimento
também congelou no momento em que interrompemos a dor. Essa parte da
nossa psique permanece congelada até a derretermos. [...] Ela não vai
amadurecer até que seja curada, o que acontece quando o bloqueio recebe
energia suficiente para derreter, e assim poder iniciar-se o processo de
maturação. ( BRENNAN, 1996, p. 21- 22).
O campo áurico (aura humana) é formado por várias camadas que
também são chamadas de corpos, que se interpenetram e cercam umas às outras
em camadas sucessivas.
O Campo de Energia Humana refere-se ao campo de energia universal intimamente envolvida na vida humana. Pode ser descrito como um corpo luminoso que cerca o corpo físico e o penetra, emite sua radiação característica
própria e é habitualmente denominado “aura”. (BRENNAN, 2003, p. 67).
Carla, personagem que ilustra algumas das situações de tratamento
terapêutico, queixa-se de dores crônicas na coluna, na cabeça, cansaço intenso
principalmente nas pernas e às vezes, dificuldades no caminhar. As primeiras
sessões de massoterapia foram voltadas para aliviar a dor física, aliando algumas
técnicas de massagem com técnicas de relaxamento e interlocuções.
Inicialmente pode-se perceber que já havia um círculo vicioso, conforme
aponta a figura 5 (CHIA, 2003, p. 28), em torno dessas dores, não havendo distinção
entre o início de uma ou outra. Simplesmente eram controladas por diversos tipos
de analgésicos e relaxantes musculares, que faziam efeito por algum tempo. As
causas também eram desconhecidas, aliás, as dores foram se acumulando e Carla
pouco sabia da origem das mesmas.
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Quando obstruídos, os órgãos internos armazenam energias nocivas que
podem transbordar para outros sistemas do corpo e manifestar-se como
emoções negativas e doença. Sempre à procura de uma saída, essas
emoções negativas e energias tóxicas criam um círculo vicioso de
negatividade e stress. [...] se alojam nos órgãos, infeccionando-os, ou vão
para o abdômen, o “aterro sanitário” do corpo. [...] O centro energético do
corpo localizado no umbigo, fica congestionado e isolado das outras partes.
(CHIA, 2003, p. 27).
Figura 5
O ciclo de energia negativa forma nós e emaranhados no abdômen
O Ki flui ininterruptamente, através das estruturas do organismo em cinco
diferentes níveis: o primeiro e o mais profundo localiza-se dentro dos ossos;
o segundo nos músculos; o terceiro nos vasos sanguíneos e linfáticos; o
quarto, na região subcutânea e o quinto na superfície da pele, contínuo com
a aura, a força vibratória que envolve todos os seres vivos. (CANÇADO,
1980, p. 17).
21
Nas primeiras sessões de Carla, o enfoque foi voltado para a liberação e
desintoxicação da região abdominal, que estava muito congestionada, apresentando
muitos nós e emaranhados. O anexo 2 (CHIA, 2003, p. 227), apresenta os pontos
reflexos dos diferentes órgãos internos localizados na região abdominal. Quando
massageados suave ou profundamente ativam a circulação da energia estagnada
nas áreas reflexas.
[...] Além de ar, luz e comida que ele absorve, existem vibrações mais altas
do cosmos, notadamente a energia eletromagnética “ki”, captada pelo corpo
através de seus vários pontos de pressão. Esses pontos, localizados
profundamente na pele, têm estrutura em espiral e determinam os canais ou
“meridianos” que transmitem essa energia eletromagnética através do corpo.
Nos organismos saudáveis existe uma livre e desimpedida circulação de “ki,
força magnética vital, de órgão para órgão, através dos meridianos.
(LANGRE, 1980, p. 68).
Figura 6
Fluxo de Energia
Através de pressões profundas na pele, da canalização da energia da
Terra e da energia Universal, aos poucos, os órgãos são ativados, aumentando a
circulação da energia vital, captada pelos chakras, que flui através dos canais
internos do corpo (nádis), dos meridianos, do sistema nervoso, das glândulas e dos
vasos sanguíneos. BRENNAN, (2003, p. 77), apresenta de forma esquemática o
processo da circulação da energia vital nos seres humanos, conforme a figura 7.
22
Figura 7
O caminho metabólico da energia primária entrante
[...] Diz-se que esses centros de energia denominados “chakras” – que em
sânscrito significa “círculo”- assemelham-se a vórtices rodopiantes de
energias sutis. Os chakras estão de alguma forma envolvidos na captação
23
das energias superiores e na sua transmutação numa forma utilizável na
estrutura humana. (GERBER, 2002, p.104).
A figura 8 (GERBER, 2002, p. 105), aponta a localização dos sete maiores chakras e seu respectivo plexo do sistema nervoso autônomo.
Figura 8
Os Sete Chakras e os Plexos do Sistema Nervoso Autônomo
Anatomicamente, cada chakra está associado a um grande plexo nervoso e a
uma glândula endócrina. Os grandes chakras estão situados numa linha
vertical que sobe da base da espinha até a cabeça. O mais baixo chamado
de chakra da raiz, fica perto do cóccix. O segundo chakra, chamado de sacral
ou esplênico situa-se ou logo abaixo do umbigo ou próximo ao baço. [...] O
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terceiro chakra, o do plexo solar, situa-se na metade superior do abdômen,
abaixo da ponta do esterno. O quarto, também conhecido como chakra do
coração, pode ser encontrado na parte média do esterno, diretamente sobre
o coração ou o timo. O quinto chakra, o da garganta, localiza-se no pescoço,
próximo ao pomo de Adão. O chakra da garganta fica diretamente sobre a
tireóide e a laringe. O sexto chakra, o da testa chamado de ajna nos textos
iogues, situa-se na parte média da fronte, ligeiramente acima do cavalete do
nariz. O sétimo chakra está localizado no alto da cabeça. (GERBER, 2002,
p.104).
Existe vasta literatura a respeito da teoria dos chakras. Alguns autores e ou
estudiosos, dependendo da tradição, sinalizam para uma pequena diferença na
localização dos sete principais chakras. Para exemplificar, aponta-se a localização
dos chakras da raiz e da coroa, que de acordo com algumas teorias, situam-se
afastados do corpo (alguns centímetros abaixo dos pés e acima da cabeça). O
propósito não é discorrer sobre as teorias dos chakras, mas sim, mostrar as suas
localizações para uma melhor compreensão deste trabalho.
Considera-se oportuno, apresentar a figura 9 (BRENNAN, 2003, p. 73),
para declinar mais um olhar sobre a localização dos sete chakras principais.
Cada camada da aura está associada a um chakra, a saber: a primeira
camada se associa ao primeiro chakra, a segunda ao segundo chakra, e
assim por diante. [...] A primeira camada do campo e o primeiro chakra estão
ligados ao funcionamento físico e à sensação física – a sensação da dor ou
do prazer físicos. A primeira camada está ligada ao funcionamento
automático e autônomo do corpo. (BRENNAN, 2003, p. 70).
25
Figura 9
Os Sete Chakras Maiores, Vistos de Frente e de Costas
Figura 9
Os Sete chakras Maiores, Vistos de frente e de Costas
O início de cada sessão de massoterapia é reservado para fazer a harmonização e a sintonia entre o ser a ser cuidado e o terapeuta. Em seguida, começa-se
a massagem pelo abdômen, suavemente, depois mais profundamente para perceber
os nós e ou emaranhados dos pontos reflexos de outras áreas do corpo, nos órgãos
e tecidos desta região.
Aliviados, os nós e ou emaranhados abdominais, o olhar é voltado para
cai-xa torácica para ver se há algum congestionamento, emoção sufocada ou algum
tipo de ansiedade, para depois verificar as demais regiões do corpo.
Nos locais das dores, a atenção é mais focada, mas todo corpo é
26
massageado. À medida que a pessoa é tocada, partilham-se as impressões, sob
forma de perguntas sutis, ou dependendo da situação, comunica-se diretamente o
que foi percebido. Nas suas respostas e na sua fala, a pessoa expõe os acontecimentos mais recentes, que no seu entendimento, provocaram as dores. Muitas vezes a situação já é crônica e está se manifestando há muito tempo. Os problemas
atuais somente vão reforçar as dores pré-existentes, acumuladas ao longo da vida.
Dependendo dos órgãos ou regiões que estão sendo focados, faz-se perguntas para constatar se há dores reflexas em outros locais do corpo. Para exemplificar, o quadro relativo às dores da coluna de Carla, pergunta-se - Sente náuseas?
Azia? Dor nos ombros? Nas pernas? Na cabeça? No estômago?
A figura 10 (CHIA, 2003, p. 210), apresenta as zonas reflexas de um nó
localizado na região abdominal.
A definição médica de reflexologia é “estudo dos reflexos”. Reflexoterapia é o
tratamento por meio de manipulação aplicada a uma área distante do
distúrbio. Em termos fisiológicos, um reflexo é uma resposta involuntária a
um estímulo. (FRITZ, 2002, p. 486).
Na maioria das vezes, Carla confirma os sintomas mencionados das áreas
reflexas, ou, no decorrer da massagem, relembra momentos da sua vida diária nos
quais vivenciou essas dores.
[...] uma importante reação que, em hipótese alguma, pode ser ignorada.
Trata-se da sua ação reflexa. Isto é, se pressionarmos um determinado nervo
no pescoço na região lateral, vamos sentir um estímulo de dor ao longo do
antebraço; se a pressão for feita em um nervo cervical, junto a protuberância
ocipital, o estímulo da dor percorrerá a caixa craniana, para se localizar na
testa, acima da sobrancelha ou na própria cabeça, dependendo do nervo que
for tocado. É comum tocar-se em um dos nervos lombares ou sacros e a
pessoa sentir o estímulo de dor na perna ou pé. Esta reação é uma ração
reflexa e, graças a ela, a massagem pode tratar de traumatismos profundos
onde, por um motivo ou outro, a manipulação não pode ser efetuada.
(OLIVEIRA, 1994, P. 54-55).
27
Figura 10
Um nó no abdômen pode provocar dor em áreas distintas do corpo, contraindo e
criando tensão.
A existência desses meridianos e sua relação com os pontos de pressão são
conhecidas pela medicina tradicional há milhares de anos. A medicina
ocidental moderna e a embriologia afirmam que a pele e os nervos do
embrião se desenvolvem da mesma maneira que as células: existem pontos
no ectoderma (camada externa do embrião) que em nove meses se
transformam na pele e no sistema nervoso. Esses pontos estão diretamente
conectados a outros no endoderma (camada interna do embrião) que darão
origem aos órgãos. Um estímulo no meridiano ou em seus pontos principais
provoca um impacto definitivo nos seus órgãos associados. (LANGRE, 1980,
p. 13).
Os anexos 10 (FRITZ, 2002, p. 488) e 11 (BRENNAN, 2003, p. 276), ilustram os pontos reflexos dos órgãos internos na sola dos pés. Assim como estes,
existem incontáveis mapas de partes ou de todo corpo, apresentando esquemas dos
28
pontos reflexos. O continuado olhar e o estudo do terapeuta possibilitam a
percepção destas zonas reflexas com bastante acuidade e precisão.
A percepção física do terapeuta, para identificar e contatar as questões do
momento são as pontas dos dedos no ato do toque. Parece simples porque é instantâneo. Este processo de percepção é muito complexo apesar da rapidez na
informação transmitida aos dedos.
O terapeuta, em contato com a pessoa a ser cuidada, de olhos fechados,
faz a conexão com os seus guias, a energia da mãe-Terra, a energia cósmica e a
permissão e o auxílio dos guias da pessoa. Esta conexão passa pelo coração e se
processa no terceiro olho (região situada na testa entre os olhos). A figura 11 (CHIA,
2003, p. 346), simboliza de maneira simplificada esta conexão. Assim ocorre a
sinalização física da dor do momento e o trabalho é realizado, liberando as regiões
congestionadas.
[...] sendo partes inseparáveis do todo, podemos entrar num estado de ser
holístico, ser o conjunto e absorver os poderes criativos do universo para
curar instantaneamente alguém em qualquer lugar. Curadores há que
conseguem fazê-lo até certo ponto, fundindo-se e identificando-se com Deus
e com o paciente. Sermos curadores significa mover-nos na direção da força
criativa universal, que experimentamos como amor pela sua reidentificação
com o eu, universalizando-nos e identificando-nos com Deus[...]. (BRENNAN, 2003, p. 51- 52).
29
Figura 11
Canalização da Energia Universal e da Terra
30
O término do atendimento acontece quando os “dedos” não têm mais nada
para sinalizar e quando os chakras da pessoa estiverem alinhados, figura 12
(BRENNAN, 2003, p. 91).
Figura 12
Figura 12
Equilibrando o campo áurico da paciente, da curadora e do Campo de Energia Universal
Este processo de canalização e tratamento sempre foi muito natural para a
autora deste trabalho, por isso, não procurava explicações, simplesmente aceitava.
O contato com os conceitos e as idéias da Física Quântica: (ser quântico,
energias sutis, ondas, movimentos, atemporalidade, não-localidade, universo de
possibilidades, probabilidades, sincronicidade, campos morfogenéticos, espaçotempo, partículas dissipativas, hologramas, inteireza, etc.), satisfazia a sua curio-
31
sidade porque complementavam as suas percepções na prática diária como
educador e terapeuta.
Para ilustrar ainda mais a complexidade dos fenômenos que acontecem
nos corpos energéticos dos seres vivos consideram-se importantes a figura do
anexo 3 (BRENNAN, 2003, p. 227), conforme as explicações a seguir.
[...] a luz não só penetra pelo terceiro olho, mas também pelos olhos físicos
e flui ao longo dos nervos óticos, como mostra a figura. Essa luz de vibração
mais elevada que a luz visível, passa através da pele. Atravessa o quiasma
ótico e contorna a pituitária, que fica logo atrás do quiasma. Em seguida
segue por dois caminhos, um que vai para os lobos ocipitais, servindo a visão
normal, e outro que vai para o tálamo, servindo ao controle oculomotor.
Consoante minhas observações, certas técnicas respiratórias e de meditação
induzem a pituitária a vibrar e irradiar luz áurica dourada [...] a luz áurica se
arqueia sobre o fundo do corpo caloso e se dirige para a glândula pineal, que
age como detector da visão interior. (BRENNAN, 2003, p. 226).
O rastreamento das dores com as pontas dos dedos, propicia elementos
para a identificação de possíveis traumas associados às dores físicas. Esse conjunto de informações subsidia o processo da intervenção terapêutica.
Através do toque nos acupontos, são liberadas as áreas doloridas e em
conseqüência, por vibração energética, células, órgãos, canais linfáticos e sanguíneos, meridianos, nádis e chakras são liberados para a livre circulação da energia
vital.
Os chakras transformam energias de dimensões superiores (ou freqüências
mais elevadas) em alguma espécie de produto glandular-hormonal que
subsequentemente afeta todo o corpo físico. [...] Os chakras primários
originam-se no nível do corpo etérico, Os chakras por sua vez, estão ligados
uns aos outros e a determinadas partes da estrutura físico-celular através de
canais energéticos sutis conhecidos como “nádis”.
Os nádis são constituídos por delgados filamentos de matéria energética
sutil. [...] Com base em informações provenientes de diversas fontes, foram
descritos mais de 72.000 nádis ou canais de energia etérica na anatomia
sutil dos seres humanos. Esses singulares canais estão intimamente ligados
ao sistema nervoso físico. (GERBER, 2002, p. 106-107).
32
As pesquisas realizadas pelo Dr. Motoyama apontam para confirmação dos
chakras nos seres humanos e, acredita-se que sejam os transformadores da energia
básica de natureza sutil em energia mais densa, ou seja, em “reverberações secundárias de energia numa oitava inferior”, possível de ser mensurada pelos equipamentos eletrônicos convencionais.
[...] Em 1980, uma pesquisa conduzida em Tóquio pelo dr. Hiroshi Motoyama,
envolvendo cristais líquidos pintados sobre a pele, confirmou visualmente a
localização e as funções dos meridianos. Suas descobertas tiveram o apoio
do dr. Kim Bong Han, da Coréia do Norte, que injetou o isótopo p32 nos
meridianos e traçou seus caminhos. Nesses meridianos, Kim descobriu o
sanal, um fluido que contém moléculas de DNA e RNA, proteína, estrógeno e
todos os aminoácidos necessários à vida. Sua descoberta sugere que,
juntos, esses meridianos podem ser “um sistema circulatório de energia”
virtualmente desconhecido pela ciência ocidental. Baseando-se nos
resultados de milhares de experiências, ele sugere que esses meridianos de
energia existem em todos os organismos multicelulares e se manifestam
mais ou menos quinze horas após a concepção (em pintinhos). (SABETTI,
l991, p. 26).
Com a seqüência do tratamento, depois de algumas sessões de
massoterapia, o aumento da vitalidade de Carla é perceptível, o cansaço e as dores
diminuíram acentuadamente.
[...] Assim, pela ativação das correntes sanguínea e linfática, podem se obter
os seguintes efeitos: normalizar a circulação; eliminar os resíduos localizados
nas paredes dos vasos sanguíneos; promover um aumento dos glóbulos
vermelhos e da própria hemoglobina; segundo estudos de Michel, aumentar
o campo de ação e defesa do organismo pelo deslocamento dos glóbulos
brancos ou leucócitos, podendo ainda colaborar na formação de maior
número dos mesmos; fornecer maior irrigação sanguínea no sistema
muscular, energizando-o; eliminar dos espaços intersticiais musculares
líquidos e toxinas desintoxicando-os e devolvendo aos músculos a
elasticidade e a capacidade plena de extensão, flexão e contração; facilitar e
proporcionar a corrente sanguínea melhor desempenho na sua função de
retificar ou na formação de novas células, dando um aspecto jovial ao físico e
auxiliar nos processos de calcificação e cicatrização e, ainda, restituir ao
sistema muscular a sua flacidez normal. Ao sistema nervoso periférico restitui
suas características de elasticidade, de sensibilidade e contração, eliminando
anomalias e atrofias, dando condições de exercer plenamente suas funções,
entre elas, a de receber e transmitir ordens e estímulos, fatores de relevada
importância nos processos da cura ou recuperação dos casos de paralisia ou
de traumatismos. (OLIVEIRA, 1994, p. 53-54).
33
Os analgésicos são pouco necessários, pois ela já consegue identificar
muitas das situações diárias que provocam os seus sofrimentos.
[...] podemos perceber que o corpo é a expressão final das intenções
pessoais, pois não existe manifestação física na ausência da vitalidade.
Nosso corpo assume, constantemente, posturas que expressam atitudes
emocionais e, muitas vezes, causamos uma sobrecarga física em função
deste teatro corporal diário. (SCORZA, 2004, p.24).
Com a sua atenção um pouco mais focada no próprio corpo, Carla
identifica deformações físicas e de postura (curvatura exagerada na cervical e
enrijecimento da região dos quadris) provocadas pelas tensões crônicas da
musculatura.
[...] Estas tensões musculares crônicas perturbam a saúde emocional através
do decréscimo de energia do indivíduo, restringindo sua motilidade [...],
limitando a sua auto-expressão. Torna-se necessário então aliviar esta
tensão crônica, para a pessoa recuperar sua completa vitalidade e bem-estar
emocional. (LOWEN, 1985, p. 13).
Nas observações realizadas, ao longo de alguns anos de trabalho, no
contato direto com o corpo das pessoas, nas sessões de massoterapia, pode-se
afirmar que uma musculatura tensa e rígida e dores generalizadas no corpo, na
maioria das vezes, refletem uma emaranhada história de tensão nervosa, de
problemas emocionais, de cansaços, de ausência de vitalidade, de excesso ou falta
de atividades, enfim, de desequilíbrios energéticos.
BRENNAN (2003, p.70), quando relaciona os chakras com o campo
áurico aponta: “A segunda camada e o segundo chakra, se associam ao aspecto
emocional dos seres humanos. São os veículos através dos quais temos nossa vida
emocional e nossos sentimentos”.
[...] Em virtude dessa intrincada ligação com o sistema nervoso, os nádis
34
influenciam a natureza e a qualidade da transmissão dos impulsos nervosos
numa extensa rede constituída pelo cérebro, medula, medula espinal e
nervos periféricos. Assim, uma disfunção patológica no nível dos chakras e
nádis pode ser associada a alterações patológicas no sistema nervoso. [...]
existe um alinhamento especial entre os grandes chakras, as glândulas e os
plexos nervosos, alinhamento que é necessário para a otimização da função
humana. Além disso, a ligação hormonal entre os chakras e as glândulas
endócrinas sugere novas e complicadas possibilidades quanto à maneira
pela qual um desequilíbrio no sistema energético sutil pode produzir
alterações anormais nas células de todo corpo. (GERBER, 2002, p. 107).
Ao completar seis meses de tratamento, Carla detecta uma angústia que
não sabe explicar. A partir daí consegue lançar um olhar nas dificuldades no
relacionamento com o companheiro. Já existe uma disponibilidade para um contato
mais profundo com as causas das dores.
35
O CONTATO COM AS DORES DA ALMA
As dores e os traumas armazenados ao longo da história de cada um, em
contato com o outro, promovem o afastamento e esquecimento de si próprio.
No
livro A Dança, DREAMER (2003, p.20) propõe um olhar nas facetas das dores: “Se a
questão não for por que é tão raro eu ser a pessoa que realmente quero ser, e, sim
por que é tão raro eu querer ser a pessoa que realmente sou?”.
Aliviada, em parte, dos desconfortos, dores e cansaços, Carla está
disposta a procurar as causas da sua angústia e das dificuldades no relacionamento.
Segundo BRENNAN (2003, p. 70), “A terceira camada liga-se à nossa vida mental, à
reflexão linear. O terceiro chakra está unido à reflexão linear”.
Nas primeiras semanas identificou algumas insatisfações em relação ao
companheiro (pouco diálogo, falta de carinho, ciúmes, controle, pouca colaboração
nos afazeres diários, entre outras queixas). A dor na cervical e na cabeça
continuavam se manifestando com menor freqüência. No consultório, ficava fácil
elaborar atitudes a serem tomadas, mas no contato com a situação real ainda estava
muito difícil. Aos poucos, Carla percebeu que havia um medo inexplicável por trás
desta incapacidade de lutar pelo que “queria”. Descobriu que não sabia o que
queria. Nem se quer se dava a chance ou direito de perguntar o que era “bom” para
a sua vida.
[...] - o que é mais comum -, as pessoas vão vivendo sem raízes, sem saber
de onde o seu coração continua recebendo energia, sem saber quem
continua respirando em seu interior, sem conhecer a seiva da vida que está
circulando dentro delas. (OSHO, 200, p. 47).
O seu corpo apresentou dores mais profundas no externo (localização do
chakra cardíaco), na região das costelas flutuantes (correspondente aos pontos de
36
ativação dos pulmões), no fígado e na cervical. Em cada sessão, esses pontos
foram ativados e liberados. Algumas dores continuavam se manifestando,
regularmente. Segundo GERBER (2002, p. 410), “é preciso que comecemos a olhar
os nossos problemas emocionais como desequilíbrios energéticos que afetam o
funcionamento da nossa anatomia física e sutil”.
Para o paciente, enquanto sentir alguma dor, o tratamento não está sendo
tão eficiente quanto desejava. Cabe, pois, ao massagista, ter total conhecimento do processo da relatividade massoterápica da dor, o qual se baseia
em inúmeros pontos de dor cada um com determinado grau de intensidade,
mas fazendo-se sentir somente o mais intenso. Quanto os de menor
intensidade, eles vão se fazendo sentir de forma gradativa e pela ordem dos
seus graus de intensidade, à medida que os de maior intensidade desaparecerem. (OLIVEIRA, 1994, P. 64).
A angústia aliava-se a uma ansiedade e, cada vez que a região do tórax
era tocada ocorriam acessos de tosse.
Nenhuma dessas questões relacionadas com os chakras é mais importante
do que a lição do chakra do coração, visto que esta envolve a capacidade de
o indivíduo manifestar livremente amor por si mesmo e pelos outros, sejam
eles pessoas conhecidas ou estranhas. As transformações pessoais e espirituais dependem, em última análise, da abertura do chakra do coração.
(GERBER, 2002, p. 412).
BRENNAN (2003, p.70) explica a função do chakra cardíaco quando diz:
“O quarto nível, associado ao chakra do coração, é o veículo através do qual
amamos, não somente os companheiros, mas também a humanidade em geral. O
quarto chakra é o que metaboliza a energia do amor”.
Para ilustrar, a persistência das dores físicas de Carla, considera-se
importante apresentar o quadro do anexo 4 (RIBEIRO, 2004, p. 10-11) que aborda
de forma simplificada, as sub-luxações espinhais e as implicações do corpo
emocional no corpo físico, mais especificamente na coluna vertebral e as suas conseqüências nos órgãos das áreas de inervação.
37
Sub-luxação – é o termo usado pela Quiropraxia para descrever a perda de
mobilidade em uma junta articular na coluna vertebral, capaz de interferir
negativamente nos nervos que passam por esta articulação, obstruindo o
fluxo de informação do sistema nervoso através do corpo.
A enfermidade de um órgão é um estágio avançado de perturbações que
tiveram origem no sistema nervoso, interferindo nas raízes nervosas que
saem da coluna vertebral. (RIBEIRO, 2004, p. 9)
Com a figura 13 (CHIA, 2003, p. 317), pretende-se detalhar o quadro do
anexo 4, localizando os nervos do plexo cervical e braquial e com isto, exemplificar
as dores de Carla. Uma sub-luxação na vértebra T-2, afeta as funções cardíacas, a
região do tórax e causa dor na região superior das costas. As dores emocionais
“invisíveis” são manifestadas no cardíaco, devido ao “fechamento” do coração para
“não sentir” e resistência para não entrar em contato com mágoas e raivas.
Figura 13
Nervos do Pescoço
Algumas semanas depois, a insatisfação passou a ser com ela. Lampejos
38
de raiva, de autocrítica, de desvalia, de auto-abandono marcaram várias sessões. A
desistência da terapia foi cogitada.
Toda vez que alguém toma consciência de um aspecto novo de si, em um
primeiro momento ama ou rejeita essa novidade. Talvez seja essa razão pela
qual demoramos tanto em alargar nossa consciência, afinal descobrir algo
novo de si é ter de reorganizar-se pelo menos, no conceito de si.
(TREVISOL, 2003, p. 54).
Conforme JUNG (1971, p. 49) “[...] Individuação significa tornar-se um ser
único, na medida em que por “individualidade” entendermos nossa singularidade
mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso
próprio si-mesmo”. Na necessidade de identificar-se, de individuar-se, Carla passou
pelo processo de isolamento, gerando mais angústia e mais dores emocionais.
Emoções negativas apareciam e formavam um campo vicioso para as dores, porém
não tão doloridas fisicamente como antes.
O símbolo maior de nossa planetarização é o nosso corpo. O ser humano
tem um corpo definido e definidor. [...] Existir como ser-humano-corpo é mais
do que possuir ou habitar um corpo: é sentir-se corpo. É experimentar-se
como densidade palpável, entidade viva, delimitada, desenhada
conjuntamente a todos os humanos da Terra e, ao mesmo tempo, diversa de
todo corpo humano existente no planeta. (TREVISOL, 2003, p. 89).
Carla não faltava ao trabalho, fazia as suas “tarefas-obrigações” da casa e
em relação aos filhos e familiares, mas estava muito só. Sentia-se muito afastada
das pessoas e não tinha vontade de procurar um contato maior. Com isto, as crises
existenciais e as dores tornavam-se cada vez mais freqüentes.
A figura 14 (CHIA, 2003, p. 204), mostra como o nosso abdômen (mais
especificamente o intestino) fica comprometido, impedindo a livre circulação da
energia vital, promovendo dores em regiões reflexas do corpo.
39
Às vezes, Carla estava tão emaranhada neste círculo vicioso de dor que
não conseguia reagir para ir à terapia.
[...] O nosso próprio organismo, e não uma realidade externa absoluta, é
utilizado como referência de base para as interpretações que fazemos do
mundo que nos rodeia e para a construção do permanente sentido de
subjetividade que é parte essencial de nossas experiências. De acordo com
essa perspectiva, os nossos mais refinados pensamentos e as nossas
melhores ações, as nossas maiores alegrias e as nossas mais profundas
mágoas usam o corpo como instrumento de aferição. (DAMÁSIO, 1996,
p.16 -17).
Figura 14
Efeito das Emoções Negativas sobre o Intestino Delgado
O afastamento das pessoas do seu convívio, era justificado pelo medo de
não conseguir manter o seu propósito e mais uma vez abrir mão da busca dos seus
40
desejos.
As vidas passadas, também são conservadas nos nossos conglomerados de
tempo psicológico congelado. [...] A origem do nosso sofrimento, do meu
ponto de vista, encontra-se em nível ainda mais profundo do que o bloqueio
de energia da dor pessoal ou dos fenômenos relacionados a vidas passadas.
Ele decorre da crença de que cada um de nós está separado: separado de
todas as outras pessoas e separado de Deus. Muitos de nós acreditamos
que, para termos individualidade, precisamos estar separados. (BRENNAN,
l996, p. 24).
Quando Carla passava muito tempo com a família ou com os amigos,
ficava muito confusa e titubeava.
Achava difícil seguir com a terapia. Como os
questionamentos permaneciam e as insatisfações aumentavam, buscava forças para
prosseguir.
[...] O campo de matéria física está em equilíbrio com esses campos de
dimensões superiores do espaço/tempo negativo. Esses campos de corpos
de freqüências etéricas, astrais, mentais, causais, e de freqüências ainda
mais elevadas, proporcionam à personalidade encarnante informações
energética, estrutura e conhecimentos superiores provenientes de sua fonte
espiritual. O propósito de todo esse arranjo estrutural consiste em
proporcionar um veículo de expressão para a alma poder se desenvolver
através de experiências nos mundos da matéria. (GERBER, 2002, p. 413).
Segundo CLOW (1993, p. 45), “A crise de meia-idade é incrivelmente
estressante: você treme, tem medo da insanidade, teme os sintomas físicos e
questiona profundamente tudo aquilo sobre o que já passou”.
Existem por conseguinte, localizações específicas, no interior do nosso
sistema de energia, para as sensações, as emoções, os pensamentos, as
lembranças e para outras experiências não-físicas que costumamos confiar
aos nossos médicos e terapeutas. Se compreendermos o modo com que
nossos sintomas físicos se relacionam com essas localizações, ser-nos-á
mais fácil compreender a natureza das diferentes enfermidades e também a
natureza da saúde e da doença. Dessa forma, o estudo da aura pode ser
uma ponte entre a medicina tradicional e nossas preocupações psicológicas.
(BRENNAN, 2003, p. 70).
41
A incerteza e a angústia, suscitadas por este seu momento de vida,
reafirmam para Carla a continuidade da terapia como fonte de apoio.
42
DESVELANDO A MÁSCARA
Entrando em contato sistemático com a dor e o desconforto de
determinados pontos ou regiões do corpo, são ativadas as emoções e ou traumas
inconscientes e cristalizados.
Usamos a máscara com o propósito de nos proteger de um mundo
supostamente hostil, provando que somos bons. A intenção da máscara é a
falsa aparência e a negação. Ela nega que o seu propósito seja ocultar a dor
e a raiva porque nega a existência da dor e da raiva na personalidade. O
propósito da máscara é proteger o Eu, deixando de assumir a
responsabilidade por quaisquer outros atos ou pensamentos negativos.
(BRENNAN, l996, p. 25).
A resistência de Carla à terapia e às dores, aos poucos, foi se
desmanchando. Em cada sessão de massoterapia, foi evidenciado o cultivo da
paciência em relação aos outros para exercitar o auto-acolhimento.
Já consegue fazer algumas técnicas de relaxamento na sua casa, anota os
seus sonhos, faz algumas mandalas para aliviar tensões, toma chás com maior
freqüência, ou seja, está em contato consigo, diariamente, por um período maior de
tempo.
“As atitudes de direcionamento mental, autoconhecimento e motivação
individual em relação ao próprio corpo podem auxiliar o tratamento e
prevenção de lesões, pois o corpo passa a desenvolver uma capacidade
autocorretiva”. (SCORZA , 2004, p. 25),
Após alguns meses, Carla está mais disponível para entrar em contato com
as próprias dores. Decide ir em busca de seus desejos, da sua alegria de viver. Na
terapia, ao ser tocada, ela vivencia uma situação na qual dançava muito. Identificou
um desejo profundo, uma necessidade imensa de movimentar o corpo. A partir daí,
43
alia à terapia, uma atividade física. A academia passa a ser uma nova forma de
aliviar as suas tensões e com isto sente-se muito bem.
[...] Por “saúde vibrante” nós não queremos significar meramente a ausência
de doença mas a condição de estar totalmente vivo. Vibrantemente vivo é
talvez uma expressão mais exata, já que a vibração é o elemento-chave da
vitalidade. Aumentando o estado vibratório do corpo [...] a pessoa é ajudada
a atingir esta qualidade de saúde. Um corpo sadio está em constante estado
de vibração, quer desperto ou dormindo. (LOWEN, 1985, p. 15).
O corpo de Carla ao ser massageado, sinaliza que é o momento de
aprofundar alguma questão relativa a dores ou traumas inconscientes, do passado,
que podem ou não ter nenhuma relação com o presente, mas continuam a controlar
seu comportamento e interferir na sua vida atual.
Quando a região do tórax é massageada, tem um acesso de tosse
desesperador, então é incentivada e acolhida para entrar em contato com essa
tosse. Fica vermelha, rouca, continua tossindo muito, “perde as forças”, segundo ela,
e descreve uma situação na qual foi abandonada e morreu de alguma doença
pulmonar. Relacionou esta experiência, com momentos atuais de crises de tosse
quando fica sozinha por um longo período de tempo. Em algumas sessões
posteriores, as tosses reaparecem, mas com menor intensidade. No seu dia-a-dia
percebe que a ansiedade e o medo de ficar sozinha estão diminuindo.
[...] Enfim, pelo toque das mãos podem se obter todos os efeitos que
expressam tranqüilidade, alegria e o prazer de viver em paz e no amor. Mas
as mãos podem, também, pelo seu contato, irritar e excitar, provocando
reações da mais alta expressão corporal como movimentos internos,
representados pelas funções orgânicas, e movimentos externos, executados
pela cabeça, tronco e membros superiores e inferiores. Estes movimentos,
tanto internos como externos, reagem prontamente e sempre a altura da
forma pela qual o corpo for tocado. (OLIVEIRA, 1994, p. 9).
Quando o corpo é tocado em alguma região, ou em algum ponto depositário
44
de traumas emocionais cristalizados, a dor é intensa, a pessoa entra em contato
com essa memória inconsciente automaticamente, através do seu cérebro
emocional. Essa dor é visceral e a reação é instintiva. É ativado o instinto animal, a
reação é imediata, sem passar pelo crivo da razão. Isso ocorre porque o neocórtex
tem a sua base no cérebro límbico.
A figura 15 (SCHREIBER, 2004), apresenta as estruturas “límbicas” que
são encontradas em todos os mamíferos e feitas de um tecido neural diferente
daquele do cérebro cortical “cognitivo”, responsável pela linguagem e pelo
pensamento abstrato. Estruturas límbicas são responsáveis pelas emoções e pelo
controle instintivo. No fundo do cérebro está a amígdala – um grupo de neurônios
responsável pelas reações do medo.
“Como Darwin tinha previsto, o cérebro humano compreende duas partes
principais. No fundo do cérebro, em seu centro, está o velho cérebro
primitivo, que temos em comum com todos os outros mamíferos, e, em seu
núcleo, o que temos em comum com os répteis. Esse cérebro foi a primeira
camada depositada pela evolução. Paul Broca, o renomado neurologista
francês do séc. XIX, quem primeiro o descreveu, chamou-o de cérebro
“límbico”. Ao redor do cérebro límbico, no curso de milhões de anos de
evolução, uma camada muito mais recente se formou. É o “novo” cérebro, o
“neocórtex”, o que significa “nova casa” ou “novo invólucro”. (SCHREIBER,
2004, p. 31).
O Dr. SCHREIBER (2004, p.30), descreve uma conversa que teve com o
Dr. Wortis, renomado psiquiatra americano, onde ele afirma que Freud insistia: “Não
aprenda apenas psicanálise como existe hoje. Já está ultrapassada. Sua geração
chegará à síntese entre psicologia e biologia. Você deve se dedicar a isso”. Freud
acreditava e já estava realizando pesquisas, sinalizando que a terapia deveria ir
além da verbalização.
45
Figura 15
O cérebro límbico – No coração do cérebro humano está o cérebro límbico.
A partir dos estudos realizados por António Damásio, renomado neurologista e neurocientista, tivemos acesso a explicações mais satisfatórias para a
constante tensão entre razão e emoção, ou seja, entre os dois cérebros: o límbico e
o neocórtex.
De acordo com o Dr. Damásio, nossa vida mental surge de uma luta
constante para equilibrar esses dois cérebros. Por um lado, há o cérebro
cognitivo – consciente racional e voltado para o mundo exterior. Por outro, o
cérebro emocional – inconsciente, antes de tudo preocupado com a
sobrevivência e, acima de tudo, unido ao corpo. Embora os dois “cérebros”
estejam altamente conectados e dependam constantemente um do outro,
visando a um funcionamento integrado, cada qual contribui de um modo
diverso para a nossa experiência de vida e para o nosso comportamento.
(SCHREIBER, 2004, p.30).
Os resultados dos exames ginecológicos de Carla apontaram o vírus HPV
instalado no colo do útero. Chateada e muito ansiosa, segue o tratamento prescrito
pela ginecologista, com muitos questionamentos, muita autocrítica e muita culpa.
[...] Até aqui, as mulheres tiveram poucas oportunidades de compreender
suas próprias necessidades e seus próprios desejos ou de desenvolver sua
própria identidade sexual. A grande maioria das mulheres não conhece o
poder de cura da feminilidade nem uma realização sexual que permeie toda a
46
sua vida. As histórias que cercam nossa sexualidade pedem que as mulheres
se tornem mais independentes e procurem a satisfação interior, em vez de
procurar sempre amor e valorização no mundo exterior. (PIONTEK, 2001,
p.17)
Durante a massagem, percebe-se que a região do chakra cardíaco está
muito dolorida. Quando as suas pernas são tocadas na região interna das coxas, ela
contata uma dor muito profunda e em seguida, entra numa crise de choro
compulsivo. Chora muito. O corpo acompanha a situação dolorosa que está
revivendo. Fica em forma fetal e a musculatura muito tensa e contraída. Depois do
choro tem um acesso de raiva e demonstra vontade de destruir o que tem em seu
caminho, então dá um grande suspiro e entre soluços, pede um papel e caneta.
Escreve, com muita raiva, vários palavrões que não tem coragem de pronunciar.
Felizmente o cérebro emocional permanece constantemente em guarda. Seu
papel é ficar alerta, na retaguarda, em seu meio. Quando ele percebe algum
perigo ou uma oportunidade excepcional – um parceiro em potencial, ou um
território, ou um bem valioso -, aciona um alarme. Em milésimos de segundo
ele cancela todas as operações e interrompe todas as atividades do cérebro
cognitivo. Essa reação capacita todo o cérebro a, instantaneamente,
concentrar os seus recursos no que é essencial para a sobrevivência.
(SCHREIBER, 2004, p. 36).
Depois da catarse, Carla fala da raiva e do ressentimento de um familiar,
já falecido, que abusava dela sexualmente quando era criança. Ficou muito
indignada quando percebeu que nunca falara a respeito do ocorrido com ninguém
por causa do seu medo. Isto porque nunca contara com os pais para protegê-la.
Estavam sempre muito ocupados e por isso a agressão se repetia.
Refeita física e emocionalmente, distancia-se da dor, redimensionando-a.
Neste momento, a intervenção terapêutica se processa no sentido de auxiliar na
“reprogramação” do cérebro emocional para que ele se adapte ao presente em vez
de continuar reagindo às impressões das experiências do passado. A partir do olhar
de adulto, consegue relacionar este episódio com seu medo de ficar só e mais,
47
entendendo porque em toda a sua vida nunca se permitira relaxar e estando sempre
em estado de alerta.
[...] o amor, o ódio e a angústia, as qualidades de bondade e crueldade, a
solução planificada de um problema científico ou a criação de um novo
artefato, todos eles têm por base os acontecimentos que acontecem dentro
do cérebro, desde que este cérebro tenha estado e esteja neste momento
interagindo com o seu corpo. A alma respira através do corpo, e o sofrimento,
quer comece no corpo ou numa imagem mental, acontece na carne.
(DAMÁSIO, 1996, p.18).
Nas observações realizadas no consultório, pode-se constatar que, como
a Carla, na maioria das vezes, as pessoas conseguem identificar e falar sobre as
dores do passado, mas o processo de mudança através da verbalização é muito
lento ou não acontece. Segundo SCHREIBER (2004): “O cérebro emocional está,
portanto, quase mais intimamente relacionado ao corpo do que o cérebro cognitivo.
E é por isso que é muito mais fácil acessar emoções pelo corpo do que pela
linguagem verbal”.
Na semana seguinte, Carla fala muito da sua relação com o parceiro. Dáse conta que não conseguia ter um relacionamento afetivo e sexual com
tranqüilidade e de entrega. Estava sempre muito tensa e muitas vezes, evitava o
contato físico com ele. O diálogo, o carinho e a afetividade da qual se queixara, não
faziam parte da sua vida.
O cérebro emocional tem uma organização muito mais simples do que o
neocórtex. Ao contrário deste, a maioria das áreas do cérebro límbico não
está organizada em camadas regulares de neurônios que o capacitariam a
processar informações. [...] os neurônios parecem ter se juntado ao acaso.
Devido a essa estrutura [...] processa informações de modo muito mais
primitivo do que o cérebro cognitivo, mas ele é muito mais rápido e mais ágil
para garantir a nossa sobrevivência. (SCHREIBER, 2004, p. 32).
Sempre envolvida com o seu trabalho, não tem tempo para si mesma,
48
porque precisa prover quase todo sustento da família. Para complementar o quadro
de inquietações, a filha adolescente tem uma crise “existencial”.
Tendo a menina como espelho, Carla entra em contato com dores do
passado. Relacionamentos difíceis, crises de depressão e uma gravidez precoce.
Projeta e identifica na filha a sua história. O relacionamento entre mãe e filha fica
quase insuportável.
Reconhece que não pode faltar à terapia, pelo menos neste momento de
crise, para ter o suporte necessário e enfrentar as situações de conflito diárias.
Sente que precisa mudar alguma coisa que esteja ao seu alcance no momento.
Os níveis mais baixos do edifício neurológico da razão são os mesmos que
regulam o processamento das emoções e dos sentimentos e ainda as
funções do corpo necessárias para a sobrevivência do organismo. Por sua
vez, esses níveis mais baixos mantêm relações diretas e mútuas com
praticamente todos os órgãos do corpo, colocando-o assim diretamente na
cadeia de operações que dá origem aos desempenhos de mais alto nível da
razão, da tomada de decisão e, por extensão do comportamento social e da
capacidade criadora. Todos esses aspectos, emoção, sentimento e
regulação biológica, desempenham um papel na razão humana. As ordens
de nível inferior do nosso organismo fazem parte do mesmo circuito que
assegura o nível superior da razão. (DAMÁSIO, 1996, p.12).
Continua muito chorosa. Procura a família com maior freqüência, consegue falar sobre a sua infância e adolescência, esclarecendo alguns aspectos que
estavam obscuros.
49
ACESSO AO CURADOR INTERNO
Se o seu toque fluir do seu centro para o centro delas, elas se abrirão como
as pétalas de uma flor ao sol da manhã. Toda vida, todo corpo tem um
mecanismo de cura de si que você pode ajudar a despertar. (CHIA, 2003,
p.33).
A consciência, o acolhimento, a responsabilidade e a amorosidade do
terapeuta são indispensáveis nos momentos das crises das pessoas, para promoção
da mudança de paradigmas individuais e coletivos. Auxiliar na construção de um
novo olhar, mais positivo, mais feliz e de maior empoderamento, através da luz e da
sombra, na sua completude, é um caminho possível. O cenário subjacente pode ser
a felicidade, quando os percalços, as tristezas e ou as frustrações forem olhadas da
perspectiva do aprendizado da alma.
O sistema reencarnacionista permite que as almas aprendam coisas a partir
de suas tentativas e experiências através de muitas experiências em corpos
físicos. Tanto as experiências de vida positivas e negativas são
armazenadas no corpo causal e, através do karma, podem afetar as vidas
futuras. (GERBER, 2002, p.412).
Aos poucos, Carla percebe que o relacionamento da filha com o seu
namorado está repetindo a sua própria história. Sente-se mal quando vê que a
menina está submissa, que quase não sai ou faz algo diferente para ficar bem e
ainda mais, está em constante crise, apesar dos atendimentos terapêuticos e
“espirituais”.
A nossa vida emocional é constantemente influenciada pelo inconsciente
coletivo e principalmente pelas pessoas com as quais mantemos vínculos afetivos,
como filhos, familiares e cônjuge.
50
Carla fica ainda mais chateada, quando percebe que, como ela própria, a
filha se submete a algumas situações indesejadas sem conseguir reagir. Com isto,
trava uma nova batalha consigo e com os que estão em sua volta porque ainda não
consegue se colocar como protagonista da sua história.
As pessoas que vivem inconscientemente, sem questionamentos ou
indagações, se parecem com um canal. São um convite aberto para que o
padrão da mente coletiva passe a agir nelas. Eis como as estruturas
predominantes da sociedade, as tradições, as religiões e os papéis sexuais
da mulher são transmitidos, através do útero, sem serem filtrados, de
geração a geração. (PIONTEK, 2001, p. 19).
Algumas semanas de brigas, crises, discussões entre mãe e filha, fizeram
com que Carla percebesse, que os conselhos dirigidos à filha eram destinados a si
própria. Relembra a sua juventude, a gravidez precoce, a sua dependência do
companheiro.
Na terapia, é levada a acolher as dores da filha na tentativa do autoacolhimento e da auto-aceitação.
Na condição de terapeuta/educador, vivencia-se e é fortalecido a cada
atendimento, o mito de Quíron, (do curador ferido). Quanto mais o terapeuta se
olha, se acolhe e se aceita, maior é a capacidade de acolhimento e de amorosidade
para quem está em processo terapêutico ou partilha alguma maneira as suas dores.
Segundo a mitologia grega, Quíron era um famoso vidente e astrólogo que
iniciava os curandeiros, guerreiros e mágicos da cultura minóica, antes de
1500 a. C. Foi atacado por Hércules com uma flecha envenenada, ficando
então conhecido como o “curandeiro ferido”, que conseguia receber
conhecimento especial de seu próprio sofrimento. O ferimento de Quíron era
no pé esquerdo, e uma vez que o lado esquerdo do corpo está
tradicionalmente associado ao feminino, ele precisava curar a sua natureza
feminina. (CLOW, 1993, p. 154-155).
A amorosidade, o acolhimento e a aceitação que o curador possibilita a si
próprio é indispensável para que possa acolher de coração, a pessoa que está em
51
processo terapêutico e também para a sua disponibilidade e a sua inteireza no
momento da canalização da energia.
Ao longo do quinto caminho são desenvolvidas as qualidades que permitirão
que a natureza do guerreiro espiritual assuma o controle, em qualquer
momento e em qualquer situação. Esta sábia voz essencial sabe ser
amorosa e respeitadora, escutar e oferecer encorajamento. Esta voz tem
disciplina e autoridade sobre as emoções e os pensamentos negativos, que
podem nos desequilibrar ou cortar as cordas que nos mantêm firmemente
centrados em nossos caminhos individuais. (SAMS, 2003, p.221).
Aos poucos, Carla percebe que está cansada demais para continuar nesta situação. Então, mais uma vez é incentivada a olhar para seu viver e descobrir do
que gosta e o que a deixa bem. Reluta, mas aceita os convites das amigas para ir ao
cinema e jantares de “bate-papo”.
[...] o primeiro é que o organismo possui seu próprio sistema de autodefesa,
ao qual a massagem está inteiramente subordinada, isto é não haverá cura
ou recuperação naqueles casos em que o organismo perdeu sua capacidade
reação ou de acionar seu sistema de defesa; o segundo é que os efeitos
estão condicionados à técnica do profissional, que deverá saber qual é o
movimento ou manobra a ser executada, a fim de conseguir o efeito ou os
efeitos pretendidos. Caso contrário o organismo poderá ser contemplado com
benefícios em outras áreas, menos naquela que está sendo tratada.
(OLIVEIRA, 1994. p.53).
Sente-se bem e o seu olhar se transforma ao falar das conversas com as
amigas. Mas, como a própria Carla diz: “parece que me condeno e não mereço me
sentir bem”.
No mais profundo do ser humano existe um espírito natural de
contextualização das experiências do viver. Mas essa potencialidade precisa
manter-se ativada. Despertar essa dimensão da consciência é desenvolver a
capacidade de organização do mundo externo num contexto amplo,
interconecto e sinergético. Assim como é a consciência que mantém a
unidade interna do indivíduo, é também ela que vai criar essa ordem no plano
externo, pois a organização da realidade feita pelo indivíduo provém de sua
capacidade intencional consciente de experimentar, intuir, refletir e decidir.
Para isso, é preciso educar com base em métodos que permitam a relação
entre as partes e o todo deste mundo complexo. (TREVISOL, 2003, p. 21).
52
Inúmeras vezes pode ser constatado como é complicado e difícil a mudança
de paradigma. Faz-se necessário criar novos hábitos e ficar vigilante para perceber o
que o Ser interno quer informar através dos sinais manifestados no corpo. As
recaídas são cíclicas.
[...] Quando estamos operando nos níveis inferiores de nossa consciência,
não enxergamos os nossos temores e os projetamos sobre o mundo, quando
o problema está dentro de nós mesmos. Para curar esses temores, o
indivíduo precisa eliminar os bloqueios do chakra do coração e dar mais
espaço em sua vida para o amor e para o perdão. Quando abrimos o chakra
do coração e as energias espirituais superiores passam a fluir com mais
facilidade através do organismo, esta transformação age como um
catalisador para curar, não apenas nós mesmos, mas também aqueles que
nos rodeiam. (GERBER, 2002, p. 412).
À medida que Carla persiste nas suas saídas com as amigas e também
com o marido, esquece um pouco da filha e as brigas amenizam. As duas
conseguem trocar idéias pertinentes sobre as intimidades do universo feminino. O
resultado do exame em relação ao vírus HPV, instalado no colo do útero há meses,
foi negativo.
O cérebro límbico é um posto de comando que recebe continuamente
informações de diferentes partes do corpo. Ele responde regulando o
equilíbrio fisiológico do corpo. Respiração, batimento cardíaco, pressão
sanguínea, apetite, sono, impulso sexual, secreção hormonal e até mesmo o
sistema imunológico seguem suas ordens. O papel do cérebro límbico
parece ser o de manter essas diferentes funções em equilíbrio. “Homeostase”
é o nome que o pai da moderna fisiologia, o cientista do séc. XIX Claude
Bernard, deu a esse estado de harmonia entre todas as funções fisiológicas.
É o equilíbrio dinâmico que nos mantém vivos. (SCHREIBER, 2004, p. 32).
Muito feliz e entusiasmada, aceita o convite dos colegas de trabalho para
ser sócia da firma que organizaram. Trabalha muito mais, as queixas diminuíram
porque já consegue propiciar alguns cuidados para si mesma, nos momentos de
folga que “magicamente” encontra. Os problemas, em relação ao companheiro,
estão mais amenos.
53
Felizmente, essa valiosa chave para o nosso cérebro emocional não
depende apenas do amor do parceiro. Na verdade, ela depende da qualidade
de todas as nossas ligações emocionais – com os filhos, os pais, os irmãos e
irmãs, os amigos e os animais. O que é importante é o sentimento de estar
totalmente com outra pessoa. Ser capaz de mostrar que somos fracos e
vulneráveis, mas igualmente fortes e radiantes. Ser capaz de rir, mas
também de chorar. Sentir que nossas emoções são compreendidas. Saber
que somos úteis e importantes para alguém. E receber um pouco de contato
físico e afetuoso. Em poucas palavras, ser amado. (SCHREIBER, 2004, p.
191).
Dá-se conta que não fica mais esperando o aval das pessoas em sua volta
para fazer o que tem vontade. Na maioria das vezes simplesmente comunica suas
decisões. Citando BRENNAN (2003, p. 70), “O quinto é o nível associado a uma
vontade mais alta, mais ligada à vontade divina. O quinto chakra se associa ao
poder da palavra, criando coisas pela palavra, prestando atenção e assumindo
responsabilidade pelos nossos atos”.
[...], emoções e sentimentos são os sensores para o encontro, ou falta dele,
entre a natureza e as circunstâncias. E por natureza refiro-me tanto à
natureza que herdamos enquanto conjunto de adaptações geneticamente
estabelecidas, como a natureza que adquirimos por via do desenvolvimento
individual através de interações com o nosso ambiente social, quer de forma
consciente e voluntária, quer de forma inconsciente e involuntária. Os
sentimentos juntamente com as emoções que os originam, não são um luxo.
Servem de guias internos e ajudam-nos a comunicar aos outros sinais que
também os podem guiar. E os sentimentos não são nem intangíveis nem
ilusórios. Ao contrário da opinião científica tradicional, são precisamente tão
cognitivos como qualquer outra percepção. São resultado de uma curiosa
organização fisiológica que transformou o cérebro no público cativo das
atividades teatrais do corpo. (DAMÁSIO, l996, p. 17)
Nas sessões seguintes, Carla fala com entusiasmo, dos projetos e das
reali-zações da empresa. As suas iniciativas e a sua criatividade para resolver as
questões diárias, fazem com que seja escolhida a coordenadora do grupo.
A relação com o companheiro, aos poucos está se transformando, pois
percebe que a sua inquietude, os seus questionamentos e distanciamentos estão
54
sendo acolhidos e, sente que é aceita na sua nova maneira de ser. A figura do
anexo 5 (SCHREIBER, 2004, p. 54), ilustra com muita propriedade a relação entre o
cérebro e o coração. À medida que a amorosidade é desenvolvida e cultivada o
cérebro emocional é afetado diretamente.
Quando o cérebro emocional não está funcionando bem, o coração sofre e
se desgasta. Mas a mais espantosa descoberta de todas é que essa relação
funciona em mão dupla. O funcionamento correto do nosso coração acaba
por influenciar o nosso cérebro também. Alguns cardiologistas e
neurologistas chegam ao ponto de se referir a um “sistema cardio-cerebral”,
que não pode ser dissociado. (SCHREIBER, 2004, p. 44).
A dor na região do chakra cardíaco é evidenciada em quase todas as sessões de massagem. Carla tem a sensação de que em alguns momentos, a sua vida
está tranqüila demais. Chega a falar que não está avançando na terapia, até que por
um “motivo bobo”, segundo ela, se estressa com os colegas de trabalho e dá-se
conta de que conseguiu resolver a situação de forma bem mais tranqüila, sem se
abalar, como era de costume.
A função primeira do praticante, é ser educador. [...] é ensinar as pessoas a
curarem a si mesmas fazendo com que se tornem conscientes dos seus
imensos poderes curativos interiores. [...] o praticante nunca se refere aos
seus alunos como “paciente” ou “clientes”. Um aluno que despertou a própria
energia de cura pode continuar o processo praticando em casa[...] Devemos
lembrar-nos sempre de que a energia de cura mais importante provém de
dentro de nós mesmos. (CHIA, 2003, p. 31-32).
Bem mais tranqüila Carla aceita melhor a sua rotina. As crises são mais
curtas e os reflexos no corpo físico são mais amenos. A amorosidade e o carinho, já
fazem parte do seu viver. Presenteia-se com momentos de solitude em meio a
correria diária. Na terapia, está mais consciente para olhar as dores do momento.
Sinaliza a procura de um profissional, da área de nutrição, para ajuda-la na mudança
55
de seus hábitos alimentares e para diminuição do seu “peso”.
A massagem sistemática, focada no chakra cardíaco promove uma transformação, que desencadeia uma complexidade de reações na “intrincada rede energética do organismo”, ou seja, o coração se abre para desvelar a amorosidade e a
compaixão, qualidades inerentes ao ser humano.
Além de possuir uma rede própria de neurônios semi-autônomos, o coração
é, também uma pequena fábrica de hormônios. Ele produz seu estoque de
adrenalina, que libera quando precisa funcionar com capacidade máxima. O
coração produz e controla a liberação de outro hormônio, o FNA (fator
natriurético atrial), que regula a pressão sanguínea. Ele produz sua reserva
de oxitocina, geralmente chamada de “o peptídeo do amor”. (É o hormônio
liberado no sangue quando uma mãe amamenta seu filho, durante o namoro
e durante o orgasmo). Todos esses hormônios agem diretamente sobre o
cérebro. Por fim, o coração pode afetar todo o organismo por meio de
variações de seu campo eletromagnético, o que pode ser detectado há vários
metros de distância do corpo, mas cujo significado nós ainda não
compreendemos. (SCHREIBER, 2004, p.46).
Baseado no acompanhamento realizado pelo terapeuta no cuidado de
várias pessoas e, no caso específico da Carla, há mais de um ano, puderam ser
constatadas as idéias de GERBER, citadas na página 52 deste trabalho, em relação
ao chakra cardíaco e, ainda mais, as idéias de CLOW, em relação a energia
kundalini e a abertura dos chakras, quando diz::
[...] acredito que a elevação na verdade ocorra na hora certa: na oposição de
Urano na meia-idade, quando a vida pessoal e espiritual do indivíduo
parecem estar maduras e preparadas para essa infusão de espírito. [...]
Quando o kundalini se eleva na hora certa, as forças elétricas máximas são
liberadas no corpo. É semelhante à plenitude de energia que todos nós
sentimos quando a Lua se opõe ao Sol durante a lua cheia. O kundalini é
eletromagnético, e é por isso que é a chave para programação da elevação.
Assim que o corpo todo é banhado nos campos eletromagnéticos de cura na
meia-idade – quando a ascensão ocorre na coluna vertebral -, há força
suficiente para ativar os chakras. Enquanto a energia se leva, os chakras
ficam limpos. (CLOW, 1993, p. 43).
56
A autora acredita que, quando ocorre a elevação do kundalini na hora
certa, desencadeia-se o equilíbrio do relacionamento entre o coração e cérebro
emocional.
[...] quando descobrimos pela experiência que o escuro e o difícil são tão
necessários quanto o claro e o fácil, passamos a ter uma perspectiva muito
diferente do mundo. Ao deixarmos que todas as cores da vida penetrem em
nós, tornamo-nos mais integrados. (OSHO, 2001, p. 46).
Neste momento cabe citar:
O sexto nível e o sexto chakra estão vinculados ao amor celestial, um amor
que se estende além do âmbito humano do amor e abrange toda vida.
Proclama o zelo e o apoio da proteção e do nutrimento de toda a vida.
Considera todas as formas de vida preciosas manifestações de Deus.
(BRENNAN, 2003, p. 70).
A transformação de Carla no seu cotidiano, até o presente momento, ou
seja, a sua mudança em relação às dores físicas e emocionais, a redefinição de
algumas regiões do seu corpo, motivos de sua vinda à terapia, reafirmam, revalidam
e, justificam a atuação do terapeuta, tendo como ponto de partida o corpo físico.
57
CONSIDERAÇÔES FINAIS
No processo terapêutico descrito neste trabalho fica evidenciada a
mudança de Carla e as suas perspectivas para continuar a busca de si mesmas.
Remetendo a SCHREIBER (2004, p. 90), quando diz: "Para mim "cura" significa que
os pacientes não estão mais sofrendo daqueles sintomas de que se queixavam
quando me consultaram pela primeira vez, e que tais sintomas não voltarão depois
do tratamento terminar", pode-se concluir que o processo de cura em si é
inconcluso. Pois cada "curar" sinaliza a prontidão para novas e contínuas
possibilidades, para acessar e potencializar quem realmente somos.
O sistemático olhar do corpo físico através da massoterapia, desencadeia
ressonâncias nos corpos sutis, promovendo a liberação das energias estagnadas e
consequentemente os traumas instalados, possibilitando assim, o acesso para o
autoconhecimento, desenvolvendo uma consciência corporal que resulta no
empoderamento do SER, contribuindo assim, para a redefinição do corpo através de
mudanças físicas e estéticas bem pontuadas. Estas mudanças puderam ser
constatadas em algumas das pessoas atendidas, simbolizadas pela Carla, com
problemas e deformações na região da coluna cervical.
Reconhecem-se na Carla, muitas facetas e dores que são também as
dores e as facetas do terapeuta. Compartilhar as dores, os sofrimentos, as emoções,
os sentimentos, os desafetos, as conquistas e as recaídas, intensificou a capacidade
da escuta, do acolhimento, da aceitação e da comunicação, constituindo o terapeuta
um curador através do exercício do amor incondicional.
Considera-se importante frisar que, as palavras empregadas para sintetizar
e nomear "a pessoa a ser cuidada" no processo terapêutico, não dão conta da
profunda dimensão que esta relação estabelece. Segundo OSHO (2001, p. 103),
58
"Uma "experiência" é coisa que pode ser registrada num caderno, ou fotografada e
guardada num álbum. O experienciar já é a própria sensação de maravilhamento,
emoção da comunhão, o toque delicado da nossa conexão com tudo o que nos
rodeia".
Ainda há muitas coisas a pesquisar, para podermos compreender e
expressar com palavras a profunda ressonância do toque nos seres que nos
rodeiam, de modo particular nos seres humanos, sujeitos deste trabalho.
O curar e as novas possibilidades de curas, das diversas Carlas propiciam
um continente para promoção de cura do Planeta, porque a mudança de cada um,
interfere diretamente nas pessoas mais próximas, que por sua vez, interferem nos
seus grupos.
De acordo com SAMS (2003, p. 194): "O coiote nos ensina surfar nas
ondas emocionais, naqueles momentos em que a intensidade das dificuldades
aumenta. Desta forma nossa maestria é aperfeiçoada, ao fluirmos com o fluxo e o
refluxo da vida".
No decorrer do tratamento de Carla, pode-se mostrar que na massoterapia,
enquanto processo de cura, o grande desafio do terapeuta é auxiliar o processo da
livre circulação das energias sutis canalizadas de outras dimensões, para serem
transformadas e assimiladas pelo corpo físico da pessoa e como conseqüência
possibilitar o entendimento para transitar entre o denso e o sutil e aprender a dançar
entre os desafios do cotidiano.
59
REFERÊNCIAS
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Energia Humana. 19. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. 384p.
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Cultrix/Pensamento, 1996. 524p.
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Cultrix, 2001. 208p.
PIONTEK, Maitreyi D. Desvendando o Poder Oculto da Sexualidade Feminina. 1.
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60
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TREVISOL, Jorge. O Reencantamento Humano: Processos de Ampliação da
Consciência na Educação. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2003. 136p.
61
ANEXOS
Anexo 1 - Linha Histórica do Tempo – (FRITZ, 2002)
Anexo 2 - Diagrama das Áreas Sobre as quais Trabalhar para Equilibrar as Energias
(CHIA, 2003)
Anexo 3 - Anatomia da Visão Interior – (BRENNAN, 2003)
Anexo 4 - Quadro sobre Sub-Luxações – (Geração Saúde: Dores na Coluna, 2004)
Anexo 5 - Sistema Cérebro Coração – (SCHREIBER, 2004)
Anexo 6 - Esqueleto: Vista Anterior e Posterior – (FRITZ, 2002)
Anexo 7 - Coluna Vertebral – (FRITZ, 2002)
Anexo 8 - Sistema Muscular – (FRITZ, 2002)
Anexo 9 - Vasos Linfáticos – (FRITZ, 2002)
Anexo 10 - Pontos Reflexos nos Pés – (FRITZ, 2002).
Anexo 11 - Pontos Reflexos nos Pés – (BRENNAN, 2003)
Anexo 12 - Comparação do Sistema Nervoso Autônomo e os Centros de Energia
(FRITZ, 2002).
Anexo 13 - Coração – (Nair, 2005).
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Anexo 1
63
64
Anexo 2
Anexo 4
65
Anexo 3
66
Anexo 4
67
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Anexo 5
O sistema Cérebro-Coração
A rede semi-independente de neurônios que constitui o “pequeno cérebro no coração”
está estreitamente conectada ao próprio cérebro. Juntos, eles constituem um verdadeiro “sistema
cérebro-coração”. Nesse sistema, os dois órgãos se influenciam constante e mutuamente. Entre os
mecanismos que conectam o coração e o cérebro, o sistema nervoso autônomo tem um papel
particularmente importante. Ele tem dois ramos: o ramo “simpático”, que acelera o coração e ativa o
cérebro emocional, e o ramo “parassimpático”, que age como um breque em ambos.
69
Anexo 6
70
Anexo 7
71
Anexo 8
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Anexo 9
73
Anexo 10
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Anexo 11
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Anexo 12
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CORAÇÃO
Coração, core, curar
Coração, core, falar
Coração, core, pular
Coração, core, dançar
Dançar, dançar a vida.
Sentir, sentir,
o ser que vibra com o coração
para saborear a vida.
Vida, vida, poesia expressa através da ação.
Nair
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