ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS, CONSERVAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DO
SÍTIO ITACOATIARAS DO INGÁ – PB
Bruna de Souza Lopes (bolsista do PIBIC/CNPQ), Maria Conceição Meneses Lage
(Orientadora, Dpto de Química – UFPI)
1 INTRODUÇÃO
A Pedra do Ingá é um dos sítios arqueológicos mais importantes do Brasil e o mais
extraordinário do Estado da Paraíba, em função da expressiva arte rupestre nele presente. Por
isto mesmo foi tombado como Patrimônio da União em 1944, através daSecretaria do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e
1
Artístico Nacional – IPHAN .
Com o objetivo de evidenciar possíveis ocupações humanas pré-históricas no entorno
do painel rupestre o IPHAN da Paraíba em parceria com o Núcleo de Antropologia PréHistórica – NAP da UFPI
realizou em 2013 prospecções e sondagens arqueológicas que
forneceram uma quantidade significativa de sedimentos arqueológicos.
Solos e sedimentos arqueológicos refletem o ambiente cultural em que foram
formados, de modo que podem ser considerados artefatos. Sua análise permite a avaliação da
natureza e intensidade de eventos passados, podendo ser a chave para a compreensão do
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passado agrícola e a atividade nos sítios em que foram encontrados .
O fósforo é um significante indicador de atividade humana entre sociedades agrícolas e
pré-agrícolas. Muitos elementos são deixados no solo por humanos, mas poucos são tão
onipresentes, bem como sensíveis e persistentes indicadores da atividade humana como o
fósforo. Em consequência disso sua análise tem sido de grande interesse dos arqueólogos
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como forma de compreender o passado humano .
O objetivo deste trabalho foi realizar a análise química dos sedimentos arqueológicos,
principalmente o teor de fósforo inorgânico do sítio Pedra do Ingá - PB.
2 METODOLOGIA
As amostras foram coletadas pelo grupo de Arqueometria da Universidade Federal do
Piauí em uma expedição realizada de 8 a 11 de Novembro de 2013 ao sítio Itacoatiara do Ingá
na Paraíba. Após a coleta as amostras foram etiquetadas com as siglas do estado, o ano e um
número seqüencial, por exemplo, PB.2013.01. Em seguida foram deixadas secar ao ar por
cinco dias, peneiradas numa malha de 600 µm de modo que fossem removidos restos de
plantas, insetos e outras impurezas para determinação de pH. Para as medidas no
espectrofotômetro as amostras ainda passaram por uma peneira cuja malha era de 75 µm, pois
esta granulometria representa a porção geoquimicamente ativa dos sedimentos
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Concentrações de fósforo inorgânico e pH das amostras de sedimentos do
sítio Pedra do Ingá.
Amostras
Medida 1
-1
Medida 2
Média
pH
-1
(µ∙g )
(µ∙g )
PB.2013.01
173,9326
176,0253
174,9789
3,99
PB.2013.02
245,4494
244,1152
244,7823
3,89
PB.2013.03
288,2163
300,7303
294,4733
4,07
PB.2013.04
549,3961
557,5843
553,4902
4,45
PB.2013.05
2916,264
2893,174
2904,719
6,50
PB.2013.06
477,7809
499,4242
488,6025
4,67
PB.2013.07
438,5534
437,0646
437,809
5,43
PB.2013.08
817,514
825,8427
821,6784
5,52
PB.2013.09
444,7051
431,264
437,9846
3,91
PB.2013.10
390,5056
385,3933
387,9494
4,08
PB.2013.11
1282,626
1281,152
1281,889
4,15
PB.2013.12
466,6011
464,7191
465,6601
5,64
PB.2013.20
364,0028
363,8764
363,9396
1,91
PB.2013.21
1369,846
1358,132
1363,989
3,50
PB.2013.26
397,9635
312,9775
355,4705
2,88
PB.2013.27
318,3427
312,9775
315,6601
4,01
PB.2013.28
1453,722
1442,416
1448,069
4,27
A Tabela 1 mostra o resumo dos resultados obtidos a partir das determinações de
fósforo realizadas por espectrofotometria no UV-visível e acidez pelas medidas de pH. O pH
dos sedimentos variou de 1,91 a 6,5 evidenciando elevada acidez, um ambiente não propício a
conservação de vestígio ósseos, mas isso não significa que não houve ocupação humana em
épocas remotas como sugere a gama de artefatos arqueológicos encontrados em todo o sítio.
As amostras destacadas em verde na Tabela 1 mostram as maiores quantidades de
fósforo inorgânico encontrado. Estas amostras apresentam quantidades significativas em
relação às outras, pois tem elevadas concentrações de fósforo inorgânico, mas esta
comparação não se aplica solos de outra região, pois se deve levar em conta uma série de
fatores que contribuem para sua fixação.
Das amostras analisadas cinco apresentaram teor de fósforo significativo >1000 µg/g e
todas tinham acidez elevada o que não favorece a fixação deste elemento e nem a
conservação de matéria orgânica como restos de osso no solo.
4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos para o fósforo inorgânico juntamente com o material
arqueológico encontrado no sítio ajudam a reforçar o fato da área ter sido ocupada por grupos
humanos pré-históricos na região.
As técnicas utilizadas foram muito favoráveis ao desenvolvimento do presente estudo,
portanto, recomendamos fortemente a utilização da espectrofotometria no UV-visível em
estudos semelhantes.
APOIO
CNPQ e UFPI
REFERENCIAS
1.
MARQUES, M. A. et. al. Representação do sítio arqueológico Pedra do Ingá com
realidade
virtual.
Disponível
em:
<http://www.de.ufpb.br/~labteve/publi/2009_wrva8>.
Acesso em: 15 de Dez. 2013.
2. LAGE, M. S. M. et. al. Análise química de sedimentos como indicador da ocupação
humana pré-histórica no Parque Nacional Serra da Capivara. CLIO: Revista da
Universidade Federal de Pernambuco. Série Arqueológica. 2006.
3. ADDERLEY,W. P. et. al. Archaeological Soils and Sediments: Application of Microfocus
Synchrotron X-ray Scattering, Diffraction, and Fluorescence Analyses in Thin-Section.
Archaeological
Chemistry
–
Analitycal
Techniques
and
Archaeological
Interpretations.American Chemical Society, Washington, p. 194-209, 2006.
4. HOLLIDAY, V. T.; GARTNER, W. G. Methods of soil P analysis in archaeology. Journal of
Archaeological Science. n 34 , p. 301-333, 2007.
Palavras-chave: sedimentos, fósforo inorgânico, Pedra do Ingá.’
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PB Bruna de Souza Lopes