Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Fisioterapia Natalia Trindade de Souza QUALIDADE DE VIDA E FUNCIONALIDADE DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL Juiz de Fora 2011 Natalia Trindade de Souza QUALIDADE DE VIDA E FUNCIONALIDADE DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Área de concentração: Avaliação do desempenho infantil a a Orientadora: Prof Dr Paula Silva de Carvalho Chagas – UFJF Co-orientadora: Fisioterapeuta MsC Érica Cesário Defilipo – HU/CAS- UFJF Juiz de Fora 2011 Souza, Natalia Trindade de. Qualidade de vida e funcionalidade de crianças com Paralisia Cerebral / Natalia Trindade de Souza. – 2011. 89 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)— Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011. 1. Paralisia Cerebral. 2. Qualidade de vida. 3. Crianças I. Título. CDU 616.831 À minha família, que apoiou meus sonhos e esteve ao meu lado em todos os momentos. AGRADECIMENTOS À Deus, por cada momento, pelo dom da vida e pela força para cumprir minha caminhada. À Paula, uma orientadora maravilhosa e dedicada, que me guiou, apoiou e ensinou muito mais do que pode imaginar. Uma profissional em quem desejo sempre me espelhar. À Érica, que foi muito mais que uma co-orientadora, mas sim uma amiga. Foi a primeira pessoa a apoiar uma idéia que parecia impossível de se realizar e esteve ao meu lado até a conclusão deste trabalho. Aos meus amigos e meu amor, que compreenderam cada momento de ausência e de maneira incrível retribuíram com palavras de incentivo e carinho. Aos meus pais e meu irmão, que abriram mão de muitos sonhos para apoiar o meu e que me deram muito mais do que poderei retribuir. Com um carinho singular, aos meus avós e minha bisavó que tanto amo. Aos fisioterapeutas e estagiários do CAS/HU-UFJF e APAE, colaboraram de forma primordial para a realização deste trabalho. Às crianças e cuidadores participantes do estudo, que tem uma atuação fundamenta para a realização deste trabalho. O afeto que vocês despertam, é nosso incentivo diário. RESUMO Introdução: As manifestações clínicas da paralisia cerebral (PC), causadas por distúrbio da motricidade e do tônus muscular, interferem no desempenho das atividades da rotina diária das crianças. A diminuição da funcionalidade pode estar relacionada a uma redução da qualidade de vida tanto da criança quanto de seu cuidador. Objetivo: Caracterizar a funcionalidade de crianças e adolescentes com PC e verificar se há relação com a percepção de qualidade de vida relacionada a saúde (QVRS) dessas crianças e de seus cuidadores. Métodos: Estudo transversal com a participação de 32 crianças com PC, com idade entre 4 e 18 anos. Os cuidadores foram entrevistados para informar dados gerais da criança e nível socioeconômico. As crianças foram classificadas segundo o Gross Motor Function Classification System e divididos em leve, moderado e grave. Para avaliar a QVRS do cuidador foi usado o questionário World Health Organization Quality of Life-bref., para avaliar a QVRS das crianças foi utilizado Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL) – módulo PC, na versão para a criança e para o cuidador. Para avaliação da funcionalidade foi utilizado o Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI). Foi utilizado o teste One-way ANOVA para verificar a diferença na QVRS e funcionalidade entre os grupos e o teste de correlação de Pearson para verificar a associação entre a QVRS e a funcionalidade. O índice de correlação intra-classe foi usado para avaliar a concordância entre o PedsQL da criança e do cuidador por dimensão, com nível de significância α=0,05. Resultados: O teste One-way ANOVA demonstrou diferença significativa entre os grupos no teste PEDI, no PedsQL do cuidador e da criança. Testes de comparação post-hoc (Scheffé) revelaram que crianças com comprometimento leve e moderado apresentaram habilidades funcionais e necessitam de assistência do cuidador na área de auto-cuidado de forma semelhante. Foi encontrada diferença na percepção da QVRS da criança pelo cuidador, com o PedsQL cuidador, entre os grupos leve e moderado com o grave no domínio Atividade alimentar e entre o grupo moderado e o grave no domínio Fala e Comunicação (p<0,001). Há associação da QVRS da criança com o PEDI em alguns dos domínios do PedsQL. Foi encontrada uma correlação forte (>0,60) na maioria dos domínios quando relacionado o PedsQL da criança e do cuidador. Conclusão: A capacidade funcional da criança influencia tanto em sua QVRS quanto na QVRS de seu cuidador. Assim como, a criança e seu cuidador tem uma visão semelhante sobre sua QVRS nas áreas em que existe a participação do cuidador. Palavras-chaves: Qualidade de Vida, Paralisia Cerebral, Criança, Cuidadores ABSTRACT Introduction: The clinical manifestation of cerebral palsy (CP), caused by a disorder of motor fuction and muscle tone, interfere with the performance of daily routine activities of children. Reduced functionality may be related to a reduced quality of life for both the child and his caregiver. Objective: Characterize the functionality of childrend and adolescents with CP and verify if there is a relation with the perceived health related quality of life (HRQL) of these children and their caregivers. Methods: Cross-sectional study involving 32 children with CP, aged between 4 and 18 years. The caregivers were interviewed to inform the child's general information and socioeconomic status. Children were classified according to the Gross Motor Function Classification System and divided into mild, moderate and severe. To assess the caregiver’s HRQL the World Health Organization Quality of Life-bref was used. To assess the quality of life of children the Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL)-PC module in the version for child and the caregiver, was used. For the evaluation of the functionality of the children, the Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI) was used. One-way ANOVA was used to evaluate differences in quality of life and functionality between groups and Pearson correlation test to verify the association between quality of life and functionality. The intra-class correlation index was used to assess agreement between PedsQL of the child and the caregiver, with a significance level α=0,05. Results: The One-way ANOVA test showed significant differences between groups in the test PEDI, the PedsQL caregiver and child. Post-hoc comparison tests (Scheffé) revealed that children with mild and moderate impairment had functional abilities and need for assistance from the caregiver in a similar way. Difference was found in the perception of HRQOL of children by the caregiver PedsQL, among the groups with mild and moderate with severe group and feeding activity in the area between the moderate group and severe group in the domain Speech Communication (p<0,001) There is an association of HRQL of children with the PEDI in some areas of the PedsQL. There was a strong correlation (> 0.60) between the PedsQL of the child and the caregiver in most areas. Conclusion: The functional capacity of the child influences both the HRQL of their caregiver. Also, the child and his caregiver has similar view of their HRQL in the areas where there is participation of the caregiver. Key-words: Quality of life, Cerebral Palsy, Child, Caregivers LISTA DE ABREVIATURAS ACAC Assistência do Cuidador – área de auto-cuidado ACM Assistência do Cuidador - área de mobilidade ABEP Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa APAE Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais AA Atividade Alimentar AVD Atividades de Vida Diárias AE Atividades Escolares AUQUEI Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfant Imagé DM Dor e Machucado EM Equilíbrio e Movimento F Fadiga FC Fala e Comunicação GMFCS Gross Motor Function Classification System HFAC Habilidades Funcionais – área de auto-cuidado HFM Habilidades Funcionais – área de mobilidade ICC Índice de correlação intra-classe MACS Manual Abilities Classification System SF36 Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey NSE Nível Sócio-econômico PC Paralisia Cerebral PEDI Pediatric Evaluation of Disability Inventory PedsQL 3.0 CP Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module module QV Qualidade de vida QVRS Qualidade de vida relacionada à saúde SPSS Statistical Package for Social Sciences TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido WHOLQOL-bref World Health Organization Quality of Life-bref WHOQOL-100 World Health Organization Quality of Life-100 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 10 2 OBJETIVOS............................................................................................ 15 2.1 Objetivo geral ...................................................................................... 15 2.2 Objetivo específico .............................................................................. 15 3 HIPÓTESE............................................................................................. 16 4 ESTRATÉGIAS/ METODOLOGIA............................................................. 17 4.1 Participantes............................................................................................ 17 4.2 Variáveis Descritivas............................................................................ 18 4.3 Instrumentos............................................................................................ 18 4.4 Procedimento.......................................................................................... 25 4.5 Análise Estatística................................................................................... 26 5 ARTIGO................................................................................................... 28 6 Referências.……………………………………………….............................. 53 Apêndices.................................................................................................. 58 Apêndice 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.......................... 58 Apêndice 2: Protocolo de registro da criança.............................................. 60 Anexos...................................................................................................... 61 Anexo 1: Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa........................................ 61 Anexo 2: GMFCS...................................................................................... 63 Anexo 3: MACS........................................................................................ 67 Anexo 4: PEDI.......................................................................................... 68 Anexo 5: PedsQl....................................................................................... 73 Anexo 6: WHOQOL-Abreviado.................................................................. 85 Anexo 7: ABEP......................................................................................... 89 10 1 INTRODUÇÃO A Paralisia Cerebral (PC) é um distúrbio predominantemente sensório-motor que envolve alterações no tônus muscular, na postura e na movimentação voluntária (BRANDÃO et al. 2007; CHRISTOFOLETTI, HYGASHI e GODOY et al., 2007; GAUZZI e FONSECA, 2004; MANCINI et al., 2004; MANCINI et al., 2002; MONTEIRO, MATOS e COELHO, 2002; PIOVESSANA et al., 2002; ROSENBAUM et al., 2007; ROTTA et al., 2002; SARI e MARCON, 2008; SCHWARTZMAN, 2004). As alterações e o grau de acometimento dependem das áreas do Sistema Nervoso Central afetadas e da extensão da lesão, sendo que, normalmente, se manifestam com padrões específicos de postura e de movimentos que podem comprometer o desempenho funcional das crianças (MANCINI et al., 2004). Os distúrbios motores podem estar associados a outros comprometimentos como alterações visuais, epilepsia, desnutrição, comprometimento cognitivo, transtorno de comportamento, alterações na linguagem, no aprendizado, entre outros (GRAÇÃO e SANTOS, 2008; LEITE e PRADO, 2004; MORALES, 2005). A incidência de PC em países desenvolvidos é em torno de 1,5 a 2,5 por 1000 nascidos vivos (CARVALHO et al., 2010; CHRISTOFOLETTI et al., 2007; GAUZZI e FONSECA, 2004; MANCINI et al., 2002; MORALES, 2005; PIOVESSANA et al., 2002). No Brasil, há uma carência de estudos epidemiológicos, contudo, de acordo com a literatura, há uma incidência de 17.000 novos casos por ano (ALLEGRETTI et al., 2007; LEITE e PRADO, 2004; MANCINI et al., 2002; MORALES, 2005; ROTTA et al., 2002). Alguns autores citam que ocorre um aumento da incidência de PC na presença de fatores como prematuridade e baixo peso ao nascimento 11 (CHRISTOFOLETTI, HYGASHI e GODOY, 2007; MANCINI et al., 2002; PIOVESSANA et al., 2002; ZANINI G, CEMIN e PERALLES, 2009). De acordo com Piovesana et al. (2002: 827), “a paralisia cerebral é uma condição com múltiplas etiologias, podendo variar de acordo com seus subtipos e de acordo com o período mais provável da lesão”. Os fatores determinantes podem ocorrer durante a gravidez, parto, período neonatal ou nos dois primeiros anos de vida (MANCINI et al., 2004; SCHWARTZMAN, 2004). A lesão ocorre no período em que a criança apresenta ritmo acelerado do desenvolvimento, comprometendo o processo de aquisição das habilidades (ALLEGRETTI et al., 2007; SARI e MARCON, 2008). A PC pode ser classificada de diversas formas (BAX et al., 2005; GAUZZI e FONSECA, 2004; SCHWARTZMAN, 2004), podendo ser baseada no tipo de tônus, na distribuição de acometimento no corpo e no nível funcional de independência (BAX et al., 2005; GAUZZI e FONSECA, 2004). Em relação ao tônus, as crianças podem apresentar espasticidade, discinesia, ataxia, hipotonia e quadros mistos (BAX et al., 2005; GAUZZI e FONSECA, 2004; GRAHAM, 2005; SCHWARTZMAN, 2004). A alteração tônica mais comum é a espasticidade, ocorrendo em 75% dos casos, sendo caracterizada por aumento do tônus, e dos reflexos tendíneos, além de resistência à movimentação passiva rápida (AGUIAR e RODRIGUES, 2002; CASTRO et al., 2006; GAUZZI e FONSECA, 2004; VAZ et al., 2006). De acordo com a classificação topográfica, as crianças com PC espástica podem ser classificadas em três principais formas: quadriplégicas, quando há acometimento dos quatro membros; diplégicas, quando a alteração é mais relevante em membros inferiores; e hemiplégicas, quando há comprometimento unilateral (GAUZZI e FONSECA, 2004; SCHWARTZMAN, 2004). Para classificar o nível de independência funcional podem ser usados os sistemas Gross Motor Function Classification System – GMFCS que avalia as habilidades de locomoção e Manual Abilities Classification System – MACS, instrumento de avaliação das habilidades manuais (ELIASSON et al., 2006; PALISANO et al., 1997). As manifestações clínicas da PC, causadas por distúrbio da motricidade e do tônus muscular interferem no desempenho das atividades que fazem parte da rotina diária das crianças, como locomoção, alimentação, higiene pessoal e comunicação, podendo restringir a participação na comunidade e na escola (ALLEGRETTI et al., 2007; BRANDÃO, 2007; CAMARGOS et al, 2009; MANCINI et al., 2004; MANCINI et 12 al., 2002; SARI e MARCON, 2008). Dessa forma, muitas destas atividades são desempenhadas com a ajuda dos cuidadores, que passam a ter múltiplas responsabilidades, sendo essas influenciadas pela demanda de cuidado e comportamento da criança. O cuidador pode ter que enfrentar os problemas de saúde decorrentes da condição clínica de PC, além das questões cotidianas, comuns a todas as crianças. Assim, este pode ter sua saúde física e psicológica afetada pela demanda de cuidados da criança, pela estrutura familiar que pode estar alterada e pela necessidade de destinar recursos financeiros ao tratamento da criança (CAMARGOS et al, 2009; CARVALHO et al., 2010; ROCHA, AFONSO e MORAIS 2008). Isto pode levar ao detrimento da saúde e da qualidade de vida (QV) _tanto da criança, quanto de seu cuidador (CAMARGOS et al, 2009; CHRISTOFOLETTI, HYGASHI e GODOY, 2007; ROCHA, AFONSO e MORAIS, 2008). Segundo alguns autores, existe uma relação entre a gravidade dos acometimentos da criança com PC e a sobrecarga de seu cuidador (CAMARGOS et al, 2009; CARVALHO et al., 2010). No estudo de Camargos et al. (2009), os autores encontraram que cuidadores de crianças que apresentavam comprometimento motor leve tinham uma sobrecarga superior comparada aos cuidadores de crianças com comprometimento motor mais grave. Estes autores embasaram seus resultados no fato de que crianças mais leves estão mais inseridas socialmente e por isto, não conseguem suprir as expectativas de seus cuidadores devido ao seu comprometimento motor, o que gera um desconforto social e leva a um maior detrimento da QV. Contudo, no estudo de Carvalho et al. (2010), foi encontrada relação entre o comprometimento motor grave com a diminuição da percepção da QV das mães. A discordância dos dados mostra uma necessidade de maiores estudos. Segundo Dantas, Sawada e Malerbo (2003), a QV é uma noção eminentemente humana e abrange muitos significados, reflete o momento histórico, a classe social e cultural a qual pertence o indivíduo. O conceito de QV , no entanto, apresenta certa divergência na comunidade científica, porém existe razoável concordância sobre suas características de subjetividade e multidimensionalidade (CHRISTOFOLETTI, HYGASHI e GODOY, 2007; DANTAS, SAWADA e MALERBO, 2003; SEIDL e ZANNON, 2004). Existem duas formas de conceituação do termo, que são identificadas na área de saúde: QV, como um conceito mais genérico, e QV 13 relacionada à saúde (health-related quality of life - QVRS) (CHRISTOFOLETTI, HYGASHI e GODOY, 2007; DANTAS, SAWADA e MALERBO, 2003; MORALES, 2005; ROCHA, AFONSO e MORAIS, 2008; SEIDL e ZANNON, 2004). Segundo Christofoletti, Hygashi e Godoy (2007), o termo QV é um conceito mais abrangente e influenciado por estudos sociológicos. No segundo caso, a QVRS é conceituada como a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto cultural e sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (CHRISTOFOLETTI, HYGASHI e GODOY., 2007; DANTAS, SAWADA e MALERBO , 2003; FLECK et al., 1999; MINAYO, HARTZ e BUSS , 2000; MORALES, 2005; ROCHA, AFONSO e MORAIS , 2008). Os instrumentos usados para avaliar a QVRS também podem ser divididos em genéricos, quando não estudam uma população atingida por uma condição de saúde específica; e instrumentos específicos, quando são usados para avaliar a QVRS de indivíduos atingidos por uma condição clínica em especial (ASSUMPÇÃO et al., 2000; MINAYO, HARTZ e BUSS, 2000). Como já exposto anteriormente, a QV tem caráter multidimensional e subjetivo, sendo influenciada por diversos fatores. Na PC, por exemplo, mesmo que duas crianças possuam quadro clínico semelhantes não se pode afirmar que ambas apresentam a mesma QV (CHRISTOFOLETTI, HYGASHI e GODOY, 2007). Christofoletti, Hygashi e Godoy (2000) utilizaram o questionário Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfant Imagé - modificado (AUQEI-modificado) em crianças com PC, e encontrou que o acometimento motor, independentemente do grau, afeta a QV destas crianças, pois foram encontradas respostas semelhantes entre crianças de diferentes níveis de gravidade. Contudo, outros autores encontraram relação entre o comprometimento motor e a QV, através da aplicação de questionários genéricos que avaliam a QVRS nessas crianças, tendo as formas mais graves de PC apresentado maiores prejuízos no domínio físico (CAMARGOS et al, 2009; MORALES, 2005). Como o quadro clínico da PC pode ser muito variável se faz necessária uma avaliação confiável da QVRS e do comprometimento motor para demonstrar o quanto a PC afeta a vida dessas crianças e de sua família (NUNES, 2008). Devido ao fato da PC estar, em determinados casos, acompanhada de outros comprometimentos (i.e., intelectual, visual, entre outros), deve-se levar em 14 consideração a influência destes fatores quando se avalia a QVRS dessas crianças (MORALES, 2005). O conhecimento da QVRS da criança com PC, partindo de sua própria perspectiva, é de grande importância, mas se depara com as limitações impostas pela própria condição de saúde, tais como dificuldades na comunicação e déficits cognitivos, sendo necessária uma criteriosa escolha dos participantes e do instrumento que será utilizado. É de suma importância ressaltar que a avaliação da QVRS da criança sob sua óptica pode ser distinta da mesma inferência feita por um adulto (BARREIRE et al., 2003; MORALES, 2005), podendo existir discrepâncias entre a QVRS da criança quando avaliada por si mesma e quando avaliada por seu cuidador. Apesar de alguns estudos encontrarem associação positiva de moderada para forte entre as respostas das crianças e seus cuidadores (BARREIRE et al., 2003; MANIFICAT e DAZORD, 1997), ainda são necessárias maiores investigações sobre o tema. Na literatura existem poucos estudos que relacionam a limitação funcional apresentada por crianças com PC com a sua QVRS e de seus cuidadores (MORALES, 2005; ROCHA, AFONSO e MORAIS, 2008). O único estudo encontrado que observou a relação entre QVRS do cuidador (i.e. avaliada pelo Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey – SF36) com o desempenho funcional de crianças com PC (i.e. avaliadas pelo Pediatric Evaluation of Disability Inventory - PEDI), não encontrou associação significativa entre esses dois conceitos (ROCHA, AFONSO e MORAIS, 2008). No entanto, o instrumento utilizado para avaliação da QVRS não é específico para essa clientela, e não foi mensurada a percepção da QVRS na perspectiva da criança. Em virtude da necessidade de conhecer melhor as condições de vida dessas crianças e de seus cuidadores, o que pode ter influência direta sobre o tratamento fisioterapêutico, este estudo teve como objetivo principal investigar a relação entre a funcionalidade de crianças com PC com diferentes níveis de gravidade, com a percepção sobre a sua QVRS e com a QVRS de seu cuidador. 15 2 OBJETIVOS 2.2 Objetivo Geral Investigar a relação entre a funcionalidade de crianças com PC com diferentes níveis de gravidade com a percepção sobre a sua QVRS e com a QVRS de seu cuidador, assim como a relação entre a percepção do cuidador e da criança sobre a QVRS da criança. Objetivos Específicos: · Avaliar o desempenho funcional das crianças com paralisia cerebral através do questionário Pediatric Evaluation of Disability Inventory- PEDI. · Avaliar a percepção da QVRS da criança com PC através do instrumento Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module - PedsQL 3.0 CP module. · Avaliar QVRS da criança com PC pela percepção de seu cuidador através do instrumento Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module versão do cuidador - PedsQL 3.0 CP module. · Avaliar a QVRS do cuidador através do questionário World Health Organization Quality of Life-bref. – WHOLQOL-bref. · Avaliar se existe diferença na QVRS das crianças com PC em diferentes níveis de gravidade segundo o GMFCS. · Verificar se existe diferença na QVRS dos cuidadores de crianças com PC em diferentes níveis de gravidade segundo o GMFCS. · Verificar se há relação entre o desempenho funcional da criança com PC com a sua QVRS. · Verificar se há relação entre o desempenho funcional da criança com PC com a QVRS do cuidador. · Verificar se há concordância entre a percepção da QVRS da criança sobre sua própria óptica e sobre a óptica de seu cuidador. 16 3 HIPÓTESES H1- Quanto maior o nível de gravidade de acordo com o GMFCS, pior será a QVRS da criança, pelo PedsQL, e do cuidador, pelo WHOQOL-Bref; H2- Quanto pior o desempenho funcional da criança, avaliado pelo PEDI, pior será a QVRS da criança, avaliada pelo PedsQL, e do cuidador, avaliada pelo WHOQOLBref; H3- Os diferentes níveis de gravidade segundo o GMFCS apresentarão associação positiva entre a QVRS da criança, pelo PedsQL, e a QVRS do cuidador; H4- Haverá uma concordância moderada entre a QVRS da criança sobre sua própria óptica e sobre a visão de seu cuidador. 17 4 METODOLOGIA 4.1 Participantes O presente estudo, de caráter transversal, teve como critérios de inclusão crianças e adolescentes com diagnóstico clínico de PC com idade entre 4 e 18 anos que recebem atendimento fisioterapêutico nos principais serviços de fisioterapia da cidade de Juiz de Fora- MG, além de seus cuidadores principais. Estes estando cientes das intenções do estudo e dos métodos que foram utilizados, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 1). Como a PC pode acarretar dificuldades de comunicação, oral e escrita, as crianças participaram do estudo somente mediante sua vontade, contudo não assinaram o TCLE. Não foram incluídas no estudo as crianças que apresentaram malformação congênita não relacionada à PC e doenças cromossômicas. A amostra foi por conveniência, sendo que todas as crianças e adolescentes que atenderam aos critérios de inclusão do estudo foram convidados a participar da pesquisa. Somente responderam ao questionário Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module- PedsQL 3.0 CP module- as crianças que demonstraram capacidade de compreensão das perguntas e possibilidade de expressar as suas respostas. A seleção das crianças capazes de responder foi feita a partir de um questionamento feito ao terapeuta responsável pela criança e pela reaplicação de algumas perguntas ao fim do questionário para verificar o entendimento e a confirmação das respostas por parte da criança. A amostra foi dividida de forma não-aleatória em grupos de acordo com a classificação funcional apresentada segundo o GMFCS. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário - HU/UFJF em 20 de dezembro de 2010 (parecer 123-420-2010) (ANEXO 1). 18 4.2 Variáveis Descritivas Para descrever as principais características dos participantes foi utilizado o Protocolo de Registro da criança (APÊNDICE 2). Neste Protocolo eram colhidas informações gerais sobre a criança como: nome, data de nascimento, idade, sexo, cor, escolaridade, de qual instituição era procedente, se fazia uso de medicação, presença de quadro de epilepsia, tipo de dieta (oral, gastrotomia ou sonda nasogástrica) e se esteve hospitalizada nos últimos 6 meses. A criança também era classificada de acordo com a topografia e o tipo de tônus. Também foram questionados a data de nascimento, idade, cor, sexo, escolaridade, estado civil, profissão e emprego, da mãe, do pai e do informante, assim como o grau de parentesco do informante. Em relação à família era questionado o número de filhos e a ordem de nascimento, a situação conjugal dos pais, a renda familiar e quem era o responsável principal pelos cuidados da criança. 4.3 Instrumentos Os grupos foram definidos de acordo com a classificação funcional das crianças com PC participantes do estudo. Para estabelecer esta divisão foram utilizados os sistemas de classificação: Gross Motor Function Classification System (GMFCS) (ANEXO 2), que classifica o nível de função motora grossa, e o Manual Abilities Classification System (MACS) (ANEXO 3), para classificação das habilidades manuais. Esses instrumentos possibilitam uma comunicação mais clara entre os profissionais e uma classificação mais consistente das crianças com PC HIRATUKA, MATSUKURA T e PFEIFER, 2010; IMMS, CARLIN e ELIASSON, 2009). As escalas não são equivalentes, porém existe concordância entre elas. Esta correlação foi verificada por Eliasson et al., onde 49% das crianças estudadas foram classificadas em um mesmo nível tanto para o GMFCS quanto para o MACS, existindo uma correlação entre as escalas de 0,79 (CHAGAS et al., 2008; ELIASSON et al., 2006; IMMS, CARLIN e ELIASSON, 2009). 19 O Gross Motor Function Classification System –GMFCS (ANEXO2) - proposto por Palisiano et al. em 1997, é baseado no movimento auto-iniciado com particular ênfase no controle de tronco e marcha (CHAGAS et al., 2008; MANCINI et al., 2004; MORALES, 2005; PALISANO et al., 2008; PALISANO et al, 1997; ROSENBAUM et al., 2007). Esta classificação tem como objetivo buscar o nível que melhor representa a criança de acordo com suas funções motoras grossas, sem, contudo, julgar a qualidade do movimento (CHAGAS et al., 2008). Caracteriza-se por uma escala ordinal de cinco níveis que classifica de forma decrescente a independência e funcionalidade da criança, sendo a avaliação realizada de acordo com a faixa etária (0 a 2 anos, 2 a 4 anos, 4 a 6 anos, 6 a 12 anos e de 12 a 18 anos.) (GAUZZI e FONSECA, 2004; HIRATUKA, MATSUKURA, PFEIFER, 2010; MORALES, 2005; PALISANO et al., 2008; PALISANO et al., 1997; ROSENBAUM et al., 2007). Tem como uma de suas características a estabilidade ao longo do tempo, podendo ser usado na previsão de um prognóstico para crianças com paralisia cerebral (HIRATUKA, MATSUKURA e PFEIFER, 2010; IMMS, CARLIN e ELIASSON et al., 2009). De maneira sucinta, no nível I encontram-se crianças que andam sem restrições, porém apresentam limitações em atividades motoras globais mais elaboradas (como correr e pular); no nível II estão aquelas que andam sem ajuda, contudo possuem alguma dificuldade na locomoção em ambiente externo; o nível III é constituído por crianças que precisam de apoio para a locomoção (como andador). No nível IV é necessário tecnologia assistiva para que a criança possa se locomover (cadeira de rodas). Por fim, no nível V encontramos crianças com restrição grave de locomoção, mesmo com tecnologia avançadas (CHAGAS et al., 2008; GAUZZI e FONSECA, 2004; MANCINI et al., 2004; PALISANO et al., 1997; ROSENBAUM et al., 2006). De acordo com a literatura é plausível o agrupamento em níveis de comprometimento, em leve (nível I e II), moderado (nível III) e grave (níveis IV e V), sendo baseado em critério funcional e consistente com a classificação (CHAGAS et al., 2006; MANCINI et al., 2004; PALISANO et al, 1997). O Manual Abilities Classification System - MACS (ANEXO 3) - é um sistema que classifica as crianças com PC de acordo com a habilidade de manipular objetos que estão relacionados com as atividades de vida diária (ELIASSON et al, 2006). Da mesma forma que o GMFCS, o MACS é dividido em 5 níveis, nos quais as crianças do nível I não apresentam qualquer dificuldade em manusear objetos; no nível II a criança manuseia quase todos os objetos, como menos qualidade e velocidade; as 20 crianças do nível III manipulam os objetos, mas necessitam de ajuda ou adaptações; no nível IV estão aquelas que necessitam de supervisão contínua e manuseiam uma seleção limitada de objetos facilmente manuseáveis e em situações adaptadas; no nível V estão crianças que apresentam habilidade manual severamente comprometida, sendo limitadas em tarefas muito simples (CHAGAS et al., 2008; ROSENBAUM et al., 2007). Para avaliar o desempenho funcional das crianças foi usado o Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (Pediatric Evaluation Disability Inventory – PEDI) (ANEXO 4). Trata-se de um instrumento de avaliação da capacidade funcional que foi desenvolvido por Haley et al. (1992) e traduzido para o português, validado e adaptado às características socioculturais do Brasil por Mancini (2005). O teste PEDI é um dos instrumentos de avaliação mais empregados em pesquisas que descrevem o desempenho funcional de crianças com PC no Brasil (ALEGRETTI, MANCINI e SCHWARTZMAN, J. S.., 2004; CASTRO et al., 2006; CHAGAS et al., 2008; FONSECA, CORDANI e OLIVEIRA , 2005; FREITAS, SÁ e MARTINS , 2010; HERRERO e MONTEIRO, 2008; MANCINI et al., 2004; MANCINI et al., 2002;ROCHA, AFONSO e MORAIS , 2008; VASCONCELOS et al., 2009). O instrumento é em formato de questionário, podendo ser aplicado como uma entrevista estruturada com o cuidador, baseando-se no julgamento feito por um profissional que conheça o desempenho funcional da criança ou como uma observação direta do desempenho funcional da criança em casa (Mancini, 2005). Pode ser aplicado em crianças de 6 meses a 7 anos e meio de idade ou em indivíduos que tenham desempenho motor dentro desta faixa etária (Mancini, 2005). O teste PEDI foi elaborado com o intuito de descrever de forma detalhada o desempenho funcional da criança, ter valor prognóstico e documentar mudanças ao longo do tempo (Mancini, 2005). Segundo Chagas & Mancini (2008), a escolha dos itens pelos pesquisadores que desenvolveram o PEDI foi baseada no desenvolvimento funcional infantil, ou seja, aquilo que a criança é capaz de realizar, não se detendo somente no modo que é utilizado pela criança para realizar a tarefa (CHAGAS & MANCINI, 2008). Este instrumento tem como objetivo testar as habilidades funcionais da criança em seu ambiente cotidiano. O PEDI é constituído de três partes e em cada uma destas partes são avaliados três aspectos, o autocuidado, a mobilidade e a função social. Na primeira parte, buscam-se dados sobre a execução de habilidades funcionais feitas pela criança, podendo esta 21 receber escore um se for capaz de realizar a atividade ou escore zero se não for capaz ou se esta atividade não fizer parte de seu cotidiano, ou seja, nunca tendo antes sido efetuada pela criança. Esta parte é constituída por 73 itens que avaliam o autocuidado (14 itens sobre a alimentação, 14 sobre a higiene pessoal, 10 itens sobre o banho, 20 sobre o vestir, 5 sobre o uso do banheiro e 10 sobre o controle esfincteriano), 59 itens na escala de mobilidade (24 que avaliam as capacidades relacionadas com transferências, 13 com ambientes internos, 12 com ambientes externos e 10 com escadas) e 65 itens relacionados com a função social (10 de compreensão funcional, 10 de expressão funcional, 5 itens sobre resolução de problemas, 15 relacionados com o brincar, 5 de auto-informação, 5 sobre orientação temporal, 5 relacionados com tarefas domésticas, 5 itens sobre auto-proteção e 5 sobre a função comunitária) (CHAGAS & MANCINI, 2008, MANCINI, 2005). A segunda parte tem como objetivo testar a quantidade de assistência que é fornecida à criança pelo cuidador, sendo que o nível de independência da criança é documentado como o inverso da quantidade de ajuda dada pelo cuidador (CHAGAS & MANCINI, 2008, MANCINI, 2005). A pontuação é realizada em uma escala de zero a cinco (onde 5 representa que a criança é totalmente independente para realizar suas atividades, 4 que requer supervisão do cuidador, 3 necessita de uma ajuda mínima, 2 de uma ajuda moderada, 1 de ajuda máxima e 0 quando ela for totalmente dependente de seu cuidador), sendo composta de 20 itens (8 de auto cuidado, 7 de mobilidade e 5 de função social). A terceira parte do PEDI documenta as modificações necessárias para realizar suas tarefas diárias, sendo que nesta etapa do teste o avaliador deve pontuar de acordo com o tipo de modificação (N nenhuma, C - centrada na criança, R - modificação de reabilitação e E - extensiva) (MANCINI, 2005). No presente estudo somente foram utilizadas as dimensões de autocuidado e mobilidade em habilidades funcionais e assistência do cuidador. O Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL) é um questionário de qualidade de vida relacionado à saúde genérico, voltado para o ambiente pediátrico e para os pais e para as crianças e adolescentes (KLATCHOIAN et. al., 2008; NUNES, 2008; VARNI et al., 2006). Foi elaborado por James Varni e colaboradores e pode ser aplicado tanto em crianças saudáveis como em crianças com as mais diversas condições de saúde (NUNES, 2008). É fundamentado em uma abordagem modular para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde, sendo constituído de 15 itens relacionados à qualidade de vida geral e oito itens adicionais, que abordam sintomas 22 específicos e de tratamento de cada condição de saúde (KLATCHOIAN et. al., 2008; NUNES, 2008). O mesmo grupo desenvolveu um questionário de qualidade de vida relacionado à saúde específico para pacientes com PC, o PedsQl 3.0 Cerebral Palsy module (Anexo 5) (NUNES, 2008; VARNI et al., 2006). A primeira versão aborda questões mais amplas e que estão relacionadas ao contexto de todas as crianças, enquanto a versão específica para crianças com PC, aborda questões mais peculiares ao contexto destas crianças (NUNES, 2008). O PedsQl 3.0 para PC é um questionário dividido por faixa etária e que pode ser aplicado nos pais e nas crianças, em formatos específicos para cada um (NUNES, 2008). O questionário para crianças de 2 a 4 anos somente está disponível na versão para ser aplicada aos pais, enquanto os questionários para crianças de 5 a 7 anos, 8 a 12 anos e 13 a 18 anos estão disponíveis na versão para a auto-avaliação da criança e para a avaliação feita pelos pais (NUNES, 2008; VARNI et al., 2006). Este questionário é constituído de sete dimensões que abordam: Atividades de Vida Diárias (9 itens), Atividades Escolares (4 itens), Equilíbrio e Movimento (5 itens), Dor e Machucado (4 itens), Fadiga (4 itens), Atividade Alimentar (5 itens) e Fala e Comunicação (4 itens) (NUNES, 2008; VARNI et al., 2006). Na versão para crianças entre 2 e 4 anos, aplicada somente aos pais, não são abordadas as dimensões atividades escolares, fala e comunicação (NUNES, 2008). Nas instruções dadas pede-se que as respostas sejam baseadas nos acontecimentos do último mês (VARNI et al., 2006). O questionário aplicado aos pais e para crianças maiores de 8 possuem cinco níveis de resposta (0-Nunca; 1-Quase nunca; 2-Às vezes; 3-Geralmente; 4-Quase sempre), enquanto o questionário das crianças de 5 a 7 anos são possíveis 3 níveis de resposta representadas por figuras (“carinhas”) (0-De jeito nenhum; 2-Às vezes; 4Muito) (VARNI et al., 2006). O domínio intelectual do questionário é controlado pela MAPI trust research, um instituto sediado em Lyon, na França, que apóia pesquisas na área da saúde relacionadas à QV, porém o questionário é disponibilizado gratuitamente para pesquisas sem fins lucrativos. Este instrumento foi traduzido por NUNES (2008), porem ainda não validado para a população brasileira. A pontuação será feita de acordo com o questionário original, onde os itens deverão ser pontuados em cada dimensão e transformados em uma escala linear de 0 a 100 (0= 100, 1 = 75, 2 = 50, 3 = 25, 4 = 0), de modo que maiores escores sugerem uma melhor qualidade de vida relacionada à saúde (NUNES, 2008; VARNI et al., 2006). A escala de pontuação é calculada de acordo com o somatório dos itens por 23 dimensão, dividido pelo número de itens respondidos (para eliminar o efeito dos itens que não foram respondidos) (NUNES, 2008; VARNI et al., 2006). Se mais de 50% dos itens de uma dimensão não foram respondidos, o índice dessa escala não foi calculado (NUNES, 2008; VARNI et al., 2006). O questionário World Health Organization Quality of Life-bref. - WHOQOL-bref (ANEXO 6), desenvolvido pela OMS foi usado para avaliar a qualidade de vida do cuidador principal. Consta de 26 questões divididas em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (FLECK et al., 2000; GONÇALVES et al, 2006). O WHOQOL-bref é uma versão abreviada do questionário WHOQOL-100, devido a uma necessidade de um instrumento que demandasse menos tempo para a aplicação, mas que mantivesse características psicométricas satisfatórias. A metodologia para a construção do questionário WHOQOL-100 foi descrita por Fleck et al. (1999), assim como o desenvolvimento de uma versão brasileira para o mesmo instrumento. Devido à multidimensionalidade ser uma das características principais da qualidade de vida, o instrumento WHOQOL-100 foi baseado em seis domínios: domínio físico, domínio psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade / religião / crenças pessoais (FLECK, 2000; FLECK et al., 1999). Estes seis domínios são compostos de 24 facetas, com quatro perguntas cada e mais uma 25ª faceta constituída de perguntas gerais sobre qualidade de vida (FLECK, 2000; FLECK et al., 1999). As respostas são compostas de quatro tipos de escalas, que estão diretamente relacionadas com o conteúdo da pergunta: intensidade, capacidade, freqüência e avaliação (FLECK, 2000; FLECK et al., 1999). A versão abreviada é composta por 24 questões que representam cada umas das facetas do instrumento original e mais 2 questões gerais sobre qualidade de vida, o que preserva o nível conceitual do instrumento original (FLECK, 2000; FLECK et al., 1999; FLECK et al., 2000). Tais questões contemplam os domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. De acordo com o mesmo autor, o instrumento abreviado apresenta boa consistência interna, validade discriminante, validade concorrente, validade de conteúdo e confiabilidade teste-reteste, tendo sido aplicado na população brasileira por Fleck et al. (2000) (FLECK, 2000; FLECK et al, 2000). O escore pode ser transformado em uma escala que varia de 0 a 100 para cada domínio e quanto mais baixo o valor encontrado pior o resultado (PASCHOA, ZANIE e WHITAKER , 2007). Neste trabalho, foi usada a versão abreviada do 24 questionário WHOQOL, WHOQOL-bref, de forma integral e de acordo com o recomendado pela OMS. A amostra também foi caracterizada em relação ao nível sócio-econômico de acordo com a Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa (ABEP) - Critério de Classificação Econômica Brasil (Anexo 7). Por meio deste questionário, podemos avaliar o grau de escolaridade do chefe da família e estimar o poder de compra, realizando uma divisão em classes econômicas. Os itens quantificados incluem: televisão em cores, rádio, automóvel, máquina de lavar, videocassete e/ou DVD, geladeira e freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex). Questiona-se também sobre a existência de empregada mensalista e sobre o número de banheiros na residência. Após o somatório de todos os itens, consideram-se pertencentes à classe A1 as famílias cuja pontuação varia de 42 a 46 pontos; a classe A2 compreende resultado entre 35 e 41 pontos; a classe B1 encontra-se a pontuação de 29 a 34 pontos; a classe B2 varia entre valores de 23 a 28 pontos; na classe C1 inclui o intervalo de 18 a 22 pontos; a classe C2, de 14 a 17 pontos; a classe D, com pontuação variando de 8 a 13; e a classe E com intervalo de 0 a 7 pontos. 25 4.3 Procedimento Primeiramente foram explicados os procedimentos do estudo ao cuidador e à criança que, ao aceitarem participar da pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE (APÊNDICE 1). Os dados da criança (nome, sexo, idade, quadro clínico, classificação segundo o GMFCS e MACS, entre outros) foram descritos no Protocolo de Registro da Criança (APÊNDICE 2). As crianças incluídas no estudo foram avaliadas por dois examinadores de forma independente. Um examinador as classificou funcionalmente de acordo com o GMFCS (ANEXO 2), o MACS (ANEXO 3), tipo de tônus predominante e topografia. Um segundo examinador coletou as informações gerais com o cuidador principal, aplicou o Critério de Classificação Econômica Brasil- ABEP (Anexo 7) e deu informações para a auto-aplicação do WHOQOL-bref (ANEXO 6). Foi pedido que os questionários fossem preenchidos no local e caso o cuidador declarasse não ter condições de realizar a leitura o examinador a fez de forma imparcial sem qualquer tipo de tendência diante das opções oferecidas pelo instrumento. Em seguida, o examinador aplicou o PEDI com o cuidador (ANEXO 4). Foi realizada posteriormente ao PEDI (ANEXO 3), a aplicação do questionário Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module - PedsQL 3.0 CP module (ANEXO 5) com o cuidador na forma de auto-aplicação, antecedido de todos os esclarecimentos necessários. Em seguida foi aplicado o questionário PedsQL 3.0 PC module (ANEXO 5) nas crianças com capacidade de responder. Esta conduta foi realizada em uma sala reservada após ambientação da criança com o examinador e na presença do cuidador. Cada participante foi avaliado preferencialmente uma única vez, por duas acadêmicas do curso de fisioterapia da UFJF que foram previamente treinadas para a realização dos procedimentos, até que se obteve confiabilidade intra e entre examinadores superior a 0,80. 26 4.5 Análise Estatística Foi realizada análise descritiva dos participantes indicando sexo, idade, ordem de nascimento, classificação sócio-econômica segundo a ABEP e renda familiar, escolaridade da criança e dos pais, número de filhos, estado civil dos pais e estrutura familiar. Especificamente sobre a criança com paralisia cerebral foram analisados de forma descritiva a sua classificação topográfica, tipo de tônus, grau de funcionalidade e de comprometimento motor (GMFCS e MACS). Além disso, foram descritas as crianças que apresentavam quadro de epilepsia associada a PC. O teste Qui-quadrado foi realizado para verificar as diferenças entre as variáveis categóricas (sexo, NSE, ordem de nascimento dos filhos, tônus predominante, topografia da PC, cuidador principal, renda familiar, idade materna, estrutura familiar, epilepsia, uso de medicação e escolaridade da criança, da mãe e do pai). E o teste One-way ANOVA foi realizado para verificar as diferenças entre grupos em relação à idade. Primeiramente foi realizada análise para verificar se a amostra se encaixava em uma curva normal ou não e, dessa forma, se os testes estatísticos seriam paramétricos ou não paramétricos. De acordo com o resultado dessa análise foi aplicado o teste One-way ANOVA para grupos independentes, a fim de comparar os resultados do teste PEDsQL 3.0 CP module por dimensão obtidos pelas entrevistas realizadas com as crianças e os cuidadores, e os resultados do teste WHOLQOLbref dos cuidadores, entre os níveis de GMFCS. Não foi possível realizar a análise com os grupos formados de acordo com o MACS, pois 68,75% (22 participantes) da amostra encontravam-se no nível leve (MACS I e II) formando uma amostra muito heterogênea entre os grupos, já que somente 2 participantes foram classificados no nível moderado e 8 no nível grave. Uma vez verificada a existência de resultados significativos, foi realizado o teste post-hoc Scheffé (i.e., diferenças bivariadas) para localizar as diferenças encontradas. Foi calculado o índice de correlação intra-classe, utilizando o coeficiente de correlação de Cronbach, para avaliar se existe concordância entre o PedsQL da criança e do cuidador por dimensão, sendo considerado <0,41 como fraco, entre 27 0,40 e 0,60 moderado, entre 0,61 e 0,80 forte e entre 0,81 e 100 como excelente (BARTKO, 1966). Além disso, foi aplicado o teste de correlação de Pearson para verificar a associação entre os testes de qualidade de vida utilizados neste estudo entre si (PEDsQL e WHOLQOL-bref), e a relação dos mesmos com o teste PEDI que avaliou o desempenho funcional das crianças participantes deste estudo. Em todas as análises estatísticas foi considerado o nível de significância α = 0,05, e o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS®, v. 15,0; 2007) foi utilizado em todas as análises. A versão referente ao Trabalho de Conclusão de Curso II (TCCII) será apresentada em formato de artigo científico, no próximo capítulo, e nele constarão os resultados e discussão do estudo. O artigo será enviado para publicação em um periódico cientifica na área e ainda será adequado as normas exigidas pelo periódico escolhido. 28 5 ARTIGO QUALIDADE DE VIDA E FUNCIONALIDADE DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL Autoras: Natalia Trindade de Souza - Fisioterapeuta, Graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Paula Silva de Carvalho Chagas - Doutora em Ciências da Reabilitação pela UFMG, Professora Adjunta da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora Érica Cesário Defilipo – Fisioterapeuta, Graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Juiz de Fora RESUMO Introdução: A diminuição da funcionalidade de crianças com paralisia cerebral (PC) pode estar relacionada a uma redução da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) tanto da criança quanto de seu cuidador. Objetivo: Verificar se há relação entre a funcionalidade de crianças com PC com a percepção de QVRS dessas crianças e de seus cuidadores. Métodos: Trinta e duas crianças com PC foram classificadas segundo o Gross Motor Function Classification System e divididas em leve, moderado e grave. Para avaliar a QVRS utilizou-se World Health Organization Quality of Life-bref. Para o cuidador e Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL) – módulo PC para a criança, na versão da criança e do cuidador. Para avaliação da funcionalidade utilizou-se o Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI). Resultados: O teste One-way ANOVA demonstrou diferença significativa entre os grupos no PEDI e no PedsQL, cuidador e criança. Testes de comparação post-hoc (Scheffé) revelaram que crianças leves e moderadas apresentaram habilidades funcionais e necessidade de assistência do cuidador semelhantes. Não houve diferença no PedsQL do cuidador entre leve e moderado, mas houve diferença com grave (p<0,001). Há associação de alguns domínios do PedsQL da criança com o PEDI. Foi encontrada forte correlação (>0,80) na maioria dos domínios quando comparado o PedsQL da criança e do cuidador. Conclusão: A capacidade funcional da criança influencia a sua QVRS e a de seu cuidador. O cuidador tem uma visão semelhante à da criança em relação à QVRS desta nas áreas em que existe sua participação. PALAVRAS-CHAVES: Qualidade de Vida, Paralisia Cerebral, Criança, Cuidadores 29 1 INTRODUÇÃO A paralisia cerebral (PC) é um distúrbio predominantemente sensório-motor que envolve alterações no tônus muscular, postura e movimentação voluntária (1-5) . As alterações e o grau de acometimento dependem das áreas do Sistema Nervoso Central afetadas e da extensão da lesão, sendo que, normalmente, se manifestam com padrões específicos de postura e de movimentos que podem comprometer o desempenho funcional das crianças(3). Os distúrbios motores podem estar associados a outros comprometimentos como alterações visuais, epilepsia, comprometimento cognitivo, alterações esqueléticos secundários, entre outros na linguagem, problemas músculo- (5-8) . A incidência de PC em países desenvolvidos é em torno de 1,5 a 2,5 por 1000 nascidos vivos (1,2,4,8,9). No Brasil, há uma carência de estudos epidemiológicos, contudo, de acordo com a literatura, há uma incidência de 17.000 novos casos por ano (4,7,8). (2,5,10) A PC pode ser classificada de diversas formas , podendo ser baseada no tipo de tônus, na distribuição de acometimento no corpo e no nível funcional de independência(2,10). Em relação ao tônus, as crianças podem apresentar espasticidade, discinesia, ataxia, hipotonia e quadros mistos (2,5,10) . De acordo com a classificação topográfica, as crianças com PC podem ser classificada em três principais formas: quadriplégicas, quando há acometimento dos quatro membros; diplégicas, quando a alteração é mais relevante em membros inferiores; e hemiplégicas, quando há comprometimento unilateral (3,5). Para classificar o nível de independência funcional podem ser usados os sistemas Gross Motor Function Classification System – GMFCS que avalia as habilidades de locomoção e Manual Abilities Classification System – MACS, instrumento de avaliação das habilidades manuais (11,12). As manifestações clínicas da PC, causadas por distúrbio da motricidade e do tônus muscular interferem no desempenho das atividades cotidianas das crianças, como locomoção, alimentação, higiene pessoal e comunicação, podendo restringir a participação na comunidade e na escola (3,4,13) . Dessa forma, muitas destas atividades são desempenhadas com a ajuda dos cuidadores, que passam a ter múltiplas responsabilidades, sendo essas influenciadas pela demanda de cuidado e comportamento da criança. O cuidador tem que enfrentar os problemas crônicos de saúde da criança que são conseqüência da sua condição clínica de PC, além das questões cotidianas, comuns a todas as crianças. Assim, este pode ter sua saúde 30 física e psicológica afetada pela demanda de cuidados da criança, pela estrutura familiar que pode estar alterada e pela necessidade de destinar recursos financeiros com o tratamento da criança (9,13,14) . Isto pode levar ao detrimento da saúde e da qualidade de vida (QV) tanto da criança, quanto de seu cuidador (1,13,14). O conceito de QV apresenta como características a subjetividade e a multidimensionalidade (1,15) , existindo, na área da saúde, duas formas para conceituar o termo: QV, como um conceito mais genérico, e QV relacionada à saúde (health-related quality of life - QVRS) (1,8,14,15) . A QVRS é conceituada como a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto cultural e sistemas de valores no qual vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (1,8,14,15,16). Conforme exposto acima, o quadro clínico da PC pode ser muito variável, podendo impactar de forma diferenciada a QVRS dessas crianças e de sua família (17) . O conhecimento da QVRS de crianças com PC, partindo de sua própria perspectiva, é de grande importância, mas se depara com as limitações impostas pela própria condição de saúde, tais como dificuldades na comunicação e déficits cognitivos, sendo necessária uma criteriosa escolha dos participantes e do instrumento que será utilizado. É de suma importância ressaltar que a avaliação da QVRS da criança sob sua óptica pode ser distinta da mesma inferência feita por um adulto (8,18). Na literatura existem poucos estudos que relacionam a limitação funcional apresentada por crianças com PC com a sua QVRS e de seus cuidadores (8,14) . Em virtude da necessidade de conhecer melhor as condições de vida dessas crianças e de seus cuidadores, o que pode ter influência direta sobre o tratamento fisioterapêutico, este estudo teve como objetivo principal investigar a relação entre a funcionalidade de crianças com PC com diferentes níveis de gravidade, com a percepção sobre a sua QVRS e com a QVRS de seu cuidador, assim como a relação entre a percepção do cuidador e da criança sobre a QVRS da criança. 31 2. METODOLOGIA 2.1 Participantes O presente estudo, de caráter transversal, teve como critérios de inclusão crianças e adolescentes com diagnóstico clínico de PC com idade entre 4 e 18 anos que recebem atendimento fisioterapêutico nos principais serviços de fisioterapia da cidade de Juiz de Fora- MG. Participaram também os cuidadores principais destas crianças, estando cientes das intenções do estudo e dos métodos que foram utilizados, com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecidos (TCLE). Como a PC pode acarretar dificuldades de comunicação, oral e escrita, as crianças participaram do estudo somente mediante sua vontade que foi expressa pela assinatura do TCLE por seu cuidador principal. Não foram incluídas as crianças que apresentaram malformação congênita não relacionada à PC e doenças cromossômicas. A amostra foi por conveniência, sendo que todas as crianças e adolescentes que atenderam aos critérios de inclusão do estudo foram convidados a participar da pesquisa. Somente responderam ao questionário Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module- PedsQL 3.0 CP module- as crianças que demonstraram capacidade de compreensão das perguntas e possibilidade de expressar as suas respostas. A amostra foi dividida de forma não-aleatória em grupos de acordo com a classificação funcional apresentada segundo o GMFCS. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário - HU/UFJF em 20 de dezembro de 2010 (parecer 123-420-2010). 2.2 Instrumentos Os grupos foram definidos de acordo com a classificação funcional das crianças com PC participantes do estudo. Para estabelecer esta divisão foram utilizados o GMFCS, que classifica o nível de função motora grossa, e o MACS, para classificação das habilidades manuais. Esses instrumentos possibilitam uma comunicação mais clara entre os profissionais e uma classificação mais consistente das crianças com PC(19,20). As escalas não são equivalentes, porém existe 32 concordância entre elas. Esta correlação foi verificada por Eliasson et. al., onde 49% das crianças estudadas foram classificadas em um mesmo nível tanto para o GMFCS quanto para o MACS, existindo uma correlação entre as escalas de 0,79(11,20,21). O GMFCS e o MACS são escalas ordinais de cinco níveis que classificam de forma decrescente a independência e funcionalidade da criança, sendo a avaliação do GMFCS realizada de acordo com a faixa etária. (2,19,12,22,23) O GMFCS tem como objetivo buscar o nível que melhor representa a criança de acordo com suas funções motoras grossas, sem, contudo, julgar a qualidade do movimento.(21) De acordo com o GMFCS, no nível I encontram-se crianças que andam sem restrições, porém apresentam limitações em atividades motoras globais mais elaboradas (como correr e pular); no nível II estão aquelas que andam sem ajuda, contudo possuem alguma dificuldade na locomoção em ambiente externo; o nível III é constituído por crianças que precisam de apoio para a locomoção (como andador). No nível IV é necessário tecnologia assistiva para que a criança possa se locomover (cadeira de rodas). Por fim, no nível V encontramos crianças com restrição grave de locomoção, mesmo com tecnologia avançadas (2,3,12,21,22) . Quando considerado o MACS, as crianças do nível I não apresentam qualquer dificuldade em manusear objetos; no nível II a criança manuseia quase todos os objetos, com menos qualidade e velocidade; as crianças do nível III manipulam os objetos, mas necessitam de ajuda ou adaptações; no nível IV estão aquelas que necessitam de supervisão contínua e manuseiam uma seleção limitada de objetos facilmente manuseáveis e em situações adaptadas; no nível V estão crianças que apresentam habilidade manual severamente comprometida, sendo limitadas em tarefas muito simples (21,23). A partir das informações obtidas com os sistemas de classificações GMFCS e MACS, os participantes foram agrupados em grupos. De acordo com a literatura é plausível o agrupamento por níveis de comprometimento, em leve (nível I e II), moderado (nível III) e grave (níveis IV e V), sendo baseado em critério funcional e consistente com a classificação (3,12,21). Para avaliar o desempenho funcional das crianças foi usado o Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (Pediatric Evaluation Disability Inventory – PEDI). O PEDI é um instrumento em formato de questionário, podendo ser aplicado como uma entrevista estruturada com o cuidador. Trata-se de um teste padronizado que foi traduzido para o português, validado e adaptado às características 33 socioculturais do Brasil por Mancini (2005). Este instrumento é constituído de três partes e em cada uma destas partes são avaliados três aspectos: autocuidado (alimentação, higiene pessoal, banho, vestir, banheiro e controle esfincteriano), mobilidade (transferências, ambientes internos, ambientes externos e escadas) e função social (compreensão funcional, expressão funcional, resolução de problemas, brincar, auto-informação, orientação temporal, relacionados com tarefas domésticas, auto-proteção e sobre a função comunitária) (24,25) . As três dimensões estão estruturadas em três partes, na primeira, buscam-se dados sobre a execução de habilidades funcionais feitas pela criança, a segunda tem como objetivo testar a quantidade de assistência que é fornecida à criança pelo cuidador e a terceira documenta as modificações necessárias para realizar suas tarefas diárias(25). No presente estudo foram utilizadas apenas as dimensões de auto cuidado e mobilidade em habilidades funcionais e assistência do cuidador. O PedsQl 3.0 Cerebral Palsy module (PedsQL 3.0 CP module) é um questionário de QVRS, voltado para os pais e para as crianças e adolescentes com PC(17,26).Este instrumento é dividido por faixa etária e permite a avaliação da QV da criança/adolescente sob sua perspectiva e de seu cuidador. Este questionário é constituído de sete dimensões que abordam: Atividades de Vida Diárias (AVD), Atividades Escolares (AE), Equilíbrio e Movimento (EM), Dor e Machucado (DM), Fadiga (F), Atividade Alimentar (AA) e Fala e Comunicação (FC) (17,26) . O domínio intelectual do questionário é controlado pela MAPI trust research, um instituto sediado em Lyon, na França, que apóia pesquisas na área da saúde relacionadas à QV, porém o questionário é disponibilizado gratuitamente para pesquisas sem fins lucrativos. Este instrumento foi traduzido para a população brasileira por Nunes (2008), contudo ainda não validado. A pontuação foi feita de acordo com o questionário original, onde os itens pontuados em cada dimensão foram transformados em uma escala linear de 0 a 100, de modo que maiores escores sugerem uma melhor QVRS (17,26) . A escala de pontuação foi calculada de acordo com o somatório dos itens por dimensão, dividido pelo número de itens respondidos (para eliminar o efeito dos itens que não foram respondidos) (17,26) . Se mais de 50% dos itens de uma dimensão não foram respondidos, o índice dessa escala não foi calculado (17,26). O questionário World Health Organization Quality of Life-bref. - WHOQOL-bref, desenvolvido pela OMS foi usado para avaliar a do cuidador principal. Consta de 26 34 questões divididas em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (27) . O WHOQOL-bref é uma versão abreviada do questionário WHOQOL- 100, devido a uma necessidade de um instrumento que demandasse menos tempo para a aplicação, mas que mantivesse características psicométricas satisfatórias. Neste trabalho, foi usado o questioário WHOQOL-bref, de forma integral e de acordo com o recomendado pela OMS. Além da coleta das características descritivas da amostra (sexo, idade, topografia, tônus dominante, nível do GMFCS e MACS, uso de medicação, presença de epilepsia, nível de escolaridade dos pais e da criança e estrutura familiar) esta também foi caracterizada pelo nível sócio-econômico (NSE) da família, empregandose o questionário de NSE da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa (ABEP) - Critério de Classificação Econômica Brasil . Por meio deste questionário, podemos avaliar o grau de escolaridade do chefe da família e estimar o poder de compra, realizando uma divisão em classes econômicas em níveis de A até E (28) . 2.3 Procedimentos Primeiramente foram explicados os procedimentos do estudo ao cuidador e à criança que, ao aceitarem participar da pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE. Os dados da criança (nome, sexo, idade, quadro clínico, classificação segundo o GMFCS e MACS, entre outros) foram descritos no Protocolo de Registro da Criança. As crianças incluídas no estudo foram avaliadas por dois examinadores de forma independente. Um examinador as classificou funcionalmente de acordo com o GMFCS, o MACS, tipo de tônus predominante e topografia. Um segundo examinador coletou as informações gerais com o cuidador principal, aplicou o Critério de Classificação Econômica Brasil- ABEP e deu informações para a autoaplicação do WHOQOL-bref. Foi pedido que os questionários fossem preenchidos no local e caso o cuidador declarasse não ter condições de realizar a leitura o examinador a fez de forma imparcial sem qualquer tipo de tendência diante das opções oferecidas pelo instrumento. Em seguida, o examinador aplicou o PEDI com 35 o cuidador. Foi realizada, posteriormente ao PEDI, a aplicação do questionário PedsQL 3.0 CP module com o cuidador, na forma de auto-aplicação, antecedido de todos os esclarecimentos necessários. Em seguida foi aplicado o questionário PedsQL 3.0 PC module nas crianças com capacidade de responder. Esta conduta foi realizada em uma sala reservada após ambientação da criança com o examinador e na presença do cuidador. Cada participante foi avaliado preferencialmente uma única vez, por duas acadêmicas do curso de fisioterapia da UFJF que foram previamente treinadas para a realização dos procedimentos, até que se obteve confiabilidade intra e entre examinadores superior a 0,80. 4. Análise Estatística Foi realizada análise descritiva dos participantes indicando sexo, idade, ordem de nascimento, classificação sócio-econômica segundo a ABEP e renda familiar, escolaridade da criança e dos pais, número de filhos, estado civil dos pais e estrutura familiar. Especificamente sobre a criança com PC foi analisada de forma descritiva a sua classificação topográfica, tipo de tônus, grau de funcionalidade e de comprometimento motor (GMFCS e MACS). Além disso, foram descritas as crianças que apresentavam quadro de epilepsia associada a PC. O teste Qui-quadrado foi realizado para verificar as diferenças entre as variáveis categóricas (sexo, Nível Sócio-econômico (NSE), ordem de nascimento dos filhos, tônus predominante, topografia da PC, cuidador principal, renda familiar, idade materna, estrutura familiar, epilepsia, uso de medicação e escolaridade da criança, da mãe e do pai). E o teste One-way ANOVA foi realizado para verificar as diferenças entre grupos em relação à idade. Primeiramente foi realizada análise para verificar se a amostra se encaixava em uma curva normal ou não e, dessa forma, se os testes estatísticos seriam paramétricos ou não paramétricos. De acordo com o resultado dessa análise foi aplicado o teste One-way ANOVA para grupos independentes, a fim de comparar os resultados do teste PEDsQL 3.0 CP module por dimensão obtidos pelas entrevistas realizadas com as crianças e os cuidadores, e os resultados do teste WHOLQOLbref dos cuidadores, entre os níveis de GMFCS. Não foi possível realizar a análise 36 com os grupos formados de acordo com o MACS, pois 68,75% (22 participantes) da amostra encontravam-se no nível leve (MACS I e II) caracterizando a distribuição da amostra entre grupos de forma heterogênea, já que somente 2 participantes foram classificados no nível moderado e 8 no nível grave. Uma vez verificada a existência de resultados significativos, foi realizado o teste post-hoc Scheffé (i.e., diferenças bivariadas) para localizar as diferenças encontradas. Foi calculado o índice de correlação intra-classe, utilizando o coeficiente de correlação de Cronbach, para avaliar se existe concordância entre o PedsQL da criança e do cuidador por dimensão, sendo considerado <0,40 como fraco, entre 0,41 e 0,60 moderado, entre 0,61 e 0,80 forte e entre 0,81 e 100 como excelente (Bartko, 1966). Além disso, foi aplicado o teste de correlação de Pearson para verificar a associação entre os testes de QV utilizados neste estudo entre si (PEDsQL e WHOLQOL-bref), e a relação dos mesmos com o teste PEDI que avaliou o desempenho funcional das crianças participantes deste estudo. Em todas as análises estatísticas foi considerado o nível de significância α = 0,05, e o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS®, v. 15,0; 2007) foi utilizado em todas as análises. 5 RESULTADOS O presente estudo contou com a participação de 32 crianças com diagnóstico de PC, com idade média de 10a 10m (DP= 3a 8m), sendo a maioria do sexo masculino (53,3%). Em relação ao tônus, 93,8% apresentavam a forma espástica, quanto à topografia 46,9% foram classificados como quadriplégicos e 68,7% das crianças participantes foram classificadas como leves em relação ao grau de funcionalidade de acordo com MACS (níveis I e II). Segundo os cuidadores, 65,4% das crianças não apresentavam quadro de epilepsia, contudo ocorreram relatos de que algumas crianças tiveram episódios quando muito jovens (i.e., <1 ano de vida) e que ainda recebem medicação para evitar crises e outras que interromperam o uso da medicação. A amostra foi dividida de forma não aleatória de acordo com o nível de funcionalidade pela classificação do GMFCS nos grupos leve (I e II) com 13 participantes, moderado (III) com 7 participantes e grave (IV e V) com 12 participantes. 37 Em relação aos cuidadores, 81,3% eram mães, tendo participado também duas avós, um avô, uma irmã e duas tias. De acordo com NSE da amostra, segundo a ABEP, 75,1% das famílias pertenciam aos níveis C1 e C2, sendo a renda familiar média de 963,25 reais (DP= 452,23 reais). A idade média das mães foi de 38,54 anos (DP=9,3 anos) e 90,7% tinham três filhos ou menos, sendo que a criança com PC foi o primeiro filho em 68,8% dos casos. Em relação à escolaridade, 71,9% das crianças estavam cursando o ensino fundamental, e 50% das mães e 62,5% dos pais apresentavam ensino fundamental incompleto. Levando em consideração a estrutura familiar, 65,6% dos pais das crianças vivem juntos. No teste One-way ANOVA, as 32 crianças avaliadas foram estatisticamente iguais entre os grupos na variável idade, assim como na análise pelo teste Quiquadrado, não houve predomínio de nenhum dos sexos em nenhum grupo (p>0,05). Também não houve diferença estatisticamente significativa (p>0,05) na renda familiar e presença de quadros de epilepsia da amostra entre os três grupos. De acordo com a mesma análise, ocorreu uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05) entre os grupos em relação ao uso de medicação, sendo maior no grupo de crianças graves, e à topografia, onde também ocorreu uma prevalência de quadriplégicos no grupo grave. As características descritivas da amostra: sexo, idade, NSE, renda familiar, escolaridade da criança e dos pais, número de filhos, estado civil dos pais e estrutura familiar, uso de medicação, presença de quadro de epilepsia, classificação topográfica, tipo de tônus, grau de funcionalidade e de comprometimento motor segundo o MACS, assim como a classificação segundo o GMFCS, estão demonstradas na tabela 1 de acordo com a divisão dos participantes no diferentes níveis de gravidade segundo o GMFCS. 38 TABELA 1: Características descritivas da amostra, dos grupos LEVE (L), MODERADO (M) e GRAVE (G), de acordo com os níveis de gravidade segundo o GMFCS. Variáveis descritivas GMFCS LEVE MODERADO GRAVE 13 7 12 F 6 2 6 M 7 5 6 Idade 11,23 10,00 10,92 (em anos) (3,24) (4,72) (3,89) A 0 0 1 B 1 2 2 C 11 5 8 D 1 0 1 4 2 5 COREO 1 0 0 ATAXIA 1 0 0 ESPÁSTICO 11 7 12 HEMI 9 0 0 DI 0 6 2 QUADRI 4 1 10 LEVE 13 6 3 MODERADO 0 1 1 GRAVE 0 0 8 3 3 9 10 4 3 Número Sexo NSE Epilepsia Tônus Classificação Topográfica MACS Uso medicação de SIM NÃO Legendas: GMFCS=Gross Motor Function Classification System; F=feminino; M=masculino; NSE=nível sócio-econômico; Coreo: coreoatetose quadri=quadriplegia; di=diplegia; hemi=hemiplegia; MACS=Manual Abilities Classification System. Os valores de idade estão representados em médias e desvio-padrão entre parênteses. Valores do número de crianças, sexo, NSE, epilepsia, tônus, topografia da PC, MACS e uso de medicação estão representados em freqüência de aparecimento. 39 Não foi possível utilizar os dados do PedsQL de todos os participantes, pois de acordo com os autores do teste(26) , deve-se excluir da análise de cada domínio os participantes que realizam menos de 50% das atividades, assim como as crianças que não foram capazes de responder ao questionário. Assim, a freqüência dos participantes que foram incluídos na análise deste teste, por dimensão, foram representados na tabela 2. Na mesma tabela foram representadas as médias e desvio-padrão dos escores obtidos nos testes utilizados neste estudo, assim como as diferenças entre os grupos e os valores de p, resultantes do teste One-way ANOVA. Na análise da correlação intra-classe entre o PedsQL da criança e do cuidador foi encontrada uma associação excelente no domínio AA (ICC=0,854) e forte nos domínios AVD (ICC=0,740), ME (ICC=0,784) e FC (ICC=0,632). Enquanto que foi encontrada uma correlação moderada no domínio F (ICC=0,433), fraca no domínio AE (ICC=0,357) e fraca e negativa no domínio DM (ICC=-0,068). Na análise pelo teste de correlação de Pearson, não ocorreu uma associação estatisticamente significativa do WHOQOL com nenhum domínio do PedsQL ou área do PEDI. Quando considerada a associação entre o questionário PedsQl da criança e os domínios DM, F e FC não se associaram de maneira estatisticamente significativa com nenhuma área do PEDI. Assim como, levando em consideração o PedsQL do cuidador os domínios AE, ME, DM e F não apresentaram associação com o PEDI. As áreas do PEDI e PedsQL que apresentaram associação estatisticamente significativas estão representadas na Tabela 3, sendo estas associações, positivas e de magnitude moderada. 40 TABELA 2: Escores médios e desvios padrões obtidos nos testes PedsQL, WHOQOL-Bref e PEDI, entre os grupos LEVE (L), MODERADO (M) e GRAVE (G), de acordo com os níveis de gravidade segundo o GMFCS Variáveis Dependentes PedsQL-AVD Criança Cuidador PedsQL- AE Criança Cuidador PedsQL- ME Criança Cuidador PedsQL- DM Criança Cuidador PedsQL- F Criança Cuidador PedsQl- AA Criança Cuidador PedsQL- FC Criança Cuidador N Escore N Escore N Escore N Escore N Escore n Escore n Escore n Escore n Escore n Escore n Escore n Escore n Escore n Escore Escore WHOQOL Cuidador PEDI–HFAC Cuidador Escore PEDI–HFM Cuidador Escore PEDI–ACAC Cuidador Escore PEDI-ACM Cuidador Escore GMFCS Leve Moderado 11 5 64,63 (21,25) 56,72 (14,90) 13 6 53,02 (30,61) 54,16 (30,81) 11 5 77,85 (19,41) 85,00 (13,69) 13 7 49,33 (31,69) 37,68 (28,69) 11 5 69,09a (22,78) 77,00a 10,95) 13 7 58,17 (26,47) 53,57 (23,92) 11 5 88,07 (14,90) 75,00 (35,35) 13 7 75,50 (29,80) 75,90 (24,05) 11 5 65,92 (19,04) 67,50 (14,25) 13 7 54,83 (22,98) 68,75 (17,30) 11 5 79,09a (18,14) 83,00a(10,95) 13 7 70,57a (24,37) 75,71a (15,11) 11 5 70,45 (25,01) 100,00(15,30) 12 7 64,40ab(28,99) 80,35a(22,65) 86,00ab 68,28a (12,48) (31,38) 58,76a 54,00a (9,03) (13,69) 49,76a 32,71b (7,24) (8,71) 29,46a 23,28a (7,61) (11,13) 27,76a 16,57b (5,27) (8,42) Grave 1 46,70 1 22,30 3 54,16 (50,51) 5 41,51 (20,68) 4 35,00b(30,27) 10 50,00 (30,27) 4 82,85 (10,66) 12 62,50 (22,76) 4 57,82 (13,84) 12 59,11 (24,97) 4 48,75b(19,31) 8 35,00b 31,28) 4 75,01 (18,39) 11 43,75b(31,87) 91,91b (14,02) 18,83b (16,53) 5,50c (9,07) 18,53b (13,94) 1,58c (3,84) p-valor 0,578 0,621 0,241 0,677 0,026* 0,775 0,527 0,400 0,667 0,436 0,013* 0,005* 0,067 0,041* 0,037* <0,001* <0,001* <0,001* <0,001* Legenda: PedsQL: Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module; AVD: Atividade de vida diária; AE: Atividade escolar; ME: movimento e equilíbrio; DM: Dor e machucado; F: Fadiga; AA: Atividade alimentar; FC: Fala e comunicação; PEDI=Pediatric Evaluation of Disability Inventory; HFAC=habilidades funcionais de autocuidado, HFM=habilidades funcionais de mobilidade, ACAC= assistência cuidador auto-cuidado, ACM =assistência cuidador mobilidade Valores representados em médias, e desvios padrões (DP) entre parênteses. * p<0.05 Letras iguais significam igualdade entre grupos, e letras diferentes significam diferenças entre grupos com p<0.05. 41 TABELA 3 - Valores de associação encontrados pelo teste de correlação de Pearson entre o teste PedsQL da criança e do cuidador, com o teste PEDI. PedsQL AVD-criança AE-criança AA-criança AVD-cuidador AA-cuidador FC-cuidador PEDI HFAC HFM ACAC ACM r 0,517 0,611 0,508 0,529 p 0,034* 0,009* 0,038* 0,029* r 0,515 0,360 0,268 0,273 p 0,024* 0,129 0,267 0,258 r 0,659 0,586 0,504 0,541 p 0,002* 0,007* 0,024* 0,014* r 0,658 0,632 0,617 0,635 p 0,002* 0,003* 0,004* 0,003* r 0,824 0,591 0,545 0,563 p <0,001* 0,006* 0,003* 0,002* r 0,621 0,418 0,435 0,353 p <0,001* 0,022* 0,016* 0,055 Legenda: PedsQL : Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module ; AVD: Atividade de vida diária; AE: Atividade escolar; ME: movimento e equilíbrio; DM: Dor e machucado; F: Fadiga; AA: Atividade alimentar; FC: Fala e comunicaçãoPEDI=Pediatric Evaluation of Disability Inventory; HFAC=habilidades funcionas de autocuidado, HFM=habilidades funcionais de mobilidade, ACAC= assistência cuidador auto-cuidado, ACM =assistência cuidador mobilidade; p < 0,05 representando diferenças estatisticamente significativas, r: índice de correlação de Pearson. 6. DISCUSSÃO Os resultados desse estudo demonstram o impacto da gravidade da PC na QVRS da criança e de seu cuidador. Além disso, estes resultados contribuem para o entendimento da relação entre a QVRS da criança com PC e de seu cuidador com o desempenho funcional, de acordo com o nível de funcionalidade e gravidade classificados segundo o GMFCS. Segundo a literatura, a PC interfere negativamente nas atividades de vida diária da criança(3,4,13,30), gerando a necessidade de que o cuidador assuma a responsabilidade sobre estas tarefas, o que pode levar ao detrimento da QVRS tanto da criança quanto de seu cuidador(1,13,14,30). Porém, os 42 resultados deste estudo demonstram que esse impacto não ocorre linearmente nos diferentes níveis de gravidade segundo o GMFCS. Existem poucos estudos que relacionam a QVRS da criança com PC e a QVRS de seu cuidador, mas é possível encontrar na literatura uma relação entre a gravidade dos acometimentos da criança e a sobrecarga de seu cuidador, onde a maior gravidade do quadro da criança está relacionada a uma maior sobrecarga e consequentemente pior QVRS de seu cuidador (9,13). Contudo, quando se relaciona a QVRS da criança com a gravidade da PC, buscando saber se a maior gravidade gera uma pior QVRS ou se estas variáveis não se associam, existe uma discordância em relação ao tema, existindo estudos que afirmam uma relação positiva entre elas (8,13) e outros que a contradizem (1). A amostra não apresentou diferenças estatisticamente significativas em relação à idade, sexo, renda familiar e presença de quadro de epilepsia o que permite inferir que estes fatores não exerceram influência nos resultados obtidos, devido à uma homogeneidade da amostra em relação a estas variáveis. Contudo, em relação à renda familiar, mesmo não sendo encontradas diferenças entre os grupos, estes se encontraram em sua maioria no nível C segundo a ABEP (75,1%), sendo classificadas como famílias de Nível Sócio-econômico médio baixo para baixo. Camargos et al. (2009) encontrou em seu estudo uma maior sobrecarga na QV do cuidador que apresenta NSE mais baixo, sendo dadas como justificativas uma incapacidade desses cuidadores em controlar de forma adequada o bem-estar da criança e a necessidade de maiores recursos financeiros e de tempo destinado à criança(13). Porem o estudo de Santos et al. (2010) discorda desta lógica e afirma que a renda financeira não está associada a um maior ou menor nível de sobrecarga dos cuidadores(30). Parece que a sobrecarga está principalmente ligada à tarefa de cuidar, ao excessivo tempo destinado a esta tarefa e ao abandono de outras ocupações pelos cuidadores (30) . Futuros estudos devem explorar melhor qual a relação existente entre a renda financeira e os fatores que impactam positivamente ou negativamente na QV da criança com PC e se seus cuidadores. A mãe foi citada como principal cuidadora de 81,3% dos participantes do estudo, o que corrobora com outros estudos que citam que normalmente é a mãe que assume os cuidados dos filhos com PC(13,30). Quando considerado o nível de escolaridade da mãe, 50% dos casos apresentavam nível fundamental incompleto, que parece não estar relacionado à sobrecarga do cuidador(30). Em relação à 43 estrutura familiar, 65,6% dos pais das crianças vivem juntos, mas não foi encontrado na literatura se este fator gera influência sobre a QV da criança ou do seu cuidador. Em relação ao uso de medicamentos, o grupo grave apresentou uma diferença quando comparado aos demais grupos, uma vez que 75% das crianças faziam uso de algum tipo de medicação. Apesar de ser esperado que pacientes graves requeiram maiores cuidados medicamentosos, na literatura não foram encontrados estudos que investiguem a relação entre uso de medicamentos e gravidade da PC. Quando considerada a topografia, o grupo grave foi constituído, em sua maioria, por crianças com quadro de quadriplegia, no grupo leve ocorreu o predomínio de crianças hemiplégicas, e no grupo moderado, prevaleceram crianças com quadro de diplegia, o que está de acordo com a literatura, pois as crianças quadriplégicas têm o prognóstico para a aquisição de marcha mais reservado, o que as classifica normalmente no grupo grave (i.e., IV ou V) de acordo com o GMFCS(21,31). Quando considerados os resultados obtidos na análise da QVRS relacionada à saúde a partir do questionário PedsQL na perspectiva da criança, as dimensões Movimento e Equilíbrio e Atividade Alimentar, demonstraram que o grupo leve e moderado foram semelhantes estatisticamente e diferentes do grupo grave, podendo-se inferir que a maior gravidade de comprometimento motor está diretamente relacionado à maior dificuldade de realização das atividades propostas nestes domínios. Além disso, foi possível identificar uma tendência à semelhança entre o grupo leve e grave na dimensão Fala e Comunicação e diferença de ambos com o grupo moderado, tendo este último grupo apresentando uma melhor pontuação nesta dimensão, demonstrando uma melhor QVRS neste quesito. É importante destacar que a amostra deste estudo apresentou crianças nos grupos leve e grave com dificuldade na fala, e consequentemente estes grupos apresentaram escores inferiores de QV nesta dimensão, o que pode ter influenciado os resultados encontrados. Os resultados deste estudo são distintos dos encontrados por Varni et al (2006), no qual foram encontradas diferenças significativas entre grupos divididos de acordo com os cinco níveis do GMFCS nos domínios Atividade de Vida Diária e Atividade Escolar(26). No referido estudo as crianças nível III e IV do GMFCS apresentaram escores significativamente menores no domínio Atividade de Vida Diária, enquanto que no domínio Atividade Escolar, as crianças classificadas como GMFCS IV tiveram escores significativamente inferiores às do nível I e III. Contudo, segundo Christofoletti, Hygashi e Godoy (2007) o 44 comprometimento motor afeta a QVRS da criança independente do seu grau e da severidade(1). No presente estudo não foi possível considerar as respostas de muitas crianças, classificadas como grave principalmente, em alguns domínios, pois estas não alcançavam a pontuação mínima exigida no questionário para serem analisadas nos resultados (i.e., pontuar pelo menos 50% dos itens, por domínio), de acordo com os autores do teste, o que também pode ter prejudicado a análise e não possibilitado evidenciar a real diferença entre o grupo grave e os demais nestes domínios do questionário. Quando considerada a análise dos resultados encontrados na aplicação do teste PedsQL na avaliação da QVRS da criança pela perspectiva do cuidador foram encontradas diferenças significativas na dimensão Atividade Alimentar, onde os níveis leve e moderado apresentaram QVRS semelhante e ambos os grupos apresentaram pontuação superior ao grupo grave demonstrando uma melhor QVRS neste domínio. Na Fala e Comunicação o nível leve foi semelhante ao moderado e ao grave, e o moderado e o grave foram diferentes entre si. Novamente, o presente estudo obteve resultados diferentes de Varni et al (2006), onde no domínio Atividade Alimentar com exceção do indivíduos classificado como GMFCS II e III, todos os demais níveis do GMFCS foram diferentes entre si(26). Já no domínio Fala e Comunicação os níveis leve e moderado apresentaram resultados semelhantes e ambos os grupos apresentaram melhor QVRS quando comparados ao grupo grave, e foram constadas diferenças nos demais domínios, as quais não foram encontradas neste estudo(26). Uma possível justificativa para a diferença entre os resultados obtidos no presente estudo com os resultados de Varni et al. (2006) deve-se ao fato da nossa amostra ser composta por um menor número de participantes, serem de classe socioeconômica média para baixa, já que no estudo citado, a amostra era um sua maioria de classe média, e por não termos feito a analise em todos os níveis do GMFCS, e sim por grupos (i.e. leve, moderado e grave)(26). Apesar disso, tanto o presente estudo quanto o estudo de Varni et al (2006) demonstraram em seus resultados que quanto maior a gravidade da PC maior o impacto negativo na QVRS da criança, nos diferentes domínios avaliados pelo PedsQL. Os resultados obtidos na avaliação da QV do cuidador através do questionário WHOQOL-Bref demonstraram que nesta amostra a percepção da QVRS do cuidador de crianças classificadas como leves é semelhante aos de cuidadores de crianças classificadas como moderadas e/ou graves, porém a percepção de QVRS dos níveis 45 moderado e grave é diferente. Assim, foi observado que a pior percepção de QVRS foi dos cuidadores de crianças classificadas como moderadas. Apesar do teste utilizado ser um instrumento genérico para avaliação da QVRS e não específico para famílias de crianças com PC, uma possível explicação para esses resultados é que as crianças leves são mais independentes e apresentam marcha e os cuidadores de crianças graves já estão habituados com a necessidade constante de cuidados de suas crianças, as quais devido à idade média da amostra (10,84 anos), já apresentam um quadro motor mais permanente. Contudo, as crianças do nível moderado apresentam locomoção com dispositivo auxiliar, mas nesta faixa etária correspondente a transição para a adolescência ocorre normalmente um maior crescimento em estatura e em ganho de peso, muitas vezes não acompanhado pelo ganho de força, o que leva algumas vezes pela opção preferencial do uso da cadeira para se locomover, principalmente em longas distâncias (12,22) . Segundo Palisano et al. (2007), é possível que adultos e adolescentes com PC percam mobilidade e até mesmo aumentem a sua gravidade mudando de nível no GMFCS(32). Assim, essa perda de função motora decorrentes da faixa etária da referida amostra pode ser o fator que possivelmente influenciou a pior percepção da QVRS do cuidador de crianças classificadas como moderadas. Na análise de correlação entre a QVRS do cuidador com a da criança, não ocorreu nenhuma associação entre os resultados obtidos a partir do WHOQOL e do PedsQL, tanto da criança quanto do cuidador. De acordo com Manificat e Dazord (1997), em um estudo para a validação de um questionário de QVRS específico para crianças, existe uma relação direta entre a QVRS da criança e de seu cuidador(33). Porém no presente estudo não foi utilizado um questionário de QVRS específico para avaliar a QVRS de cuidadores de crianças com PC e na literatura não foram encontrados instrumentos de avaliação da QVRS específicos para essa população. Com os resultados do presente estudo, não se pode afirmar que há uma relação direta entre QVRS da criança e de seu cuidador. Quando foi verificada a concordância entre a percepção da QVRS da criança sob sua perspectiva e sob a de seu cuidador, através do PedsQL, foi possível verificar uma correlação excelente no domínio Atividade Alimentar e forte nos domínios Atividade de Vida Diária, Movimento e Equilíbrio e Fala e Comunicação, o que pode ser explicado possivelmente pelo fato de serem atividades que normalmente são desempenhadas com o auxilio ou supervisão do cuidador ou em 46 sua presença. Assim, devido à alta correlação nas respostas desses domínios foi possível inferir que tanto a criança quanto o cuidador percebem de maneira semelhante estas atividades. Contudo, quando considerado o domínio Fadiga foi encontrada uma correlação moderada e nos domínios Atividade Escolar e Dor e Machucado uma correlação fraca. Isto pode ser explicado pelo fato dos domínios Fadiga e Dor e Machucado serem muito peculiares ao indivíduo que os vivenciam e no domínio Atividade Escolar as crianças desempenham suas atividades normalmente na ausência do cuidador. No estudo de Varni et al. (2006), foi encontrada uma correlação excelente para o domínio Atividade de Vida Diária e forte para o domínio Atividade Alimentar e Atividade Escolar. Em relação aos demais domínios (Movimento e Equilíbrio, Dor e Machucado, Fadiga e Fala e Comunicação), foi encontrado uma correlação moderada(26). Tais diferenças podem estar relacionadas às características particulares de cada amostra, como o fato da classe econômica predominante no estudo de Varni et al. (2006) ser a classe média, distinta do presente estudo, onde a classe predominante foi a classe média para baixo(26). Para a realização das análises, os participantes foram agrupados de acordo com o GMFCS nos grupos leve (GMFCS I e II), moderado (GMFCS III) e grave (GMFCS IV e V), o que está de acordo com a literatura (3,21). Quando comparados os resultados obtidos a partir do teste PEDI de acordo com os grupos, foi encontrada uma superioridade funcional dos grupos leve e moderado em todas as áreas do teste, quando comparados ao grupo grave. Contudo, quando se compara o grupo leve e moderado, só foi possível encontrar diferença na parte de Habilidades Funcionais nas áreas de Mobilidade e Assistência do Cuidador , onde o grupo leve apresentou funcionalidade superior ao moderado. Em relação à superioridade do grupo leve e moderado sobre o grupo grave a literatura corrobora os achados do presente estudo (3,21) . Quando consideramos as diferenças entre o grupo leve e o moderado, os resultados deste estudo estão de acordo com os de Mancini et al (2004), mas encontra diferenças com o estudo de Chagas et al (2008), onde na parte de Habilidades Funcionais na área de Mobilidade e Assistência do Cuidador não apresentaram diferenças entre os grupos(3,21). Possivelmente, o fato de a idade média dos participantes nos três estudos ser distinta pode ter influenciado os resultados divergentes, fazendo com que os resultados do presente estudo estivessem em maior concordância com o estudo de Mancini et al. (2004)(3). 47 Possivelmente, devido ao já citado fato de as crianças do grupo moderado participantes deste estudo estarem em uma idade onde podem estar iniciando uma perda na mobilidade e necessitarem possivelmente de maior auxílio de seu cuidador para desempenhar esta atividade. No estudo de Mancini et al. (2004) os participantes encontram-se em uma faixa etária (idade média de 6 anos) onde estão adquirindo e/ou aperfeiçoando habilidades na área de mobilidade. Assim, é provável que estes fatores tenham diferenciado as pontuações do grupo leve e moderado nos dois estudos levando às semelhanças entre os mesmos (3). No presente estudo foi possível encontrar uma associação positiva e moderada entre a QVRS da criança, sob sua perspectiva e de seu cuidador e a funcionalidade. Quando comparados os domínios Atividade de Vida Diária e Atividade Alimentar do PedsQL, tanto da criança quanto de seu cuidador, foi possível encontrar uma associação com todas as áreas avaliadas do PEDI. O domínio Atividade Escolar do PedsQL da criança somente se associou a área Habilidade Funcionais na área de Assistência do Cuidador e o domínio Fala e Comunicação do PedsQL do cuidador se associou às áreas Habilidades Funcionais na área de Assistência do Cuidador, Habilidades Funcionais na área de Mobilidade e Assistência do Cuidador na área de Auto-Cuidado do PEDI. Assim, a pior funcionalidade e a pior QVRS se relacionam moderadamente, mas uma variável não explica completamente a outra. Não foram encontrados na literatura estudos que relacionem a QVRS com a funcionalidade de crianças com PC, mas podemos inferir a partir dos resultados encontrados que possivelmente outros fatores, que não só a funcionalidade, ainda não investigados empiricamente, influenciem negativamente a percepção de QVRS dessas crianças. Alguns fatores podem ser apontados como limitantes neste estudo, como o pequeno número de participantes no grupo moderado, devido ao fato de no agrupamento dos três níveis do GMFCS este ter sido o único nível classificado somente com o nível III do GMFCS, além de parecer ser característica da cidade de Juiz de Fora onde foi desenvolvido o estudo, já sendo citada por Chagas et al. (2008). Outro fator que pode ter influenciado os resultados é o nível Sócio Econômico médio baixo para baixo dos participantes, característica diretamente relacionada aos participantes deste estudo, que compõem a clientela assistida pelos principais centros onde foi desenvolvido o estudo, responsáveis por prestar serviço público à comunidade. Quando considerada a baixa associação da QVRS do 48 cuidador com as demais variáveis, podemos citar o fato de que o questionário utilizado não é específico para avaliar a QVRS de cuidadores de crianças com PC e por isto pode não ter abordado as questões que realmente são afetadas com o cuidado destas crianças, contudo, não foi encontrado um questionário para esta finalidade específica. Na análise do PedsQL, tanto da criança quanto do cuidador, ocorreu um número considerável de exclusões de crianças do grupo grave, devido ao fato de muitas delas não responderem o questionário ou não alcançarem 50% da pontuação em determinado domínio do PedsQL, mas esta é uma característica do questionário utilizado e optou-se por realizar a análise de acordo com o proposto pelos autores do teste para realizar a comparação com a literatura. 49 7. CONCLUSÃO Os resultados obtidos neste estudo permitem inferir que a QVRS da criança, tanto sob sua visão quanto sob a perspectiva de seu cuidador, recebe influencia de forma diferenciada e de acordo com cada nível de gravidade, do comprometimento motor. Quando correlacionadas as visões sobre a QVRS da criança pela sua própria perspectiva e pela perspectiva do seu cuidador pode-se perceber que existe uma concordância entre elas, principalmente nos domínios que requerem a participação do cuidador. Em relação à QVRS do cuidador foi observada uma relação com os diferentes níveis de comprometimento motor, mas de forma não linear de acordo com a gravidade, sendo influenciada principalmente pela estabilidade do quadro motor da criança com PC, ou seja, pela manutenção das habilidades já adquirida, sem perdas motoras. Não foi possível estabelecer uma associação entre a QVRS da criança e de seu cuidador, possivelmente pelo uso de um questionário de QVRS não específico para cuidadores de crianças com PC. Em relação à funcionalidade, foi possível perceber que existe uma associação positiva e moderada com a QVRS das crianças, mas possivelmente existem outros fatores que a influenciam, ainda não investigados cientificamente. Contudo, ainda são necessários novos estudos para investigar as relações entre QVRS e funcionalidade, assim como os fatores associados a essas duas variáveis. Entretanto, é importante salientar que a participação do cuidador no processo de tratamento fisioterapêutico é essencial, devido a necessidade de adesão às recomendações domiciliares e ao próprio tratamento. Assim, a menor QVRS do cuidador pode influenciar negativamente no tratamento fisioterapêutico, necessitando ainda maiores estudos a respeito deste tema e de formas de intervenção visando a melhora da qualidade de vida desta clientela. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradecemos às crianças e cuidadores que participaram deste estudo, e aos fisioterapeutas e estagiários da APAE e do CAS/HU-UFJF por auxiliarem no recrutamento dos participantes, e às instituições que permitiram a realização do estudo em seus espaços. 50 Referências Bibliográfica 1. Christofoletti G, Hygashi F, Godoy ALR. Paralisia cerebral: uma análise do comprometimento motor sobre a qualidade de vida. Fisioter. Mov, Curitiba, 2007 Jan./Mar,20(1): 37-44. 2. Gauzzi LDV, Fonseca LF. Classificação da paralisia cerebral. In: Lima CLA, Fonseca Koogan; 2004; 37-44. 3. Mancini MC, Alves ACM, Schaper C, Figueredo EM. Sampaio R. F., Coelho Z. A. Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional. 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Fisioterapia em Movimento, v.22, n.3, p.375-381, Curitiba, jul/set 2009. 58 APÊNDICES APÊNDICE 1- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido FACULDADE DE FISIOTERAPIA DEPARTAMENTO DO IDOSO, ADULTO E MATERNO-INFANTIL PESQUISADOR RESPONSÁVEL: PAULA SILVA DE CARVALHO CHAGAS ENDEREÇO: CAMPUS DA UFJF – BAIRRO MARTELOS. CEP:36036-330 – JUIZ DE FORA – MG FONE: 2102-3258/ 4009-5319 E-MAIL: [email protected] TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O Sr. (a)________________________________________ e o seu filho (a) estão sendo convidados como voluntários a participar da pesquisa “Qualidade de vida e funcionalidade de crianças com Paralisia Cerebral”. Neste estudo temos como objetivo verificar se existe relação entre as capacidades funcionais (função) das crianças com a sua qualidade de vida e com a qualidade de vida de seu cuidador. O motivo que nos leva a estudar este tema é conhecer melhor os sentimentos da criança com paralisia cerebral e de seu cuidador, buscando entender melhor os sentimentos e desejos das crianças e de seus cuidadores. Com isso poderemos conhecer melhor a realidade vivida pela família e fornecer tratamento mais eficaz para a criança. Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos: as crianças incluídas no estudo serão avaliadas por uma acadêmica treinada do curso de Fisioterapia e, em seguida será aplicado um questionário para avaliar a qualidade de vida. Esta conduta será realizada em uma sala reservada após adaptação da criança com o examinador e na presença do cuidador. Uma segunda acadêmica do curso de Fisioterapia coletará informações gerais sobre a criança e a família com o cuidador principal e fornecerá informações ao cuidador para responder aos questionários. Os procedimentos utilizados apresentam risco considerado mínimo aos participantes, não sendo considerados maiores nem mais prováveis do que aqueles ligados à avaliação de rotina da fisioterapia, por consistirem de atividades já habituais das crianças que recebem atendimento fisioterapêutico (o mesmo risco existente em atividades rotineiras como conversar, tomar banho, ler, etc). No entanto, qualquer tipo de problema ou desconforto detectado será imediatamente sanado pelas pesquisadoras, ou por quem de direito, sem qualquer custo para o voluntário da pesquisa ou seu(s) responsável(is). Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. O Sr. (a) será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador. Todas as informações colhidas serão cuidadosamente guardadas garantindo o sigilo e a privacidade dos entrevistados e participantes, que poderão obter informações sobre a pesquisa a qualquer momento que julgarem necessário, pelo telefone (32) 2102-3258 ou 8845-1392, com a professora orientadora do projeto e 59 alunas responsáveis. Os resultados da pesquisa estarão à disposição de todos os participantes e seus responsáveis quando finalizada. Os dados dos participantes somente serão liberados com a permissão destes ou de seus responsáveis. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após esse tempo serão adequadamente destruídos. Além disso, os participantes não serão identificados em nenhuma publicação resultante do estudo. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, no Departamento de Fisioterapia do Idoso, Adulto e Materno-Infantil da Faculdade de Fisioterapia -UFJF e a outra será fornecida a você. Eu, ____________________________________________ (nome do cuidador principal), portador do documento de Identidade ____________________, e meu/minha _______________________________ (grau de parentesco com a criança), __________________________________________________ (nome da criança) fomos informados dos objetivos do estudo “Qualidade de vida e funcionalidade de crianças com Paralisia Cerebral”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento podemos solicitar novas informações e modificar nossa decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordamos em participar desse estudo. Recebemos uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e nos foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as nossas dúvidas. Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2010. Nome Assinatura do responsável Data Nome Assinatura pesquisador Data Nome Assinatura testemunha Data Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP HU - COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA HU/UFJF HOSPITAL UNIVERSITÁRIO UNIDADE SANTA CATARINA PRÉDIO DA ADMINISTRAÇÃO SALA 27 CEP 36036-110 E-mail: [email protected] 60 APÊNDICE 2- Protocolo de registro Entrevista aos pais ou responsáveis Nome ou iniciais do nome da criança ou adolescente:___________________________________ ________________________________________________________________________ Data de nascimento: __/__/____ Idade:______ Prontuário: ___________________ Cor: ________ Sexo:_______ Procedência: _________________ Escolaridade: ( )pré-escola ( ) ensino fundamental ( )ensino médio GMFCS: ________ MACS: _________ Topografia: ______________ Tipo de tônus:_________________________ o n de filhos e ordem de nascimento: ______________________________ Epilepsia: ( )sim ( )não Uso de medicação: ( )sim ( )não Quais?_________________________ Dieta: ( )via oral ( )gastrotomia ( )sonda nasogástrica Seu filho esteve doente, hospitalizado ou internado recentemente? ( )sim ( )não Em caso afirmativo, especifique:_________________________________________________ Dados do informante Informante: ( )pai ( )mãe ( )responsável ( )grau de parentesco: ______________________ Sua data de nascimento:__/__/____ Idade:______ Cor: ________ Escolaridade: ( )pré-escola ( ) ensino fundamental ( )ensino médio ( ) ensino superior Estado civil: _____________ Dados da mãe Data de nascimento:__/__/____ Escolaridade: ( )pré-escola ( )ensino médio Estado civil: _____________ Dados do pai Data de nascimento:__/__/____ Escolaridade: ( )pré-escola ( )ensino médio Estado civil: _____________ Profissão: ___________ Idade:______ Emprego: ______________ Cor: ________ Sexo:_______ ( ) ensino fundamental ( ) ensino superior Profissão: ___________ Idade:______ Sexo:_______ Emprego: ______________ Cor: ________ Sexo:_______ ( ) ensino fundamental ( ) ensino superior Profissão: ___________ Emprego: ______________ Dados da família Pais: ( )vivem juntos ( )não vivem juntos Renda familiar: ________________________ Cuidador: ( )pai ( )mãe ( )outro: _______________ 61 ANEXOS ANEXO 1. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA 62 63 ANEXO 2-GROSS MOTOR FUNCTION CLASSIFICATION SYSTEM FOR CEREBRAL PALSY SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA (GMFCS) PARA PARALISIA CEREBRAL • NÍVEL 1 - Anda sem restrições, tem limitações em atividades motoras globais mais elaboradas. • NÍVEL 2 - Criança anda sem ajuda, tem alguma dificuldade na locomoção fora de casa e na sua comunidade. • NÍVEL 3 - Anda com algum material que lhe dê apoio. Tem dificuldade de andar fora de casa ou na sua comunidade. • NÍVEL 4 – Auto-locomoção limitada, as crianças são transportadas ou usam cadeira elétrica fora de casa ou em ambiente mais amplo • NÍVEL 5 - A auto-locomoção é muito prejudicada mesmo com tecnologia mais avançada. (PALISANO, et al; 1997) ANTES DOS 2 ANOS DE IDADE: · NÍVEL I: O lactente senta-se e levanta-se de cadeiras, bancos ou do chão sem usar as mãos, estando estas livres para manipular objetos. O lactente engatinha sobre mãos e joelhos, puxa- se para a postura de pé e dá passos segurando em móveis. Ele anda entre 18 meses e 2 anos de idade sem necessitar de ajuda (ex. voador). · NÍVEL II: O lactente mantém-se sentado no chão, mas pode precisar usar as mãos para apoio. Ele se arrasta ou engatinha. Pode ser que ele se puxe para postura de pé, segurando nos móveis dando alguns passos. · NÍVEL III: O lactente fica sentado no chão quando seu tronco inferior for sustentado. Ele rola e se arrasta. · NÍVEL IV: O lactente tem controle de cabeça, mas o tronco deve ser apoiado para poder sentar no chão. Ele consegue rolar para supino e talvez para prono. 64 · NÍVEL V: A deficiência motora limita o controle voluntário dos movimentos. Os lactentes não conseguem sustentar a cabeça e o tronco contra a gravidade na postura em prono ou sentada. Para rolar, precisam ajuda. ENTRE 2 E 4 ANOS DE IDADE: · NÍVEL I: A criança consegue sentar no chão sem usar as mãos, estando estas livres para manipular objetos. Ela é capaz de fazer mudanças de posturas de sentado no chão para de pé, sem nenhuma ajuda. A criança anda do seu jeito preferido sem nenhuma assistência, seja por pessoas ou por objetos. · NÍVEL II: A criança senta no chão, mas apresenta dificuldade em manipular um objeto, porque ela precisa das mãos para se manter sentada. · NÍVEL III: A criança consegue se manter sentada no chão, muitas vezes sentando em W (sentado entre as pernas fletidas com quadril em rotação interna). Pode ser que ela precise de ajuda do adulto para se sentar. Consegue arrastar ou engatinhar de forma não recíproca. Esta pode ser a maneira principal de se locomover. Pode se puxar para a postura de pé num ambiente estável e pode dar alguns passos. Em casa, pode usar alguma ajuda para se locomover. · NÍVEL IV: Consegue sentar no chão quando colocado, mas é incapaz de se manter alinhado e de se equilibrar sem apoio das mãos. A maioria das crianças necessita material de apoio para a postura sentada ou de pé. A autolocomoção é possível por uma distância pequena, por exemplo, dentro de um quarto, através do rolar, arrastar ou engatinhar não recíproco. · NÍVEL V: A deficiência motora limita o controle dos movimentos voluntários, como manter a cabeça e o tronco contra a gravidade. Todas as áreas de funcionalidade estão limitadas. As limitações do sentar e de ficar de pé não são possíveis de compensar plenamente através de órteses ou outros materiais. No nível V, a criança não tem chance de auto-locomoção. Ela é transportada. Algumas crianças conseguem se locomover em cadeira de rodas motorizada com muitas adaptações. 65 ENTRE 4 E 6 ANOS DE IDADE: · NÍVEL I: A criança consegue assumir diversas posturas e sabe fazer as transições, como sentar e ficar de pé, sem precisar de apoio. Ela anda em casa e na rua e consegue subir escadas. Apresenta habilidade de correr e de pular. · NÍVEL II: A criança é capaz de sentar numa cadeira, conseguindo manipular um objeto com as duas mãos. Ela se levanta do chão ou da cadeira, mas precisa de uma superfície que permita que ela se puxe pelos membros superiores para a postura de pé. A criança consegue andar sem assistência dentro e fora de casa, porém, desloca-se pouco. Sobe escadas, mas precisa segurar- se no corrimão, não sendo capaz de correr ou pular. · NÍVEL III: A criança consegue sentar numa cadeira normal, mas necessita de um suporte no tronco ou na pelve para maximizar a função da mão. Ela consegue levantar e sentar numa cadeira usando uma superfície de apoio para se puxar pelos membros superiores. Ela anda com alguma ajuda de aparelho numa superfície plana; para subir escadas precisa ser guiado por um adulto. Geralmente as crianças são transportadas quando se desloca a distâncias maiores ou quando o terreno for acidentado. · NÍVEL IV: A criança senta na cadeira que precisa de material de adaptação para o tronco e a pelve para maximizar o uso das mãos. Ela levanta e senta com ajuda de um adulto ou apoiando-se numa superfície para poder se puxar pelos membros superiores. Ela consegue andar pequenas distâncias com a ajuda de um adulto, mas a dificuldade é de se virar e de manter o equilíbrio em área acidentada. A criança é transportada e pode conseguir se locomover com uma cadeira motorizada. · NÍVEL V: A deficiência motora limita o controle dos movimentos voluntários, como manter a cabeça e o tronco contra a gravidade. Todas as áreas de funcionalidade estão limitadas. As limitações do sentar e de ficar de pé não são possíveis de compensar plenamente através de órteses ou outros materiais. No nível V, a criança não tem chance de auto-locomoção. Ela é 66 transportada. Algumas crianças conseguem se locomover em cadeira de rodas motorizada com muitas adaptações. ENTRE 6 E 12 ANOS DE IDADE: · NÍVEL I: A criança anda dentro e fora de casa, sobe degraus sem nenhuma dificuldade. Ela consegue realizar todas as funções motoras globais, incluindo correr e pular, porém a velocidade, o equilíbrio e a coordenação estão diminuídos. · NÍVEL II: A criança anda dentro e fora de casa, sobe escadas segurando- se no corrimão, sente dificuldade de andar em chão irregular ou inclinado, como também em lugar cheio de pessoas com espaço limitado. Apresentam habilidade mínima em atividades como correr e pular. · NÍVEL III: A criança anda numa superfície plana dentro e fora de casa com algum aparelho. Consegue subir escadas segurando no corrimão. Dependendo da função manual ela é capaz de tocar uma cadeira de rodas auto-propulsionadas ou é transportada, em caso de distância maior ou terreno acidentado. · NÍVEL IV: A criança poderá manter o nível de funcionalidade que adquirir até os 6 anos. Ela depende mais de cadeira de rodas em casa, na escola e na comunidade. Pode se locomover com cadeira motorizada. · NÍVEL V: A deficiência motora limita o controle dos movimentos voluntários, como manter a cabeça e o tronco contra a gravidade. Todas as áreas de funcionalidade estão limitadas. As limitações do sentar e de ficar de pé não são possíveis de compensar plenamente através de órteses ou outros materiais. No nível V, a criança não tem chance de auto-locomoção. Ela é transportada. Algumas crianças conseguem se locomover em cadeira de rodas motorizada com muitas adaptações. 67 ANEXO 3: MANUAL ABILITIES CLASSIFICATION SYSTEM (MACS) FOR CEREBRAL PALSY SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS HABILIDADES MANUAIS (MACS) PARA PARALISIA CEREBRAL · NÍVEL 1 – Manuseia objetos facilmente e com sucesso. · NÍVEL 2 – Manuseia quase todos os objetos com certa redução da qualidade e/ou da velocidade de êxito. · NÍVEL 3 – Manuseia objetos com dificuldade: necessita de ajuda para preparar e/ou modificar atividades. · NÍVEL 4 – Manuseia uma seleção limitada de objetos facilmente manuseáveis em situações adaptadas. · NÍVEL 5 – Não manuseia objetos e tem habilidade severamente limitada para realizar tarefas muito simples. (ELIASSON, et al; 2006) 68 ANEXO 4: PEDIATRIC EVALUATION DISABILITY INVENTORY- PEDI 69 70 71 72 73 Anexo 5- Pediatric Quality of life Inventory 3.0 Cerebral Palsy module- PedsQL 3.0 CP module 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 OBS.: O questionário utilizado de 13 à 18 anos é o mesmo utilizado na faixa etária de 8 à 12 anos. 85 ANEXO 6- World Health Organization Quality of Life-bref. -WHOQOL-bref 86 87 88 89 Anexo 7- Critério de classificação econômica Brasil da Associação brasileira de empresa e pesquisa (ABEP)