GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável PARECER ÚNICO 068/2008 PROTOCOLO Nº 216227/2008 Indexado ao(s) Processo(s) Validade 6 anos Licenciamento Ambiental Nº 11495/2006/002/2007 LO Corretiva DNPM 6644/1963 Empreendimento: Argentina de Sousa Oliveira FI CNPJ: 17362435/0001-89 Município: Belo Vale /Congonhas Bacia Hidrográfica: Rio Paraopeba Atividades objeto do licenciamento: Código DN 74/04 Descrição A-02-03.8 Classe 3 Extração de Minério de Ferro Medidas mitigadoras: X SIM Condicionantes: 7 NÃO Medidas compensatórias: X SIM NÃO Automonitoramento: X SIM NÃO Responsável Técnico pelos Estudos Técnicos Apresentados Justino Faria Lemos Pinheiro (Geólogo) Registro de classe CREA-SP 122.651/D Data: 16/04/2008 Equipe Interdisciplinar: Claudinei Oliveira Cruz Registro de classe Assinatura 1153492-2 César Moreira Paiva Rezende 1136261-3 Sergio Cruz OAB 83.170 Visto: José Flávio Mayrink Pereira Assinatura: Data: ___/___/___ SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 1/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 1. INTRODUÇÃO O empreendimento objeto deste parecer é uma mina de minério de ferro denominada Mina da Argentina de responsabilidade da empresa Argentina de Souza Oliveira - FI localizada no município de Belo Vale. A referida empresa é titular da concessão de lavra de minério de ferro na Mina da Argentina, conforme processo administrativo DNPM nº. 6644/1963 em local conhecido como Terra Seca, Belo Vale/MG. No período de 1998 até 2006 os direitos de lavras da mina da Argentina foram arredados a terceiros. Observa-se que durante este período foi desenvolvida uma lavra sem parâmetros técnicos e predatória, deixando a cava com taludes de até 40 metros de altura e sem controles eficientes de drenagem. Após a rescisão do arrendamento a empresa Argentina de Souza Oliveira – FI assumiu a lavra da Mina da Argentina, com isso formalizou o presente processo de LO em 10/01/07 com caráter Corretivo. Vale ressaltar que a área total do decreto de lavra é de 73,86 ha, porém a área diretamente afetada pela cava da mina e que é objeto deste licenciamento é de 12,7 ha. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 2/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Meio Físico A área em pauta situa-se na borda Oeste da Serra da Moeda, que se estende por dezenas de quilômetros, orientada segundo uma direção submeridiana, e se constitui por seqüências integradas por metassedimentos do Supergrupo Minas. No interior da poligonal estão presentes litologias atribuídas aos grupos Itabira e Piracicaba, do Supergrupo minas, além de coberturas dentríticas do terciário-quarternário. A porção mineralizada da área encontra-se recoberta por uma espessa camada de materiais elúvio-coluvionares, contendo abundantes fragmentos de hematita predominantes e itabiritos, em matriz grosseira, areno-granulosa, moderada a fortemente cimentada por limonitas, de cores ocre-avermelhadas e/ou amareladas características na maioria dos casos constituindo verdadeiras cangas. Esse material constitui um minério de ferro adequado em percentuais apreciáveis, apesar de apresentar teores altos em fósforo, prestando, sobretudo a blendagem com minérios mais nobres. A área estudada está localizada na bacia federal denominada Bacia do São Francisco, representada pela bacia estadual do Rio Paraopeba. O divisor hidrográfico mais importante do Médio Paraopeba é a Serra da Moeda. A rede de drenagem da área de estudo e arredores é representada pelos tributários do Rio Paraopeba, dentre os quais se destaca localmente o Córrego do Esmeril, curso d´água mais próximo ao empreendimento estudado. As drenagens da região do empreendimento mostram-se localmente encaixadas em vales restritos, importante frisar que a área a ser explotada se encontra distante de cursos d’águas perenes, o que minimiza ambientalmente riscos sobre os recursos hídricos locais. Meio Biótico Flora De acordo com Costa et al. (1998), o município de Belo Vale insere-se dentro dos domínios da mata atlântica. Sua cobertura vegetal original era formada por campos, cerrados e capoeiras que dominavam as partes mais altas da serra e os afloramentos rochosos. Nos pontos mais baixos, no sopé da serra e nas vertentes úmidas os campos cediam lugar a matas estacionais densas. Esta condição, no entanto, sofreu mudanças significativas em função das atividades antrópicas. As matas foram substituídas por pastagens e culturas, principalmente nas partes mais baixas, e hoje apenas ilhas de formações secundárias podem ser observadas. Na serra a descaracterização segue num ritmo mais lento, já que as condições de solo e relevo limitam as possibilidades de ocupação destes locais. Dentro desta perspectiva, a SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 3/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável extração de minério de ferro desempenha papel relevante no processo de redução dos campos naturais, ainda que apenas uma pequena parte da Serra da Moeda tenha sido minerada, o que não se aplica as outras áreas do Quadrilátero Ferrífero como a Serra de Itatiaiuçu. Na área de influência do empreendimento observam-se extensas áreas degradadas por atividades minerarias que se encontram, ou não, em operação. Isto inclui grande parte da área diretamente afetada onde uma antiga lavra deixou como herança escarpas íngremes e desvegetadas, além de um intenso processo erosivo. A área total utilizada para conceber o projeto da mina equivale a 12,7 ha, sendo 12,5 ha a área da cava e 0,2 ha a área dos acessos. As morfologias classificadas como APP (Área de Preservação Permanente) na Mina Argentina são de aproximadamente 7,0 ha, formada por topo de morro. Ressalta-se que a mina encontra-se em operação há mais de 35 anos. No local do empreendimento predominam as formações campestres, em que se destacam duas fisionomias: uma composta por um tapete curti-graminoso com inserções de herbáceo-arbustivas e outra composta pela aglomeração de lenhosas de pequeno porte (1-2m), em que há redução de espécies herbáceas no extrato rasteiro. Nesses ambientes o crescimento de uma vegetação arbórea mais desenvolvida parece estar sendo limitada, entre outros fatores, pela compacidade do substrato, sendo mantida no que Odum (1986) designou de clímax edáfico. Inseridos nesses ambientes, há ocorrência de nichos que podem ser diferenciados, por exemplo, àqueles conformados pelos afloramentos rochosos. Geralmente, quando presente nas áreas campestres, estes obstáculos propiciam o desenvolvimento de arbustivas de maior porte. Os afloramentos rochosos também permitem o desenvolvimento de espécies de hábito rupícola, o que contribui para acréscimo à diversidade local. A área não apresenta uma vegetação rupestre com a expressividade verificada em outros locais do Quadrilátero Ferrífero. Segundo o estudo, possivelmente, este fato se deve a falta de um substrato rochoso mais extenso, que permita o estabelecimento de comunidades mais complexas e diversificadas. Em alguns sítios, verificam-se arbóreas pequenas, 6-8m, emergentes em meio à vegetação campestre e com distribuição espaçada. As espécies predominantes são aquelas comuns aos cerrados: pau-de-tucano (Vochysia tyrsoidea), jacarandá-do-cerrado (Dalbergia miscolobium), pau-terra (Qualea dichotoma). Na área central da mina há um pequeno grupamento de arbóreas, com espécies típicas das florestas estacionais entre estas: guatambu (Aspidosperma parvifolium ), guaperê (Lamanonia ternata), embaúba (Cecropia pachystachya), maçaranduba (Persea pyrifolia), sangra-d’água (Croton echinocarpus). SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 4/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Segundo os estudos, aquelas assinaladas como ameaçadas somam três, estando, enquadradas na categoria vulnerável. Fauna Para a realização do presente trabalho escolheram-se os grupos das aves e mamíferos como referência para os vertebrados terrestres. A fauna de vertebrados terrestres que originalmente ocupava os campos e matas apresentavam grande diversidade fundindo elementos dos dois biomas. Todavia a redução e descaracterização dos ambientes naturais vêm provocando efeitos negativos sobre esta. Poucas foram às espécies de animais, aves ou mamíferos, típicas de matas que ainda puderam ser observadas durante os trabalhos de campo. Dentre estes podemos destacar a borralhara (Piriglena leucoptera) e o caxinguelê (Sciurus aestuans), espécies típicas, porém pouco exigentes quanto à conservação dos ambientes. Chamam-se a atenção os índices de diversidade e riqueza que aparentemente indicariam ambientes relativamente bem conservados. No entanto, estes resultados são decorrentes da forma de ocupação da base da serra, que permitiu a formação de um mosaico de ambientes fisionomicamente muito distintos, como pastagens artificiais, reservatórios de água e capoeiras densas. A diversidade de fisionomias funciona, quando estudada em conjunto, como um único ambiente de maior complexidade que permitiria a instalação de uma fauna mais diversa. Quadro 1 - PARÂMETROS GERAIS OBTIDOS PARA AS COMUNIDADES DE AVES ADA (campos ferruginosos) AI (campos e capoeiras) Nº espécies Densidad e Equitabilidade Diversidade Riqueza 21 12,67 0,89 7,61 3,66 40 14,56 0,91 10,18 5,15 Os cam pos, ainda não descaracterizados, da área do empreendimento apresentam-se com fauna de composição típica, que mescla elementos do cerrado, como o periquitoestrela (Aratinga aurea), o joão-tenenem (Sinalaxis spixi), a tolinha (Elaenia cristata) e o tiziu (Volatinia jacarina), com espécies típicas dos campos rupestres, como o beija-flor-deorelha (Colibri serrirostris), o canelinha-da-serra (Polistictus superciliaris) e o sabiá-daserra (Embernagra longicauda). É evidente, portanto, que a manutenção da fauna depende diretamente de áreas mais bem conservadas ao longo da serra e em conexão com a ADA, ainda que muitos indivíduos tenham sido observados diretamente sobre os solos expostos, nos antigos taludes e nas erosões, principalmente psitacídeos. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 5/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Não foram encontradas espécies ameaçadas de extinção na área diretamente afetada e nem na área de influência direta do empreendimento. Meio Socioeconômico A lavra denominada Mina da Argentina, encontra-se localizada no município de Belo Vale, município que compõem a denominada Área de Influência do presente empreendimento para o meio socioeconômico. Para o que concerne ao meio socioeconômico da Mina Argentina, entendeu-se como Área Diretamente Afetada as áreas de instalações do empreendimento, como cava e pilha, dentro do decreto, onde não existem moradores. Como AID Área de Influencia Direta considerou-se a área do decreto minerário. A Área de Influência Indireta - AII / Área de Entorno - AE do empreendimento ficou como o município de Belo Vale e fazendas no entorno do empreendimento. Cabe ressaltar que estas fazendas se encontram distantes da área estudada, cerca de 07 km, já fora da área do decreto minerário. O município de Belo Vale está situado na Zona Metalúrgica de Minas Gerais. Segundo dados da Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o município de Belo Vale faz parte da Macrorregião Central, Microrregião de Itaguara. Os municípios limítrofes de Belo Vale são Bomfim, Brumadinho, Moeda, Ouro Preto, Congonhas, Jeceaba e Piedade das Gerais. A sede municipal encontra se situada numa altitude máxima de 1.612 metros e mínima de 786 metros. O principal acesso rodoviário que liga Belo Vale aos grandes centros urbanos é feito pela MG-442, BR-040. A distância do município à capital do estado de Mina s Gerais é de 82 km. De acordo com dados preliminares, estima-se que hoje a população em Belo Vale esteja entorno dos 7.673 mil habitantes (IBGE, 2005). Em 2000, segundo dados do IBGE, apesar de ainda existir o predomínio da população rural sobre a urbana, ocorreu uma redução considerável de diferença entre as camadas, representada por aproximada 40% na zona urbana e 60% na área rural. Belo Vale é uma cidade de pequeno porte, tendo sua economia carente de investimentos, destacando-se no município atividades relacionadas à agropecuária, mineração, pequenas indústrias, artesanato e turismo. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 6/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Segundo dados da Prefeitura Municipal, Belo Vale tem informalmente o desenvolvimento do artesanato, que responde positivamente na economia, tornando-se fonte de geração de emprego e renda na região. A economia se baseia principalmente nas atividades agropecuárias e comércio. Na agricultura há uma considerável produção de tangerina (mexerica ,pocan), respondendo inclusive por vendas para outros estados, como para a região nordeste do Brasil. Há também no município produção de laranja, mandioca, feijão, batata, milho, batata-doce e melancia. Plantações de cana-de-açúcar também têm sofrido crescente destaque no município, respondendo localmente pela instalação de diversos alambiques no município. O setor industrial de Belo Vale é pouco representativo, detém uma participação entorno de 30% do PIB municipal. O que existem de fato no município são pequenas indústrias, algumas caseiras, que desenvolvem suas atividades de forma artesanal, com pouco incremento de técnicas e equipamentos. Desse modo, o predomínio do fator gerador de PIB em Belo Vale fica a cargo do comércio. Em relação às questões ambientais foi constatado que há na prefeitura de belo Vale a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Movimentos Comunitários de Belo Vale. Existem por parte da Secretaria de Meio Ambiente Municipal projetos de ampliação das ações do CODEMA e educação ambiental nas escolas. Relacionadamente a isso ocorre também em Belo Vale uma organização formalmente constituída, voltada especificamente para a questão ambiental, a Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAABV), criada em 1985, sendo um dos melhores exemplos de Associação local, tendo sua atuação direta em assuntos relacionados ao meio ambiente no município. 2.1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO A lavra seguirá a geometria da semi-cava já aberta na área do decreto, para a qual os seus bancos serão reconformados. A recuperação geométrica da cava será executada através da atividade de lavra desenvolvida a céu aberto, em bancadas sucessivas e descendente, com a retirada de todo o tipo de minério encontrado. Como o minério itabirítico é recoberto por camada superficial de canga ferrífera, inicialmente ocorrerá o desmonte em separado deste tipo de material, para que o SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 7/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável mesmo seja blendado a outros minérios, devido ao seu alto teor em fósforo, antes de ser encaminhado à instalação de tratamento, situada 17km da mina. O estéril é constituído por blocos de itabirito silicoso disseminados no minério, que vão aparecendo à medida do avançamento da lavra, sendo mais freqüentes em certos trechos superficiais. O desmonte do minério seja ele constituído pela canga resistente ou pelo itabirito intemperizado, deverá ser realizado através do emprego de escavadeiras e de detonações para desmontar a rocha e permitir a complementação do trabalho através da utilização de escavadeira, que promoverá a carga destes materiais em caminhões basculantes, os quais levarão o minério até a instalação de tratamento. As bancadas de lavra terão altura de 10 m, bermas semi-horizontais, com ligeira inclinação no sentido do maciço, para a drenagem de águas pluviais, e taludes subverticais. Disposição de Estéril O estéril da mina em questão é constituído, principalmente, por cangas e blocos de itabirito silicoso, disseminados no minério os quais, após serem desmontados, precisam ser fragmentados para atingirem tamanhos compatíveis com o volume da caçamba da escavadeira e/ou pá mecânica, que os colocará no caminhão para serem removidos para a pilha de estéril. Como assinalado no balanço de massa, para a produção de 100.000 t mensais de minério de ferro, será gerado o equivalente a 33.300 toneladas de estéril, considerando a densidade média de 2,8, tem-se um volume de 11.892 m³ x 1,4, considerando-se um fator de empolamento de 40%, o que corresponde a 16.650 m³/mês de material estéril. O local selecionado para disposição do esteril situa -se na porção extremo oeste da área do decreto de lavra, onde os vazios correspondentes a cava originada pela lavra de ferro manganês, e que será preenchido com o estéril proveniente das áreas novas. Situação que representa um expressivo ganho ambiental, pois, além de resolver a questão da disponibilização de espaços para esta finalidade, possibilitará a recomposição topográfica de um terreno degradado. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 8/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 2.1.1. RESERVA LEGAL O empreendimento possui Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta, firmado com o IEF para a propriedade denominada Fazenda dos Pintos, zona rural do Município de Belo Vale – MG, registrada sob o nº 2942, livro 3-C, folha 196/197, declarando que a vegetação existente em área de 17,56ha, não inferior a 20%, fica gravada como utilização limitada, não podendo nela ser feito qualquer tipo de exploração. 2.2. AUTORIZAÇÃO PARA EXPLORAÇÃO FLORESTAL Para o empreendimento em tela não será necessária a supressão de vegetação, visto que, a lavra ocorrera em local já impactado pela atividade mineraria praticada no pretérito. 2.3. IMPACTOS IDENTIFICADOS MEIO FISICO Os impactos ambientais relacionados ao meio físico são aqueles inerentes à própria atividade de lavra, basicamente representados pela modificação da topografia local, remoção do solo, impacto visual, elevação do nível de ruído, disposição de esté ril, geração de poeira e gases e geração de efluentes líquidos e sólidos. Os principais impactos identificados são os seguintes: Ø Geração de estéril: este foi o principal impacto identificado, pois sua remoção e disposição final podem sofrer ações de processos erosivos com o conseqüente carreamento de sólidos para cursos d’água a jusante (córrego Esmeril). Ø Geração de resíduos sólidos: devido à substituição de peças e elementos de manutenção, reposição de equipamentos e o lixo gerado pela própria ocupação humana. Ø Geração de Efluentes: devido ao esgoto doméstico gerados pelos empregados. Ø Geração de particulado: causado pela emissão de partículas decorrentes da movimentação de veículos e máquinas nas estradas de acesso e pátios. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 9/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Ø Impacto Visual: causado pela abertura da cava, disposição do estéril, implantação da estrutura de apoio e abertura de acessos. Ø Geração de processos erosivos/assoreamento/turbidez: relacionado às áreas decapeadas, à disposição indevida do estéril e à falta de sistema adequado de drenagem. A erosão muitas vezes gera o assoreamento dos cursos d’água localizados a jusante devido ao carreamento de sólidos. Ø Geração de ruídos: decorrentes da utilização de máquinas, equipamentos e desmonte do minério e estéril com uso de explosivo. Este impacto não atingirá nenhuma comunidade, pois a mina está localizada em área isolada, porém poderá causar o afugentamento da fauna local. MEIO BIOTICO A fauna de vertebrados terrestres deverá sofrer impactos com a operação do empreendimento que, por sua vez, implica na movimentação de caminhões e máquinas pesadas numa área onde ainda existem trechos de vegetação nativa, provocando o aumento significativo dos níveis de ruídos em seu entorno direto. Os ruídos e vibrações deverão atingir níveis mais intensos num raio de algumas dezenas de metros a partir da lavra dependendo das condições locais de relevo. Este tipo de impacto atinge diretamente os animais já que o aumento do nível de ruídos tende a afugentar ou inibir algumas espécies mais sensíveis da fauna que procuram se afastar de sua fonte. No entanto o estado de conservação, já bastante alterado, da AI e do seu entorno direto, com a presença de minas abandonadas e em operação, reduzem a intensidade dos efeitos negativos decorrentes deste impacto. Assim este impacto foi considerado como de baixa magnitude para a fauna, visto que os animais já estão de certa forma condicionada nas regiões remanescentes de vegetação. Fase de Desativação A fase de desativação do presente empreendimento consistirá nas etapas de retirada ou deslocamento das máquinas e equipamentos da infra -estrutura existentes na Mina da Argentina. Com a desativação da exploração da Mina da Argentina, as áreas onde houve a supressão da vegetação ficarão desprovidas de suas características de vegetação SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 10/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e solo preexistentes. Entretanto, estas áreas deverão ser apropriadamente recuperadas e estabilizadas com a desativação, de acordo com o que está sugerido no Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, constituindo -se estas ações em impacto positivo, à medida que possibilitarão um incremento da cobertura vegetal. Salienta-se que os impactos analisados para a desativação do empreendimento têm como parâmetro de comparação à situação ambiental existente durante a fase de operação. As medidas de recuperação somadas à ocorrência de fragmentos florestais e campestres no entorno da ADA do empreendimento, poderão funcionar como fontes de propágulos de espécies vegetais, favorecendo ao processo de sucessão natural nestas áreas. Á medida em que as áreas de lavra forem se exaurindo, será dado início aos procedimentos de reabilitação. MEIO ANTROPICO Os impactos negativos gerados pelo empreendimento, já descritos anteriormente, tanto sobre o meio físico quanto sobre o meio biótico, atingirão direta ou indiretamente o meio antrópico, em especial à comunidade de Belo Vale. Podem ser descritos como impactos positivos à ocupação de mão-de-obra, aumento na arrecadação do ICMS e geração de recursos municipais através da CFEM, proporcionando uma demanda de serviços e um maior fluxo monetário para os municípios. 2.4. MEDIDAS MITIGADORAS As medidas mitigadoras apresentadas no PCA são aquelas já tradicionalmente utilizadas pelas empresas de mineração, levando-se em consideração, neste caso específico, que a atividade a ser licenciada diz respeito a impactos mais localizados, uma vez que não haverá instalação de beneficiamento, barragem de rejeitos, captação d’água para lavagem de minérios e rebaixamento do NA. As principais medidas que visam mitigar os impactos negativos, estão listados abaixo: Ø Geração de Estéril: A disposição do estéril da Mina da Argentina será realizada nas áreas de menor cota da mina, no interior da mina, em escavações antigas, onde já existe um local de topografia apropriada, portanto a área apresenta condições adequadas de estabilidade, que permitirão que o processo de formação da Pilha seja executado com segurança. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 11/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Ø Geração de resíduos sólidos: A mitigação dos impactos causados pela geração dos resíduos sólidos consistirá segundo o estudo apresentado na implementação de um programa de gestão baseado no estabelecimento de medidas operacionais de acondicionamento, armazenamento temporário e destinação final. Como premissa básica apresentada todos os resíduos serão coletados nas fontes de geração e separados em recicláveis e não recicláveis. Visando assegurar a qualidade dos resíduos gerados e com isso potencializar sua reciclagem, os procedimentos de coleta serão baseados no estabelecimento da coleta seletiva e será priorizada a segregação na fonte geradora, durante a atividade operacional. Ø Geração de Efluentes: Na área da Argentina foram instalados banheiros químicos em pontos estratégicos nas frentes de trabalho, devendo os mesmos serem recolhidos pelas empresas fornecedoras. Ø Geração de particulados: A Mineradora propõe uma medida tradicional no meio minerário que é a aspersão das vias de acesso através de caminhão pipa. Ø Impacto Visual: Como medida mitigadora para este impacto a mineradora propõe realizar uma geometrização da cava e realizar a revegetação dos bancos quando chegarem na sua geometria final. Ø Geração de processos erosivos/assoreamento: a drenagem será realizada através do sistema de canaletas periféricas e bacias escavadas de acordo com o avanço da lavra. Como a mina terá a geometria de uma cava, a drenagem será captada adequadamente dos bancos e direcionada até a parte mais baixa da mina. Na porção à montante ao longo de toda a área a ser minerada, ocorrerá a implantação de uma canaleta com a finalidade de captar as águas pluviais que precipitarem a montante da área, tendo como objetivo melhores condições de trabalho, bem como uma diminuição do carreamento das partículas sólidas. Ø Geração de ruídos: De uma maneira geral, as técnicas de controle dos níveis de ruído podem ser realizadas na fonte, no receptor e no percurso entre a fonte e o receptor. Para o controle a ser realizado na fonte o empreendedor propõem basicamente as seguintes medidas: SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 12/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Substituição dos equipamentos da mina por outro mais silencioso; Alteração no processo operacional e operação do equipamento em períodos preestabelecidos, e eliminação ou redução nas operações noturnas. Para a ação de desmonte de minério e estéril por explosivos a empresa propõe um criterioso planejamento do plano de fogo, com dimensionamento adequado do volume de explosivo a ser utilizado, que permite assumir que o evento fique restrito à área da cava. 2.5. 2.6.1 MEDIDAS COMPENSATÓRIAS COMPENSAÇÃO AMBIENTAL As atividades do empreendimento em tela tiveram seu iniciou acerca de 35 anos atrás, o que provocou significativos impactos ambientais a longo deste tempo a todo o meio biótico. Assim, esses impactos foram considerados como negativos e não mitigáveis. Em vista do fato exposto acima e considerando-se o art. 36 da Lei Federal Nº 9.985/2000, cabe a aplicação da compensação ambiental por parte do empreendedor. 2.6.2 COMPENSAÇÃO FLORESTAL Conforme a lei nº 14.309/02 e decreto Estadual nº 43.710/04 devido à intervenção de 12,07 ha na ADA, cabe a aplicação da compensação florestal a ser definida nas Câmaras de Proteção a Biodiversidade e de Áreas Protegidas. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 13/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 2.6. CONTROLE PROCESSUAL O processo encontra-se devidamente formalizado e instruído com a documentação listada no FOBI, N. º 501356/2006, constando toda a documentação solicitada e necessária à concessão da LO, apresentada e conferida através dos Recibos de Entrega de Documento N. º 014505/2007, 014504/2007, dentre eles taxa de recolhimento e anuências. Foi efetuada a assinatura com o IEF sobre o compromisso de averbação da Reserva Legal, conforme documento de fls. 02. Diante do regular processamento do feito, não há óbice para concessão da Licença de Operação, desde que a licença seja concedida conforme recomendações constantes deste Parecer e atendimento às exigências relacionadas no Anexo I, com os prazos de validade relacionados. 3. CONCLUSÃO Pelo exposto neste Parecer Único conclui-se que os estudos e documentos apresentados para a obtenção da LOC atendem à legislação ambiental vigente, sendo previstas medidas de controle ambiental para os principais impactos decorrentes da Operação da Mina da Argentina. Assim sendo, sugere-se a concessão da Licença de Operação com caráter Corretivo para o empreendimento em tela, condicionado ao cumprimento das condicionantes listadas no Anexo I deste Parecer. Data: 16/04/2008 Equipe Interdisciplinar: Claudinei Oliveira Cruz MASP 1153492-2 César Moreira Paiva Rezende Sergio Cruz SUPRAM - CM Assinatura 1136261-3 OAB 83.170 Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 14/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ANEXO I Processo COPAM Nº: 11495/2006/002/2007 Empreendimento: Argentina de Sousa Oliveira FI Classe/porte: 3/M Atividade: Lavra a céu Aberto sem tratamento ou com tratamento a seco- minério de ferro Endereço: Fazendas dos Pintos-Terra Seca S/N Localização: Fazendas dos Pintos-Terra Seca Município: Belo Vale/ Congonhas Referência: CONDICIONANTES DA LICENÇA ITEM DESCRIÇÃO PRAZO* 1 Qualquer intervenção além dos 12ha objeto deste parecer devera passar por licenciamento ambiental Durante a operação Apresentar projeto executivo da pilha de estéril 20 dias após a concessão da LO Apresentar mapa em escala adequada com o Pit final da mina. 20 dias após a concessão da LO Atender à compensação Ambiental e Florestal conforme determinado pela CPB (Câmara de Proteção à Biodiversidade e de Áreas Protegidas) 60 dias após a concessão da LO A empresa deverá utilizar espécies arbóreas nativas da região no Programa de Recuperação de Áreas Degradadas a ser implantado conforme cronograma presente no Plano de Controle Ambiental. A empresa não deverá utilizar as espécies de mucuna preta, braquíaria e capim meloso no seu coquetel de sementes para cobertura inicial da área. Durante os trabalhos de recuperação 6 Apresentar relatório a SUPRAM CENTRAL, com a lista das espécies arbóreas a serem plantadas, a metodologia e o local de plantio das mudas referentes ao programa de recuperação de áreas degradas. 60 dias após a concessão da LO 7 Executar o Programa de Automonitoramento conforme definido pela SUPRAM CENTRAL no Anexo II. Durante a vigência da LO 2 3 4 5 SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 15/16 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ANEXO II Processo COPAM Nº: 11495/2006/002/2007 Empreendimento: Argentina de Sousa Oliveira FI Classe/porte: 3/M Atividade: Lavra a céu Aberto sem tratamento ou com tratamento a seco- minério de ferro Endereço: Fazendas dos Pintos-Terra Seca S/N Localização: Fazendas dos Pintos-Terra Seca Município: Belo Vale/ Congonhas 1. EFLUENTES LÍQUIDOS Local de amostragem Parâmetros Freqüência A jusante do dique de contenção de sedimentos, coordenadas 7736250N; Turbidez, Sólidos Dissolvidos, Sólidos Suspensos, Sólidos Totais, óleos e Graxas, 609670E. Ferro Solúvel. Mensal Relatórios: Enviar anualmente à SUPRAM CENTRAL, devendo, entretanto manter disponível no empreendimento, os resultados das análises efetuadas. O relatório deverá conter a identificação, registro profissional e a assinatura do responsável técnico pelas análises alem da produção industrial. Método de análise: Normas aprovadas pelo INMETRO, ou na ausência delas, no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater APHA – AWWA, última edição. SUPRAM - CM Rua Espírito Santo, 495– Centro. Belo Horizonte – MG CEP 30160-030 DATA: 16/04/08 Página: 16/16