CONTRIBUIÇÃO DAS ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL DO SETOR DE SOFTWARE E SERVIÇOS DE TI PARA A 4ª CONFÊRENCIA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO MAIO DE 2010 CT&I PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CONTRIBUIÇÃO DAS ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL DO SETOR DE SOFTWARE E SERVIÇOS DE TI As propostas aqui apresentadas visam contribuir para a formulação de uma Política de Estado de CT&I que considere a contribuição e o papel a ser desempenhado pelas empresas de software e serviços de TI brasileiras atuando tanto no Brasil como no exterior. A elaboração deste documento foi Coordenada pela SOFTEX (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) e também contribuíram para seu conteúdo as entidades abaixo listadas, que são apresentadas em ordem alfabética e agrupadas em entidades nacionais e entidades regionais. ENTIDADES NACIONAIS Associação Brasileira das Empresas de Software – ABES Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação BRASSCOM Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – ASSESPRO Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro – SOFTEX Federação Nacional da Informática – FENAINFO ENTIDADES REGIONAIS Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia - ACATE Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação – APETI Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software – SOFTSUL Centro Internacional de Tecnologia de Software - CITS Incubadora de Empresas de Base Tecnológica TecVitória Instituto de Tecnologia de Software e Serviços - ITS Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro – SEPRORJ Sociedade Mineira de Software - FUMSOFT Sociedade Núcleo de Apoio à Produção e Exportação de Software do Rio de Janeiro RIOSOFT ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 2 CONTEÚDO INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4 Quem somos ....................................................................................................... 4 A Importância da IBSS ........................................................................................ 5 NOSSAS PROPOSTAS ............................................................................................................ 6 Ambientes Econômicos Propícios para a Inovação............................................. 6 Propriedade Intelectual para a promoção da Inovação ....................................... 6 Estratégias e Padrões de Financiamento Público e Privado ............................... 7 Conectores Academia-Empresa para a Inovação ............................................... 9 Ciências e Matemática nas Escolas e Educação Tecnológica .......................... 10 Recursos Humanos: Qualificação e Mercado de Trabalho ............................... 11 Propostas para o setor de Tecnologias de Informação e Comunicação ........... 11 Fortalecimento da P&D nas Empresas.............................................................. 13 Compras Governamentais como Ferramenta de Política Tecnológica .............. 14 Grandes Projetos Científicos de Colaboração Internacional ............................. 15 ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 3 INTRODUÇÃO Quem somos A Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI – IBSS é um setor pujante, que tem crescido a taxas superiores à media nacional. Cada vez mais se torna parceira fundamental para o desenvolvimento e a capacidade inovadora de praticamente todos os demais setores da economia. Durante o período 2003 a 2006, o número de empresas da IBSS cresceu a uma taxa média de 4,9% ao ano. Em 2007, a IBSS possuía 66.843 empresas [Observatório SOFTEX, a partir de tabelas especiais PAS/IBGE]. Em 2010, o Observatório SOFTEX estima que sejam mais de 70 mil empresas. Em geral, essas empresas são de pequeno porte. Acima de 80% delas com até quatro pessoas ocupadas, incluindo proprietários com atividades na empresa, sócios cooperados e assalariados. O número de pessoas ocupadas na IBSS cresceu 12,6% a.a. durante o período de 2003 a 2006. Em 2007, a indústria contava com 410.606 pessoas ocupadas [Observatório SOFTEX, a partir de tabelas especiais PAS/IBGE]. Agora, em 2010, este número deverá girar em torno de 600 mil pessoas. Entre as pessoas ocupadas na IBSS, no período 2003 a 2006, “assalariados” (302.171 em 2007) é o conjunto que mais cresceu: 17,0% a.a.. O montante de gastos com salários também cresceu no período (12,2% a.a.), decorrente deste aumento no número de assalariados. Das 3.811 empresas da IBSS com 10 ou mais pessoas ocupadas em 2005, 57,6% implementaram inovações no período 2003 a 2005 [Observatório SOFTEX, a partir de tabelas especiais PINTEC/IBGE]. O percentual é comparável ao verificado entre empresas européias da indústria de software e serviços de TI, tais como França e Holanda. Em seu esforço para inovar, as empresas da IBSS gastaram, em 2005, R$ 1,6 bilhão. Esse valor representa 5,9% do total da receita líquida das 3.811 empresas cobertas pela PINTEC e 5,2% da receita total da IBSS no ano mencionado. Todas as informações aqui apresentadas podem ser encontradas, com maior riqueza de detalhes, no volume 1 da publicação Software e Serviços de TI: A Indústria Brasileira em Perspectiva, desenvolvida com base em dados obtidos de fontes oficiais. A publicação esta disponível para consulta em www.softex.br/observatoriosoftex. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 4 A Importância da IBSS A TI é o principal propulsor da inovação em todas as atividades econômicas, através da mudança de processos e de novos produtos, determinando a competitividade no mercado globalizado. Mais recentemente, a junção de elementos de interatividade com as tecnologias de realidade virtual (inclusive em 3D), e o advento das soluções de “cloud computing”, somados ao incremento da telefonia celular (4G), criou um cenário que trará profundas mudanças nos modelos e práticas empresariais, e nas relações sociais. O impacto do uso e disseminação das TICs é cada vez maior no Brasil, afetando inclusive a transparência e a participação política, na medida em que a divulgação de informações na internet permite o acompanhamento dos gastos públicos, assim como a atuação dos representantes escolhidos pela população. Mas é preciso cuidar para que a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação andem de mãos dadas, integrando todos os vértices da tríplice-hélice, viabilizando a transformação da pesquisa em inovação e desenvolvimento efetivo, lembrando sempre que as empresas do setor são peça fundamental para alcançar este objetivo. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 5 NOSSAS PROPOSTAS Respondendo ao chamado de participação lançado pelos organizadores da 4 a Conferência Nacional de CT&I, as entidades signatárias deste documento formularam, por consenso, o seguinte conjunto de propostas, já alinhadas com as sessões paralelas e temáticas da programação da conferência: Ambientes Econômicos Propícios para a Inovação A cadeia produtiva da IBSS é, como já comentado, intrinsecamente inovadora, constituindo arranjos operacionais dinâmicos e flexíveis. A complexidade inerente a grandes sistemas computacionais acaba estimulando a especialização de organizações que precisam se orquestrar para viabilizar o desenvolvimento, a implantação e a operacionalização de um conjunto integrado de softwares diversos. Esta não é uma característica exclusiva da IBSS, podendo ser também observada, por exemplo, na indústria de exploração de petróleo onde empresas como a Petrobrás precisam contratar inúmeros fornecedores para viabilizar a prospecção e a produção de novos poços de petróleo. A transição que temos testemunhado para uma sociedade da informação em um mundo cada vez mais globalizado trouxe novas formas da organização da produção e do trabalho que deixam cada vez mais de ser uma opção para se tornarem a única alternativa disponível para as empresas que queiram se manter saudáveis e competitivas. O conceito de inovação aberta (Open Innovation) estimula a interação entre empresas e a Lei Federal de Inovação reconhece que até mesmo em projetos inovadores é possível (e até recomendável) a subcontratação de componentes que compõem um produto ou processo inovador. Assim, a legislação trabalhista vigente no País acaba se tornando um contraponto ao esforço inovador do Brasil, criando insegurança jurídica, custos operacionais e, consequentemente, diminuindo a competitividade de empresas inovadoras. A IBSS é especialmente afetada e reforça neste documento sua posição em favor de uma revisão da legislação trabalhista que reverta o quadro descrito e já antecipe tendências inexoráveis como o teletrabalho e a subcontratação de empresas atuando na mesma atividade-fim. Propriedade Intelectual para a promoção da Inovação A Lei federal de inovação trouxe mecanismos importantes para incentivar o registro de novas patentes no Brasil, até porque este é um importante indicador internacionalmente aceito para mensurar o grau de inovação presente na economia de países e regiões geográficas. Por outro lado, no Brasil, a patente não é o instrumento apropriado para proteger a propriedade intelectual relacionada ao software. Este posiciona________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 6 mento encontra eco na comunidade internacional, já que a União Européia, após longo debate, também rejeitou as patentes para software. Este entendimento não é, contudo, uma unanimidade. Os Estados Unidos, berço da TI e principal mercado produtor e consumidor de software e serviços de TI, protege a propriedade intelectual relacionada com software através de patentes. É bem verdade que mesmo naquele país existem grupos organizados questionando as patentes para software e demandando novas alternativas para lidar com a propriedade intelectual do software. Com base nestas considerações temos os seguintes pontos para os quais pedimos atenção: a) O debate em torno da propriedade intelectual do software pode ter diminuído em intensidade após a opção feita pela União Européia, mas não nos parece pacificado. É importante que o Brasil acompanhe estes debates e participe dos fóruns apropriados, participando ativamente das definições de eventuais propostas que possam surgir sobre esta temática; b) A política de incentivo à inovação em vigor no Brasil, que recomenda cuidados para proteger a propriedade intelectual mediante o estímulo ao registro de novas patentes e cultivares, nos parece conflitante com outra iniciativa de governo: a declarada preferência pelo assim chamado software livre. Entendemos que o software livre é um modelo de negócios que já vem sendo praticado por inúmeras empresas no exterior, e mais recentemente no Brasil, e que tem seus méritos e deméritos. Mesmo reconhecendo que existem projetos e iniciativas onde o software livre poderá ser uma alternativa viável, entendemos que não é cabível que o estado se manifeste preferencialmente favorável a ele. Não queremos tão pouco colocá-lo em uma posição desvantajosa. Nossa proposta é que sejam estabelecidas condições para avaliar a contratação de software de forma mais ampla, permitindo que softwares sendo oferecidos através de diferentes modelos de negócio possam competir em condições de igualdade, prevalecendo aquele que no seu conjunto, incluindo os serviços agregados, possam demonstrar as melhores condições de preço e técnica para atender às necessidades do estado. Estratégias e Padrões de Financiamento Público e Privado Reconhecemos o enorme avanço na participação das empresas nos editais de subvenção viabilizados após a Lei Federal de Inovação. Entretanto, é necessário continuar aperfeiçoando as estratégias e os padrões adotados. Assim, entendemos ser importante considerar: a) A escolha das áreas de subvenção econômica baseada em critérios de demandas reais da Sociedade Brasileira, com critérios claros de seleção que fomentem efetivamente a inovação; b) O ciclo de apresentação de projetos, análise de propostas, divulgação de resultados e contratação de projetos precisa ser substancialmente ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 7 agilizado, sob pena de comprometer a originalidade/inovação dos projetos. Há que se aproveitar melhor o esforço das empresas proponentes, oferecendo informações mais precisas sobre os motivos que levaram determinados projetos a não ser enquadrados, contribuindo para que estas empresas tenham condições de melhorar seus projetos e ter melhores chances em chamadas futuras; c) As entidades signatárias deste documento se colocam igualmente à disposição para contribuir com a seleção e o monitoramento de projetos de P&D no âmbito da IBSS. Reconhecemos o esforço atualmente já feito neste sentido, com representantes do setor sendo convidados a participar de bancas de avaliação de projetos. Mas o grande volume de projetos de TI que comumente tem sido apresentado em chamadas e editais, somados a conhecimentos específicos de potencial de mercado, mudança de paradigmas e estratégias de divulgação e marketing (essenciais para projetos inovadores da IBSS), configuram um cenário onde mais representantes do setor privado poderiam participar da avaliação e seleção de projetos financiados com recursos do estado; d) Desburocratização das linhas de financiamento, melhorando as condições de acesso de recursos para as médias e pequenas empresas (MPEs). Um exemplo é a obrigatoriedade de adotar procedimentos equivalentes aos seguidos pela União, através da execução de licitações, pregões e assemelhados. Esta é uma sugestão que vem sendo considerada também pela União Européia, conforme o memorando MEMO/10/156 publicado em 29/04/2010 e disponível para consulta em: http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=MEMO/10/156&f ormat=HTML&aged=0&language=EN&guiLanguage=en; e) Outro ponto relevante é ampliar os recursos disponíveis para fomento do setor, investindo montantes proporcionais à sua importância no PIB Brasileiro, mantendo em perspectiva a relevância cada vez maior da TI nas maiores economias do planeta; f) Dados da PINTEC (2005) revelam que a maioria das inovações nas empresas (67%) se dá em modelos de gestão e mudanças organizacionais. Um aspecto inovador importante na área de TI é a “inovação em modelos de negócios”, o que, entretanto, é pouco incentivado pelos agentes e instrumentos de apóio à inovação. É preciso que se reverta tal situação; g) Dar continuidade aos programas de estímulo à criação e operação de fundos de investimento com foco em empresas de base tecnológica; h) Estimular também o fortalecimento do setor e a consolidação de suas empresas através de apoio financeiro a fusões e aquisições, bem como à formação de uma cultura associativista e exportadora; i) Desoneração dos encargos trabalhistas incidentes sobre a folha de salários, com ampliação para o mercado do benefício fiscal concedido na Lei 11.774/08; ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 8 j) Lembrar que empresas e OSCIPs privadas não contam com quadro funcional custeado pelas diferentes esferas de governo e que projetos de P,D&I demandam gestão. Assim, na enorme maioria das vezes, as margens previstas nas chamadas e editais lançados pelas instituições de fomento para cobrir gastos com custeio não são suficientes para fazer frente ao conjunto de procedimentos exigidos. Custos relacionados com design e marketing são, na maioria das vezes, considerados itens não financiáveis, comprometendo o sucesso de projetos inovadores sendo executados por MPEs ou empresas nascentes; Ainda sobre a desburocratização da execução de projetos com recursos de subvenção, entendemos que a reformulação da Lei 8.666, que tem sido utilizada como referência em inúmeros editais e chamadas, será um desafio de mais longo prazo. Não obstante, temos as seguintes propostas: Obrigar as empresas que usufruem da Lei de Informática que publiquem em seus sites na internet tabelas de preços de todos os equipamentos fabricados no País com PPB, informando seus respectivos preços unitários e prazo de entrega. As ICTs e empresas interessadas em adquirir equipamentos com recursos de subvenção poderiam fazê-lo de forma simplificada. Procedimento semelhante poderia ser adotado para aquisição de equipamentos com IPI reduzido conforme estabelece a Lei do Bem; Revisão dos procedimentos adotados pelo CNPq, permitindo que recursos financeiros sejam repassados a pessoas jurídicas e não a pessoas físicas como acontece atualmente. Nesta mesma linha, permissão para que os recursos sejam depositados em contas de pessoa jurídica, facilitando o acompanhamento e a prestação de contas dos recursos disponibilizados. Conectores Academia-Empresa para a Inovação A participação de empresas e ICTs em editais e chamadas para projetos de P,D&I é cada vez mais comum. É, entretanto, uma prática aceita,mas comumente não estimulada ou recompensada. Devemos considerar novos mecanismos de fomento a esta integração, não apenas entre empresas e ICTs, mas também entre diferentes departamentos e unidades das ICTs. Até porque a TI é cada vez mais aplicada de forma horizontal nos mais variados setores econômicos. O uso do poder de compra do governo pode também estimular novas parcerias, garantindo que as empresas e o setor acadêmico possam trabalhar de forma coordenada em projetos que atendam não apenas a demanda governamental, mas que promovam em paralelo a transferência de tecnologias inovadoras para o setor privado, facilitando inclusive a exportação de produtos e serviços incorporando estas tecnologias. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 9 Uma outra proposta, mais específica, gira em torno das redes ultra-velozes. Nos primórdios da internet no Brasil a Softex teve papel preponderante na sua disseminação entre as empresas da IBSS. Deparamo-nos agora com uma nova onda de inovações que serão decorrentes do uso da internet em banda ultra larga, já disponibilizada a baixo custo em alguns poucos países. Mas a realidade brasileira é outra, mesmo contando com a competente atuação da RNP na gestão de uma moderna infraestrutura para interligação das nossas universidades e ICTs. Infelizmente os critérios hoje adotados impedem que a Softex possa ser uma entidade primária no backbone da RNP, para mais uma vez, de forma controlada e criteriosa, facilitar o acesso as nossas empresas inovadoras para que estas experimentem e desenvolvam software e serviços inovadores, capazes de tirar proveito do acesso à internet em altíssima velocidade. Outro uso, em nosso ponto de vista igualmente válido, é ofertar salas de videoconferência, ou mesmo de telepresença, para que empresas do setor possam desenvolver parcerias e projetos de pesquisa com universidades e ICTs geograficamente distantes. Seria uma importante ferramenta de colaboração com o exterior, mas também dentro do Brasil com suas dimensões continentais. Assim, resumidamente, fica a proposta para que o sistema Softex possa se interligar ao backbone da RNP e servir como ponto de acesso para as empresas do setor. Ciências e Matemática nas Escolas e Educação Tecnológica Considerar a computação como um dos pilares básicos do conhecimento da ciência em todos os níveis da educação, sendo cada vez mais importante e relevante não apenas ensinar crianças e adolescentes a fazer uso de recursos educacionais de forma mais convencional (acesso à internet, uso de email e de ferramentas de produtividade tais como editores de texto e planilhas), mas apresentar a elas conceitos computacionais que certamente serão valiosos no seu futuro profissional, independentemente da profissão ou da área de atuação escolhidos. A oferta de disciplinas introdutórias a conhecimentos básicos de programação, recuperação e manipulação de dados, de preferência contextualizadas com a solução de problemas do dia a dia apresentados no currículo regular de outras disciplinas, deve ser estimulado. É igualmente importante considerar o ensino de Inglês como indispensável desde as primeiras séries do ensino fundamental, permitindo que todos os alunos tenham condições reais de se comunicar neste idioma. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 10 Recursos Humanos: Qualificação e Mercado de Trabalho Mantido o Cenário Esperado de crescimento da receita, da produtividade e da capacidade de contratação de mão de obra, estima-se um déficit, em 2013, de 140 mil profissionais diretamente ligados a produção de software e serviços de TI. Em um cenário mais orientado para serviços, que exige uma quantidade maior de pessoas, esse déficit pode chegar a 200 mil. A falta de profissionais qualificados será uma barreira ao desenvolvimento setorial e à estratégia do País apoiada em conhecimento tecnológico e inteligência competitiva sustentável. É, portanto, indispensável pensar em novos modelos e estratégias para enfrentar e reverter este cenário de déficit, criando estímulos especiais para instituições e alunos visando pelo menos dobrar a oferta atual de novos profissionais para a IBSS. Para tanto propomos: a) Em face ao desenvolvimento da Educação a Distância, promover a utilização das ferramentas de software que permitem gerar conteúdos interativos, distribuindo-os através da WEB, da TV Digital e de outros meios; b) Articulação entre os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação, com vistas a inclusão de conteúdos relacionados à área de informação e informática em cursos de graduação e pós-graduação de profissionais em geral; c) Igualmente, articulação entre os Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Trabalho e Emprego, que gere o PNQ, com vistas a melhor aproveitar os investimentos com qualificação para a IBSS; Propostas para o setor de Tecnologias de Informação e Comunicação As TICs se fazem cada vez mais presentes em diversos setores econômicos, muitas vezes afetando profundamente estruturas e modelos de negócios vigentes. A convergência digital vem exacerbando estes efeitos nos setores que trabalham com diferentes formas de conteúdo, tais como livros, música, filmes, notícias e outros. Neste processo é preciso cuidar para que a cultura nacional não se veja achatada e menos valorizada. É preciso que: a) Se faça a exploração efetiva das potencialidades da Convergência Digital que preservem e valorizem a cultura nacional e os valores das diversas regiões do País; b) Novos modelos de produção e distribuição de conteúdos nacionais levando em conta as novas tecnologias de convergência de mídias. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 11 Outros aspectos que devem ser considerados no âmbito das TICs são: c) Estimular a pesquisa sobre novas estratégias para mapear e explorar bases de dados estruturados e não-estruturados, delas extraindo informações que ampliem a capacidade de concorrência em diferentes áreas de aplicação; d) Estimular pesquisas e estudos em Engenharia de Software sobre os processos de desenvolvimento de sistemas e modelos de negócios, focando em ferramentas e metodologias para a busca cada vez mais incessante não somente da qualidade como também, e principalmente, da produtividade. Fala-se do aumento progressivo da produtividade, mas não há estudos sistemáticos focados nessa busca; e) Criar ou reformular instrumentos jurídicos, normativos e organizacionais que permitam assegurar a cada cidadão a confidencialidade, a privacidade e a disponibilidade dos dados e das informações individualmente identificadas nos sistemas informatizados. Estas garantias, bem como a garantia de autenticidade e de integridade dos dados e informações manipuladas, deverão ser viabilizadas através da aplicação de tecnologias e condutas que permitam alcançar estes objetivos, sendo ao mesmo tempo compatíveis com as melhores práticas de segurança de informação adotadas pelo mercado em geral; f) Inserção de estudos sobre acessibilidade, uma preocupação crescente em outros países e aqui ainda um pouco distante dos nossos enunciados de política tecnológica em TIC. Somos uma sociedade com cerca de 14% de pessoas portadoras de alguma forma de deficiência. Portadores de deficiência precisam ser incluídos efetivamente no mercado, mas através do uso da TIC. Além de serem agregados, podem ser agregadores de valor - tão importantes como os demais trabalhadores. Estudos e pesquisas em soluções de acessibilidade devem fazer parte da formulação da política de TIC; g) O Artigo 19º da Lei do Bem (LEI Nº 11.196, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2005), posteriormente regulamentado através do Decreto nº 5.798, de 07.06.2006, no seu parágrafo 3º, prevê que a pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor correspondente a até 20% da soma dos dispêndios ou dos pagamentos vinculados à pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica objeto de patente concedida ou cultivar registrado. Infelizmente, conforme já mencionado no item 2), patentes não são, no Brasil, concedidas para software. Nossa sugestão, portanto, é que este artigo seja reformulado para conceder os mesmos 20% de benefício para as empresas que registrarem no INPI software original (registro de novas versões de um software já disponível no mercado não seria considerado). Finalmente, a preocupação do Governo Federal de difundir e baratear o acesso a internet banda larga é um fato de grande importância. A consolidação e expansão da infra-estrutura de Banda Larga é indispensável para inserção e manutenção do País na Sociedade do Conhecimento. Em um cenário ideal, tal consolidação e expansão deveria acontecer em um ambiente ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 12 com melhor regulação e maior gestão pela agência responsável, combinados com investimento público para universalizar a oferta e o provimento privados. Reputamos como fundamentais para a IBSS os seguintes aspectos na implementação do PNBL: Considerar o acesso a banda larga pelas empresas de software e serviços como um insumo estratégico, dando-lhes um tratamento tarifário diferenciado, através da utilização de recursos do FUST, e isentado de impostos os serviços contratados; Fortalecer o papel fiscalizador da ANATEL, buscando a separação entre a infraestrutura e a prestação dos serviços, propiciando a "neutralidade" da rede, permitindo assim a oferta de serviços ao mercado sem a necessidade de obter o "consentimento" das TELECOM. Fortalecimento da P&D nas Empresas Rever as tabelas de bolsas e auxílios vigentes, reduzindo as diferenças existentes entre a remuneração praticada pelas empresas em relação aos ganhos auferidos por alunos e pesquisadores quando trabalhando em ICTs. O mesmo vale para as diárias praticadas pelas instituições de fomento, mesmo que considerando diferenças regionais no custo de vida. Ao aproximar tais valores daqueles praticados na iniciativa privada é provável que os programas de estímulo à inserção de pesquisadores nas empresas se tornem mais efetivos. Outro aspecto importante refere-se à Lei do Bem (LEI Nº 11.196, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2005), cujos efeitos poderiam ser mais expressivos se abrangesse empresas inovadoras que recolhem o imposto de renda pelo regime de lucro presumido. Atualmente, ao oferecer incentivos apenas para as empresas no regime de lucro real, a Lei tem potencial para atingir apenas 6% das companhias nacionais, percentual este que não deve chegar a 0,5% no caso das empresas de TI. Ainda sobre o fortalecimento de P&D nas empresas, principalmente as de menor porte, o acesso a informações sobre tecnologias, soluções e companhias concorrentes faz diferença. É inegável que a internet facilita o acesso a informações como estas, mas as mesmas precisam ser sistematizadas e analisadas sob o ponto de vista da inteligência competitiva/ estratégica. Tal análise considera aspectos de mercado, mas a componente tecnológico-científica é também fundamental. Assim, o financiamento de pesquisas e estudos nesta linha é indispensável. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 13 Compras Governamentais como Ferramenta de Política Tecnológica É fundamental que todas as esferas de governo (Federal, Estadual e Municipal) estimulem a contratação de empresas brasileiras para executar projetos de software ou prestar serviços de TI. Tais contratações fortalecem a posição conquistada por essas empresas no mercado interno, reforçando a sua capacidade de conseguir bons contratos de exportação de produtos ou serviços. Outra face desta mesma moeda é não incentivar o desenvolvimento de software por empresas públicas, que podem e devem manter a inteligência sobre os sistemas operados no interesse do estado, mas que poderiam contratar externamente o desenvolvimento, a implantação, a manutenção e a evolução dos mesmos. Esta abordagem traz ainda como vantagem a possibilidade de facilitar a exportação das soluções desenvolvidas externamente, possivelmente gerando royalties para o estado. Em um cenário onde o estado se apresenta como desenvolvedor de software as oportunidades em torno da exportação diminuem significativamente, até porque exportação fica de fora do escopo de atuação de empresas públicas. Além disto, o estado como concorrente desestimula o desenvolvimento e o crescimento da IBSS, até porque compete em condições privilegiadas se comparado com a iniciativa privada. Não podemos deixar de mencionar a participação do setor acadêmico (instituições científico-tecnológicas, universidades públicas suas respectivas fundações associadas) em projetos contratados pelo estado envolvendo tecnologias ainda não transferidas para o mercado ou pesquisas na fronteira do conhecimento. Tal participação é não apenas bem vinda como fundamental e plenamente justificável na modalidade de dispensa de licitação. Por outro lado, projetos mais rotineiros, utilizando conhecimentos já amplamente dominados pelo mercado devem ser contratados exclusivamente com empresas do setor. Por exemplo, nos grandes projetos nacionais que fazem uso da TI (Nota Fiscal Eletrônica, TV Digital, etc.), a participação preferencial das empresas brasileiras deveria ser estimulada como componente estratégico do projeto, deste modo contribuindo para o crescimento e a consolidação destas empresas. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 14 Grandes Projetos Científicos de Colaboração Internacional O Brasil conta com diversos programas de colaboração internacional e nossos pesquisadores gozam de reconhecimento pelos seus pares em inúmeros países. São também cada vez mais comuns acordos de cooperação bilaterais ou regionais financiando projetos de P,D&I com ICTs dos países envolvidos. Sem prejuízo da manutenção e até mesmo expansão de programas deste tipo, propomos que parte dos recursos existentes nestes programas seja aplicada para estimular a participação de empresas privadas. A realização de intercâmbios entre pessoal técnico alocado nas empresas ou investimentos para incubação de empresas no exterior são algumas das opções que deveriam ser consideradas. ________________________________________________________________________________________ CT&I para o desenvolvimento sustentável: contribuição das entidades de software e serviços de TI 15