GERÊNCIA FINANCEIRA NA PRÁTICA:
O papel do Gestor Financeiro dentro das Pequenas e Médias
Empresas no Brasil.1
Luciana Cristina Machado Santos2
Ines Teresa Lyra Gaspar da Costa3
Resumo: A cada ano cresce o número de microempresas no Brasil, porém, na mesma rapidez que nascem
novas organizações, muitas portas se fecham por conta de sua má administração. Normalmente as Pequenas e
Médias Empresas dispõem de uma estrutura mais enxuta, onde a tomada de decisões se concentra nas mãos
do próprio dono. Independente de sua área de atuação, a Administração Financeira da PME é de fundamental
importância. Nesse cenário, o Gestor Financeiro é o profissional que deve dominar além do conhecimento
básico em Gestão de Financeira, Tributária e Cobrança. O presente trabalho apresenta o seguinte tema –
problema: Qual o Papel do Gestor Financeiro dentro das PME´s no Brasil? O objetivo principal desse estudo gira
em torno do questionamento acerca de quem é o Gerente Financeiro dentro da realidade das PME´s brasileiras
e quais características e habilidades devem se desenvolvidas. Para tanto, lançou-se mão da metodologia de
revisão bibliográfica buscando autores como Alexandre Assaf Neto, Carlos Alexandre Sá, identificando também
suas principais referências. Ao final, percebe-se que, com o passar dos tempos, essa profissão vem sofrendo
mudanças significativas, integrando-se às outras áreas, diminuindo a ideia de Setor, e com isso também
desburocratizando as atividades dentro das Pequenas e Médias Empresas.
Palavras-chave: Gestor Financeiro. Pequenas e Médias Empresas. Habilidades.
INTRODUÇÃO
Normalmente, as Pequenas e Médias Empresas, por conta de seu porte, possuem uma estrutura mais
enxuta em relação ao número de funcionários e ao espaço físico. Sua administração é, por muitas vezes,
familiar, e a tomada de decisões se concentra nas mãos do próprio dono.
Existem diversas questões sem respostas acerca da administração das PME´s, e uma questão muito
importante diz respeito ao profissional que gerencia, talvez, o mais importante setor dessas organizações: o
setor Financeiro. Manter o equilíbrio nas finanças diante de tantas situações adversas requer características, as
quais busca-se apresentar e discutir neste artigo.
1
Artigo final apresentado para o MBA em Pequenas e Médias Empresas da Unijorge.
Pós-graduada em Pequenas em Médias Empresas pelo Centro Universitário Unijorge. Bacharel em Psicologia pela
Universidade Federal da Bahia.
3
Mestre em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social, pela Fundação Visconde de Cairu (FVC). Pós-graduada
em Educação a Distância pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e em Metodologia do Ensino, Pesquisa
e Extensão em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
2
A abordagem desse trabalho se dá na demonstração da importância da Administração Financeira e da
responsabilidade do Gestor em assessorar o empresário nas tomadas de decisões. Afinal, diante de tantas
mudanças políticas e econômicas, faz-se cada vez mais necessária uma atuação presente do Administrador
Financeiro.
Faz parte da função do Gestor financeiro coordenar, monitorar e avaliar as atividades da organização
com o uso de dados financeiros atualizados e corretos. Esse profissional, por muito tempo visto como um
profissional mais sisudo, rígido e pouco simpático, hoje apresenta outras características que o tornam “mais
leve”. Espírito criativo, boa comunicação, busca intensa por capacitação e interação com outros setores são as
características mais marcantes do moderno gestor financeiro. Aliadas a todas essas características, a principal
atividade do Gestor Financeiro é o Planejamento.
Planejar consiste em fixar metas de gastos e vendas, fazer projeções do fluxo e das necessidades do
caixa e desenvolver estratégias alternativas, a fim de evitar possíveis problemas e, acima de tudo, estabelecer o
modo pelo qual os objetivos financeiros podem ser alcançados.
O Brasil vem passando por inúmeras mudanças e se desenvolvendo ao longo dos anos, essas
mudanças no cenário econômico nacional repercutem diretamente na atuação das empresas. Cabe ao
administrador saber direcionar bem os negócios e aproveitar as oportunidades que o mercado venha oferecer.
Independentemente do tamanho ou porte da Organização, manter a saúde financeira é de extrema
importância. Uma boa administração e o equilíbrio entre a Gestão de Contas a Pagar e Receber é um grande
desafio para o Gerente Financeiro. A atual situação do mercado exige integração entre todos os setores das
PME´s. Nesse contexto, os setores de vendas, produção, estoque e financeiro atualmente passaram a atuar em
conjunto:
“No passado, o Gerente de Marketing executaria a projeção das vendas e os
funcionários de engenharia e de produção iriam determinar os ativos necessários
para atender a essas demandas e caberia ao administrador financeiro a tarefa de
somente levantar os fundos necessários para comprar as fábricas, equipamentos e
estoques necessários. Porém, essa situação mudou. Atualmente, as decisões são
tomadas de modo muito mais coordenado e o diretor financeiro, geralmente tem
responsabilidade direta pelo processo de controle.” (BRIGHAM e HOUSTON, 1999,
p.37).
A abordagem desse trabalho se dá na análise e discussão de quem é o Gerente Financeiro, seu papel e
suas atribuições dentro da realidade das PME´s no Brasil. Visa-se também apresentar a estrutura do Setor
Financeiro e seu desenvolvimento ao longo dos anos e principalmente quais suas responsabilidades na tomada
de decisões dentro das Organizações.
As PME´s têm inúmeras limitações listadas e discutidas em diversos estudos na área de administração.
Seja o modelo de administração familiar, a administração centralizada ou até mesmo o pouco conhecimento do
negócio por parte do Empreendedor criam entraves e dificuldades que podem levá-las até mesmo ao
fechamento.
Esse artigo pretende ser mais uma contribuição para o melhor entendimento da relação entre o
Gestor Financeiro e as demais áreas de atuação dentro das PME´s, e o quanto seu conhecimento e
apresentação de dados atualizados podem ser fundamentais para a sobrevivência da empresa.
Afinal, quem é o Gerente Financeiro e, dentro da realidade das PME´s, que características e
habilidades devem ser desenvolvidas por esse profissional? Esse estudo tem por objetivo responder a essa
pergunta e identificar quem é, e qual o papel desse profissional e sua atuação dentro das PME´s. Além de
apresentar a estrutura do Setor Financeiro e, principalmente, quais as responsabilidades do Gestor na tomada
de decisões, destaca-se sua importância e participação nas tomadas de decisões dentro das Pequenas e Médias
Empresas.
A metodologia do estudo fundamenta-se, além dos autores da área de Administração Financeira, em
minha experiência prática na administração Financeira de uma Empresa de Pequeno Porte. Espera-se que esse
trabalho venha afiançar que, na sociedade atual, o Gestor Financeiro tornou-se um profissional de visão
estratégica, que também participa das decisões dentro da PME, buscando assim seu crescimento e
sobrevivência.
Com o passar do tempo, essa profissão vem se aprimorando e sofrendo mudanças significativas, que
envolvem e o integra a outros setores. Enfim, cada vez mais as áreas se interligam e interagem, diminuindo a
ideia de setor, e, com isso, diminui também a burocratização das atividades dentro das Pequenas e Médias
Empresas. Por conta disso, a comunicação interna passa a ser crucial, pois, além de conhecer bem o negócio e
manter todos os dados e planejamento financeiro em ordem, o Gestor Financeiro precisa boas habilidades e
facilidade de comunicação, afinal, em muitas situações, será necessário a esse profissional saber convencer o
dono da empresa nos momentos de importantes decisões.
“A administração financeira de uma empresa consiste em categorizar as áreas que
exigem tomadas de decisões pelos empresários, visando para a empresa à estrutura
ideal no que se refere o planejamento, a execução e o controle. (...) A função
financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos
fundos movimentados por todas as áreas da empresa.” (SOUZA, 2012, p.03).
É apresentado, no primeiro capítulo, uma abordagem histórica e a evolução da função financeira nos
Séculos XX e XXI. No segundo capítulo são discutidas as transformações políticas e econômicas e o impacto que
exerceram sobre o funcionamento do setor financeiro. O terceiro capítulo discute os atuais desafios do Gestor
Financeiro e seu papel como formador de opiniões e tomador de decisões dentro da realidade das PME´s no
Brasil.
Esse estudo tem como referencial teórico livros e artigos de Alexandre Assaf Neto, Carlos Alexandre
Sá, Lawrence Jeffrey Gitman e Edno Oliveira Santos. Pesquisas e estudos de Instituições como SEBRAE também
serviram de base para esse trabalho, que busca ser estímulo para estudantes e profissionais da área de Gestão
Financeira das Pequenas Organizações.
1 EVOLUÇÃO DA FUNÇÃO FINANCEIRA NOS SÉCULOS XX E XXI.
A cada ano, nascem novas empresas de pequeno e médio porte no Brasil, o que consequentemente
aumenta a oferta de empregos, movimentando o mercado. Segundo pesquisa do DIEESE, apresentada no
Anuário do SEBRAE, entre os anos 2000 e 2010, foram criados 6,1 milhões de empregos nas Pequenas e
Médias Empresas no Brasil, o que significa um crescimento médio de 5,5% a.a. Esse bom desempenho só
confirma a importância que essas organizações têm para a economia brasileira.
Porém, com a mesma rapidez que nascem novas empresas, muitas portas se fecham. A taxa de
mortalidade das PME´s gira em torno de 22% num período de até 02 anos de existência, segundo pesquisas do
SEBRAE (2011).
Esse capítulo tem por objetivo discorrer sobre as mudanças que vêm ocorrendo no Departamento
Financeiro ao longo dos Séculos XX e XXI, a fim de um melhor entendimento da definição do seu papel nas
Empresas no Brasil. Afinal, toda essa mudança na economia e no mercado de trabalho trouxeram mudanças e
evolução na função financeira. Estudar essas mudanças e o desenvolvimento da Função Financeira no passar
dos anos traz instrumentos para entender quem é o Gestor Financeiro atual.
O cenário político e econômico mundial vem, nos últimos anos, sofrendo modificações que
transformaram completamente as relações comerciais. Essas modificações promoveram a integração entre
diversas áreas nacional e internacionalmente. Todas essas variáveis foram também motivadoras para
atualização, evolução dos sistemas e surgimento de novas tecnologias. Tantos fatos que também repercutem
na administração das Pequenas e Médias Empresas.
Diante dessa realidade, é de extrema importância redobrar a atenção e buscar os melhores
instrumentos que auxiliem na administração das PME´s. O primeiro passo dessa jornada é saber quais são os
objetivos e missão da Organização, pois, independente de seu tamanho, esses são fatores que precisam estar
definidos e bem estruturados. Com seus objetivos e missão alinhados a uma organizada estrutura, fica mais
fácil alcançar o objetivo final que é a eficácia.
Nas empresas, independente de sua área de atuação: seja indústria, comércio ou serviço, três áreas
merecem atenção especial: compras, vendas e financeira. Estes, mesmo sendo setores distintos, seguem os
parâmetros básicos da gestão financeira. Dentro dessa realidade, planejar e controlar são palavras de ordem, e
cada setor tem papel importante nessa máquina, cujo objetivo é sobreviver, e com lucro.
Alcançar o lucro é uma tarefa árdua e bastante difícil. E o que pode ser observado ao longo dos anos é
que fatores externos de ordem política e histórica influenciam muito na saúde financeira das Organizações. Por
conta desse quadro, o Setor Financeiro deve se manter no mais perfeito funcionamento possível.
Para sobreviver, as PME´s precisam manter o equilíbrio entre o setor de Contas a Pagar e a Receber.
Ter fácil acesso aos valores futuros de Receitas e Despesas é fator importante para um bom planejamento e
definição das metas. Dar suporte a esse equilíbrio é o que podemos denominar Gestão Financeira.
O surgimento dos grupos industriais é considerado como marco do princípio do estudo sistemático em
Finanças, pois demandou a busca por recursos financeiros para suas operações, e a relação de desequilíbrio na
estrutura do capital da empresa, que, por muitas vezes, levou alguns grupos à falência, reforçando a
importância do administrador financeiro nesse quadro crítico.
Iniciando a apresentação dos fatores marcantes para a evolução da função financeira, temos a década
de 1920, que foi caracterizada pela expansão das novas indústrias e o processo de fusão de diversas empresas.
Porém, mesmo tendo sido um período com maiores margens de lucro, a flutuação de preços e escassez de
recursos financeiros foram pontos de preocupação. Já a década de 1930, trouxe a busca por estudos sobre
solvência, liquidez e recuperação financeira graças à recessão econômica decorrente da Crise de 1929.
a
Com a 2 Guerra Mundial, na década de 1940, as empresas passaram a ter necessidade de buscar
recursos para financiar a produção de bens. Uma rápida expansão econômica ocorreu em 1950, porém ainda
com o receio de uma possível recessão pós-guerra, por conta do aumento de custos de mão de obra e das
dificuldades de captação de recursos. A partir daí ganham importância os orçamentos e controles
administrativos: contas a pagar, a receber e estoques.
Nesta mesma época, surgiram duas correntes que se tornaram base das finanças modernas: a
primeira, lançada por Markowitz (1952), foca nos estudos de portfólio e risco e retorno; a segunda,
denominada Finanças Corporativas, que foi inaugurada por Modiglian e Miller (1958). Essa última, mesmo
tendo
sido
muito
difundida,
só
teve
seu
reconhecimento
na
década
de
1970.
(www.revistasusp.sibi.usp.br>acesso em Setembro/2012).
Uma recessão econômica mundial, provocada pelo esgotamento do sistema de crescimento
econômico implantado no pós-guerra, caracterizou a década de 1970. A crise do Petróleo, ocorrida entre 1973
a 1979, foi outro fator que agravou o cenário econômico mundial da época. A redução da produção de barris
de petróleo ocasionou um aumento de seu preço.
Importante destacar que paralelo a esses acontecimentos, em 1974, houve a crise da Bolsa de Nova
Iorque, aumentando ainda mais todo esse ambiente de riscos e incertezas no mercado financeiro.
A década de 1980 caracteriza-se por um modesto crescimento do mercado americano, mas também
pelo crescimento das taxas de juros, que impossibilitou aos países em desenvolvimento honrar seus
compromissos de financiamentos adquiridos na década de 1970. Para o Brasil, país exportador de petróleo, foi
um período marcado pela moratória, ocorrida em 1987.
Passam então a ganhar destaque os trabalhos que envolvem estudo de risco e mercado futuro. Para
Merton (1997), nessa década acontece a expansão da utilização dos modelos matemáticos, utilizados por
bancos comerciais e de investimentos. Importante período também, já que, em 1988, foi produzido o Acordo
da Brasiléia, que estabeleceu uma estrutura regulamentar mínima de cálculo de capital para as instituições
financeiras, que se tornou referência para os bancos.
Chegamos então na década de 1990, época da Globalização e de incremento do fluxo do capital
internacional. Com isso, os países passam a ter maior interdependência, o que pode ser positivo, mas também
preocupante, pois um colapso econômico num determinado país pode resultar em contágio nos demais.
Nesse momento, a “administração riscos” é tema de diversos estudos. Riscos de liquidação e de
crédito passam a caracterizar os sistemas de pagamento. O Comitê da Brasiléia novamente reúne-se, a fim de
reformular o Acordo de 1988, buscando aperfeiçoar e explicitar a função da supervisão bancária e das
Instituições Financeiras.
O início do Século XXI destaca-se com uma nova concepção: Governança Corporativa.
Responsabilidade Social e Ambiental passam a influenciar a administração financeira das empresas. Estudos de
Richard Thaler (1993), sobre a influência do comportamento humano nas decisões de ordem econômicas e
financeiras passam a ter maior relevância. (www.revistasusp.sibi.usp.br > acesso em Setembro de 2012).
A contribuição dos conceitos de psicologia à ciência econômica premiou com o Nobel de Economia em
2002, Daniel Kahneman (Tel Aviv, 05 de março de 1934). Esse profissional e estudioso, psicólogo e não
economista, sempre afirmou que seus conhecimentos em economia foram baseados em estudos de Richard
Thaler. Vale ressaltar que, numa lógica de mundo capitalista, a função financeira tem por objetivo principal
maximizar o valor da empresa para o acionista.
No Brasil, fatos nacionais tiveram menor impacto que os acontecimentos globais no desenvolvimento
das teorias e práticas financeiras. O que pode ser afirmado que a função financeira no país é determinada por
forte influência de conhecimento gerado no exterior, mais especificamente dos EUA. Um exemplo dessa
influência é que, após a implantação da Lei SOX, empresas brasileiras que possuíam ações no mercado de
capital norte-americano tiveram que se adaptar às suas exigências, e mesmo as organizações que ainda não
possuíam ações nesse mercado tentaram se adaptar a essa Lei, buscando maior diferencial em relação às
outras empresas.
Importante esclarecer que a Lei SOX, ou Lei Sarbanes-Oxley, foi assinada em 30 de julho de 2002 pelos
políticos norte-americanos: o Senador Paul Sarbanes e o Deputado Michael Oxley. Motivada por escândalos
financeiros, essa Lei foi redigida com o objetivo de evitar o esvaziamento dos investimentos financeiros e a
fuga de investidores causada pela insegurança a respeito da governança nas empresas. Ela garantiu a criação
de mecanismos de auditoria e regras para supervisionar suas atividades e operações, tudo com o objetivo de
evitar e, quando necessário, identificar a ocorrência de fraudes, garantindo a transparência na gestão das
empresas. (www.paradaprocafe.com.br/2011/05/24/afinal-o-que-e-a-lei-sox/> acesso em Setembro de 2012).
Entre os instrumentos de Gestão estudados ao longo das décadas, destaca-se em 2002 a utilização de
Balanços Sociais. Esse mecanismo visa à transparência das ações da Organização com o objetivo de tornar
público seus compromissos, trazendo informações qualitativas e quantitativas. Nesse ano, o Banco Central do
Brasil (BACEN) promoveu a reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), momento em que pôde
ser observado um aumento na liquidez do setor financeiro brasileiro, minimizando os riscos de crédito.
No início do Século XX, observamos que a função financeira caracterizou-se pela necessidade de
proteção da vida financeira das empresas num ambiente de crise ou de eventual falência. No decorrer do
tempo, conceitos relacionados à estrutura organizacional e à Teoria Econômica são incluídos em sua rotina.
Os avanços trazidos pela Globalização trazem a utilização de modelos de análises mais complexos, e a
necessidade de gestores com conhecimento mais aprofundado, com noções de conceitos de risco e retorno,
que passam a ganhar no Século XXI especial atenção. Ganha destaque a definição de estratégias financeiras e
gestão de riscos.
A evolução do papel da função financeira é resultado do acúmulo de conhecimentos e experiências
adquiridos ao longo dos anos:
“... é importante reconhecer que as concepções são influenciadas pelas limitações
dos paradigmas de cada época”. (<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.
Acesso em 03 setembro 2012).
Com fortes influências dos desafios e problemas de cada época, alguns aspectos passaram a
apresentar mais relevância. Questões ligadas à transparência nas relações e políticas internas foram inseridas,
porém sem perder, em nenhum momento, o foco principal, que é a maximização de lucros dos acionistas,
através de políticas de investimentos e financiamentos.
Durante o Século XX, a função financeira tem por objetivo proteger a empresa de uma eventual
falência, com o passar do tempo, conceitos referentes à estrutura organizacional e Teoria Econômica passam a
fazer parte de sua rotina, sendo incluídos em sua visão. Fatores que envolvem risco e retorno e custos do
capital se tornam objetos de estudo antes de qualquer tomada de decisão pelo Gestor Financeiro. Modelos
matemáticos mais complexos passaram a ser utilizados ao final do Século XX. Controles de orçamentos e fluxo
de caixa passam a ser cada vez mais utilizados.
Hoje podemos afirmar que, como resultado de todo processo histórico, a função financeira teve sua
evolução por meio de estudos e políticas que buscam equilíbrio nas contas e relacionamento com investidores.
Portanto, vale destacar que esse processo não está finalizado, pois estudos estão em andamento e sendo
constantemente explorados.
Ao Administrador Financeiro cabe direcionar as atividades de forma a aproveitar as melhores
oportunidades que permitam gerar lucros e baixar custos, e estar atento ao comportamento do mercado,
assim a organização pode estar preparada para momentos de crise. É fundamental que o Gestor esteja atento
às taxas de juros, inflação, valores de impostos e compreender a importância que essas variáveis têm para a
empresa.
2 O IMPACTO DAS TRANSFORMAÇÕES DE ORDEM ECONÔMICA SOBRE O FUNCIONAMENTO DO
DEPARTAMENTO FINANCEIRO.
No capítulo anterior, discutimos a evolução da função financeira ao longo dos séculos XX e XXI.
Durante esse período, fatores políticos e econômicos exerceram fortes influências e interferências na evolução
da estrutura do Departamento Financeiro dentro das empresas.
Importante discorrer que toda empresa precisa ter definida e organizada a estrutura de seu
departamento financeiro. Vale ressaltar que a mesma deve manter-se sempre atualizada e ter, em sua
estrutura de pessoal, profissionais competentes e ágeis.
Tradicionalmente, a estrutura do Departamento Financeiro é formada segundo organograma abaixo:
Diretoria Financeira
Gerência Financeira
Crédito e Cobrança
Contas a Pagar
Caixa
Controladoria
Contabilidade
Custos
Orçamento
Fonte : SÁ, Carlos Alexandre (2010, p.13).
Podemos observar que logo abaixo a Diretoria Financeira, o Departamento Financeiro é dividido em
Gerência Financeira, que basicamente acompanha os recebíveis e contas a pagar, movimentando os saldos de
caixa; e Controladoria, que atua com o controle de bens e as obrigações firmadas pela empresa.
Diante da realidade das Pequenas e Médias Empresas no Brasil, muitas não possuem uma estrutura
assim tão bem definida e organizada, e com profissionais atuando em cada área separadamente. Em sua
maioria todas as funções acima descritas são divididas em, no máximo, dois profissionais, e conta com a
direção de seu próprio dono, que normalmente acumula mais de uma função/setor. Sem contar que, parte das
atividades acaba sendo exercida diretamente pelo contador, como cálculos e pagamentos de impostos, folhas
de pagamento e rescisão, balanço etc.
Mas a pergunta é: o que as influências socioeconômicas têm a ver com o Departamento Financeiro das
Empresas no Brasil? A resposta está no fato de atualmente vivermos num mundo cada vez mais globalizado e
com políticas e acordos que integram os mais diversos países, a exemplo do MERCOSUL, um acordo firmado
entre países da América do Sul com objetivo de dinamizar a economia regional e movimentar entre si
mercadorias, força de trabalho e capital.
A partir dos anos 80, o mundo passou a ser Globalizado. Isso ocorreu com uma interligação entre os
mercados internacionais graças ao avanço das tecnologias, que romperam as barreiras da comunicação,
possibilitando a movimentação de valores em alta velocidade, juntamente com a difusão e transmissão de
informações, tudo isso a baixo custo. A Globalização é um fenômeno com ramificações industriais, comerciais,
financeiras e de prestação de serviços, que trouxe a internacionalização das economias.
Falamos bastante em Globalização, da influência que exerce sobre a economia e estrutura das
Empresas desde a década de 1980. Porém, outros fatos históricos também influenciaram o desenvolvimento e
definiram os modelos de economia nacional. Enquanto o mundo viveu o fenômeno da Revolução Industrial no
Século XVIII, no Brasil, somente na década de 1930 e após a 2ª Guerra Mundial é que a indústria passa a ser
apoio de nossa economia. Até então nosso apoio econômico era puramente agrícola, sustentado pelas
exportações, principalmente do café.
Mais elementos que reforçam a influência política em nossa economia aconteceram em meados da
década de 50, quando o então presidente JK apresenta seu Plano de Metas (1956-1961), com o slogan: “50
anos em 5” e o objetivo de acelerar a industrialização no Brasil. Anos mais tarde, em 1986, é implantado o
Plano Cruzado, com o objetivo de estabilizar a economia através do controle de preços, porém foi inútil, pois,
naquele momento, os índices de inflação eram absurdamente altos, e esse controle de preços só trouxe ao
mercado grandes problemas, principalmente a falta de produtos. Para as empresas, esse colapso só trouxe o
pior: aumento de encargos.
A Globalização no Brasil passa a ter maior intensidade na década de 1990. Mesmo com muitas
atitudes polêmicas, o Governo Collor deu um passo decisivo na quebra de barreiras tarifárias. Com uma política
de redução das alíquotas de importação, o Brasil é lançado no mercado internacional, com portas abertas.
Nessa mesma década, com a implantação do Plano Real, houve uma brusca queda no nível de preços. Com
isso, o imposto inflacionário declinou aumentando, principalmente, os rendimentos das classes mais pobres.
Nesse mesmo período, houve o desenvolvimento do processo de globalização econômica, aumentando o
volume de transações no comércio internacional, elevando assim as importações e também exportação de
nossos produtos.
Um fato relevante é que o mercado interno brasileiro não é muito forte, depende das importações e
exportações para manter-se aquecido e com isso a gerar emprego e renda. Por conta de toda essa integração,
qualquer mudança, seja política ou econômica, pode sim interferir na rotina das Pequenas e Médias Empresas,
não somente as que lidam diretamente com importação ou exportação de bens.
Os últimos anos têm sido bastante decisivos para nossa economia. O mercado brasileiro vem sofrendo
drásticas mudanças, que automaticamente interferiram também na atuação do Sistema Financeiro Nacional.
Os últimos vinte anos, além da criação do Plano Real, em 1994, houve também a instituição do MERCOSUL,
com a assinatura do Tratado de Assunção em 1991; a adesão ao acordo da Brasiléia em 1994 como alguns dos
mais influentes e decisivos acontecimentos que influenciaram o modelo de gestão de empresas atual.
Qualquer impacto, em qualquer parte do planeta poderá ser decisivo nesse sistema totalmente
integrado e com produção de bens e serviços cíclica, não somente em relação aos sistemas financeiros, mas
também ao mercado de consumo. Situações de dificuldades que sejam atravessadas em qualquer ponto do
mundo podem causar sérias consequências, caso se espalhem por outros países. Essas influências poderão
interferir no aumento ou baixa de produção, na falta de produto no mercado, no aumento e baixa de preços de
serviços.
“Nessa economia competitiva, aumenta cada vez mais a importância de
instrumentos de tomada de decisões gerenciais que possibilitem ações rápidas e
eficientes para que a empresa possa manter sua participação no mercado,
principalmente dentro do contexto da globalização.” (SOUZA, 2012, p.02)
Podemos usar como um bom exemplo da influência exercida pelo mercado externo em nosso país as
oscilações de valores do dólar. Mas o que uma moeda de outro país tem a ver com nossa economia? O fato é
que o Brasil é um país dependente de importação e exportação em seu mercado e por isso precisa que a
moeda americana mantenha-se sempre estável.
Como qualquer produto no mercado, o dólar também tem seu valor diretamente ligado à lei da oferta
e da procura, ou seja, quanto maior sua procura, maior seu valor no mercado. Porém, se houver baixa na
procura, consequentemente, seu valor baixa. Percebendo baixa no preço do dólar, o Governo brasileiro busca
então alternativas para mantê-lo estável, inclusive desvalorizando nossa moeda. Essa medida visa tornar o país
mais atraente aos olhos dos investidores estrangeiros.
Como já citado anteriormente, o aumento do dólar não traz malefícios somente às empresas que
atuam com importação e exportação de bens. Grande parte dos equipamentos eletrônicos ou seus
componentes são importados, e eles são utilizados na produção de bens, isso pode trazer aumento no valor
final dos produtos produzidos, como combustível e até mesmo alimentos.
Reflexos dos efeitos da Globalização podem ser observados também em 2011 com a crise europeia. A
desvalorização do Euro trouxe problemas a diversos países. Particularmente no Brasil, a alta do real em relação
às moedas de outros países deixa os produtos brasileiros mais caros no mercado internacional, reduzindo a
competitividade em relação aos artigos de outros países, prejudicando também as empresas que atuam no
mercado interno por conta da maior entrada de produtos importados, fazendo com que os consumidores
possam optar por produtos de outros mercados, que oferecem preços mais competitivos, passamos então a
vender menos os produtos que produzimos em nosso país.
É nesse cenário que as Pequenas e Médias Empresas buscam sua sobrevivência. E para sobreviver, as
PME´s precisam fortalecer sua administração, aplicando limites internos, implantando sistemas de melhorias
nos seus controles, ter atenção aos índices e taxas de juros e riscos. Esse mercado globalizado está em
constante atualização, com evolução dos sistemas tecnológicos e de comunicação.
Como o Brasil também faz parte desse cenário, cabe ao administrador das PME´s estar atento a essa
busca por desenvolvimento. É um dos principais papéis desse profissional direcionar os negócios de modo a
aproveitar as oportunidades que o mercado venha oferecer, ter atenção às expansões econômicas, à inflação,
ao comportamento dos preços, ao aumento da renda e custo de vida, especialização da mão de obra e aos
progressos tecnológicos. Ele precisa estar bastante atualizado e dominar conhecimentos sobre sua área de
atuação e políticas que podem influenciar diretamente em seu negócio. Para o administrador financeiro, não
basta apenas estudar a estrutura do sistema financeiro, seu conhecimento deve ser macro, a fim de ter
instrumentos que possam ser utilizados em momentos de crise, ou até mesmo através de planejamento possa
se antecipar a ela. Sem conhecimento da estrutura financeira de modo geral, e das políticas que a gerencia
dentro do país pode impedir o sucesso do administrador e a sobrevivência da PME.
Um fato interessante a citar a respeito da Globalização é que a mesma não beneficia a todos os países
da mesma forma. Países em desenvolvimento e mais pobres perdem muito por conta do atraso tecnológico, o
que faz com que países mais desenvolvidos e mais ricos continuem a ganhar mais.
Ainda assim, as sociedades continuam mudando, buscando se adequar. Os setores de serviços e as
indústrias vêm cada vez mais se desenvolvendo, isso afeta diretamente as funções, os processos
administrativos dentro das Organizações, as posturas de seus profissionais, a qualidade dos produtos, o
aumento e baixa das taxas de desemprego e principalmente a permanência das empresas no mercado. Todos
esses fatos reforçam a importância de mudança na função financeira, de aperfeiçoamento e atualização desse
profissional, importante na motivação e tomada de decisões dentro das PME´s.
Dentro desse quadro é importante ressaltar que o processo de Globalização é item de discussão em
diversos campos, com muitas polêmicas e controvérsias, alguns estudiosos contra, outros fervorosamente a
favor, porém esse é um processo que não tem mais volta, cabe às organizações buscar cada vez mais estar
inseridas e atentas, a fim de se manterem atualizadas e de forma que possa sofrer o mínimo de influências
negativas desse impacto. Um ponto negativo a ser destacado em todo esse processo global é que países ainda
em desenvolvimento se tornam reféns de políticas dos países já desenvolvidos. Estados Unidos e países da
Europa pregam livre comércio para seus produtos, porém impõem sérias barreiras na hora de importar
produtos de nosso país, através de altos índices e tarifas de importação, além do fato de que oferecem
inúmeros subsídios e políticas de incentivo à produção.
Aos empreendedores cada vez mais se torna importante estar atentos às políticas econômicas, que
possam vir a influenciar diretamente seu produto final, um bom conhecimento aliado a um bom planejamento
financeiro pode ser decisivo na realização de seu objetivo final: o lucro. Dentro desse quadro, o Gestor
Financeiro passa a ser consultor, profissional que busca informações, faz análise de dados e planeja de forma a
se antecipar e ter papel importante na tomada de decisões do Empreendedor.
3 OS ATUAIS DESAFIOS DO GESTOR FINANCEIRO NAS PME´S.
O papel do Gestor Financeiro dentro das Organizações costuma ser simplificado como pagar contas e
cobrar clientes. Grave erro cometido em organizações despreparadas e com pouco conhecimento sobre a
riqueza de assuntos e responsabilidades que envolvem essa área, e que interferem diretamente e
constantemente nas rotinas das outras áreas da empresa, como vendas e produção, por exemplo.
O Gerente Financeiro tem papel de suma importância para as organizações, pois, além de se ocupar da
gestão dos processos financeiros, esse profissional é responsável pela interpretação de dados contábeis,
utilizando ferramentas financeiras cabíveis, que auxiliam na tomada de decisões, com objetivo final de
aumentar a geração de caixa, diminuir as despesas e, consequentemente, aumentar o lucro. Fatores externos
também exercem influências na atuação do Gerente Financeiro, que deve manter-se atualizado e atento às
políticas econômicas, crises e situações críticas que possam influenciar a economia de nosso país, mudanças da
legislação tributária e as taxas de juros aplicadas. Toda atenção a esses fatores poderá ser importante quando
necessário escolher o melhor momento de financiar, diminuir despesas, sinalizar ao setor de compras que os
prazos ou preços estão desinteressantes, ou até mesmo aproveitar o melhor momento de adquirir mais
equipamentos aproveitando as melhores oportunidades.
Em grande parte das Pequenas e Médias Empresas, a administração possui uma estrutura enxuta, com
administração familiar, onde a tomada de decisões concentra-se nas mãos do próprio dono. Esse tipo de
estrutura exige do Gerente Financeiro além de suas habilidades básicas e atividades diárias relacionadas a
Contas a Pagar, Receber e Controle de Fluxo de Caixa. Faz-se extremamente necessária a busca constante por
atualização de informações, atenção e integração com as outras áreas da Empresa. Conhecer os produtos e
serviços oferecidos pela PME também é importante nesse processo, pois fornecem dados e instrumentos que
poderão ser bem aproveitados nos momentos de tomada de decisões e planejamento de estratégias:
“Isso vai obrigar o profissional de finanças a conhecer todos os produtos e serviços,
descobrindo onde eles são competitivos ou não. Contribuindo com métricas de
retorno, ele vai ser mais ouvido na organização. (...) Se um produto não tem
rentabilidade, o caminho está errado. Isso pode ser provado com métricas
financeiras, e números não mentem.” (INOHARA, André. Gestor financeiro nas
pequenas e médias empresas tem desafio de assessorar o empreendedor sobre o
valor do negócio. 2012 < http://www.amcham.com.br/regionais > Acesso em 29 set.
2012).
O contexto atual, de mundo globalizado, é de extrema competitividade, com tecnologia avançando em
velocidade inimaginável até pouco tempo atrás. Todas essas mudanças tornam indispensável que as
organizações busquem aperfeiçoamento e literalmente “corram atrás” para acompanhar todo esse
movimento. Nesse contexto, os profissionais e gestores são mais que responsáveis pela administração e
precisam se aperfeiçoar na busca pela eficiência e eficácia.
E nesse mundo tão competitivo, onde maximizar o lucro é objetivo principal das Organizações - sejam
Pequenas, Médias ou Grandes Empresas – a gestão dos recursos basicamente é medida através de índices
financeiros. A fim de manter esses números o mais positivo para as PME´s, é importante o planejamento e
manutenção dentro das empresas de atitudes que a tornem bem-sucedidas. Com um controle financeiro
eficiente e integrado às outras áreas da empresa, a tomada de decisões torna-se mais segura.
Mantendo dados corretos e atualizados, o administrador terá instrumentos que lhe permitirão a
escolha do melhor momento de comprar, de economizar e até mesmo de novos investimentos. Relatórios e
dados impressos são armas importantes que serão utilizadas em momentos de tomadas de decisões e
argumentos junto ao dono da Pequena Empresa. Esse tipo de atitude é fundamental, pois toda e qualquer
decisão deve ser tomada a partir de números e dados corretos, intuição e deduções pessoais não são boas
opções, pois sua probabilidade de erro é muito grande.
Todos esses dados financeiros podem ter interferência direta no melhor momento de comprar mais
ou menos, esse material é um demonstrativo importante na informação se a PME está obtendo lucros e
quando é necessário buscar alternativas mais diretas e agressivas a fim de alavancar vendas.
Durante esse trabalho, apresentamos a evolução da função financeira e como fatores históricos e
políticos interferiram nos negócios e na condução dos mesmos. Até o século passado, o profissional de Gestão
Financeira demonstrava uma postura sisuda, meramente de fiscal, que apresentava dados e números. No
século XXI muitas transformações influenciaram e atualmente temos um profissional com maior poder de
decisão e, acima de tudo, com uma abordagem mais humana, contrariando a abordagem extremamente
racional usada até o século passado.
Atualmente o principal desafio do Gerente Financeiro é conseguir mostrar seu papel como líder e
poder exercê-lo, principalmente pelo fato de estar inserido numa estrutura enxuta, onde poucos profissionais
acumulam várias funções e precisam lidar com um ambiente de pressão constante, cujo objetivo principal é a
sobrevivência com lucro. Esse profissional precisa ser visto como referência, perder a formalidade e usar
bastante seu feeling, seu conhecimento, e sendo um bom comunicador, aliando seus dados numéricos a seu
conhecimento, passa a ser tomador de decisões junto aos sócios da empresa.
Basicamente a estrutura do Setor Financeiro é dividida em Diretoria Financeira, que coordena toda
atividade, sendo subdividida em Gerência Financeira, que acompanha os recebíveis e contas a pagar e toda
movimentação dos saldos de caixa; e Controladoria, que atua com o controle de bens e as obrigações firmadas
pela empresa. Nesse contexto, a função do Gerente Financeiro está ligada a análise, controle e planejamento a
partir dos dados apresentados dentro desses parâmetros. O maior desafio do Gestor nesse cenário é ser visto
como o profissional que tem poder de decisão, afinal a realidade nas Pequenas Empresas é de uma
administração familiar, onde o proprietário é quem toma as decisões, e em muitos casos a estrutura e divisão
de tarefas concentra muitas funções nas mãos de poucos.
“A Administração financeira diz respeito às responsabilidades do administrador
financeiro numa empresa. O administrador financeiro administra ativamente as
finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não, públicas ou privadas,
com ou sem fins lucrativos.” (GITMAN, 1997, p.04).
A realidade das PME´s no Brasil é bastante difícil, normalmente o Setor Financeiro é basicamente
dividido em Gerência Financeira e Auxiliares/ Assistentes. O trabalho de Controller em sua maioria é realizado
pela Contabilidade e a Direção pelo próprio dono. Diante desse cenário, como um bom líder, o Gerente
Financeiro precisa estar inserido nos negócios.
O Setor Financeiro, que anteriormente atuava como fiscal, passa a apresentar objetivos e dados com
mais transparência e, acima de tudo, atender às necessidades do cliente, seja interno e externo. Não somente
o Gestor, mas todo o grupo que faz parte precisa conhecer as atividades da PME de forma a atuarem juntos
com eficiência, e alcançar o objetivo final da Organização. Faz parte do papel desse profissional também
conhecer a concorrência e em que posição do mercado ela se encontra. Ser o primeiro na opinião dos clientes
é objetivo das PME´s.
Outra importante função do Gerente Financeiro é acompanhar as atividades da Contabilidade, que em
sua maioria é terceirizada. Cabe ao Gerente estar atualizado sobre as regras e orientações da rotina contábil,
buscando sempre estar em ordem com todas as obrigações da PME, que possui uma carga alta de impostos a
pagar. Ainda nesse sentido, o Gestor Financeiro deve ser o intermediador racional, pois no ambiente das
Pequenas Empresas, por muitas vezes as decisões são tomadas de forma emocional. E é papel desse
profissional aliar preparo técnico e emocional, a fim de alcançar o maior objetivo da PME que é o lucro.
CONCLUSÃO
AS PME´s têm inúmeras limitações listadas e discutidas em diversos estudos na área de administração.
Seja por conta de um modelo de administração familiar ou centralizada nas mãos de seu proprietário ou até
mesmo o pouco conhecimento do negócio por parte do Empreendedor. São vários entraves que criam
dificuldades que podem levá-las até mesmo ao fechamento.
Independentemente do tamanho ou porte da Organização, manter a saúde financeira e alcançar o
lucro é objetivo final do Administrador. Uma boa administração Financeira e o equilíbrio entre a Gestão de
Contas a Pagar e Receber é um grande desafio para o Gerente Financeiro diante de tantas dificuldades
vivenciadas diariamente pelos pequenos empresários.
Uma boa comunicação interna é um ponto crucial, pois além de conhecer bem o negócio e manter
todos os dados e planejamento financeiro em ordem, o Gestor Financeiro precisa ter outras habilidades, afinal,
em muitas situações será necessário a esse profissional saber convencer o dono da empresa em momentos de
decisões.
Com o passar dos tempos, essa profissão vem se aprimorando e sofrendo mudanças significativas, que
envolvem outros setores. Hoje em dia é fato que o Setor Financeiro não atua de forma isolada.
Esse artigo teve como objetivo principal discutir qual o papel do Gestor Financeiro na realidade das
Pequenas e Médias Empresas no Brasil. Um estudo baseado não somente em trabalhos teóricos, mas também
na rotina prática de uma administração financeira, que convive com todos os entraves e dificuldades, inclusive
de interferir em outros setores.
Afinal, qual o papel do Gestor Financeiro dentro da realidade das Pequenas e Médias Empresas no
Brasil? O objetivo final desse estudo foi alcançado com a discussão distribuída em três capítulos, demonstrando
desde a evolução e desenvolvimento histórico e político desse profissional dentro das Pequenas e Médias
Empresas até os dias atuais. Foi identificado o perfil desse profissional, suas responsabilidades e importância na
tomada de decisões dentro das organizações.
O primeiro capítulo demonstrou como a função financeira evoluiu nos séculos XX e XXI. Como as
situações vivenciadas na época interferiram na identidade do profissional da área financeira, e como o mesmo
se transformou durante os anos. Quem foi o profissional antes da Revolução Industrial e até o momento em
que o mundo se tornou globalizado, como modificou a situação desse profissional no Brasil?
Já o segundo capítulo discutiu como as políticas e atividade econômicas, antes mesmo de se falar em
Globalização, interferiram e transformaram o Gestor Financeiro dentro da realidade atual. A partir dos
conceitos apresentados nos dois primeiros capítulos, discutimos no terceiro capítulo e respondemos quem é na
prática o Gestor Financeiro nas PME´s brasileiras numa realidade de dificuldades econômicas, poucas políticas
voltadas para a administração dessas organizações, e dificuldades enfrentadas.
Esse estudo reforçou a identificação de todas as dificuldades que vivem diariamente o profissional de
gestão financeira, mas alcançou seu objetivo final que é o de afiançar sua importância dentro da Administração
Geral do negócio. O Gestor Financeiro, ao longo dos anos, deixou de executar uma função automática de mera
apresentação de dados e passou a ser orientador e articulador, passando a ter voz ativa e interferir de forma a
realizar melhorias e crescimento da empresa.
Detalhe também que precisa ser levado em consideração é a importância da elaboração do Plano de
Negócios e de sempre que necessário atualizá-lo. As PME´s sofrem mais rapidamente as influências do
mercado e mantendo um planejamento e organização em dia, pode também se recuperar com mais facilidade.
O estudo das referências bibliográficas e das pesquisas reforçou a ideia de que a maioria dos Micro e
Pequenos Empresários não se organizam de forma adequada, montam as empresas com pouca estrutura e sem
conhecimento prévio do negócio. Além de, na busca por economia, não ter em seu quadro de empregados,
profissionais competentes com conhecimento suficiente para gerir o negócio.
REFERÊNCIAS
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SEBRAE, 2011.
ASSAF, Neto, Alexandre. Mercado Financeiro. 5ª ed., São Paulo, Atlas, 2011.
BRIGHAM, Eugene F.; HOUSTON, Joel F. Fundamentos da Moderna Administração Financeira. 1ª Ed., São
Paulo, Campus, 1999.
GALVÃO, Alexandre. Mercado Financeiro: uma abordagem prática dos principais produtos e serviços. Rio de
Janeiro: Campus/Elsevier, 2006.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 7ª ed., São Paulo: Harbra, 1997.
INOHARA, André. Gestor financeiro nas pequenas e médias empresas tem desafio de assessorar o
empreendedor sobre o valor do negócio. 2012 < http://www.amcham.com.br/regionais > Acesso em 29 de
set. 2012.
SÁ, Carlos Alexandre. Gerência Financeira na Prática. 1ª ed., Catho Educação Executiva, 2010.
SAITO, André Taue; SAVOIA, José Roberto Ferreira; FAMA, Rubens. A Evolução da Função Financeira. REGE,
São Paulo, v. 13, 2006. Disponível em <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo. Acesso em 03 set. 2012.
SANTOS, Edno Oliveira. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. 2ª ed., São Paulo: Atlas,
2010.
SOUZA, Valquíria Santana. Perfil do gestor financeiro das microempresas do ramo de lavanderias de jeans em
Goiânia. 1ª ed., Especialize. Revista On Line, IPOG, 2012.
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O papel do Gestor Financeiro dentro das Pequenas e