ENSINO DE HISTÓRIA – DIVERSIDADE CULTURAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES RADO, Sonia Cristina – PUCPR [email protected] ALVES, Wilson João Marcionilio – UFPR [email protected] Eixo Temático: Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: sem financiamento Resumo O estudo da diversidade cultural e suas implicações no ensino de História, relacionando Teoria e Prática, são os objetivos deste artigo. A edição da Lei 10.639, de 2003, que introduziu a obrigatoriedade do estudo de história e cultura afro-brasileira e africana no currículo escolar da educação básica, contribui para a discussão deste tema, possibilitando a ruptura do modelo eurocêntrico no ensino e a construção de uma educação multicultural. A instituição Escola ainda não aprendeu a conviver com a realidade e, por conseguinte, percebese que a Escola peca no trato com crianças e jovens dos estratos sociais mais pobres, constituídos na sua grande maioria de negros e mestiços. Diante deste fato, entende-se que o universo escolar é permeado por diversas formas de discriminação. Para o enfrentamento desta situação são necessárias abordagens diferenciadas em relação ao sujeito negro, resgatando as realizações de personalidades históricas negras, a atuação coletiva do povo negro, a importância das civilizações africanas e as manifestações culturais negras. Os professores devem estar preparados e entendendo a importância desta luta. A aplicabilidade da Lei 10.639/03 é uma questão de difícil solução em função da necessidade do profissional da educação necessitar de uma boa capacitação para poder ministrar cursos que envolvam história da África e cultura afro-brasileira. Palavras-Chave: Diversidade Cultural – História – Ensino Introdução O presente trabalho é parte da pesquisa que está sendo realizada para concretude de dissertação de mestrado nos Programas de Pós Graduação em Educação na UFPR e PUCPR 7769 que trata das “práticas pedagógicas para o ensino médio integrado à educação profissional” e “jovem em condição de vulnerabilidade social”. Antropólogos e historiadores concordam que a característica marcante de nossa cultura é a riqueza de sua diversidade, resultado de nosso processo histórico-social e das dimensões continentais de nossa territorialidade. Apesar desse fato incontestável de que somos, em virtude de nossa formação histórico-social, uma nação multirracial e pluriétnica, de notável diversidade cultural, a escola ainda não aprendeu a conviver com essa realidade e, por conseguinte, não sabe trabalhar com as crianças e jovens dos estratos sociais mais pobres, constituídos, na sua grande maioria, de negros e mestiços. Percebe-se que o patrimônio cultural do nosso país constituído de uma enorme diversidade através da cultura, tais como: a arte, a culinária, a religião, o folclore, não estão presentes nos livros didáticos, sobretudo os de história, que são permeados por uma concepção positivista da historiografia brasileira, escamoteando assim, a participação de outros segmentos sociais no processo histórico do país. Abordagem Temática Trabalhadas Por Alunos E Professores Apesar da renovação teórico-metodológica da disciplina de História, nos últimos anos, o conteúdo programático dessa disciplina na escola de educação básica tem primado por uma visão monocultural e eurocêntrica de nosso passado. Exalta-se o papel do colonizador português como desbravador e único responsável pela ocupação de nosso território. Oculta-se, no entanto, o genocídio e etnocídio praticados contra as populações indígenas no Brasil. Os africanos, que aportaram em nosso território na condição de escravos, são vistos como mercadoria e objeto nas mãos de seus proprietários. Nega-se ao negro a participação na construção da história e da cultura brasileira, embora tenha sido ele a mão-de-obra predominante na produção da riqueza nacional. Quando se trata de abordar a cultura dessas minorias, ela é vista de forma folclorizada e pitoresca, como mero legado deixado por índios e negros, mas dando-se ao europeu a condição de portador de uma “cultura superior e civilizada”. Currículos e manuais didáticos se silenciam e chegam até a omitir a condição de sujeitos históricos às populações negras. Tais fatos têm contribuído para elevar os índices de evasão e repetência de crianças 7770 provenientes dos estratos sociais mais pobres. A grande maioria adentra nos quadros escolares e sai precocemente sem concluir seus estudos no ensino fundamental por não se identificar com uma escola moldada ainda nos padrões eurocêntricos, que não valoriza a diversidade étnico-cultural de nossa formação. Pesquisa já realizadas pela Fundação Carlos Chagas (1987) têm demonstrado o quanto à escola ainda não aprendeu a conviver com a diversidade cultural e a lidar com crianças e adolescentes dos setores subalternos da sociedade. A partir do final dos anos 70 do século XX, novos atores sociais na cena política, protagonizados pelos movimentos populares, sobretudo os ligados ao gênero e à etnia, passaram a reivindicar uma maior participação e reconhecimento de seus direitos de cidadania. Entre esses movimentos sociais, podemos indicar o movimento indigenista, que reivindica, do governo, a demarcação das terras indígenas e o direito à sua própria cultura, e os movimentos de consciência negra, que lutam em todo o país, contra quaisquer formas de preconceito e discriminação racial, bem como pelo direito à diferença, pautada no estudo e valorização de aspectos da cultura afro-brasileira. Neste sentido, o estado do Paraná, de acordo com a Secretaria de Estado da Cultura1, a partir de 2004, passou a pesquisar as comunidades quilombolas. Acreditava-se, até então, que o Paraná tivesse poucos quilombos. Em 2005, o Estado criou o Grupo de Trabalho Clóvis Moura, que começou a fazer um levantamento das comunidades quilombolas no Paraná e foram identificadas 86 comunidades tradicionais negras, sendo 36 já reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares. A maioria desses grupos está em lugares de difícil acesso e os próprios municípios não sabiam da existência deles. O que quer dizer que até hoje não receberam obras de infra-estrutura. No entanto, ainda preservam parte de suas tradições. O isolamento dificultou o desenvolvimento dessas comunidades, mas por outro lado, conseguiu preservar várias tradições, como o terço cantado e a recomendação das almas durante a quaresma. São práticas católicas em cima de memórias negras, que muitos desconhecem a origem. Outro aspecto da cultura africana ainda presente nestas comunidades é a construção da cozinha do lado de fora; o uso de ervas medicinais que para esses remanescentes, teriam poderes mágicos; as garrafadas como o chamado "amargoso", que previne contra picada de cobras e fecha o corpo para outras moléstias. Muitos ainda contam as histórias de seus 1 Rede de Notícia das Culturas Populares Brasileiras. http://www.overmundo.com.br/blogs/parana-tem-86comunidades-quilombolas-identificadas - acessado em 10/12/2008. 7771 antepassados, mas boa parte deles não conhece a trajetória de seu povo. Com o tempo, a tradição e a história foram se perdendo. No entanto, a religiosidade ainda é um fator marcante entre os moradores. Há casas onde existem mais de 50 quadros, folhetos e imagens de santos e religiosos. Dos povos africanos, restou ainda o gosto pela música e alegria de viver. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 (LDBEN), ratificando posição da Constituição Federal de 1988, determina que “o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia” (art. 26, § 4º). Por sua vez, o Ministério da Educação (MEC), em cumprimento ao dispositivo constitucional assente no art. 210 de nossa Carta Magna e sensível à necessidade de uma mudança curricular face à emergência de temas sociais relevantes para a compreensão da sociedade contemporânea, elaborou para o ensino fundamental, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A grande inovação dessa nova proposta é a existência de temas transversais que deverão perpassar as diferentes disciplinas curriculares (Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências e Artes) e permitir, com isso, a interdisciplinaridade na educação básica. Esse mesmo documento do MEC coloca como um dos objetivos gerais da educação básica o conhecimento e a valorização da pluralidade do patrimônio sociocultural do país, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, devendo alunos e professores posicionar-se contra quaisquer formas de discriminação baseada em diferenças culturais ou, de classe. Verifica-se atualmente um debate intenso sobre as práticas curriculares na atualidade, entre os pesquisadores da área frente às políticas curriculares governamentais. No Brasil a discussão sobre os currículos ganha centralidade no momento da implantação do modelo de cunho liberal dos governos federal de Fernando Collor de Melo a Fernando Henrique Cardoso ao ser implementado a reforma da educação dos anos 1990 através de uma política pública educacional com base no modelo curricular europeu em torno da consolidação do currículo nacional em seu conjunto de parâmetros, referenciais e diretrizes para todo o sistema educacional brasileiro a partir de seus dois níveis: educação básica e educação superior. Nesse período a legislação, aqui entendida como parâmetros, pareceres, diretrizes, resoluções, decretos, leis, é muito vasta como forma de implementar um currículo nacional e 7772 os princípios da política, que a nosso ver pode ser considerada a base da reforma da educação nos anos 1990. Apesar da ênfase dada aos currículos nesse momento da história da educação, ao se tratar do currículo disciplinar oficial, pouco se tem avançado em nível de mudanças curriculares efetivas na escola básica e na universidade para além de teorizações curriculares. As mudanças mais amplas, com exceção das pontuais e localizadas, são na sua maioria implantadas via legislação no âmbito dos governos federal, estaduais e municipais. Observa-se que as pesquisas têm produzido discursos e olhares diversos sobre as práticas curriculares, em especial sobre o currículo não-oficial, o posto em prática; mas os governos municipais, estaduais e federais, no âmbito da gestão do sistema, assim como os trabalhadores e profissionais da educação, no âmbito do currículo real, não têm provocado mudanças efetivas no currículo disciplinar, com exceção de experiências isoladas no sistema nacional de educação. A legislação para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", se dá também em meio a essas polêmicas contemporâneas. Todavia, a partir de sua implantação as escolas terão oportunidades de abrir espaços de construção de uma prática curricular que seja efetivamente crítica e não seletistas de conteúdos, discursos e práticas. Assim podemos apontar alguns itens que consideramos importantes na Lei 10.639/ 2003 necessários para a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino diante da obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". A lei recomenda que seja feita, o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História do Brasil. Ao mesmo tempo, o Parecer CNE/CP n.º 3, de 10 de março de 2004, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a Resolução CNE/CP Nº 1, de 17 de junho de 2004 que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações 7773 Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, são as referências necessárias para se entender as ações curriculares para os afro-descendentes na escola. Assim, dinamizar essa discussão e implementar um trabalho pedagógico de qualidade sobre a cultura afro-brasileira na escola, é o desafio de educadores brasileiros neste momento histórico para essa categoria social. Com relação ainda ao ensino de História, é digno de nota que, no âmbito das políticas públicas governamentais, o “Programa Nacional de Direitos Humanos”, elaborado pelo Ministério da Justiça na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso previa, entre uma série de ações para as populações negras no Brasil, o estímulo à “elaboração de livros didáticos que enfatizem a história e as lutas do povo negro na construção do nosso País, eliminando estereótipos e discriminações” (Brasil, 1996, p. 31). Nota-se que com a promulgação da Lei nº 10.639, tornou-se obrigatório no currículo escolar da educação básica o “estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil” (art. 26-A, § 1º). Portanto, a Lei representa um avanço ao possibilitar a construção de um multiculturalismo crítico na escola brasileira, ao tempo em que reconhece uma luta histórica do movimento negro em nosso país, cuja bandeira de luta consistia em incluir no currículo escolar o estudo da temática “história e cultura afro-brasileira”. Por outro lado, não podemos esquecer que muito ainda precisa ser feito para que a Lei não se torne letra-morta e venha contribuir, de fato, para uma educação multicultural. A par de toda valorização, às culturas das minorias sociais, muito pouco se fala das etnias na escola brasileira. Só muito recentemente, por pressão dos movimentos sociais, é que a questão da pluralidade cultural vem encontrando certa ressonância no ambiente escolar. Segundo Gadotti (1992, p. 23), a diversidade cultural é a riqueza da humanidade. Para cumprir sua tarefa humanista, a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua. Por isso, a escola tem que ser local como ponto de partida, mas tem que ser internacional e intercultural como ponto de chegada. (...) Escola autônoma significa escola curiosa, ousada, buscando dialogar com todas as culturas e concepções de mundo. Pluralismo não significa ecletismo, um conjunto amorfo de retalhos culturais. Significa, sobretudo, diálogo com todas as culturas, a partir de uma cultura que se abre às demais. 7774 Constatamos, também, que a falta de conhecimento das peculiaridades e das especificidades regionais, em um país de dimensões continentais, bem como dos elementos referenciais das culturas silenciadas de índios, negros e imigrantes nos currículos escolares têm contribuído para a formação de preconceitos e estereótipos por parte dos próprios brasileiros. Isso em nada contribui para a construção de uma sociedade democrática que tanto almejamos, onde as diferenças raciais e culturais não se constituam em motivo de discriminação social, mas sim em instrumento possibilitador da construção de uma nova identidade nacional, assentada no pluralismo cultural. Um longo caminho ainda precisa ser percorrido para que a escola seja, de fato, um instrumento de afirmação de uma identidade pluricultural. Apresentação E Discussão Entre Teoria E Prática Este estudo, envolvendo professores e alunos, proporcionou em sala de aula, momentos de discussões sobre o preconceito racial explícito na realidade brasileira. Analisouse a construção do preconceito contra o negro através das piadinhas, cartazes, novelas como a “Malhação” da TV Globo e nos livros didáticos onde ficou evidenciado que a discriminação racial se dá de forma sutil e eficaz, escondendo uma imagem ou a falsa imagem de que não há racismo no Brasil e diante da omissão da história real do negro, da disseminação de sentimento de culpa do negro, acaba se responsabilizando pela sua condição de indignidade. Para relacionar a Teoria, com a Prática, foi proposto um trabalho de discussão com alunos de uma escola da rede pública do Estado do Paraná, localizado em um bairro na cidade de Curitiba, com as seguintes proposições: 1. Possibilitar condições ao aluno para desenvolver consciência política a partir da apropriação dos conceitos étnico-raciais; 2. Incentivar os alunos a entender a importância da diversidade e recriminar atitudes desrespeitosas e preconceituosas; 3. Adotar atitudes de respeito pelas diferenças entre as pessoas, respeito esse, necessário ao convívio numa sociedade democrática e pluralista; 4. Valorizar e empregar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas. 7775 Para a concretização destas propostas utilizou-se como metodologia a discussão de questões étnica raciais. Buscou-se priorizar no primeiro momento, uma pesquisa através de questionário com a comunidade escolar, no intuito de investigar e diagnosticar a reprodução das desigualdades no que diz respeito ao alcance educacional de negros e brancos. Verificou-se nos materiais didáticos e paradidáticos, literatura, a contribuição para eliminar uma atitude de negação da existência de diferenças raciais com caracterização etnológica visando esclarecer que os brasileiros de matriz africana marcaram e marcam de forma irreversível a formação social, tecnológica, demográfica e cultural da sociedade brasileira. Oportunizou-se a discussão e reflexão das questões raciais no Brasil, promovendo, acima de tudo um ensino culturalmente relevante através de atividades que se utilizaram de textos, filmes, músicas, literatura, e outras mídias. Diante dessa discussão alguns alunos passaram a se valorizar e a olhar-se como sujeito da história. Verificou-se também que é fundamental que se resgate uma imagem positiva do homem negro para que crianças e adolescentes negros possam se projetar numa imagem positiva e perceber suas possibilidades de ascensão social e uma trajetória escolar bem sucedida. Ficou evidenciada a situação descrita acima, quando se realizou uma pesquisa com os alunos invocando o tema: “alunos e professores negros em sala de aula”. Surpreendentemente nenhum dos entrevistados se reconhecia como negro, embora muito dos entrevistados apresentasse características físicas de negros. Portanto, para o enfrentamento dessa situação se fez necessário trabalhar ações positivas resgatando as realizações de personalidades históricas negras, atuação coletiva do povo negro, importância das civilizações africanas, as manifestações culturais negras tais como a religiosidade. O trabalho realizado propiciou de maneira positiva o resgate da auto-estima dos alunos do ponto de vista de que eles são sujeitos históricos e, portanto, importantes no contexto sócio-cultural de seu país. Considerações Finais 7776 Acredita-se que uma reflexão crítica em relação aos livros didáticos de História, e especificamente, no tocante a História da África, dos afro-descententes, do contexto social cultural desses povos é de suma importância para combater o racismo existente no contexto escolar e na sociedade, divulgando a verdadeira história da África e dos africanos, a importância da sua cultura tanto para o progresso do Brasil como da humanidade. A implementação da lei 10.639/03 que começa a dar os seus primeiros passos ainda consiste num desafio. Outro aspecto a ser ressaltado, diz respeito à necessidade de revisitar os currículos escolares, analisando-os criticamente, assim como aprofundar o conhecimento sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. É igualmente importante levar em consideração o papel de co-responsabilidade a ser assumidos pelos professores, equipes pedagógicas e administrativas no interior das Unidades de Ensino na efetivação deste trabalho como meio para sua concretização, assim como, sua ampliação às comunidades. Destaca-se que a existência da Lei não significou uma mudança na forma de agir e ver a população negra. Os estudos indicam que existe uma resistência por parte de educadores e mesmo do sistema no sentido de fazer incluir nos currículos escolares os conteúdos de que trata a Lei. Essa resistência pode até mesmo ser de cunho religioso necessitando, portanto, de esclarecimentos e informações para os profissionais da educação da importância deste conteúdo. Os professores devem estar preparados e entendendo a importância desta luta. Além disso, a aplicabilidade da Lei 10.639/03 é uma questão de difícil solução em função da necessidade do profissional da educação ter que estar muito bem preparado para poder ministrar cursos que envolvam história da África e cultura afro-brasileira. REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Programa Nacional de Direitos Humanos. Presidência da República; Secretaria de Comunicação Social; Ministério da Justiça. Brasília, DF: 1996. 7777 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 23 dez. 1996. BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003. GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. Rio de Janeiro: Graal, 1992. ORIÁ, R. O negro na historiografia didática: imagens, identidades e representações. Textos de História, Brasília, DF, v. 4, n. 2, 1996. ORIÁ, R. Educação, cidadania e diversidade cultural. Revista Humanidades, Brasília, DF, n. 24, 1997. RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995.