Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Projecto dum Aerogerador Multipás Abduremane, Amadeu da Costa Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 1 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Dedicatória Dedico este trabalho a minha Querida Mãe Helena Lopes Companhia. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 2 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Agradecimentos Ao Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu, aos Técnicos das oficinas do DEMA, aos Docentes, aos Colegas, Familiares e amigos que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste Projecto. Maputo Novembro de 2009 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 3 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás “É das grandes derrotas que provêm as grandes vitórias” Provérbios (Bíblia Sagrada) Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 4 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Índice pág. Lista de figuras .............................................................................................................. 6 Lista de tabelas ............................................................................................................. 7 Lista de símbolos .......................................................................................................... 8 1. Introdução ................................................................................................................. 9 2. Objectivos do projecto ............................................................................................ 10 2.1. Objectivo geral ................................................................................................. 10 2.1. Objectivos específicos ......................................................................................... 10 3. Informações gerais .................................................................................................. 11 3.1. Surgimento dos Aerogeradores e sua utilização ................................................. 13 3.2. Origem dos ventos............................................................................................... 14 3.3. Factores que influenciam a variação da velocidade dos ventos ......................... 16 4. Identificação de locais com potencial eólico .......................................................... 17 4.1. Medição da velocidade do vento..................................................................... 18 5. Classificação dos aerogeradores ............................................................................. 21 6. Coeficiente de Betz ................................................................................................. 22 7. Cálculo projectivo do aerogerador.......................................................................... 23 7.1. Determinação da área do rotor ....................................................................... 23 7.2. Cálculo da velocidade de rotação do veio do aerogerador ............................. 27 8. Resistência aerodinâmica das pás ........................................................................... 28 9. Resistência aerodinâmica do rotor ......................................................................... 29 10. Cálculo dos parâmetros geométricos do veio do aerogerador ........................... 31 11. Cálculos de resistência do veio do aerogerador ................................................. 38 11.1. Cálculo testador à fadiga .............................................................................. 38 11.2. Cálculo testador à carga estática ................................................................. 40 12. Escolha do acoplamento ..................................................................................... 40 13. Dimensionamento do cubo para a fixação das pás ............................................. 41 14. Teste do aerogerador no túnel de vento ............................................................ 42 15. Conclusão e recomendações ............................................................................... 48 16. Bibliografia ........................................................................................................... 49 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 5 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Lista de figuras Figura 1: Potência da turbina eólica em função da velocidade do vento .................. 12 Figura 2 - Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar ............ 15 Figura 3. Movimento do ar no leito(a), no vale (b). ................................................... 16 Figura 4: Escoamento do ar ao longo duma montanha ............................................. 17 Figura 5: Sensor de direcção (esquerda) e anemómetro de copos (à direita) ........... 18 Figura 6: Variação da velocidade (camada limite) em função do relevo Fonte. ........ 20 Figura 7: Alguns Aerogeradores existentes em Moçambique ................................... 21 Figura 8: Perfil encurvado do aerogerador ................................................................ 23 Figura 9: Área do rotor ............................................................................................... 24 Figura 10: Variação do rendimento do aerogerador com TSR . ................................. 25 Figura 11: Relação entre o coeficiente de Solidez e TSR ...................................... 26 Figura 12: Dimensões principais da pá ....................................................................... 27 Figura 13: Parâmetros geométricos do veio do aerogerador .................................... 31 Figura 14: Esquema de carregamento do veio do aerogerador ................................ 33 Figura 15: Esforços externos e internos do primeiro troço do veio ........................... 34 Figura 16: Esforços externos e internos do segundo troço do veio ........................... 35 Figura 17: Esforços externos e internos do terceiro troço do veio ............................ 35 Figura 18: Diagrama do momento torçor................................................................... 36 Figura 19: Diagrama do momento flector x do veio .................................................. 36 Figura 20: Diagrama do momento flector y do veio .................................................. 36 Figura 21: Parâmetros geométricos da união elástica de cavilhas. ........................... 41 Figura22: Cubo do aerogerador ................................................................................. 41 Figura 23: Aerogerador multipás ................................................................................ 42 Figura 24: Estrutura do teste no túnel de vento ........................................................ 43 Figura 25: Diagrama da potência para ângulo de ataque de 60º............................... 44 Figura 26: Diagrama da potência para ângulo de ataque de 70º............................... 45 Figura 27: Diagrama da potência para ângulo de ataque de 80º............................... 47 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 6 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Lista de tabelas Tabela 1: Faixas de velocidade médias anuais e a possibilidade de utilização dos aerogeradores. ........................................................................................................... 13 Tabela 2: Velocidade média mensal do vento em Maputo ....................................... 19 Tabela 3: Expoente relacionado com a camada limite............................................... 20 Tabela 4: Aplicação da constante de ajuste das unidades ......................................... 29 Tabela 5: Valores da intensidade, tensão e potência para ângulo de ataque de 60º 43 Tabela 6: Valores da intensidade, tensão e potência para ângulo de ataque de 70º 45 Tabela 7: Valores da intensidade, tensão e potência para ângulo de ataque de 80º 46 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 7 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Lista de símbolos v Velocidade do vento h Altitude de operação do aerogerador α – Expoente relacionado com a camada limite do perfil da velocidade do vento C p Coeficiente de potência, factor de aproveitamento ou ainda rendimento aerodinâmico do aerogerador Pmec - Potência mecânica disponível no veio da turbina Pdisp - Potência disponível no vento A Área da turbina eólica d Diâmetro do rotor Coeficiente de solidez S Superfície de cada pá do rotor Z Número de pás do aerogerador TRS ou Razão de velocidades na pá Faerod Força aerodinâmica nas pás n1 Frequência de rotação do veio do aerogerador Fcent Força centrífuga do rotor M flector da pá Momento flector da pá T Momento torçor no veio do aerogerador Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 8 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 1. Introdução O Aerogerador Multipás é uma máquina que transforma a energia cinética do vento em energia mecânica. Esta energia é geralmente convertida em energia eléctrica ou utilizada para bombear água, como é o caso da maior parte dos aerogeradores existentes em Moçambique. De uns tempos para cá tem-se constatado o desinteresse pela utilização de aerogeradores de eixo horizontal em contrapartida há uma proliferação dos aerogeradores de eixo vertical principalmente no nosso Pais, não sei se é pela potência gerada, tensão gerada, facilidade de construção ou pela comodidade já que os aerogeradores de eixo vertical podem ser utilizados em eventos publicitários e a sua construção é bastante simples. Neste projecto trata-se tipicamente de Aerogerador Multipás. O Trabalho possui basicamente três fases. A primeira fase consiste no cálculo projectivo e desenho dos elementos do aerogerador multipás. Nesta fase deve-se notar que as dimensões do aerogerador estão limitadas pelas dimensões do túnel de vento. A segunda fase é o fabrico usando material existente nas oficinas do Departamento de Engenharia Mecânica (DEMA). A última fase do trabalho será o teste do aerogerador no túnel de vento para analisar o efeito do aumento da variação da velocidade do vento e do ângulo de ataque na potência, voltagem e amperagem. O protótipo pode ser utilizado para bombear água numa zona rural. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 9 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 2. Objectivos do projecto 2.1. Objectivo geral Aplicar conhecimentos das disciplinas leccionadas ao longo do Curso de Licenciatura em Engenharia Mecânica para o dimensionamento e construção do Aerogerador Multipás. 2.1. Objectivos específicos Pesquisar as características dos processos e equipamentos do Aerogerador Multipás Projectar e construir o protótipo do Aerogerador Multipás que pode ser utilizado em Tchumene para bombear água. Analisar no túnel de vento o efeito do aumento da, velocidade do vento e ângulo de inclinação das pás na potência, voltagem e amperagem. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 10 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 3. Informações gerais Os moinhos de vento, ou turbinas eólicas, cata-ventos ou ainda aerogeradores vêm sendo utilizados a anos como uma forma de energia renovável, gratuita, limpa e que é uma solução para a crise energética já que a humanidade depende das fontes tradicionais de geração de energia. Assim sendo, a energia eólica apresenta-se como sendo uma alternativa praticável e ecologicamente correcta para a geração de energias alternativas e bombeamento. A energia dos ventos é bastante irregular pós a Terra experimenta momentos de poucos ventos, muitos ventos e até há regiões que nem ao menos venta por isso não é possível utilizar a energia eólica como uma fonte contínua de energia e a alternativa mais viável é a instalação de sistemas que a armazenem. No caso de produção de energia eléctrica, esta irregularidade é compensada pela colocação de baterias ligadas ao sistema e para o caso de sistemas de bombeamento de água monta-se um reservatório. Esses sistemas permitem guardar a energia gerada e libertam-na sempre que houver necessidade da sua utilização. Geralmente os aerogeradores multipás utilizados para o bombeamento de água são constituídos por rotor eólico, transmissão (engrenagens) e dispositivos de controlo. Os dois últimos componentes são necessários para melhor adequar a operação conjunta dos primeiros elementos e garantir assim o aproveitamento da energia numa faixa de velocidade do vento. Os aerogeradores estão limitados em termos de velocidades do vento e normalmente são projectados para resistir a velocidade de vento abaixo de 25 m/s. Pois quando a velocidade do vento atinge os 25 m/s já não há ganho na potência como se pode ver no diagrama abaixo Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 11 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Figura 1: Potência da turbina eólica em função da velocidade do vento Fonte [3]. Assim sendo é necessário conhecer faixas de velocidades que permitem melhor aproveitamento do recurso eólico. Velocidades baixas (1 à 2m/s) não ameaçam os aerogeradores mas podem levar a períodos inaceitáveis sem saída de energia mecânica [1]. A Tabela 1 mostra as faixas das velocidades e as possibilidades de uso dos aerogeradores Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 12 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Tabela 1: Faixas de velocidade médias anuais e a possibilidade de utilização dos aerogeradores. Fonte [1]. Velocidade média anual (10m acima Possibilidade de uso para energia do nível do solo) eólica Abaixo de 3m/s Usualmente não viáveis 3 à 4m/s Pode ser uma opção para bombear Impossível para geradores eólicos 4 à 5m/s Bombas eólicas Pode ser viável para geradores isolados Mais de 5m/s Viável para bombas eólicas quanto para geradores isolados Mais de 7m/s Viável para bombas eólicas, geradores isolados e conectados a rede 3.1. Surgimento dos Aerogeradores e sua utilização Desde a sua existência o Homem sempre teve necessidades em alimentação, vestuário e transporte. Assim sendo para se alimentar passava de floresta em floresta a procura de frutos silvestres e passou a ser nómada. Depois notou que os frutos acabavam na floresta e tinha que praticar a agricultura e assim passou a ser sedentário. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 13 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Para aumentar a produção o homem começou a utilizar para além da força humana a tracção animal. Com o desenvolvimento da agricultura, o ser humano necessitava cada vez mais de ferramentas que o auxiliassem cada vez mais em alguns trabalhos como por exemplo a moagem de cereais e bombeamento de água para a irrigação [2] Isso levou ao desenvolvimento de forma primitiva do moinho de vento que constava de um eixo vertical accionado por uma longa haste presa a ela, movida por homens ou animais caminhando numa gaiola circular, também existia uma gaiola cilíndrica conectada a um eixo horizontal e a tracção animal ou força humana caminhava no seu interior [2]. Estes sistemas foram sendo aperfeiçoados com a utilização de cursos de água como força motriz, surgindo assim rodas de água. Como não se dispunha de rios em todos os lugares para o aproveitamento em rodas de água, a percepção do vento como fonte natural, inesgotável de energia possibilitou ao surgimento de Aerogeradores O primeiro registo histórico da utilização dos aerogeradores para o bombeamento de água e moagem de grãos é proveniente da Pérsia por volta de 200 a.C. esse aerogerador era de eixo vertical (SHEFHERD, 1994). 3.2. Origem dos ventos Os ventos são gerados pelo aquecimento não uniforme da superfície terrestre, diferença de pressões na atmosfera e diferença de altitudes. Assim sendo, a energia eólica pode ser considerada como uma das formas em que se manifesta a energia proveniente do sol. Entretanto varios factores como a orientação dos raios e os movimentos da Terra também influenciam no aquecimento não uniforme da atmosfera[1]. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 14 Projecto de Curso Por exemplo Projecto dum Aerogerador Multipás as regiões tropicais recebem os raios solares quase perpendiculares e são mais aquecidas que as regiões polares. Consequentemente o ar quente que se encontra nas baixas altitudes das regiões tropicais tende a subir por convecção sendo substituído por uma massa de ar frio que se desloca das regiões polares. Esse deslocamento das massas de ar determina a formação dos ventos. Figura 2 - Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. Fonte[1] A manifestação local mais conhecida dos ventos é observada nos leitos, vales e nas montanhas, durante o dia o ar quente nas proximidades das montanhas eleva-se (menor densidade) o ar mais frio desce (maior densidade) sobre o vale para substituir o ar que subiu. No período nocturno, a direcção em que sopram os ventos é revertida e o ar frio das montanhas desce e se acumula nos vales. A Figura 3 mostra esse movimento. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 15 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás a) b) Figura 3. Movimento do ar no leito(a), no vale (b) Fonte [4]. 3.3. Factores que influenciam a variação da velocidade dos ventos A variação da velocidade dos ventos é influenciada: Pela rugosidade do terreno que é caracterizada pela vegetação (montanhas, planalto e planícies), utilização das terras e construções Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 16 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás efectuadas que podem causar aceleração ou desaceleração no escoamento do ar; Pela presença de obstáculos nas redondezas e Pela altura a que se faz a medição da velocidade do vento A Figura 4 mostra duma forma geral como os ventos se comportam quando estão sob influências dos obstáculos existentes no terreno Figura 4: Escoamento do ar ao longo duma montanha Fonte [4]. 4. Identificação de locais com potencial eólico A potência disponível no vento aumenta com o cubo da velocidade do vento, pelo que a implantação de aerogeradores em locais com ventos fortes e persistentes é um factor determinante no sucesso económico da operação. A primeira etapa na escolha de locais potenciais consiste em aplicar algumas regras tais como: o Os topos das montanhas são, em geral, locais muito ventosos; o Os planaltos e as planícies elevadas podem ser locais com bastante vento, assim como as zonas costeiras; o Os vales são normalmente locais com menos vento, embora, por vezes, possam ocorrer efeitos de concentração local com foi dito antes. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 17 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Os locais potencialmente interessantes podem ser identificados usando mapas de isoventos (linhas de igual velocidade média anual do vento) estes devem ser usados para fazer uma primeira estimativa (grosseira) do recurso eólico. Contudo, é indispensável uma caracterização detalhada do local recorrendo a dados obtidos a partir de medições efectuadas através de anemómetro como veremos a seguir. 4.1. Medição da velocidade do vento Idealmente, a caracterização do recurso eólico num local deve ser feita com base em medições realizadas em vários pontos da zona envolvente e ao longo de um número significativo de anos. A medição da velocidade do vento é feita com instrumentação específica: anemómetros e sensores de direcção. É essencial que a instrumentação esteja bem exposta a todas as direcções do vento, isto é, os obstáculos devem estar situados a uma distância de, pelo menos, dez vezes a sua altura. A Figura 5 ilustra o tipo de anemómetro mais difundido, o chamado anemómetro de copos, e um sensor de direcção. Figura 5: Sensor de direcção (esquerda) e anemómetro de copos (à direita) Fonte [5]. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 18 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás A velocidade de rotação dos anemómetros é proporcional à velocidade do vento, sendo medida através de uma tensão variável. Os sensores de direcção fornecem uma tensão proporcional à direcção. Os sinais enviados pelos instrumentos de medida são recolhidos por um sistema de aquisição de dados e armazenados localmente ou transferidos, actualmente o anemómetro liga-se ao computador e assim fornece a variação da velocidade do vento com o tempo. Os resultados das medições da velocidade média e da direcção do vento podem ser registados em tabelas ou gráficos de frequências. Para o presente projecto os dados da velocidade média do vento foi obtida pelo Instituto Nacional de Metrologia (INAM) Tabela 2: Velocidade média mensal do vento em Maputo Fonte[INAM]. ESTAÇÃO : MAPUTO/OBSERVATORIO PERIODO : 1991-2000 ELEMENTO : VELOCIDADE MÉDIA MENSAL DO VENTO (Km/h) Mes ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 1991 5.6 4.8 4.5 3.5 4.4 4.4 4.7 5.5 7.4 7.5 8.9 9.2 1992 11.2 10.6 9.1 8.7 9.1 8.1 7.5 10.8 12.4 13.3 12.8 11.7 1993 10.9 9.4 7.4 7.8 8.7 8.7 8.3 9.6 9.4 8.2 8.6 9.5 1994 9.0 9.8 9.2 8.2 6.2 8.5 7.5 8.6 1.8 9.6 9.6 10.4 1995 8.5 8.3 7.7 6.7 6.4 7.5 8.3 7.5 7.9 9.2 8.2 8.8 1996 7.3 7.0 7.7 6.2 4.9 5.0 6.7 7.5 7.2 9.5 11.7 11.4 1997 11.8 8.8 7.7 6.6 8.0 6.9 6.7 7.9 7.5 10.2 10.8 10.0 1998 10.1 10.9 9.5 9.2 8.1 8.8 7.8 8.7 9.5 9.2 8.9 10.3 1999 9.2 7.8 8.3 7.7 9.0 8.9 8.7 9.5 11.8 11.4 11.3 -- 2000 -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- MÉDIA 9.3 8.6 7.9 7.2 7.2 7.4 7.4 8.4 8.3 9.8 10.1 10.2 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 19 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Geralmente a velocidade do vento é medida a 1 metro de altitude e faz-se a relação desta velocidade a uma determinada altitude tendo em conta os obstáculos ao vento. A fórmula para a determinação da velocidade a uma dada altitude é: h v2 v1 x 2 h1 1 α – Expoente relacionado com a camada limite do perfil da velocidade do vento e o seu valor pode-se observar na Tabela 2 Tabela 3: Expoente relacionado com a camada limite Fonte [3]. Relevo Coeficiente α Areia, superfície do oceano 0,1 Capim/Relva baixa, terreno descoberto 0,16 Capim alto ou culturas de altura baixa 0,18 Culturas de alturas elevadas ou florestas baixas 0,2 Florestas altas 0,3 Subúrbios arborizados e pequenas cidades 0,45 A Figura 6 mostra a influencia dos obstaculos ao vento Figura 6: Variação da velocidade (camada limite) em função do relevo Fonte [2]. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 20 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 5. Classificação dos aerogeradores Os aerogeradores são classificados tendo em conta: a) A sua forma construtiva Aerogeradores de eixo horizontal e Aerogeradores de eixo vertical b) A sua potência nominal Pequeno porte (até 50kW de potencia), Médio porte (até 50kW á 1MW de potencia) e Grande porte (acima de 1MW de potencia) c) O número de pás Mono pá (quando tem uma pá) Bipás (quando tem duas pás) Tripas (quando tem três pás) Multipás (4,6,8,10,12...24 pás) d) A sua velocidade de rotação Rápidos e Lentos. a) b) c) Figura 7: Alguns Aerogeradores existentes em Moçambique, Aerogerador de eixo Horizontal “Multipás” a) e Aerogeradores de Eixo Vertical b) e c) Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 21 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 6. Coeficiente de Betz A potência contida no vento não pode ser integralmente convertida em potência mecânica no veio da turbina, uma vez que o vento, depois de atravessar o plano das pás, tem de sair com velocidade não nula. A aplicação de conceitos da mecânica de fluidos permite demonstrar a existência de um máximo teórico para o rendimento da conversão eolo-mecânica. O seu valor é 59,3%14, e é conhecido por Limite de Betz. O rendimento efectivo da conversão numa turbina eólica depende da velocidade do vento e é dado por: Cp Pmec Pdisp 2 Pmec - É a potência mecânica disponível no veio da turbina. Pdisp - É a potência disponível no vento. O coeficiente de potência, factor de aproveitamento ou ainda rendimento aerodinâmico do aerogerador ( C p ) define quanta potência pode ser extraída do vento pelo aerogerador. Betz foi o primeiro a demonstrar o seu máximo. O coeficiente de potência pode ser expresso directamente como uma função da razão de velocidades após e antes da turbina através da fórmula: Cp v2 v1 3 v 2 - É a velocidade do vento após a turbina v1 - É a velocidade do vento antes da turbina Na prática o coeficiente de potência vária de 0,3 á 0,4. Geralmente para aerogeradores lentos utiliza-se 0,3 e rápidos 0,4. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 22 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 7. Cálculo projectivo do aerogerador O cálculo projectivo começa pela escolha do perfil do aerogerador e desta feita escolhe-se perfil encurvado Figura 8: Perfil encurvado do aerogerador As dimensões do aerogerador devem ser inferiores as do túnel de vento para se efectuar o teste, desta feita o diâmetro do protótipo do aerogerador pode se considerar d=300mm. 7.1. Determinação da área do rotor A limitação da área do aerogerador, é dada pelas dimensões do túnel de vento (400x400mm), por isso toma-se o diâmetro do aerogerador d = 286 mm. Assim sendo, a área fica: A * A * d2 4 4 d2 28.6 2 3.14 * 643 cm 2 4 4 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 23 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Figura 9: Área do rotor Determinação da superfície das pás Para a determinação da superfície de cada pá que compõe o rotor, primeiramente deve-se determinar o coeficiente de solidez e a razão de velocidades na pá. Coeficiente de solidez (Ω) é a razão entre a área total das pás e a área varrida pelas mesmas. Isto é: S *Z A 5 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 24 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás S - É a superfície de cada pá do rotor, Z - É o número de pás do aerogerador (8 e 4) A - É a área do rotor (antes calculada) Razão de velocidade na pá (TSR ou λ) É a relação entre a velocidade linear (m/s) da extremidade da pá da turbina de raio r (m), rodando à velocidade ω (rad/s), e a velocidade do vento v (m/s). O valor da razão de velocidades pode ser obtido pela fórmula: TSR TSR *r v *r v 6 (grandeza a dimensional), ou pode ser obtido como função do rendimento do aerogerador pela Figura 8. Figura 10: Variação do rendimento do aerogerador com TSR Fonte [2]. Desta feita com rendimento de 0.3 extrai-se TSR =0.8 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 25 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás O coeficiente de solidez extrai-se da Figura 11 e o seu valor é 0.65 Figura 11: Relação entre o coeficiente de Solidez e TSR Fonte [2] Assim, a superfície de cada pá segundo (5) será: S * A 0.65 * 643 52cm 2 Z 8 Determinação das dimensões da pá Construtivamente considera-se a altura da pá 90mm, a base maior 47mm, base menor 32mm que após passarem pela calandra ficaram com as dimensões 45mm e 30mm para a base maior e menor respectivamente. Como a pá deve estar fixa ao cubo e para garantir a variação do ângulo de ataque da pá então deve ter um suporte com um furo para o qual dever-se-á afixar com um parafuso M8 e o comprimento do suporte sera18mm. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 26 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Figura 12: Dimensões principais da pá 7.2. Cálculo da velocidade de rotação do veio do aerogerador * vvento rotor rrotor 7 0.8 vvento 3m / s Raio do rotor rrotor rotor d rotor 28.6 14.3cm logo teremos: 2 2 0.8 * 3 16.78s 1 0.143 vrotor rotor * rrotor 16.78 * 0.143 2.4 m/s vrotor n1 * d * n1 60 60 * vrotor 60 * 2.4 160 rpm *d * 0.286 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 27 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 8. Resistência aerodinâmica das pás A forma mais simples de expressar a resistência aerodinâmica do aerogerador em rotação imerso em uma corrente de ar é através da força aerodinâmica. a) Força aerodinâmica nas pás Faerod 0.062 * A * v 2 kgf Ou Faerod 0.062 * A * g * v 2 N 8 Onde: A - É área do rotor; g –É a aceleração de gravidade(9.8m/s2); v – e a velocidade do vento Faerod 0.062 * 0.0643 * 9.8 * 32 0.35N Força aerodinâmica em cada pá Faerod Z 9 Segundo (9) Faerod 0.35 0.044 N 8 8 b) Força estática aerodinâmica( aerogerador parado) 10 Festática aerod 2 * * Faerod em movimento Festática aerod 2 * 0.65 * 0.044 0.57 N Festática aerod total Z * Festática aerod 11 Festática aerod total 8 * 0.057 0.46N Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 28 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 9. Resistência aerodinâmica do rotor a) Força centrífuga do rotor Fcent 0.1034 * G * g * {k * v( SR) G }2 rG 12 Onde: G - É o peso da pá em kg k- É uma constante de ajuste das diversas unidades envolvidas e o seu valor pode ser extraído da Tabela 3 Tabela 4: Aplicação da constante de ajuste das unidades Fonte [2] Valor do coeficiente (k) Aplicação 1.47 Para velocidade em milhas/ hora e o raio em ft 1 Se a velocidade esta ft/seg e o raio em ft 1 Para velocidade em m/s e o raio em metros 3.6 Para velocidade em km/hora e o raio em metros rG - É a distância em metros desde o eixo de rotação do rotor até ao centro de gravidade da pá SRG É a relação da velocidade tangencial relativa do vento no centro de gravidade da pá a distância rG . O material utilizado para a construção das pás foi chapa de zinco de espessura 1mm e a sua densidade é 7100kg/m G *V * S * 13 G 7100 * 0.0052 * 0.001 0.037 kg 14 SRG TSR 2 SRG TSR 0.8 0.4 Logo: 2 2 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 29 Projecto de Curso rG Projecto dum Aerogerador Multipás d 28.6 7.15cm 4 4 Segundo (12), têm-se: Fcent 0.1034 * 0.037 * 9.8 * {1 * 3 * 0.4}2 0.76 N 0.0715 b) Momento flector da pá Calcula-se a partir das forças aerodinâmicas que actuam sobre a pá na distância rG . 15 M flector da pá rG * Faerod M flector da pá rG * Faerod 0.0715m * 0.044 N 0.0031Nm Momento flector do aerogerador parado M flector da pá rG * Festática aerod 0.0715 * 057 0.0041Nm c) Momento torçor do veio do aerogerador T Putil * d 2 * (TSR) * v 16 Putil 0.5 * * A * v 3 * 17 De (17), temos: Putil 0.5 *1.2 * 0.0643 * 0.3 * 33 0.31W De (16) obtêm-se: T 0.31 * 0.286 0.018 Nm 2 * 0.8 * 3 Momento torçor originado em cada pá 18 Ti T Z Ti 0.018 0.00225 Nm 8 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 30 Projecto de Curso 10. Projecto dum Aerogerador Multipás Cálculo dos parâmetros geométricos do veio do aerogerador Figura 13: Parâmetros geométricos do veio do aerogerador d1 3 M t *10 3 0.2 [ ] 19 Onde: M t – Momento torçor no veio N.m ; – Tensão admissível à torção M t 7019 * Putil n 20...30MPa 20 Putil Em cavalo - vapor Putil 0.31W 4.157 *10 4 cv n 160 rpm M t 7019 * d1 3 4.157 14 Nm 160 14 *10 3 15mm Segundo verificação da secção mais carregada toma-se 0.2 [20] d1 16mm Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 31 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 21 l1 1.5 * d1 l1 1.5 * d1 1.5 *16 24mm . Construtivamente Toma-se l1 14mm 22 d 2 d1 2 * t d 2 d1 2 * t 16 2 * 2 20mm Neste escalão deve ser montado um rolamento e escolhe-se rolamento radial de esferas com as seguintes características: Tipo : SKF com d 20mm, D 42mm, B 12mm, Cr 9.95kN, Co 5kN 23 l2 2 * B x x toma-se construtivamente l 2 107mm d 3 d1 16mm l3 52mm Obtêm-se construtivamente d 4 d 2 20mm l 4 B 12mm d 5 d1 15mm l5 30mm Construtivamente. 10.1. Determinação do peso do rotor eólico P m* g 24 Onde: P Peso [N ] m Massa [kg] g Acel .gravidade[m / s 2 ] Massa m *V Onde: Massa especifica [kg / m3 ] Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 32 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás V Vomule [m 3 ] Volume das pás ( ( [ ) ) ] Volume do cubo ( ) Massa das pás Para Zinco: Massa do cubo Para Alumínio: Massa total do rotor 10.2. Cálculo das reacções nos apoios Figura 14: Esquema de carregamento do veio do aerogerador Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 33 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás ( √ ) √ Considerando o ponto B fixo, teremos: : : : ( √ ) √ √ √ 10.3. Cálculo dos momentos internos Primeiro troço – [ ] Figura 15: Esforços externos e internos do primeiro troço do veio Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 34 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás ( ) ( ) ( ) Segundo troço – [ ] Figura 16: Esforços externos e internos do segundo troço do veio ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Terceiro troço – [ ] Figura 17: Esforços externos e internos do terceiro troço do veio Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 35 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás ( ) ( ) ( ) 10.4. Diagrama dos momentos flectores e torsores Figura 18: Diagrama do momento torçor Figura 19: Diagrama do momento flector x do veio Figura 20: Diagrama do momento flector y do veio Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 36 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Pode se observar que a secção mais carregada encontra-se no ponto B Determinação do momento flector reduzido Desta feita tem-se: ∑ ∑ ( √ √ √ ) ( ) 10.5. Verificação do diâmetro da secção perigosa Deve-se verificar a seguinte condição: d cr d i Onde d i é o diâmetro médio do veio na secção critica. Primeiramente calcula-se o momento-flector reduzido pela fórmula (30) M fred M 2f * Mt 2 30 Onde: α = 0.58 – Considerando que há concentração de tensões; M fred 33.7122 0.58 * 142 34 Nm A seguir calcula-se o diâmetro crítico do veio, considerando o momento reduzido na secção mais carregada, como sendo: d cr 3 Mf red *10 3 mm 0.1 * [ f ] 31 Onde: 60...90 MPa f d cr 3 M fred *10 3 0.1 * f 3 34 *10 3 15.57mm ; normaliza-se para d cr 16mm 0.1 * 90 Neste caso, o diâmetro médio previamente calculado d1 15mm passa para d1 16mm Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 37 Projecto de Curso 11. Projecto dum Aerogerador Multipás Cálculos de resistência do veio do aerogerador Na prática, verifica-se que os veios falham por fadiga. A ruína por cargas estáticas é rara. Por isso, o cálculo principal dos veios é a verificação da resistência à fadiga. Os outros que podem ser realizados são o cálculo de resistência à carga estática, à rigidez e às vibrações. [7] Para este projecto simplesmente vou verificar a resistência por fadiga e a carga estática. 11.1. Cálculo testador à fadiga A condição de resistência á fadiga consiste na limitação do coeficiente de segurança S S 32 S S 1.5 S2 S2 Onde: S 1 a K Kd KF S a K m 1 Kd KF - É o coeficiente de segurança a flexão. - é o coeficiente de segurança a torção m a e a – são as amplitudes das tensões cíclicas, determinam-se por: a M 0.5 T E a 0.5 3 0.1 d 0.2 d 3 m e m – são as tensões médias, podem determina-se por: m M 0.5 T , m 0.5 , 3 0.1 d 0.2 d 3 1 e 1 – são os limites de fadiga do material, determinam-se por: 1 (0.4...0.5) r 1 (0.2....0.3) r e – são coeficientes de sensibilidade a tensão média, os seus valores dependem das propriedades mecânicas dos materiais e, geralmente adoptamse: Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 38 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 0.05; 0 - Para aços macios ao carbono 0.1; 0.05 - Para aços de médio teor de carbono. 0.15; 0.1 - Para aços de liga. K d e K F são factores de escala e de rugosidade, respectivamente. K e K são coeficientes efectivos de concentração das tensões normais (de flexão) e tangenciais (devidas à torção), respectivamente. Material do veio do aerogerador: Aço45 r 735Mpa ; e 441Mpa ; HB 285 Mt 14 Nm ; M f 34 Nm 0.1; 0.05 1 (0.4....0.5) r 0.45 735 330.75Mpa 1 (0.2....0.3) r 0.25 735 183.75Mpa Para D 20 1.25 d 16 r 1.6 0.1 : logo K 1.6 e K 1.25 d 16 Considerando aço ao carbono com concentração de tensões K d 0.9 ; Considerando torneamento de acabamento; K F 0.9 a m a m S M f 0.1 d 3 33712 82.3N / mm 2 0.1 16 3 0.5 Mt 0.5 14000 8.5 N / mm 2 3 3 0.2 d 0.2 16 330.75 183.75 1.9 e S 13.567 82.3 1.6 8.5 1.25 0.1 82.3 0.05 8.5 0.9 0.9 0.9 0.9 S 1.9 13.6 1.9 13.6 2 2 1.9 Como S 1.9 S 1.5 ; então o veio do aerogerador resiste à fadiga. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 39 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 11.2. Cálculo testador à carga estática Com este cálculo pretende-se verificar a resistência do veio a deformação plástica ou destruição devido a efeitos de sobrecargas (durante o arranque do aerogerador) Para este cálculo usam-se tensões equivalentes que incluem tanto a flexão como a torção. A condição eq 2f 3 * 2 , deve ser satisfeita. Mas: f M f M Mt , E 0.8 e 3 3 0.1 * d 0.1 * d1 0.2 * d 3 f 33712 82.3N / mm 2 , 3 0.1 *16 14000 91480 17.1N / mm 2 3 3 0.2 d 0.2 * 48 0.8 e 0.8 * 441 352.8N / mm2 eq 82.32 3 *17.12 87.5N / mm2 Como eq 87.5N / mm2 352.8N / mm2 , então o veio do aerogerador resiste a carga estática. 12. Escolha do acoplamento Na ligação ente o veio do aerogerador e do dínamo deve ter um acoplamento. Escolhe-se um acoplamento leve com buchas elásticas do tipo MUVP, para garantir o amortecimentos dos choques e garantir a centragem entre o veio do aerogerador e do dínamo. A escolha dos parâmetros é feita com base no torque de trabalho e do diâmetro do escalão do veio em que o acoplamento deve ser montado. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 40 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Figura 21: Parâmetros geométricos da união elástica de cavilhas. 13. Dimensionamento do cubo para a fixação das pás Para garantir a fixação das 8 pás, o cubo tem um diâmetro de 100mm e largura de 20mm. Ao longo do comprimento do cubo foram feitos 8 furos M6 com profundidade de 18mm. Figura22: Cubo do aerogerador O material utilizado para a construção do cubo é o Alumínio Com as pás, o veio e o cubo montou-se o aerogerador multipás Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 41 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Figura 23: Aerogerador multipás Dimensionamento das braçadeiras para fixação dos rolamentos na base do suporte As braçadeiras foram feitas de chapa de aço de espessura 3mm, comprimento será 60mm, a largura 12mm. 14. Teste do aerogerador no túnel de vento Túnel de vento é uma instalação que tem por objectivo simular e estudar o efeito do movimento de ar ao redor ou sobre objectos sólidos, neste caso monta-se um aerogerador multipás. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 42 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Figura 24: Estrutura do teste no túnel de vento Durante a simulação do aerogerador no túnel de vento foi possível medir a amperagem e a voltagem para diferentes velocidades do ar e depois determinou-se a potência pela fórmula (33) [ ] ( ) Onde: P – É a potência em Watts [ ] V – É a tenção em Voltes [ ] I – É a intensidade da corrente continua em Amperes[ ] Obtiveram-se os seguintes valores: Ângulo de ataque de 60º Tabela 5: Valores da intensidade, tensão e potência para ângulo de ataque de 60º Item Velocidade do Ar (m/s) Amperagem (μA) Voltagem (V) Potência(μW) 1 3.8 0 0.407333333 0 2 4.6 0 0.521666667 0 3 5.3 0 0.702666667 0 4 5.9 0 0.855666667 0 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 43 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás 5 6.5 0 0.989666667 0 6 7.3 0 1.185333333 0 7 8.1 0 1.344666667 0 8 8.6 0 1.458666667 0 9 9 0 1.549333333 0 10 10.5 0.166666667 1.938666667 0.323111111 11 11 0.5 2.227666667 1.113833333 12 12.4 1.1 2.649 2.9139 13 14.4 1.9 3.182666667 6.047066667 Também pode-se apresentar esses valores num diagrama Potência(μW) 7 6 5 4 3 Potência(μW) 2 1 0 -1 0 5 10 15 20 Figura 25: Diagrama da potência para ângulo de ataque de 60º Para ângulo de ataque de 60º, constatei que: De 3.8 a 9m/s, o aerogerador só produzia tensão na ordem de 0.4 a 1.5V, portanto a potência é nula nesta faixa velocidades. De 10.5 á 14.4m/s, o aerogerador multipás produz tensão e intensidade na ordem de 1.9 á 3.1V e 0.1 á 1.9 μA respectivamente. Nesta mesma faixa de velocidades, inicia-se a produção da potência e a medida que a velocidade aumenta, a potência também aumenta até 6 μW. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 44 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Ângulo de ataque de 70º Tabela 6: Valores da intensidade, tensão e potência para ângulo de ataque de 70º Item Velocidade do Ar(m/s) Amperagem(μA) Voltagem (V) Potência(μW) 1 3.8 0 0.597333333 0 2 4.6 0 0.765333333 0 3 5.3 0 0.694666667 0 4 5.9 0 1.201 0 5 6.5 0 1.458 0 6 7.3 0.1 1.781666667 0.178166667 7 8.1 0.3 2.038 0.6114 8 8.6 0.5 2.196 1.098 9 9 0.7 2.335666667 1.634966667 10 10.5 1.5 2.924333333 4.3865 11 11 2.2 3.364 7.4008 12 12.4 3.266666667 4.033333333 13.17555556 13 14.4 4.2 4.71 19.782 Potência(μW) 25 20 15 10 Potência(μW) 5 0 0 5 10 15 20 -5 Figura 26: Diagrama da potência para ângulo de ataque de 70º Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 45 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Para ângulo de ataque de 70º, constatei que: De 3.8 a 6.5m/s, o aerogerador só produzia tensão na ordem de 0.5 a 1.4V, portanto a potência é nula nesta faixa velocidades. De 7.3 á 14.4m/s, o aerogerador multipás produz tensão e intensidade na ordem de 1.7 á 4.7V e 0.1 á 4.2 μA respectivamente. A produção da potência inicia a velocidade de 7.3m/s e a medida que a velocidade do vento aumenta, a potência do aerogerador multipás também aumenta até 19.78 μW para uma velocidade de 14.4m/s Ângulo de ataque de 80º Tabela 7: Valores da intensidade, tensão e potência para ângulo de ataque de 80º Item Velocidade do Ar (m/s) Amperagem(μA) Voltagem (V) Potência(μW) 1 3.8 0 0.132 0 2 4.6 0 0.6805 0 3 5.3 0 1.147 0 4 5.9 0 1.5325 0 5 6.5 0.1 1.864 0.1864 6 7.3 0.5 2.2635 1.13175 7 8.1 1.15 2.658 3.0567 8 8.6 1.5 2.911 4.3665 9 9 1.8 3.109 5.5962 10 10.5 3.2 3.99 12.768 11 11 4.2 4.65 19.53 12 12.4 1.15 2.7335 3.143525 13 14.4 0.65 2.0225 1.314625 Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 46 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Potência(μW) 25 20 15 10 Potência(μW) 5 0 0 5 10 15 20 -5 Figura 27: Diagrama da potência para ângulo de ataque de 80º Para ângulo de ataque de 80º, constatei que: De 3.8 a 5.9m/s, o aerogerador não produzia intensidade, simplesmente produzia tensão na ordem de 0.5 a 1.4V, portanto a potência é nula nesta faixa velocidades. De 6.5 á 11m/s, o aerogerador multipás produzia tensão e intensidade na ordem de 1.8 á 4.6V e 0.1 á 4.2 μA respectivamente. A produção da potência inicia a velocidade de 6.5m/s e a medida que a velocidade do vento aumenta, a potência do aerogerador multipás também aumenta até 19.5 μW para uma velocidade de 11m/s De 12.4m/s em diante, a potência cai significativamente. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 47 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Potência v s Ângulo v s Velocidade Potencia = Distance Weighted Least Squares 25 20 15 10 5 0 15. Conclusão e recomendações A construção do protótipo do aerogerador multipás teve várias fases complexas, não obstante algumas dimensões sofreram alterações. Essas alterações não perigaram o funcionamento do aerogerador pelo contrário garantiu a sua construção eficaz e um funcionamento óptimo. A província de Maputo apresenta regimes de vento bastante reduzidos o que faz com que não seja aconselhável colocar aerogeradores multipás no interior mas sim na zona altas ou próximas da costa. O aerogerador multipás só inicia a produção da potência a velocidade de 10m/s, para um ângulo de ataque de 60º Para um ângulo de ataque de 70º, o aerogerador inicia a produção da potência com a velocidade de 7.3m/s e garante a obtenção de maior potência do aerogerador multipás. Com um ângulo de ataque de 80º, o aerogerador multipás inicia a produção da potência a velocidade de 6.5m/s , a sua potencia vai aumentando a medida que a velocidade aumenta até 11m/s. Autor: Abduremane, Amadeu da Costa Supervisor: Prof. Dr. Eng.º Jorge Olívio Penicela Nhambiu 48 Projecto de Curso Projecto dum Aerogerador Multipás Desde 12.4 m/s a potencia cai bruscamente devido ao efeito da vorticidade e efeito deste ângulo de ataque(80º). O ângulo de ataque que proporciona a obtenção de maior potência num aerogerador multipás de 8 pás é de 70º. Também podem ser produzidos aerogeradores multipás de 8 pás com um ângulo de ataque de 80º desde que funcionem a velocidades não superiores a 11m/s. 16. Bibliografia [1] - TOLMASQUIM, M. T. (ORGANIZADOR) Fontes Renováveis de Energia no Brasil CENERGIA, Rio de Janeiro, 2003 [2] - PEDRO FERNÁNDEZ DÍEZ, Energía Eólica, [3] - DR. ENGº JORGE NHAMBIU, Energia Eólica [4] - FATIMA ARTHUR, Energias Renováveis, [5]- GUILHERME MÜNCHEN WENZEL, Projeto Aerodinâmico de Pás de Turbinas eólicas de Eixo Horizontal, Porto Alegre, Novembro de 2007. [6] - RUI M.G. CASTRO, Energias Renováveis e Produção Descentralizada Introdução à Energia Eólica, Janeiro de 2003 [7] - RUI VASCO SITOE, Órgãos De Máquinas II [8] - ELETROBRÁS – CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS Atlas do Potencial Eólico Brasileiro CEPEL, Brasília,2001 [9] - GIACAGLIA, G. E. Mecânica Geral 10a Edição, Rio de Janeiro, Ed. 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