Continuidade Absoluta de Funções Convexas Flavio Lima de Souza∗, Luis Antônio F. de Oliveira, Universidade Estadual Paulista - “Júlio de Mesquita Filho” Depto de Matemática, FEIS, UNESP, 15385-000, Ilha Solteira, SP E-mail: [email protected], flavio90 [email protected]. Palavras-chave: Análise e Aplicações, Condição de Lipschitz, Funções Absolutamente Contı́nuas, Funções Convexas. Resumo: Este trabalho de Iniciação Cientı́fica tem como objetivo apresentar o conceito de funções convexas e algumas de suas propriedades, ganhando maior destaque a continuidade absoluta. 1 Introdução As funções convexas formam uma importante classe em Análise Real. Elas são utilizadas em diversas áreas da Matemática Aplicada e em problemas de otimização. A seguir, serão estudadas algumas das principais propriedades de funções convexas, dando maior enfoque na continuidade absoluta dessas funções. 2 Resultados e Discussões Definição 2.1 Uma função f : [a, b] → R é dita absolutamente contı́nua se dado > 0, existe um número real δ > 0Ptal que para toda coleção P finita de intervalos {(aj , bj )}j=1,2,...,n ⊂ [a, b], dois a dois disjuntos, nj=1 |bj − aj | < δ ⇒ nj=1 |f (bj ) − f (aj )| < . Condição de Lipschitz: A função f : I → R satisfaz a condição de Lipschitz no intervalo I se existe uma constante c > 0 tal que |f (x) − f (y)| ≤ c|x − y|, ∀ x, y ∈ I. Lema 2.2 Toda função f : I → R lipschitziana é absolutamente contı́nua. PROVA. Como f é lipschitziana, temos que existe uma constante c > 0 tal que, |f (x) − f (y)| ≤ c|x − y|, ∀ x, y ∈ I. Assim dado > 0, tomando δ = c > 0 tal que: n X |f (bj ) − f (aj )| < c · j=1 n X (bj − aj ) < c · j=1 | {z <δ= c = , c } para quaisquer que sejam n os escalares a1 < b1 < a2 < b2 < ... < an < bn . Definição 2.3 Uma função f definida no intervalo (a, b) é dita convexa se para cada x1 , x2 ∈ (a, b) e cada λ, 0 ≤ λ ≤ 1, temos f (λx1 + (1 − λ)x2 ) ≤ λf (x1 ) + (1 − λ)f (x2 ). ∗ Bolsista de Iniciação Cientı́fica - FAPESP 110 0 0 0 0 0 Lema 2.4 Se f é convexa em (a, b) e se x, y, x , y ∈ (a, b) tais que x ≤ x < y e x < y ≤ y , então f (y)−f (x) y−x 0 ≤ f (y )−f (x) . 0 y −x 0 Do mesmo modo, vale f (y )−f (x) 0 y −x 0 ≤ 0 f (y )−f (x ) . 0 0 y −x A seguinte proposição trata de uma importante propriedade de continuidade de funções convexas. Proposição 2.5 Se f é convexa em (a, b), então f é absolutamente contı́nua para cada subin0 tervalo [c, d] ⊂ (a, b). As derivadas laterais (à direita, representada por f (x+ ) e à esquerda, 0 representada por f (x− )) de f existem para cada ponto de (a, b) e elas são iguais, exceto num conjunto enumerável. Além disso, as derivadas laterais são funções monótonas crescentes, e 0 0 f (x− ) ≤ f (x+ ), x ∈ (a, b). DEMONSTRAÇÃO. Seja [c, d] ⊂ (a, b) e x, y ∈ [c, d]. Como, a ≤ x < y e a < c ≤ y, do lema (a) (x) (x) (d) (a) 2.4, segue que f (c)−f ≤ f (y)−f . Analogamente, temos f (y)−f ≤ f (b)−f , logo f (c)−f ≤ c−a y−x b−d c−a y−x f (y)−f (x) f (b)−f (d) f (b)−f (d) f (y)−f (x) ≤ b−d . Seja C = b−d , segue que y−x ≤ C ⇒ |f (y) − f (x)| ≤ C · |y − x|, y−x ∀ x, y ∈ [c, d]. Isso mostra que f é uma função lipschitziana em [c, d], e como toda função lipschitziana é absolutamente contı́nua, logo f é absolutamente contı́nua. (x0 ) Se x0 ∈ (a, b), a função ϕ definida em (a, b)\{x0 } por ϕ(x) = f (x)−f é monótona crescente x−x0 + − e consequentemente tem limites laterais finitos, e ϕ(x0 ) ≤ ϕ(x0 ). Para provarmos que a função x 7→ ϕ(x) é monótona crescente, consideremos x, y ∈ (a, b)\{x0 }, (x0 ) (x0 ) (x0 ) (x0 ) ≤ f (y)−f , logo ϕ(x) ≤ ϕ(y). Assim, limx↓x0 f (x)−f e limx↑x0 f (x)−f então f (x)−f x−x0 y−x0 x−x0 x−x0 0 0 + existem e são finitos, ou seja, f é diferenciável em cada ponto x0 . Além disso, f (x− 0 ) ≤ f (x0 ). Consideremos agora, x0 < y0 , x < y0 e x0 < y, pelo lema 2.4, segue que f (y)−f (y0 ) , y−y0 logo f 0 (x+ 0) ≤ f 0 (y0+ ) e f 0 (x− 0) ≤ f 0 (y0− ), ou seja, f 0 (x+ 0) e f 0 (x− 0) f (x)−f (x0 ) x−x0 ≤ são funções 0 monótonas e só tem o mesmo valor quando f for contı́nua em x0 , isto é, tem valor distinto apenas nos pontos de descontinuidade. Sabemos no entanto, que uma função monótona tem uma quantidade enumerável de pontos de descontinuidade, o que demonstra a proprosição. 3 Conclusão Neste trabalho introduzimos o conceito básico de funções convexas, e algumas de suas importantes propriedades, dentre as quais, a continuidade. Nosso interesse é de utilizar esse importante conceito no estudo de problemas de otimização convexa com a Desigualdade de Jensen no espaço das Funções Lebesgue Integráveis L1 ([a, b], X), sendo X um espaço de Banach. Referências [1] E. L. LIMA, Curso de Análise,10a edição, 2a impressão, Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, RJ, (2002) 344. [2] M. P. MATOS, Integral de Bochner e Espaços Lp (O, T ; X), Apostila de mestrado em Equações Diferenciais Parciais, UFBA, 129, 84-94. [3] H. L. ROYDEN, Real Analysis, 3a edição, Pientice - Hall, Inc. 468 (1988) 97-117. 111