PROJETO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL –
HORTICULTURA ORGÂNICA E A SEGURANÇA ALIMENTAR.
José Augusto Carvalho Leme
Sílvia Zanatta Previdelo
CEETEPS - Etec Dep. Paulo O. Carvalho de Barros.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo principal, desenvolver através da implantação
de diversas culturas olerícolas orgânicas, experiências e conhecimentos sobre
a prática de uma produção sustentável para a segurança alimentar e ao
mesmo tempo desenvolver nos alunos competências e habilidades para a
disseminação de atitudes de comprometimento para um futuro ambientalmente
melhor além de servir como ferramenta da ação interdisciplinar para os
professores. Este trabalho justifica-se pela importância de um projeto produtivo
em escolas agrícolas como ferramenta para o desenvolvimento cognitivo dos
alunos em relação às práticas sustentáveis, e a relevância que há pouco
material didático e cientifico em condições locais para o aprendizado em
relação ao desenvolvimento sustentável e a produção orgânica. O projeto neste
artigo é apresentado em dois momentos, sendo que na primeira é a
implantação do projeto na Escola Técnica (Etec) através do programa de
Horticultura Orgânica do Centro Paula Souza e, na segunda após oito anos,
uma explanação de como atualmente é utilizado pelos alunos e professores
para a disseminação de atitudes de preservação e produção sustentável.
Através do acompanhamento do desenvolvimento das várias culturas
seguindo-se as diretrizes da produção orgânica do (IBD) Instituto Biodinâmico,
pretendeu-se ao final de cada ciclo de cultura ter-se registros importantes para
serem introduzidas às culturas certificadas pelo instituto e, disseminarmos um
comportamento de responsabilidade com o ambiente entre os técnicos
agropecuários formados na escola técnica agrícola. A produção em pequena
escala como no caso deste projeto, serve como um modelo de produção para
pequenos produtores rurais e hortas caseiras, vindo de encontro com a política
da Organização das Nações Unidas (ONU) no que se refere à segurança
alimentar. Nos últimos anos o aumento da produção orgânica é significativo. O
produto orgânico esta cada vez mais sendo solicitado pelo consumidor, tanto
internamente como no exterior, porém precisa de maiores informações para
que de forma orgânica os produtos olericolas sejam tanto rentável como
saudáveis. Uns dos principais objetivos deste trabalho, além da formação de
um banco de dados é a verificação da cooperação entre os alunos na
socialização das informações coletadas. Os resultados mais marcantes após
esse período foi a criação de um grupo de alunos interessados no projeto, a
ação interdisciplinar entre os professores e o reconhecimento da comunidade
local quanto ao consumo dos produtos naturais comercializados pela
cooperativa escola na feira popular local.
Palavras-chave
Orgânico, Produção Sustentável, Segurança Alimentar.
Introdução
Este trabalho busca desenvolver através da implantação da cultura
orgânica de hortaliças, experiências e conhecimentos sobre a prática em nossa
região disseminando assim a idéia de responsabilidade ambiental e segurança
alimentar. Justifica-se pelo pouco material didático e cientifico para as
condições locais para a produção orgânica de hortaliças. Os participantes
deste projeto foram os alunos dos vários cursos oferecidos pela Etec: Ensino
Médio Integrado ao Técnico em Agropecuária, Técnico em Pecuária e Técnico
em Florestas, através das várias disciplinas oferecidas. Os principais
resultados esperados no projeto são: primeiro a formação de uma consciência
ecológica na comunidade escolar e o outro é a socialização das informações
entre os alunos da Etec bem como a disseminação entre os envolvidos de uma
responsabilidade com o meio ambiente e a segurança alimentar.
Totalmente em evidência na Europa e América do Norte, o
produto orgânico começa a ser considerado no Brasil como
uma solução economicamente viável e ecologicamente correta
para o consumidor, consciente da necessidade de se preservar
o meio ambiente (BIOSALUTE, 2002).
Neste aspecto tem-se que a técnica de produção orgânica é hoje uma
necessidade concreta para os técnicos formados pela nossa instituição de
ensino, não só como condições para o mercado de trabalho mas também como
futuros agentes de multiplicação de conceitos fundamentais de preservação
ambiental e segurança alimentar.
Produtos orgânicos são aqueles obtidos através de processos
naturais, que não agridem o meio ambiente e possibilitam a
produção de alimentos livres de pesticidas, herbicidas,
fungicidas e outros aditivos químicos artificiais. O produto
orgânico é um alimento natural, mas nem todo alimento natural
é orgânico. Isso porque o produto orgânico não é simplesmente
um produto livre de agrotóxicos. Toda a tecnologia utilizada na
produção de alimentos orgânicos envolve conhecimento de
várias Ciências, que trabalham para desenvolver um sistema
de manejo equilibrado dos recursos naturais (BIOSALUTE,
2002).
A saúde das populações cada vez mais está diretamente relacionada
com a questão do equilíbrio entre produção e meio ambiente não só pela
oportunidade de mercado como por causa da sustentabilidade do sistema
produtivo. Para os paises em desenvolvimento temos grandes produtores
exportadores, mas também temos uma imensa rede de pequenos produtores
regionais que abastecem os centros urbanos, nosso foco são esses produtores
que se entende serem responsáveis de certa forma por parte da saúde
alimentar de seus consumidores.
A conversão em agricultura orgânica é o período de transição
do sistema de produção agropecuária convencional para o
sistema orgânico, tendo como primeiro passo a suspensão
imediata dos agro químicos. Esse período varia de 1 a 2 anos,
dependendo da cultura e das condições iniciais do ambiente da
propriedade (CATI, 2000).
O processo de conversão de uma área convencional para orgânica é
longo e complexo, a cultura de produção convencional está espalhada entre
nossos produtores rurais e as empresas vendedoras de insumos agrícolas
químicos trabalham no sentido de manter e aumentar este mercado. Sendo a
produção orgânica um sistema que requer muito mais mão de obra do que
capital, significando ser mais viável para os pequenos produtores da América
Latina.
O certificador que acompanha a transição das unidades de ensino
técnico do Centro Paula Souza é o Instituto Biodinâmico. Fundado em 1982,
promove a disseminação dos princípios e práticas das agriculturas orgânica e
biodinâmica, através das seguintes atividades: inspeção e certificação da
produção agropecuária, do processamento, de produtos extrativistas e de
insumos para a agricultura orgânica, realização de cursos para inspetores e
fornecimento de informações. “Para as atividades referentes à consultoria
técnica foi criada a ABD, Associação de Agricultura Biodinâmica” (PLANETA
ORGÂNICO1, 2002).
A primeira fase do trabalho na escola na busca da certificação é de
suma importância para a continuidade do projeto, porém as informações
necessárias para a certificação são bastante detalhadas e completas, sendo
fundamental o envolvimento de toda a comunidade escolar neste momento.
O IBD conta com dois credenciamentos internacionais, um da
IFOAM e outro da Alemanha (DAP), o que permite que seu
certificado seja aceito nos três principais blocos econômicos:
Europa, Estados Unidos e Japão. No Brasil, atualmente,
existem 250 projetos certificados pelo IBD dos quais participam
2000 produtores, totalizando 60.000 hectares de produção
agroecologia (PLANETA ORGÂNICO1, 2002).
Assim, as ações que vem norteando todo o trabalho realizado na escola
através deste projeto além da organização didático-pedagógica seguem as
orientações e determinações da certificadora, o que faz com que esta ação
seja inovadora, pelo fato de que ao mesmo tempo ao procurar-se a aquisição
de habilidades e competências pelos alunos procura-se também a certificação.
Objetivo e relevância do trabalho
Objetivo geral
Desenvolver, observar, recolher e analisar o comportamento de
desenvolvimento da cultura de hortaliças através de práticas orgânicas
para a formação de conhecimento local sobre as culturas e as formas de
procedimento quando se trabalhar com conceitos fundamentados na
agricultura orgânica.
Disseminar a cultura de produção agrícola saudável, respeito ao meio
ambiente e assim contribuir para as políticas de segurança alimentar.
Objetivo específico:
Através da interdisciplinaridade e envolvimento da comunidade escolar,
procurar estabelecer forma de atuar na produção de hortaliças de modo
inovador, pelo fato do escasso material sobre o assunto. O intuito do trabalho é
sistematizar informações sobre o desenvolvimento da cultura, apontando os
acertos, erros, dificuldades e descobertas, para que outros alunos e produtores
rurais tenham possibilidade, a cada nova cultura encontrar formas de produzir
organicamente, tendo como norte as diretrizes do IBD.
Metodologia e desenvolvimento do projeto
Primeiro momento -Referente aos anos de 2007 e 2008.
O Projeto de Horta Orgânica foi implantado na escola na Etec Dep.
Paulo Ornellas Carvalho de Barros em 2003, com intuito de agregar
conhecimento aos alunos num novo seguimento de mercado que esta
crescendo na sociedade consumidora e, ao mesmo tempo formar em nosso
aluno uma consciência critica da importância da preservação ambienta o
desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar. Este projeto faz parte de
um programa mais abrangente do Centro Paula Souza denominado horticultura
orgânica.
O colégio disponibiliza uma área de 365 metros quadrados (Fig. 1). Para
as atividades contando com vários canteiros, duas linhas de irrigação por
aspersão utilizando água de qualidade de poço artesiano, lugar apropriado
para produção de húmus, compostagem, casa de ferramentas exclusiva para
horta orgânica, que serve também como estocagem dos insumos orgânicos.
Fig: 1 - Área das atividades.
O manejo da horta é realizado por professores e alunos onde se realiza
atividade como: Produção de húmus, compostagem, biofertilizantes, inseticidas
orgânicos, preparo do solo, semeadura, tratos culturais, colheita, anotações do
histórico de cada canteiro, classificação, embalagem e comercialização.
A produção esta sendo destinada ao cardápio das refeições do colégio,
trazendo assim produtos mais saudáveis para nosso próprio consumo e, o
excedente esta sendo comercializado na feira do produtor semanalmente.
O projeto tem como objetivo aumentar a sua produção para que
futuramente se torne auto-sustentável, para isso foram selecionadas apenas
três espécies de verduras para ampliar o volume de vendas.
A variedade produzida na horta orgânica não é produzido na horta
convencional para que haja a possibilidade de rastreamento caso seja
necessário. o que podemos denominar como agricultura agro-ecológica.
Antes da instalação das culturas foi realizada a escolha do local e a
demarcação da área com trena e linha de pedreiro determinando onde seria
colocado os palanque e onde seriam feitas as covas para o plantio. No caso do
maracujá o plantio de mudas adquiridas no viveiro de produção da cooperativa
escola foi realizado após 30 dias da incorporação da compostagem, as mudas
com altura de 20 cm com 6 folhas definitivas. O estaleiro, com espaçamento de
40x40x40, os palanques de 3 metros totalizando-se 16 palanques, de altura
enterrando-se a 1 metro, utilizou-se “travesseiros” pedaços de madeira para
impedir que o palanque saia do local e prejudique o estiramento, e com altura
de manejo a 2 metros, o espaçamento entre ruas de 3 metros com 3 metros
entre covas, realizou-se um coroamento de 0,60 cm de diâmetro, perfazendo
uma área total de 400 metros quadrados (20X20) ou 0,16 há, totalizando 6 ruas
com 8 covas por rua. Utilizo-se 320 metros de arame de cerca paraguaia, 8
catracas para o estiramento dos arames, 8 palanques de eucalipto não tratado,
48 bambus e 54 mudas, adubação com cama de frango e esterco bovino
curtidos, compostagem de palha de café, cama de coelho, silagem velha e
aparas de grama Mato Grosso, estaqueamento com bambu para a condução
do maracujá, utilizou-se cola não tóxica para impedimento da subida de
formigas. Outra forma de combate ao ataque de formigas foi a utilização de um
formicida homeopático a base de fungos o Dês-Ata. Como controle de lagartas
foi realizado através da catação, a irrigação foi realizada no inicio de 2 em dois
dias na primeira semana quando não havia chuva, após esse período só se
irriga quando percebe-se o solo seco pelo contato da mão. A capina mecânica
com enxadas foi realizada toda vez que as ervas invasoras apareciam,
deixando-se como cobertura para a manutenção da umidade e o impedimento
do surgimento de outras ervas.
Entre as linhas do maracujá foi plantado
abóbora menina, para proteger o solo do ressecamento e impedir o surgimento
de outras ervas. Foram repostas 3 mudas que morreram.
Ferramentas utilizadas: enxadas, enxadão, cavadeiras, pás, carriolas,
esticadores, alicates, martelos.
As hortaliças:
Cronograma de Plantio para o ano de 2.007. (julho a dezembro).
Área total cultivada – 326 m²
Espécies – Alface, Couve, Salsa e Cebolinha de Folha.
Cronograma de plantio para cultura de Alface
Área a ser plantada – 10 canteiros de 10 m² = 100 m²
Época de plantio –Agosto a Dezembro
Sistema de plantio – sementeira seguida de transplante
Plantio de um canteiro a cada 15 dias
Espaçamento – 0,30 x 0,20 m
Colheita – 60 a 70 dias
Colheita prevista – 200 plantas/canteiro
Cronograma de plantio para a cultura de Salsa e Cebolinha de Folha
Área a ser plantada – 5 canteiros de salsa de 10 m² = 50 m²
5 canteiros de cebolinha de 10 m² = 50 m²
Época de plantio – agosto a dezembro
Sistema de plantio –Salsa – Canteiro definitivo seguido de desbaste
Cebolinha – sementeira seguida de transplante
Plantio de um canteiro a cada 30 dias
Espaçamento – 0,20 x 0,10 m
Colheita – 70 a 80 dias
Colheita prevista – 600 plantas/canteiro.
Como exemplo de uma formação de consciência alimentar apresenta-se um
dos relatório de alunos que participam do projeto:
Relatório:
Produção Orgânica de Alface Crespa.
O objetivo deste projeto foi de atender ao cliente que vem procurando
um produto mais saudável e não encontra no mercado, por isso nosso projeto
foi voltado para essa produção.
Com a iniciativa do professor José Augusto (Guti), coordenador do
Projeto Horta Orgânica da Etec Deputado Paulo Ornellas Carvalho de Barros,
tivemos as primeiras aulas de como se cultivar uma horta orgânica e como
fazê-la produzir.
As mudas de alface foram cultivadas em bandejas durante 21 dias até
atingir o tamanho de 10 cm cada.
A área foi dividida em canteiros de 7 m²; em seguida os canteiros foram
adubados com esterco bovino(35 kg/canteiro) e deixados descansar durante o
período que as mudas se desenvolviam, após o plantio das mudas foi feita
adubação de cobertura com calda de chocolate(40 lts /esterco para 100 lts
/água) e calda bordaleza. O espaçamento ente muda foi de 30x20cm no
canteiro,o controle de tiririca foi na monda; não teve predominância de
doenças; a irrigação foi freqüente por aspersão.
Com o termino do projeto, a colheita foi efetuada quando atingiu
desenvolvimento máximo (entre 50 a 80 dias após a semeadura em bandejas)
Observação: Este projeto teve um retorno rentável de R$70,00 que foi dividido
entre os alunos participantes do projeto e cooperativa escola, pois todos os
gastos foram pagos por ela.
Alunos: Amália, Cássia, Jéssica Polyana, Magno, Paulo Ricardo. 3º
modulo do curso Técnico em Pecuária.
Segundo momento - Referente ao ano de 2009.
O despreparo dos produtores rurais para perceber o impacto dos seus
hábitos de trabalho e a extensão dos danos provocados pelos descuidos
causados com suas técnicas inadequadas e descompromissadas com o
ambiente e a saúde da população são temas extremamente complexos.
Sabemos que é imprescindível e urgente a mudança de comportamento das
pessoas em relação aos impactos ambientais, as contaminações do solo, das
águas e principalmente dos alimentos. As responsabilidades estão diluídas e a
urgência de soluções cresce na mesma velocidade em que a situação dos
agrotóxicos no meio rural brasileiro é alarmante. Dosagens, prazos de carência
e registros não são, regra geral, respeitados. Quando se pesquisam resíduos
em produtos colhidos, verifica-se uma alta freqüência de casos positivos,
ultrapassando os limites pré-estabelecidos. Determinados produtos nacionais
tem encontrado obstáculos à exportação por não se enquadrarem nos
dispositivos regulamentares (excesso de resíduos tóxicos) do mercado
internacional.
Esse pensar norteou o Colégio agrícola de Garça, Etec Paulo Ornelas
Carvalho de Barros, já que esta é uma unidade difusora de conhecimentos a
futuros agricultores e pecuaristas, a desenvolver durante o ano de 2009 no
projeto Orgânico, diversas atividades a fim de disseminar informações,
estimular o consumo de produtos orgânicos, conscientizarem comunidade
escolar
e
local
sobre
desenvolvimento
sustentável.
“Pesquisas
têm
comprovado o crescimento do mercado consumidor de alimentos orgânicos em
diversos países” (Davies et al., 1995). O Brasil também está seguindo essa
tendência com uma das maiores área em produção e segundo dados do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) indica que em
2008 mais de 13 mil produtores passaram a praticar este tipo de cultivo. No
entanto, ainda há grande dificuldade de conhecer este consumidor interno
devido à falta de pesquisas relacionadas ao tema. Fez-se, então um estudo
que teve por objetivo investigar a percepção do consumidor local em relação
aos alimentos orgânicos através de um questionário simples aplicado pelos
alunos do Colégio em uma interdisciplinaridade com o projeto orgânico durante
a Disciplina de Gestão de Agronegócios. Os alunos foram distribuídos em dois
postos da cidade, um supermercado (no qual não vende produtos orgânicos) e
na principal rua de comercio e abordavam e entrevistavam as pessoas e se
necessário esclareciam as duvidas após a entrevista. Foram entrevistadas 200
pessoas de ambos os sexos, de idades entre 17 e 70 anos, segue as
perguntas e respostas:
1- O que é alimentação saudável para você? 51,06% - frutas, legumes e
verduras, 29,78% - alimentação balanceada, 12,76% - alimentos orgânicos,
4,24% – carne, 2,13% - alimentos isentos de produtos químicos;
2 - Como você considera a questão: aparência e sabor do alimento
versus saber que ele é saudável? 53,2% - De grande importância, por isto é
importante comprar produtos certificados, 21,27% - Sem importância, já que o
importante é o sabor, 14,9% - É impossível alimentos de boa aparência e
saudável, 10,64% - alimentos orgânicos, geralmente, tem péssimo aspecto.
3 - O que você entende por alimento orgânico? 74,47% - Alimentos de
origem animal ou vegetal que crescem sem pesticidas; fertilizantes artificiais e
que não foram tratados com conservantes, hormônios ou antibióticos; 23,40% alimento natural;
4 - Você consome alimentos Orgânicos? 59,57% - Sim, 40,42% - Não;
5- O que contribuiria para você consumir mais produtos orgânicos?
29,78% - mais disponibilidade de produtos orgânicos nas prateleiras dos
mercados, 29,78% - mais informações (divulgação), 31,91 - preço mais
acessível;
6 - Que informação sobre um produto alimentício você acha importante
contar no rótulo? Se todas enumerem em ordem de importância: prazo de
validade do rótulo: 46%, preço no rótulo : 20%, informações nutricionais: 18%,
aparência do produto: 5%, origem do produto : 5%, selo de qualidade do
produto: 2%, forma de produção (convencional,orgânico,natural): 2%, proteção
ao ambiente: 2%.
Este estudo demonstrou o crescente interesse do consumidor por
alimentação saudável. Especialmente as hortaliças corresponderam ao que os
participantes consideravam como saudável, no entanto, o consumo destes
alimentos relata-se como difícil, decorrente dos fatores de preço, falta de
informação e baixa disponibilidade. Esta pesquisa, além de ter contribuído para
o planejamento do estudo quantitativo forneceu valiosa informação para os
alunos, futuros produtores e comerciantes de produtos orgânicos, pois revela a
falta de informação dos consumidores sobre a importância do produto orgânico,
apontando a necessidade de implementação de ações no sentido de aumentar
a divulgação de informações para os consumidores, visando esclarecer a
população sobre o tema, ressaltando os benefícios a ele associados.
Com os dados da pesquisa em mãos deu-se início ao próximo passo:
Levar os produtos orgânicos para serem vendidos na Feira Livre (fig. 2) da
cidade pelos alunos do Colégio. Esta etapa do projeto tem o objetivo de inserir
todos os alunos no projeto orgânico, promover a divulgação do Projeto e do
produto orgânico para a comunidade, transferir conhecimentos diretos e
indiretos, fazer com que os alunos possam vivenciar na prática a
interdisciplinaridade, despertar motivação e aumentar auto-estima dos alunos
valorizando a prática das atividades, a divulgação do colégio mostrando para a
comunidade local que a escola é atuante, dinâmica e uma prestadora de
serviços. Os alunos vão à feira durante as três ultimas aulas de quarta feira,
período da tarde, hora e dia que esta ocorre, acompanhados dos respectivos
professores e coordenadora do projeto.
Fig. 2: Programação da feira.
São levados pelo veiculo da escola e ficam alojados juntamente com a
barraca de produtos convencionais, já locados pela instituição. Alunos
orientados
pelos
professores
das
disciplinas
competentes fazem
um
levantamento prévio do produto a ser comercializado, modo de produção
(orgânico/ convencional), custos, técnicas de abordagem e lucro. Combinam,
ainda, com o professor da disciplina um relatório final. As ações realizadas e
produto a ser comercializado são previamente definidos pela coordenadora do
projeto e executada e planejada pelo professor de cada disciplina com seus
respectivos alunos. Todos os alunos das turmas do Primeiro e Segundo ano de
Ensino Médio Integrado Agropecuária e do terceiro módulo de Pecuária
participam deste projeto. Todas as turmas envolvidas neste projeto mostraram-
se entusiasmados e interessados em voltar à feira, porém não houve tempo
hábil para que as turmas retornassem à atividade.
Os primeiros anos de agropecuária integrada foram os que se
destacaram em iniciativa, interesse, motivação, cooperativismo, isto se deve ao
fato de a professora da área Técnica envolvida na interdisciplinaridade, Ligia
Silveira Izique que ministra a disciplina de produção vegetal I, orientou a
produção de húmus (produto comercializado pelos alunos em questão) em
todas as fases do processo, desde a identificação das espécies da minhoca até
a fase de peneirar o produto quando a prof ª Silvia Zanatta Previdello,
coodenadora do projeto passou a orientar os alunos na embalagem e
rotulagem do produto. Realizaram também a cotação do preço juntamente com
a coordenação do projeto e finalmente, na feira, finalizaram com a
comercialização e recomendação do produto para os consumidores. Visualizar
todo o processo de produção e realizar a comercialização e ainda enfrentar o
desafio das perguntas inesperadas dos consumidores fez com que os alunos
se esforçassem em buscar novos conhecimentos e se interessarem muito mais
pelo projeto. A grande procura pelo produto abriu oportunidade para um novo
projeto “Minhocultura ou Produção de Húmus”, pois não se consegue suprir a
demanda, o que empolga a grande maioria dos alunos em assumir mais esta
responsabilidade dentro do orgânico.
A partir do segundo semestre forma-se um grupo de alunos do Primeiro
Ano de Ensino Médio Integrado Agropecuária: Flavio Tibola, Carolina Tibola,
Iago Hiroito da Costa Nagima, Jacomo Emanuel Alves da Silva, Anderson Luiz
Moreira, Diego Lima Soato, Kelvin Marcelo de Souza, Paulo Césa Brevi Moura
que atuam no projeto e, ainda, Luiz Henrique Francisco Mariano,
do 3°
Pecuária, estagiário do projeto desde o primeiro semestre. Esta equipe intitulase por “a turma do orgânico” e é Formada por um alunos que se destacam por
suas iniciativas, interesse e seu comprometimento pelo projeto. Os alunos
desenvolvem importante trabalho junto à comunidade local e escolar
divulgando o projeto, a escola, os produtos, esclarecendo e conscientizando
sobre a necessidade de consumir produtos de melhor qualidade e de
procedência conhecida. Orientam ainda sobre o uso de humos de minhoca,
biofertilizante, reciclagens e compostagem caseira e comercializam os produtos
diretamente nas residências ou na feira livre. Esta equipe recebe capacitação
especial para preparo e aplicação de caldas, biofetilizantes e preparados
homeopáticos.
Durante a divulgação do vestibulinho de nossa unidade escolar a “Turma
do orgânico” sob a orientação da coordenadora do projeto Professora Dra.
Silvia Zanatta Previdello preparou durante uma aula de processamento de
produtos agropecuários uma farofa de resíduos com folhas, talos e cascas de
produtos da horta orgânica a qual foi distribuída em praça publica durante a
divulgação do colégio e do Projeto, orientando a população no preparo de tal
produto e no consumo de alimentos orgânicos. Todos os alunos do colégio
participaram da distribuição da farofa.
Durante a tradicional Semana do Técnico Agrícola de Garça (Fig. 3) o
projeto orgânico colaborou com a Palestra: Agricultura Orgânica onde foi
abordado principais conceitos, novas legislações e regras do consumidor. O
público foi composto do 1° e 2° Ano de Ensino Médio Integrado Agropecuária,
2° Florestal, 3° Pecuária. A Palestrante foi a Coordenadora do projeto Profa.
Dra. Silvia Zanatta Previdello que terminou o evento com uma Gincana
Orgânica, muito dinâmica que envolveu a todos os alunos em desafios com
jogos de perguntas e respostas e muitas premiações. Este estilo de dinâmica
instiga a curiosidade dos alunos e estimula o enderece pelo estudo do tema.
Fig. 3: selo da semana do técnico agrícola.
Visando ampliar as práticas ecologicamente correta O projeto orgânico
estende-se ao viveiro de mudas de café e a Profa. Silvia juntamente com Prof.
João Carlos (veteriário) e o Prof. Adilson (Engº. Florestal) elaboram um projeto
de pesquisa com mudas de café Robusta (coffea canephora)x mundo novo
(coffea arábica). O experimento consiste em três tratamentos com 180
repetições, sendo uma testemunha, o tratamento dois refere-se as mudas que
tiveram da copa que, na ocasião do enxerto, seus caules foram submersos por
um segundo em solução Homeopática de Arnica trinta CH em diluição de dez
gotas
para
um
litro
de
água
e
em
seguida
realizado
o
enxerto
costumeiramente. O tratamento três foi conduzido de modo as plantas serem
enxertadas normalmente e após o procedimento receberem irrigação com a
mesma solução do tratamento dois durame quinze dias consecutivos. O
experimento esta em avaliação e foi repetido por mais três vezes. Os alunos do
primeiro e segundo módulos de Florestal estão diretamente envolvidos neste
Projeto.
Outra atividade foi realizado tendo em vista a poda de um canteiro e
meio de manjericão e não tendo mercado local consumidor para o produto “in
natura” necessitou-se proceder a desidratação de mesmo, mas não se tinha
equipamentos apropriada. Os alunos Iago Hiroito da Costa Nagima, Paulo
Césa Brevi Moura e Flavio Tibola, do primeiro módulos de agropecuária
integrado, juntamente com o Professor José Augusto Carvalho Leme e a
professora Silvia Zanatta Previdello improvisaram de maneira rudimentar um
equipamento onde as folhas, pecíolos, inflorescências e pedúnculos pudessem
ser desidratadas. Consistia-se de uma dimensão de 3x1m de clarite espichado
como uma rede, dentro de uma sala (ao abrigo do sol) a uma altura de um
metro do chão. Quando o material estava seco foi triturado, embalado, pesado,
etiquetado e encaminhado para venda. Os alunos envolvidos ainda
pesquisaram como construir um desidratador solar móvel de baixo custo para o
semestre seguinte.
Durante todo o ano foram elaborados e desenvolvidos projetos
interdisciplinares. As disciplina de cooperativismo ministrada pelo Professor
José Augusto Carvalho Leme a turma do segundo módulo de Agropecuária
desenvolveu atividades ligadas a tratos culturais, a Profa Ligia silveira Izique ,
que ministra a disciplina de produção vegetal
desenvolveu junto aos seus
alunos do primeiro ano de agropecuária o preparo de caldas, biofertilizantes e
húmus e a professora Izabel, de biologia, do ensino médio trabalhou com os
aspectos de apontamento de pontos críticos de contaminação da horta, além
de todos outros aspectos abordados direta e indiretamente durante os projetos
já citados.
Os alunos do Terceiro módulo de Pecuária (Douglas, Cristiano e
Raphael) a convite da Coordenadora do Projeto Orgânico desenvolveram o
trabalho de TCC na Horta Orgânica com o objetivo de instalar uma linha de
irrigação com encanamentos feitos de bambu a fim de abaixar o custo de
instalação e incentivar o reaproveitamento de produtos auto sustentável. Os
alunos obtiveram êxito em seu trabalho demonstrando o baixo custo e a
irrigação funcionou perfeitamente.
Com o objetivo de envolver todos os alunos do colégio no projeto e
incentivar a participação de toda a comunidade escolar ao consumo de nossos
produtos promoveu-se mais uma Festa do Orgânico no Colégio Agrícola de
Gaça. A festa foi baseada no desafio proposto aos alunos para que montassem
um slogan e uma logomarca para o projeto/produtos da horta orgânica. Os
alunos envolvidos receberam premiações, sendo que o ganhadores, Luiz
Henrique Francisco Mariano – 3° Pecuária e Kelvin Marcelo de Souza do
primeiro ano de Agropecuária foram os vencedores do concurso em melhor
slogan e logo respectivamente. Luiz Henrique foi contemplado com meia bolsa
de estudo da FIB, faculdade de Agronomia de Bauru, durante todo o curso,
entre outros prêmios que recebeu e, Kelvin recebeu uma bolsa de estudos da
Microway, um ipod e muitos brindes. A festividade ainda contou com gincanas
que envolveu consumo de produtos da horta orgânica, painéis informativos,
palestras sobre marketing no agronegócio, muito lanche e musica para a
garotada. Foi ainda preparada uma mesa de degustação com os produtos da
horta orgânica, a qual foi preparada pela coordenação do projeto e pelos
alunos estagiários. A mesa foi muito apreciada contando com pratos simples
mas inusitados e desconhecidos pelo publico presente.
Foram servidos:
Brusquetas de queijo tomate e manjericão e de queijo, tomate e escarola, patês
de manjericão e berinjela acompanhados de torradas, além de tortas e bolos de
cebola, bolinhos de talos e folhas de beterraba, todos orgânicos. Todas as
receitas ficaram em um painel disponíveis ao publico durante o evento.
Quanto a certificação pelo IBD, durante o ano de 2009 a área do projeto
sofreu várias alterações necessárias, reformas sugeridas por consultores do
IBD durante visita para certificação e por tanto, quantitativamente a produção
foi afetada restringindo-se a apenas a uma produção baseada um sete meses
do ano: Chicória – 147 maços, Cenoura – 4Kg, Alface – 44 maços, Banana –
30Kg, Couve – 1,5 Kg, Beterraba 56 Kg, Abóbora – 6,7 kg, Rúcula – 18 maços,
Chicória – 279 maços, Manjericão – 28 maços in natura e 1Kg desidratado,
Berinjela – 21,5 Kg, Mandioca – 20kg, Húmus – 376 Kg e Cebola – 55Kg.
Porém, os resultados pedagógicos ao longo do último ano deram-nos prova
que o programa vem ampliando-se e consolidando-se, além de que os
trabalhos desenvolvidos geram desdobramentos e pesquisas que trazem
experiências significativas para projetos futuros mais amplos.
Resultados
No atual momento do projeto podemos afirmar que é viável a produção
orgânica nas condições da ETEC Deputado Paulo Ornellas Carvalho de
Barros. Mas precisa-se de mais três anos para ter-se um resumo consistente
das práticas desenvolvidas em condições locais da produção.
No texto sobre a questão do a questão do ensino técnico e profissional
ETP
Y
GESTION
DEL
CONOCIMIENTO.
IMPERATIVO
PARA
LAS
EMPRESAS DEL SIGLO XXI. Fornecido no Encontro Brasil e Cuba Para
Intercâmbio de Experiências. Promovido pelo Centro Paula Souza e a
Universidade de Havana temos que “Generar o captar conocimiento, bien sea a
través de operaciones internas o mediante el acceso a fuentes externas”.
Neste sentido que entendemos ser fundamental o desenvolvimento na prática
das habilidades e competências na produção orgânica numa determinada
situação real e concreta.
Ainda no mesmo encontro, como atividade a distância temos a
afirmação de que:
En principio, entendemos por tecnologías apropiadas, al
conjunto de conocimientos y procedimientos articulados y
adecuados a contextos particulares para la implementación de
objetos y /o procesos físicos, sociales, económicos,
ambientales, culturales y otros, que contribuyan al desarrollo
local sostenible.
Vindo de encontro com nossa afirmação da importância de construirmos
um arquivo de procedimentos técnicos locais para a produção orgânica na
busca do desenvolvimento sustentável e segurança alimentar.
Este movimento de uma dada situação concreta para uma outra, de um
modo de produção convencional para uma com princípios orgânicos de
sustentabilidade requer, como já afirmava Paulo Freire um movimento de
consciência, Freire afirmava, porém, que a conscientização não é suficiente
para a libertação, é necessário a transformação da realidade. Mas primeiro é
preciso conhecê-la. A unidade entre reflexão e ação tem que ser
continuamente relacionada. Freire enfatiza a necessidade de evitar dois tipos
de erros ao procurar entender sua concepção de conscientização. O primeiro é
o do subjetivismo, onde se considera a consciência criadora do mundo, a
consciência criando a realidade. No outro extremo, é a consideração de que há
somente a objetividade, o poder de a objetividade condicionar a consciência.
Considerações Finais
Temos que, após os anos de dedicação do Centro Paula Souza, da
ETEC Deputado Paulo Ornellas Carvalho de Barros, dos professores, dos
funcionários, dos alunos e da comunidade escolar como um todo, este projeto
é uma ferramenta se mostra eficiente para a conscientização da população em
busca de um mundo mais saudável.
Referências Bibliográficas
DAVIES, A.; TITTERINGTON, A.J.; COCHRANE, C. Who buys organic food?
A profile of the purchasers of organic food in Northern Ireland. British Food
Journal, Bradford, v. 97, n.10, p. 17-23, 1995.
FREIRE, P. Comunicação ou extensão. São Paulo: Paz e Terra,1983.
TRIMINO, G. J. C. Guía actividad DISTANCIA: ETP y gestion del
conocimento. Imperativo para las empresas del siglo XXI Sao Pablo,
Octubre 2008.
TRIMINO, G. J. C. La ETP y la Tecnología Apropiada, un medio para el
desarrollo Local Sostenible. Sao Pablo, Octubre 2008.
SOUZA, Jacimar Luiz de e Rezende, Patrícia. Manual de Horticultura
Orgânica. Ed. Aprenda Fácil editora. São Paulo: 2006.
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projeto para o desenvolvimento sustentável – horticultura