Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 Guia de Estudos Online Histórico e Mandato do Comitê Em junho de 2012 ocorrerá no Rio de Janeiro, Brasil, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ou Rio+20. A Conferência foi criada com o propósito de reiterar que o desenvolvimento sustentável, e seus três componentes – social, econômico e ambiental – são elementos chave para o alcance das atividades das Nações Unidas. Em especial, a Rio+20 vem para reafirmar que metas de desenvolvimento internacionais, como as Metas do Milênio, dependem primordialmente do alcance do desenvolvimento sustentável (UNITED NATIONS, 2010). O histórico de conferências ambientais e de desenvolvimento humano e sustentável nasce em 1972, na cidade de Estocolmo, com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano. Nessa conferência foi proposta a criação de um órgão internacional responsável por desenvolver uma consciência ambiental no sistema da ONU, que mais tarde viria a se tornar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (LAGO, 2006). Estocolmo é o marco inicial da aceitação, pela comunidade internacional, de questões ambientais como sendo importantes para o desenvolvimento. A partir daí, inúmeras conferências e convenções foram realizadas para tratar do tema. Em 1987, a Comissão mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”, que definia o conceito de desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento seria, então, sanar as necessidades do hoje, sem comprometer as necessidades de gerações futuras de sanar suas próprias necessidades (LAGO, 2006). Com a Convocação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – a Rio-92 – realizada em 1992, houve um impulso para a institucionalização global do desenvolvimento sustentável. A Rio-92 gerou diversos documentos que impactaram a perspectiva da comunidade internacional sobre o meio ambiente. Entre eles estão a Agenda 21, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento1, a Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas2. A Agenda 213, 1 O documento pode ser encontrado em: por sua vez, deu origem à Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) para monitorar sua implementação (LAGO, 2006). Em 2002, ocorre outra grande conferência ambiental: a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Johanesburgo. Com a Declaração de Johanesburgo 4 , são feitos planos para erradicação da pobreza, água e saneamento, biodiversidade e fontes de energia (LAGO, 2006). A Rio+20 ocorre, assim, no aniversário histórico de 20 anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e exatos 10 anos após a conferência de Johanesburgo. Seu objetivo principal é, desta forma, assegurar compromisso político renovado para o desenvolvimento sustentável entre os países da comunidade internacional, avaliando o progresso feito até o momento, as lacunas de implementação e os resultados de conferências sobre desenvolvimento sustentável, além de avaliar desafios novos e emergentes. Para tal, a Rio+20 deverá resultar em um documento político focado (UNITED NATIONS, 2010). A Rio+20 foi criada a partir da Resolução 64/236 da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU)5, sendo definidos dos temas para a Conferência6. O primeiro, “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza”, relembra a intersecção entre o meio ambiente e a economia. Mais do que isso, enfatiza na integração balanceada entre metas sociais, econômicos e ambientais tanto no processo de decisão pública quanto privada; e na relação com a prioridade dos países em desenvolvimento: a erradicação da pobreza. O segundo tema, “arcabouço institucional para desenvolvimento sustentável”, promove exatamente a melhoria e eficiência de estruturas presentes, com a introdução de possíveis reformas ao PNUMA, ao CSD, ou eventualmente o estabelecimento de uma nova organização capaz de lidar especialmente com o desenvolvimento sustentável (UNITED NATIONS, 2010). A Conferência é, em última instância, responsabilidade do Conselho Econômico e Social da ONU, o ECOSOC. O evento é coordenado pelo Secretariado http://www.unesco.org/education/information/nfsunesco/pdf/RIO_E.PDF . O document pode ser encontrado em: http://unfccc.int/resource/docs/convkp/conveng.pdf . 3 Mais sobre a Agenda 21 e sua versão original em inglês podem ser encontrados em: http://www.un.org/esa/dsd/agenda21/ . 4 Disponível em: http://www.un-documents.net/jburgdec.htm . 5 A Resolução da AGNU A/RES/64/236 pode ser encontrada na íntegra em inglês em: http://www.undocuments.net/ares64-236.pdf . 66 No site oficial da Conferência podem ser encontrados discussões e documentos a respeito do objetivo e dos dois temas da conferência, em: http://www.uncsd2012.org/rio20/objectiveandthemes.html . 2 da Rio+20, cujo Secretário-Geral é o diplomata chinês Sha Zukang. O processo preparatório para a conferência, por sua vez, conta com três comitês preparatórios, que vem sendo realizados desde 2010. O último comitê preparatório ocorrerá no Rio de Janeiro, três dias antes da Rio+207. Bibliografia: LAGO, André Aranha Corrêa do. Estocolmo, Rio, Joanesburgo: o Brasil e as três conferências ambientais das Nações Unidas. Fundação Alexandre de Gusmão, Brasília, 2006. UNITED NATIONS. Implementation of Agenda 21, the Programme for the Further Implementation of Agenda 21 and the outcomes of the World Summit on Sustainable Development. United Nations General Assembly, A/RES/64/236, 31 mar. 2010. Disponível em: <http://www.un-documents.net/ares64-236.pdf>. Acesso em 15 de abril de 2012. Posicionamento de Blocos A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 foi um importante marco para a cooperação internacional em desenvolvimento sustentável. Nos últimos 20 anos, a comunidade internacional fez grande progresso na promoção do conceito de desenvolvimento sustentável e na sua implementação. Países adotaram estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável, com participação ativa do governo em vários níveis, da comunidade empresarial, organizações não-governamentais e o público geral. O conceito de desenvolvido sustentável se tornou mais aceito ao redor do mundo. Apesar disso, o problema de longo prazo de implementação no campo do desenvolvimento sustentável continua a existir. Há um grande descompasso entre o desenvolvimento econômico e social em diferentes regiões; a tendência em direção a degradação ambiental e poluição há ainda que ser revertida; e o alcance em tempo das Metas do Milênio continua uma tarefa intimidante. A crise financeira internacional, 7 Informações retiradas do site oficial da Rio+20. Mais sobre os comitês preparatórios pode ser encontrado em: http://www.uncsd2012.org/rio20/meetings_prepcoms.html , e mais sobre a estrutura e processo da organização da Conferência em: http://www.uncsd2012.org/rio20/rio20process.html . mudanças climáticas, crises de alimento e energia, desastres naturais e outros desafios trazem grande embargo aos esforços do desenvolvimento sustentável. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) a ser realizada no Rio de Janeiro proverá uma importante oportunidade para a comunidade internacional de promover cooperação global em desenvolvimento sustentável. A Conferência deve enviar um sinal claro e forte em revigorar essa cooperação, mensurar progresso social e proteção ambiental, tomar medidas efetivas a respeito das dificuldades de implementação nos países, e fortalecer os três pilares do desenvolvimento sustentável – econômico, ambiental e sustentável – dos países das Nações Unidas. África O continente africano sofre dos efeitos de insurgências, conflitos armados, instabilidade política, bem como de problemas relacionados à pobreza extrema e aos desastres ambientais. Na maioria dos casos, as crises humanitárias no continente africano resultam de uma combinação de fatores inter-relacionados. Os países africanos compreendem que não há uma única solução pertinente para a solução das questões ambientais e de pobreza extrema. Nesse sentido, de maneira geral, identificam as questões ambientais como uma das prioridades da agenda internacional, já que são fundamentais para um desenvolvimento sustentável, o crescimento das economias africanas, a implementação de estratégias visando combater a pobreza, a realização dos Objetivos do Milênio, dentre outros aspectos fundamentais para o continente. É tradição da política externa dos países do continente o multilateralismo, que veem como a melhor maneira de lidar com a solução dos problemas que a humanidade enfrenta atualmente. Os países priorizam a coordenação política e diplomática, além do fortalecimento de relações institucionais entre os órgãos das Nações Unidas, e da mesma com outras organizações regionais e sub-regionais. Os países da África identificam diversas questões nas quais ainda é necessário um maior debate para que possam ser alcançados os objetivos de desenvolvimento sustentável e crescimento verde. É notável a preocupação com meios de implementação mais claros na agenda de desenvolvimento sustentável. Não há ainda um mecanismo eficiente, de acordo com muitos, que permita identificação de lacunas e diminuição de desafios associados à implementação de metas de desenvolvimento sustentável. O Egito, por exemplo, sugere a criação de um “Conselho de Desenvolvimento Sustentável”, cuja principal finalidade seria de fiscalizar a nível nacional dimensões econômicas, sociais e ambientais de políticas públicas 8 . A Nigéria, por sua vez, acredita que para um quadro efetivo de implementação é necessário um Plano de Implementação, com objetivos e prazos, além do estabelecimento de um plano de monitoramento e avaliação para garantir que as metas sejam alcançadas a longo prazo. Alguns países possuem planos para implantação de políticas ambientais nacionais, como África do Sul, cujo governo criou o Quadro Nacional para Desenvolvimento Sustentável para orientar projetos e promover desenvolvimento nacional9. Em relação ao primeiro objetivo da Rio+20, de assegurar o compromisso político em relação ao alcance do desenvolvimento sustentável, os países do bloco frequente criticam os países desenvolvidos. De acordo com eles, há relutância desses países de aderir aos princípios e objetivos traçados em conferências ambientais. Há o consenso entre os países africanos de que os países desenvolvidos também devem cumprir suas obrigações em relação os países em desenvolvimento, como costumam lembrar do Princípio 7 da Declaração do Rio, que afirma “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”10 no alcance do desenvolvimento sustentável. Outra grande preocupação dos países da África, no geral, é a questão da transferência de tecnologia. Houve, desde a Rio 92, deficiências no cumprimento de compromissos relativos à disponibilização de meios financeiros e tecnológicas de implementação pelos países desenvolvidos. Mais do que isso, muitos países do bloco se preocupam em como esses recursos devem ser utilizados a nível nacional e em nível logístico, e não apenas com a disponibilização desses recursos financeiros. A grande expectativa dos países desse bloco é que a Rio+20 enfrente problemas de desenvolvimento sustentável de maneira que explicite compromissos de ação a nível global e nacional, dê uma direção clara para a ação internacional e dessa forma possibilidade uma atitude da teoria para ação, com solução práticas e estruturas 8 Mais pode ser encontrado em documento oficial do Egito submetido para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sutentável em: http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?page=view&type=510&nr=572&menu=115 . 9 Mais sobre políticas da África do Sul em: http://www.uncsd2012.org/files/response-memberstates/Questionnaire-SouthAfrica.pdf 10 A Declaração do Rio pode ser encontrada em http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/DocsEA/DeclaraRioMA.pdf ou na versão em inglês em http://www.unesco.org/education/information/nfsunesco/pdf/RIO_E.PDF institucionais coerentes. É necessário trazer o debate do desenvolvimento sustentável também para dentro de políticas nacionais e para o processo de tomada de decisão. Além disso, para os países africanos, a Rio+20 deve considerar o estabelecimento de um mecanismo internacional para a implementação de ações que facilitem a transferência de tecnologia de países desenvolvidos para países em desenvolvimento, suprindo assim lacunas. América Latina e Caribe De acordo com documento preliminar da própria Rio+20 11 , a região da América Latina e Caribe teve grandes avanços nos últimos 20 anos. Houve diminuição da porcentagem da população vivendo na pobreza, redução do coeficiente de Gini12 e aumento geral do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Entretanto, muito dos sucessos são relativos: o número de pessoas vivendo em condição de pobreza ou indigência em 2010 (180 milhões de pessoas) continua maior do que em 1980. A Rio 92 certamente impulsionou temas ambientais na agenda de políticas públicas da região, focando principalmente nos temas ambientais no início dos anos 1990. Mas ainda há um número acentuado de pessoas vivendo em condição de pobreza, sem acesso a serviços básicos e educação e discriminadas por raça e localização geográfica. Esses fatores aumentam a vulnerabilidade dessas populações a desastres climáticos, doenças causadas por exposição a produtos tóxicos, ar e água poluída e outros. É por essas razões que, no discurso dos países do bloco, percebe-se uma preocupação constante com o próprio tema de economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza: é importante levar sempre em consideração os três pilares do desenvolvimento sustentável, isto é, ambiental, econômico e social. Há que lembrar que o debate deve sempre levar essas três dimensões em perspectiva, para que não se foque apenas no ambiental. A região não teve êxito em criar mecanismos eficientes de gestão ambiental e instituições regulatórias para tomar decisões econômicas que refletissem o valor ambiental. Dessa forma, novas fontes de conflito têm surgido na medida em que se expandiram setores de agricultura em larga escala e mineração. Áreas ambientalmente 11 Relatório completo disponível em inglês em: http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/eclac.pdf 12 O coeficiente de Gini avalia a desigualdade na distribuição de renda de um país. sensíveis da região têm sido afetas, assim como estruturas sociais e meios de manutenção de comunidades locais e povos indígenas, sem a regulamentação e cálculo do prejuízo ambiental e social. Os países da América Latina e Caribe também reafirmam o princípio das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, explicitados na Declaração do Rio e no Artigo 3.1 da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima13 (UNFCC). Mais do que isso, alguns, como no caso da Argentina, acreditam que, em relação a lacunas de meios de implementação do desenvolvimento sustentável, ainda há a questão de recursos financeiros insuficientes para os países em desenvolvimento. Coloca-se em questão também o papel da propriedade intelectual. Esses direitos foram criados com o intuito de incentivar a inovação e o desenvolvimento de tecnologias. No entanto, os países da América Latina e Caribe criticam o fato de que os direitos de propriedade intelectual acabaram se tornando obstáculos para transferência dessas tecnologias, especialmente se tratando dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. Apesar de pontos em comum na política externa desses países, está longe de ser consensual a forma como deve ser atingido as soluções para os problemas de desenvolvimento sustentável no bloco. A Bolívia, por exemplo, não acredita que o conceito de economia verde seja aplicável aos países em desenvolvimento, e que seus postulados estariam essencialmente errados14. A países da região se reuniram em Santiago, no Chile, para o Encontro Regional Preparatório para a América Latina e Caribe15, em setembro de 2011, para discutir lacunas de implementação do desenvolvimento sustentável. Apesar do documento final formulado não prever cooperação, pré-estabelecer metas ou chegar a um consenso sobre o conceito de economia verde e desenvolvimento sustentável, é 13 14 15 United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) na sigla em inglês. A Declaração do Rio pode ser encontrada em http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/DocsEA/DeclaraRioMA.pdf ou na versão em inglês em http://www.unesco.org/education/information/nfsunesco/pdf/RIO_E.PDF em . A Convenção da UNFCCC, por sua vez, pode ser encontrada em inglês em http://unfccc.int/resource/docs/convkp/conveng.pdf e Mais sobre a posição da política externa da Bolívia pode ser encontrada no site oficial da Rio+20 (United Nations Conference on Sustainable Development, http://www.uncsd2012.org/rio20/index.html), em http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/454Submission%20Plurinational%20State%20 of%20Bolivia%20Rio20%20PDF.pdf . Mais sobre o Encontro pode ser visto em http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?page=view&nr=290&type=13&menu=23. O documento final obtido após esse Encontro está disponível em inglês em: http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/600ECLAC.pdf interessante por reafirmar princípios e documentos da Rio 92, além de avaliar algumas falhas de suas implementações. Ásia e outros países O bloco asiático enfrenta grandes problemas de vulnerabilidade a desastres naturais, como terremotos, inundações e secas. Isso, associado à alta densidade populacional e baixos níveis de infraestrutura e educação, torna o estabelecimento de políticas que integrem os pilares de desenvolvimento econômico, social e ambiental essenciais para a região. Os países da região da Ásia reafirmam também os princípios das “responsabilidade comuns, mas diferenciadas” estabelecidos na Rio 92. De acordo com essa perspectiva, o desenvolvimento sustentável é uma responsabilidade compartilhada da comunidade internacional, mas é diferenciada entre os países em desenvolvimento e os países ditos desenvolvidos. Os países do bloco asiático esperam medidas vigoras por parte dos países desenvolvidos, que devem tomar a frente em mudar métodos não sustentáveis de produção, vivência e consumo, e servir como exemplo à comunidade internacional. O princípio exposto acima reflete também o posicionamento do bloco frente a questões como financiamento e transferência de tecnologia. É recorrente o discurso de que países em desenvolvimento encontram dificuldades como séria escassez de recursos financeiros e tecnologia para a implementação e manutenção de programas de desenvolvimento sustentável. O bloco asiático também propaga o “princípio de modos diversificados de desenvolvimento”. Esse conceito, difundido principalmente pela China, afirma que assim como países diferem nos seus estágios de desenvolvimento e condições nacionais, não há um modelo de desenvolvimento sustentável que sirva para todos. É importante, de acordo com essa perspectiva, de que seja respeitado o direito dos países de escolher independentemente seus modos de desenvolvimento sustentável, assim como metas e programas adaptados as suas condições nacionais. Muitos dos pontos mencionados foram discutidos previamente no Encontro Regional Preparatório para a Região da Ásia Pacífico para a Rio+2016. O Encontro, 16 Mais sobre o Encontro pode ser encontrado em http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?page=view&nr=85&type=13&menu=23 . O documento final obtido após esse Encontro está disponível em inglês em: http://www.ituc- realizado em outubro de 2011, na República da Coreia, reafirmou o princípio das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, a promoção do multilateralismo e a melhoria balanceada dos três pilares do desenvolvimento sustentável. O Encontro também chegou à conclusão de que os resultados da Conferência devem ser inclusivos, e que os países do bloco asiático devem se esforçar ao máximo para obter um consenso. Os países da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental17, da qual fazem parte a Arábia Saudita e a Jordânia, também tiveram um Encontro Regional Preparatório para a Região Árabe para a Rio+2018. No documento final, foi observado que os países da região fizeram progresso em direção ao desenvolvimento sustentável, notadamente nas áreas de educação, saúde e meio ambiente. Entretanto, os países também afirmam que é necessário tecnologia apropriada e mecanismos de financiamento que devem ser fortalecidos, além de concordar a respeito de possíveis metas de desenvolvimento sustentável comum. Os países concordam que a Conferência deve, especialmente, fortalecer o compromisso e a vontade política para o desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, atentam para o fato de que é necessário o estabelecimento de medidas de avaliação e metas a serem traçadas para futuro. A Armênia, por exemplo, afirma que é essencial a elaboração de um índice de economia verde, aceito por todos os países, para avaliar o seu desenvolvimento nessa área. Metas conjuntas, que também permitiriam a avaliação do desenvolvimento da economia verde, também continuam imprecisas ou débeis no sentido de eficácia. Países da Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália Os países desenvolvidos desse bloco, apesar de diversos, também possuem problemas conjuntos. Historicamente, houve grande perda de diversidade ambiental nos países desenvolvidos, assim como continua problemática a gestão de recursos naturais como água e minérios. csi.org/IMG/pdf/Seoul_Outcome_Document.pdf United Nations Economic and Social Commission for Western Asia (UN-ESCWA), na sigla em inglês. 18 Mais sobre o Encontro pode ser encontrado em http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?page=view&nr=103&type=13&menu=23 . O documento final obtido após esse Encontro está disponível em inglês em: http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/205Arab%20RPM%20Outcome-EnglishFinal.pdf 17 É do interesse dos países desse bloco que sejam criados mecanismos que promovam melhor mensuração da sustentabilidade ambiental. Da mesma forma, o estabelecimento de metas desse desenvolvimento deve se tornar mais claro, levando em consideração também metas para os países em desenvolvimento. Além do conceito de economia verde, alguns países mostram preocupação com a melhor gestão de recursos aquáticos e dos oceanos, com o conceito de “economia azul”. É o caso da Austrália, que nos últimos anos tem tido perda alarmante da biodiversidade dos recifes de corais em suas regiões litorâneas. Outras formas de sustentabilidade e empoderamento são bastante defendidas por esse grupo. É o caso do reconhecimento do papel das mulheres no desenvolvimento sustentável, assim como o fortalecimento dos jovens e de suas comunidades por meio do fortalecimento da educação ambiental. O bloco demostra também preocupação com o fortalecimento de energias limpas e problemas de urbanização. O Japão, por exemplo, criou o projeto de “Cidade do Futuro”, modelo que conciliar os três pilares do desenvolvimento sustentável aliados à construções e meios de locomoção de baixo uso de carbono. Outros métodos de financiamento são sugeridos por esses países. Um exemplo é a utilização em maior escala de fundos privados, que envolveria maior ligação dos governos com suas comunidades empresariais. Outro exemplo seria a procura por métodos de financiamento voluntários partindo da sociedade civil. Aspectos a serem considerados na elaboração de uma resolução e o Esboço Zero Ao fim da Rio+20, espera-se que os países consigam atingir a formulação e a aprovação de um documento a respeito dos temas da Conferência. É importante levar em consideração que já foi formulando pelo Secretariado da Conferência, antes da realização do evento, o chamado Esboço Zero 19 . Esse documento, intitulado The Future We Want (O Futuro Que Queremos, em tradução livre), foi elaborado a partir de sugestões recebidas de diversos setores da comunidade internacional. Por ter sido submetido ao processo de negociação consensual da Organização das Nações Unidas (ONU), o documento apresenta limitações. Entretanto, pode funcionar como peça de fundamental importância para a formulação do “rascunho inicial” da declaração que 19 O documento pode ser encontrado na íntegra em inglês em: http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/370The%20Future%20We%20Want%2010Jan %20clean.pdf . Mais também pode ser encontrado em: http://www.uncsd2012.org/rio20/mgzerodraft.html . será produzida como resultado do processo de discussão. Partindo da perspectiva do Esboço Zero, são aspectos a serem considerados na elaboração de uma resolução: Desenvolver instrumentos que facilitem a cooperação de todos os Estados, promovendo um processo inclusivo e participativo; Aliar desenvolvimento e gestão sustentável dos recursos naturais, de modo; Promover a satisfação equitativa das necessidades ambientais, sociais e econômicas e de desenvolvimento de gerações presentes e futuras; Incorporar as questões ambientais às tomadas de decisão, promovendo a conscientização de todos as nações e povos; Incorporar as questões ambientais às tomadas de decisão, promovendo a erradicação da pobreza, com especial atenção aos países pobres; Levar em consideração mecanismos que facilitem financiamento e transferência de tecnologia entre países da comunidade internacional; Elaborar mecanismos que garantam que não haja uma discrepância entre os compromissos assumidos e as ações realizadas; Levar em consideração as particularidades locais/regionais, bem como aspectos culturais específicos, na elaboração e condução das políticas ambientais, econômicas e sociais; Levar em consideração políticas que garantam segurança alimentar, água e energia, especialmente para as populações mais desfavorecidas; Criar mecanismos de educação que conscientizem as populações nacionais dos conceitos de desenvolvimento sustentável e suas aplicações. Bibliografia: Análise de documentação de posicionamento enviada pelos países participantes da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O discurso dos países pode ser encontrado na íntegra no site oficial da Conferência, em http://www.uncsd2012.org/rio20/memberstates.html . Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – SiNUS 2012 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 Documento de Posição Oficial (DPO) O Documento de Posição Oficial (DPO) é uma breve descrição sobre a posição e as prioridades de um determinado Estado ou organização nãogovernamental (ONG) nas discussões da Conferência. Esse documento, entregue à mesa diretora antes do início das atividades, permite aos delegados compartilhar informações quanto ao posicionamento das representações em certo assunto, além de servir como guia para a condução dos debates. 1.1. Instruções de confecção Os DPOs deverão ser elaborados em fonte Times New Roman, tamanho 12, margens padrão, espaçamento 1,5. Lembre-se que o DPO não deve ser escrito na primeira pessoa. O documento resume o posicionamento da representação (Estado ou ONG) e não do delegado individualmente. Portanto, utilize expressões alternativas, como “nosso governo”, “nosso país” ou “nossa organização”, por exemplo. Cada DPO poderá ter, no máximo, 50 linhas e deve ser escrito em forma de texto dissertativo e não em tópicos. Todos os documentos de posição precisam ser devidamente identificados com: nome completo da Conferência e da representação, logo oficial da Rio+20 (disponível aqui), brasão de armas do Estado a ser representado ou logotipo oficial da ONG (pacote disponível aqui) e nome do delegado ao final. 1.2. Dicas Pesquise bem na hora de elaborar o seu DPO! Quanto mais você estudar para elaborá-lo, mais fácil será para você na hora dos debates! Como forma de embasar o posicionamento, você pode utilizar citações de líderes de sua representação, estatísticas, convenções e resoluções já assinadas. Nunca invente nenhuma informação sobre a sua representação e nem cite pontos negativos sobre ela! O objetivo do DPO é apresentar o seu posicionamento e sua importância para as discussões da Conferência! 1.3. Exemplo de como elaborar um DPO Brasão de armas do Estado / DOCUMENTO OFICIAL DE POSIÇÃO Logotipo da ONG aqui Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Representação: Nome completo do Estado/ONG aqui Um bom documento de posição deve conter os seguintes elementos: 1º parágrafo: breve introdução sobre a representação e sobre os temas a serem discutidos na Conferência; Desenvolvimento: tratar dos tópicos “economia verde no contexto de desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza” e “arcabouço institucional para o desenvolvimento sustentável”, abordando o posicionamento de sua representação, os desafios a serem superados na negociação do tópico e as contribuições que sua representação pode oferecer; Parágrafo final: apresentar possíveis propostas a serem discutidas durante a Conferência e, caso julgue necessário, reforçar algum ponto anterior que se destaque no posicionamento de sua representação. Nome completo do delegado aqui Links interessantes 1.1. Sobre a Conferência http://www.rio20.info/2012/ Site oficial da Conferência http://www.onu.org.br/etapas-preparatorias-para-rio20-abordam-fundo-verde-easpectos-sociais-das-mudancas-climaticas/ Etapas preparatórias para Rio+20 abordam ‘fundo verde’ e aspectos sociais das mudanças climáticas http://www.onu.org.br/coordenador-residente-da-onu-no-brasil-temos-a-esperanca-deque-a-rio20-represente-um-novo-marco-para-a-humanidade/ Coordenador Residente da ONU: ‘Temos a esperança de que a Rio+20 represente um novo marco para a humanidade’ http://www.onu.org.br/onu2011/ Dia da ONU 2011 dedicado à Rio+20 http://www.onu.org.br/rumo-a-rio20-subsecretario-geral-da-onu-ve-oportunidadespara-transformacao-de-modelo-de-desenvolvimento/ Rumo à Rio+20, Subsecretário-Geral da ONU vê oportunidades para novo modelo de desenvolvimento http://www.onu.org.br/africa-lanca-diretrizes-para-rio20-com-apoio-da-comissaoeconomica-da-onu-para-o-continente/ África lança diretrizes para Rio+20 com apoio da Comissão Econômica da ONU para o continente http://www.pnuma.org.br/comunicados_detalhar.php?id_comunicados=173 Às vésperas da Rio+20, países aceleram planos para a transição para uma Economia Verde http://www.onu.org.br/jovens-podem-ajudar-lideres-a-tomar-decisoes-certas-na-rio20afirma-vice-secretaria-geral-da-onu/ Jovens podem ajudar líderes a tomar decisões certas na Rio+20, afirma ViceSecretária-Geral da ONU http://www.youtube.com/watch?v=EeOlWj3ZJNA&feature=player_embedded Avanços e Desafios para a Rio+20 - Palestra do Secretário-Geral Sha Zukang http://planetasustentavel.abril.com.br/noticias/rio-20-paises-precisam-reafirmarcompromissos-647285.shtml Rumo à Rio+20, países precisam reafirmar compromissos http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2012/02/onu-vai-promover-agendasobre-empregos-verdes-durante-a-rio-20/ ONU vai promover agenda sobre empregos verdes durante a Rio + 20 http://www.onu.org.br/proposta-de-fortalecer-pnuma-durante-rio20-e-apoiada-pormais-de-cem-paises/ Proposta de fortalecer PNUMA durante Rio+20 é apoiada por mais de cem países http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/onu-divulga-agendario-20-664994.shtml ONU: Rio+20 criará metas para economia verde http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/helio-mattar-consumoconsciente-rio-20-desenvolvimento-sustentavel-652618.shtml Helio Mattar: o futuro do consumo e a Rio+20 http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/pnuma-lista-21desafios-ambientais-seculo-xxi-678068.shtml?func=2 PNUMA lista 21 desafios ambientais do século XXI e governança internacional e economia verde, temas da Rio+20, são questões prioritárias http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=3890&lay=mam Rio+20: 'Participação da sociedade civil é uma necessidade', diz ONU http://www.youtube.com/watch?v=56ban3b_oBY&feature=youtu.be Entrevista com o Diretor do Centro de Informação da ONU, Giancarlo Summa, sobre a Rio+20 http://www.onu.org.br/onu-pede-a-empresas-que-se-juntem-ao-pacto-deresponsabilidade-corporativa-no-ambito-da-rio20/ ONU pede a empresas que se juntem ao pacto de responsabilidade corporativa no âmbito da Rio+20 1.2. Desenvolvimento sustentável e economia verde http://www.onu.org.br/desenvolvimento-sustentavel-e-prioridade-maxima-na-agendado-seculo-21-afirma-secretario-geral/ Desenvolvimento sustentável é ‘prioridade máxima’ na agenda do século 21, afirma Secretário-Geral http://www.onu.org.br/ban-ki-moon-e-preciso-investir-nas-pessoas-e-na-economiaverde-para-erradicar-a-pobreza/ Ban Ki-moon: É preciso investir nas pessoas e na economia verde para erradicar a pobreza http://www.onu.org.br/desenvolvimento-nao-pode-minar-futuro-do-planeta-alertaban-ki-moon/ Desenvolvimento não pode minar futuro do planeta, alerta Ban Ki-moon http://planetasustentavel.abril.com.br/glossario/a.shtml Glossário de termos relativos ao desenvolvimento sustentável http://www.pnuma.org.br/comunicados_detalhar.php?id_comunicados=171 Novo relatório do PNUMA faz um panorama de desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=3838&lay=mam Avanços em saúde e renda dos países em desenvolvimento são ameaçados pela inércia em relação à destruição ambiental, diz RDH http://www.ecodesenvolvimento.org.br/conexao-onu/economia-verde-precisa-de-2do-pib-mundial Economia Verde precisa de 2% do PIB mundial, confirma relatório final da ONU http://pnuma.org.br/comunicados_detalhar.php?id_comunicados=185 Nações se comprometem a investir na sustentabilidade ambiental http://www.pnuma.org.br/comunicados_detalhar.php?id_comunicados=184 Brasil será sede do Dia Mundial do Meio Ambiente de 2012 1.3. Direito ambiental http://jusvi.com/artigos/41044 Os princípios gerais do Direito Ambiental 1.4. Tratados, relatórios e resoluções http://pt.scribd.com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland-Nosso-Futuro-Comum-EmPortugues Relatório Brundtland (“Nosso futuro comum”) http://www.ecolnews.com.br/agenda21/ Declaração do Rio e Agenda 21 http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/N1070657.pdf [EM INGLÊS] Objective and themes of the United Nations Conference on Sustainable Development