mAúâ
RURAL
Órgão Oficial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo - Setembro de 1982
Defesa do pequeno produtor
Eleições/1982
Na hora de votar
pense nisso:
Lavradores de Angatuba
em apuros fazem passeata
1
7
Pequenos produtor
estão acabando por
falta de apoio em SP
A frustração de duas safras seguidas de
feijão deixou os pequenos produtores de
Angatuba numa situação de aflição: o Banco do Brasil descumpre a circular 706 e
quer forçar produtores a pagarem dividas
iia marra. Os produtores então fizeram passeata em protesto e denunciaram o BB ao
Banco Central, (foto maior, passeata;
menor, o protesto na Praça pág 5).
Do sul, um caminho:
ver custo de produção
Só há um caminho para
nosso sindicalismo tirar o
pequeno produtor da atual
situação de desânimo e falta de salda: brigar pelo real
preço da produção. Para
isso temos de envolver um
número cada vez maior de
Sindicatos na tarefa de
levantar os custos de produção: I) num esforço conjunto e coordenado; 2} o próprio pequeno produtor precisa dizer quanto custa sua
produção. Então se anima
(foto, Encontro de Pequena Produção, no Sul - Pag.
4). S. Paulo já prepara
campanha.
ITR castiga lavradores
das montanhas de Apiai
Os pequenos produtores
de Apiaí, região montanhosa perto do Vale do Ribeira
e fronteira ao Paraná, tiveram uma desagradável surpresa este ano: pesadas
contas de Imposto Territorial Rural (ITR). Eles
exploram terras de difícil
aproveitamento e estão
revoltados com as cobranças. No final de setembro
fizeram uma reunião, com
presença de aproximadamente 500 lavradores (foto)
e iniciaram mobilização
visando anular a cobrança.
(Pág 8)
JUSTIÇA ELEITORAL
PARA GOVERNADOR
Enquanto o Governo paulista manda ambulâncias para o Nordeste distribui medalhas,
esbanja dinheiro, o pequeno produtor, desanimado, está acabando, sem qualquer apoio.
Veja quem pode resolver issol
PARA SENADOR
OUN.»
PARA PREFEITO
2
Os "bôias frias" sem
qualquer solução:
"Gatonas" não servem
Quantos horríveis acidentes de caminhões, que
transportam os "bóias-frias" como gadol A
única solução do Governo é empurrar as falsas
cooperativas de volantes as "gatonas". Veja
quem oferece solução melhorl
OUN.o
NOME
PARA DEPUTADO FEDERAI
OUN."
NOME
PARA DEPUTADO ESTADUAL
ttOME
.
OU N.o
PARA VEREADOR
NOME
OU N.0
3
Trabalhadores rurais,
sindicalistas e
religiosos presos,
mortos ou perseguidos
Oito dirigentes sindicais rurais e 18 trabalhadores foram assassinados nos últimos dois
anos em todo o Brasil em conflitos de terra. E
religiosos ao nosso lado são presos, expulsos, f
Descubra os políticos do nosso lado.l
4
Use bem seu voto:
de que lado apitam
os candidatos e o
partido escolhido?
Não jogue fora seu voto. Ajora voei é raptodo o
mundo implora sau voto. I Nas páginas 2 e 3 temos
mais informações). Tem muita gente falando
de agricultura: veja se não 6 dos tubarões que
eles falam...
Eleições: esperança
de dias melhores.
ESPECIAL - ELEIÇÕES
PMDB - Montoro
As eleições estão
sem cassados,
com voto direto
e cinco partidos
O senador Franco Montoro é o candidato do PMDB.
Pertenceu ao extinto Partido Democrata Cristão (PDC),
ingressando depois de
64 no MDB.
Conta
com amplo grupo de assessoria que praticamente já
"pensou" seu esquema de Governo. Montoro encampou
nosso documento sobre a realidade do campo em São
Paulo, entregue aos partidos em Agudos, dia 25 de maio.
0 PMDB tem uma característica, enquanto partido: é
relativamente "ecumênico", congregando políticos de
pensamentos e passados diferentes, com a maior preocupação que é derrotar o Governo nas urnas. Se eleito
governador, Montoro deixará seus outros quatroanos no
Senado ao seu suplente atuai, o sociólogo Fernando
Henrique Cardoso.
PT - Lula
FINALMENTE I
Depois de 18 anos de movimento de
64, vamos ter novamente eleições
diretas para governador do Estado,
com certa liberdade de escolher o candidato entre vários partidos diferentes.
(Oxalá, nunca mais tenhamos um 31
de março!).
A época dos governadores biônicos,
dos senadores biônicos (eleitos pelo
voto indireto) e das autoridades biônicas vai acabar. A época do voto indireto e das leis biônicas já começa a ir
para o baú da história como péssimo
período para ser lembrado. Se Deus
quiser, também acabará a época dos
presidentes da República biônicos.
Você deve ter notado: os velhos partidos, de antes de 64, não voltaram,
ainda. Os atuais partidos surgiram de
forma tumultuada. Mas políticos antigos, cassados e exilados, aí estão
novamente candidatos. O Governo, de
seu lado, fez muitos "pacotes" de leis,
manobrou à vontade, a fim de garantir
a continuação dos privilégios e posições de seus políticos.
No entanto, apesar de tudo, 15 de
novembro está á vista. As eleições
estão próximas, com muita animação
no povo. Apesar da mal afamada "Lei
Falcão", que proíbe debates e entrevistas de políticos no rádio e na TV, o
povo conversa bastante sobre candidatos e partidos, justificando preferências, pichando este ou aquele candidato etc.
São cinco partidos à disposição do
eleitor: Você já escolheu seu partido e
seus candidatos? TEM CERTEZA DE QUE É A
MELHOR ESCOLHA?
Não se esqueça: a lei anula votos a
partidos diferentes. O voto só vale se
os candidatos forem de um único partido. Por isso se chama "voto vinculado".
PDS - Reinaldo
fíeinaldo de Barros é o candidato do PDS. Deve ter-se
arrependido de ser candidato: virou saco de pancadas. Além
dos políticos de oposição, Reinaldo tem contra si até mesmo políticos governistas, pois, como se sabe, sua candidatura foi sustentada na convenção do PDS por aquele antipático governador falador, que só pensava em promoção pessoal, em distribuir medalhas, distribuir ambulâncias e
mequetrefes para outros Estados às nossas custas. Os possíveis méritos de Reinaldo ficam obscurecidos. Não bastasse
isso, o PDS é ainda o partido do Delfim, dos "pacotes", da
Lei de Segurança Nacional, da concentração da terra e da
renda, da dívida externa, da perseguição a religiosos e sindicalistas (ufa I). Tanto é que, segundo a imprensa, tem candidatos a prefeitos e a vereadores do PDS no interior pregando o voto "camarão".
PTB-Jânio
Jânio Quadros é o candidato do PTB. É por demais
conhecido dos paulistas por sua rápida carreira como
político, pelo seu estilo pessoal e de Governo. Pesa sempre contra ele a renúncia de 1961, que ele diz ter sido
imperativo de consciência. Teve seus direitos políticos
suspensos pelos militares, contra os quais, aliás, há pouco tempo soltou palavras pesadas, chamando os presidentes militares de "tiranetes". Sem Jãnlo, o PTB nada
seria em São Paulo.
Luis Inácio LULA da Silva, é o candidato do PT. Aqui as
duas maiores novidades destas eleições: um PARTIDO DE
TRABALHADORES e um DIRIGENTE SINDICAL candidato
ao Governo do Estado mais desenvolvido economicamente
do Brasil. Como dirigente sindical, LULA tornou-se conhecido não só em todo o Brasil mas em todo o mundo por sua
atuação como líder dos metalúrgicos de São Bernardo e des
greves. Preso, cassado como dirigente sindical, juntou seu
grupo e montou o Partido dos Trabalhadores, velho projeto.
PDT-Rogê
Rogê Ferreira é o candidato do PDT (o partido de Brlzola).
Foi deputado federai pelo antigo Partido Socialista Brasileiro, cassado em 1964. A Imprensa diz que a opinião pública o
considerou "simpático"nos debates pela televisão.
Como
candidato a governador, sua candidatura foi lançada apenas
em junho, enquanto que os demais concorrentes já estavam
em plena campanha há tempo. É um candidato pobre, de um
partido pobre (em SP).
O VOTO
Este é o modelo (reduzido)
da cédula eleitoral para
novembro. Lembre-se: 1)
você só pode votar em candidatos de um único partido,
senão o voto fica anulado. 2)
Se o partido que você escolheu não tem candidatos a
prefeito e a vereador em seu
município, não tem problema: vote para os outros cargos. 3) Escolha bem o partido e capriche no voto: não se
venda, nem vá na conversa
de rico, da propaganda, de
"amigos", nem do Governo.
Valorize seu voto !
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JUSTIÇA ELEITORAL
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PARA GOVERNADOR
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NOME
PARA SENADOR
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PARA PREFEITO
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PARA DEPUTADO FEDERAL
ou
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NOME
PARA VEREADOR
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Direioria
Roberto Toihio Horiguti
Presidente.
Franciico Benedito
Rocha
, Secretário Geral.
Mário Vatanabe
!♦ Secretário
Paulo Silva
2* Secretário
Emílio Bertuzzo
Tesoureiro Geral
Candidatos ao senado
José Bento de Santi
M Tesoureiro
Existem nove candidatos para uma vaga ao senado por São
Paulo. Pelo PDT, o ex-deputado Euzébio Rocha (autor
da lei da Petrobrás). Pelo PT, Jacó Bittar (sindicalista do
petróleo de Campinas). Pelo PMDB, o ex-ministro do Trabalho, Almino Afonso; o Ex-ministro da Indústria e
Comércio, Severo Gomes; e o deputado federal cassado,
Hélio Navarro. Pelo PTB, o ex-deputado federal, José
Roberto Faria Lima. E pelo PDS, o radialista e deputado
estadual Blota Júnior; o empresário do comércio, Papa Júnior, o deputado federal, Adhemar de Barros Filho.
Antônio David de Souza
2* Tesoureiro
Editor Responsável
José Carios Salvagni (SJP
5177)
VOTO CAMARÃO E PITOCO
Talvez você tenha ouvido falar de voto camarão e voto
pitoco (ou coisas parecidas). São apelidos. Acontece que o
eleitor talvez prefira deixar em .branco algum cargo.
Assim, só valem os votos para os outros cargos. Voto
camarão: Foi apelidado assim, pois "corta a cabeça". É o
caso do eleitor não votar nos cargos de cima (governador,
senador, etc). Voto pitoco: É o caso do eleitor "cortar o
rabo". Ou seja, quando deixa de votar no vereador e no
prefeito. Há partidos que não têm candidatos a prefeito e
vereador em todos os municípios. Mas o eleitor pode votar
para os outros cargos.
PÁG. 2
JJilUD;^
REALIDADE RURAL
Rua Brigadeiro Tobias,
IIB, 36» andar - Conj.
3.607
Cad.
CEP 01832Taitiráfico:
FETAESP
- Telefones: 221-983?
21S-93S3-SÍO Paulo-
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SETEMBRO DE 1982
A OPINIÃO DA FETAESP
Finalmente, as eleições,
Felizmente, depois da Copa do Mundo, o Brasil ficou
inteiramente envolvido pelo saudável clima eleitoral. A
boa política encontra um tônico nas eleições livres,
momento em que os partidos e os políticos apresentam
um balanço de suas atividades e idéias aos cidadãos,
para julgamento.
eleições "revestem-se de uma importância especial, dando oportunidade à sociedade brasileira de mobilizar-se
pelo retorno à democracia e buscar seu rumo ao Estado
de Direito". Lembrávamos nesse documento que nos últimos 18 anos a tecnocracia substituiu o diálogo e a negociação política.
Nos meios de comunicação a política passou a ocupar
o primeiro plano, com muitos debates, muitas entrevistas, muita roupa suja lavada. Mesmo agora, sob o reinado
da restritiva Lei Falcão, a política continua em primeiro
plano. Há muito interesse dos eleitores por informações,
ainda que distorcidas.
No documento — que está à disposição dos partidos,
dos políticos e demais interessados — denunciamos o
esvaziamento rural paulista, a concentração da terra e
apontamos nossas principais reivindicações, com destaque às terras devolutas do Vale do Ribeira e Pontal do
Paranapanema. "No Estado mais desenvolvido da Federação (SP) - dizíamos então - o trabalhador rural não tem
vez".
As próximas eleições, contudo, colocam-se entre as
mais importantes da história do Brasil. É um momento
novo, depois de 18 anos de movimento de 64. Apesar de
tudo, os eleitores finalmente podem eleger de novo tantos políticos, até aqui afastados da vida pública pelas cassações, pelo exílio, por uma espécie de "morte branca" a
eles imposta. Existe também um esboço de pluripartidarismo, com cinco partidos disputando os cargos. Volta o
voto direto para governador do Estado. Mas proibiram-se
coligações partidárias, impondo-se o voto vinculado.
Nosso sindicalismo entregou a todos os partidos, no
dia 25 de maio passado (Dia do Trabalhador Rural) um
documento reivindicatório, afirmando que as próximas
De 1960 para cá, nossa categoria sofreu um grande
esvaziamento no Estado, conforme o IBGE. Vejam bem: o
número de pequenas unidades de produção, com menos
de 20 hectares, era em 1940, de 129.497, caindo em
1950 para 106.069. Mas em 1960 o número de pequenas unidades subia para 199.092.
A partir de 1960, começou a cair. Em 1970, esse número caia para 194.171 pequenas unidades de produção, e, em 1975, o número caia para 149.902. As informações mais recentes dão conta de que esse número
tende a cair, agora de forma mais acelerada.
Boa notícia: encontro
nacional dos sem terra
De 22 a 26 de setembro, realizou-se em
Goiânia o I Encontro Nacional dos Agricultores Sem Terra, organizado pela
Comissão de Pastoral da Terra (CPT), órgão da Conferência Nacional dos bispos do
Brasil (CNBB).
Independentemente de suas conclusões
(que foram boas) o Encontro é um destaque, um marco na mobilização rural daqui
por diante. Poder-se-ia dizer até que é mais
uma "frente de trabalho" que se abre, ao
lado das lutas hoje já articuladas pelos
assalariados rurais com as convenções
coletivas, pela justa remuneração do
pequeno produtor, pela defesa da terra do
posseiro. Agora seria a luta pela terra ao
que não é posseiro. E terra não nas chamadas "regiões de fronteira agrícola", mas
nos Estados onde vivemos, cujas terras
estão ocupadas por enormes latifúndios.
No fundo, essa possível nova "frente"
encontra respaldo seja no nosso III Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais,
de 1979, como no documento "A Igreja e
os Problemas da Terra", que estabelece
uma nítida distinção entre terra de negócio
e terra de trabalho. Essa nova "frente" é,
seguramente, mais exigente em sacrifícios
e apoio do que as outras "frentes". As
razões são óbvias.
Por isso mesmo é que deve ser superada
a espécie de fosso existente hoje, na prática, entre o sindicalismo e a CPT. O sindicalismo tem seus vícios e são compreensíveis: para superá-los não basta trocar diretorias; é preciso gestar e disseminar formas
novas de ação e nisso estamos honestamente empenhados. A CPT também é parte de uma Igreja que, no seu todo, é marcada por contradições. Com entendimento,
humildade e compreensão, o esforço se
tornará um só.
Eleições em sindicatos
Eleições realizadas durante o mês de
Setembro:
Dia 11 e 12 de setembro - S.T.R. de Pirajú
Dia 16 - Paulo de Faria - Diretoria Eleita Presidente Antônio Munhoz, Secretario
Antônio Batista Borges e Tesoureiro Sidney Pereira Camargo.
Dias 11 e 12 de setembro - S.T.R. de
Regente Feijó
Dias 25 e 26 de setembro - S.T.R. de Pirassununga1
Tomaram Posse as Diretorias Eleitas:
Dia 1 - Populina - Diretoria eleita - Pres.
Antônio de Almeida;
Secretário Nivaldo José dos Santos e
Tesoureiro Antônio Toniciolli.
Dia 7 - Itapira - Depois de sua Ia. Eleição,
toma posse a Diretoria: Presidente Patrício
Rocha; Secretário Joaquim Otávio Ribeiro
e Tesoureiro Aurélio Antonielli.
Dia 12 - Presidente Epitácio - Diretoria
Eleita - Presidente Sebastião Silva de
Melo; Secretário Manoel Carvalho de
Mello e Tesoureiro Carmelito Gomes de
Morais.
Dia 19 - São José do Rio Pardo - Depois
de eleição disputada entre duas chapas, foi
vencedora a Chapa n» 1, com a seguinte
Diretoria: Presidente Agenor Procopio
Machado; Secretario Sebastião Antônio
Silva e Tesoureiro Antenor Galdino da Silva.
SETEMBRO DE 1982
O número de arrendatários, que chegou a 118.751,
em 1960, caiu em 1975 para 60.978. E a população
rural residente, que era de 3,45 milhões em 1971 caiu
para 1,95 milhões, em 1980.
0 número dos trabalhadores volantes é um enigma.
Mas tudo indica que esteja acima de 550 mil (com acidentes de caminhões e tudo o mais).
Esses são alguns números, apenas. Mas bastam para
dar uma idéia do desânimo, da falta de perspectivas da
nossa categoria hoje. Esses números mostram por si
mesmos o quanto precisamos de um momento novo na
lavoura paulista, de um ânimo novo, reacender a esperança, multiplicando as pequenas propriedades, valorizando mais a produção e o trabalho e acabando com a
especulação com a terra, com os escândalos com o crédito subsidiado, etc.
Em nosso documento de maio, aos partidos, mostramos que o sindicalismo não escolheu este ou aquele partido (embora respeite a decisão dos dirigentes sindicais,
enquanto cidadãos, de fazê-lo). A nossa política é mostrar
a realidade que aí está, exigindo mudanças, lutando por
elas.
Fica aqui, contudo, um apelo e alerta ao homem do
campo: o nosso voto também ajudará a definir nosso
destino. Reflitamos bem sobre nosso voto.
Governo desapropria
fazenda em Turmalina
Mais uma vitória do
Movimento Sindical dos
Trabalhadores Rurais: a
desapropriação de uma
área de 768 hectares, nos
municípios de Turmalina e
Populina.
A desapropriação (decreto 87.255/de 7/06), atende às reivindicações de cerca de 40 famílias, das quais
19 eram legítimos pequenos
proprietários, com documentação, correta, mas
apesar disso ameaçados de
perder as terras que haviam
comprado em razão de uma
briga de cunhados.
Outro decreto (87.254),
de mesma data, declara
"prioritária, para fins de
Reforma Agrária", uma
área de 1.818,63, na qual se
incluim as 40 famílias.
BRIGA DE CUNHADOS
O que acontece é que as
19 famílias haviam adquirido as terras há uns 22 anos,
de Manoel Bezerra da Silva. Na época, Manoel
cedera dois alqueires a
Arlindo Marques, seu
cunhado, então em situação difícil.
Manoel, contudo, não
tinha escritura. Arlindo
então achou que podia ser
dono de toda a área e
entrou com ação na Justiça, ficando com toda a
terra (os 768 hectares), despejando Arlindo e as famílias que haviam comprado
as terras, danificando as
respectivas lavouras de
café e benfeitorias.
Manoel recorreu na Justiça, ganhou, e com ele,
todas as famílias novamente retornaram às terras.
Arlindo, contudo, recorreu
ao Supremo Tribunal Federal e ganhou. Isso ocorreu
há pouco mais de dois anos.
Vencendo, a primeira preocupação foi tirar novamente Manoel da área. Depois
seriam as famílias, que,
apesar de terem escrituras
e benfeitorias, teriam de
pagar tudo de novo.
O caso chegou ao Sindicato nosso em Fernandópolis. E junto com a
Fetaesp, e comitiva de
lavradores e representantes
de Turmalina, o caso foi
levado ao próprio presidente do Incra, Paulo Yokota,
em São Paulo. Em Turmalina, foi feito um movimento
em apoio às famílias.
Agora, exatamente dois
anos depois desse contato,
veio a desapropriação dessa área, bem como a decretação de área maior "para
fins de reforma agrária".
Essa área maior faz divisa
com as terras dos fazendeitros coronel João Veloso,
major Emídio Nogueira,
Deraldo Pereira da Costa e
Osório Avelino de Castro,
ao que tudo indica, beneficiando mais 20 famílias,
excluindo, contudo áreas
pertencentes a "empresas
agrícolas".
CESP enche Nova Avanhandava
sem reassentar lavradores
No final de setembro a CESP fechou as Brejo Alegre, vão ficar na mão com a inuncomportas da represa da hidrelétrica de dação das terras que arrendavam pela nova
Nova Avanhandava, na Noroeste paulista, represa.
sem que ficasse resolvido o problema das
As áreas que arrendavam pertencem aos
famílias de trabalhadores rurais residentes Abdalla, que, segundo o prefeito de GlicéDia 26 - Mirante do Paranapanema - Dire- nos distritos de Jurítis em Glicério, e de rio, Mauro Castilho, faz mais de 20 anos
que não pagam um imposto municipal
toria eleita: Presidente Donizete Almeida Brejo Alegre, em Coroados.
Os nossos Sindicatos em Penápolis e sequer relativo às suas propriedades.
de Lima; Secretário Valdir Ribeiro da Silva
e Tesoureiro Prisco Antônio dos Santos. Araçatuba, cujas extensões de base abranA CESP se diz disposta a elaborar um
gem esses dois distritos, intensificaram as
de assentamento para as famílias, a
Dia30- Fernandópolis - Diretoria eleita - reuniões com os trabalhadores desses dis- projeto
do que fez em Presidente EpitáPresidente Mario Vatanabe; Secretário tritos, enquanto a Fetaesp manteve duran- exemplo
Valdovino Stafuzza e Tesoureiro Ovídio de te o último mês vários contatos com autori- cio, mas alega dispor do principal, que é a
dades do Ministério das Minas e Energia e terra. Quem pode autorizar desapropriaPaula.
outras, buscando uma saída para aquelas ções é só o Ministério das Minas e Energia,
que fica jogando a peteca para outros órfamílias.
D.O.S. Fetaesp
Conforme divulgamos na última edição gãos do Governo - que devolvem a peteca.
do Realidade Rural, 98 famílias de traba- E nesse jogo de "empurra-empurra", as
lhadores rurais de Juritís, e mais de 220, de águas sobem, e nenhuma solução aparece.
PAG. 3
REALIDADE RURAL
■
Aqui está a saída para
os pequenos produtores
NACIONAL DE PEQUENOS
PRODUTORES, no próximo
Não é novidade que existe um profundo desânimo no campo. Muitos ano.
pequenos produtores continuam saindo do campo, seja vendendo suas
O PROGRAMA DOS VÁRIOS
propriedades, seja por nâo conseguirem mais terras para arrendar.
Mas existe uma saída: ela foi mostrada durante Encontro Centro-Sul
ESTADOS
de Pequenos Produtores, em São Leopoldo (RS), de 10 a 12 de
setembro. (Lá denunciamos as falsas cooperativas do Governo para volantes).
Ao final do Encontro, em São
Está chegando a hora de nós
virarmos esse jogo. Os pequenos
produtores estão caminhando
para o desaparecimento. Os bairros se esvaziam as fazendas crescem, as cidades também.
E só tem um jeito de virarmos
esse jogo: é o nosso sindicalismo
iniciar um trabalho de levantamento dos custos de produção
das lavouras dos pequenos produtores. Com os próprios lavradores
mostrando os custos.
Essa foi a orientação do III
ENCONTRO CENTRO-SUL
DE PEQUENOS PRODUTORES, promovido pela CONTAG
e realizado de 10 a 12 de
setembro, no Seminário Cristo
Rei, dos Jesuítas, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Participaram do Encontro as Federações e grupos de Sindicatos do
Mato Grosso do Sul, Espírito
Santo, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande so Sul.
UM TRABALHO APAIXONANTE PARA TODOS
Nesse estado de desânimo que
está a pequena produção hoje,
um trabalho de levantamento de
custos de produção representa
uma dose de vitamina ultra-forte.
No Encontro, por exemplo,
foram mostradas as várias experiências de movimentos de
pequenos produtores, organizados pelo nosso sindicalismo em
cima dos custos de produção
(uva, fumo, leite e suínos), entusiasmando os participantes de
Estados onde ainda não se fazem
esses levantamentos e movimentos.
O objetivo desse trabalho não é
só levantar o custo de produção,
mas principalmente levar os
lávraaores a participar desse
levantamento e com eles decidir
o que fazer daí por diante.
A participação começa a acontecer quando o lavrador leva para
casa o formulário fornecido pelo
Sindicato evai devolvê-lo no final
da safra, preenchido. Nesse
período vão haver reuniões de
esclarecimento, contatos entre o
Sindicato e o lavrador.
Sem dúvidas, é um trabalho
apaixonante para todos. Para o
pequeno produtor, porque vai
poder conversar com seus companheiros com números na mão,
e debater com eles como sair do
buraco. Para o dirigente sindical,
o trabalho apaixona porque dá
resultados, anima os associados,
anima a própria comunidade que
vê movimentação. E o quadro
sindical também cresce.
O PREÇO MÍNIMO
Ê POLÍTICO: ENTENDA ISSO
Em boca fechada não entra
mosquito. Nem comida...
PÂG. 4
O fato é que os preços mínimos
são PREÇOS POLÍTICOS. Ou
seja, quando o Governo fixa os
preços mínimos, ele está é preocupado com a inflação, com a
exportação, com o lucro de bancos e indústrias.
Note bem: o preço mínimo é
uma forma de "tabelamento
branco". É uma forma de controlar a renda da agricultura (e
assim, comodamente, controlar a
inflação, sem precisar controlar
muito os outros setores). Só que
assim nós é que acabamos carregando o Brasil nas costas, não é
mesmo ?
Veja bem os últimos preços mínimos: o reajuste foi de 90 a 94%.
A inflação está em torno ou acima de 100%. Será que os bancos e
a indústria só ganham de 90 a 94%
ao ano, como nós ?
Por isso é que nós estamos
diminuindo. E em razão disso tião
podemos mais continuar parados.
Temos que começar a levantar
nós mesmos os nossos custos de
produção, em conjunto e exigir a
remuneração a que temos direito.
Nesses levantamentos, os lavradores descobrem muitas coisas.
Por exemplo o pessoal da uva, no
Rio Grande do Sul, diz que os
técnicos da CFP acham que
sabem de tudo, mas não sabem de
nada. Eles não tocam lavoura.
Eles diziam que o produtor de
üva só realizava 16 tarefas. Mas
os lavradores mostraram que
realizam na verdade 25. Hoje os
técnicos da CFP concorda com
19 tarefas. Consequentemente o
preço mínimo já melhorou.
UM SÔ TIPO DE FEIJÃO NO
SUPERMERCADO...
Nós, de São Paulo, precisamos
organizar um bom trabalho de
levantamento de cusrtos de produção. Pelo menos para o feijão.
Foi o secretário da Federação de
Santa Catarina, Norberto Kortman, quem observou isso: na
roça, tem quatro ou cinco tipos
de feijão ,ou seja, quatro ou cinco
preços. Mas no supermercado, só
tem um tipo. Se para o tipo um o
preço mínimo já está fora da
realidade, imaginem então para o
tipo 3, que é classificação para a
maioria dos pequenos produtores.
Aliás o companheiro Wilson
Donizeti Bertolai, de Angatuba,
mostrou no Encontro que a
região já começou um trabalho
de levantamento de custos de
produção de feijão e que alguma
coisa já se conseguiu. Agora, o
projeto é reunir todas as três
regionais daSorocabanae desenvolver um trabalho conjunto em
defesa dos pequenos produtores e
do produto. Esse será o nosso
esforço até o IV ENCONTRO
Leopoldo, as Fedefações e respectivos Sindicatos estudaram as
tarefas mais convenientes para
cada Estado. O Espírito Santo,
por exemplo, que participou pela
primeira vez, disse que vai fazer
levantamentos de custos de café e
banana, além de ficar de olho na
Ceasa e na comercialização de
hortigranjeiros.
O Mato Grosso do Sul disse
também pretender levantamentos, além de orientar os pequenos
produtores para apolicultura e
para não venderem suas propriedades. São Paulo previu trabalho
de levantamento de custos de
produção de algumas regiões,
com acompanhamento direto da
Fetaesp. E também disse que
continuará combatendo o falso
cooperativismo das "cooperati"*> vas de volantes", do Governo.
O Paraná propõe-se a reativar
suas comissões de nível municipal, regional e estadual, articulando levantamentos de custos de
produção, bem como um encontro sobre cooperativismo. Santa
Catarina, disse que vai dar ênfase
ao cooperativismo (defendendo
pequenas cooperativas ), defendendo a realização de um Encontro Regional de Cooperativismo
de pequenos. Vai continuar
fazendo levantamentos de custos
de produção, cobrindo todos os
produtos de pequenos produtores.
O Rio Grande do Sul, propôsse a continuar ampliando o levantamento de custos de produção,
aprimorando a atuação das
Comissões a nível estadual, regional, e municipal. E além de um
amplo debate sobre subsídios
agrícolas o Rio Grande do Sul vai
tentar montar um banco de informações sobre culturas, sobre os
Sem Terra, assalariados rurais no
Estado, etc.
O primeiro trabalho de levanta-;
mento de custos de produção no
nível atual, aliás, começou nesse
Estado, com o fumo, em 1977,
com uma inesperada paralização
na entrega do fumo pelos produtores até o fim das negociações.
OS OUTROS ASSUNTOS
DEBATIDOS
Durante o Encontro se conversou sobre muita coisa: foi mostrando que a política agrícola do
Governo não é favorável aos
pequenos produtores. Mostrou-se
que o credito rural serviu mais
para estimular o uso de insumos e
equipamentos modernos, do que
para ajudar os pequenos produtores. Até mesmo a assistência técnica e extensão rural reforçaram
essa falsa "modernização", ao
invés de ajudar os pequenos. E,
na outra ponta, comprando a nossa produção, estão grandes
agroindústrias, supermercados e
cooperativas mal direcionadas.
Ou seja, temos que pagar preços impostos pelas indústrias
Entre os pioneiros no levantamento de São faulo mostrou sua diversidade e
custos, os Sindicatos da região da uva: dificuldades. Mas prometeu seguir o
as conquistas Já aparecem.
mesmo caminho, a começar pela Soro-
cabana.
O tempo foi pouco. Mas valeu.
Uma reflexão de 3 dias não permitiu aprofundar análise de acertos e erros.
Mas mostrou que não há outro caminho. O cooperativismo foi analisado também.
Atenção sindicatos da baixa,
média e alfa Soroeabana!
Grupos Regionais 3f 8 e f O.
Procurem com urgência contato com os vossos representantes
regionais, ou com a Fetaesp. No dia 1* de outubro, na reunião em
Avaré, ficou combinado que os Sindicatos dos Grupos Regionais
da Baixa, Média e Alta Soroeabana iniciarão um trabalho de
Levantamento de Custos de Produção dos principais produtos.
Nova reunião das Três Regionais será no dia 18 de novembro, em
Ourinhos.
quando compramos adubos ou
maquinas. E temos que aceitar os
preços impostos pela agroindústria ou supermercados quando
vendemos nossa produção. Os
grandes produtores, ao contrário,
têm mais facilidades para ter crédito, comprando mais terras. Os
bancos ganham uma nota em
cima do crédito rural, que é um
dinheiro baratíssimo para eles.
Enfim, tem muita gente vivendo
nas nossas costas.
Também se falou das cooperativas, dos desvios, do enriquecimento ilícito da adminsitração e
da marginalização dos associados. O sindicalismo deve lutar
para mudar esta situação, prepa-
REALIDADE RURAL
rando os associados para as
assembléias, para as eleições,
acompanhando o Conselho Fiscal.
Também foi debatida a recente
circular 706, do Banco Central,
que, na verdade, estaria antecipando a diminuição do subsídio
rural. E foram comentados os últimos reajustes dos preços mínimos.
De São Paulo, compareceram
ao Encontro: o diretor, Antônio
David de Souza; Wilson Donizetti Bertolai, do STR de Angatuba;
do STR de Junqueiropolis;
Aparecido de Souza Dias, da
Assessoria da Fetaesp, e o editor
do Realidade Rural.
SETEMBRO DE 19g2
30 de agosto, segunda:
pequenos fazem passea ta |
pe/as ruas de Angatuba
No sindicato: reflexão.
Era uma segunda -feira. Ao meio dia, a sede do Sindicaío de Angatuba ficou lotada de pequenos pro-i
dutores. Duas horas depois, desfilaram pelas ruas da cidade, em passeata, com tratores e cartazes.
Veja porque.
Depois de quase duas horas de
reunião, na sede do Sindicato, a
partir do meio dia, cerca de 300
pequenos produtores de feijão,
com familiares e cerca de 30 tratores, fizeram uma passeata pelas
ruas de Angatuba, até a Praça da
Matriz. Lá, na concha acústica,
os trabalhadores e dirigentes sindicais explicaram ao povo da
cidade porque fizeram a mobilização.
A população da cidade, surpresa, postou-se nas portas e janelas,
ou mesmo nas calçadas, acompanhando a passeata, procurando
ler os cartazes que os lavradores
carregavam onde estavam anotados os motivos da mobilização: o
empobrecimento cada vez maior
dos pequenos lavradores, a má
política do Governo para o feijão,
a necessidade de prorrogar as dividas bancárias em razão da frustração de duas «afras seguidas
para muitos lavradores. (Depois
da passeata e nos dias seguintes,
gerentes de banco, comerciantes
e populares da cidade levaram ao
Sindicato sua simpatia pelo movimento).
DESTRUIR O DESÂNIMO
EXIGINDO DIREITOS
Antes da passeata, houve uma
reunião na sede do Sindicato,
lotada, onde os trabalhadores
debateram seus problemas e os
motivos do encontro. Primeiro,
abrindo a reunião, falou o presidente, Alcides Bertolai: "Nessa
segunda-feira triste — disse ele era para nós estar trabalhando na
roça. Em vez disso, estamos aqui
na cidade, reunidos. Mas isso
também é importante para o
lavrador. Não adianta só trabalhar: não vão pensar que vem
alguém oferecer alguma coisa
para nós se nós não formos buscar. Nós não podemos nunca
esmorecer. Vamos exigir nossos
direitos".
E acrescentou: "Se nós ficar de
braços cruzados ninguém vai
saber do nosso sofrimento".
Depois a palavra foi aberta aos
trabalhadores rurais. Falaram
que o lavrador não é valorizado,
que está apanhando muito e que é
preciso reivindicar melhores condições de vida. Com união, os
lavradores conseguirão resolver
seus problemas, baixar a taxa de
juros, ganhar mais, ter mais respeito. Uma lavradora desabafou:
"Quanto mais lavoura o trabalhador rural faz, fica devendo para o
banco. Quanto mais trabalha,
mais pobre fica. Acho melhor a
gente parar".
Mas os trabalhadores discordaram; parar, disseram eles, era
deixar os tubarões tomar conta
das terras. A solução não é parar,
mas exigir seguro que cubra os
preços não só para o banco: "Nós
sabemos perder, sabemos ficar
com os prejuízos — comentaram.
Mas o banco não sabe".
A seguir o Secretário do Sindicato, Wilson Donizeti Bertolai,
fez um relato sobre o esforço de
alguns Sindicatos vizinhos para
levantar o custo de produção do
feijão e reivindicar melhores condições de comercialização e a
garantia do preço mínimo, ao
menos. Também falou da reunião
que a Comissão de lavradores fez
com o posto do Banco do Brasil,
onde descobriram não apenas
que o banco não orienta devidamente o pequeno produtor, como
também que o próprio banco está
desatualizado. Por isso, o Sindicato escreveu ao Banco Central e
recebeu cópia da circular 706, de
junho, desburocratizando o crédito. E também orientações sobre
prorrogação de divida, dispensa
de avalista, etc.
Wilson disse também que o
Sindicato descobriu que o banco
faz contas erradas sobre as dívidas dos lavradores e é preciso
atenção.
O RECADO, NA PRAÇA DA
MATRIZ
Presentes à reunião estavam o
presidente do nosso Sindicato em
Sorocaba, Benedito Domingues
de Medeiros, e o companheiro
Benfica, do nosso Sindicato em
Guapiara.
Após a reunião, os trabalhadores e os dirigentes sindicais organizaram a manifestação: colocaram os 30 tratores em fila e, na
frente, portando cartazes estavam
os trabalhadores a pé, portando
os cartazes. Uma bela mobilização.
No trajeto, a passeata passou
em frente ao posto avançado do
Banco do Brasil na cidade, que,
brevemente será agência. O posto
só abre na parte da manhã, e, por
isso estava fechado. Mas certamente o pessoal do Banco não vai
Sindicato denuncia
ao BC pressão do BB
No final de setembro, o presi a se desfazerem de bens ou mesdente do Sindicato de Angatu- mo das propriedades - quando a
ba, esteve em São Paulo, onde circular 706 estabelece claradenunciou ao Banco Central o mente facilidades para prorrodescumprimento da circular gação de dívidas em caso de
706, por parte do Banco do Bra- frustração de safras, como é o
caso dos lavradores de Angatusil na região.
ba.
O presidente do Sindicato,
Conforme o Presidente do
Sindicato, a gerência do Banco que veio a São Paulo, acompado Brasil esta apertando os nhado do Tesoureiro e de um
pequenos produtores para paga- lavrador, disse que o caso comerem seus débitos, levando-os até ça a ficar preto.
REALIDADE RURAL
querer correr o risco de outra
manifestação semelhante dos trabalhadores, aí na parte da manhã,
quando estiver aberto. A mobilização foi muito comentada na
cidade...
Na Praça da Matriz os trabalhadores dirigiram-se à concha
acústica. Lá, com microfone e
alto falante, explicaram à população da cidade que a mobilização
era uma forma de mostrar ao
povo da cidade (jue, os responsáveis pela produção de comida, os
pequenos produtores, estão
desesperados. "É a precisão que
nos faz ficar reunido nesta segunda-feira triste", explicou o presidente do Sindicato, Alcides Bertolai. Explicou que, apesar de
enfrentar intempéries de todo o
tipo, pragas, o produtor não tem
nunca um preço compensador:
1 Em frente ao BB.
"A comida sai da roça muitobarato, mas quando chega na
cidade, chega cara", disse, para
mostrar que o pequeno produtor
nada tem a ver com a inflação, ao
contrário, é vítima dela e da política do Governo, que precisa
mudar.
José Geraldo de Oliveira fez
questão de esclarecer que ter trator não significa nada: "Meu pai,
a braço, conseguiu comprar a
terra. Hoje, com trator, estamos
indo para trás". Perdi duas lavouras de feijão, e na hora que mais
preciso do banco ele me aperta
para pagar"._E concluiu: "Vocês Já imaginou se a agência do Banco do Brasil estivesse aberta? Acontece que lá é
da cidade, dê um apoio para nós posto e só abre pela manhã. Mas a cidade gostou da surpresa e foi ouvir os produque nós precisa de vocês".
tores na praça.
REUNIÕES NOS BAIRROS
PARA NOVO ENCONTRO
Essa foi a tônica da fala de
todos os trabalhadores que seguiram, como Quirino Rodrigues,
Antônio Nunes Benfica (de Guapiara), Benedito Domingues de
Medeiros (de Sorocaba), mostrando este que o problema é sentido pelos pequenos produtores
de todo o Estado. Falaram também outros trabalhadores, no
mesmo nível, com bastante aplauso. Falaram jnclusive mulheres,
como D. Inês, cujo marido foi
vender feijão em Santos, e em
plena praia deserta, apenas uma
barraquinha funcionando, foi
roubado. O dono da barraca ficou
ileso. E a Sra. Bertolai, mãe do
Secretário do Sindicato, Wilson ,
disse que a situação de empobrecimento deixa o lavrador aflito:
"A gente fica naquele sofrimento,
perde a saúde e não consegue
dormir mais".
A manifestação foi encerrada
na sede do Sindicato, onde os trabalhadores combinaram continuar fazendo reuniões nos bairros, preparando outra grande reunião, para depois das eleições,
quando inclusive se avaliará o
levantamento do custo do feijão.
Eles também quiseram saber porque os outros Sindicatos não
fazem também levantamentos de
custos de produção e mobilizações de pequenos produtores.
SETEMBRO DE 1982
Cooperativismo em SC:
corrupção e remédios.
/. O nosso sindicalismo deve lutar
para que o cooperativismo esteja
mais voltado a valorização do
homem do que ao engrandecimento
do patrimônio das cooperativas;
2. Também deve lutar para que os
dirigentes e gerentes das cooperativas passem a declarar seus bens,
tanto ao assumirem a direção das
cooperativas, como ao sairem, afim
de evitar o enriquecimento ilícito,
muito comum.
3. Deve-se lutar para que nas eleições das cooperativas não seja permitido o voto por representação e
procuração, devendo cada associado exercer o seu próprio voto, afim
de que o associado participe mais
da cooperativa:
4. O nosso sindicalismo deve,
urgentemente, realizar um estudo
mais aprofundado da legislação
cooperativista, junto aos associados
das cooperativas (trabalhadores
rurais), bem como realizar um
amplo trabalho de conscientização e
esclarecimento junto aos mesmos
sobre o cooperativismo:
5. Para a realização das
Assembléias Gerais deveriam estar
presentes, em última convocação,
pelo menos 10% do total de associa-
dos, para evitar que as decisões
sejam tomadas por um pequeno
número de associados e manobrados pelo Conselho de Administração.
Estas são as principais conclusões do I ENCONTRO DE COOPERATIVISMO DO MOVIMENTO SINDICAL DOS TRABALHADORES RURAIS
CATARINENSES, realizado no
final de maio em Florianópolis
(SC), promovido pela nossa Federação naquele Estado (FETAESC).
O Encontro, conforme relatório a nós encaminhado pela
FETAESC, mostrou a necessidade de fazer o cooperativismo
entrar novamente nos eixos, acabando com o controle feito hoje
exclusivamente pela administração (presidente, contador e
gerente), acabando com o enri?|uecimento abusivo ou ilícito, c
azendo com que o cooperativismo seja um instrumento realmente de defesa do pequeno produtor, incentivando a industrialização pelas cooperativas dos produtos dos pequenos produtores
bem como sua comercialização
pelas mesmas.
PAG. 5
NOTICIAS
Sindicalista de Mlrasaol
abandona a lavoura,
revoltado com Injustiças.
O tesoureiro do nosso Sindicato em Mirassol, Domingos Zaniboni, é um exemplo vivo de como sofre o pequeno lavrador no Brasil, sem qualquer segurança.
Tendo saído há poucos anos de outra fazenda, com
acordo, após demanda, entrou como parceiro na fazenda
São Paulo, de Antônio Navarrete Barroso, cultivando
em torno de 5.000 pés de café e mais uma boa parte de
terra solteira, onde passou a plantar milho e outros produtos.
Mas, de novo, Zaniboni arrumou sarna para se cocar.
O dono da fazenda, relaxado, deixou o gado entrar na
lavoura do tesoureiro do Sindicato. Na Justiça, chegaram a um acordo: o fazendeiro se comprometeu a dar
uma quantidade de milho, correspondente às perdas causadas pelo gado.
Na hora da colheita, no entanto, o fazendeiro quis dar
banana: Zaniboni trouxe a máquina para bater o milho,
mas o patrão não deixou, comprometendo-se a colher
ele próprio o milho. Concluída a colheita, o sindicalista
foi exigir sua parte, mas o fazendeiro não quis entregar, e
só cumpriu o acordo depois que o juiz acatando ação do
Sindicato, mandou oficiais de Justiça separarem o milho.
Na hora de colher o café, outra dor de cabeça: Zaniboni colheu, pegou sua parte c levou para casa, tendo a
medida sido feita na presença do filho do fazendeiro.
Mas o fazendeiro foi à polícia e acusou Zaniboni de "apropriação indébita". O sindicalista perdeu a paciência:
entrou com nova ação na Justiça e deixou a lavoura,
inconformado, indo trabalhar, na cidade.
Duas fazendas atrasam
salários em Descalwado
Aproximadamente trinta famílias de trabalhadores
rurais, empregados das Fazendas Santa Maria (Porto
Ferreira) e Pau D' Alho (Descalvado), estão com seus
salários atrasados em três meses, conforme denúncia do
presidente do nosso Sindicato em Descalvado, Benedicto Simel.
Conforme Benedicto, as duas fazendas são de propriedade de um mesmo dono; os trabalhadores queixam-se
de que reclamam com os administradores, mas eles não
ligam. Um deles disse que iria ao Sindicato reclamar e foi
advertido por um administrador.
Ministério não atando
podido do fiscalização
no Valo do Paraíba.
Os presidentes dos nossos Sindicatos em São José
dos Campos e Pindamonhan^aba, (respectivamente
Sebastião da Silva Maia e Jandiro José de Sene) estão
denunciando a sub-delegacia do Ministério do Trabalho
no Vale do Paraíba.
É que os companheiros têm solicitado com freqüência
a fiscalização do Ministério do Trabalho em propriedades com irregularidades comprovadas, mas o Ministério,
não tem atendido, é falta de anotação em carteira, não
pagamento de salário integral, nem férias.
Esse será um dos temas da reunião do Grupo Regional
dos Vales do Ribeira e do Paraíba, dia 11 de outubro, em
São Paulo.
Acidente de
caminhão,
acidente de
TRABALHO?
O deputado paranaense
Carlos Scarpelim, elaborou
projeto de lei determinando
que os acidentes ocorridos
com caminhões de volantes
ou outros veículos, ou seja,
os acidentes ocorridos no
transporte de volantes, sejam
enquadrados como acidentes
de trabalho.
Na justificativa, o deputaPAG. 6
do diz que o trabalhador
rural é o mais sacrificado de
todos os trabalhadores brasileiros. Como têm sido freqüentes os acidentes com
caminhões de volantes, o
deputado (PMDB) entende
que as vitimas devem receber
o amparo da lei.
Está ai o projeto: está
aberto o debate.
Ex-ministro chileno crê
que as grandes cidades
forçarão reforma agrária
A Associação Brasileira
de Reforma Agrária
(ABRA) proporcionou este
ano três presentes preciosos
aos interessados pelo
problema agrário, e dos
trabalhadores rurais brasileiros:!) um levantamento
amplo de conflitos de terra,
em todo o Brasil, reunindo
dados do sindicalismo, da
CPT, é da imprensa; 2) um
ciclo de palestras (em agosto) com o ex-Ministro de
Agricultura Chileno, agi*
Jacques Chonchol, que
implementou um projeto de
Reforma Agrária durante o
governo de Salvador Allende; 3) e um Curso de Direito Agrário, no final de
setembro, (27 a lf out.),
abrangente e atualizado.
Infelizmente parece que
o trabalho de levantamento
de conflitos, que por si só
justificava já a existência
da ABRA, vai acabar no
próximo ano. Este trabalho
ajudaria a clarear e a atualizar bem o assunto "Reforma Agrária", mais do que
qualquer outra argumentação.
UMA GRANDE ESPERANÇA DEIXADA
PELO MINISTRO
CHILENO
O ex-Ministro da Agricultura chileno Jacques
Chonchol sofreu na carne a
mesma triste sina de centenas e centenas de outros
latinos americanos (inclusive brasileiros) que foram
impedidos de dar a seus
paísis a sua melhor contribuição intelectual, pessoal.
Ele também está exilado na
França onde goza de enorme prestigio.
Chonchol começou seu
curso falando da história da
América Latina, mostrando
que desde o inicio nossa
economia se voltou para a
exportação. Só para ela:
primeiro foi a exportação
de minérios. Depois foi o
açúcar, a charque, o café, o
algodão, com preços impostos seja por Portugal e
Espanha, depois pela Inglaterra, Estados Unidos e
outros países ricos. Sempre
trabalhamos para eles.
Em toda a América Latina as enormes fazendas
foram mantidas e, em conseqüência,
o mesmo
problema dos trabalhado-
Edgar, do Juqulá,
perdeu a esposa.
O presidente do nosso
Sindicato em Juqulá,
Edgar Alves da Costa,
sofreu um duro golpe do
destino, no dia 23 de agosto
passado: faleceu sua esposa, D. Sônia Maria da
Costa, deixando 4 filhos, o
último de 2 anos e 4 meses.
Ao companheiro, aqui
vai a solidariedade da
FETAESP e do sindicalismo, que a parada é dura.
neses em toda a América
res volantes, os "bóiasfrias", existe em todos os Latina emigraram para a
cidade. Em 1980, populapaíses. Em conseqüência
ção total da América Latidos latifúndios surgiram
na era de 370 milhões de
enormes cidades. Em torno
habitantes.
destas cidades ocorreu a
Aí, está a esperança: a
industrialização, que ajudou a aumentar ainda mais própria cidade, com população enorme, com índice de
a população destas cidades.
E a coisa se complica, a tal subemprego aumentando 115 do povo não tem trabaponto, que uma hora ou
lho fixo; vai forçar o campo
outra a população das cidaa mudar. O latifúndio será
des vai exigir mudanças no
mal visto e a indignação do
campo, porque a vida se
povo se voltará contra ele.
tornou insustentável.
Chonchol falou sobre a
Vejam bem: em 1850, a
área agricultavel ocupada e
população total da América
a que ainda não está ocupaLatina (incluindo o Méxida e deixou muitos números
co), era de 30 milhões de
que agora não dá para a
habitantes. Houve imigra- fente publicar. Falou tomção e a introdução de mais
em sobre a necessidade de
escravos africanos. Em
mudança na forma de pla1900, a população total
nejamento governamental
subia para 61 milhões. Só
na América Latina.
13 cidades, na época
OS FATORES QUE
tinham mais de 100 mil
FORÇARIAM
AS
habitantes, sendo a maior
MUDANÇAS
parte, estrangeiros. 78% da
1) a pressão demográfipopulação era rural. Em
ca: daqui até o ano 2.000,
1930, a população total da
mais de 200 milhões de latiAmérica Latina subiu para
no-americanos precisarão
104 milhões: a população
de trabalho.
rural caia para 70% do
2) crise do atual modelo
total.
de industrialização, voltado
para as classes médias e
Pois bem: em 1960, a
ricas; o mercado será insupopulação urbana e a rural
ficiente.
se equilibravam, em 50%.
3) elevada dívida externa
Em 1980, 65% da populados países latino-americação total da América Latinos; muitos países gastam
na é urbana. Em 1950,
de 50 a 70% do que exporhaviam já 6 cidadçs com
tam para pagar a divida
mais de um milhão de habiexterna.
tantes. Em 1980, o número
4) Os países latinodelas subia para 17. Só
americanos têm importado
entre 1950 a 1970, em tore dependido cada vez mais
no de 40 milhões de campo-
de alimentos dos países
ricos.
5j a crise energética: a
América Latina e o continente mais dependente'de
petróleo. Todo o modelo
industrial e de expansão
agrícola se fez sobre o
petróleo barato.
A SAÍDA: O QUE
DEVERIA SER FEITO
Na opinião do ex-ministro chileno, algumas diretrizes de mudança seriam:
1) diminuir a dependência de alimentos e energia
externa;
2) produzir visando não a
exportação mas o mercado
interno; o que significa
mudança na distribuição de
renda dos países, no modelo agrícola, etc, cobrindo as
necessidades básicas da
população;
3) diminuir o desequilíbrio atual entre as regiões
de cada País.
4) desconcentrar a população urbana, com o'apoio
a cidades pequenas e médias, interligadas ao setor
rural, agroindústria, etc.
5) exercer a soberania
nacional: a maior parte das
decisões que se tomam na
América Latina, são tomadas nos países ricos.
6) acabar com a transferência de dinheiro dos países pobres para os países
ricos (por causa de exportações, pagamentos de dímidas, etc).
7) Reformar as próprias
culturas: cada vez mais os
latinoamericanos internacionalizaram seus valores,
assimilando os valores das
classes médias dos países
ricos.
Aí está: o Brasil está na
América Latina. Tem os
mesmos problemas, a mesma dívida externa, o mesmo êxodo rural, as mesmas enormes cidades. Portanto, MEIA VOLTA,
VOLVER!
Fazendas do grupo Votorantim
abusam com assalariados rurais
Absurdamente, as fazendas de produção de madeira,
das indústrias Votorantim,
na região de Capão Bonito,
decidiram de uma hora para
outra alterar as carteiras de
trabalho dos empregados
rurais, vinculando-os ao
enquadramento sindical
urbano. O Sindicato, sabendo disso, com o apoio dos trabalhadores, foi com caravana
(foto) a Sorocaba, protestar
na Sub-delegacia Regional
do Trabalho por isso. Houve
mesa redonda. Em represália, uma das fazendas, a Soe.
Agric. Sta Helena mandou
embora o trabalhador José plina e insubordinação",
Juvêncio "por ato de indisci- dizendo ser "justa causa". O
REALIDADE RURAL
caso foi parar na delegacia
de polícia local.
SETEMBRO DE 1982
Greve exemplamos canaviais:
Comissão da Contag
debate na Fetaesp
previdência rural
de novo os pernambucanos
mostram fibra e organização
Olha aí; os trabalhadores rurais
pernambucanos, mais uma vez, estão
dando um exemplo de fibra e organização.
Todos os anos, como nós,cies têm
a sua campanha salarial nesta época.
E toda a Campanha Salarial é feita
com base na possibilidade da greve.
Assim, se os usineiros não quiserem
conversa, os trabalhadores rurais,
fazem greve e a greve é legal. O
Governo tem que respeitar, porque a
greve é feita de acordo com a lei.
Já em 1979 e 1980, os pernambucanos tinham sido obrigados a ir_à
greve, porque os usineiros não
queriam nada. Em 1980, os usineiros
aprontaram violências e o próprio
Governo fv ">u a barra, para resolver logo o problema. O trabalho
depois era fazer os usineiros cumprir
o estabelecido.
Neste ano, o pessoal voltou com
tudo. Gente organizada pode fazer
isso. No dia 19 de setembro, os 45
sindicatos da Zona Canavieira pernambucana realizaram assembléias
gerais para aprovação das reivindicações, bem como para a aprovação
da greve, caso os usineiros não atendessem às reivindicações. As votações, eram na base da aclamação e
do voto secreto.
Como os patrões não quiseram
nada com nada, no dia 25, sábado, os
trabalhadores entraram em greve:
vai daqui, vai dali, no domingo ocorreu o julgamento. E o resultado foi
este. Salário: CrS 28.243,15 (bem acima do minimo regional). Tonelada
de cana solta; CrS 471,00. Mas produtividade de 4% e extensão do salário família aos rurais. O julgamento
acabou às duas da madrugada. (Com
greve, a pauta do Tribunal fica elástica...).
De São Paulo, foram a Pernambuco o Secretário Geral da Fetaesp,
Francisco Benedito Rocha, e a
advogada, Elvina P. Rodrigues
RIO GRANDE DO NORTE:
ESTRÉIA.
O Rio Grande do Norte estréia
este ano súa primeira campanha
salarial, envolvendo 10 sindicatos.
A coisa: por lá deverá esquentar
mesmo a partir do dia 3 de outubro,
quando os Sindicatos realizarão
assembléias gerais repetindo o processo de Pernambuco, como os usineiros do Rio Grande do Norte também estão de corpo mole, é bem provável que a estréia dos potiguares
seja na base da greve. De leve...
Esses dois movimentos reivindicatórios, só podem nos alegrar e nos
estimular: são belos exemplos. Chega de baixar a cabeça e aceitar qualquer salário, só porque o Brasil está
com a "maldita inflação". Os trabalhadores rurais (sejam assalariados
ou pequenos produtores) até agora
carregaram o Brasil nas costas. Está
na hora da gente tirar esse peso das
costas, não é mesmo?
No início de agosto reuniram-se na Fetaesp representantes
das Federações dos Estados do Sul e assessoríá jurídica da
CONTAG para estudar ante-projeto de Previdência para o
Trabalhador Rural, buscando a extensão dos benefícios da
cidade para o campo. Os representantes integram comissão
específica da CONTAG, que intensificará o debate a respeito.
Movimento Pro-Cut:
S/ndico/isfos ditos
"outenticos" estoo
indo /onge demais
em relação à
CONTAG
Quando nâo é o Governo, os
grileiros, os intermediários, o poder
econômico e as multinacionais, sâo
os próprios lideres dos trabalhadores que complicam as coisas para os
trabalhadores. Os partidos que
dizem defender os trabalhadores brigam entre si, e os trabalhadores
pagam o pato.
Numa dessas brigas estão querendo envolver o nosso sindicalismo na
história. O Presidente da nossa Confederação Nacional (CONTAG), José
Francisco da Silva, por exemplo (e,
por extensão, nosso sindicalismo)
está sendo vitima de uma campanha
de difamação organizada por sindicalistas urbanos que se dizem "autênticos".
nenhum partido. Motivos tínhamos
de sobra. A campanha eleitoral, por
exemplo, envolveu a maioria dos
dirigentes sindicais que lideram ao
movimento da II CONCLAT e com
isso o encontro sindical acabaria
virando palco de luta partidária, bem
pior do que foi a I CONCLAT (e a
recente ÉNCLAT paulista foi clara
amostra). Nâo seria um clima desses
o mais propicio para concretizar o
velho sonho dos trabalhadores brasileiros, que é a criação da sua Central
Única dos Trabalhadores (CUT).
O pretexto para pomo de discórdia
é a II Conferência Nacional da Classe
Trabalhadora (II CONCLAT), prevista
para agosto passado, mas que acabou adiada para agosto do próximo
ano, depois que a CONTAG e as nossas Federações estaduais em todo o
Brasil reuniram-se em julho em Brasília, avaliaram, e viram que não
deveríamos participar da II CONCLAT se ela se realizasse neste ano
(o local seria a Praia Grande).
E mais: nosso sindicalismo tem
pouco dinheiro. Qualquer encontro
amplo custa muito sacrifício. Basta
ver que o quadro de assessoria na
maioria das nossas Federações é
extremamente reduzido, quase nulo.
Nosso III Congresso Nacional, de
1979, custou o olho da cara. Apesar
disso, no entanto, compareceremos
â I CONCLAT. Aliás, senhores "autênticos", devem lembrar-se certamente que a CONTAG foi a única
confederação, das 9 existentes, a
participar ativa e ostensivamente da
I CONCLAT, garantindo inclusive a
unidade indispensável para a montagem da Comissão Nacional PRÓCUT.
Ao tomar a decisão, nosso sindicalismo não foi tomar bênção com
E se souberem a diferença entre
"conferêmeia" e "congresso".
SETEMBRO DE 1982
Reunião da Comissão Nacional Pró-CUT em agosto, na Fetaesp. 0 movimento pela Central Única podaria aitar melhor: o que atrapalha é a
Intolerância a intransigíncia de alguns. Construir uma Central Única, como queremos, exige diplomacia, sensatez, compreensão.0 processo
é neturalmente lento. Tem gente demeis usando tesoura, apontando dilemas...
lembrar-se-ão certamente de que a I
CONCLAT foi conferência. Logo não
se entende o porque da celeuma
legalista montada em razão do adiamento da CONCLAT, questionando a
decisão da Comissão Pró-CUT, questionando a própria validade do mandato doS membros da Comissão.
1. Vai ser difícil construir uma
CUT a persistir a infantilidade de ver
"inimigo" e "pelego" em quem ouse
discordar. Com cordeirinhos o que se
tem é rebanho, não organização. E
muito comum no Brasil se considerar que quem nâo é a favor, é contra.
Se é a favor, é bom. Se é contra, é
"pelego". Pois bem: nosso sindicalismo não está atrelado nem ao PT,
nem ao PC, nem ao PDS, PMDB ou
qualquer outro "P". Evidentemente,
muitos dirigentes sindicais nossos
decidiram filiar-se aos partidos legais
(assim como entre os urbanos e "autênticos"), o que é um direito deles.
Mas é bem possível que se nosso
sindicalismo fosse atrelado ao PT,
não teríamos recebido estas criticas
nem haveria tanta celeuma pelo
adiamento da CONCLAT, e com o
mandato dos membros da Pró-CUT,
ou então teríamos, talvez, de submeter ao PT a decisão de participar ou
nâo. Ditadura tem muitas caras e
disfarces.
REALIDADE RURAL
2. Nosso sindicalismo tem 20
anos de história legal. Não é santo,
nem puro como anjo. É composto de
homens, que viveram embaixo do
mesmo regime político repressivo
que atingiu a sociedade brasileira.
Nossos dirigentes nâo puderam
expandir-se plenamente embaixo
desse regime de exceção, assim
como tantos humildes sindicalistas
da cidade. Nosso desenvolvimento
foi prejudicado pelo enorme êxodo
rural. Apesar.disso cresceu, está ai.
E, pelos nossos programas de trabalho, fica patente um esforço honesto
de mudar, de transcender as limitações. E justamente José Francisco, o
agredido, tem uma belíssima folha
de serviços prestados, muito digna,
muito honrosa: foi ele quem impulsionou essa expansão. Por que a
agressão?
3. Construir uma CUT é também
um sonho nosso. Evidentemente,
nem uma AFL-CIO, nem uma CUT
oficialista tipo FSM ou outra qualquer ou divi sionista Como as centrais
européias. Mas uma CUT assim nâo
se constrói com crista alta, com
agressões, com desconfiança ampla,
total e irrestrita, com gestos infantis.
Nem pressa. Tem gente demais
sabendo usar a tesoura e pouquíssima gente sabendo costurar, unir.
Uma CUT assim exige mais respeito
ao pensamento e à pessoa do próxi
mo.
4. Quando se quer, se faz. Quando
não se quer, tudo é desculpa, tudo é
pretexto, todos tornam-se Inimigos.
A mesma querela boba de reforma X
revolução, se reproduz na querela
cúpula X base. Digam, senhores "autênticos", onde é que existe um sindicato com base organizada neste
Brasil , Sindicato onde a base é que
realmente manda? Digam ainda
quantos Sindicatos estão
mesmo participando do movimento PróCUT? Houve contato e aproximação
com todos os dirigentes sindicais,
sem preconceito?
Fica, portanto, aqui um apelo ao
bom senso, àqueles que sabem
como ef fácil ocorrer que um grande
projeto se torne TORRE D£ BAB£Le
como maldição, venha o castigo da
explosão da unidade em milhares de
línguas, nações, exércitos para sustentá-las, guerras para preservá-las.
etc.
Quantas Torres de Babel tem
mostrado a.história.A CUT terá o
mesmo destino?
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Muita tensão na faz. Ribeirão
Bonito, em Teodoro Sampaio
ITR pesado alarma
pequenos de Apíáí
Não bastasse o grande
desestlmulo que sofrem
em razão da política agrícola do Governo, os
pequenos proprietários de
Apiaí tiveram este ano
uma amarga surpresa:
cobranças altíssimas do
Imposto Territorial Rural
(ITR).
A comissão
ai
A região é extremamente montanhosa (foto);
o aproveitamento da terra
é difícil. E os produtores
não sabem como se sair
dessa. .
' No dia 22 de setembro,
quarta-feira, a sede do
Sindicato ficou lotada, em
reunião que contou com a
presença do presidente da
Fetaesp, Roberto Toshio
Horiguti, os companheiros Benedito Domingues
de Medeiros, presidente
do nosso Sindicato de
Sorocaba; Roque Queiroz
do Nascimento, Tesoureiro do nosso Sindicato de
Guapiara, e Wilson Donizeti Bertolai, Secretário
do nosso Sindicato de
Angatuba, membros do
Grupo Regional da Baixa
Sorocabana.
Ao final da reunião, os
pequenos produtores
decidiram formar uma
comissão (foto), que manterá contatos com o Incra
região montanhosa
e com prefeituras da
região e encaminharão os
passos para a busca de
uma saída.
Sabe-se que o mesmo
problema é enfrentado
em outros municípios do
litoral e do interior: o
momepto crítico é o da
declaração anual.
O Presidente do nosso
Sindicato em Teodoro
Sampaio, José Ferreira
Cruz, está apavorado com
a iminência de mais
violências contra parte
das 200 famílias de posseiros que vivem nas terras
devolutas da Fazenda
Ribeirão Bonito. Nesse
sentido, procurou contato
com outros dirigentes sindicais, buscando apoio e
solidariedade, porque lá a
barra é pesada.
No mesmo esquema de
defesa, o posseiro José
Gil da Silva, que reside na
área desde 1969, esteve
no final de setembro em
São Paulo, onde manteve
encontros com autoridades do Incra e da Secretaria da Justiça, informando-as das violências
cometidas pelo pretenso
fazendeiro Antônio Cândido de Paula Silva, com
seus 10 jagunços, e que
parece ter o privilégio de
conseguir o que quer na
cidade.
No início de agosto, o
pretenso fazendeiro obteve, estranhamente, a
ordem de despejo de 13
famílias, numa sexta feira
à tarde - último dia de
atividades do juiz substituto da Comarca de
Mirante do Paranapanema, Fernando Aparecido
Spagnuolo. As famílias
Crédito rural: estouram
no nordeste mais dois
escândalos de desvio
Mais dois escândalos com crédito
rural subsidiado vieram à luz no Mordes^
te, em Pernambuco, numa pequena
amostra do que há muito vem ocorrendo
em todo o Pais: o enriquecimento rotineiro, fácil e ilícito de muita gente grossa e de costas largas.
Apenas neste ano de 1 982, primeiro
foi o famoso "escândalo da mandioca",
Floresta (PE), patrocinado pelo gerente
do Banco do Brasil, que custou a vida ao
procurador da República, Pedro Jorge
de Mello e Silva, que foi investigar o
caso e denunciou os corruptos (conforme divulgamos na última edição do
Realidade Rural).
Foi um desvio de quase dois bilhões
de cruzeiros, envolvendo fazendeiros,
policiais militares, políticos do PDS, etc.
Se todo o dinheiro emprestado fosse
aplicado na produção de mandioca.
Floresta seria a capital mundial da
mandioca. Contudo, lá nâo é terra de
mandioca e uma raiz sequer foi plantada. (Até o vice-líder do PDS da
Assembléia Legislativa de Pernambuco,
Vital Cavalcanti Novais, está envolvido).
Depois estourou o "escândalo do
sisal", envolvendo uma cooperativa de
Sergipe, mas o caso não ficou claro. O
desvio seria de Cr$ 500 milhões.
OS ESCÂNDALOS DO FARELO E
DA CRUZETA
Agora estão vindo à luz mais dois
escândalos, novamente em Pernambuco. Desta vez, na cidade de Surubim,
envolvendo criadores de gado, e mais
uma vez, políticos do PDS: são os escân-
dalos "do farelo" e, seu primo, o escândalo "da cruzeta".
Conforme o jornal O Estado de SSo
Paulo (dias 18 e 21/09), o "escândalo
do farelo" envolve soma de golpes no
total de Cr$ 300 milhões: E a mecânica
do golpe, segundo o jornal, era bem simples". O farelo de algodão para o gado
era financiado na épocas da seca a juros
de 35% ao ano. Para se habilitar ao
empréstimo, os pecuaristas tinham de
apresentar, junto ao Banco do Nordeste
do Brasil (BNB), notas fiscais relativas à
compra. As notas fornecidas pelos
Comerciantes Dorgival Leal Filho, Gilsom Machado e Maria Auxiliadora
Machado, passaram a ser adulteradas
para/mais, e o dinheiro assim obtido era
dividido entre os comerciantes e os
pecuaristas. O dinheiro era então investido em cadernetas de poupança, compra
de terras, gado e automóveis, tendo uma
valorização superior ao juro anual de
35%.
E vejam quem se beneficiou dessa "ação entre amigos": os deputados estaduais Adalberto Farias e Geraldo Barbosa, o candidato a deputado estadual na
Paraíba, Carlos Pessoa Filho, o candidato a prefeito de Surubim, José Arruda,
todos do PDS, e mais os pecuaristas
Josafá e Hilton Vasconcelos, além dos
comerciantes já citados.
Sobre o "escândalo da cruzeta", primo do "escândalo do farelo", as informações não são ainda muito nítidas
quanto ao volume de crédito ilicitamente tomado. Conforme o jornal, o "escândalo da cruzeta" não é outro senão nossa já conhecida venda de gado de menti-
rinha, fictícia, entre dois ou mais pecuaristas. Como querem o dinheiro barato
do crédito rural - para malandragem, o
crédito é barato mesmo - os fazendeiros
comjpinam "vender" lotes de gado para
um para o outro: tiram assim o dinheiro
e o gado permanece lá no pasto. Tranqüilo.
ISSO É ROTINA E É MESMO...
O próprio Jornal O Estado de SSo
Paulo, em editorial, faz questão de mostrar sua indignação. Diz o Jornal: "Os
três escândalos (o da mandioca, e os
dois últimos) são mais que uma coincidência geográfica. Envolvem dinheiro
público e põem a nú a incompetência
dos bancos oficiais de fiscalizar a destinação de seus empréstimos e a incapacidade das autoridades policiais e administrativas de apurar responsabilidades e
encaminhar os indiciados ao pronunciamento da Justiça".
E acrescenta o jornal: "... é a tolerância do Governo que torna possíveis tais
fraudes, todas elas montadas em cima
de negócios especiais e de créditos subsidiados, fornecidos à larga, nunca fiscalizados, e as transgressões nunca punidas. E aqui estamos nós, os contribuintes pontuais, para financiar desde
empresários ladinos até cabos eleitorais
do Governo. Afinal, como disse um
pecuarista de Surubim, Isso nio é
escândalo. Aqui é comum. É rotina".
Pois é. Se isso é comum em Surubim,
imaginem no Brasil como um todo. E
fica a pergunta, como naquele quadro
de humor da TV: "SÓ eu? E cadê os
outros?".
foram enxotadas com
requintes de violência,
tendo suas casas queimadas. Tiveram de dormir
na mata. Na segunda
feira, o juiz titular, José
A. Pereira da Silva, ao
reassumir, cancelou o
despejo, dizendo-o errôneo. Mas até hoje as famílias não puderam retornar. E as que permanecem sofrem toda a sorte
de pressões.
O pretenso fazendeiro
iniciou há pouco nova tática de expulsão dos posseiros: com processos na
base do "pinga-pinga",
atingindo poucas famílias
por vez.
O todo-poderoso pretenso fazendeiro, segundo
os posseiros, atraiu os trabalhadores rurais principalmente a partir de 1976,
para derrubar 700 alqueires de mata, na base de
empreita por três anos. Os
trabalhadores, na verdade, serviram apenas de
escudo para ele contra a
Polícia Florestal, que não
permitia derrubadas para
plantar capim. Ao ser
embargada a derrubada,
certa ocasião, o fazendeiro conseguiu liberá-la alegando que as terras iriam
ser utilizada» para lavoura. No entanto, apenas
um ano e meio depois de
ceder as matas para as
famílias derrubarem, o
todo-poderoso tentou
tomar as terras das famílias, violando seu próprio
acordo. As famílias não
admitiram e dai para cá
reinou o clima de violências. As famílias agora
temem o próximo dia 18
de outubro; corre boato
na cidade que nesse dia
ele vai tentar novo despejo. A área de terras devolutas que ele ocupa é de
4.000 alqueires, aproximadamente.
Itararé: fazendeiros
ocupam área pública
de 200 mil hectares
Tem muita gente que diz que a lei é feita só para pobre.
Rico está acima da lei. E isto não está longe da verdade.
Ura exemplo disso é o que ocorreu e vera ocorrendo com
a Fazenda Pirituba, com 200 mil hectares, entre Itapeva e
Itararé, que é terra pública, terra do Estado, mas está na
mão de enormes latifundiários.
Em 1949, tendo constatado a presença de grandes posseiros na fazenda, grandes pecuaristas que inclusive arrendavam terra para terceiros, o Estado determinou à polícia
que retirasse esse pessoal da área. Os grandes pecuaristas
entraram com ação de reintegração de posse e o Estado foi
obrigado a pagar indenizações.
O Governo do Estado, na época, resolveu fazer um projeto de ocupação da área pára pequenos produtores. Ficou
só no projeto, pois nada foi feito. Ao contrário, a Secretaria da Agricultura assumiu o controle da fazenda, mas
colocou um administrador corrupto, que permitiu aos poucos que os grandes pecuaristas retornassem.
As denúncias de corrupção e desvio de finalidade da
fazenda chegaram ao conhecimento da Assembléia Legislativa paulista era 1976, decidindo esta instalar uma
Comissão de Inquérito (CEI), que constatou as irregularidades. Logo depois, os pequenos lavradores da região
foram convocados, através de um edital, a se habilitarem
a um lote. Houve mais de 1.000 inscrições, mas só 10%
receberam os lotes, enquanto que a maioria da área continuou entregue aos grandes grupos lá instalados pelo administrador corrupto.
Recentemente, muitos destes pequenos lavradores inscritos mas não atendidos, passando dificuldades e vendo
aquela pouca vergonha, reuniram-se e se apossaram de
uma parte da fazenda. São aproximadamente 40 famílias.
Mas para eles não houve colher de chá: Osmar Marcondes Portela, comerciante de Itararé (padeiro), casado
cora uma Vicenzi (família que se diz herdeira) investiu
contra os posseiros com aproximadamente 20 jagunços
armados e os expulsaram da área.
As famílias já tinham preparado as terras para as lavouras e tinham mais de um ano de assentamento no local,
conforme conta seu advogado, Herber Silva Bispo dos
Reis. No início de julho, porém, os jagunços queimaram
suas casas e tomaram conta da área. No inicio de
setembro, porém, as famílias propuseram ação de reintegração de posse na Comarca de Itapeva contra os Vicenzi.
Conta-se, inclusive, que o cabeça dos jagunços chama-se
Celsõo, conhecido em Itararé por ter jogado seu carro
contra a agência do Banco do Brasil que lhe negou crédito.
Informa-se na região que Osmar Marcondes Portela
teria arrendado aos holandeses quase toda a área ocupada
pêlos lavradores e que há grupos econômicos fortes em
Itapeva também querendo as terras dos lavradores.
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O VOTO