Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Prêmio Expocom 2014 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
As Faces do Centro Histórico de São Luís1
Moisanielson Fonseca ALVES²
Ítalo Miqueias Correia ARARIPE³
DâmarisMirelle Costa FARIAS4
Raysa Guimarães OLIVEIRA5
Rayssa Costa ALVES6
Euclides Moreira NETO7
Universidade Federal do Maranhão – UFMA
RESUMO
A proposta de criar esse trabalho surgiu na disciplina de Telejornalismo, por conta de uma
inquietação sobre: o que pensam, os moradores do Centro Históricode São Luís no
Maranhão, em relação à imagem de degradação e abandono que se encontra esse Centro
cheio de imóveis culturais, visto que o governo tem investido milhões para a reforma de
vários prédios, casarões coloniais e outras edificações, tudo isso por meio do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento)? Essa ação promovida por esse programa traz
alguma melhoria?Estas e outras questões foram a mola propulsora, para que se iniciasse
toda uma produção, que despertou nesses moradores a ânsia por respostas, ativando suas
memórias diante das imagens desse ambiente, retratando o saudosismo desse berço cultural
que guarda muitas lembranças de um passado tão rico em história.
PALAVRAS-CHAVE: Telejornalismo; Centro Histórico;Memórias; Moradores; PAC.
INTRODUÇÃO
“O jornalismo pretende dizer a verdade dos/sobre os fatos que transforma em
notícia. Para isso, monta todo um aparato desde a escolha das fontes ‘fidedignas’, adoção de
princípios éticos com que pautar as condutas”. (ATAIDE, 2005, p.25)
Sob um olhar construtivo de cenários, os meios midiáticos se atêm a artifícios
técnicos e baseados na originalidade da vida real, para gerar a produção de histórias que
encantem a vida do telespectador. A relação estabelecida entre o repórter e o público,
geralmente
é
vista
de
forma
positiva,
ou
seja,
é
o
que
chamamos
de
credibilidade, confiabilidade, postura de compromisso com o jornalista.
___________________________
¹Trabalho submetido ao XXI Prêmio Expocom 2014, na Categoria Jornalismo, modalidade JO 10 Reportagem em
Telejornalismo (avulso).
² Aluno líder e estudante do 6º semestredo Curso de Comunicação Social - Jornalismo/UFMA, e-mail:
[email protected].
³ Estudante do 6º semestre do Curso de Comunicação Social - Jornalismo/UFMA, e-mail: í[email protected].
4
Estudante do 6º semestre do Curso de Comunicação Social - Jornalismo/UFMA, e-mail: [email protected].
5
Estudante do 6º semestre do Curso de Comunicação Social - Jornalismo/UFMA, e-mail: [email protected].
6
Estudante do 6º semestre do Curso de Comunicação Social - Jornalismo/UFMA, e-mail: [email protected].
7
Orientador do trabalho. Professor Mestre do Curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo/ UFMA, e-mail:
[email protected].
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A construção de imagens, a tessitura da linguagem, o olhar sob um ângulo
jornalístico e social são alguns aspectos que giram a órbita do jornalista, que será
responsável por testemunhar a vida de várias personagens de uma história real e original. O
objeto aqui tratado consiste de uma reportagem em telejornalismo, direcionada para o
levantamento de uma visão social e crítica da vida dos moradores do Centro Histórico,
localizado em São Luís, no estado do Maranhão, em virtude da ação do Governo Federal
por introduzir o PAC como meio usado na revitalização dos imóveis culturais desse centro.
Mas diante dessa ação nos questionamos: será que esse programa visa a algum benefício
para esses moradores? Que qualidade de vida pode proporcionar a eles? O PAC é algo
meramente político e que tem uma visão voltada para a cultura externa?
Em virtude de buscar respostas para essas indagações, propomos efetuar esse
estudo de cenário.
2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é retratar a visão dos moradores em relação às
transformações ocasionadas nos imóveis culturais do Centro Histórico de São Luís,
promovidos
pelo
PAC
das
Cidades
Históricas com
a
participação
do
poder
público. Analisar-se-á se o programa trará benefícios futuros à população local, como
qualidade de vida, segurança, lazer, preservação do acervo histórico, arquitetônico e
ambiental. Além disso, é de suma importância, segundo a UNESCO, que os Centros
Históricos sejam protegidos, como forma de “obrigação para os governos e para os
cidadãos dos estados em cujos territórios se encontram” (IPHAN, 2004, p. 221).
3 JUSTIFICATIVA
Tem-se como justificativa para este objeto de pesquisa a necessidade de provocar o
interesse da população ludovicense pela preservação do Centro Histórico, pois, mesmo
sendo considerado Patrimônio Histórico e Cultural pela UNESCO, sofre com o abandono e
com diversas intervenções que em nada contribuem para sua preservação. Analisaremos o
olhar dos moradores da região, que vivem envoltos da esperança de que algo positivo
“reviverá” o projeto de revitalização do PAC, trazendo vida a um cenário que durante anos
estava morto. É válido dizer que essa inquietação acerca da ação desse programa
instaurado pelo poder público federal para âmbitos regionais, isto é, os Centros
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Históricos de cada Estado, surgiu por conta do comportamento da população local em não
se contentar com meras reformas nas fachadas de prédios, casarões antigos, e outras ações,
visto que isso gerou descontentamento nesses habitantes por conta da deformação no
cenário original, ocasionando também uma divisão de valores na memória histórica desse
Patrimônio Cultural.
Diante dessa situação, viu-se que era importante estabelecer uma investigação
convertida em um estudo de caso, focado no acesso à informação à qual esses moradores
têm direito. Como nos diz SQUIRRA “O acesso à informação é fundamental para a vida do
homem comum, já que se trata do exercício de sua cidadania e do pleno usufruto de seus
direitos como integrante da sociedade” (SQUIRRA, 1989, p. 48).
4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Inicialmente, a reportagem “As Faces do Centro Histórico” foi dividida
em 4 etapas: estudos históricos da cidade de São Luís ou pesquisa documental; construção
de pauta; produção da matéria, entrevistas e captação de imagens; e edição.
A reportagem deve priorizar um fator: a informação jornalística. De acordo com
Lage (2005) “quanto maior o interesse jornalístico, maior a abrangência do público a que a
informação possa se destinar” (LAGE, 2005, p.113).
Baseado no mesmo autor, pode-se dizer que uma das técnicas utilizadas foi a
análise do discurso, sob a forma de uma linguagem menos rebuscada, contudo, bem
trabalhada entre as partes envolvidas, buscou-se retratar nessa reportagem qual a visão que
os moradores tinham a respeito do programa PAC usado como ferramenta na revitalização
dos imóveis culturais da cidade de São Luís, fazendo uma abordagem acerca dos impactos
sociais que esse programa trouxe, além de impactos que atingiram o psicológico desses
moradores, gerando deformações na construção da imagem cognitiva.
Para fortalecer essa reportagem, por meio da técnica da Análise do Discurso,
destacamos a partir de Orlandi (1994) que:
Ao levar em conta tanto a ordem própria da linguagem como o sujeito e a
situação, não vai simplesmente juntar o que está necessariamente separado
nessas diferentes ordens de conhecimento. Ao contrário, ela vai trabalhar
essa separação necessária, isto é, ela vai estabelecer sua prática na relação
de contradição entre estes diferentes saberes. (...) A Análise do Discurso
produz realmente outra forma de conhecimento, com seu objetivo próprio,
que é o discurso (ORLANDI, 1994, p. 53).
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5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Quando se trata de uma reportagem em telejornalismo ou outra categoria relativa à
comunicação para TV é necessário um grande cuidado, principalmente por conta da edição
do material, para que não se perca o olhar que se pretende dar ao trabalho. Com a
expectativa de trazer ao público o olhar crítico dos fatos sociais, o processo para a
construção da reportagem “As Faces do Centro Histórico”, passou por alguns cuidados,
seguindo à risca a análise dos detalhes, a fim de que o real pudesse ser contado e mostrado.
A peça prática compõe-se de imagens e entrevistas alinhadas em um contexto
histórico, com duração de 3’13”, retratando sobre a visão dos moradores do Centro
Histórico de São Luís, acerca das ações do governo na preservação dos imóveis culturais da
capital. A captação de imagens, sonoras, passagem e o off foram feitos em um dia, por
conta do tempo mínimo que os entrevistados disponibilizaram para a equipe, contudo, foi
satisfatório.
Para que os entrevistados ficassem bem à vontade, as gravações foram feitas
próximas às residências, justamente com a finalidade de mostrá-los ali no seu local de
moradia, objetivando guardar cada detalhe. Dessa forma, a credibilidade e a confiança
andavam alinhadas à ética jornalística. As respostas foram dadas de forma bem crítica, eles
mostraram seu ponto de vista, que era o objetivo do trabalho, havendo uma certeza de que,
para eles, o poder é meramente simbólico, tão pouco se considera representativo, é o que
nos diz BOURDIEU:
O poder simbólico como poder de constituir o dado pela enunciação, o
fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão de mundo, e
deste modo, a ação sobre o mundo, portanto, o mundo [. . .] Isto significa
que o poder simbólico não reside nos sistemas simbólicos, mas que se
define numa relação determinada – e por meio desta - entre os que
exercem o poder e os que lhe estão sujeitos, quer dizer, na própria
estrutura do campo em que se produz e se reproduz a
crença. (BOURDIEU, 2000, p.14)
6 CONSIDERAÇÕES
O objetivo do grupo não foi ser contra ou a favor do governo ou de suas práticas
políticas, mas incomodar a população ludovicense em mostrar a realidade de quem mora e
cresceu no Centro Histórico. Assim como também, guiados pelo intuito de expor o que está
além da publicidade promovida pelos veículos de comunicação em geral.
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É importante frisar que houve a necessidade em ouvir apenas um dos lados, no
caso, a visão dos moradores, em virtude do cenário cotidiano em que eles se encontram. O
outro lado seria a visão do poder público, todavia no período da produção do trabalho a
equipe não obteve retornos, sendo esta uma causa que motivou a equipe a buscar e retratar
ainda mais o olhar dos moradores sobre o PAC e outras ações do governo do estado.
Os resultados alcançados foram de certa forma, satisfatório, motivando a equipe a
desenvolver ideias para produções futuras de conscientização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATAIDE, Joanita M. de. Revista CAMBIASSU Estudos em Comunicação: modos de
pensar a imagem televisiva. São Luís:vol XV, Ed. Lithograf, 2005.
BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de Telejornalismo: os
segredos da notícia na TV, Rio de Janeiro: Campus, 2002.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
CARVALHO, Alexandre et al. Reportagem na TV. São Paulo: Contexto, 2010.
CURADO, Olga. A Notícia na TV: o dia-a-dia de quem faz telejornalismo, São Paulo:
Alegro, 2002.
IPHAN. Cartas Patrimoniais. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004
LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e prática de entrevista e pesquisa jornalística. 5ª
Ed., Rio de Janeiro, Record, 2005
ORLANDI, Eni, Puccinelli. Discurso, Imaginário Social e Conhecimento. Em Aberto,
Brasília, Ano 14, nº 61, 1994
PATERNOSTRO, Vera Íris. O Texto na TV: Manual de Telejornalismo, São Paulo:
Campus, 1999.
SODRÉ, Muniz. O Monopólio da Fala: função e linguagem da televisão no Brasil.
Petrópolis: Vozes, 1ª ed. 1977; 7ª ed. 2004.
SQUIRRA, Sebastião. Aprender Telejornalismo: produção e técnica, São Paulo:
Brasiliense, 1990.
VIZEU PEREIRA JÚNIOR, Alfredo Eurico. Decidindo o que é notícia: bastidores do
telejornalismo, Porto Alegre: EdiPUC-RS, 2003.
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