UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCHT / CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL - PGDR CÉLIA CHRISTINA SILVA CARVALHO UNIVERSIDADE COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: um estudo do papel da Universidade Estadual de Feira de Santana nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão de 2003 a 2007 Salvador 2008 CÉLIA CHRISTINA SILVA CARVALHO UNIVERSIDADE COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: um estudo do papel da Universidade Estadual de Feira de Santana nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão de 2003 a 2007 Dissertação apresentada à Universidade do Estado da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional – PGDR. Orientador: Prof. Dr. Antônio Ângelo Martins da Fonseca Salvador 2008 Carvalho, Célia Christina Silva C322u Universidade como agente de desenvolvimento local: um estudo do papel da Universidade Estadual de Feira de Santana nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão de 2003 a 2007 / Célia Christina Silva Carvalho. – Salvador, 2008. 238f. : il. Orientador: Antônio Ângelo Martins da Fonseca Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional)– Programa de Pós-Graduação Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional - PGDR, Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia, 2008. CÉLIA CHRISTINA SILVA CARVALHO UNIVERSIDADE COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: um estudo do papel da Universidade Estadual de Feira de Santana nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão de 2003 a 2007 Dissertação apresentada à Universidade do Estado da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional – PGDR. Salvador (BA), 20 de agosto de 2008. Aprovada por: _________________________________________ Prof. Dr. Antônio Ângelo Martins da Fonseca _________________________________________ Prof. Dr. Renato Leone Miranda Léda _________________________________________ Profª. Drª. Rosali Braga Fernandes Salvador 2008 À minha mãe pelo testemunho de fé, sabedoria e força. A meu marido e filhos, amores que me sustentam, enchendo minha vida de alegria e me fazendo feliz. AGRADECIMENTOS Este trabalho não teria sido possível sem a participação, apoio, incentivo e compreensão de tantas pessoas que, nos limites e extensões de suas potencialidades me ofereceram sua PRESENÇA. Relacionando alguns, gostaria de alcançar a todos com o mais profundo carinho e gratidão! Agradeço inicialmente a Deus, força maior que me ampara e me conduz em todos os momentos da minha vida. A Marcelo, meu marido, pelo companheirismo, apoio e amor permanentes. A meus filhos Felipe, Vinícius, Márcio e Vilmária nos quais renovo minha motivação de ser melhor. Obrigada, queridos, pela compreensão, carinho e disponibilidade oferecidos. A Elza, minha mãe e eterna mestra, em quem sempre encontro coragem, força e incondicional torcida por meu sucesso. Aos estimados irmãos que, na expressiva representação de Cândido Mário, deixam-me enternecida pelo afeto sempre solidário. Aos meus sogros, Jonathas e Cecília, aos cunhados-irmãos, sobrinhos, afilhados, tios e primos por que me oferecem seu acolhimento. Muito agradeço ao meu orientador, Professor Dr. Antônio Ângelo Martins da Fonseca, com quem compartilhei intensamente, nesse tempo, os “amores” e as “dores” desse processo de construção, sendo recebida por sua generosa atenção, serenidade, confiança, competência e constante incentivo, me sinalizando caminhos e possibilidades. Por justo motivo, registro os desdobramentos de gratidão à sua esposa Diva e aos seus dois filhos, pelas vezes que me acolheram no espaço familiar com simpatia e cordialidade. A toda equipe de Coordenação do Mestrado e a cada colega e professor com os quais aprendi importantes lições. Através da Professora Ana Maria Menezes, manifesto o grande apreço, admiração e reconhecimento pelo compromisso sério, competente e dedicado assumido pela construção e disseminação do conhecimento técnico-científico. Aos incontáveis amigos conquistados na travessia dos 31 anos na Universidade Estadual de Feira de Santana, expresso fraternais agradecimentos. Ao nosso Reitor Professor José Onofre Gurjão Boavista da Cunha que, através da UEFS, me concedeu a oportunidade de concorrer ao mestrado e se manteve atento e torcedor em toda a trajetória, vibrando por cada conquista. Aos companheiros de equipe de trabalho da Reitoria e especialmente aos da Assessoria de Intercâmbio, na pessoa de Francisneide Albano (minha filha Fran), com quem, desde as preliminares do Mestrado, contei com irrestrito apoio, inclusive nos mais inusitados estresses, mantendo-se sempre disponível em tranqüilidade e inteligência. Obrigada pelos socorros. A Graça Simões que, pacientemente, disponibilizou sua competência técnica revendo comigo algumas nuances de normalização do trabalho. A Eduardo Bertani que, com sua inteligência, me ofereceu não apenas seus conhecimentos de Economista e habilidades high tech mas, sobretudo, muito companheirismo. A você, Edu, toda gratidão com carinhosas bênçãos espirituais. A cada Coordenadora e aos Docentes do Programa de Formação de Professores nas representações das Mestres Marilda Carneiro Santos, amiga-irmã querida, e Maria José Duboc, também da Professora Maria de Lourdes Borges Cerqueira e, em especial homenagem, a Valdenita Suely Torres e Torres, agradeço pela generosa disponibilidade. Aos amigos dos municípios de Amélia Rodrigues na pessoa da Secretária de Educação, Professora Maria Luiza Coutinho e de Santo Estêvão, através do Professor Antonio Bessa. Ofereço-lhes um justo preito de gratidão pela acolhedora receptividade disponibilizando importantes contribuições, todas as vezes em que os busquei. Aos Representantes do Poder Local e da Sociedade Civil dos dois municípios pesquisados e, muito especialmente, a cada Professor do Ensino Fundamental, nesta pesquisa denominado de Egresso, por terem me oferecido seu tempo e boa vontade para fornecimento dos dados e informações indispensáveis à composição dessa pesquisa. Agradeço feliz e emocionada a cada um. Institucionalmente não poderia deixar também de agradecer pelo apoio viabilizado através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB na concessão da Bolsa de Mestrado como importante sustentação para grande parte das despesas de deslocamento de Feira de Santana até os municípios pesquisados e a Salvador (UNEB) e das aquisições (e reprodução) de materiais necessários ao estudo e à efetivação da pesquisa. Convencida de que cada vitória alcançada resulta de esforços e envolvimento que vamos construindo ao longo do tempo, agradeço também a todos não citados, mas guardados, valorizados e lembrados no meu coração. Compartilho com VOCÊS esse MOMENTO! A Educação é um processo social, é Desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria Vida. John Dewey RESUMO Esta dissertação tem como objetivo analisar o papel da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) enquanto agente de desenvolvimento local, tomando como parâmetro a realização do Programa de Formação de Professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental nos Municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão, durante o período de 2003 a 2007. Com isso, se pretende dar continuidade à reflexão sobre a necessidade de (re)pensar a Universidade como agente e a Educação Superior como fator de desenvolvimento. Um novo (ou velho?) papel da Universidade Pública, enquanto executora de políticas de Educação Superior enseja o interesse da comunidade acadêmica na busca de respostas sobre a efetividade desse papel. Para tanto, apresenta concepções acerca das categorias básicas a serem fundamentadas: universidade enquanto instituição, desenvolvimento e educação, aproximando as temáticas e possibilitando um processo de discussão sob diferentes linhas teóricas. A seguir, após a apresentação da gênese, da organização, das ações da Universidade Estadual de Feira de Santana, da concepção pedagógica e da operacionalização do Programa que a contextualiza, procedeu-se à análise dos dados coletados e concluiu-se que houve melhorias nas práticas pedagógicas, políticas, econômicas e sociais dos egressos do Programa o que, com base na análise quali-quantitativa dos resultados e pelos marcos teóricos utilizados, pode representar dimensões de desenvolvimento local. Dessa forma, torna-se possível afirmar que a UEFS desponta como agente institucional envolvida com a realidade em que se insere, criando oportunidades de promoção de desenvolvimento local, através da educação. Palavras-chave: Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); Desenvolvimento Local; Educação. ABSTRACT This present work aims at analizing the role of Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), as an agent of local development, taking into consideration the realization of the Programa de Professores das Séries Iniciais de Ensino Fundamental, a program for the public primary school, in Amélia Rodrigues and Santo Estêvão, municipalities located in the interior of the State of Bahia in the northeastern Brazil (2003-2007). It must be said that it is relevant to go on reflecting upon the need to (re)think the University as it was introduced above and the Higher Education as a developing factor. A new (or old?) role of the public university as a performer of Higher Education policies stimulates the interest of the academic community to have answers for that effective role, by presenting basic conceptions of university, development and education and a strong discussion on those terms, based upon theoretical thoughts. Afterwards, UEFS is presented from its genesis to its pedagogical foundations and the execution of the Program, already mentioned, and then it is also presented a kind of analysis of collected data with the conclusion of good results in terms of pedagogical, political and social practices of people coming from the Program. All of those observations can show local development, considering the quali-quantitative analysis of results. So, it is possible to say that UEFS is an actual institutional agent of education in the real context where it is locatec. Key-words: Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) - a Brazilian State University; Local Development; Education. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 - Localização dos Municípios de Feira de Santana (UEFS), Amélia Rodrigues e Santo Estêvão - Localização da Região Administrativa do Paraguaçu com os Municípios Estudados - Territórios de Identidades do Estado da Bahia - Território Portal do Sertão com a Localização dos Municípios Estudados - Localização do Município de Amélia Rodrigues - Localização do Município de Santo Estêvão 21 104 116 117 120 129 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Gráfico 8 - Oferta dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu – UEFS, 2003-2007 - Alunos Ingressantes nos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu – UEFS, 2003-2007 - Número de Alunos Ingressantes na Pós-Graduação Stricto Sensu – UEFS, 19972007 - Número de Inscritos do UPT nos Processos Seletivos – UEFS, 2007-2008 - Evolução do PIB – Amélia Rodrigues, 2002-2005 - Evolução do PIB por Setor Produtivo – Amélia Rodrigues, 2002-2005 - Evolução do PIB – Santo Estêvão, 2002-2005 - Evolução do PIB por Setor Produtivo – Santo Estêvão, 2002/2005 84 84 86 96 121 122 130 131 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 Quadro 9 Quadro 10 Quadro 11 Quadro 12 Quadro 13 Quadro 14 Quadro 15 Quadro 16 Quadro 17 Quadro 18 Quadro 19 Quadro 20 Quadro21 - Conceitos de Desenvolvimento - Conceitos de Desenvolvimento Local - Comparativo da Estrutura da Universidade - Instâncias da Administração Superior - Estrutura Organizacional e Administrativa - Cursos de Graduação de Oferta Regular na UEFS com Respectivas Vagas Anuais, 2003-2007 - Municípios que Celebraram Convênio com a UEFS para Realização do Programa de Formação de Professores das Séries Iniciais, 2003-2007 - Municípios Conveniados para o Programa de Formação de Professores – Convênio SEC-BA, 2003-2007 - Cursos Institucionais de Pós-Graduação Stricto Sensu – UEFS, 2007 - Programas da Área de Educação – UEFS, 2003-2006 - Projetos Educacionais de Extensão Interinstitucionais – UEFS, 2007 - Municípios Conveniados - Outros Municípios Conveniados ao Programa - Relação de Professores Graduados por Escola – Amélia Rodrigues, 2007 - Dados Educacionais do Município de Santo Estêvão, 2007 - Apresentação dos Valores do Questionário da Entrevista Semi-estruturada - Caracterização dos Egressos segundo o Sexo, a Etnia e a Faixa Etária – Amélia Rodrigues - Caracterização dos Egressos segundo o Sexo, a Etnia e a Faixa Etária – Santo Estêvão - IDEB – Séries Iniciais do Ensino Fundamental – Brasil/Bahia – 2005/2021 - IDEB – Alguns dos Estabelecimentos onde os Egressos Atuam – Amélia Rodrigues , – 2005/2021 - IDEB – Alguns dos Estabelecimentos onde os Egressos Atuam – Santo Estêvão, 2005/2021 35 36 72 72 73 80 81 82 85 98 98 106 106 127 137 140 142 166 189 189 191 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16 Tabela 17 Tabela 18 Tabela 19 Tabela 20 Tabela 21 Tabela 22 Tabela 23 Tabela 24 Tabela 25 Tabela 26 Tabela 27 Tabela 28 Tabela 29 Tabela 30 Tabela 31 - Demonstrativo do Acervo de Livros do Sistema de Bibliotecas – UEFS, 2003-2007 - Demonstrativo da Evolução do Orçamento, 2003-2007 (em R$) - Número de Concluintes dos Cursos de Atualização – UEFS, 1996-2000 - Docentes Efetivos e Temporários por Departamento – UEFS, 2003-2007 - Docentes Efetivos por Titulação e Departamento – UEFS, 2003-2007 - Docentes por Departamento, Titulação e Classe – UEFS, 2007 - Projetos de Pesquisa Cadastrados na UEFS, 2003-2007 - Grupos de Pesquisa Cadastrados no CNPq, 2003-2007 - Distribuição do Número de Bolsas por Departamento segundo sua Modalidade – UEFS, 2007 - Recursos Externos captados por Projeto de Pesquisa – UEFS, 2003-2007 - Demonstrativo das Dissertações e Teses Defendidas – UEFS, 2003-2007 - Publicações Relacionadas à Pós-Graduação Stricto Sensu – UEFS, 2003-2007 - Programa Universidade para Todos (UPT) – UEFS, 2003-2006 - Registro dos Estudantes Matriculados e Concluintes no UPT – UEFS, 2007 - Projetos de Extensão Continuada por Área – UEFS, 2003-2007 - Programa de Educação de Jovens e Adultos por Projetos e Parcerias – UEFS, 20032007 - Bolsas de Extensão – UEFS, 2003-2007 - Relação da Quantidade de Professores não Licenciados por Municípios da Região do Paraguaçu, 1999 - Matrículas Iniciais por Dependência Administrativa – BA, 1998-2006 - Número de Estabelecimentos por Tipo de Ensino – Território Portal do Sertão, 2005 - Estrutura Setorial do PIB – Amélia Rodrigues, 2005 - Indicadores de Pobreza e Indigência – Amélia Rodrigues, 1991/2000 - Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios com Acesso a Serviços Básicos e Bens de Consumo – Amélia Rodrigues, 1991/2000 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – Amélia Rodrigues, 1991/2000 - Número de Estabelecimentos de Ensino – Amélia Rodrigues, 2004-2006 - Número de Docentes por Grau de Formação – Amélia Rodrigues, 2004 - Número de Docentes por Nível de Ensino e Tipo de Estabelecimento – Amélia Rodrigues, 2006 - Relação dos Docentes Efetivos da Rede Municipal com respectiva Formação – Amélia Rodrigues, 2007 - Estrutura Setorial do PIB – Santo Estêvão, 2005 - Indicadores de Pobreza e Indigência – Santo Estêvão, 1991/2000 - Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios com Acesso a Serviços Básicos e Bens de Consumo – Santo Estêvão, 1991/2000 66 67 83 87 88 88 89 90 91 92 93 93 95 95 97 99 100 105 107 117 121 123 124 124 125 126 126 127 130 132 133 Tabela 32 Tabela 33 Tabela 34 Tabela 35 Tabela 36 Tabela 37 Tabela 38 Tabela 39 Tabela 40 Tabela 41 Tabela 42 Tabela 43 Tabela 44 Tabela 45 Tabela 46 Tabela 47 Tabela 48 Tabela 49 Tabela 50 Tabela 51 Tabela 52 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – Santo Estêvão, 1991/2000 - Número de Estabelecimentos de Ensino – Santo Estêvão, 2004-2006 - Número de Docentes por Grau de Formação – Santo Estêvão, 2004 - Número de Docentes por Nível de Ensino e Tipo de Estabelecimento – Santo Estêvão, 2006 - Número de Matrículas por Nível de Ensino e Tipo de Estabelecimento – Santo Estêvão, 2006 - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inclusão Social, Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Fortalecimento da Economia Local, Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inovação na Gestão Pública, Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Gestão Ambiental, Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Mobilização da Sociedade, Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Representantes Públicos e Civis – Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa do Coordenador e Docentes – Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inclusão Social, Santo Estêvão - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Fortalecimento da Economia Local, Santo Estêvão - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inovação na Gestão Pública, Santo Estêvão - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Gestão Ambiental, Santo Estêvão - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Mobilização da Sociedade, Santo Estêvão - Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Representantes Públicos e Civis – Santo Estêvão - Matriz Avaliativa do Coordenador e Docentes – Santo Estêvão - Matriz Avaliativa das Dimensões de Desenvolvimento Regional – Amélia Rodrigues - Matriz Avaliativa das Dimensões de Desenvolvimento Regional – Santo Estêvão 133 134 135 135 136 145 149 151 154 157 160 165 169 172 174 176 180 183 185 188 193 LISTA DE SIGLAS AEI AERI ASPLAN BCJC BDTD BNB BNDES CAPES CEB CEE CEPAL CES CETEB CF CFE CNE CNPq COELBA CONSAD CONSEPE CONSU CUCA DBIO DCHF DCIS DEDU DEXA DFIS DLET DOE DSAU DTEC EJA FAPEC FAPESB FETAG FIESP - Assessoria Especial de Informática - Assessoria Especial de Relações Institucionais - Assessoria Técnica e de Desenvolvimento Organizacional - Biblioteca Central Julieta Carteado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - Banco do Nordeste - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Câmara de Educação Básica - Conselho Estadual de Educação - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - Câmara de Educação Superior - Centro de Educação Tecnológica do Estado da Bahia - Constituição Federal do Brasil de 1988 - Conselho Federal de Educação - Conselho Nacional de Educação - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - Conselho de Administração - Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão - Conselho Universitário - Centro Universitário de Cultura e Arte - Departamento de Ciências Biológicas - Departamento de Ciências Humanas e Filosofia - Departamento de Ciências Sociais Aplicadas - Departamento de Educação - Departamento de Ciências Exatas - Departamento de Física - Departamento de Letras e Artes - Diário Oficial do Estado - Departamento de Saúde - Departamento de Tecnologia - Educação de Jovens e Adultos - Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FINEP FJP FNMA FTC FUFS FUNDCT FUNDEB FUNDEF IAT IBAMA IBGE IDEB IDH IMSEAR INCRA INEP IPEA LDBEN MCT MEC MMA ONU PACDT PDE PDI PET PIB PICDT PIEC PNB PNUD PPP PPPI PPBIO PPPG PROAD PROBIC PROEX - Financiadora de Estudos e Projetos - Fundação João Pinheiro - Fundo Nacional do Meio Ambiente - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Fundação Universidade de Feira de Santana - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - Instituo Anísio Teixeira - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Índice de Desempenho da Educação Básica - Índice de Desenvolvimento Humano - Instituto do Milênio do Semi-Árido - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Ministério da Ciência e Tecnologia - Ministério da Educação - Ministério do Meio Ambiente - Organização das Nações Unidas - Programa de Ajuda de Custo para Docentes e Técnicos - Plano de Desenvolvimento da Educação - Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Institucional - Programa de Educação Tutorial - Produto Interno Bruto - Programa Institucional de Capacitação Docente e Técnica - Plano Integral de Educação e Cultura do Governo do Estado - Produto Nacional Bruto - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Projeto Político Pedagógico - Projeto Político Pedagógico Institucional - Programa de Pesquisa em Biodiversidade - Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação - Pró-Reitoria de Administração e Finanças - Programa de Iniciação Científica - Pró-Reitoria de Extensão PROGRAD RENORBIO SAEB SEAGRI SEC SEDIAE SEDUC SEI SENAI SESAB SESI SISBI SUDENE UEFS UFBA UIEC UNDEC UNEB UNESCO UNICEF UNIFACS UNINFRA UNOPAR UPT - Pró-Reitoria de Ensino - Rede Nordeste de Biotecnologia - Sistema de Avaliação da Educação Básica - Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia - Secretaria da Educação do Estado da Bahia - Secretaria de Inovações e Avaliação Educacional - Secretaria Municipal de Educação e Cultura - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - Serviço Social da Indústria - Sistema Integrado de Bibliotecas - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - Universidade Estadual de Feira de Santana - Universidade Federal da Bahia - União de Igrejas Evangélicas Congregacionais - Unidade de Desenvolvimento Comunitário - Universidade do Estado da Bahia - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Fundo das Nações Unidas para a Infância - Universidade Salvador - Unidade de Infra-Estrutura e Serviços - Universidade Norte do Paraná - Programa Universidade para Todos SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 1.1 1.2 1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.3 1.4 1.5 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2 2.5 2.6 2.7 3 DESENVOLVIMENTO LOCAL: Abordagens Recentes O Sentido Polissêmico de Desenvolvimento Políticas de Desenvolvimento Local Estratégias Hardware Estratégias Software Estratégias Orgware Agentes de Desenvolvimento Conhecendo sobre Instituições O Papel da Educação no Desenvolvimento 21 e Pressupostos UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA: Organização e Ações Gênese Contextualizando a Localização e o Compromisso Social da UEFS Dados Gerais da Instituição: a estrutura organizacional O Ensino na UEFS Ensino da Graduação: princípios e evolução O Ensino de Pós-Graduação: das preliminares aos atuais avanços A Pesquisa na UEFS A Extensão na UEFS A Atuação da UEFS nos Municípios do Território Portal do Sertão Teóricos 30 31 40 40 41 42 43 46 50 Gênese, 59 59 63 69 76 77 82 89 94 101 103 3.5.1 3.5.2 3.6 A UEFS E O PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM AMÉLIA RODRIGUES E SANTO ESTÊVÃO O Programa do Curso de Formação de Professores: regras e ações Contextualizando os Municípios Viabilização e Funcionamento do Curso A Nova Divisão Territorial dos Municípios Pesquisados Aspectos Socioeconômicos e Culturais dos Municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão Amélia Rodrigues: fatores socioeconômicos e educacionais Santo Estêvão: fatores socioeconômicos e educacionais Comentando os Dados do Município 4 A UEFS COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO NOS MUNICÍPIOS 138 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 103 103 106 115 118 119 128 136 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.2.5 4.2.6 4.2.7 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.4 4.3.5 4.3.6 4.3.7 4.4 4.5 DE AMÉLIA RODRIGUES E SANTO ESTÊVÃO: Resultados e Perspectivas Apresentação da Pesquisa Dimensões do Desenvolvimento Local em Amélia Rodrigues A Inclusão Social O Fortalecimento da Economia Local A Inovação na Gestão Pública A Gestão Ambiental e o Uso Racional dos Recursos Naturais A Mobilização da Sociedade Percepção dos Representantes do Poder Público e da Sociedade Civil Local Análise dos Coordenadores e Docentes do Curso de Formação de Professores Dimensões do Desenvolvimento Local em Santo Estêvão A Inclusão Social O Fortalecimento da Economia Local A Inovação na Gestão Pública A Gestão Ambiental e o Uso Racional dos Recursos Naturais A Mobilização da Sociedade Percepção dos Representantes do Poder Público e da Sociedade Civil Local Análise dos Coordenadores e Docentes do Curso de Formação de Professores Desenvolvimento Local: uma visão geral dos municípios A Educação Superior como Fator de Desenvolvimento CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APÊNDICES ANEXOS 139 141 144 147 150 152 155 159 162 166 168 171 173 175 177 181 184 187 195 198 201 21 INTRODUÇÃO Constata-se que a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) está a prescindir da avaliação de resultados de seus programas e projetos de forma a dar visibilidade à caracterização de suas ações na área educacional. Assim sendo, a autora, como docente e também servidora técnico-administrativa que participa das três décadas de atuação da UEFS no contexto local-regional e, ainda, na condição de integrante da Câmara de Educação Superior do Conselho Estadual de Educação, se propôs a analisar resultados do Programa de Formação de Professores em Serviço das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, como referencial das múltiplas ações empreendidas pela UEFS, buscando configurar o seu papel, enquanto agente de desenvolvimento local. Espera-se que o resultado desta pesquisa contribua para o fortalecimento de políticas públicas voltadas para o Sistema de Educação Superior do Estado da Bahia. Neste estudo, investigou-se a Universidade como Agente de Desenvolvimento Local: um estudo da ação da Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS, nos Municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão (entre 2003 e 2007) no que se refere aos resultados da execução do Programa de Formação de Professores de Séries Iniciais do Ensino Fundamental, em oferta especial. FONTE: Elaborado por ANDRADE (2008)1. Figura 1: Localização dos Municípios de Feira de Santana (UEFS), Amélia Rodrigues e Santo Estêvão 1 Mapas elaborados por Henrique Oliveira de Andrade, graduando de Geografia da Universidade Estadual de Feira de Santana. 22 O estudo realizado disponibiliza uma contribuição que evidencia o papel social da Universidade Estadual de Feira de Santana como agente de desenvolvimento local, fortalecendo a construção teórica quanto à relação entre educação e desenvolvimento. Agrega novas concepções e pode subsidiar a elaboração de trabalhos futuros, através da sistematização do conhecimento gerado na efetivação desta pesquisa, o que será possível a partir do cruzamento de indicadores e variáveis, sobre fatores e agentes que contribuem para o desenvolvimento local. O trabalho se estruturou em quatro Capítulos que servirão de base para as discussões e reflexões acerca do objeto de estudo, seguidos das considerações finais e ilustrado pelas figuras, tabelas, quadros, gráficos e fotos que se encontram distribuídos no texto e nos anexos. A pesquisa busca aproximar as temáticas: desenvolvimento, instituição (universidade) e educação e fomentar a discussão a partir de conexões que desenham uma convocação cada vez mais premente e mais incisiva da sociedade por identificar um novo (velho) papel da universidade na promoção do desenvolvimento, através da educação. Para atendimento a essa expectativa, foram utilizadas reflexões que não se circunscrevessem a uma única linha teórica, considerando-se que estão envolvidas múltiplas concepções adequadas a cada contextualização espacial e temporal. Utilizando-se os mais recentes e inovadores referenciais teóricos, partiu-se para a avaliação do Programa de Formação de Professores planejado e executado pela UEFS nos Municípios definidos, mediante parceria institucional constituída desde 2002 até 2007. Na configuração de resultados, apresentam-se respostas decorrentes das pesquisas bibliográficas, documentais e eletrônicas, além das coletadas pela pesquisa de campo feita junto à comunidade acadêmica (agentes mediadores representados pelos coordenadores e docentes do Programa) e, especialmente, junto à comunidade local de cada Município (agentes locais representados pelos egressos, poder público e sociedade civil). Com base, portanto, na presença da Universidade do contexto local e através das atividades educacionais que ela desenvolve, considerou-se oportuno responder aqui à seguinte questão central: Em que medida a Universidade Estadual de Feira de Santana vem exercendo o papel de agente de desenvolvimento local? 23 Para responder à questão buscou-se a identificação de mudanças que o Programa de Formação de Professores em Serviço das Séries Iniciais do Ensino Fundamental provocou na capacidade de organização e participação dos egressos do Programa nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão. Registrou-se, nessas comunidades, a percepção a respeito do Programa, no que se refere à sua relevância e seus impactos, tendo como base teórica a multidimensionalidade apresentada por Brose (2000) acerca do Desenvolvimento, além de referenciais apresentados por outros autores. Optou-se por construir-se o trabalho partindo-se, inicialmente, de fundamentos sobre desenvolvimento. Prioritariamente, deu-se destaque aos estudos de Gonzalez (s.d.) que, conceituando as diferentes abordagens, enfatiza a importância de distingui-las, apresentando para tal propósito três principais tipos de desenvolvimento: o localizado, o econômico e o local, relacionando concepções de diversos estudiosos. Em seguida, as correlatas proposições de Sachs (2004) e Sen (2005) destacam quanto esse processo não decorre apenas por acumulação de capital porquanto, o fator econômico, por si só, não há de ser considerado em si mesmo, precisando estar diretamente relacionado “com a melhoria da vida que levamos e das liberdades que desfrutamos” (SEN, 2005, p.29), para tanto, inclui outros fatores que possam promover “a elevação do nível de vida da população” (SACHS, 2004, p.67). Analisando-se as propostas de Putnam (1996), foi possível identificar pressupostos teóricos reiterados por Sen (2005) tanto quanto os que são defendidos pelos Relatórios de 1996 e de 2003 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).Também por Boisier (2000), quando designa outros fatores fundamentais do Desenvolvimento que transcendem a perspectiva econômica. Referendou-se, a partir dessa identificação, o que se propunha explorar quanto ao aspecto relativo à Educação e seus efeitos no contexto sóciopolítico e econômico, o que fica reiterado pelas reflexões de Demo (2002) que, ao analisar o modelo de Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, define Desenvolvimento como oportunidade e expressa a relevância da Educação, do conhecimento, como fio condutor desse processo. No percurso foi possível observar as advertências levantadas por Araújo (2000) e Brandão (2007) sobre as teorias localistas de desenvolvimento em face dos aspectos das heterogeneidades e diversidades que marcam o conteúdo brasileiro, o que deve ser pensado e tratado como potencialidade, defendendo a participação do Estado na cena nacional. 24 O trabalho, com esses e outros teóricos, permitiu identificar que os polissêmicos significados atribuídos ao substantivo “desenvolvimento” decorrem dos adjetivos múltiplos e controversos que se utilizam para expressar sua multirreferencialidade e multidimensionalidade, conforme contexto ideológico e espacial. Nos avanços e aprofundamentos de estudos feitos, definiu-se referendar como base teórica recente a abordagem de políticas apresentadas por Barquero (1999) que, sob a perspectiva de significação ware, defende e explica os desenvolvimentos hardware, software e orgware que são explicitados em itens próprios do Capítulo I. Na trajetória de fundamentação teórica, tornou-se necessário também esclarecer acerca de instituições, quais os seus fundamentos e suas caracterizações, levando-se em conta o mesmo caráter polissêmico. Os esclarecimentos foram possíveis, sobretudo, a partir do trabalho de Fonseca (2006) que contribui com novos olhares para um melhor entendimento sobre várias questões, revolucionando o paradigma conceitual de instituição, ao afirmar: As instituições são criações humanas com o objetivo de dar forma às interações sociais. São originadas formal ou espontaneamente, no âmbito social ou estatal, mas, seja como for, podem reduzir as incertezas e os riscos, pois são guias, marcos para a vida diária (FONSECA, 2006. p.23). Percorrendo as bases teóricas, coube, ainda, estabelecerem-se parâmetros também conceituais acerca de educação, identificando-a como elemento fundante que contribui para a promoção do desenvolvimento. Para tanto, foram enriquecedoras as concepções de Freire (2001), considerando a educação emancipatória como eixo estruturante da cidadania, destacando seu vínculo com o conceito de participação de ingerências nos destinos históricos e sociais do contexto, acrescidas das reflexões de Demo (2001), Gentilli (1995), Sader (1995), Pires (2005), Gadotti (2006) Lima (2002) e outros pedagogos. É, entretanto e principalmente em Dowbor (1998), que se encontrou consubstanciada a relação da Educação com todo o processo. Revisado o marco conceitual sobre os elementos que integram o objeto do estudo (desenvolvimento, instituições e educação), procede-se, no Capítulo II, à identificação da Instituição UEFS, sua gênese, organização e ações para caracterizar-se a potencialidade deste agente de políticas públicas de Educação Superior, na perspectiva de seu papel de fomentador de desenvolvimento. 25 Segue-se, no Capítulo III, a apresentação do Programa de Formação de Professores em Serviço realizado pela Universidade nos Municípios definidos para a pesquisa, onde esses também são, necessariamente, caracterizados, a fim de se definirem parâmetros de indicadores socioeconômicos e educacionais anteriores e posteriores à atuação do Programa em cada um deles. Por fim, no Capítulo IV, se registram os resultados obtidos e se apresenta a análise desses resultados confrontados com os referenciais teóricos. Metodologia Os caminhos metodológicos previstos para esta pesquisa foram de abordagem indutiva na expectativa de constatarem-se particularidades resultantes do Programa de Formação de Professores e, numa conexão ascendente, alcançarem-se as generalizações relativas ao papel institucional da UEFS. Em semelhante sentido, previu-se definirem-se concepções mais ampliadas a respeito da educação como fator de desenvolvimento local. Partindo-se do método indutivo, o modelo de estudo foi de investigação exploratória de caráter analítico. Explica-se o caráter exploratório pela determinação de ampliarem-se e aprofundaremse conhecimentos acerca das abordagens e pressupostos teóricos relativos ao desenvolvimento local, às suas dimensões e aos seus agentes. Também, sob esse aspecto, identificaram-se as concepções de educação que a relacionam com as dimensões do desenvolvimento local propostas por Brose (2000). Nesse bojo, apresentam-se os aspectos da universidade, sua institucionalidade e seu papel enquanto agente de desenvolvimento. Justifica-se, ainda, o caráter analítico por buscar conhecer e avaliar a realidade do campo da pesquisa, segundo a perspectiva de Richardson (1999, p.30), de que o estudo investigativo “procura descobrir e classificar a relação entre as variáveis, bem como investigar a relação de causalidade”. Permite-se, assim, a configuração de cenários amplos dos municípios, a exemplo da caracterização de sua população sob o aspecto econômico, social e cultural e do funcionamento de organizações; como também um levantamento de opiniões da representação local quanto a questões ligadas ao Programa avaliado. Acresceu-se a esse caráter analítico e exploratório a proposição de um estudo explicativo na linha do que estabelece Gil (1991, p.46), ao definir que este estudo “tem a 26 preocupação central de identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência do fenômeno”. Com base no processo predominantemente qualitativo, sob a perspectiva teóricoempírica, foram realizadas as pesquisas bibliográficas, documentais, eletrônicas e, pelo delineamento da proposta, uma ampla pesquisa de campo. O universo pesquisado foi o da execução do Programa e para amostra do estudo foram selecionados dois, dos treze municípios onde a Universidade Estadual de Feira de Santana desenvolve o Programa. Assim sendo, os Municípios selecionados foram Amélia Rodrigues e Santo Estêvão, que se encontram respectivamente distantes 30 km e 40 km da sede do Campus da UEFS, na cidade de Feira de Santana. Os critérios adotados para essa escolha se pautaram nos seguintes referenciais: foram os primeiros municípios que concluíram o Programa, a proximidade deles do município de Feira de Santana, o acesso às respectivas coordenações e, principalmente, os indicativos de mobilidade social local, desde o período de implantação do Programa nos municípios, conforme registros nos relatórios apresentados pela UEFS. Nessa amostragem, os sujeitos principais da pesquisa se representaram pelos egressos que cursaram o Programa. Objetivou-se destacar a atuação desses egressos, caracterizando sua participação nas escolas onde atuam, em assembléias, associações, sindicatos e em outros espaços. Foi identificada sua capacidade de organização e de envolvimento nas questões sociais do Município. Outros representantes locais foram também entrevistados. A amostra incidiu sobre 30% da totalidade dos egressos, sobre alguns gestores do poder público e da sociedade local, assim como sobre a coordenação e docentes do Programa. Todos esses segmentos responderam à entrevista semi-estruturada. Os instrumentos para a coleta de dados foi, portanto, uma entrevista semi-estruturada a partir da qual investigaram-se alguns aspectos, com detalhamentos próprios, tais como: Para o Egresso: O perfil (faixa etária, sexo, etnia, faixa salarial, estado civil, local de residência, tempo de magistério, níveis de ensino que leciona, trajetória de formação, especificando se está fazendo mais um curso ou se permanece com a licenciatura concluída, indicação de outra atividade que esteja desenvolvendo e de alguma entidade ou movimento de que participe). Além desses dados, foram utilizados como indicadores, sob a ótica e vivência dos egressos, o impacto do Programa sobre o seu pensar e agir na comunidade (contribuição do Curso para a formação pessoal, profissional, econômica e social, nível de satisfação com o Programa, contribuição do Programa para sua organização e participação na comunidade). 27 Para os Coordenadores e Docentes: Características dos coordenadores e dos docentes do Programa (faixa etária, sexo, etnia, local de residência, tempo de magistério, níveis de ensino que leciona, formação acadêmica, área em que atua na UEFS, titulação, tempo de vínculo com a UEFS, participação em outros programas da área educacional, produção científica vinculada à área educacional e avaliação do Programa). Incluiu também o posicionamento deles acerca do impacto do Programa nos municípios e a relação prática deste com o desenvolvimento local. Para os Representantes do Poder e da Sociedade Civil Local: Características de cada um deles (faixa etária, sexo, etnia, local de residência, função que ocupa no Município, tempo dessa ocupação, vínculo com o Programa), acrescidas das indagações sobre nove variáveis através das quais se visa demonstrar com que intensidade se manifestam no Município as dimensões de desenvolvimento propostas por Brose que possam ter relação com o Programa. Adaptando a formatação da proposta de Lustosa (2002)2, adotou-se uma Matriz de Avaliação para registro e cálculos dos resultados. Compuseram esta Matriz os indicadores escolhidos para sinalizar o que o proponente chama de “razoavelmente confiável” para configurar os aspectos representativos das dimensões da inclusão social, da gestão pública inovadora, de gestão ambiental, do fortalecimento da economia, e, em especial, da mobilização social. Passaram a ser definidos, para cada segmento pesquisado, os indicadores das cinco dimensões, para construir um quadro denominado de Matriz Avaliativa, correlacionando as linhas metodológicas de Brose e de Lustosa. Os enfoques de informações sobre cada dimensão caracterizaram a parte qualitativa das entrevistas semi-estruturadas, que foram precedidas de registros descritivos dos atores da amostragem. Considerou-se também necessário visitar as Escolas onde estão lotados os egressos. Foram, assim, visitadas e observadas as características das Unidades Escolares (dependência administrativa, estrutura administrativa, níveis de ensino, número de classe por séries, localização de zona rural ou urbana, atividades pedagógicas ou de outra natureza realizadas nas unidades a partir do Programa, além da estrutura física de cada Unidade). Nesse processo de investigação, foram ainda gravadas algumas entrevistas que serviram como dados subsidiários ao universo pesquisado. 2 Ver LUSTOSA apud FISCHER. Onde a autora justifica a construção de sua obra pelo propósito de “tornar possível o diálogo e o confronto de idéias entre a pesquisa acadêmica e as práticas de avaliação de experiências de desenvolvimento local” (2002, p.9). 28 A coleta de dados foi feita pela própria mestranda que fez doze visitas em cada município, contando com o acolhimento das Secretarias de Educação dos Municípios selecionados para pesquisa, dos Coordenadores e docentes dos Cursos lotados na UEFS, dos próprios egressos do Programa e dos segmentos representativos locais. Para melhor fundamentar o “antes” e o “depois” foram pesquisados diversos indicadores socioeconômicos dos municípios (resultados dos Índices de Desenvolvimento Humano – IDH, do Produto Interno Bruto – PIB e dos Índices de Desempenho da Educação Básica – IDEB, dentre outros), cadastrados pelos órgãos oficiais, pelas próprias Secretarias Municipais, servindo como referências de situações anteriores e posteriores à ação da UEFS. Os dados foram coletados com suporte técnico disponibilizado pelos programas tecnológicos apropriados, sendo apresentados através de quadros, tabelas e gráficos analisados quali-quantitativamente. Somou-se a esses instrumentos a análise documental da identificação dos dados da UEFS (sua gênese, estrutura organizacional, sua missão e atuação no Ensino, na Pesquisa e na Extensão) realizando uma retrospectiva histórica da implantação e conclusão desse Programa que teve sua trajetória de elaboração, execução e avaliação pesquisados. Para tanto, fez-se o recorte de cinco anos (2003-2007), considerando-se o período de implantação (2003), de execução (2003-2006) e de conclusão(2007) desse Programa nos respectivos Municípios. Levando-se em consideração o referencial teórico e as múltiplas buscas de configurar um significativo resultado da pesquisa feita, ressaltam-se os principais pontos descobertos durante o estudo, visando-se contribuir social e cientificamente com a academia, órgãos governamentais ou com quaisquer segmentos interessados na questão. Nos procedimentos adotados (contatos telefônicos preliminares, contatos eletrônicos para apresentar os propósitos do trabalho, convencimento de participação, marcação de encontros, reuniões coletivas e individuais, explicação sobre o conteúdo e forma dos instrumentos de pesquisa utilizados, retornos sucessivos, inclusive aos locais de trabalho dos entrevistados e na tabulação e análise de cada entrevista realizada) desenhou-se um cenário que possibilitou analisarem-se reflexos da atuação da UEFS de forma direta e indireta na vida dos municípios. No trajeto epistemológico e metodológico e a partir dos dados coletados, sistematizados e analisados, algumas questões foram respondidas, mas, levantaram-se também diversas outras indagações. Demarcam-se as possibilidades do Programa de Formação de Professores em Serviço ter se constituído num fator de desenvolvimento local a despeito da relatividade dos resultados obtidos. Há de se levar em conta o amplo contexto 29 histórico que permeia as questões estruturais no qual os municípios se inserem, agregado a outros fatores como: a vontade política de gestores, e o reconhecimento do breve período decorrido entre a intervenção da UEFS e o resultado da pesquisa. Tem-se, entretanto, a expectativa de que o trabalho realizado e as discussões subsequentes contribuam para um conjunto de ações (e reações) que subsidiem à UEFS, ao Governo Municipal de Amélia Rodrigues e de Santo Estêvão e ao Governo Estadual, para (re) formularem políticas públicas voltadas à Educação Superior e a todo o Sistema da Educação Básica no sentido de se fazer cumprir a utopia do Educador baiano Anísio Teixeira que afirma: “somente pela Educação poderíamos ter o homem racional, o homem independente, o homem democrático” (TEIXEIRA, 1938 apud DOWBOR, 2003, p.1). Sob tal convencimento, acredita-se que uma sociedade, crescentemente incentivada por uma educação que perpasse por concepções de caráter democrático, conquista a sua liberdade de pensar e de agir (e interagir), exerce sua racionalidade cidadã e é capaz de ampliar sua capacidade de organização e participação, contribuindo, assim, para o desenvolvimento local. 30 1 DESENVOLVIMENTO LOCAL: Abordagens e Pressupostos Teóricos Recentes A história atual está permeada por novas contradições em que se desencadeia um intenso debate no campo do desenvolvimento, onde o pensamento econômico convencional é reexaminado, integrando-se a outras dimensões conceituais. Desde então, se aprofundaram os debates e estudos quanto ao conceito e aos meios para se alcançar o desenvolvimento. Entretanto, ainda não se encontra apropriadamente esclarecida a controvérsia de que o seu caráter econômico pode preterir o social e a promoção do ser humano. Estudos acerca das teorias do desenvolvimento têm-se intensificado, após a II Guerra Mundial, traduzidos em discursos os mais variados e diversificados, cada um apresentando determinada linha conceitual para o entendimento e convencimento sobre a questão. O documento de maior importância desse período pós-guerra, relativo a questões de desenvolvimento, é a Carta das Nações Unidas, divulgada em abril de 1945, na Conferência de São Francisco, ocasião em que também se deu a criação oficial da Organização das Nações Unidas (ONU), visando a manter e melhorar os níveis de qualidade de vida, sob a proposição de contribuir para elevar os níveis de desenvolvimento em seus múltiplos sentidos e, não, no restritamente econômico. Para tanto, a ONU, buscando identificar outros fatores mais determinantes para o desenvolvimento, cria o Índice de Desenvolvimento Humano( IDH ) que alcança os três componentes: renda per capita, longevidade e nível de conhecimento (ou educação). Nas diversas pesquisas acadêmico-científicas e nos relatórios das agências nacionais e internacionais constata-se que as variáveis econômicas não bastam para gerar desenvolvimento socialmente justo. Ainda que as citadas variáveis possam ser justificadas, elas são insuficientes para estabelecimento de uma relação de causalidade entre economia e desenvolvimento. Assim sendo, muitos economistas vêm buscando descobrir variáveis econômicas e sociais que possam determiná-lo dentro de um modelo com uma real definição. Sob esta linha de pensamento, que enfatiza a multirreferencialidade dos fatores que contribuem para promoção do desenvolvimento, Oliveira afirma que ele “deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e, principalmente, humana e social” (OLIVEIRA, 2002 p.40), acrescentando, adiante, que “desenvolvimento nada mais é que o crescimento para satisfazer as mais diversificadas 31 necessidades do ser humano tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer dentre outras”. Nessa linha, Oliveira (2002) defende a posição de que o desenvolvimento local apresenta diferentes e variados significados, incluindo dimensões em que se exerce a cidadania e se configura o acesso aos direitos sociais. A partir dos anos 90 definem-se mudanças estruturais ocorridas no contexto das economias e das sociedades capitalistas. O conceito e a prática de desenvolvimento se ressignificam. Fracassam os esforços teóricos de legitimar o desenvolvimento economicista sem levar em conta suas dimensões políticas sociais e culturais. Estudiosos contemporâneos apontam, alternadamente, outras variáveis, agregando novas referências para identificar e justificar a realidade do desenvolver-se como um todo. 1.1 O Sentido Polissêmico de Desenvolvimento É costume utilizar o termo como denominação de um mecanismo de melhoria para determinada situação ou condição. Nesse sentido, considera-se como a diferença de condições entre um espaço de tempo, onde se acompanha as variáveis inerentes à análise no marco inicial e final do período de tempo estipulado pelo objetivo de análise. Após a Segunda Guerra Mundial e, principalmente após a criação do IDH, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, convencionou-se a utilização do termo em seu sentido mais amplo, com o objetivo de determinar a real situação das nações em relação às sua condições de sociais e econômicas, o que ocasiona, inclusive, por este motivo, a tão comum confusão existente na utilização do termo desenvolvimento com outro muito utilizado no contexto socioeconômico que é a terminologia do crescimento. O crescimento, por si só, considera que os indicadores que definem desenvolvimento são medidos pelo PIB e pela renda per capita o que, na visão de Boisier (1996), se constitui num conceito reducionista e linear, desconsiderando a multidimensionalidade do novo paradigma conceitual que lhe é atribuído. Nesse sentido, ao utilizar a expressão desenvolvimento, deve-se, prioritariamente, compreender o que é e determinar em que sentido será empregado, para que assim seja caracterizado o exato sentido em que se pretende contextualizá-lo. 32 Quando se trata do aspecto socioeconômico está se tratando de um conjunto de variáveis que engloba a melhoria de condições, atuação, participação e, deve-se acompanhar tais variáveis para que, juntas, possam classificar o nível de evolução daquela sociedade. Fazse necessário o acompanhamento das condições sociais e econômicas, educacionais e ambientais, entre outros fatores que, através de sua análise individual e conjunta, virá a determinar quanto e como tais fatores interferem no cotidiano em questão. Outro fator importante é a determinação do locus da pesquisa. A análise de um possível processo de desenvolvimento local ou regional deve levar em consideração o ambiente específico de estudo e contar com a junção de diversos atores em busca do mesmo objetivo. Para González (s.a., s.p.) o desenvolvimento é “un proceso general que afecta a todas las estructuras productivas y sociales y que se distribuye por todos los territorios afectados por el mismo”. E ainda: Es un proceso diferente en el sentido que es voluntario y concertado, o por lo menos conocido, por el conjunto de una colectividad concreta en la que se pone en marcha un proceso diferenciado de su entorno próximo, mediante la introducción de puntos innovadores que añaden valor añadido a sus actividades productivas y cotidianas (GONZÁLES, s.a., s.p.). Segundo Mattos (2007), embora o desenvolvimento local seja de origem e interesse objetivamente local (endógeno), pode-se levar em consideração as ações de gestores do poder público que influenciem no processo do desenvolver. Além disto, é importante considerar que a iniciativa local é quem determina a busca da melhoria da qualidade socioeconômica do locus. À sociedade civil cumpre papel fundamental nesse intuito, sendo ela quem identifica as dificuldades e, com base em sua vivência, pode exigir mudanças. Ainda para Mattos (2007) é observado o caráter setorial do interesse no desenvolvimento através da utilização e participação de setores específicos, principalmente dos setores produtivos que, através de sua interferência, tendem a viabilizar a introdução de todos atores para influenciar o potencial produtivo e viabilizar uma situação de melhoria econômica que poderá ser a base inicial desse processo local. Um dos objetivos de se incentivar sua base local é a necessidade do estímulo de um desenvolver orientado de baixo para cima – da esfera local (conhecedora de suas necessidades e potencialidades) – para a esfera regional (que propõe planos baseados no contexto regional e não local, onde muitas vezes não atingem as necessidades de todos por apresentarem características diferentes). 33 São conceitos que perpassam pela necessidade de propor a diminuição das desigualdades e desequilíbrios espaciais através da melhoria das condições de vida da população contribuindo, então, para a instalação e manutenção do equilíbrio local. Nesse sentido, de acordo com Mattos (2007), Boisier discrimina diversas definições para a terminologia desenvolvimento de acordo com seu objetivo. Dentre eles, além do local, constam terminologias como endógeno, descentralizado, regional e territorial. Do ponto de vista espacial, há de se considerar que a unidade fundamental e primária do espaço é o local (o município) que, no contexto de Boisier, está inserido num espaço maior que é a região, e esta, por sua vez, se insere no contexto territorial (mais amplo, envolvendo a região e a localidade). Nesse âmbito, Brandão (2007) ao debater sobre a dimensão espacial do desenvolvimento no campo da economia política, adverte quanto a posições teóricas e de gestão pública denominadas de “localistas”. O autor entende que o enfrentamento dessa contemporânea visão hegemônica deve passar “pela discussão de propostas alternativas e pelo tratamento adequado de articulação de todas as escalas geográficas” (p.47). Ao propor uma nova direção de políticas de desenvolvimento, o autor defende a presença “ativa” e “articulada” do Estado na cena nacional ao tempo em que expressa preocupação relativa à exacerbada valorização da dimensão “território” (como se fossem nichos autônomos de deliberações e ações), buscando inserir em suas proposições a importância das escalas intermediárias entre “o local” e “o global” e a necessidade de analisar o contexto das estruturas e dinâmicas sociais em sua dimensão espacial. Nesse sentido, Brandão (2007) afirma que: As escalas são construções históricas, econômicas, culturais, políticas e sociais e, desse modo, devem ser vistas na formulação de políticas [...]. Essa nova direção de política de desenvolvimento, em sua dimensão espacial e em sua pedagogia democrática e politizadora, deve resgatar o potencial das diversidades da civilização multicultural brasileira (BRANDÃO, 2007, p.33). Defende, dessa forma, a perspectiva “transescalar” como a de maior potencialidade para vencer os limites das forças de dominação dos espaços “uniescalares”, propondo uma construção de estratégia “multiescalares” por existirem limites e possibilidades na escala local, o que demanda uma conjugação equilibrada do acionamento das forças endógenas com as interferências das escalas exógenas ao local. Questiona em semelhante sentido a falta de percepção de alguns teóricos do quanto o poder local prescinde de condições autônomas necessárias para formular e executar políticas 34 de desenvolvimento, independentemente dos instrumentos básicos que são definidos no comando máximo da política econômica (taxas de juros, de crédito, do mercado financeiro nacional e internacional e das condições fiscais impostas). Esse posicionamento teórico reforça a concepção de Araújo (2000) que, sem perder a perspectiva espacial mais ampla, leva em conta a presença do espaço de diversidades e heterogeneidades que marcam o processo de desenvolvimento no Brasil, em especial, na região Nordeste. A autora defende que “é preciso pensar e agir no Brasil heterogêneo e diversificado, tratar como positivo, como potencialidade a crescente diferenciação das diversas porções do país” (ARAÚJO, 2000, p.27). Defende, também, a necessidade e pertinência de se “formular e implementar uma Política Nacional de Desenvolvimento Regional no Brasil” (p.115). Dentro dessa percepção, o desenvolvimento local se dimensiona como uma alternativa política para a promoção do desenvolvimento econômico e social relacionado com seu contexto. Essa mudança conceitual de sua promoção se volta à escala municipal, cenário imediato desse processo. Após definido o âmbito espacial da análise, pode-se chegar à origem das ações de desenvolvimento – dentre elas as de origem endógena e descentralizada, configurando-se ações locais do próprio ambiente (característica endógena) e de iniciativa ou participação de diversos segmentos sociais (descentralizados). O Quadro 1 considerando as considerando as concepções de Boisier (2000) apresenta as principais observações sobre cada uma dessas classificações. 35 DENOMINAÇÃO CONCEITO OBSERVAÇÃO Desenvolvimento Local Se trata de un concepto sustantivo (contenido más que mero contenedor) que alude a una cierta modalidad de desarollo que puede tomar forma en territorios de variados tamaños, pero no en todos, dada la intrínseca complejidad del proceso de desarollo. Hay tres racionalidades que pueden operar detrás del concepto de desarollo local y no pocos errores prácticos provienen de una mala combinación de instrumentos y de tipo de racionalidad. Por ejemplo, se copian instituiciones y medidas de desarollo local ensayadas en Europa (desarollo local como respuesta) y se intenta aplicarlas em America Latina (desarollo local como lógica de regulación horizontal). Desenvolvimento Regional Consiste en un concepto proceso de cambio estructural localizado (en un âmbito territorial denominado “región”) que se asocia a un permanente proceso de progreso de la propia región, de la comunidad o sociedad que habita em ella y de cada individuo miembro de tal comunidade y habitante de tal territorio. Obsérvese la complejidad de esta definición al combinar tres dimensiones: una dimensión espacial, una dimensión social y una dimensión individual. Desenvolvimento Territorial Se trata de un concepto asociado a la idea de contenedor y no a la idea de contenido. Territorio es todo recorte de la superfície terrestre, pero no cualquier territorio interesa desde el punto de vista del desarollo. Como recorte de la superfície terrestre el territorio puede mostrar por lo menos tres características de complejidad creciente; territorio natural, territorio equipado e territorio organizado. Estos territórios (organizados) pasan a ser sujetos de intervenciones promotoras del desarollo. La expresión “desarollo territorial” se refiere a la escala geográfica de un proceso y no a su sustância. Desenvolvimento Endógeno Puede ser entendido como una propriedad emergente de un sistema territorial que posee un elevado stock de capitales intangibles y sinergético [...] el desarollo endógeno se produce como resultado de un fuerte proceso de articulación de actores locales y de variadas formas de capital intangibles, en el marco preferente de un proyecto político colectivo de desarollo del territorio en cuestión. La endogeneidad del desarollo regional habria que entenderla como un fenômeno que se presenta en por lo menos cuatro planos que se cruzan entre si: plano político, plano econômico, plano científico e tecnológico e plano de la cultura. Desenvolvimento Descentralizado Supone la configuración del territorio en cuestión como un sujeto coletivo con capacidad para construir su próprio futuro. Desde luego, no es el territorio como recorte geográfico el que puede operar como sujeto; si no la comunidad que habita tal territorio en la medida en que ella misma se alimenta del regionalismo [...] y la medida en que es capaz de darse a si misma un proyecto de futuro común consensuado para dar cabida a la diversidad. Hay, finalmente, una clara intersección entre desarollo endógeno y descentralizado, puesto que si el poder transferido y tambien creado a partir de la descentralización es el que permite tomar decisiones en relacione a opciones de desarollo y el que permite la apropriación parcial del excedente a fin de realimentar el proceso de crescimento in situ. FONTE: BOISIER (2000) in MATTOS (2007, p.63) / Adaptado pela autora (2008). Quadro 1: Conceitos de Desenvolvimento Aprofundando sobre a questão local do desenvolvimento, González (s.d., s.p.) apresenta a conceituação de diversos autores que discorrem sobre o tema. Dentre tais definições existem dimensões que tratam o desenvolvimento local como a organização da 36 comunidade na busca da divisão dos recursos em prol da comunidade ou que o considera como um sistema produtivo e social baseado nos recursos locais e na utilização desses como uma ferramenta da construção da melhoria de vida da sociedade. Tais conceitos podem ser acompanhados através do Quadro 2. AUTOR CONCEITO C. Ware “organización de la comunidad como médio de promover la mejoria general y el alcance de objetivos especificos bajo un principio primordial consistente en hacer que los recursos de la comunidad satisfazan las necesidades del pueblo”. E. Ander-Egg “técnica o práctica social con un objetivo fundamental dirijido a la promoción del hombre movilizando recursos humanos e institucionales, mediante la participación activa y democrática de la población en el estúdio, programación y ejecución de los programas de desarollo”. Datar “un proceso concreto de organización del futuro de un território, resultante de los esfuerzos conjuntos de la población afectada, de sus representantes, de los actores socioeconômicos y eventualmente de los agentes del estado, para construir un proyecto de desarollo integrando las diferentes partes econômicas, sociales, culturales y las actividades y recursos locales”; A. Precedo Ledo “el desarollo local es un sistema productivo y social que se articula entorno a las potencialidades de los recursos locales. Implica novos mecanismos de intervención y coordinación que al aplicarse permiten introducir un nuevo esquema regional de desarollo local y de coordinación administrativa que combine el desarollo ascendente y descendente en una síntesis unitária que engloba el sistema productivo, la ordenación del territorio y el medioambiente en un sistema integrado”. D. Marquez Fernandez “el desarollo local tiene una serie de características definidas por ser democrático, parte de un impulso solidário local; endógeno, fomenta la valorización de los recursos propios; integral, trata de armonizar objetivos econômicos, sociales y medioambientais; y sostenible, assegura la perduración de los recursos”. M. Molina “puede entenderse como aquel que se identifica mayoritariamente con iniciativas locales y utiliza recursos propios, aunque es muy difícil que estén totalmente ausentes las influencias externas, se tiene vinculado con algo más que con simple crecimiento econômico, combinando armónicamente factores sociales, ecológicos, culturales o políticos dentro de una dimensión econômica”. A. Vázquez Barquero “forma flexible de acumulación y de regulación que favorece el proceso actual de reestructuración productiva, sobre todo en los paises de industralización reciente... la industralización local puede definirse como un proceso cuyo nacimiento, desarollo y madurez se basa en la combinación de causas que van desde el estado de necesidad a la disponibilidad de recursos naturales y/o una buena localización. La existencia de una cierta capacidad empresarial, de mano de obra abundante y barata, de ahorro local y de conocimiento práctico de produtos y mercados, favorecieron el nacimiento de procesos de insdustralización, y, desta forma, se pudo satisfacer la necesidad de cambio existente en las comunidades locales”. FONTE: GONZÁLEZ (s.a., s.p.) / Adaptado pela autora (2008). Quadro 2: Conceitos de Desenvolvimento Local É importante ressaltar que o sentido regional/local deve ser sempre pautado em resultados que podem ser convergidos em prol da sociedade. Dessa forma deve ser acompanhado por ações de cunho social, cultural e ambiental além do tradicional enfoque econômico, político e institucional. Partindo desse pressuposto, pode-se concordar com Mattos (2007) ao determinar que as principais ferramentas (estratégias) para o sentido local são: a articulação produtiva das atividades setoriais, a aplicação de tecnologias apropriadas 37 adequadas as setor produtivo e, principalmente, a adaptação do sistema educacional e da capacitação profissional à problemática produtiva e sócio-territorial. Essa análise é partilhada por Buarque citado por Santos Filho (2005, p.37) ao afirmar que: Desenvolvimento local é um processo endógeno registrado em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida da população. Representa uma singular transformação nas bases econômicas e na organização social em nível local resultante da mobilização das energias da sociedade, explorando suas capacidades e potencialidades específicas. Para ser um processo consistente e sustentável, o desenvolvimento deve elevar as oportunidades sociais, a viabilidade e a competitividade da economia local, aumentando a renda e as formas de riqueza, ao mesmo tempo em que assegura a conservação dos recursos naturais (grifo nosso). Enfim, independentemente das diversas abordagens sobre a temática, deve-se ter em consenso que, além da importância dada à participação institucional, tem-se que compreender, também, que é de fundamental relevância e importância a participação da sociedade como ator principal no processo de planejamento, implementação, evolução e avaliação das ações de desenvolvimento. Afinal, ele será o resultado de um conjunto de ações integradas e baseadas em atividades estratégicas planejadas e voltadas para o foco local/regional. Nessa linha, Putnam (1996) e Sen (2000) designam como fatores fundamentais do desenvolvimento local (urbano e rural): normas de confiança mútua, redes de compromisso cívico, processo de ampliação da capacidade de realizar atividades livremente escolhidas e valorizadas e riqueza do tecido associativo, que se constituem em elementos a serem identificados na efetividade do Programa de Formação de Professores em Serviço nos Municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão. Na linha teórica defendida por Sen (2000, p.29), uma concepção apropriada transcende o crescimento do PIB, da acumulação de riqueza, e de tantas outras variáveis relacionadas à questão da renda que tem mais conotação de crescimento. O autor argumenta que o desenvolvimento econômico não há de ser considerado um fim em si mesmo, precisa estar relacionado “com a melhoria da vida que levamos e das liberdades que desfrutamos”. E é justamente nesse sentido que Sen (2000) fundamenta sua análise sobre o desenvolvimento, quando o liga diretamente à liberdade individual como alicerce de todo esse processo. Para esse autor, o tema apresenta na liberdade individual seu maior mecanismo de evolução. A partir do momento em que o indivíduo (como agente social) toma para si a responsabilidade de atuar na melhoria de sua condição de vida – sua e de sua comunidade – ele vai construir esse processo. Entretanto, essa tomada de consciência não é uma realização 38 inerente, apenas, ao indivíduo. Ele precisa contar com mecanismos que o façam se sentir integrante do mecanismo social. Precisa figurar a construção da sua liberdade, através do alcance ao direito educacional, à saúde, à sua participação em atividades que o estimule a se sentir enquadrado na engrenagem social em que vive. Sen (2000) diz que: O crescimento do PNB ou das rendas individuais obviamente pode ser muito importante como um meio de expandir as liberdades desfrutadas pelos membros da sociedade. Mas as liberdades dependem também de outros determinantes, como as disposições sociais e econômicas (por exemplo, os serviços de educação e saúde) e os direitos civis (por exemplo, a liberdade de participar de discussões e averiguações públicas). (SEN, 2002, p.17, grifo nosso). Nessa busca, com a participação de todos, tais integrantes do contexto social local devem participar com iguais interesses e, para isso, não se pode contar com contrastes sociais, situações de pobreza, indivíduos com direito a um sistema de saúde privilegiado, enquanto outros não têm acesso nem mesmo ao atendimento básico emergencial. Todas essas diferenciações sociais geram uma privação de direitos que se torna a privação da liberdade do ser social e, assim sendo, sem buscar combater essas diferenças, por mais que haja investimento em sistemas produtivos, nunca será possível constatar-se um real desenvolvimento, apenas uma situação de crescimento econômico. Baseado nos estudos de Sen, Brose (2000) apresenta o registro da medição do desenvolver de uma região ou país pela “metodologia que permite se avaliar não apenas do ponto de vista do crescimento econômico, mas, também, pelo prisma de outras dimensões capazes de interpretar a realidade humana, como a longevidade e o nível educacional”. (PNUD/IPEA/FJP/IBGE, 1998, p.5 apud Brose, 2000, p.29). Brose (2000) compreende o desenvolvimento como melhoria de qualidade de vida que envolve a interação permanente entre o conjunto de fatores políticos, econômicos e sociais. Nesse sentido o estrutura sob cinco dimensões: inclusão social, fortalecimento da economia local, inovação na gestão pública, gestão ambiental e uso racional de recursos naturais, e mobilização da sociedade. Com este propósito, Brose (2000) define como fundamento metodológico, para monitorar e avaliar o Programa Prorenda/RS, essas cinco dimensões: 1 – Inclusão Social, representada num conjunto de iniciativas que permitem o acesso da população aos essenciais serviços para sobrevivência, com o mínimo de qualidade, devendo ser considerada a identificação de uma política pública social voltada para a busca 39 da equidade. É considerada por Brose (2000, p.96) como “elemento fundamental para promover de forma sustentável o desenvolvimento local”. 2 – Fortalecimento da Econômica Local. Através dessa dimensão devem ser identificadas as estratégias utilizadas para a valorização das potencialidades econômicas do local sem desvirtuar a natural vocação econômica; 3 – Inovação na Gestão Pública. Observar-se-á o quanto o setor público é dotado de maior capacidade de gestão, o nível de suas tomadas de decisão voltadas para as demandas do desenvolvimento humano, identificando-as adequadamente e com capacidade de gerenciá-las com eficiência; 4 – Gestão Ambiental e Uso Racional dos Recursos Naturais. Há de se verificar a elaboração de uma política ambiental por parte do poder público com a participação dos egressos do Programa, envolvendo os segmentos da sociedade, visando a uma preservação e/ou utilização racional dos recursos naturais do município; 5 – Mobilização da Sociedade. Devem ser evidenciados mecanismos de participação do cidadão, especificamente dos egressos, buscando um engajamento e diversificação da sociedade civil para possibilitar que as demandas da comunidade sejam levadas em consideração nos processos decisórios. Um dos caminhos para concretização desse ponto é a criação e atuação de conselhos, sindicatos, assembléias, fóruns, etc. No aprofundamento dessa questão, o mesmo autor afirma que o PNUD revolucionou o debate internacional ao estabelecer o conceito de desenvolvimento humano, promovendo um novo enfoque nas concepções relativas à questão do próprio desenvolvimento (BROSE, 2000). Reiterando essa proposta, Sachs (2004) destaca que este não decorre apenas por acumulação de capital, mas pela elevação do nível de vida das populações carentes, defendendo sua proposta da sustentabilidade social, em que ele prevê melhor distribuição de renda e bens, reduzindo o abismo entre ricos e pobres e da sustentabilidade econômica que deve ter eficiência econômica em termos macrossociais (SACHS apud BRESSER PEREIRA, 2004, p.66-76). O próprio Bresser Pereira (2004) expressa a convicção de que o desenvolvimento não se faz pela via de acumulação e da industrialização mas, principalmente, por meio de promoção das condições sociais entre os excluídos ou marginalizados, destacando que por “condições sociais” se entendem os sistemas de educação e saúde universais além de outras necessidades (direitos) básicos. 40 1.2 Políticas de Desenvolvimento Local Na percepção de Barquero (1999) são apresentados inovados conceitos e teorias do Desenvolvimento Regional e estabelecidas novas regras para o Desenvolvimento Local. Destacando o valor, os limites do território político das organizações e instituições, dos seus agentes e das iniciativas (tomando o modelo Europeu como exemplo) considera o aspecto tridimensional do desenvolvimento. Segundo Barquero (1999), a resposta local aos desafios e limites do desenvolvimento se estabelece a partir de um conjunto de ações com três naturezas específicas sob as estratégias “wares”3. Apreende-se nesse contexto teórico a adoção dessas estratégias de desenvolvimento e seus recursos, considerando as especificidades de país para país, conforme o histórico político, econômico e social de cada um. Tratam-se de estratégias que se superpõem por não terem natureza excludente. Mediante esses estudos teóricos mais recentes, Barquero (1999) apresenta, então, as abordagens hardware, software e instware relativas ao desenvolvimento. 1.2.1 Estratégias Hardware As estratégias hardware de desenvolvimento surgem no contexto de produção fordista que marca o regime de acumulação de capital e o papel centralizador do Estado. Constitui-se em concepções mais tradicionais e etnocêntricas de desenvolvimento onde prevalecem as decisões exógenas, mantendo a proximidade e dependência absoluta entre o centro e o seu entorno regional dentro do contexto do modelo “nacional desenvolvimentista” do Brasil. É um contexto em que são valorizadas as condições próprias materiais de cada espaço tanto nos aspectos de recursos naturais (tamanho, localização absoluta e relativa, reservas minerais, condições favoráveis de solo e clima, quantidade de mão-de-obra), como nos recursos técnicos (infra-estrutura de serviços). Destaca, assim, a importância do capital físico buscando fortalecer o sistema produtivo dentro de uma conotação economicista. 3 “wares” – do inglês: mercadoria que se agrega. 41 Define-se como sinônimo de progresso e de modernização a política de desenvolvimento tradicional ou hardware retratada pelas melhorias físico estruturais, tais como: construção, reestruturação de espaços físicos, pela oferta de serviços (na educação, na saúde) ou por qualquer aspecto qualitativo de caráter materializado. Trata-se, pois, da configuração de ações que caracterizam a tradicional política regional; pois o desenvolvimento hardware refere-se às mudanças estruturais enquanto instrumentos indispensáveis à melhoria do funcionamento produtivo, sob o pretexto de contribuir para o favorecimento de espaços mais adequados para se viver e para trabalhar. 1.2.2 Estratégias Software Como elemento diferencial surgem as estratégias software do desenvolvimento no novo contexto de regime de produção tecnológico-institucional e flexível do capitalismo, quando, sob é égide da “inovação e difusão tecnológica” passam-se a valorizar os recursos qualitativos (qualificação profissional, capacidade empreendedora, redes técnicas, científicas e informacionais). Investe-se nos fatores imateriais do desenvolvimento objetivando a inovação, a criatividade e a competitividade e fazendo prevalecer propostas menos estatais e mais descentralizadas. Identifica-se nas estratégias softwares a localização territorial mais flexível onde o desenvolvimento passa a ser resultado de inovações de caráter endógeno. O software do Desenvolvimento Local caracteriza uma nova política regional, definindo-se como elemento diferencial por se referir aos aspectos qualitativos de desenvolvimento, conforme caráter imaterial destacado. Esta política se representa pelas medidas de favorecimento que incidem sobre os fatores do desenvolvimento humano (capital humano) como propõe Barquero (1999, p.48). Refere-se à qualificação dos recursos humanos, ao know-how cognitivo, tecnológico, inovador, à capacidade empreendedora e interativa e à própria cultura da população local. Constitui-se no expressivo resultado de afetividade do processo de desenvolvimento local, no qual pode se projetar a configuração das dimensões propostas por Brose (2000), em especial, à da mobilidade social. Nessa abordagem, o destaque para o legado da educação com qualidade constitui-se elemento essencial. 42 Barquero (1999) destacou a importância da difusão de propostas inovadoras como um dos seus principais eixos, bem como a própria iniciativa de formação que desempenha um papel estratégico com vistas a fomentar atitudes participativas daqueles que têm acesso a esta oportunidade. 1.2.3 Estratégias Orgware Em avançada concepção surgem as estratégias orgware (instware) do desenvolvimento onde se impõem as inovações institucionais no território, dando ênfase tanto às regras formais (clareza quanto à preservação do meio ambiente, à ocupação do solo, ao “favoritismo” na instalação de empresas, na transparência e flexibilidade administrativas), quanto às regras informais (capacidade organização, articulação e participação, herança cultural e histórica local e as chamadas redes de horizontalidade e verticalidade). Denota, assim, a valorização das potencialidades endógenas do território articuladas com as exógenas conforme também propôs Brandão (2007). Nessas estratégias, se intensificam as localizações territoriais mais flexíveis, prevalecendo modelos de estratégia territorial e mantendo a dimensão relacional do local, valorizando os recursos materiais (naturais e técnicos) tanto quanto os fatores imateriais (know how tecnológico, inovador, empreendedor e a qualificação de recursos humanos). Sob uma determinada abordagem, busca “criar um solo institucional fértil para atender aos grupos hegemônicos”. Concomitantemente, “pode ser uma importante contribuição para a ampliação do entendimento sobre as novas formas de reprodução do capitalismo” (FONSECA, 2007). Na conclusão apresentada por Fonseca as políticas de desenvolvimento instware se apresentam como um processo de transformação; de ampliação das liberdades; de ampliação da qualidade de vida e do fortalecimento da justiça social. Por fim, Barquero (1999) considera que o desenvolvimento se organiza através das decisões que tomam os agentes públicos ou privados, caracterizando a abordagem instware ou orgware, aquela que se destina a melhorar a condição organizativa do território, sinalizando a capacidade dos agentes institucionalizados enquanto organização de fomento, destacando a importância dessa política de desenvolvimento local, na qual se destaca a força do capital social. 43 Considera, portanto, que as ações voltadas à melhoria da organização do desenvolvimento se constituem no centro da nova política do enfoque regional fundamentando que: El desarollo de uma localidade o de um território se organiza através de las decisiones que tornam los agentes publicos y privados. [...] Frequentemente, la existência de lideres locales cataliza el surgimento de la política local, pero em todo caso, es necessário contar com el apoyo explicito o tácito de los demas actores locales (Barquero, 2000, p.50). Também com possibilidade de se denominar desenvolvimento instaware, observa-se, nessa posição do autor, que, à medida em que exista uma melhor capacidade de organização (ou instituição, prospectivamente) numa região ou numa cidade, aumentam-lhe as condições de responder eficazmente às demandas estabelecidas. Destaca, entretanto, que quando essas organizações são de direito público, as suas unidades de gestão administrativa nem sempre são as mais adequadas pois prescindem das competências suficientes em matéria de desenvolvimento local, faltando-lhes a flexibilidade funcional e financeira necessária, sendo revestidas de excessiva burocracia. O que vem a se contrapor com as estratégias que ganham em efetividade, se instrumentalizadas por instituições com autonomia operativa nos aspectos gerencial e financeiro. Podem-se associar aos enfoques tridimensionais de Barquero sobre os aspectos infraestruturais, organizacionais e de qualificação de recursos humanos como políticas de desenvolvimento local, hardware, instware e software a proposta defendida por Brose (2000) da necessidade da realização de Monitoria e Avaliação (M&A) de programas e/ou projetos, sob os enfoques multidimensionais propostos por este último autor. 1.3 Agentes de Desenvolvimento Desde os anos oitenta o Brasil vem passando por transformações que desejam consolidar o Estado Democrático de Direito. Pressões para alcance de uma democracia republicana de fato e de direito tiveram suas pretensões contempladas na promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988. 44 Dentre as mais incidentes estavam as pressões para formalização da Educação Escolar como Direito Social e a convocação da responsabilidade do Poder Publico à atenção a este Direito. Na CF de 88 configuram-se novidades na perspectiva de envolver todos os entes federativos (incluindo dentre eles os municípios), buscando dar maior clareza na decisão de competências entre os mesmos, estabelecendo um Regime de Colaboração e Descentralização ao mesmo tempo autônoma e compartilhada (CURY, 1998 apud ABREU, 1998, p.6), fortalecendo sua função de agentes autônomos. Cury (1998) reconhece na sua análise que a CF 88 começou a esclarecer as competências, mas permitiu fronteiras de atribuições insuficientemente claras, atingindo, sobremaneira “a educação escolar em seus mais diversos níveis e etapas” (CURY, 1998 apud ABREU, 1998, p.6). Necessário então se fez como resultante do Artigo 22 Inciso XXIV da CF 88, o surgimento da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN), em 1996, e da Lei nº 9.424 de 1996, que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), recentemente substituída pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) para esclarecimentos quanto às atribuições, assinalação dos encargos e dos recursos destinados às competências inerentes a cada ente federativo enquanto agente responsável pelo atendimento às demandas locais. No bojo desse processo desencadeia-se o fato político da descentralização ao ser promovida uma alteração constitucional na estrutura de distribuição de poder. Quanto aos agentes sobre os quais esses movimentos de marcos legais promovem a redistribuição de poder e responsabilidades, Abreu (1998) os identifica sob a perspectiva de vários tipos de descentralização: da administração direta para a indireta, entre os níveis de Governo e do Estado para a Sociedade Civil (Abreu, 1998, p.16). Os Estados, após a grave crise fiscal-financeira ocorrida nesse período, resultante da incapacidade de darem conta da crescente demanda de ações sociais e atividades econômicas, tiveram que aderir ao processo de descentralização de suas ações políticas e administrativas. Este processo de descentralização político-administrativa define um novo agir dos agentes de desenvolvimento locais. Antes, as ações eram propostas e executadas pelo poder central que detinha a coordenação dessas em todo o país sob o propósito de corrigir ou reduzir os desequilíbrios regionais através das políticas distributivas e compensatórias. E o 45 desenvolvimento local decorreria da adequação dos governos locais às diretrizes elaboradas pelo governo central. Definem-se, assim, novos papéis para os agentes locais, antes circunscritos ao Estado, passando esses agentes a compartilhar decisões e propostas como atores próximos dos territórios (estados, municípios, organizações governamentais e não-governamentais). A proposta das políticas de descentralização perpassa pela necessidade de recorrer a uma estratégia que possibilitasse o uso e a redistribuição mais eficiente dos limitados recursos públicos que se destinam ao atendimento de ilimitadas demandas locais. Nas proposições conceituais sobre o processo de descentralização, assentam-se aspectos que caracterizam maior relação e articulação entre os agentes da sociedade política com os da sociedade civil, bem como entre as organizações centrais e as locais, estabelecendo-se os critérios, a natureza e a forma de exercício do poder local e da estrutura e funcionamento de suas esferas político-administrativas. Nessa mesma linha de reflexão, Arretche (2000), identifica que esse processo de descentralização vem contribuindo para implementação de políticas sociais locais advertindo quanto à necessidade de uma ampla reforma das estruturas e dinâmicas do Estado, tendo em vista tratar-se de um país caracterizado por grandes desigualdades econômicas, políticas e sociais e da capacidade administrativa de seu governos locais. Neste contexto, o componente de participação de agentes sociais passa a ter destaque assim como o impacto das transformações no plano territorial local (município), dentro da perspectiva da descentralização. Não se pode deixar de identificar, portanto, que são os agentes que possibilitam o procedimento de efetivação para que os espaços, nas diferentes escalas se desenvolvam. Existe uma fase em que é fundamental a presença de sujeitos que possam identificar as deficiências na condição de vida local, para tanto, o indivíduo é participante fundamental, pois é capaz de demonstrar, através da união, em associações e articulações, podendo representar os interesses e necessidades da comunidade local e direcionar as ações de outros agentes no sentido de melhorá-los. Além do agente individual, existe, ainda, a participação do agente institucional que detém o poder de determinar qual direção deve ser seguida através de investimento. Tais inversões podem ser executadas por instituições públicas ou privadas. Como ente público, o Governo determina a criação de políticas públicas com objetivo “desenvolvimentista” que serão executadas nas esferas governamentais e, em muitos casos, serão destinadas a atrair a participação privada nesse contexto. 46 González (s.a., s.p.) discorre sobre a presença de agentes institucionais da seguinte maneira: Dentro del modelo teórico y la práctica del Desarollo Local la presencia de diferentes poderes públicos e instituciones es prácticamente común. Al ser el Desarollo Local un proceso de transformación integral, consciente y voluntario por parte de las colectividades locales, es necesario, por consiguiente que exista un ente u órgano administrativo o de relación directa con los niveles de gobierno, que fije, impulse y organice el próprio proceso de Desarollo Local [...] y la participación de la sociedad civil, población y empresas, en el mismo (GONZÁLEZ, s.a., s.p, grifo nosso). Ainda para González, o agente público desempenha o papel principal por ser responsável pela organização territorial – sua infra-estrutura – além de ser o agente de planejamento, fomentador e executor de projetos e programas voltados à área social. E, corroborando com a análise de Sen (2000), González afirma que a participação da sociedade é de fundamental importância no processo de desenvolvimento. Pese al importante papel de lo público, es evidente que sin participación ni asimilación social cualquer iniciativa de desarollo local está encaminada al fracaso. Por ello es necesario que los programas y estratégias de desarollo respondan a las iniciativas y a las demandas de la población. (GONZÁLEZ, s.a., s.p.). Fica evidenciado o quanto a participação coletiva de instituições públicas e privadas, em conjunto com a sociedade, é estratégia determinante no caminho de um potencial desenvolvimento local, levando em conta o próprio processo se descentralização. Nessa evidência de participação das Instituições, enquanto agentes de Desenvolvimento, cabe uma reflexão para elucidar as concepções sobre esse segmento considerando que o objeto da pesquisa, a Universidade Estadual de Feira de Santana atua como agente no contexto regional e local (em cada município) na perspectiva de caracterizar as “estratégias institucionais” em favor do desenvolvimento. 1.4 Conhecendo sobre Instituições Ao tomar o conceito de instituições como objeto, faz-se necessário participar de um debate sobre a sua natureza conceitual, até porque, disso depende esclarecerem-se os vínculos 47 essenciais da pesquisa a ser desenvolvida e sua conexão com o tema em questão, como referencial prático. As instituições são consideradas como “guias para a vida diária”, conforme expressa Fonseca (2006, p.23), pois as atividades institucionalizadas de ordem territorial, política, econômica, social e cultural afetam a vida em sociedade o que as caracteriza como “marco considerável de restrições tanto nos comportamentos sociais como nas tomadas de decisões políticas e econômicas” (FONSECA, 2006, p.24). Ressalta, ainda, o mesmo autor, com base em Putnam (1996), que “as instituições são mecanismos de decisão e ação, e objetivam alcançar propósitos” (p.24). O caráter polissêmico do termo Instituição define sua abrangência conceitual que, em essência, mantém em comum o fato de serem invariavelmente “criações humanas com o objetivo de dar forma às interações sociais” (Fonseca, 2006, p.23) Fonseca também apresenta outros relevantes objetivos das Instituições tais como: agilizar a resolução de problema específico de coordenação econômica, social e política e fiscalizar e obrigar o cumprimento das leis e prerrogativas relacionadas aos contratos e direitos de propriedade. Essas outras denominações denotam o quanto a evidência dos estudos sobre as instituições tem aumentado. Desde a década de 70, com as reestruturações econômicas e tecnológicas que, por sua vez, vêm exigindo a redefinição do papel do Estado interna e externamente, busca-se a identidade e funcionalidade das Instituições. Embora por caminhos diferentes, a década de 80 demarcou o ressurgimento da importância das instituições. Isto, de certa forma, tem recuperado e renovado o debate sobre o papel que exercem na atual sociedade e formas de abordar seu estudo, presente, principalmente, na vertente do neoinstitucionalismo. As instituições aqui são tomadas como importantes atores na definição da realidade social, não sendo apenas reflexo dos interesses gerais da sociedade, ou um instrumento assegurador dos privilégios de uma classe. Essas variadas interpretações quanto ao seu sentido provocaram estudos que agregaram modernas concepções dentre as quais se destaca o novo institucionalismo. O denominado neoinstitucionalismo surgiu entre as décadas de 70 e 80 como resposta tanto às crises dos paradigmas tradicionais – o behaviorismo, o funcionalismo e o marxismo, como às abordagens racionalistas e formalistas das instituições. De certa forma, estas abordagens estão relacionadas ao institucionalismo antigo que não reconhece uma lógica 48 própria no funcionamento das instituições, identificando-as como partes de um sistema maior e cumprindo funções pré-determinadas. Este novo institucionalismo marca algumas diferenças explicitadas por Fonseca através de afirmações de Gorostiza. Dos destaques diferenciais quanto aos agentes, à base metodológica, à própria elaboração de modelos institucionais, a perspectiva conceitual mais homogênea considera que além de mais difusas, as instituições “apresentam vários matizes uma vez que fazem referência à estrutura social e ao comportamento organizado da sociedade” (GOROSTIZA apud FONSECA, 2006, p.29-30). Todas essas diferenças expressam sua heterogeneidade interna em relação ao velho institucionalismo, com características exógenas, notadamente no âmbito econômico, como destaca Fonseca no seu trabalho. Ao apresentar o papel das instituições para a organização e dinâmica territorial, o autor expressa o poder que estas têm para reduzir incertezas, ampliar as potencialidades da escala espacial local, facilitando a interação social e direcionando a eficiência da gestão governamental e do próprio desenvolvimento. Nesse sentido, refere-se ao protagonismo assumido pelos municípios a partir das mudanças implantadas no Brasil pela autonomia que os municípios passam ter com promulgação da CF 88. Essa concessão da maior autonomia político-administrativa e financeira do espaço-município, enquanto reconhecidos entes federados, desencadeou o processo de descentralização, viabilizando importantes tomadas de decisão que fomentam o desenvolvimento local através das “estratégias institucionais” explicitadas por Fonseca (2006). Reconhece-se a instituição como um sistema organizacional de importantes padrões sociais observados pela sociedade que, por sua vez, influencia o ambiente de forma a provocar mudanças no comportamento das pessoas e dos grupos sociais a partir de normas, valores e princípios que se manifestam em seus serviços. Sob tal perspectiva, Dalsasso (2006) considera as instituições como inseminadoras de valores e formadoras de paradigmas, sendo, em grande parte, responsáveis pelo processo (endógeno) de mudança social. As instituições, consequentemente, assumem a importância como variáveis explicativas enquanto espaço privilegiado onde ocorre a intersecção de inputs e outputs das políticas, representando a grande estratégia da política através da qual interesses sociais são convertidos em programas e políticas públicas. Outro aspecto a ser explorado é da legitimidade das instituições públicas. A legitimidade institucional assume importante destaque na pesquisa sobre a questão por que ela 49 pode apreender não só como as pessoas são levadas a tolerar certos níveis de debilidade institucional, mas como a própria instituição desenvolve ações para diminuir ou neutralizar ameaças à sua existência. Portanto, ela permite uma avaliação dos mecanismos e condições para administrar o nível de legitimidade institucional. Num sentido mais afirmativo, a construção da legitimidade pode assinalar o processo de organização e reorganização dos arranjos institucionais, manifestando graus diferenciados de permeabilidade e demandas específicas. Desta forma, o estudo da legitimidade das instituições políticas e de suas crises se constitui importante instrumento para explicar a origem, a ruptura, e a sua continuidade. É importante atentar, contudo, para a necessidade de um estudo, verificando a existência das novas formas de legitimidade surgidas em decorrência das transformações recentes na estrutura estatal, na sociedade e na cultura em geral. Segundo apresenta Fonseca (2006, p.23), North (1993) define que a “conjunção de regras formais e informais representa o marco institucional”. Nesse sentido, o autor destaca o papel do Estado enquanto instituição de intercâmbio que gera incentivos, que estabelece políticas governamentais decisivas para o desempenho não só econômico, mas também sociopolíticocultural conforme estabelecem as disposições legais e procedimentais relativas ao respectivo ente federado. Todos os marcos legais subsidiam as regras formais escritas que definem as políticas, pedagógicas, jurídicas, contratuais, comportando uma hierarquia, regras que flutuam desde às mais gerais, estabelecidas pela Constituição de um país, até as suas mais especificas [...] criadas pelo indivíduo com o objetivo de agilizar a solução de problemas específicos de coordenação econômica, social e política. (FONSECA, 2006) Como ilustração contextual de regras formais, em relação ao que incumbe à Instituição Universitária, o Plano Nacional de Educação – Lei 10.172 , de 09 de Janeiro de 2001, prevê especificidades institucionais nos seus Objetivos e Metas para Educação Superior. Também de acordo com os objetivos republicanos presentes na Constituição Federal de 1988 fica identificada, como no Artigo 3º a concepção de educação proposta pelo PDE que reitera os seguintes propósitos institucionais definidos para a Educação Superior: Construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais além de promover o bem de todos sem preconceito de origem, raça, cor, idade, e quaisquer formas de discriminação (BRASIL, PDE, p.4, grifo nosso). 50 As evidências dos marcos legais que estão consignados para as atribuições institucionais reforçam o quanto as instituições são importantes agentes definidores da realidade social, que assumem uma particular atuação conforme o espaço de intervenção e o contexto dos diferentes segmentos sociais.Em especial, quando se referem a decisões de políticas públicas dos direitos sociais, destacadamente os relativos ao direito à educação. 1.5 O Papel da Educação no Desenvolvimento Diversas análises e concepções teóricas evidenciam a educação com qualidade e construída sob pressupostos éticos, morais e sociais, como ferramenta essencial no processo de desenvolvimento. Identifica-se que através dela se alcança a formação de seres humanos críticos,competentes,participativos e questionadores em sua condição e inserção na realidade, promovendo o que se pode designar estratégia software. Enquanto abordagem decisiva para o processo a orgware ou abordagem instware compõe as mais relevantes contribuições que definem a plenitude de promover-se o desenvolvimento sob bases econômicas e sociais. O aspecto hardware do desenvolvimento se constata pelas condições dos recursos naturais instalados. A educação e o desenvolvimento têm-se constituído, ao longo dos tempos, duas temáticas dicotomicamente tratadas em nossa história: a educação exacerbadamente centrada no circuito fechado no processo ensino-aprendizagem e o desenvolvimento econômico submetendo povos, grupos e indivíduos a regras capitalistas. Mas essa dicotomia não tem a mínima razão de ser no contexto da relação educação e desenvolvimento local, pois este emerge de dinâmicas socioculturais orientadas para endogenização de capacidades, competências e habilidades nas comunidades locais, a fim de que se desenvolva em todos os sentidos e não apenas no contexto econômico. O aspecto sóciopolíticocultural é que gera o desenvolvimento econômico, e não ao contrário, de acordo com as teorias e práticas capitalistas vigentes. Nesse sentido as comunidades locais precisam cultivar o hábito de melhor conhecer as potencialidades humanas (capital humano) e sociais do seu meio de convivência. O conceito de Capital Humano foi sendo construído no final da década de 1950 e início da década de 1960. A definição criada por Theodore W. Schultz (Prêmio Nobel de Economia em 1978), em 1961, foi um marco importante. No surgimento do capital humano se 51 definia o papel da educação formal como promotor do bem estar social e cultural. Esta visão inicial levou muitos pesquisadores a rejeitarem as idéias da Teoria do Capital Humano, sobretudo, pelo conceito de investimento em seres humanos o que, segundo Schultz se relacionava com a luta da sociedade contra a escravidão. No seu trabalho de reconfigurar conceitualmente a Teoria do Capital Humano o autor destaca a importância da avaliação dos retornos advindos da educação como fatores de desenvolvimento. Ressalta, assim, a existência das contribuições da educação sobre a cultura, a economia e sobre outros benefícios sociais (SCHULTZ, 1973). Surge, neste momento, a disciplina Economia da Educação com a preocupação de explicar os ganhos de produtividade gerados pelo “fator humano” na produção. A conclusão de tais esforços redundou na concepção de que o trabalho humano, quando qualificado por meio da educação, era um dos mais importantes meios para a ampliação da produtividade econômica, e, portanto, das taxas de lucro do capital. Aplicada ao campo educacional, a idéia de capital humano gerou toda uma concepção tecnicista sobre o ensino e sobre a organização da educação, o que acabou por mistificar seus reais objetivos. Sob a predominância desta visão tecnicista, passou-se a disseminar a idéia de que a educação é o pressuposto do desenvolvimento econômico, bem como do desenvolvimento do indivíduo, que, ao educar-se, estaria “valorizando” a si próprio, na mesma lógica em que se valoriza o capital. O capital humano, portanto, deslocou para o âmbito individual os problemas da inserção social, do emprego e do desempenho profissional e fez da educação um “valor econômico”, numa equação perversa que equipara capital e trabalho como se fossem ambos igualmente meros “fatores de produção” (das teorias econômicas neoclássicas). Além disso, legitima a idéia de que os investimentos em educação sejam determinados pelos critérios do investimento capitalista, uma vez que a educação é o fator econômico considerado essencial para o desenvolvimento. Segundo Pires (2005, p.73) um impulso significativo na divulgação do capital humano aconteceu pela publicação da Unesco, em 1971, de uma coletânea denominada Readings in the Economics of Education. Nesse documento constam textos clássicos sobre a economia da educação que fazem a relação entre o investimento em educação e o desenvolvimento econômico e, também, o comparativo entre países. Pelos itens abordados pela coletânea, observa-se que a discussão era marcada pelo papel da educação e sobre o modo de promovê-la. Verifica-se também que as discussões conduzem a uma afirmação de que a educação é um requisito fundamental para o desenvolvimento econômico e para a relevância de os governos adotarem uma política para a 52 ampliação do acesso da população ao ensino formal. Nesse documento constam três textos de Theodore W. Schultz. Vale ressaltar que Theodore W. Schultz, juntamente com Mary Jean Bowman e Gary S. Becker, se tornaram nomes obrigatórios na discussão sobre o capital humano, que ganhou força de 1960 a 1970 e retornou com força renovada na década de 1990. Concomitante aos avanços do modelo neoliberal proliferado na década de 90, esses anos também foram marcados pela discussão a respeito das concepções teóricas relativas ao processo de desenvolvimento e, nesse contexto, o papel social da educação também apresenta fortes marcas frente aos novos desafios impostos pela sociedade da globalização econômica, da mudança do modo de produção e do aumento dos níveis de pobreza. Promoveram-se, de 1990 a 1995, seqüenciadas conferências internacionais centralizando essas novas reflexões, a exemplo da Cúpula Mundial da Infância (Nova Iorque, 1990); a Conferência Mundial de Educação para Todos (Jomlien, Tailândia, 1990); a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Rio de Janeiro, 1992); a II Conferência Internacional dos Direitos Humanos (Viena, 1993); a Conferência Internacional sobre a População e Desenvolvimento (Cidade do Cairo, 1994); a Cúpula Mundial de Desenvolvimento Social (Copenhague, 1995) e a Conferência Sobre a Mulher, Desenvolvimento e a Paz (Beijing, 1995). Essas importantes Conferências examinaram os vários aspectos do desenvolvimento social, procurando influir sobre as opiniões e as políticas nacionais. Identificou-se, nessas análises, a educação como instrumento importante em todos os âmbitos chegando-se a fixar metas para a educação a serem alcançadas pelos países. O binômio educação e desenvolvimento passa a ser assumido pelas Universidades na linha de tantos estudos comprobatórios realizados na própria academia e, até mesmo, por Órgãos Nacionais como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e internacionais vinculados às Nações Unidas, à exemplo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que confirmam a relação entre a educação e o desenvolvimento. No Brasil, o estudo do IPEA de 2002 demonstra que apenas o impacto de um ano extra na escolaridade média da população deve aumentar a taxa de crescimento anual de renda per capita em 0,35 ponto percentual. Pode-se entender nesse contingente econômico, a relação entre educação e desenvolvimento, mas uma educação revestida do compromisso social que lhe deve ser inerente, ou seja, a educação que possa trazer ao indivíduo , dentro de 53 seu contexto social, capacidades potencializadoras que lhe permitam envolvências nas práticas sociais, a ponto de não só contribuir com o “desenvolvimento” mas também de participar de uma vivência cidadã com direitos e consciência de seus deveres. O Relatório Mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, avaliando e acompanhando sob o aspecto técnico e mesmo acadêmico, as condições históricas, estruturais e conjunturais do desenvolvimento, desde 1990, à proporção em que coloca a educação como primeiro indicador de desenvolvimento humano “empurra para uma compreensão muito diferente e, com certeza, mais profunda do fenômeno da pobreza” (DEMO, 1996. p.71). Apesar de criticar alguns registros do relatório do PNUD, Demo reconhece louvável a criação do IDH pela ONU e o destaque do indicador “educação” ou “nível de conhecimento” como eixo da transformação dos IDHs e, conseqüentemente, como fator de desenvolvimento, para o que atribui a seguinte razão: O conceito de desenvolvimento como oportunidade e como humano, a valorização estratégica da educação e do conhecimento, a preponderância de indicadores sociopolíticos sobre os econômicos são, entre outras marcas, contribuições inestimáveis (DEMO ,1996, p.8, grifo nosso). Nessa perspectiva Demo passa a atribuir a desenvolvimento o referencial de “oportunidade”, justificando que: O desenvolvimento é definido como “oportunidade” enquanto fenômeno fundamentalmente histórico que fica condicionado às circunstâncias de cada país e de cada local no que tange à sua dimensão e população [...] definindo a qualidade histórica que se reverte em competência histórica, construindo suas bases sob a “conquista” do desenvolvimento (DEMO, 1996, p.10, grifo nosso). Ao indagar sobre o que melhor viabiliza essas possibilidades de “conquista”, Demo entende que a resposta mais consensual é a educação desde que “emancipatória, combinando conhecimento com cidadania” reconhecendo a proximidade desse indicador com a qualidade da vida humana (DEMO, 1996, p.11). Prevalece, portanto, o destaque da educação como oportunidade ou fator de desenvolvimento. O Relatório do PNUD de 2003 marca esse referencial histórico destacando que a educação é um componente que influencia o IDH de cada município, afirmando que “para aferir o avanço de uma população não há de se considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam na qualidade da vida humana” (PNUD, 2003). 54 Estabelecidas estas condições e reconhecidas estas possibilidades do indicador educação entende-se que a execução da proposta político pedagógica do Programa de Formação de Professores pode se configurar como instrumento para a referida conquista de desenvolvimento, uma vez que respostas emergentes dos municípios de realização do Programa têm validado o binômio educação-desenvolvimento Pelos mecanismos utilizados para formação de educadores poderá se desencadear a promoção do cumprimento de uma das principais dimensões propostas por Brose (2000, p.107), o da mobilização da sociedade sobre o que o autor destaca ser necessária uma ativa participação do cidadão, em engajamento na diversificação na sociedade civil para possibilitar que as demandas da comunidade sejam levadas em consideração nos processos decisórios. Sen (2000) adverte o quanto as oportunidades sociais de educação devem complementar as oportunidades individuais de participação econômica e política. Seguindo esse pensamento, Dowbor (2003, p.1) assim se manifesta: A idéia da educação para o desenvolvimento local está diretamente vinculada à compreensão de que pode tomar o seu destino em suas mãos e à necessidade de se formar pessoas que amanhã possam participar de forma ativa das iniciativas capazes de transformar o seu entorno e de gerar dinâmicas construtivas. Neste trabalho, Dowbor afirma que, diante da tendência crescente das iniciativas locais, “a Educação não será apenas referencial de conhecimentos gerais, mas de como esses conhecimentos se materializam em oportunidades e possibilidades de ação para o desenvolvimento local” (DOWBOR, 2003, p.1). O mesmo autor ainda esclarece que o atual objetivo da educação perpassa pela concepção de permitir aos alunos que tenham acesso aos dados básicos de seu contexto em cuja realidade eles estão encaixados, identificando suas potencialidades, dando embasamento concreto à própria teoria de envolvê-los na busca de alternativas para enfrentamento das dificuldades que se apresentam: reforçando, mais uma vez, as dimensões propostas por Brose. Na sociedade do conhecimento, é imprescindível a formação cidadã desenvolvida no âmbito educacional, permitindo ao educando contextualizar-se, entendendo e intervindo no seu entorno e no mundo, contribuindo, através da educação, com um bom grau de criatividade e transformatividade e assim, de acordo com a dinâmica das mudanças, exercer sua cidadania autônoma, crítica, participativa e transformadora. Um estudo sobre a educação, nessa realidade histórica, precisa levar em conta que, antes de ser considerada como bem de consumo, há de se reconhecê-la como um investimento 55 de grande relevância social, e mais do que um direito fundamental, é, principalmente, um instrumento indispensável para um processo de desenvolvimento social. Reforçando esse convencimento, as razões que norteiam as propostas do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) expressam a necessidade de se fazer cumprir o que a própria Constituição estabelece: Só é possível garantir o desenvolvimento nacional se a educação for alçada à condição de eixo estruturante da ação do Estado de forma a potencializar seus efeitos (BRASIL, PDE, 2007, p. 5). Acrescentando a seguir: Enlace entre educação e desenvolvimento é essencial na medida em que é por meio dele que se visualizam e se constituem as interfaces entre a educação como um todo e as outras áreas de atuação do Estado. (p. 6). Diante dessas concepções pode-se afirmar que a preparação para a vida social é exigência fundamental, especialmente porque um dos pontos fortes da chamada sociedade pós-moderna é a emergência de movimentos localizados, baseados em interesses comunitários mais restritos, no bairro, na região, nos pequenos grupos organizados em associações civis, entidades não-governamentais, e, constata-se, sob tal perspectiva, que a forma mais adequada de promover-se o desenvolvimento econômico e socialmente justo e de fazer com que as pessoas dele participem é através da educação. Assim colocando, pode-se entender o desenvolvimento como um conjunto de fatores sociais, políticos e culturais que transcendem a lógica do sistema de mercado, imposta pelo neoliberalismo. Ainda que o crescimento econômico seja uma variável, não é fator suficiente para determinar o efetivo desenvolvimento local. Este é um projeto que, mesmo refletindo os inevitáveis contingentes do mercado, decorre, principalmente, das relações de conflito, de cooperação, reciprocidade entre atores sociais, bem como dos interesses e ações de natureza política e social, onde se encaixa a ação educacional. A geração de conhecimento sobre a realidade local, a promoção de atitude intervencionista, enquanto mobilização social, integra uma educação que pode tornar-se no instrumento científico-pedagógico da transformação local. Considera-se, portanto, a inquestionável relevância da educação, como fator de desenvolvimento social, a possibilidade de demonstração de intervenções de recursos 56 humanos qualificados para (re)definir as melhores condições de vida dos contextos locais e regionais. Reconhece-se, entretanto, que as políticas educacionais no mundo e no Brasil vêm sendo influenciadas pelo projeto neoliberal até mesmo na formulação de documentos que também regulamentam a implementação de programas desde a Educação Básica até a Educação Superior, consolidando-se pelas exigências expressas estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases do Ensino (LDBEN), de dezembro de 1996 . Dessa forma, educação em nossa sociedade se apresenta submissa a um sistema político neoliberal, com interesses apontados para uma corporação mínima e concentra seus fins naquilo que lhe convém como lucro para o capital, assumindo, assim, a perspectiva de mercadoria ou serviço que se compra, e não de um direito universal, tornando-se competitiva, fragmentada, dualizada e seletiva, social e culturalmente . Considerando-se que a história atual está permeada por novas contradições em que se desencadeia um intenso debate no campo do desenvolvimento, o pensamento econômico convencional é reexaminado, integrando-se a novas dimensões conceituais, atentos aos desajustes e às polarizações sociais em Regiões como na América Latina e, dentro dela, o Brasil onde o retrocesso social com registros de indicadores de empobrecimento, de novos grupos subjugados e de condição de pobreza ou de extrema pobreza, conforme apresenta Laurell (2002), é resultado da política neoliberal e sua influência na América Latina. Nessa linha de pensamento, Pablo Gentilli (1995) enfatiza que o neoliberalismo ataca a escola pública a partir de uma série de estratégias privatizantes, mediante a aplicação de uma política de descentralização autoritária que, tentando imprimir uma reforma cultural, nega e dissolve a existência até mesmo do direito à educação. Apesar do processo de expansão nas últimas décadas, no que se refere ao número de vagas, a educação, em particular, os sistemas educacionais sofrem de uma crise essencialmente de falta de qualidade, resultante da improdutividade que caracteriza as práticas pedagógicas e da má gestão administrativa da grande maioria das escolas, caracterizando assim, uma crise gerencial, que promove, em determinados contextos, mecanismos de exclusão, tais como a evasão, a repetência, o analfabetismo etc. Esta crise é explicada, segundo os neoliberais, pelo caráter ineficiente do Estado em gerenciar as políticas públicas. Segundo Soares (2003), o pensamento neoliberal, que avança nas estratégias de reduzir a ação estatal no terreno do bem-estar social, defende, além da focalização, a privatização dos financiamentos e da produção dos serviços públicos, incorrendo nos cortes dos gastos sociais, eliminando programas e reduzindo benefícios, como também defende a 57 descentralização, em nível local, sem desconcentrar políticas estratégicas e gestão de grandes fundos. Sob essas concepções ideológicas, apresenta-se, assim, o cenário de conflitos, de crise, quanto às imposições do modelo neoliberal, que, conforme Sader (2003), promove o esgotamento das políticas econômico-sociais, chegando a definir o Estado mínimo para os pobres e o Estado máximo para o capital financeiro, no qual este mercado não respeita os direitos sociais conquistados, sacrificando a população. Opondo-se à perspectiva do neoliberalismo que concebe a educação como uma mercadoria, reduzindo nossas identidades às de meros consumidores, desprezando o espaço público e a dimensão humanista da educação, surge, no Fórum Mundial de Educação, uma concepção emancipadora da educação que respeita e convive com a diferença, promovendo a intertransculturalidade. A partir desse Fórum, nasce a concepção de educação cidadã fortemente enraizada na educação popular e comunitária que, na década de 80, traduziu-se pela expressão “escola pública popular”. A Educação Cidadã que tem como objetivo contribuir na criação das condições para o surgimento de uma nova cidadania, constitui-se em espaço de organização da sociedade para a defesa de direitos e para a conquista de novos. Denomina-se por “Escola Cidadã” uma certa concepção e uma certa prática da educação “para e pela cidadania”, que, sob diferentes denominações, são realizadas, em diversas locais, regiões, territórios do país, principalmente em municipalidades onde o poder local foi assumido por partidos do chamado campo democrático-popular. Esse modelo de Educação está associado a uma concepção pedagógica cada vez mais consolidada e que se tem chamado de “concepção dialética da educação”, seguindo os caminhos da pedagogia da práxis. Ela se inspira, direta ou indiretamente, no pensamento de Paulo Freire. Alguns dos seus princípios pedagógicos ou de intuições originais de sua prática, são facilmente encontrados nas experiências de educação cidadã, fundadas em relações eminentemente democráticas. Nesse cenário, a educação para o desenvolvimento local deve ser entendida como um fator de realização da cidadania, com padrões de qualidade da oferta e do resultado, na luta pela superação das desigualdades sociais e da exclusão social. Portanto, a articulação da escola com a sociedade deve favorecer à cidadania, pela incorporação de conhecimentos, habilidades técnicas, novas formas de solidariedade social, vinculação entre trabalho pedagógico e de lutas sociais pela democratização do Estado. Dentro dessa concepção, Freire 58 (2001) diz que o conceito de cidadania vem associado ao conceito de participação, de interviniência nos destinos históricos e sociais do contexto onde o homem está inserido. Ratificando esse pensamento, vale ressaltar a posição de Demo (2002) sobre a atuação da educação no indivíduo, defendendo a idéia de que a população só pode compreender que a exclusão política e econômica da maioria é injusta, historicamente produzida e mantida, através de uma escola pública que lhes mostre isso criticamente e instrumente-a adequadamente para luta histórica. A construção da cidadania não se separa da sociedade democrática. Como a educação/ escola pode preparar para a democracia e o exercício da cidadania se ela não é democrática, nem tão pouco, cidadã? Sob as múltiplas teorizações e evidências apresentadas, entende-se que, caso não se reconstruam, conjuntamente, as possibilidades de melhoria na qualidade da educação em permanente cumplicidade com a sociedade organizada para que esta assuma tal priorização,o desenvolvimento, com o fim das desigualdades sociais, será uma eterna utopia pela qual se dedicará uma vida de sonhos que nunca serão realizados. Enfim, o maior desafio está na construção de uma educação participativa e cidadã que verdadeiramente venha contribuir para desenvolvimento pleno do ser humano. Isso significa aprender/educar além ou apesar da educação formal, como esclarece Boaventura Santos (2000), ao afirmar que só através de um pensamento crítico, independente, de participação efetiva é possível se alcançar uma transformação emancipatória da sociedade, podendo, assim, confirmar-se a educação como fator de desenvolvimento. Fortalece-se, por esta e outras tantas afirmações, a idéia da educação como eixo estruturante da cidadania, como principal componente da sustentabilidade ao desenvolvimento social, político, econômico e cultural. Deve-se, pois, pensar e fazer educação como estratégia de formação cidadã para a preservação dos valores culturais, sociais e humanísticos, concebendo e constituindo políticas públicas sociais que visem, estrutural e organizadamente, o alcance desses propósitos. Refletindo sobre todas essas concepções, será observada a aplicabilidade delas pela instituição pública de educação, Universidade Estadual de Feira de Santana, que terá sua gênese, organização e ações expressas no capítulo seguinte. 59 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA: Gênese, Organização e Ações Os diagnósticos sociopolíticos, econômicos e culturais mais recentes, em vários países do mundo, confirmam o quanto a formação educacional é imprescindível para que o cidadão entenda e intervenha no seu entorno. A partir de uma formação crítica, criativa e emancipatória é possível contribuir-se para o desenvolvimento local socialmente justo e economicamente favorável. Cumpre à Instituição Pública, como o é a Universidade Estadual de Feira de Santana, o dever de implementar políticas de educação com qualidade para contribuir com este modelo de desenvolvimento, transformando-se, assim, em um importante agente parceiro. Para isso, é necessário que esteja atenta à velocidade dos avanços científicos, tecnológicos e humanísticos. Considerando-se que este trabalho investiga em que medida a UEFS vem cumprindo o papel de agente, tomou-se como referencial, para esta análise, um de seus Programas Especiais de Ensino da Graduação, perspectivando-se que os dados que compõem esses programas identifiquem a gênese da instituição bem como sua organização e ações finalísticas no que tange às atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão. Por conseguinte, os dados a serem apresentados pretendem esclarecer a origem e registrar sua trajetória acadêmico-administrativa sob aspectos quantitativos e qualitativos, com destaque para o recorte temporal referente aos últimos cinco anos (2003-2007). Os referidos dados serão obtidos através de pesquisa documental que explicite sua estrutura organizacional e ações no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão, além de informar, através da dados, registros de quadro docente, acervo bibliográfico, orçamento e infraestrutura, dentre outros detalhamentos. 2.1 Gênese Desde 1955, quando se realizou em Feira de Santana, a I Jornada Universitária, por iniciativa do governo municipal, apoiado pelo estadual, representantes da sociedade local (professores, estudantes, segmentos religiosos, políticos e demais representações da 60 sociedade) reinvidicaram ao Governo Estadual, a implantação de Unidade de Ensino Superior, o que veio a ser reiterado, em 1967,quando um inquérito realizado pela Prefeitura Municipal, registrou que 95% dos entrevistados (todos residentes em Feira de Santana) pleiteavam a instalação de uma Universidade no Município. Nessa seqüência, o Estado da Bahia, no ano de 1968, delineou uma política de educação que apresentava como foco a ampliação e expansão do sistema de ensino em seus vários níveis, no sentido de preparar quadros para o processo de industrialização. Era o chamado Plano Integral de Educação e Cultura do Governo do Estado (PIEC). Dentro desse contexto, o Governo do Estado envidou esforços visando à interiorização do Ensino Superior. Nesse primeiro momento, foram criados ou apoiados Cursos Superiores para Formação de Professores através de Licenciaturas que visavam precipuamente à formação do quadro docente para a Educação Básica (Ensino Fundamental e Ensino Médio), no sentido de ampliação da oferta dessa base fundamental de ensino (BAHIA, 2004, p.3)4. Sendo assim, expressa a Conselheira Margarida Fahel (BAHIA, 2004) que desse processo de interiorização do ensino superior àquele momento do Plano Integral de Educação, foi o município de Feira de Santana caracterizado como o mais importante centro polarizador de desenvolvimento do interior do Estado, em razão do que, foi instituída, em 1968, a Faculdade de Educação, no município, conforme Decreto nº 20.647 e autorização de funcionamento, pelo CEE/BA, por Resolução nº 07/69. Uma vez instituída a Faculdade Estadual de Educação de Feira de Santana, em 1968, permanece o anseio da comunidade em vê-la ampliada com a sua transformação em Universidade, o que se deu em 1970. O anseio nasce da convergência de pressupostos e motivações do povo feirense, carente de uma instituição voltada para a formação de profissionais especializados e capacitados a suprir as demandas nas áreas de ensino, prioritariamente, e a de técnicoprofissionais. Diante da grande expectativa local, muitas mobilizações levadas a efeito capitaneadas por personalidades feirenses ou sediadas em Feira de Santana (a exemplo do Dr. Geraldo Leite – médico residente em Feira que, por ter sido professor da Universidade Federal de Sergipe, idealizou criar uma faculdade de medicina em Feira de Santana, de Dr. Fernando Pinto de Queiroz – advogado e professor residente em Feira de Santana que idealizava fundar uma faculdade de direito no município, Dr. Edivaldo Boaventura – feirense, educador e 4 CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, Parecer nº 312/2004 do Decreto nº 9.271 de 14 de dezembro de 2004, publicado no Diário Oficial do Estado de 15/12/2004. Recredenciamento da UEFS. Relatora: Margarida Cordeiro Fahel. 61 magistrado, Secretário da Educação do Estado, à época, que também pretendia a interiorização do ensino superior na Bahia) e fortalecidas pela participação efetiva do parlamentar federal Dr. Wilson da Costa Falcão, incentivaram e convenceram o Governador da Bahia, Luiz Viana Filho, em 1969, a definir os procedimentos legais para a criação da Universidade Estadual de Feira de Santana. Cumprindo-se esta expectativa, o Diário Oficial do Estado (DOE) publica, em 29 de novembro, o Decreto Estadual nº 21.583 de 28.11.1969, que dispõe sobre os meios necessários para instalação e funcionamento da então Fundação Universidade de Feira de Santana (FUFS) que, por sua vez, precedeu a implantação definitiva da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a primeira Universidade Estadual implantada no Estado da Bahia. Na altura do seu artigo 4º, o Decreto nomeia uma Comissão composta por Dr. Geraldo Leite, Joaquim Vieira de Azevedo Coutinho Neto (representante da Secretaria de Educação do Estado) e Maria Cristina de Oliveira Menezes (feirense, professora universitária, docente da Faculdade Estadual de Educação, filha do Deputado Estadual Áureo de Oliveira Filho, e indicada pelo Secretário de Educação do Estado), destinada a elaborar um anteprojeto de implantação da Fundação. Para essa empreitada é digna de destaque a representação de grupos políticos da época liderados pelos Deputados feirenses Áureo de Oliveira Filho e Augusto Matias da Silva que se empenharam, na Assembléia Legislativa, para aprovação, por unanimidade, do Projeto de Lei que foi transformado na Lei nº 2.784. Em 24 de janeiro de 1970, o Governador, acompanhado dos citados deputados estaduais e do deputado federal feirense, de vários Secretários de Estado e de auxiliares imediatos, esteve em Feira de Santana, para, em ato solene, com expressiva presença da comunidade local, do Prefeito Municipal, João Durval Carneiro, da Comissão de Implantação presidida pelo Dr. Geraldo Leite (que veio a ser o primeiro Reitor da UEFS), das autoridades e representantes das mais variadas instituições, professores, estudantes e o povo em geral, sancionar, no Fórum Felinto Bastos, a Lei nº 2.784. Esta Lei incorpora à UEFS os bens e direitos que pertenciam à Faculdade Estadual de Educação de Feira de Santana e ao Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand. Ao lado disso, destina anualmente à Fundação 5% do Fundo Especial de Ensino Superior e Cultura, criado pela Lei Estadual nº 2.435, de 27 de março de 1967. Em 16 de abril, do mesmo ano de 1970, foi aprovado o Estatuto da Fundação, conservando, na íntegra, o anteprojeto do Relatório da Comissão de Implantação. 62 Em 1972, a Faculdade de Educação é incorporada à Universidade e tem início o processo de autorização de funcionamento da Universidade junto ao Conselho Estadual que não chega a concluir a sua análise, pois o Conselho Federal de Educação avoca para si a competência de autorizar o funcionamento de universidades estaduais, resultando na transferência do pedido de autorização para aquele órgão, em 1975. Após visita da Comissão Verificadora e cumpridas as exigências, obtém-se do Conselho Federal de Educação parecer5 favorável à autorização de funcionamento, a qual é concedida pelo Decreto Federal 77.496, de 27.04.1976, com o seguinte elenco de cursos: Licenciatura 1º e 2º graus em Letras, com habilitação em Português-Inglês e PortuguêsFrancês; Licenciaturas em Ciências, com habilitação em Matemática e Biologia e em Ciências 1º grau; Licenciatura em Estudos Sociais com habilitação em Educação Moral e Cívica e em Estudos Sociais 1º grau; e mais os cursos de Enfermagem, Engenharia de Operações – Modalidade Construção Civil, Administração, Economia e Ciências Contábeis. A oferta delineada apontava para a necessidade do Governo do Estado de atender às demandas de desenvolvimento regional, mediante o suprimento das carências profissionais existentes no interior do Estado nas áreas acima contempladas (BAHIA, 2004, p.4). No intuito de corrigir o desequilíbrio entre o atendimento à Educação Superior na capital e a expressiva lacuna no interior baiano, a Universidade Estadual de Feira de Santana dá início à “ocupação desse vazio”, conforme expressa o trecho do documento que fundamentou o pedido de Autorização, (o que veio a ser atendido pelo Decreto Federal nº 77.4976 de 27 de abril de 1976): As Universidades da Capital seguramente laboram a sua cultura. Espontânea e densa, a cultura interiorana repousa num imenso vazio de reflexão. A Universidade Estadual de Feira de Santana dá início à ocupação desse vazio (UEFS, 1975, p.6, grifo nosso). Uma vez autorizada, a UEFS é, em ato solene, instalada em 31 de maio de 1976, com o elenco inicial de oito cursos, que, refletindo os objetivos da política pública estadual voltada para a educação, visa à profissionalização imediata para atendimento à formação docente da Rede Pública de Ensino que, de início, prioriza três níveis: 1) suprir a demanda de profissionais de saúde, sobretudo para o interior do Estado; 2) atendimento às necessidades da construção civil; e 3) dotar as áreas industrial, comercial e da administração pública de 5 CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO. Parecer 26, de 27.01.76. Autorização de funcionamento da Universidade Estadual de Feira de Santana. Relator: Newton Sucupira. Brasília, 1976. 63 recursos humanos às quais, àquela época, se apresentava em escassez. Com este propósito deu-se acesso aos primeiros 320 alunos. Para assistir 320 alunos, o Campus Universitário já contava com a estrutura física básica necessária para o seu funcionamento acadêmico e administrativo, dispondo de dois módulos onde se distribuíam dezesseis salas de aula, cinco salas voltadas às atividades administrativas (incluindo a sala de funcionamento da reitoria), dispondo também de uma pequena biblioteca (mas suficiente para a época), além dos espaços voltados ao atendimento de serviços (reprografia, cantinas e banheiros) para atendimento aos cinco cursos que funcionavam no período diurno (matutino e vespertino). A posse do primeiro Reitor, Dr. Geraldo Leite, aconteceu em 04 de maio de 1976, de acordo com o Decreto Estadual nº 25.103, de 20 de janeiro de 1976 e o início de funcionamento da UEFS se deu em 31 de maio de 1976, com a primeira Aula Magna. Por estar localizada a oito quilômetros do centro urbano, distância considerada importante para a época, os cursos da área de Ciências Sociais (Economia, Administração e Ciências Contábeis), que funcionavam à noite, foram ofertados pelo período de cinco anos, no prédio da antiga Faculdade de Educação, que ficava no centro da cidade. Nos seus seis primeiros anos de funcionamento, a UEFS (ainda FUFS) cuidou de atender aos reclames do mercado, com currículos praticados sob uma visão acadêmica convencional baseada na reprodução do conhecimento. 2.2 Contextualizando a Localização e o Compromisso Social da UEFS A UEFS se localiza à margem da Rodovia Transnordestina, BR 116 – km 03, ponto significativamente estratégico de convergência migratória, na maior cidade, em termos populacionais, do interior do Estado da Bahia, Feira de Santana. O Município de Feira de Santana está situado na região do Paraguaçu, entre o Recôncavo e os tabuleiros Semi-áridos do Nordeste, dando nome a uma das zonas fisiográficas do Estado, sendo o “centro dessa grande região geoeconômica, com área de 34.261,2 km2, dos quais 1.362,1 km2 são ocupados pelo município, que tem 96% do seu território inserido no Polígono das Secas” (UEFS, 2001, p.25). Distante 109 km da capital do Estado, à qual se liga pela BR 324, o município de Feira de Santana se destaca por estar localizado num dos principais entroncamentos rodoviários do 64 Norte-Nordeste brasileiro, onde se efetua o encontro das três importantes Rodovias Federais: as BR 101, 116 e a 324. Feira de Santana é uma espécie de centro difusor para as demais cidades do Estado, principalmente as que se localizam no seu entorno, no que tange ao comércio. Talvez tenha sido este perfil que tenha levado o grande jurista Rui Barbosa a lhe atribuir a alcunha de “Princesa do Sertão”. Considerada como um dos quinze principais centros submetropolitanos do Brasil, ao lado de capitais nordestinas a exemplo de Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju é, também, a primeira, das catorze cidades do interior baiano a ostentar uma população bem acima de 100.000 habitantes, uma vez que as estatísticas estimam 571.997 habitantes (dados do IBGE, em 2007). No que tange ao Produto Interno Bruto, embora tendo sido colocada no 31º lugar (IBGE, 2006), entre os 5.560 municípios brasileiros, Feira de Santana alcançou um PIB municipal de R$ 3.500.550 (mil) em 2005 e encontra-se atrás de aproximadamente 2.800 municípios (2.796º lugar) em matéria de PIB per capita (R$ 6.635,00), relativo ao mesmo ano. Esta universidade, por sua localização regional na sede do município de Feira de Santana, pois está situada no que se denomina portal do semi-árido baiano, agregou para si alta responsabilidade social. Como é devido, no contexto atual, as universidades estaduais baianas são tomadas como centros difusores do desenvolvimento regional, daí requerer-se dessas instituições tal atribuição. Cabe, portanto, a estas universidades, e, no caso específico à UEFS, assumir o papel de aproveitar as oportunidades de uma região que, de um lado é privilegiada por sua localização, e, do outro, o de responder pelos desafios decorrentes do fato de que esta mesma região possui grande parcela do seu território no Polígono das Secas (BAHIA, 2004). Esta realidade lhe confere significativo valor social como muito oportunamente está registrado no documento que lhe recredencia, na altura em que diz: Em meio a toda essa conjuntura, a UEFS, no dizer de seus dirigentes, conforme expresso em seu Projeto de Recredenciamento, apresenta-se como realização institucional de profundo valor social, resultante da conjunção de circunstâncias, determinação e tenacidade, o que se expressa na realidade construída nos Campi Universitários e na dinâmica do processo educativo que se aperfeiçoa, não obstante as dificuldades e os contrastes (BAHIA, 2004, p.6, grifo nosso). Diante desse contexto, é necessário investigar além e acima das quantificações em que medida a UEFS contribui para determinar, na vida regional e local, indícios de desenvolvimento, de transformações em razão de sua presença, enquanto agente institucional 65 estratégico, por seus investimentos em recursos humanos e materiais, pontuando esta sua atuação no Ensino. A contextualização desse processo deve possibilitar uma análise atenta das atividades desenvolvidas bem como melhor entendimento do projeto e das ações institucionais empreendidas desde a sua autorização. Os registros indicam que a UEFS vem atuando no Ensino, na Pesquisa e na Extensão, em busca de consolidação institucional, fruto de fortalecimento estrutural e acadêmico, prescindindo de estudos e reflexões que produzam conhecimento acerca do seu papel como agente de desenvolvimento. Para dar conta de todas as suas ações a Universidade é dotada de infra-estrutura física composta pelo Campus Universitário e por unidades extra-campus. O Campus Universitário se constitui de uma área construída superior a 62.000m2 em um espaço total de 1.161.728m2. As suas construções se compõem de sete Módulos Teóricos (MTs), de unidades de Ensino, Pesquisa e Extensão (cinco auditórios, um anfiteatro e vinte salas de aula); seis Pavilhões de Aulas Teóricas (PATs), contendo mais sessenta e cinco salas de aula; a Biblioteca Central; o Prédio da Administração Central; o Centro de Informática e o Complexo Laboratorial, com cinco prédios equipados para atender ao contingente de laboratórios e de salas especiais. A estas unidades somam-se outras construções de usos específicos, a saber: o Serpentário, o Biotério, o Laboratório Didático de Biologia, além da Creche e da Escola Básica (que atendem, prioritariamente, a filhos de servidores da Instituição, oferecendo atendimento escolar, do Ensino Fundamental até a 8ª série, atualmente 9ª série); o Museu Casa do Sertão, a Residência Universitária, o Parque Esportivo, a Unidade Experimental onde são desenvolvidos estudos de Educação Ambiental e, ainda, três espaços destinados a atividades administrativa e de serviço, denominados Centros Administrativos Universitários (CAU I, II e III). Observou-se que a infra-estrutura física é dotada de razoável condição de aparelhamento e estruturação de Laboratórios Didáticos e Tecnológicos formando um complexo de laboratórios composto de um total de 156 unidades laboratoriais para atendimento às atividades acadêmicas das diversas áreas do conhecimento. No que tange, ainda, à capacidade instalada desta Instituição merece destaque o Sistema Integrado de Bibliotecas (SISBI) que se compõe por uma Biblioteca Central e oito Bibliotecas Setoriais, com oferta de serviços tecnologicamente avançados, indicando o potencial de atendimento aos reclames acadêmicos. Todo o sistema da Biblioteca Central está informatizado, conectado às diferentes redes de comunicação e informação locais, nacionais e 66 internacionais, além de ter sido implantada em 2006, a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) que vem disponibilizando a produção da pós-graduação stricto sensu realizada na UEFS. Ao lado dessa estrutura informatizada, o SISBI dispõe de um crescente acervo que se registra com os dados referentes aos últimos cinco anos, nos quais se distinguem os quantitativos das áreas das Ciências Sociais Aplicadas (67.832 exemplares de 22.353 títulos adquiridos), seguida da de Língua, Literatura e Artes (45.635 exemplares de 19.286 títulos), contrastando com as aquisições relativas às Ciências Biológicas (8.520 exemplares de 2.894 títulos), que se constitui na área que detém maior registro de produção científica institucional ao lado do número de pesquisas cadastradas no Centro Nacional de Pesquisa (CNPq), como se pode verificar na tabela a seguir: Tabela 1: Demonstrativo do Acervo de Livros do Sistema de Bibliotecas – UEFS, 2003-2007 Livros (Nacionais/Estrangeiros) por área de conhecimento 2003 Área Exatas e da Terra Biológicas Engenharia / Tecnologia Saúde Ciências Agrárias Ciências Sociais Aplicadas Ciências Humanas Língua, Literatura e Artes Generalidades Total 2004 2005 2006 2007 Títulos Exempla res Títulos Exempla res Títulos Exempla res Títulos Exempla res Títulos Exempla res 4.003 2.426 13.800 7.781 4.133 2.640 14.171 8.099 4.307 2.704 14.531 8.237 4.741 2.843 15.556 8.429 4.893 2.894 15.872 8.520 2.432 7.602 2.649 7.773 2.824 8.309 2.927 8.561 2.984 8.609 5.600 117 16.240 1.008 5.922 487 16.959 1.490 6.134 522 17.403 1.543 6.361 563 18.058 1.636 6.549 603 18.882 1.727 20.331 62.103 20.482 62.931 21.343 64.558 22.055 66.900 22.353 67.832 10.419 25.800 10.740 26.540 11.032 27.329 11.830 29.255 12.181 29.721 17.510 42.803 17.996 43.295 18.395 43.807 19.036 45.053 19.286 45.635 2.013 6.906 2.130 7.024 2.176 7.088 9.356 13.714 9.348 13.764 64.851 184.043 67.179 188.282 69.437 192.805 79.709 206.965 81.091 210.562 FONTE: UEFS Relatório de gestão 2003-2007. Para alcance dessas condições foram utilizados recursos do Tesouro do Estado e de incrementos de outras fontes financiadoras, com destaque para os resultantes de projetos de pesquisa aprovados por agências de fomento, conforme registros apresentados na Tabela 2. 67 Tabela 2: Demonstrativo da Evolução do Orçamento, 2003-2007 (em reais) ANO 2003 2004 2005 2006 2007 Inicial Final % Evolução Inicial Final % Evolução Inicial Final % Evolução Inicial Final % Evolução Inicial % Evolução 2003-2007 Atividade Projeto Pessoal e Encargos Tesouro Outras Fontes Tesouro Outras Fontes 46.489.000 46.139.000 (0,75) 50.235.000 55.375.000 10,23 58.287.000 63.855.356 9.55 64.734.000 69.997.333 8.13 73.302.000 57.68 9.671.000 9.460.742 (2,17) 9.500.000 12.163.320 28,03 11.841.000 16.777.593 41,69 13.844.400 15.941.680 15,15 18.980.000 96,30 571.000 571.000 1.041.000 1.041.000 1.090.550 1.090.550 1.144.000 1.144.000 - 2.747.000 4.857.258 76,82 6.476.000 7.891.461 21,86 8.000.000 5.941.567 (25,73) 10.500.000 7.856.720 (25,17) 12.000.000 336,84 11.489.000 11.489.000 13.785.000 13.785.000 15.043.749 15.161,645 0,78 15.792.000 15.924.128 0,84 16.579.000 - Totais Tesouro 58.907.000 60.457.000 2,63 66.211.000 75.429.781 13,92 78.128.000 86.574.516 10,81 89.078.400 93.795.733 5,30 104.286.000 77,03 Outras Fontes 12.060.000 12.060.000 14.826.000 14.826.000 16.134.299 16.252.195 16.936.000 17.068.128 16.579.000 - Total Geral 70.967.000 72.517.000 81.037.000 90.255.781 94.262.299 102.826.711 106.014.400 110.863.861 120.865.000 - FONTE:UEFS Relatório de gestão 2003-2007. Além da estrutura do Campus, a UEFS possui diversas unidades extra campus com uma área total construída estimada em 15.000m2. Dentre estas unidades destacam-se as quatro Clínicas Odontológicas que funcionam como um programa inter-disciplinar, buscando a integração ensino-pesquisa-extensão, enquanto realidade prevista no trabalho acadêmico. Integram a estrutura curricular do curso de Odontologia e prestam atendimento a grupos de baixa renda, oportunizando a produção científica e a investigação de casos que, estudados e pesquisados, conduzem ao aprofundamento e à criação de conhecimento. É um trabalho que torna efetiva a teoria e a prática qualificando o processo de ensino dentro de uma natureza extensionista por atender às demandas sociais. Outra Unidade é o Centro de Treinamento Xavantes localizado no km 11 da Rodovia Feira-São Gonçalo com instalações (duas casas e um refeitório) construídas em 17,99 hectares. É uma unidade onde são promovidos eventos acadêmicos e administrativos tais como seminários, reuniões, capacitações, constituindo-se em “uma unidade de suporte especial às atividades universitárias” (UEFS, 2007, p.29). Também o Horto Florestal localizado na BR 324, distante 10 km do Campus, integra a UEFS. Nessa unidade são desenvolvidos estudos e pesquisas das Ciências Biológicas, funcionando como unidade experimental, atendendo às três dimensões universitárias: ensino, pesquisa e extensão, mais especificamente na área de Biotecnologia. Faz parte também da universidade o Centro Social Urbano(CSU) que possui uma área total de 32.000 m2 com mais de 2.500 de área construída na qual se desenvolvem atividades de 68 saúde, de educação, assistência ao idoso, esporte e lazer e segurança, além, de oferecer diversas atividades de extensão bem como de pesquisa e de ensino, realizados especificamente para cursos de Odontologia, Enfermagem, Educação Física e Pedagogia. Outra unidade importante é a do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), um dos órgãos que compõem a Administração Superior com a missão de ser gestor da política cultural da universidade que se estrutura a partir das três bases de atuação: fomento à difusão da cultura local, à produção cultural e preservação e valorização da cultura popular. Nesta unidade são promovidas atividades artísticas através das diversas manifestações de linguagens tais como: Artes Plásticas e Teatro, Dança e Música além de atividades de Criação Literária, de Arte-Educação e da Ciência e Arte; esta última realiza-se como um projeto especialmente dirigido a professores e alunos da educação básica, mediante convênio com a Universidade de São Paulo (USP) com financiamento do CNPq. Embora seja uma unidade de localização e instalação à parte, o Centro de Cultura Amélio Amorim integra a Universidade estando circunscrito à gestão do CUCA onde são também promovidas e desenvolvidas diversas atividades artístico-culturais. Outra unidade de grande importância que foi reconhecida pelo CNPq como centro de excelência em pesquisa é o Observatório Astronômico Antares. Tem como meta prioritária a difusão da Astronomia e ciências relacionadas, constituindo-se num centro de pesquisa pura e aplicada, voltado ao campo das Ciências Astronômicas e Físicas e atendendo a alunos dos níveis fundamental, médio e superior. Além da pesquisa, o Observatório também realiza ações de extensão bem como de ensino. Completando os registros das unidades extra-campus, a Universidade mantém no município de Santo Amaro um Campus Avançado onde também são desenvolvidas atividades de ensino (através da oferta de cursos de licenciaturas) e de extensão. Também no município de Lençóis, localizado na Chapada Diamantina, há outro Campus Avançado onde são desenvolvidas atividades de pesquisa, de ensino e de extensão. Sua missão, sua visão, os valores institucionais e eixos norteadores, expressos na sua última versão do Planejamento Estratégico 2006-2009, mostram referenciais que sinalizam estar, a Universidade, apta para a realização institucional de relevante Educação Superior. Não obstante os contrastes e as dificuldades, denota avanços a dinâmica do seu processo educativo, em cujo decurso a UEFS constrói o seu futuro e ocupa os espaços do interior baiano. 69 2.3 Dados Gerais da Instituição: a estrutura organizacional A Universidade Estadual de Feira de Santana é uma Instituição pública e gratuita, mantida pelo Governo do Estado, sob o regime de autarquia6,desde 1980, quando o Poder Executivo da Bahia, com o objetivo de promover reestruturações administrativas, extingue as Fundações e Empresas Públicas, transformando-as em Autarquias. Foi criada em 24 de janeiro de 1970 pela Lei Estadual nº 2.784, autorizada a funcionar pelo Decreto Federal nº 77.496, de 27.04.1976, com base no Parecer nº 26 do então CFE, é credenciada pela Portaria Ministerial nº 874, de 19 de dezembro de 1986 e Parecer CFE nº 660 de 06 de outubro de 1986, e Recredenciada pelo prazo máximo de oito anos, pelo Decreto Estadual nº 9.271, de 14.12.2004 (Anexo B), mediante Parecer nº 312 do Conselho Estadual de Educação do Estado da Bahia (Anexo C). Nos seis primeiros anos de funcionamento a administração estava circunscrita ao Conselho Diretor da FUFS (até 1980) e ao Conselho Administrativo da Autarquia UEFS (1980 a 1982); ao Reitor junto à equipe que, gradualmente, foi se constituindo sob as bases do organograma institucional; e aos Colegiados de Cursos, os únicos órgãos implementados até 1981. A partir de 1982, com a implantação dos Departamentos, demarca-se o processo de descentralização da gestão acadêmica e administrativa, o que veio impor novos rumos na postura de dirigentes e integrantes da comunidade universitária em relação ao seu Plano de Organização. Apesar disso, fica mantida ainda sua característica de modelo binário, conforme expressa o documento do Relatório do Processo de Recredenciamento: O Plano de Organização da Universidade Estadual de Feira de Santana desenvolveuse e consolidou-se a partir da opção pelo modo binário de integração estrutural, facultado às Universidades pela Lei Federal nº 5.510, de 28.11.68, que disciplina a organização e o funcionamento do Ensino Superior no Brasil até 1996, quando foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (UEFS, 2001, v.2, p.15, grifo nosso). Além das forças convergentes internas, outros contingentes externos, como marcos legais específicos, foram contribuindo para atualizações que permitissem as possibilidades e 6 Na administração pública, uma autarquia é uma entidade auxiliar da administração pública estatal autônoma e descentralizada. Segundo o Dicionário Aurélio: Autarquia. [Do gr. autarchia] S.f. Jur. Entidade autônoma, auxiliar e descentralizada da administração pública, sujeita à fiscalização e à tutela do Estado, com patrimônio constituído de recursos próprios, e cujo fim é executar serviços de caráter estatal ou interessantes à coletividade [...] (1996, p.201). 70 necessidades de avanços na estruturação e funcionamento acadêmico-administrativo da Universidade: essa nova realidade passou a exigir outro modelo organizacional. Por força da mudança da condição jurídica da Fundação para Autarquia conforme Lei Delegada nº 12, de 1980, instala-se uma nova estrutura acadêmica e administrativa que marca, a partir de 1983, um novo modelo de Educação Superior, caracterizado pela busca de articulação entre o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, a fim de se configurar a institucionalidade universitária. No período de 1983 a 1987, tem início a construção de uma cultura de planejamento integrado e participativo com a iniciativa de elaboração do primeiro Planejamento Global da UEFS. As evidências de esgotamento do modelo ainda vigente eram agravadas pela conjuntura política e educacional do período de 1987 a 1991, em que o Brasil sofria as consequências da grave crise fiscal-financeira do país. Esses efeitos de crise econômica, entre os anos 80 e 90, conforme registra Vieira (1991) citado por Vieira (2005), mostraram-se austeros sobre a área de ciência e tecnologia, cuja Comissão da Câmara Federal indicou que “os recursos para pesquisa e desenvolvimento foram nos anos oitenta drasticamente reduzidos” (p.24) e informando também que o orçamento global para a Ciência e Tecnologia apresentara-se “oscilante e decrescente [...] tendo atingido um máximo de 5,8% do Orçamento da União em 1985, caiu para 0,7% em 1990” (p.24). Ainda segundo Vieira (2005) a Comissão, também expressa em 1990, que os recursos destinados à Ciência e Tecnologia, através do então Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), representavam apenas 13,3% do índice base de 1975. A autora chega a definir que, sob tal contexto, “a universidade passa a ser um projeto abandonado pelo Estado” (VIEIRA, 2005, p.25). Tais fatores impulsionaram as iniciativas dos dirigentes da época, Reitora Yara Maria Cunha Pires (1987) e Reitor Josué da Silva Mello (1991) a convocarem os três segmentos constitutivos da Universidade (docentes, discentes e técnico-administrativos) para construção de dois respectivos projetos: o Projeto de Modernização Administrativa com base em Planejamento Estratégico de 19887 e o Projeto de Avaliação Institucional8, que, pelo que expressa o Relatório de Recredenciamento “pretende realizar e reescrever a Proposta Institucional da Universidade” (UEFS, 2001, p.20). 7 Projeto de Modernização Administrativa. Fase Diagnóstica: Ambiente Interno. Reitora Yara Maria Cunha Pires. Feira de Santana: Bahia, 1988. 8 Projeto de Modernização Administrativa. A Universidade em Questão: Projeto de Avaliação Institucional. Reitor Josué da Silva Mello. Feira de Santana: Bahia, 1994, p.35. 71 Entretanto, tais iniciativas, às quais se soma a elaboração do Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Institucional (PDI), construído sob a responsabilidade de uma equipe multidisciplinar, não avançam além da fase diagnóstica, tanto pela apatia interna que se insurgia face à grave crise educacional brasileira daquele momento, quanto pela ausência de efetivos instrumentos que conduzissem o ânimo para as concretas possibilidades de mudanças. Foi esse cenário da Universidade que intimou a administração, vinte anos após seu funcionamento, em 1997, na primeira gestão da Reitora Anaci Bispo Paim, a promover uma reorganização estrutural, com base na Lei Estadual nº 7.172, de 10 de setembro de 1997, que dispõe sobre a reestruturação das Universidades Estaduais, buscando não declinar do Projeto próprio de reestruturação institucional. Os resultados então obtidos motivam, dentre outras ações, a construção de Planejamentos Estratégicos (19979, 200010, 200611) que evoluem no seu processo participativo, na tentativa de “representar a vontade de uma comunidade que foi movida pelo compromisso institucional e pelo desejo de traçar seus rumos, construindo, conjuntamente, o seu caminho para o futuro” (UEFS, 2006, p.5). Vigente, desde então, a Lei Estadual nº 7.172 de 1997, (que, desde 2003, quando se iniciou um processo de revogação de alguns artigos, passa a dar claros sinais de absolescência, frente à ascensão das IES Estaduais Baianas) demarcou a implantação das quatro Pró-Reitorias (Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação, Extensão e Administrativa e Finanças) no âmbito da Reitoria, ampliando o processo de descentralização que se intensifica com a criação de cinco Unidades Organizacionais, além das três Assessorias que, juntamente com os já instituídos Gabinete da Reitoria e Procuradoria Jurídica compõem o quadro da Administração Superior da UEFS. E, com essa estrutura, cabe à UEFS intervir, ser agente institucional, direcionando suas ações para o desenvolvimento da educação, da saúde, do meio ambiente, das melhores condições de vida, como expressa sua missão: Produzir e difundir o conhecimento, assumindo a formação integral do homem e de profissionais cidadãos, contribuindo para o desenvolvimento nacional e regional, promovendo a interação social e a melhoria da qualidade de vida, com ênfase na Região do Semi-Árido (UEFS, 2006, p.8, grifo nosso). 9 Planejamento Estratégico (1997/2000) Reitora Anaci Bispo Paim. UEFS / Feira de Santana – BA. Planejamento Estratégico (2000/2004) Reitora Anaci Bispo Paim. UEFS / Feira de Santana – BA. 11 Planejamento Estratégico (2006/2009) Reitor José Onofre Gurjão Boavista da Cunha. UEFS / Feira de Santana – BA. 10 72 O Quadro 3, da Estrutura da Universidade Estadual de Feira de Santana, permite observar o desaparecimento da Assembléia Universitária e a nova denominação do Conselho Administrativo que, a partir de 1997, passa a se chamar Conselho de Administração, por conta de declinar da competência acadêmica que acumulava, até 1982, quando foram implantados os Departamentos. 1976 a 1997 A partir de 1997 Órgãos da Administração Superior Assembléia Universitária • Conselho Universitário • Conselho Administrativo • Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão • Conselho Universitário • Conselho Administrativo • Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão • Reitoria • Reitoria Órgãos da Administração Adstrita • Conselho de Departamentos • Conselhos de Departamentos • Diretorias de Unidades • Diretorias de Unidades • Colegiados de Cursos • Colegiados de Cursos Órgãos de Ensino, Pesquisa e Extensão • Departamentos • Departamentos • Órgãos Suplementares • Órgãos Suplementares FONTE: Relatório de Recredenciamento, v.5, 2001 / CEE/BA, Parecer nº 312/2004 / Elaboração própria (2008). Quadro 3: Comparativo da Estrutura da Universidade Considerando o modelo fundado em cargos, com símbolos funcionais estabelecidos qualitativa e quantitativamente pela Lei Estadual nº 7.176, que reestruturou as Universidades Estaduais da Bahia que, em seu Capítulo II – da Administração Superior e da Organização Básica, estabelece a composição, que, para a UEFS, ficou esse modelo definido pela descrição apresentada pelos Quadros 4 e 5: ADMINSTRAÇÃO SUPERIOR CONSELHOS REITORIA I – Conselho Universitário (CONSU) II – Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) III – Conselho de Administração (CONSAD) IV – Reitoria I – Vice-Reitoria II – Pró-Reitorias: • de Ensino de Graduação(PROGRAD) • de Pesquisa e Pós-graduação(PPPG) • de Extensão (PROEX) • de Administração e Finanças(PROAD) III – Procuradoria Jurídica (PJ) IV_Gabinete do Reitor(GAB) V – Assessoria Técnica de Planejamento (ASPLAN) VI – 5 Unidades de Desenvolvimento Organizacional: • Sistema de Bibliotecas (SISBI) • Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) • Observatório Astronômico Antares (ANTARES) • Infra Estrutura e Serviços (UNINFRA) • Organização e Desenvolvimento Comunitário (UNDEC) VII – Duas Assessorias Especiais: • Assessoria Especial de Informática (AEI) • Assessoria Especial de Intercâmbio (AESPI) FONTE: Lei nº 7.176/97 / Parecer CEE nº 312/2004 / Elaboração própria (2008). Quadro 4: Instâncias da Administração Superior 73 ADMINSTRAÇÃO ADSTRITA 1. Ciências Biológicas (DBIO) 2. Ciências Exatas (DEXA) 3. Ciências Humanas e Filosofia (DCHF) 4. Ciências Sociais Aplicadas (DCIS) DEPARTAMENTOS 5. Educação (DEDU) 6. Física (DFIS) 7. Letras e Artes (DLET) 8. Saúde (DSAU) 9. Tecnologia (DTEC) FONTE: Lei nº 7.176/97 / Parecer CEE nº 312/2004 / Elaboração própria (2008). Quadro 5: Estrutura Organizacional e Administrativa É importante ressaltar que dentro das instâncias da Administração Superior e Adstrita, a estrutura organizacional e administrativa da UEFS se desdobra em quatro pró-reitorias (PROGRAD, PPPG, PROEX e PROAD), na Assessoria Técnica de Planejamento (ASPLAN), em cinco Unidades de Desenvolvimento Organizacional (SISBI, CUCA, Observatório Antares, UNINFRA e UNDEC) e em duas Assessorias Especiais (AEI e AESPI12). Ainda completam a Administração Superior os Órgãos Suplementares: Museu Casa do Sertão e Imprensa Gráfica Universitária, aos quais foram acrescidas, posteriormente, a Assessoria de Comunicação (ASCOM) e a TV Universitária (TVU). Vale ainda destacar que, em relação à Administração Adstrita, para acompanhamento e definição de políticas e ações de natureza didático-pedagógica e acompanhamento da trajetória acadêmica dos discentes, a organização administrativa dispõe de um Colegiado para cada Curso, que funciona sob a ação de um coordenador, articulado com a Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PROGRAD). Quanto à sua Organização Geral, a Universidade mantém as instâncias deliberativas e executivas. As deliberativas se representam pelos seguintes órgãos: Da Administração Superior: Conselhos Superiores: O CONSU, que se constitui no órgão máximo na estrutura universitária, encarregado de tratar de política administrativofinanceira da Instituição; o CONSEPE, órgão que delibera, coordena, dirige e planeja as atividades didático-científicas nas três áreas fins de atuação universitária, Ensino, Pesquisa e Extensão(estes dois Conselhos são presididos pelo Reitor) e o CONSAD (presidido pelo Secretário da Educação do Estado), que tem como competência formular as políticas institucionais e definir diretrizes gerais da Universidade (UEFS, 2001, v.2, p.69). Da Administração Adstrita: Conselhos de Departamento (coordenam e deliberam sobre ações acadêmicas, planejando, organizando, coordenando, superintendendo e fiscalizando as atividades, nos termos do Regimento Geral da Universidade e do Regimento de Departamento). (UEFS, 2001, v.2, p.70). 12 A partir de maio de 2007 passou a ser denominada de Assessoria de Relações Institucionais (AERI). 74 As atividades essencialmente executivas são exercidas pela Reitoria, a quem cabe: Nos termos do Regulamento da Autarquia e do Regimento Geral da Universidade, a tarefa de planejar, organizar, coordenar, superintender e fiscalizar as atividades universitárias [...] contando, nas ações de governo, com a participação efetiva dos Conselhos Superiores, dos Órgãos da Administração Superior e da Administração Adstrita (UEFS, 2001, v.2, p.82). Na UEFS consta, ainda, uma estrutura organizacional de acordo com o Título Nono, do Estatuto da Universidade Estadual de Feira de Santana, enquanto instância dos Recursos dispondo quanto às possibilidades de encaminhamento destes para as respectivas instâncias, conforme a natureza da matéria a ser tratada. Quando se tratar de matéria de Ensino, Pesquisa e Extensão ou de matéria disciplinar, recorrerão a específicos órgãos que assumirão o caráter dos recursos. De modo geral, se recorre aos Conselhos (CONSEPE e CONSU) ou ao Reitor. Identifica-se que o Regimento Geral e o Estatuto da UEFS ainda não estão adequados aos marcos legais atuais da legislação brasileira, no que tange à especificidade da educação e do Sistema de Ensino Superior, bem como à legislação estadual referente, suprindo esta desatualização através de diversas Resoluções exaradas pelo Conselho Universitário (CONSU). Dentre outros diplomas aplicáveis, os marcos legais básicos que foram instituídos para fundamentar tanto o Estatuto quanto o Regimento Geral da UEFS, e, dessa forma, estabelecer seu funcionamento administrativo e acadêmico, são: a Constituição Federal de 1988 (CF 88) do artigo 205 a 214; a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN;(do artigo 43 ao 57); a Lei nº 7.176 de 10 de setembro de 1997, à exceção dos artigos 15, 16, 17, 23, 24, 25 e 26, revogados e a Lei nº 8.352, de 02 de setembro de 2002, que dispõe sobre o Estatuto do Magistério Público das Universidades do Estado da Bahia. A partir desses instrumentos legais fica estabelecido o princípio da autonomia da Instituição, conforme define a Constituição Federal de 88 no seu artigo 207: “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Reiterando esta autonomia, a LDBEN estabelece no artigo 53, incisos de I a X, bem como nos incisos de I a VI do Parágrafo único do mesmo artigo as atribuições asseguradas às universidades. 75 Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: I – criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; II – fixar os currículos de seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes; III – estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção artística e atividades de extensão; IV – ficar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio; V – elaborar e reformular os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; VI – conferir graus, diplomas e outros títulos; VII – firmar contratos, acordos e convênios; VIII – aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos institucionais; IX – administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos; X – receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas. Parágrafo Único. Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre: I – criação, expansão, modificação e extinção de cursos; II – ampliação e diminuição de vagas; III – elaboração da programação dos cursos; IV – programação das pesquisas e das atividades de extensão; V – contratação e dispensa de professores; VI – planos de carreira docente. A mesma LDBEN, no artigo 43, estabelece as finalidades da Educação Superior (ES), as quais são contempladas pela Lei Estadual nº 8.352, de 2002. Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III – incentivar o trabalho de pesquise e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. (grifo nosso) 76 O modelo organizacional da UEFS é binário, ou seja, tem como base acadêmica seus departamentos, diretamente ligados à Reitoria. Seus instrumentos legais internos (Estatuto e Regimento) definem que os Departamentos são órgãos responsáveis pelo planejamento, execução, avaliação das atividades didático-científicas e administrativas, gozando de autonomia administrativa, acadêmica e científica. Conforme o modelo binário, a direta relação entre Departamentos e Reitoria conta com a atuação das Pró-Reitorias como permanente assessoramento ao Reitor para o desenvolvimento de ações relativas às atividades fins da UEFS: Ensino, Pesquisa e Extensão. 2.4 O Ensino na UEFS As diretrizes gerais de Ensino e o processo evolutivo das ações de graduação e pósgraduação desenvolvidas se apresentam nos documentos institucionais. Os diversos documentos institucionais, a exemplo do Relatório do Gestor de 1999 e do Relatório do Processo de Recredenciamento, expressam que a Universidade Estadual de Feira de Santana tem princípios orientadores que se compatibilizam com sua possibilidade de exercer papel de agente institucional de desenvolvimento. O compromisso, entendido como intencionalidade de ação, com a qualidade e a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; com a difusão e democratização do saber; com a integração permanente com a comunidade, através da identificação e do atendimento às suas demandas; e com a formação de cidadãos- profissionais-técnicos, docentes e pesquisadores, capazes de atuar como sujeitos na construção da sociedade (UEFS, 2001, v.3, p.17, grifo nosso). Tal propósito enseja um compromisso educacional com enfoque interacionista que deve alcançar, notadamente, um ensino que evidencie a realização de uma Educação Superior com registros que indiquem ações voltadas à promoção do desenvolvimento, com responsabilidade social, tanto no ensino de Graduação, como se exemplifica neste trabalho, quanto no de Pós-Graduação. O atual Projeto Político-Pedagógico da Universidade busca sintetizar sua missão: “produzir e difundir o conhecimento, formando profissionais cidadãos, contribuindo para o 77 desenvolvimento da Região, compromissada com o resgate social e a melhoria da qualidade da vida” (BAHIA, 2004, p.12). Que, junto à visão e aos princípios institucionais (qualidade, realidade regional, pluralidade, democracia e autonomia didático-científica, artístico-cultural e financeira) a UEFS considera as transformações sociais, econômicas e tecnológicas do mundo contemporâneo como um dos estímulos para a formação do profissional-cidadão deste novo século. Este Projeto se desdobra nos respectivos projetos de Cursos, estendendo-se às normas acadêmicas institucionais, tendo como foco “a produção e socialização do conhecimento contribuindo para o desenvolvimento social e econômico, [...] para a eliminação da pobreza e da exclusão social” (UEFS, 2007, p.3). 2.4.1 Ensino da Graduação: princípios e evolução Em 1976 a UEFS foi autorizada a funcionar com o elenco dos iniciais oito cursos de graduação, para os quais disponibilizara 320 vagas. No ano 1980, extingue-se o curso de Engenharia de Operações – Modalidade Construção Civil, e, em substituição imediata, implanta-se o curso de Engenharia Civil, que é reconhecido em 1984. A partir de 1982, com a criação dos Departamentos e com a conclusão do processo de composição da Estrutura Universitária, outros cursos de graduação passam a ser propostos, tendo como áreas prioritárias a de Educação (com Licenciatura em Pedagogia, em História e em Geografia) e Saúde (com Odontologia). Nessa mesma época, estudos viriam a transformar as Habilitações Plenas para Matemática e Biologia – do Curso de Ciências, em específicas Licenciaturas, a saber Matemática e Ciências Biológicas. Ficam assim autorizados mais seis cursos, dois em 1985 (Odontologia e História) e quatro em 1987 (Licenciaturas em Pedagogia, Geografia, Matemática e Ciências Biológicas). Todos eles foram reconhecidos em 1994 pelo CEE/BA. Incrementadas as inovações do modelo organizacional com os avanços impostos para o crescimento e desenvolvimento institucional, outras proposições de Cursos se impõem, registrando uma expansão superior a 75% na capacidade de atendimento da UEFS, com a implantação de novos onze cursos entre 1997 e 1999, na gestão da reitora Anaci Bispo Paim, possibilitando a oferta de mais 530 vagas. 78 As seis licenciaturas implantadas, quais sejam: Física e Educação Física (1997); Letras com Língua Espanhola e Letras Vernáculas (esta última fora da sede, em um Campus Avançado situado no Município de Santo Amaro, em 1998); Ensino Fundamental, sendo um curso na sede, em Feira de Santana, e outro no Campus Avançado de Santo Amaro (1999); assim como os cinco bacharelados: Direito (1998) e Física, Ciências Biológicas, Engenharia de Alimentos e Ciências Farmacêuticas (1999) decorreram de necessidades pontuadas tanto de formação superior para o sistema estadual e regional de ensino quanto de formação profissional específica detectada. Até 1999 a UEFS passa a dispor de um elenco de vinte e quatro Cursos de oferta regular, aos quais, em 2003, foram acrescidos os Cursos de Medicina e de Engenharia da Computação. Estes implantados, ainda, no segundo mandato da Reitora Anaci Bispo Paim, além do Bacharelado em Geografia e de duas novas habilitações para os Cursos de Pedagogia (para pré-escola e para o segundo grau). Segundo o Relatório da Gestão 2003-2007, relativo ao mandato do Reitor José Onofre Gurjão Boavista da Cunha, a expansão das vagas da graduação dos anos anteriores e o não acompanhamento do crescimento orçamentário compatível, definiram, a partir de 2003, como prioridade: a recuperação da capacidade de gestão sustentável da Instituição, a melhoria da excelência acadêmica, mormente no ensino de graduação e a expansão da pós-graduação stricto sensu (UEFS, 2007, p.7). De 2003 a 2007 mantêm-se em desenvolvimento os vinte e seis cursos de Graduação, oferta regular, compreendendo doze Licenciaturas e quatorze Bacharelados nas diversas áreas de conhecimento, disponibilizando 1.550 vagas anuais, com um total aproximado de 7.500 estudantes matriculados, aos quais se somam os 1.800 matriculados nos Programas Especiais de Formação de Professores em Serviço. Trata-se de Programas realizados pela própria Instituição, mediante convênios com os Municípios circunvizinhos (treze cursos e vinte e seis turmas) e com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (oito cursos e dez turmas), perfazendo um total de quarenta e sete cursos e 9.300 estudantes de graduação. Esta oferta de Cursos conveniados, de caráter temporário, denomina-se de Oferta Especial de Cursos, o que a distingue dos cursos de Graduação permanentes, denominados Cursos de Oferta Regular. Ainda que se ressalve sobre metas de expansão prioritária do ensino stricto sensu informa o Relatório que “a Câmara de Graduação, entre 2006 e 2007, apreciou e aprovou os Cursos de Psicologia e Filosofia (Licenciatura e Bacharelado)”, o que sinaliza a possibilidade de implantação de mais dois cursos com duas modalidades. 79 Registra também o referido Relatório que, nos últimos cinco anos, o ensino de graduação e de pós-graduação foi fortalecido com as seguintes ações: abertura de concurso público para o ingresso de docentes com maior titulação, reformulação curricular, construção, implantação e melhoria de laboratórios de ensino melhor equipados, dentre outras iniciativas. A UEFS tem registros do seu compromisso com a Educação Superior e com a formação de cidadãos. Importantes ações sinalizam, ao longo desses trinta e um anos de funcionamento, avanços na qualidade dos Cursos oferecidos, destacando-se: a reformulação das matrizes curriculares, adequando-as às atuais Resoluções do Conselho Nacional de Educação e às diligências do Conselho Estadual de Educação; a implantação do quadro de professores qualificados, seja por programas de capacitação ou por novos concursos para docentes titulados; as condições de oferta (infra-estrutura), principalmente a ampliação e implantação de laboratórios de ensino, como antes dito, as condições de uso da sala de aula; e a melhoria do fluxo acadêmico discente através da oferta de alguns cursos em turno único, oferta de curso de férias e diminuição dos pré-requisitos na cadeia curricular. Ao lado dessas iniciativas observa-se a manutenção de importantes Programas Institucionais, tais como os trabalhos de campo, que se constituem em uma extensão dos espaços de aprendizagem do campus; os estágios curriculares como forma de aliar a teoria à prática e o apoio aos estudantes na realização desses estágios, inclusive em outros estados brasileiros e as atividades de monitoria. Merece destaque a implantação, a partir de 2006, do Programa de Educação Tutorial (PET), do Ministério da Educação (MEC), através do Grupo do Curso de Engenharia da Educação. A implantação é o resultado do reconhecimento externo ao Curso de Engenharia da Computação. Encontra-se em tramitação no Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão, proposta de Normas do Ensino de Graduação, contendo procedimentos acadêmicos com reflexos positivos na qualidade dos cursos. Configura-se no calendário acadêmico o período de avaliação e planejamento acadêmico dos cursos, que acontecem entre os semestres, visando a melhor integrar as ações desenvolvidas nos cursos. Caberá aos Colegiados, em articulação com os Departamentos e Pró-Reitoria de Graduação avaliar, planejar e articular as atividades desenvolvidas, buscando alcançar o perfil profissional que está expresso no projeto pedagógico de cada curso. 80 Cursos de graduação de oferta regular Ampliando de oito para trinta modalidades de Cursos de Graduação de Oferta Regular ao longo desses trinta e um anos de funcionamento, de 320 para 1.550 vagas disponibilizadas, anualmente, a UEFS tem demonstrado um crescimento contínuo. Com base no Quadro 6, desses Cursos, vinte e seis se configuram no elenco atual, sendo doze Licenciaturas e quatorze Bacharelados acrescidos dos vinte e um cursos que compõem o Programa de Formação de Professores em parceria com Prefeituras de municípios circunvizinhos e com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, programa que tem por objetivo atender a professores em exercício profissional. Como parte, ainda, deste programa, a Instituição oferece o Curso de Licenciatura em Pedagogia – habilitação no magistério das séries iniciais, o qual se destina exclusivamente aos docentes em serviço da rede pública e privada. Verifica-se que, ao longo dos cinco anos, houve apenas um acréscimo de trinta vagas, (só para a graduação de oferta regular), mesmo sabendo-se que as pesquisas educacionais sinalizam uma demanda contida para a ampliação desse acesso, presente na agenda das políticas Públicas de Educação Superior. ÁREA CURSO Licenciatura em Ciências Biológicas Bacharelado em Ciências Biológicas Licenciatura em Educação Física Ciências Naturais e da Saúde Enfermagem Ciências Farmacêuticas Odontologia Medicina Ciências Contábeis Ciências Econômicas Administração Direito Ciências Humanas e Filosofia Licenciatura em História Licenciatura em Geografia Bacharelado em Geografia Licenciatura em Pedagogia Licenciatura em Letras com Língua Espanhola Licenciatura em Letras com Língua Francesa Letras e Artes Licenciatura em Letras com Língua Inglesa Licenciatura em Letras Vernáculas (FSA) Licenciatura em Letras Vernáculas (Santo Amaro) Engenharia Civil Licenciatura em Física Bacharelado em Física Ciências Exatas e Tecnologia Engenharia de Alimentos Licenciatura em Matemática Engenharia da Computação TOTAL FONTE: Relatório de gestão 2003-2007 / UEFS/PROGRAD – dez/2007 / Elaboração própria (2008). VAGAS 2003 2007 40 40 40 40 60 80 80 80 30 30 60 60 30 30 80 80 80 80 80 80 80 80 80 80 40 40 40 40 80 80 40 40 30 30 40 40 80 80 80 80 80 80 40 40 40 40 80 80 80 80 30 40 1.520 1.550 Quadro 6: Cursos de Graduação de Oferta Regular na UEFS com Respectivas Vagas Anuais, 2003-2007 81 Cursos de graduação de oferta especial A partir de 1999, em face de acentuada demanda no Estado da Bahia para a Formação de Professores, marcando o momento em que a graduação amplia os espaços e oportunidades para atendimento das carências localizadas, e para novas experiências didático-pedagógicas, a UEFS passa a ofertar, em regime especial, Cursos de Licenciatura de Pedagogia com habilitação nas Séries Iniciais, com 1.300 vagas distribuídas nos treze municípios conveniados. Mais tarde, em 2005, também sob regime especial, passam a ser oferecidas mais 500 vagas, através de oito Cursos para atendimento a professores atuando em classes de 5ª a 8ª série e no Ensino Médio, mediante convênio com a Secretaria da Educação do Estado. Para efetivação desses Cursos de Oferta Especial, tornou-se necessária a realização de um processo seletivo próprio, direcionado a professores em serviço nas escolas públicas da Rede Municipal (para as séries iniciais) e da Estadual (das séries finais do ensino fundamental e do ensino médio) que prescindiam da Formação Superior pertinente. Tanto o processo seletivo quanto a concepção e a operacionalização curricular apresentam características e organização ajustadas aos aspectos peculiares à qualificação docente para a Educação Básica, o que tem permitido a relação orgânica desta com a Educação Superior. Este processo seletivo ocorreu nos treze municípios conveniados que se encontram abaixo relacionados no Quadro 7. MUNICÍPIOS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 2003 Amélia Rodrigues Conceição do Jacuípe Feira de Santana Irará Itaetê Muritiba Ouriçangas Santo Amaro 2007 Além dos 11 municípios integrantes desde 2003, aderiram ao Programa, em 2004: 12. Lençóis 13. Água Fria Santo Estêvão 10. São Francisco do Conde 11. São Sebastião do Passé Fonte:UEFS/DEDU- Projeto Pedagógico do Curso para Formação de Professores em Serviço (2004) UEFS/PROGRAD-dez/2007 / Elaboração própria (2008). Quadro 7: Municípios que Celebraram Convênio com a UEFS para Realização do Programa de Formação de Professores das Séries Iniciais, 2003-2007 Para a formação de professores em serviço das séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio foi viabilizado atendimento a 400 docentes com uma turma funcionando na sede da UEFS das diversas licenciaturas, alcançando uma área de abrangência de dezesseis 82 municípios, e, uma segunda turma no campus de Santo Amaro para Licenciatura em Letras Vernáculas, esta, contemplando atendimento de docentes em serviço de nove municípios conforme elencado no Quadro 8. CAMPUS Feira de Santana 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. MUNICÍPIOS Amélia Rodrigues Angüera Antonio Cardoso Candeal Conceição da Feira Conceição do Jacuípe Coração de Maria Feira de Santana Ipecaetá Irará Santa Bárbara 12. Santo Estêvão 13. Santanópolis 14. Serra Preta 15. São Gonçalo dos Campos 16. Tanquinho 1. Cachoeira 2. Governador Mangabeira 3. Muritiba 4. Santo Amaro 5. São Félix Santo Amaro 6. São Francisco do Conde 7. São Sebastião do Passé 8. Saubara 9. Teodoro Sampaio FONTE: UEFS/PROGRAD-dez/2007 / Elaboração própria (2008) CURSOS Licenciatura em Matemática Licenciatura em Ciências Biológicas Licenciatura em Letras Vernáculas Licenciatura em História Licenciatura em Geografia Licenciatura em Letras com Inglês Licenciatura em Física Licenciatura em Letras Vernáculas Quadro 8: Municípios Conveniados para o Programa de Formação de Professores – Convênio SEC-BA, 2003-2007 2.4.2 O Ensino de Pós-Graduação: das preliminares aos atuais avanços A Pós-Graduação lato sensu teve seu desenvolvimento a partir de 1995, com a oferta de sete Cursos de Atualização e cinqüenta e nove Cursos de Especialização, conforme a Tabela 3, a seguir. Alguns deles serviram de embrião para vários programas de PósGraduação stricto sensu em nível de mestrado. 83 Tabela 3: Número de Concluintes dos Cursos de Atualização – UEFS, 1996-2000 Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 Nº 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 Área do Conhecimento Dos Cursos Turmas 1996 CURSOS PRÓPRIOS Ciências Humanas Direito Sanitário 3 Teoria e Metodologia da História 4 Contabilidade Decisorial 1 Filosofia 1 Gestão Empresarial 5 Geografia do Semi-Árido Brasileiro 1 Direito e Cidadania 1 Finanças Empresariais 2 Antropologia e Turismo: Patrimônio 1 Economia Financeira e Análise de Investimentos 1 Tecnologia e Ciências Exatas Geociências 1 Gerenciamento da Construção Civil 3 Informática Educativa 3 Educação Matemática 3 Informática em Saúde 1 Ciências Naturais e da Saúde Saúde Pública 2 Periodontia 2 Zoologia 2 Entomologia 1 Sistemática de Angiosperma com Ênfase na Flora do Nordeste 1 Gerência de Unidades em Saúde – GERUS 1 Prótese Dentária 2 Odontologia Legal 1 Odontologia em Saúde Coletiva 1 Odontopediatria 1 Endodontia 1 Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial 1 Letras e Artes / Educação Alfabetização 3 Estudos Literários 2 Supervisão Escolar 2 Metodologia do Ensino de Desenho 2 Lingüística Aplicada à Língua Portuguesa 2 Lingüística Aplicada à Língua Inglesa 2 Lingüística Aplicada à Língua Francesa 1 Língua Portuguesa: Texto 1 Língua Portuguesa: Gramática 2 Língua Portuguesa: Texto e Gramática 2 Metodologia e Prática do Ensino de Língua Portuguesa 2 Literatura e Diversidade Cultural 1 Língua Espanhola 1 Área do Conhecimento Turmas Dos Cursos 1996 CHANCELADOS / CONVENIADOS Ciências Humanas Administração Pública 24 61 Administração Pública com Aprofundamento 2 Gestão em Equipamentos Comunitários 1 Administração Tributária 2 Gestão de Cidades 2 Liderança Organizacional (SEC/BA) 2 Gestão e Metodologia do Ensino 2 História (IAT*) 1 Geografia (IAT*) 1 Tecnologia e Ciências Exatas Ciências (IAT*) 1 Letras e Artes / Educação A Formação do Professor Alfabetizador 1 Psicopedagogia 1 - Alunos Concluintes 1997 1998 1999 2000 Total 10 - 16 36 - 13 7 8 21 - 13 8 41 - 32 29 7 8 57 8 41 - 24 - 16 - 5 27 13 - 4 - 5 16 51 17 - 12 - 20 37 - 12 5 11 11 - 12 21 - 20 24 5 11 37 12 11 21 - 17 14 13 47 19 - 29 26 25 26 30 16 1 47 108 19 - 12 12 6 19 13 30 5 11 1 108 Alunos Concluintes 1997 1998 1999 2000 Total 87 25 - 330 29 49 37 70 61 42 47 21 - - 499 29 25 49 37 70 61 42 47 - 49 - - 49 - 18 - - - 18 - 84 TOTAL 110 61 174 *IAT – Instituto Anísio Teixeira- Centro de Treinamento para Professores FONTE: Divisão de Assuntos Acadêmicos/Relatório para Processo de Recredenciamento, 2001. 929 292 209 1.665 Conforme dados apresentados pela PPPG afere-se a evolução da oferta de cursos de Pós-Graduação lato sensu nos últimos cinco anos, 2003-2007 (Gráfico 1) e a entrada anual dos discentes nestes cursos (Gráfico 2). Pode-se, assim, observar uma gradativa redução da oferta lato sensu que se justifica pelo crescimento das oportunidades em Pós-Graduação stricto sensu. FONTE: UEFS Relatório de atividades 2007. Gráfico 1: Oferta dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu – UEFS, 2003-2007 FONTE: UEFS Relatório de Atividades 2007. Gráfico 2: Alunos Ingressantes nos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu – UEFS, 2003-2007 A Pós-Graduação stricto sensu foi implantada a partir de 1997. Até 2003, com quatro Cursos de Mestrado próprios (Saúde Coletiva, Botânica, Literatura e Diversidade Cultural e 85 Filosofia e História das Ciências13), evolui para nove cursos de 2003 a 2006, acrescidos dos Programas de Mestrados em Modelagem em Ciências da Terra e do Meio Ambiente, Engenharia Civil e Ambiental, Desenho, Cultura e Interatividade, Biotecnologia e Desenvolvimento Sustentável, caracterizando um crescimento de 125% nesse período. O primeiro doutorado institucional passou a ser oferecido em 2002 (Botânica), tendo um incremento de 300% com a oferta de outros três cursos em 2006 (Biotecnologia, Ensino, Filosofia e História das Ciências e Ciência da Computação). Em 2007, a pós-graduação stricto sensu passa a oferecer mais três mestrados (Recursos Genéticos Vegetais, Zoologia e História) e mais um doutorado (Difusão do Conhecimento), como se pode observar no Quadro 9. DEPARTAMENTO PROGRAMA Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (M/D) Programa de Pós-Graduação em Botânica (M/D) BIO Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais (M) Programa de Pós-Graduação em Zoologia (M) Programa de Pós-Graduação em História (M) CHF Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (M/D)* EXA Programa de Pós-Graduação em Modelagem e Ciências da Terra e do Ambiente (M) Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural (M) LET Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e Interatividade (M) SAU Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (M) Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental (M) TEC Doutorado em Ciência da Computação* Doutorado em Difusão do Conhecimento* CIS Mestrado em Desenvolvimento Sustentável* *Estes cursos resultam de parcerias entre a UEFS e outras instituições. M = Mestrado / D = Doutorado FONTE: UEFS/PPPG / Elaboração própria (2008) Quadro 9: Cursos Institucionais de Pós-Graduação Stricto Sensu – UEFS, 2007 O ensino da pós-graduação se apresenta em ritmo crescente, assumindo nova performance no contexto acadêmico-social, conforme qualificação do seu quadro docente. Dessa forma, constitui-se em um vetor de avanços de desenvolvimento da pesquisa e intensifica a produção científica na busca de soluções alternativas para os problemas que afetam as condições de vida da população. A ampliação de oferta de cursos e vagas é promovida compatibilizando-se o atendimento às demandas e possibilidades internas e externas, o que fica bem expresso no Gráfico 3. 13 Inicialmente denominado Estudos Interdisciplinares sobre Ciências e Educação. 86 FONTE: UEFS Relatório de Atividades 2007. Gráfico 3: Número de Alunos Ingressantes na Pós-Graduação Stricto Sensu – UEFS, 1997-2007 Para a consolidação da Pós-Graduação stricto sensu constatou-se um planejamento de longo prazo, como parte do Planejamento Estratégico, com forte ênfase na capacitação docente, priorização do ingresso de docentes para as classes de Adjunto e Titular com vistas ao atendimento pleno das atividades de ensino (graduação e pós-graduação) e pesquisa. Ao lado dessa iniciativa envidaram-se investimentos institucionais em infra-estrutura e captação de financiamentos externos para a Pesquisa. Esta importante evolução que os cursos de Mestrado e Doutorado apresentam, notadamente nos últimos dez anos, também foi amparada pelo desenvolvimento da pósgraduação lato sensu, com a oferta de cursos de especialização voltados para atualização em área específica. Conclui-se que a expansão da pós-graduação stricto sensu é conseqüência de uma política de pesquisa e pós-graduação com foco na qualificação docente e na atração, através de concursos públicos, de docentes qualificados e titulados. Qualificação docente: destaque e relevância A política de recursos humanos dá indícios de ser tratada com caráter prioritário no contexto administrativo da UEFS, a despeito dos limites impostos pela dependência do Estado. Assim, prevaleceram oportunidades efetivas de crescimento pessoal e profissional e de que se deu ao quadro de pessoal (notadamente à categoria dos docentes) um tratamento 87 respaldado no reconhecimento dos seus direitos, no respeito à dignidade de sua pessoa e na compreensão de suas necessidades fundamentais. Foi com essa visão que os dirigentes universitários inseriram nos últimos Planejamentos Estratégicos, e no Plano de Desenvolvimento Institucional, determinadas metas para a área de pessoal, a saber: qualificação do corpo docente, expansão do quadro de professores doutores e estímulo à fixação desses professores na Instituição através de incentivos à docência/pesquisa; qualificação de servidores técnico-administrativos com a implantação de um programa permanente de capacitação, dentre outras. Apesar de ambiciosas, essas metas foram se tornando-se possíveis, graças ao esforço permanente dos gestores que se sucederam neste período, cujo propósito é o de buscar o crescimento apoiado no desenvolvimento e na qualificação das pessoas, o que fica evidenciado na Tabela 4, na qual se configura a evolução do quadro docente por departamento, no período entre 2003 e 2007. Tabela 4: Docentes Efetivos e Temporários por Departamento – UEFS, 2003-2007 90 87 87 90 90 12 BIO 77 73 72 70 71 18 CHF 111 108 110 110 112 11 CIS 72 74 69 67 68 13 EDU 55 60 66 67 69 20 EXA 23 26 27 27 27 3 FIS 78 80 78 76 74 17 LET 150 160 166 183 191 35 SAU 47 51 58 62 67 1 TEC 703 719 733 752 769 190 TOTAL FONTE: UEFS/Relatório de gestão 2003-2007. 2007 2006 2005 2004 2003 2007 2006 TOTAL 2005 2004 2003 2007 VISITANTE 2006 2005 2004 2003 2007 2006 SUBSTITUTO 2005 2004 DEPTO 2003 EFETIVO 8 4 1 1 12 5 5 3 1 114 100 96 94 10 8 13 9 3 2 2 3 2 98 85 82 86 92 82 12 6 6 5 5 1 - 1 1 127 121 116 117 118 13 8 27 22 6 3 1 1 1 91 90 78 95 91 13 7 5 3 2 4 3 4 3 77 77 76 76 75 2 - 6 5 7 3 1 2 2 33 31 28 35 34 13 7 9 8 11 6 5 4 2 106 99 90 89 84 37 31 25 15 13 10 5 6 4 198 207 202 214 210 1 - - - 13 12 5 2 2 61 64 63 64 69 109 71 92 68 72 46 27 26 18 905 874 831 870 855 Como consequência dessa política o Programa de Capacitação de Docentes colocou a UEFS, no ano de 2006, em primeiro lugar entre todas as Universidades Estaduais do Norte e Nordeste do país no que se refere à titulação. Assim, em maio de 2007, a Universidade conta com seu corpo docente constituído de 355 mestres e 262 doutores, ampliando até final de 2007 para 280 doutores (Tabela 5) com 81,6% de mestres e doutores do seu quadro efetivo. Estes números mostram um patamar, no que tange ao percentual de titulação, bem acima do mínimo legalmente exigido pelo Plano Nacional de Educação, que é de 30%, conforme demonstrado na Tabela 6 que apresenta a qualificação dos professores, por Departamento. 88 Tabela 5: Docentes Efetivos por Titulação e Departamento – UEFS, 2003-2007 BIO CHF CIS EDU EXA FIS LET SAU TEC TOTAL 2007 2006 2005 2004 2003 2007 Totais 2006 2005 2004 2003 2007 2006 Doutores 2005 2004 2003 Mestres 2007 2006 2005 2003 2007 Especialistas 2006 2005 2004 2003 Graduados 2004 D E P T O 3 3 2 5 4 2 1 3 3 5 1 4 3 4 3 3 2 5 1 2 3 3 3 1 2 5 1 2 2 3 3 1 2 5 1 2 3 2 3 22 12 42 8 7 1 16 48 11 14 10 34 7 8 1 18 47 8 13 8 32 7 8 16 42 8 15 7 31 8 6 15 44 7 15 8 31 6 6 13 47 7 31 47 56 51 30 9 43 70 23 24 42 59 51 32 8 36 72 25 24 40 59 46 35 7 34 80 26 23 39 57 43 35 7 31 90 26 19 37 58 47 36 7 29 92 30 37 15 10 11 13 13 15 30 12 46 18 10 15 16 17 23 37 15 47 22 14 15 21 20 25 41 21 51 22 17 15 24 20 27 47 26 55 24 18 14 25 20 29 50 27 90 70 111 72 55 23 78 150 47 87 73 108 74 60 26 80 160 51 87 72 110 69 66 27 78 166 58 90 70 110 67 67 27 75 184 62 90 71 112 68 69 27 74 191 67 20 26 22 19 19 167 147 134 133 133 360 349 351 351 355 156 197 226 249 262 703 719 733 752 769 FONTE: UEFS/Relatório de gestão 2003-2007. Tabela 6: Docentes por Departamento, Titulação e Classe – UEFS, 2007 DEPTO TITULAÇÃO Auxiliar Assistente BIO Graduado Especialista Mestre Doutor 1 6 2 0 9 0 3 16 4 23 2 3 1 0 6 2 24 16 1 43 Total CHF Graduado Especialista Mestre Doutor Total CIS Graduado Especialista Mestre Doutor Total EDU Graduado Especialista Mestre Doutor Total EXA Graduado Especialista Mestre Doutor Total FIS Graduado Especialista Mestre Doutor Total LET Graduado Especialista Mestre Doutor Total SAU Graduado Especialista Mestre Doutor Total TEC Graduado Especialista Mestre Doutor Total TOTAL UEFS CLASSE Adjunto VÍNCULO Efetivo Contratado * TOTAL Titular Pleno 0 3 0 20 23 0 2 3 26 31 0 0 0 6 6 1 14 21 56 92 0 1 1 3 5 1 15 22 59 97 0 2 24 3 29 1 4 34 5 44 0 1 4 16 21 1 1 5 7 14 0 1 23 6 10 0 0 4 5 9 0 0 0 3 3 0 0 0 1 1 2 7 32 28 69 4 29 59 19 111 0 0 8 3 11 0 10 5 1 16 2 7 40 31 80 4 30 64 20 127 1 3 4 0 8 0 0 31 4 35 0 0 7 10 17 0 1 0 5 6 0 0 0 0 0 1 4 42 19 65 0 17 12 1 30 1 21 54 20 96 1 2 4 0 7 1 3 26 1 31 0 0 4 17 21 0 1 2 6 9 0 0 0 2 2 2 6 36 26 70 0 2 6 2 10 2 8 42 28 80 0 0 0 0 0 0 0 6 1 7 0 0 0 13 13 0 0 0 5 5 0 0 0 1 1 0 0 6 20 26 0 2 4 8 14 0 2 10 28 40 2 8 4 0 14 0 1 24 4 29 1 1 1 16 19 0 0 0 7 7 0 0 0 3 3 3 10 29 30 72 0 3 4 3 10 3 13 33 33 82 0 34 16 1 51 1 6 61 10 78 0 5 7 24 36 1 1 6 18 26 0 0 0 1 1 2 46 90 54 192 0 14 6 2 22 2 60 96 56 214 1 2 1 0 4 0 3 23 10 36 1 2 4 13 20 1 0 2 5 8 0 0 0 0 0 3 7 30 28 68 0 0 4 4 8 3 7 34 32 76 142 312 184 111 17 766 126 * Os contratados se representam por professores visitantes (título de doutor) ou substitutos (título mínimo de especialista) FONTE: UEFS/PROGRAD-dez/2007 / Elaboração própria (2008). 892 89 Cabe ressaltar que todos os docentes e técnicos da UEFS em capacitação que reúnem as condições necessárias de estarem matriculados em Instituições credenciadas e terem sido liberados total ou parcialmente, conforme decisão administrativa pertinente, são contemplados com bolsas do Programa Institucional de Capacitação Docente e Técnica – PICDT/CAPES14 ou Bolsa PACDT/UEFS (Programa de Ajuda de Custo para Docentes e Técnicos). 2.5 A Pesquisa na UEFS A UEFS, enquanto centro de criação e produção do conhecimento, tem na pesquisa o seu fulcro dinamizador. Os resultados se refletem no interior da própria universidade, emprestando qualidade às atividades de ensino e à extensão universitária, estendendo-se à comunidade/sociedade à medida que contribui para o desenvolvimento científico e tecnológico, socioeconômico, artístico-cultural e político. A pesquisa passa, então, a ser gradualmente desenvolvida, vinculada à graduação (iniciação científica), à pós-graduação e à extensão. Com o expressivo crescimento do número de mestres (345) e, principalmente, de doutores (280) a UEFS vem ampliando sua competência na captação de recursos junto às agências de fomento. Esse quantitativo de qualificação docente contribui decisivamente para o proporcional crescimento do número de Grupos de Pesquisa cadastrados na Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PPPG), conforme Tabela 7 e no CNPq, conforme Tabela 8, os quais se distribuem entre todas as grandes áreas do conhecimento, a saber: Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Engenharias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas, Lingüística, Letras e Artes. Tabela 7: Projetos de Pesquisa Cadastrados na UEFS, 2003-2007 ÁREAS Ciências Biológicas Ciências Sociais Aplicadas Ciências Humanas Ciências Agrárias Ciências Exatas e da Terra Educação Física Lingüística, Letras e Artes Saúde Engenharias TOTAL 14 2003 2004 2005 2006 2007 76 11 16 44 29 39 29 244 90 13 34 49 31 46 37 300 103 14 32 64 30 69 46 358 62 8 34 62 23 55 36 280 80 11 10 50 19 21 29 58 45 323 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior. 90 FONTE: UEFS Relatório de Atividades 2007. Tabela 8: Grupos de Pesquisa Cadastrados no CNPq, 2003-2007 ÁREAS Ciências Biológicas Ciências Sociais Aplicadas Ciências Humanas Ciências Agrárias Ciências Exatas e da Terra Lingüística, Letras e Artes Saúde Engenharias TOTAL 2003 11 3 8 12 4 9 4 51 2004 16 2 14 21 7 12 9 81 2005 23 2 14 27 8 13 7 94 2006 23 4 20 2 29 19 15 9 121 2007 18 3 18 2 25 15 14 7 102 FONTE: UEFS/PPPG/Relatório Setorial de Atividades, nov/2007. Dos Projetos cadastrados, cerca de 40% estão voltados para estudos específicos do Semi-Árido, região priorizada na missão institucional. O Departamento de Ciências Biológicas se destaca pela relevância das pesquisas realizadas tanto no Semi-Árido quanto na Região da Chapada Diamantina e algumas áreas litorâneas. Diversos temas são tratados nesses trabalhos de investigação científica, a exemplo da Bioecologia, Biotecnologia, Botânica, Desenvolvimento Sustentável, Genética, Insetos, Meio Ambiente e Peixes entre outros. As pesquisas relativas à área de Botânica têm conquistado notoriedade estadual, nacional e internacional (decorrente de Convênio de Cooperação Internacional assinado entre a UEFS e o Instituto de Pesquisa Kill Garden, na Inglaterra). A liderança do Grupo de Pesquisa de Botânica da UEFS se afirma e assume a Coordenação de relevantes projetos financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, dentre os quais o Instituto do Milênio do Semi-Árido (IMSEAR), que conta com a participação de dezoito instituições do Nordeste, tendo recebido um financiamento de cerca de seis milhões de reais em quatro anos de atuação, e desenvolvendo atividades em quatro grandes áreas temáticas de pesquisa, a saber: Biodiversidade (levantamento de flora e fauna); Bioprospecção (fitoquímica e farmacologia); Recursos Genéticos e Recursos Hídricos. A realização da pesquisa, no interior da UEFS, responde por conquistas importantes, como: a qualificação do ensino de graduação; a implantação e consolidação gradativa da pósgraduação lato e stricto sensu; a melhoria substantiva do perfil de titulação e da capacitação docente; a institucionalização de inúmeros projetos de extensão, o que confere nova dimensão a essa atividade; a consolidação de grupos emergentes de pesquisa; o fortalecimento de linhas de pesquisa; a criação e ampliação do número de núcleos temáticos; a implementação do programa e iniciação científica; o desenvolvimento da política de intercâmbio e da 91 cooperação técnico-científica em âmbito nacional e internacional; a crescente aprovação de projetos de pesquisa em agências e organismos brasileiros e estrangeiros de fomento à pesquisa; entre muitas ações revitalizadoras do processo e das práticas universitárias. Com o considerável crescimento do número de Doutores, a Universidade teve ampliada a sua competência na captação de recursos junto às agências de fomento, sendo este um dos fatores responsáveis pelo crescimento do número de projetos de pesquisa cadastrados ao longo desses cinco anos e pela melhoria das condições de funcionamento dos laboratórios. Este aspecto foi fundamental para que a instituição, hoje, possua 323 projetos de pesquisa institucionais cadastrados na PPPG, os quais estão diretamente relacionados ao Programa de Iniciação Científica (IC), o que contribui, também, para a formação discente na prática da pesquisa. No total, pelos registros da Tabela 9, são gerenciadas 350 bolsas de Iniciação Científica das quais 140 correspondem ao Programa PROBIC, cujo investimento é de responsabilidade da própria instituição. Tabela 9: Distribuição do Número de Bolsas por Departamento segundo sua Modalidade – UEFS, 2007 DEPARTAMENTO BIO CHF CIS EDU EXA FIS LET SAU TEC TOTAL IC JÚNIOR 10 3 2 3 7 4 7 18 54 FAPESB 16 4 4 7 8 6 16 34 12 107 PIBIC 06 2 3 2 3 3 7 8 5 49 PROBIC 28 9 7 7 22 7 14 29 17 140 TOTAL 60 18 14 18 36 23 41 78 52 350 FONTE: UEFS / Relatório de Atividades 2007 Os docentes pesquisadores da UEFS vêm, crescentemente, obtendo financiamentos externos ao submeterem seus projetos às agências de fomento. Ao final do ano de 2007, 26,3% dos projetos cadastrados possuíam registros destes financiamentos externos com destaque para as áreas de Biologia e Tecnologia que detêm maiores percentuais desse total. As principais agências financiadoras são os Ministérios da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente e de Saúde, o Banco do Nordeste (BNB), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), o CNPq e no Estado da Bahia, destaca-se a Fundação de Apoio à Pesquisa, (FAPESB). Todas essas agências têm destinado expressivos recursos para apoio aos projetos de pesquisa da UEFS. 92 O crescimento dessas atividades pode ser verificado através do incremento do número de grupos de pesquisa registrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, atingindo avanço de mais de 100% nos últimos cinco anos, em todas as áreas do conhecimento. Verifica-se, portanto, na Tabela 10 que, como indicativo do seu compromisso com o desenvolvimento socioeconômico da Região, a UEFS reflete esforços permanentes para fortalecer a pesquisa em diversos ramos do conhecimento. Tabela 10: Recursos Externos captados por Projeto de Pesquisa – UEFS, 2003-2007 2003 Modalidades Qtde. Projeto CNPq Instituto Milênio – MCT/CNPq Petrobras Fundação Vitae FNMA MMA Coelba FAPESB FINEP MCT-PPBio RENORBIO/BNB BNB CAPES TOTAL 2004 Qtde. Projeto 17 1 Valor (R$) 520.000,00 2.490.740,00 17 1 Valor (R$) 260.000,00 773.866,00 1 1 1 1 1 8 2 33 275.000,00 300.000,00 300.000,00 300.000,00 280.000,00 992.780,00 1.630.000,00 7.088.520,00 1 1 2 1 1 50 2 1 1 78 137.500,00 105.000,00 200.000,00 100.000,00 140.000,00 4.906.102,99 1.244.047,00 1.500.000,00 1.500.000,00 10.866.515,99 2005 2006 Qtde. Projeto 12 2 Valor (R$) 828.673,00 3.649.339,00 2 3 Valor (R$) 138.000,00 2.549.339 2 43 1 4 64 200.000,00 2.762.267,85 630.000,00 1.618.480,76 9.688.760,61 24 1 1 31 75.000,00 300.000,00 884.429,82 1.300.000,00 400.000,00 400.000,00 849.575,66 6.896.344,48 Qtde. Projeto 2007 1 - Valor (R$) 79.350,00 - 1 1 3 164.310,26 28.800,00 272.460,26 Qtde. Projeto FONTE: UEFS/ Relatório de Gestão (2003-2007). A Produção Científica no Contexto da Educação A produção científica se reveste da maior importância no conjunto das atividades universitárias, porque é através dessa prática que o conhecimento produzido no interior da universidade é difundido e democratizado – uma das finalidades do fazer universitário – levando até à comunidade/sociedade informações e/ou alternativas para a solução de seus problemas e para o desenvolvimento integrado e sustentável. É a produção científica, ainda, um instrumento de que dispõe a universidade para prestar contas à sociedade, mostrando os resultados, a pertinência e a relevância de suas ações. É também o espelho do desempenho docente e discente, nas atividades indissociáveis de ensino, pesquisa e extensão, traduzindo o esforço institucional de produção própria. A presente pesquisa mostra que a instituição em questão, a UEFS, tem registrado desenvolvimento considerável na produção científica, graças à consolidação das condições essenciais a exemplo de capacitação docente, realização de pesquisas, construção de 93 laboratórios, ampliação do acervo bibliográfico e da aquisição de recursos eletrônicos modernos, entre outros. Os departamentos acadêmicos vêm trabalhando para a ampliação da produção científica, publicando livros, encaminhando artigos para revistas e periódicos especializados, levando as suas pesquisas a fóruns nacionais e internacionais para debate público, relatando os resultados e os impactos gerados pelas investigações científicas na realidade local/regional, enfim, dando visibilidade às próprias pesquisas e à Instituição. A UEFS possui atualmente vinte e dois veículos próprios de circulação da Produção Científica nas diversas áreas do conhecimento, dentre eles Revistas, Cadernos, Boletim, Folhetim, Jornal e Anuário Astronômico. Destaque-se, ainda, as Teses de Doutoramento, Dissertações de Mestrado, Anais, Livros e Cartilhas, produzidos por docentes da Instituição. Além das 230 dissertações de mestrado e vinte e três teses de doutorado (Tabela 11), defendidas desde a criação dos cursos até o ano de 2007, as pesquisas realizadas nos cursos de Pós-Graduação stricto sensu reverteram-se em um significativo número de publicações em periódicos nacionais e internacionais reconhecidos por sua qualidade. Na Tabela 12 consta o número de publicações, por programa, no período de 2003 a 2007, ou no período desde a criação do curso até o ano de 2007. Tabela 11: Demonstrativo das Dissertações e Teses Defendidas – UEFS, 2003-2007 DEPTO PROGRAMA Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Programa de Pós-Graduação em Botânica Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do EXA Ambiente LET Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural SAU Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva TOTAL FONTE: UEFS/PPPG/Relatório de Atividades 2007. BIO QUANTIDADE DE DEFESAS DISSERTAÇÕES TESES 11 63 23 1 60 95 230 23 Tabela 12: Publicações Relacionadas à Pós-Graduação Stricto Sensu – UEFS, 2003-2007 DEPTO PROGRAMA Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia ( de 2005 a 2007) Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais Programa de Pós-Graduação em Botânica (de 2003 a 2007) Programa de Pós-Graduação em História CHF Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (CHF/EXA) Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do EXA Ambiente Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural LET Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e Interatividade TEC Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental SAU Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (de 2003 a 2007) FONTE: UEFS/PPPG/Relatório de Atividades 2007. BIO PERIÓDICOS NACIONAIS 162 189 - PERIÓDICOS INTERNACIONAIS 370 122 69 58 29 - 26 06 104 87 94 2.6 A Extensão na UEFS A política de extensão na UEFS é compreendida como uma ação que possibilita a interação entre universidade e sociedade, constituindo-se em elemento capaz de operacionalizar a relação teoria e prática, promovendo a troca entre os saberes acadêmico e popular. Assim concebido, o setor extensionista da UEFS mostra-se receptivo às mudanças decorrentes de suas próprias práticas, com base nas críticas da comunidade universitária e nas exigências advindas da comunidade local. A sua missão é promover a integração do conhecimento acadêmico e popular em parceria com a comunidade, com vistas a contribuir para o desenvolvimento regional/local para a melhoria da qualidade de vida. Desde 1981, a ainda Pró-Reitoria Acadêmica (que era responsável pelo Ensino, pela Pesquisa e Extensão) como resposta aos reclames regionais, iniciou sua trajetória de ações extensionistas, com intervenção educativa, atuando junto às Escolas do então 1º e 2º grau, sob a forma de Cursos de “reciclagem”15 de professores em exercício docente. Com este propósito passou a desenvolver programas institucionais e interinstitucionais de caráter interdisciplinar e interdepartamental desde 1982. Dentre eles há que se destacar os de Capacitação Continuada do Professor no Programa de Integração da Universidade com a Escola Básica (que continuam até o ano de 2008), somados aos variados Programas de Alfabetização de Jovens e Adultos, os de Qualificação Profissional, de Atendimento à Saúde e ao Meio Ambiente, dentre outros, tendo sido destacada a partir de 2003, a execução do Programa Universidade para Todos. Este programa visa ao atendimento à preparação de estudantes egressos da Educação Básica (concluintes ou tendo concluído os estudos na Escola Pública) que se submetem ao Processo Seletivo que dá acesso ao Ensino Superior, e é viabilizado por Convênio assinado com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia com as Universidades Públicas Baianas. A viabilização do Programa resultou da parceria da UEFS com a Secretaria Estadual e as Secretarias Municipais de Educação e vem atendendo à crescente demanda de estudantes, desde 2003, pelo que se apresenta na Tabela 13, contemplando, em 2006, 3.690 estudantes da rede pública que se distribuíam em nove municípios. 15 Expressão que até os anos 80 representava um processo de Formação Continuada para docentes. 95 Tabela 13: Programa Universidade para Todos (UPT) – UEFS, 2003-2006 ANO MUNICÍPIO INSCRI TOS 2.401 474 101 2.976 4.094 490 81 4.665 4.555 659 66 212 5492 11.520 66 664 480 205 MATRICUL ADOS 1.572 163 50 1.785 1.575 175 50 1.800 1.659 180 50 120 2.009 2.870 50 250 100 50 100 120 50 100 APROVA DOS Feira de Santana 35 2003 Santo Amaro Lençóis TOTAL 3 35 Feira de Santana 60 2004 Santo Amaro Lençóis TOTAL 3 60 Feira de Santana Santo Amaro 98 2005 Lençóis Amélia Rodrigues TOTAL 4 98 Feira de Santana Santo Amaro Lençóis Amélia Rodrigues Cabaceiras do 2006.2 29 Paraguaçu Terra Nova 305 Coração de Maria 230 Gov. Mangabeira 185 Santa Bárbara TOTAL 9 13.655 3.690 29 Obs.: os alunos obtiveram aprovação nas seguintes instituições: UEFS; UFBA; Escola Bahiana de Medicina, UNIFACS, FTC, Faculdade Castro Alves; UNOPAR, UIEC. FONTE: UEFS/ Relatório de Gestão 2003-2007 / PROEX Relatório 2007 / Elaboração própria (2008). Em 2007, a Pró-Reitoria de Extensão apresenta os dados dos matriculados, 3.697 estudantes; dos concluintes, 2.450 e dos evadidos, 34%, por Município, conforme Tabela 14, informando, ainda, que houve a participação de 242 professores-monitores, os quais são estudantes de graduação da Universidade. Tabela 14: Registro dos Estudantes Matriculados e Concluintes no UPT – UEFS, 2007 Município Amélia Rodrigues Cabaceira do Paraguaçu Coração de Maria Feira de Santana Governador Mangabeira Número Alunos Matriculados Número Alunos Concluintes Percentual de Evasão 100 60 120 2.872 50 96 42 108 1.744 42 4% 30% 10% 39% 16% 96 Lençóis Santa Bárbara Santo Amaro Terra Nova TOTAL FONTE: UEFS/PROEX (2008). 50 105 240 100 3. 697 30 81 209 98 2.450 40% 23% 13% 2% 34% Na análise feita pela equipe da PROEX as causas da evasão podem ser atribuídas aos seguintes fatores: A evasão, nas turmas de Feira de Santana, ocorreu em virtude de acesso ao mercado de trabalho, aprovação em Cursos Profissionalizantes e outros tantos determinantes pertinentes aos centros urbanos do porte dessa cidade: deslocamento, violência, drogas entre outros fatores; Em Lençóis, cidade que tem o turismo como fonte de renda, a evasão alcança índices altos, em decorrência do trabalho de guia turístico, exercido pela maioria dos jovens, associado à falta de perspectiva de continuidade dos estudos, em outro município, considerando que o Campus de Lençóis não oferece nenhum curso de graduação. (UEFS/PROEX, 2008). Também fica apresentado pela Pró-Reitoria de Extensão o fato de ter sido inscrita nos processos seletivos uma reduzida percentagem dos próprios concluintes, conforme demonstra o Gráfico 4, sobre o que assim se posiciona a PROEX: Dos 2.450 (dois mil quatrocentos e cinqüenta) alunos concluintes do Projeto Universidade para Todos, somente 1.681(hum mil seiscentos e oitenta e um), o que equivale a 69%, inscreveram-se para o Vestibular 2007.1. Esperava-se um número bem maior, considerando a isenção total para a inscrição no Processo Seletivo da (UEFS/PROEX, 2008). 1400 1290 1200 AMÉLIA RODRIGUES CABACEIRAS DO PARAGUAÇU 1000 CORAÇÃO DE MARIA 800 FEIRA DE SANTANA GOVERNADOR MANGABEIRA 600 LENÇÓIS SANTA BÁRBARA 400 SANTO AMARO 200 69 13 59 28 18 50 83 71 TERRA NOVA 0 Fonte: UEFS/PROEX (2008). Gráfico 4: Número de Inscritos do UPT nos Processos Seletivos – UEFS, 2007-2008 97 A política da prática extensionista passa a se delinear como fator de transformação social, intervindo crescentemente em ações desenvolvidas na Educação, Saúde e Meio Ambiente, nas Ciências Biológicas, Trabalho e Ação Social e outras de caráter Interdisciplinar. Trata-se de uma atuação que alcança mais de 200 municípios baianos, abrangendo cinco microrregiões do centro-norte baiano, e se ampliando para os Estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, através do Programa Xingó (1999-2003)16. Observa-se pela Tabela 15 a execução dos Projetos de Extensão Continuada no período de 2003 a 2007. Tabela 15: Projetos de Extensão Continuada por Área – UEFS, 2003-2007 Biologia 9 9 8 8 Educação 13 12 25 13 4 17 9 7 16 9 6 Saúde 30 3 33 25 2 27 6 6 10 3 Educação Ambiental 5 1 6 20 20 4 4 7 Trabalho e Ação Social 6 3 9 4 3 7 12 2 14 5 4 Área Interdisciplinar 5 2 7 1 1 2 5 5 2 Tecnologia 1 1 TOTAL 59 21 80 63 10 73 45 9 54 40 24 Fonte: UEFS/Relatório de Gestão (2003-2007)/Relatório de Atividades (2007) / Adaptado pela autora (2008). 16 15 13 7 9 2 2 64 8 15 15 6 5 2 2 53 7 7 1 4 3 22 Total Insterinstitucionais Institucionais 2007 Total Insterinstitucionais Institucionais 2006 Total Insterinstitucionais Institucionais 2005 Total Insterinstitucionais Institucionais 2004 Total Insterinstitucionais ÁREA Institucionais 2003 15 22 16 6 9 5 2 75 Programas e Projetos de Extensão na Área Educacional Demarca-se na área educacional a institucionalização do trabalho de Extensão Universitária, desenvolvendo diversas atividades para capacitar os docentes em serviço, prenunciando a Formação Continuada que teve como marco decisivo inicial, em 1982, o Programa de Integração da Universidade com a Escola Básica (PRUEB), voltado para qualificar a educação na Escola Pública. Importantes programas quer sejam em nível de ensino, de pesquisa e de extensão, ou administrativo e de atenção ao estudante, que se deram como iniciativa de gestões anteriores, continuam sendo desenvolvidos. 16 Programa em que a UEFS desenvolvia projetos nas áreas da Educação, Biologia e Meio Ambiente conjuntamente com a UFBA e as Universidades Federais dos Estados de Alagoas, Pernambuco e Sergipe com apoio financeiro-logístico da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) e da SUDENE, atendendo às específicas demandas de onze cidades dos quatro Estados, que se localizam nas áreas emergenciais da seca. 98 Em nível de extensão, por exemplo, a UEFS mantém quarenta e dois Programas Institucionais e vinte e quatro Interinstitucionais, nas diversas áreas do conhecimento, dentre os quais destacamos o pioneiro PRUEB, que, através de diversos projetos, desenvolve ações de Formação Continuada do Educador, em vários municípios com os quais a Instituição mantém parceria, incluindo os de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão. Entre 2003 e 2007, foram registrados os programas na área de educação relacionados no Quadro 10. Conhecer, Analisar, Transformar a Realidade Rural – Capacitação de Professores Rurais Projeto de Alfabetização: Formação Continuada de Professores Rurais Livro Didático de Feira de Santana – História e Geografia Programa de Aprimoramento Língua e Literatura Estrangeiras - PALLE Centro de Estudos Francófanos Portal Universitário – Aprendizagem de Línguas Estrangeiras para a cidadania Alfabetização – professores Zona Rural UEFS / PREFEITURAS UEFS / ONGS UEFS UEFS UEFS UEFS FONTE: UEFS/Relatório de Atividades (2007) / Adaptação da autora (2008). Quadro 10: Programas da Área de Educação – UEFS, 2003-2007 Na área de educação, ainda em 2007, a Extensão continuou a desenvolver seus projetos institucionais e inter-institucionais, incluindo alguns aos já existentes. O Relatório de Atividades 2007 assim se expressa sobre os Projetos interinstitucionais: Concentram-se no campo da Educação com a intenção de intervir na qualidade da educação pública, cujo propósito dos mesmos é atender à dimensão acadêmica, envolvendo professores e alunos da Universidade (UEFS, 2007, p.68). Registra, ainda, o Relatório, os principais programas e projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento, em 2007: Todos pela Alfabetização (TOPA), alfabetizando 24.200 pessoas em trinta e dois municípios; a quarta etapa do Brasil Alfabetizado atendendo 7.898 alfabetizando e 396 alfabetizadores, em 19 municípios; além do Projeto de Alfabetização nas Áreas de Assentamento (PRONERA), desenvolvido em parceria com Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Cultura (FAPEC), alfabetizando 1.512 assentados com a participação de 108 alfabetizadores (UEFS, 2007). Os projetos que se concentram no âmbito da educação buscam intervir na qualidade da educação básica pública, atendendo também à dimensão acadêmica por envolver professores e alunos da educação superior, possibilitando a participação de muitos graduandos como bolsistas, o que favorece a articulação entre a teoria e a prática acadêmica. 99 No Quadro 11 ficam registrados os projetos de extensão inter-institucional com o quantitativo do seu alcance e do envolvimento de cada segmento na ação extensionista. Total de pessoas atendidas 32.735 Professores da UEFS diretamente envolvidos Funcionários diretamente envolvidos Estudantes bolsistas envolvidos Alfabetizadores / Monitores Coordenadores Locais Municípios Atingidos 53 96 210 1919 92 103 FONTE: UEFS (2007) / Elaboração própria (2008). Quadro 11: Projetos Educacionais de Extensão Interinstitucionais – UEFS, 2007 Também na área educativa, vários projetos vêm sendo realizados por parcerias firmadas no sentido de atender às demandas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), como se registra na Tabela 16. Ressalte-se que a atividade extensionista da EJA teve início em 1996, quando foi direcionado o atendimento para todos os servidores da UEFS que ainda não tinham concluído, na idade regular, sua escolaridade básica. Tabela 16: Programa de Educação de Jovens e Adultos por Projetos e Parcerias – UEFS, 2003-2007 Professores Alunos atendidosMunicípios Professores Alunos atendidosMunicípios Professores Alunos 283 4.500 17 326 6.520 28 295 6.817 7 74 1.845 2 30 700 - - - 32 11.286 14.100 29 818 17.175 32 745 14.428 - - - Alunos 19 Professores AtendidosMunicípios 2007 População Beneficiada Alunos 2006 População Beneficiada Professores 2005 População Beneficiada AtendidosMunicípios 2004 População Beneficiada AtendidosMunicípios Parcerias Secretaria de Educação MEC / Empresas Privadas / BNDES / Bradesco / FIESP / SENAI-SP / SESI-SP / SUDENE / do Estado / Prefeituras / UEFS Programa Alvorada / UEFS / Prefeituras Projeto AJA BAHIA Alfabetização Solidária Projeto 2003 População Beneficiada FETAG / Pastiral Rurak / INCRA / FAPEC Projeto de Alfabetização em Áreas de Assentamento 100 TOTAL - - - - - - - - - 33 132 2.400 45 86 2.400 19 283 4.500 49 11.612 20.620 57 1.113 23.992 72 95 18.673 47 116 3.100 FONTE: UEFS/Relatório Gestão-2003-2007. Os projetos interinstitucionais representam o processo de integração entre as Universidades e as ações implementadas por órgãos governamentais que refletem as políticas públicas propostas. Observa-se, na Tabela 17, a participação dos alunos como bolsistas nas diversas ações desenvolvidas considerando que esta oportunidade fortalecerá seu desempenho e o seu crescimento enquanto profissional da educação. No geral, configurando a atuação das ações extensionistas nas diversas áreas, registram-se como resultados de 2003 a 2007 os seguintes projetos pelo Programa de Bolsas Institucionais para discentes, como forma de viabilizar a atuação do estudante nas atividades de ensino, pesquisa, extensão e cultura, num total de 266 bolsas envolvendo os graduandos com seus vínculos de áreas específicas. Tabela 17: Bolsas de Extensão – UEFS, 2003-2007 Área 2003 Qtde. Núcleo / Projeto / Programa Nº de Bolsistas 2004 Qtde. Núcleo / Projeto / Programa Nº de Bolsistas 2005 Qtde. Núcleo / Projeto / Programa Biologia 11 8 10 16 10 Educação 11 18 7 26 8 E. Ambiental 6 6 6 8 6 Letras 4 5 4 5 4 Interdisciplinar 5 7 5 Saúde 12 12 10 17 11 Tecnologia 2 1 1 1 1 C. Exatas 3 6 TOTAL 49 56 43 80 45 FONTE: UEFS/Relatório Gestão2003-2007 / Adaptado pela autora (2008). 2006 2007 Nº de Bolsistas Qtde. Núcleo / Projeto / Programa Nº de Bolsistas Qtde. Núcleo / Projeto / Programa Nº de Bolsistas 11 22 5 2 5 14 59 7 9 2 2 5 8 33 7 17 4 1 2 8 39 7 9 2 2 5 8 33 5 14 2 1 2 8 32 Também integra as ações extensionistas a Feira do Semi-Árido, atividade coordenada pela PROEX, implantada em 2001, considerada um evento de grande importância, pelo seu amplo alcance social local e regional. Esta atividade, dadas as proporções dos resultados obtidos de divulgação educativa da cultura, do comércio e dos diversos saberes disseminados 101 durante sua realização, passou a realizar-se anualmente, sendo incorporada ao calendário da Instituição. Constitui um espaço para o debate e troca de experiência entre comunidade acadêmica e externa (produtores rurais, ONGs, organizações comunitárias, poder público, empresários entre outros segmentos de dezenas de municípios da região) que tem vínculos com a região semi-árida, congregando diversos agentes individuais e institucionais de desenvolvimento. Outros importantes programas voltados para a educação, seja em termos de Ensino, de Pesquisa e de Extensão, como também em termos administrativo e de atenção ao estudante, continuam sendo desenvolvidos. 2.7 A Atuação da UEFS nos Municípios do Território Portal do Sertão Através dessas suas atividades fins a UEFS evidencia, desde a sua fundação, há mais de três décadas, as possibilidades do fortalecimento de parcerias com representativas instituições locais a exemplo da Prefeitura, do Centro Tecnológico da Bahia (CETEB), ONGs, Clubes de Serviços e o Fórum Empresarial (que reúne segmentos produtivos públicos e privados do Município) com outros organismos municipais, regionais, estaduais, federais, e até internacionais, viabilizando assim, ampla abrangência de suas ações, tendo definido a Região Semi-árida do Estado como prioridade para a sua intervenção, enquanto agente de desenvolvimento. Considerando o contexto de expansão e da localização da Universidade, nos limites entre o Recôncavo e o Semi-árido da Bahia, esta inclui, para sua atuação, municípios de diversos Territórios de Identidade, principalmente, o Território 19, designado como Portal do Sertão, onde se localizam os municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão. Estes e outros doze Municípios distribuídos também nos Territórios do Sisal, da Bacia do Jacuípe e da Chapada Diamantina são alcançados pela Universidade Estadual de Feira de Santana para atendimento à Formação de Professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, conforme Programa que se apresenta no Capítulo seguinte, e que se constitui objeto de análise dessa pesquisa, na execução procedida nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão. 102 Para tanto, coube realizar um estudo que, através de pesquisas bibliográficas, documentais, eletrônicas e da pesquisa de campo nos municípios onde se realizaram o Programa de Formação de Professores, pôde evidenciar, por seus resultados, se as ações implementadas pela Universidade Estadual de Feira de Santana se constituíram um componente de relevância para que o aperfeiçoamento educacional se realize favorecendo, prioritariamente, o crescimento econômico ou se apresentou como ideário proposto por uma educação que defende uma concepção pedagógica que permita compreender a realidade de seu tempo de forma crítica incentivando o processo de interação que transforme condições da escola, da educação e da sociedade (FREITAS, 2004). Ao confirmar-se essa perspectiva pôde se configurar o binômio Educação e Desenvolvimento, notadamente sob a dimensão da mobilização social apresentada por Brose (2000). A partir dos resultados,evidencia-se a constatação (e até algumas contestações) de que a educação, através da ação da UEFS agregada a diversos fatores decorrentes, caracteriza-se como um instrumento de intervenção para redirecionar os rumos do crescimento na busca do verdadeiro desenvolvimento local, na sua multi-referencialidade econômico-sócio-políticocultural. A partir dessa prática de educação, foi possível estabelecer uma relação efetiva entre educação e desenvolvimento para que se possa e se deva garantir mecanismos que permitam uma formação prazerosa, construtiva e interativa capaz de promover o desenvolvimento socialmente justo. O resultado obtido na pesquisa passará a indicar, assim, em que medida a Universidade Estadual de Feira de Santana cumpre o seu papel de agente de desenvolvimento nos Municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão a partir da execução do Programa de Formação de Professores em Serviço, que será apresentado no capítulo seguinte junto à caracterização do contexto sócio-econômico dos dois municípios pesquisados. 103 104 3 A UEFS E O PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM AMÉLIA RODRIGUES E SANTO ESTÊVÃO 3.1 O Programa do Curso de Formação de Professores: regras e ações A implementação de políticas públicas de formação inicial e continuada dos atores da educação é uma condição e um meio para o avanço científico, tecnológico e social e, portanto, para o desenvolvimento local e regional, considerando-se que a produção do conhecimento e a criação de novas tecnologias alinhadas à missão social inerente ao Estado devem contribuir para a melhoria da formação das pessoas e da sociedade. Assim sendo, no contexto da Educação Superior, os propósitos e compromisso acadêmicos devem se dedicar, prioritariamente, ao atendimento dessa convocação, pois, segundo Hofling (2001), a Universidade que considera sua função social precisa estabelecer Programas e Projetos que possibilitem uma política educacional voltada não só para reversão dos indicadores de desempenho de aprendizagem mas, também, para ampliação efetiva de participação dos envolvidos com todo o processo educativo, de forma a alcançar índices positivos nas diversas esferas sociais locais. Nessa perspectiva, a Universidade Estadual de Feira de Santana manifesta empenho em atender às exigências sociais que se impõem no contexto atual, tendo executado o Programa de Formação de Professores in loco em onze Municípios fora de sua sede. Trata-se de Oferta Especial de Cursos de Licenciatura em Pedagogia com Habilitação nas Séries Iniciais, mantidos em parceria com treze municípios da região, mediante Convênios específicos para cada Município, visando à formação de, aproximadamente, 1.300 Professores em Serviço das Séries Iniciais do Ensino Fundamental. 3.2 Contextualizando os Municípios A proposição desse Programa se justificou por solicitação, em 1998, das Prefeituras que integram a então denominada Região Administrativa do Paraguaçu, divisão políticoespacial, onde se insere a microrregião de Feira de Santana. 105 Face à constatação da existência de mais de 62.000 docentes (SEI, 1999) que atuavam no Estado da Bahia nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental apenas com formação de Magistério de Nível Médio, conforme informações disponíveis no perfil dos Municípios baianos que estão distribuídos no mapa abaixo, impuseram-se iniciativas urgentes para cumprimento dos aspectos legais consignados na LDBEN para atendimento a essa demanda de formação docente. Toda essa iniciativa está associada a uma justa demanda social que deva garantir, como direito constitucional, a oferta de uma educação de qualidade para todos. Segundo informa o Projeto do Curso, o quantitativo de professores atuantes na microrregião de Feira, demonstrada na Figura 2, é de 6.576 professores, dos quais 6.077 têm formação de nível médio, o que significa que mais de 90% do contingente precisam ser graduados (UEFS, 1999), convocando uma ação das universidades para atendimento a essa demanda. FONTE: Elaborado por ANDRADE (2008) Figura 2: Localização da Região Administrativa do Paraguaçu com os Municípios Estudados No Tabela 18, estão consignados os quantitativos de docentes que atuam, na zona rural e urbana, sem a necessária formação, distribuídos entre esses 40 (quarenta) municípios que integram a Microrregião de Feira de Santana. Desses, 07 (sete) foram atendidos pela Universidade do Estado da Bahia, pelo Programa de Formação de Professores da Rede UNEB 2000 (Piritiba, Várzea da Roça, Mundo Novo, Rui Barbosa, Boa Vista do Tupim, Ipirá e Terra Nova). E a UEFS atende, com o seu Programa, na mesma Região, a 6 (seis) dos 106 municípios, entre os quais se encontram os pesquisados neste trabalho., assinalados em negrito: Tabela 18: Relação da Quantidade de Professores não Licenciados por Municípios da Região do Paraguaçu, 1999 MUNICÍPIOS Professores não licenciados Z. Rural Z. Urbana 1 Amélia Rodrigues* 25 2 Angüera 46 3 Antônio Cardoso 74 4 Baixa Grande 88 5 Boa Vista do Tupim 101 6 Candeal 45 7 Conceição de Feira 45 8 Conceição do Jacuípe* 55 9 Coração de Maria 140 10 Feira de Santana* 396 11 Gavião 08 12 Iaçu 59 13 Ibiquera 15 14 Ichu 33 15 Ipecaetá 83 16 Ipirá 69 17 Irará* 118 18 Itaberaba 61 19 Itaetê* 55 20 Lajedinho 11 21 Macajuba 19 22 Mairi 93 23 Marcionílio Souza 39 24 Mundo Novo 60 25 Nova Fátima 16 26 Pé de Serra 53 27 Pintadas 47 28 Piritiba 71 29 Rafael Jambeiro 121 30 Riachão do Jacuípe 58 31 Rui Barbosa 30 32 Santanópolis 66 33 Santo Estêvão* 109 34 São Gonçalo dos Campos 81 35 Serra Preta 93 36 Tanquinho 20 37 Tapiramutá 29 38 Teodoro Sampaio 06 39 Terra Nova 19 40 Várzea da Roça 65 TOTAL *Municípios atendidos pelo Programa da UEFS 122 27 08 47 51 21 53 94 51 1.764 21 98 11 17 19 122 56 201 30 ---38 55 34 51 31 30 28 47 23 97 151 06 90 92 44 28 50 43 110 36 TOTAL 147 72 82 135 152 66 98 149 191 2.160 29 157 26 50 102 191 174 262 85 11 57 148 73 111 47 83 75 118 144 155 181 72 199 173 137 48 79 49 129 101 6.592 107 FONTE: SEI (1999) apud UEFS (2007) / Adaptado pela autora (2008). Coube, assim, à Universidade Estadual de Feira de Santana, como instituição formadora de professores, desde a sua origem, e por inerente missão institucional, interagir com as Prefeituras Municipais da Microrregião e de outras da sua área de abrangência, no sentido de garantir a titulação acadêmica dos professores em exercício nas redes públicas dos municípios relacionados a seguir. Na sua primeira oferta, firmou convênio para atendimento aos onze municípios, conforme Quadro 12. MUNICÍPIOS CONVENIADOS Amélia Rodrigues Conceição do Jacuípe Feira de Santana Irará Itaetê Muritiba Ouriçangas Santo Amaro 9. Santo Estêvão 10. São Francisco do Conde 11. São Sebastião do Passé 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Fonte:UEFS/DEDU (2002). Quadro 12: Municípios Conveniados Durante o desenvolvimento dessa primeira oferta, mais dois municípios, registrados no Quadro 13, buscaram também atendimento. OUTROS MUNICÍPIOS CONVENIADOS 12. Lençóis 13. Água Fria Fonte: UEFS/DEDU (2003). Quadro 13: Outros Municípios Conveniados ao Programa Mesmo com interrupções de aulas em alguns desses municípios, decorrentes ou de greves de docentes (da UEFS e de Municípios conveniados) ou por descumprimento temporário das obrigações consignadas no Convênio para as Prefeituras, foram viabilizados doze, dos treze Convênios propostos pelas Prefeituras Municipais que integram a região representada, estando pendente apenas o de Água Fria que já retomou as atividades do Programa, no mês de maio, de 2008. 3.3 Viabilização e Funcionamento do Curso 108 Até a Constituição de 1988 os municípios não eram titulares de Sistema de Ensino e só poderiam sê-lo por meio de uma delegação autorizada por parte dos Estados. Com o advento da Carta Magna de 1988 iniciou-se a progressiva transição, para a responsabilidade municipal dos serviços e encargos relativos a educação do Ensino Fundamental, conforme processo de descentralização desencadeado. O Artigo 211 da CF 88 em consonância com Artigo 18 da LDBEN constituiu os municípios como titulares do Sistema de Ensino. No Estado da Bahia o processo de municipalização do Ensino Fundamental foi formalizado por meio do Decreto nº 7.254, de 20 de março de 1998, com o qual se constituiu o Programa de Parceria Estado - Município, posteriormente alterado pelo Decreto nº 7.685, de 8 de outubro de 1999 (Bahia SEC, 2006). Assim sendo, entre os anos de 1998 e 2006, das 2.321 Escolas da Rede Estadual, foram transferidas 1.720 para os municípios, registrando-se um total de transferência de 351.794 alunos de 1ª a 4ª série e 108.648 de 5ª a 8ª série, ainda sendo assumidas pelo Estado 601 Escolas que oferecem matriculas de 1ª a 4ª serie, no total de 130.559 alunos distribuídos em 193 municípios, muitos deles já tendo implantado seu processo de municipalização (BAHIA; SEC, 2006). Ao final de 2006, a expansão de municipalização no Estado da Bahia já alcança 376 dos seus 417 municípios, definindo um percentual de 90,17% do total, faltando atingir plenamente os quarenta e um que não se inseriram no processo de municipalização, possuindo ainda algumas Escolas Estaduais que atendem de 1ª a 4ª série. Dentre elas se destacam os municípios de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié e Alagoinhas, considerados de grande porte no contexto estadual, mas que ainda mantinham, por algumas escolas da rede estadual, atendimento às séries iniciais do ensino fundamental. Os municípios pesquisados, Santo Estêvão e Amélia Rodrigues, respectivamente em 22 de setembro de 2000, por força da Lei nº 26/2000 e em 04 de julho de 2002, por Ato Legal nº 329/2000, instituíram seus Sistemas Municipais de Ensino, assumindo, desde então, os encargos e serviços da Educação de Ensino Fundamental local. Esse resultado demonstra a procedente transição do Ensino Fundamental passando a ser responsabilidade do Poder Público Municipal conforme prevê a CF de 88 e a LDBEN. A partir dessa transição, no Estado da Bahia, a matrícula inicial no Ensino Fundamental por dependência administrativa se registra na Tabela 19 do ano inicial do 109 processo (1998 até o ano de 2006), onde se verifica o processo de redução da dependência administrativa Estadual, ainda que não se constate o proporcional crescimento municipal. Tabela 19: Matrículas Iniciais por Dependência Administrativa – BA, 1998-2006 Matrícula Inicial no Ensino Fundamental por dependência Administrativa Bahia 1998-2006 Dependência Administrativa Ano Estadual Municipal 1998 1.283.338 2.054.020 1999 1.291.451 2.209.254 2000 1.264.337 2.259.825 2004 625.917 2.257.787 2005 573.346 2.205.390 2006 539.564 2.124.570 FONTE: BAHIA / Perfil da Educação na Bahia (SEC, MEC/INEP apud BAHIA / SEC, 2006). A municipalização do Ensino Fundamental e criação de vagas pelo Poder Público Municipal inicialmente pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF17) e fortalecida em 2006, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB18) possibilitou o atendimento à demanda de formação de professores atuantes nas escolas sem a devida qualificação, o que se verificou na tomada de decisão das prefeituras que fizeram convênio com as Universidades com a finalidade de graduar os professores municipais em serviço. A criação do FUNDEB em substituição ao FUNDEF (que era restrito ao Ensino Fundamental) se deu tendo em vista o aumento de conscientização da necessidade de se cuidar da Educação Básica como um todo, compreendendo todas as etapas, níveis de ensino que a integram e destinado à valorização dos profissionais do magistério e de todos os profissionais dessa Educação Básica, subsidiando suas possibilidades de qualificação por formação inicial e continuada e provendo as possibilidades de volumes de recursos financeiros de acordo com a proporção do número de alunos matriculados na Educação Básica das redes de Ensino Estaduais e Municipais (CALLEGARI, 2008). Foi, portanto, com base no FUNDEB que foram viabilizados todos os convênios dos municípios atendidos pelo Programa de Formação de Professores do Ensino Fundamental das Séries Iniciais executados pela UEFS, com recursos correspondentes à rubrica Qualificação de Professores, conforme autoriza o Parágrafo único do Artigo 7º da Lei nº 9.424, de 1996. A proposta curricular do Curso teve seus aspectos legais fundamentados na LDBEN, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que, no inciso 17 18 Lei nº. 9.424/96 criada em 1996 pela Emenda Constitucional nº 14. Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007 por promulgação da Emenda Constitucional nº 53, de dezembro de 2006 foi regulamentada sua organização e funcionamento pela medida provisória nº 339, de 2006 . 110 II, artigo 53, asseguram a autonomia das Instituições de Ensino Superior em fixar os currículos de seus cursos, observadas as diretrizes curriculares gerais pertinentes (BRASIL, LDB, 1996). Por outro lado, a exigência legal de que formação de docentes far-se-á em Cursos de Licenciatura de Graduação Plena (LDB, Art. 62) acelerou o processo de atendimento. A Coordenação Geral do Programa na UEFS foi exercida pela Professora Maria de Lourdes Carvalho Borges Cerqueira do quadro permanente da UEFS, na época (2002) que também Coordenava o Colegiado do Curso de Pedagogia na Universidade, sendo ViceCoordenadora a Professora Maria Helena da Rocha Besnosik, atual Pró-Reitora de Extensão da UEFS (2007). Para esse atendimento, a Universidade Estadual de Feira de Santana elaborou o Programa de Formação de Professores em Serviço, através do qual o próprio município de Feira de Santana e os demais conveniados no seu entorno passam a oferecer o Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia para Professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental com base no seu Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI). O Projeto Político-Pedagógico da UEFS considera as transformações sociais e tecnológicas da sociedade contemporânea como um dos estímulos para formação do profissional-cidadão do Século XXI (UEFS, Projeto para fins de adequação às Diretrizes Curriculares Nacionais de Pedagogia, 2007). A proposta educacional do Curso de Formação de Professores19, com base nesse PPPI, se estrutura curricularmente para atendimento às referidas transformações sem declinar da visão humanística e emancipatória proposta por Paulo Freire (2001), que norteiam as orientações didático-pedagógicas. Leva em conta os seguintes aspectos na proposição do Curso e que também se compatibilizam com os propósitos do processo de desenvolvimento defendido pelo novo paradigma conceitual dos recentes estudiosos da questão, em especial, Brose (2000) e Barquero (2000): a) a crescente globalização das economias e culturas, definidora de novas formas de organização da produção do trabalho e de novas e mais intensas interações entre os povos e nações; b) a progressiva democratização da sociedade, exigindo do cidadão uma maior responsabilidade e participação nos processos de tomada de decisão; 19 Conforme Projeto que integra o Processo de Reconhecimento do Programa de Formação de Professores em Serviço da Rede Municipal de Ensino dos Municípios conveniados, encaminhado para aprovação do Conselho Estadual de Educação do Estado. 111 c) a imprescindível responsabilidade ambiental, provocada pela consciência de finitude das reservas naturais e pelos efeitos maléficos das ações humanas obre o meio ambiente; e d) o surgimento de novas tecnologias que transformaram nossos hábitos e costumes, exigindo novas aprendizagens e conhecimentos com o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, construída sobre ampla base de educação geral. (UEFS, 2007). Em 2002, foi necessária a atualização do Projeto decorrente de melhor contextualização da concepção pedagógica e obrigatória às Resoluções CNE/CES nº 1 e 2 de 2002, que se legalizou institucionalmente pela Resolução CONSEPE nº 40 de 2003, após reformas elaboradas pela equipe composta pelos Professores: André Luiz Brito Nascimento, Antonio Roberto Seixas da Cruz, Maria Helena Besnosik, Maria de Lourdes Carvalho Borges Cerqueira, Maria Marta Leone Lima e Nildon Carlos Santos Pitombo. Na perspectiva de se ajustar às futuras possibilidades de oferta mediante outras viabilizações de convênios e após avaliação pedagógica realizada nos municípios que concluíram seus cursos até inicio de 2007, o Projeto sofreu nova atualização, dessa feita, procedida por Professores que integraram a Coordenação Geral do Programa e também integraram o Processo de Avaliação do mesmo. A atualização datada de 2007 foi executada pelos Professores Maria de Lourdes Carvalho Borges Cerqueira, Maria Helena da Rocha Besnosik e Nildon Carlos Santos Pitombo. Ressalta-se que todos os Professores que atuaram desde a elaboração da versão inicial às versões de atualização integram o Departamento de Educação (DEDU), da UEFS. Para a viabilização do Programa em cada Município os convênios individualizados assentaram as necessárias competências para garantir o funcionamento do Curso.(ANEXOS D e E). O corpo docente que atuou em Amélia Rodrigues era composto por vinte e seis Professores, sendo vinte e quatro do quadro permanente da UEFS. Destes vinte e quatro, quatro são Especialistas, dezenove são Mestres e um é Doutor (CEE, 2005). O corpo docente em Santo Estêvão foi constituído por 26 Professores, 50% Especialistas e 50% detentores do título de Mestre, sendo que 16 integram o quadro efetivo da UEFS e 10 pertencem a outras Instituições de Ensino Superior (CEE/BA, 2006). Pela especificidade de atendimento, o Programa estabeleceu que o Curso seria destinado a professor da Educação Infantil e do Ensino Fundamental que atendesse aos seguintes critérios:. ter formação de nível médio;estar atuando em escolas do sistema municipal e/ou estadual de educação; e ter sido classificado em processo seletivo especifico, realizado pela 112 UEFS (que exigiu conhecimentos básicos de Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Ciências da Natureza). O processo de seleção dos professores municipais candidatos foi feito por meio de um concurso específico, que atendeu às particularidades de oferta especial, conforme termos do Edital próprio, diferenciado dos concursos para Cursos de oferta regular da Universidade. A Prefeitura se responsabilizou pela montagem da infra-estrutura necessária à implantação e adequado funcionamento do curso na sua localidade, a exemplo do espaço físico necessário (sala de aula, secretaria, sala de leitura, sala para biblioteca, etc.), contratação de funcionários, disponibilização de antena parabólica, TV e videocassete, telefone, fax, biblioteca básica, informatização dos serviços de secretaria com acesso à Internet, laboratório de informática para uso da disciplina Educação e Novas Tecnologias da Comunicação e Informação, entre outras condições infra-estruturais. Para tanto, o convênio incluiu cláusulas relacionadas a esses aspectos. (UEFS, 2002). Para implementação e acompanhamento do Programa em cada Município foram designadas Coordenações específicas da UEFS para atuação semanal nos próprios Municípios. Em Amélia Rodrigues a Coordenação foi executada pela Professora Maria Jose Duboc e em Santo Estêvão pela Professora Marilda Carneiro Santos, às quais competiu verificar as efetivas condições de funcionamento do Curso e o desempenho pedagógicoadministrativo decorrente, até o período da diplomação dos graduados. Essas coordenações realizaram reuniões com o poder local (prefeitos, secretários de educação, coordenação municipal), com os alunos-professores e com segmentos da sociedade civil, interagindo com sindicatos e associações de pais, demonstrando efetivo poder de articulação, principalmente com os colegas docentes da UEFS que atuavam nos municípios, conforme expressam os Relatórios da Comissão de Avaliação do CEE, da Comissão Interna de Avaliação da UEFS e registros dos próprios egressos. O Curso foi realizado na sede do município conveniado, tendo também uma coordenação local (para a qual foi designada a Secretária de Educação de cada Município) articulada com a coordenadora lotada na UEFS, sendo essa coordenação integrada à Coordenação Central localizada no campus da UEFS, em Feira de Santana. Também sob acompanhamento e articulação dessas coordenações ocorreram algumas vindas dos professores-alunos ao Campus da UEFS, em Feira de Santana, para a execução de atividades específicas nos termos da formalização do currículo, no que tange à concretização das atividades complementares à formação, conforme foi previsto no Projeto do Curso. 113 O Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia com Habilitação para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental, que é objeto do Programa de Formação de Professores, foi autorizado por Resolução CONSEPE nº 54, de 2001 e amparado pelo Parecer CEE nº 80, de 2004, com base nas Resoluções CEE/CP nº 57, de 2003 e nº 17, de 2001, que dispõem sobre Programas de Formação em Serviço de Professores para Educação Básica, em caráter temporário, e Reconhecimento de Cursos Superiores de Instituições Públicas do Sistema Estadual de Ensino Através da Resolução CONSEPE nº 40, de 2003, a estrutura curricular, inicialmente proposta no Projeto do Curso, sofreu adaptações a partir de 2002 por força das Resoluções do Conselho Pleno, CP, do Conselho Nacional de Educação, CNE- Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em curso de nível superior de graduação plena e a Resolução CNE/CP Nº 2, de 19 de fevereiro de 2002, que regulamenta a duração e a carga horária dos cursos de Licenciaturas. Reconstituiu-se, assim, a partir de 2002, um currículo que atendesse à formação de um profissional de educação capaz de lidar com as transformações sociais, principalmente as ocorridas e decorrentes no sistema educacional. Estabelecidas as bases legais, as condições infraestruturais de funcionamento, conforme reza o Convênio, iniciou-se a oferta dos cursos, em 2002, quando se realizou o Processo Seletivo. No município de Amélia Rodrigues as aulas foram iniciadas em março de 2003 e no de Santo Estêvão em outubro de 2002, tendo sido cumprida, em ambos, toda a estrutura curricular, com respectiva carga horária, prevista ao final de 2006. O Curso foi realizado em três anos, com 2.885 horas em Amélia Rodrigues e 2.930 horas em Santo Estêvão, com regime de funcionamento presencial, atendendo a 96 professores em Amélia Rodrigues e 93 em Santo Estêvão. Em cada município foram constituídas duas turmas de professores-alunos, uma funcionava no turno vespertino e a outra no noturno. Na concepção curricular o Projeto do Programa previu: O Currículo do Curso deve possibilitar ao professor-cursista que os diferentes conhecimentos aprendidos articulem capacidades específicas como professor [...] além disso visa a compreensão ética, política e cultural, o fomento à vivência profissional complementar em organizações fora do espaço escolar [...]. (UEFS, Projeto do Curso, 2007, p.13). 114 Os projetos específicos para os Municípios em análise foram compostos por registros do contexto de cada Município. Ambos obtiveram pareceres favoráveis à aprovação dos mesmos, pelos então Conselheiros, Professora Margarida Fahel (Curso de Amélia Rodrigues), e o Professor Josué da Silva Mello (Curso de Santo Estêvão). Os dois Pareceres foram acolhidos e aprovados pelo Conselho Pleno do CEE nas respectivas sessões dos dias, 26 de setembro de 2005 e de 23 de janeiro de 2006,(CEE/BA, 2005; 2006). Ao registrar a conclusão e voto dos Pareceres, os Conselheiros se fundamentaram no Relatório de cada Comissão de Verificação que visitou o município para constatação das efetivas condições expressas no Projeto de Reconhecimento que a UEFS encaminhou ao CEE. Cada Comissão de Verificação confirmou o cumprimento das condições legais aplicáveis ao Curso, o desenvolvimento das atividades curriculares previstas no Projeto, a infra-estrutura local adequada, a qualificação e desempenho dos coordenadores e docentes e o interesse e nível de satisfação manifestados pelos professores-cursantes, possibilitando Pareceres favoráveis que, homologados e publicados em tempo hábil, garantiram a entrega de Diplomas de todos os graduados nas suas Solenidades de Formatura (dezembro de 2006, em Amélia Rodrigues e janeiro de 2007, em Santo Estêvão). Após a conclusão do Curso foi realizada uma avaliação pela equipe coordenadora do programa pela UEFS, onde ficaram registrados depoimentos que caracterizaram os resultados pedagógicos do Programa, na visão de egressos dos dois municípios, que se manifestaram individual e coletivamente, a exemplo dos abaixo destacados: As abordagens feitas pelos professores acerca da educação brasileira, levaram-me a analisar o porque de tantos problemas na atualidade, além de conhecer melhor a educação do meu município. Esse estudo nos alertou a perceber a ideologia e o jogo de poder difundido pelas instituições. Em Sociologia e educação o seminário sobre os grandes educadores nos levou a refletir o quanto ainda se faz necessário estudar e investir em educação para melhorar a vida no Brasil. Para nós estudantes de Pedagogia esta disciplina (Jogos e recreação) contribuiu de maneira significativa onde a universidade se fez espaço de construção e produção desenvolvendo a criticidade e saberes. As pesquisas e busca de informações foram precisas na construção de saberes críticos, onde o aprendizado foi pesquisado e sistematizado. (Educação e novas tecnologias). Aquisição de visão crítica em torno da educação local e geral e de outras questões sociais do município. 115 Adquirimos vários conhecimentos epistemológicos como a formação do homem como ser e como essência. Obtivemos um novo olhar para com a escola, aluno, o sistema, a sociedade e para a própria UEFS20. Esses resultados denotam melhorias não só da capacidade de desempenho pedagógico dos egressos, como também sinalizam outras melhorias de aspectos políticos e sociais pelas mudanças que eles próprios registram em relação aos vários aspectos questionados tanto por posições individuais como em grupo, conforme metodologia adotada pela equipe pedagógica da UEFS. Também foram coletadas impressões por parte dos coordenadores pedagógicos que atuam nas escolas onde os egressos estão lotados, com o objetivo de ser avaliado o Programa sob outras óticas.Os resultados poderão se ilustrar pelos seguintes depoimentos: Esse é um curso que foi implantado com o objetivo de formar professores em exercício melhorando a qualidade do ensino. Os professores da UEFS que ministram as aulas são de boa qualidade e compromisso político (UEFS, 2006). O curso é de grande importância para os professores, não só o professor é beneficiado e sim toda a educação. Sem falar que a cidade terá uma outra visão diante das demais (UEFS, 2006). As formais e informais repercussões que se divulgam desse Programa na comunidade acadêmica e nos municípios onde ele se realizou revelam sua relevância e impacto por quanto viabilizou na ampliação da capacidade de organização e participação dos egressos nas suas mudanças pedagógicas, políticas e sociais como na valorização que passaram a ter diante do seu município e dos segmentos onde atuam (família, escola, associações, sindicatos, e outros). Também foi relevante o envolvimento da coordenação e docentes da UEFS que assumiram o Programa, respondendo positivamente às suas atribuições com destaque de competência e compromisso, conforme registram as avaliações do CEE e da comunidade local (secretários municipais, diretores e coordenadores pedagógicos das escolas e os próprios egressos). Ressaltam-se, ainda, os desdobramentos decorrentes dessa ação, tanto de outras ações de Ensino (muitos egressos buscam sua pós-graduação) como de Pesquisa (de avaliação pedagógica e desta que se concretiza) e de Extensão (os Municípios foram selecionados para várias atuações extensionistas que já se registraram no Capítulo II, da UEFS, e outras parcerias estão sendo viabilizadas, conforme área de abrangência da Universidade, pela própria divisão de identidade territorial estabelecida pelo Estado). 20 Depoimentos extraídos da Síntese do Relatório de Avaliação do Programa de Formação de Professores de 1ª à 4ª Séries do Ensino Fundamental da UEFS que apresenta a avaliação do Programa feita pela Equipe Coordenadora (Anexo F). 116 Levando-se em conta que, para serem observadas as dimensões do desenvolvimento, há de observar-se sua contextualização de tempo e espaço e as efetivas condições de atuação institucional, abordar-se-á a referida contextualização, iniciando-se por esclarecer acerca da nova divisão territorial onde se realizou a pesquisa. 3.4 A Nova Divisão Territorial dos Municípios Pesquisados A delimitação espacial torna-se importante elemento para a compreensão e análise de estudos que envolvem o desenvolvimento regional e/ou local. Portanto é necessário se fazer uma caracterização da região onde estão inseridos os municípios em questão: Feira de Santana (que é a sede da Universidade Estadual de Feira de Santana), Santo Estêvão e Amélia Rodrigues (municípios objetos desse estudo). Para tanto, será utilizada a classificação regional determinada pela nova classificação territorial utilizada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) que são os Territórios de Identidade Baianos. Com o objetivo de identificar oportunidades de investimento e prioridades temáticas definidas a partir da realidade local de cada Território, possibilitando o desenvolvimento equilibrado e sustentável entre as regiões, o Governo da Bahia passou a reconhecer em seu Planejamento Territorial, a existência de 26 Territórios de Identidade, constituídos a partir da especificidade dos arranjos sociais e locais de cada região. Sua metodologia foi desenvolvida com base no sentimento de pertencimento, em que as comunidades, através de suas representações, foram convidadas a opinar sobre suas origens e necessidades comuns. A região onde se encontra Feira de Santana, Santo Estêvão e Amélia Rodrigues é chamada de Portal do Sertão – o Território número 19 dentre os territórios de identidade da Bahia. A Figura 3 apresenta a divisão regional baiana por Territórios de Identidade. 117 FONTE: Elaborado por ANDRADE (2008). Figura 3: Territórios de Identidades do Estado da Bahia O Território Portal do Sertão é formado por dezessete municípios e abrange uma área total de 5.796,56km2. Sua população é estimada em 843.494 habitantes (dados de 2006). Feira de Santana é a principal cidade do território e represente cerca de 3% do PIB estadual, enquanto Santo Estêvão e Amélia Rodrigues representam, respectiviamente 0,15% e 0,08% do PIB baiano (o que os coloca na 4ª e 5ª colocação dentro do território em questão em relação à representação do PIB territorial – ficando atrás apenas dos municípios de Conceição do Jacuípe e São Gonçalo dos Campos, além de Feira de Santana). A Figura 4 apresenta a divisão municipal do Território Portal do Sertão. 118 FONTE: Elaborado por ANDRADE (2008). Figura 4:Território Portal do Sertão com a Localização dos Municípios Estudados Do ponto de vista social, o Portal do Sertão conta com 100% de cobertura no atendimento à disponibilização de água tratada e 11,76% de seu território conta sistema de esgotamento sanitário (segundo dados da Empresa Baiana de Saneamento e Água – EMBASA e da Companhia de Eletrificação Rural da Bahia – CERB, 2006). Em relação aos sistemas de atendimento à saúde, conta com sete hospitais gerais, 42 postos de saúde, 49 unidades básicas de saúde e treze unidades da vigilância sanitária. Dentre do sistema de atendimento à saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS), apresenta sete unidades de atendimento de competência do Governo Estadual, 233 de competência municipal. Existem, ainda, outras 189 unidades de administração privada (SESAB, 2005). No que tange à educação, possui a maioria dos estabelecimentos de ensino sob a tutela municipal de administração ou de administração privada, como pode ser acompanhado na Tabela 20. Tabela 20: Número de Estabelecimentos por Tipo de Ensino – Território Portal do Sertão, 2005 TIPO DE ENSINO Pré-escolar Ensino Fundamental 1ª a 4ª Fundamental 5ª a 8ª Ensino Médio TOTAL ESTADUAL 5 80 95 69 249 FONTE: Anuário Estatístico da Educação - SEC/SEI (2005). MUNICIPAL 521 665 77 2 1265 PARTICULAR 223 189 51 24 487 TOTAL 749 934 223 95 2001 119 Quanto aos setores produtivos (dados da SEAGRI21/SEI), em relação à produção agrícola seu maior destaque é para a produção de cana-de-açúcar no município de Terra Nova, mandioca e feijão em Feira de Santana. No setor pecuário é destaque a produção de ovos (com 55,4% da produção estadual de ovos de codorna e 36,58% de ovos de galinha) em Feira de Santana. Representa, ainda, aproximadamente 67% da produção de aves em Feira de Santana e Coração de Maria. E em relação ao setor industrial, este está mais concentrado nas cidades de Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos. Ainda que o objetivo principal do trabalho não preveja um resgate histórico dos Municípios onde se deu a pesquisa, é importante apresentar o seu contexto socioeconômico e cultural para que sejam observadas, no processo de formação e evolução, as possibilidades de relação com o papel desempenhado pela UEFS, enquanto agente de desenvolvimento. O trabalho visa caracterizar a situação dos Municípios, antes (até 2002) e, recentemente (até 2007), após execução do Programa da UEFS, servindo como preliminar cenário de mudanças que indiquem sinais desenvolvimento durante o período. Essas preliminares poderão servir também de parâmetro de avaliação de resultados a serem agregados aos obtidos na pesquisa específica com os segmentos envolvidos. 3.5 Aspectos Socioeconômicos e Culturais dos Municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão Nesta sub-seção construir-se-á o perfil socioeconômico dos Municípios de abrangência do Programa – Amélia Rodrigues e Santo Estêvão. Tal perfil será composto por dados que evidenciem a localização dos municípios, bem como seus dados populacionais, sociais e educacionais. 21 Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia. 120 3.5.1 Amélia Rodrigues: fatores socioeconômicos e educacionais A cidade de Amélia Rodrigues tem sua origem no Município de Santo Amaro da Purificação do qual se desmembrou em 1961. A sua gênese histórica e territorial data de 1609, ainda na condição de sesmaria22, quando o então Governador do Brasil Dom Diogo de Menezes doa sua área territorial aos irmãos Luiz Vaz e Manoel Nunes Paiva. Em 1622, a região é deixada em testamento para o Mosteiro de São Bento (da cidade do Salvador), onde os monges beneditinos constroem o Engenho São Bento do Inhatá – que vem a se tornar o primeiro ponto habitado da região. Em 1702, já nominada por Marucá, é erguida a primeira igreja das proximidades – a Capela de Nossa Senhora da Lapa – que vem a originar o povoado da Lapa, tornando-se centro regional devido ao cultivo da cana-de-açúcar. Já em 1944 esse distrito de Santo Amaro recebe, ainda, o nome de Traripe até se tornar, em 20 de outubro de 1961, com a emancipação municipal, Amélia Rodrigues – em homenagem à educadora e poetisa nascida no local. Amélia Rodrigues está localizada às margens da BR 324 a 80 km de Salvador e a 27 km de Feira de Santana. De acordo com a Divisão em Territórios de Identidade23 o município pertence ao Território do Portal do Sertão. Apresenta uma área de 153,20km2 e possui como limites, conforme a Figura 5, os municípios de Conceição do Jacuípe, Terra Nova e Santo Amaro da Purificação. Sua divisão interna é composta pelos distritos de Inhatá, Itapetingui e Mata da Aliança. 22 Consistem nos lotes de terras abandonadas ou incultas cedidos pelos reis lusitanos a determinadas pessoas que resolvessem cultivá-las. 23 Com o objetivo de identificar oportunidades de investimento e prioridades temáticas definidas a partir da realidade local de cada Território, possibilitando o desenvolvimento equilibrado e sustentável entre as regiões, o Governo da Bahia passou a reconhecer, em seu Planejamento Territorial, a existência de 26 Territórios de Identidade, constituídos a partir da especificidade dos arranjos sociais e locais de cada região. Sua metodologia foi desenvolvida com base no sentimento de pertencimento, onde as comunidades, através de suas representações, foram convidadas a opinar. Fonte: <http://www.ppaparticipativo.ba.gov.br/ppa/index.asp>, acessado em 19 de março de 2008. 121 FONTE: Elaborado por ANDRADE (2008) Figura 5: Localização do Município de Amélia Rodrigues Apresentava uma população de 24.134 habitantes em 2000 e estimada pelo IBGE em 25.790 habitantes (em 2007), registrando uma contagem efetivada neste período, de 22.099 habitantes com declínio de 9,21% da estimativa feita (IBGE, 2008). Fatores econômicos Do ponto de vista produtivo, a área de Serviços corresponde à principal atividade municipal (62,83% do PIB municipal), seguido pela produção industrial (20,02%). A produção agrícola, independentemente do fato do município originar-se de um engenho, e ainda hoje, manter-se como o segundo principal produtor de cana-de-açúcar do Estado, segue a tendência nacional, representando a menor faixa de área produtiva (7,42%). Já a arrecadação de impostos, compõe 9,73% do PIB do município. Tais dados podem ser verificados através da Tabela 21. 122 Tabela 21: Estrutura Setorial do PIB – Amélia Rodrigues, 2005 (em mil reais) TOTAL 83.904 100% Agropecuária 6.217 7,42% PIB Municipal Indústria 16.831 20,02% Serviços 52.702 62,83% Impostos 8.154 9,73% FONTE: IBGE/Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais (2005). Dentre as características produtivas24, pode-se observar que Amélia Rodrigues, embora siga o padrão de afastamento da população da zona rural onde se percebe a diminuição da participação produtiva em relação à agropecuária, enquadra-se na agricultura como um grande produtor de cana-de-açúcar, além de produzir banana, mandioca, coco-da-bahia e laranja. No ramo industrial ocupa o 58º lugar no ranking estadual com um total de noventa e seis indústrias. Na área dos serviços, setor onde se concentra a produção municipal, Amélia Rodrigues ocupa a 117ª posição estadual, apresentando um total de 398 estabelecimentos comerciais. Quanto à evolução, o PIB municipal aumentou, entre 2002 e 2005, 40,18%, saindo de R$ 59 para R$ 84 milhões de reais (ver Gráfico 5), fato que reflete o dinamismo na economia local (registrando o 82º lugar no Índice de Produto Municipal). (em milhões de reais) FONTE: SEI / IBGE. Gráfico 5: Gráfico da evolução do PIB – Amélia Rodrigues, 2002-2005 Acompanhando a evolução setorial do PIB, pode-se constatar que houve involução nos setores da indústria e da agropecuária. A indústria perdeu abrangência em 1,63 pontos percentuais (p.p.), enquanto que o agropecuário caiu 0,32 p.p. Pode-se acompanhar este processo através do Gráfico 6. 24 Segundo dados da SEI (2005). 123 (em percentual) FONTE: SEI / IBGE. Gráfico 6: Gráfico da Evolução do PIB por Setor Produtivo – Amélia Rodrigues, 2002-2005 Fatores sociais Em relação à questão social do município, pode-se observar uma melhora no nível da qualidade de vida da população. No que tange à renda familiar, segundo dados do PNUD, entre os anos de 1991 e 2000, a renda per capita média do município cresce cerca de 54,79% (registrando o 73º lugar na relação do índice de renda média dos chefes de família e o 29º em relação ao índice de qualificação de mão-de-obra). A pobreza diminuiu 23,77%. Entretanto, a desigualdade social cresceu. O Índice de Gini25 passou de 0,52 em 1991 para 0,58 em 2000, demonstrando um maior índice de concentração de renda pela parcela da população que desfruta de melhores condições de vida. Acompanhando o Índice de Gini, pode-se observar que entre 1991 e 2000, registrouse, no município de Amélia Rodrigues, uma diminuição nos níveis de pobreza e indigência. Em1991, o número de indigentes no município correspondia a 39,09% passando a representar 25,64% em 2000 (uma involução de 13,45% na quantidade de indigentes municipais). Quanto aos indivíduos considerados pobres, este percentual regrediu 16,60%, caindo de 69,85% em 1991 para 53,25% em 2000. Porém, embora a quantidade de indivíduos considerados pobres e 25 Criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um, onde valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. Mede o grau de desigualdade na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. 124 indigentes tenha diminuído, a intensidade da indigência aumentou. Tais dados podem ser acompanhados através da Tabela 22. Tabela 22: Indicadores de Pobreza e Indigência – Amélia Rodrigues, 1991/2000 (em percentual) Número de Indigentes 1991 2000 39,09 25,64 Diminuiu 13,45% Intensidade da Indigência 1991 2000 37,08 45,60 Aumentou 8,52% Número de Pobres 1991 2000 69.85 53,25 Diminuiu 16,60% Intensidade da Pobreza 1991 2000 50,93 47,77 Diminuiu 3,16% FONTE: PNUD / IBGE / Atlas de Desenvolvimento Humano / Elaboração própria (2008). Quanto ao tipo de moradia, entre os anos de 1991 e 2000 o percentual de residências habitadas por mais de duas pessoas diminuiu 2,41% e, além disso, houve um aumento de 5,46% no total de pessoas que conseguiram adquirir sua casa própria. A Tabela 23 mostra as variações municipais quanto ao acesso das famílias a bens de consumo e aos serviços básicos no município, onde, também no período decorrido de 1991 a 2000, o acesso a serviços básicos evoluiu. Houve um aumento de 21,42% na aquisição da água encanada; 16,24% no acesso à coleta de lixo urbano e 3,17% na obtenção de energia elétrica (correspondendo, no ranking estadual à 54ª colocação quanto aos serviços básicos e à 115ª quanto ao índice de infra-estrutura). Um outro fato importante a ser analisado é que a existência de domicílios subnormais apresentou uma involução de 1,26% no período. Já no que se refere ao acesso a bens de consumo, a situação demonstra igual evolução quando se comparam a utilização de bens como televisão e geladeira (aumentando, respectivamente 20,98% e 17,11%). O único bem pesquisado que demonstrou involução foi o acesso a telefone residencial, fato este que se deve ao aumento no uso de telefonia celular (que não era pesquisada em 1991 e que passou a ter uma forte expressão de uso a partir dos anos 2000). Tabela 23: Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios com Acesso a Serviços Básicos e Bens de Consumo – Amélia Rodrigues, 1991/2000 (em percentual) SERVIÇOS BÁSICOS 125 Ano 1991 2000 Água encanada 27,91 49,33 Banheiro e água encanada 25,31 42,73 Coleta de Lixo Urbana 32,52 48,76 Energia Elétrica 91,19 94,36 Domicílios Subnormais26 1,26 0,00 BENS DE CONSUMO Ano Bem 1991 2000 Televisão 64,59 85,57 Telefone 6,33 4,69 Carro 8,84 13,32 Geladeira 55,41 72,52 Computador 0,00 2,67 Domicílio com pelo menos 3 10,50 14,19 bens anteriores Serviço Evolução (1991-2000) 21,42% 17,42% 16,24% 3,17% -1,26% Evolução (1991-2000) 20,98% -1,64% 4,48% 17,11% 2,67% 3,69% FONTE: PNUD / IBGE / Atlas do Desenvolvimento Humano / Elaboração própria (2008). Do ponto de vista eleitoral, a participação da população, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), demonstra um grande interesse populacional na participação dos pleitos eleitorais, já que em 2004 alcançou a porcentagem de mais de 70% votantes. Analisando o sistema de saúde municipal, Amélia Rodrigues apresenta a 241ª colocação no índice do nível de saúde. Segundo dados da SEI (2005), pode-se observar um ambiente onde não existe nenhum hospital conveniado com o Sistema Único de Saúde (SUS) seja de caráter municipal, estadual, federal, privado ou filantrópico. Numa análise geral do Índice de Desenvolvimento Humano que utiliza como parâmetros análises com base na longevidade, renda e educação, Amélia Rodrigues apresenta a 29ª posição estadual em relação ao IDH. O IDH Municipal evoluiu cerca de 19,01% entre 1991 e 2000, apresentando um índice de 0,695 (ano 2000) que, segundo o PNUD, é considerado de médio desenvolvimento. O fator que mais contribuiu para esta evolução foi a educação municipal (que cresceu 47,4%), seguido pela melhora na longevidade (evolução de 30,6%) e devido à renda (21,9%). Tal situação é apresentada na Tabela 24. Tabela 24: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – Amélia Rodrigues, 1991/2000 (em percentual) IDH Municipal 1991 2000 0,584 0,695 IDH Educação 1991 2000 0,683 0,841 IDH Longevidade 1991 2000 0,561 0,663 IDH Renda 1991 2000 0,507 0,580 FONTE: PNUD / IBGE / Atlas do Desenvolvimento Humano. Fatores educacionais 26 Os domicílios subnormais geralmente são construídos em locais de ocupação ilegal do solo, edificados em terrenos de propriedade alheia (pública ou privada), dispostos de forma desordenada e densa, e carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais. Geralmente, estão dispostos em áreas íngremes, insalubres, alagadas e sujeitas a desmoronamentos. 126 Especificamente no que tange à educação, conforme visto anteriormente, este foi o fator que mais influenciou a evolução no desenvolvimento humano municipal de Amélia Rodrigues. Tal incremento social pode ser corroborado pela melhoria em diversos fatores educacionais. A Tabela 25 mostra o número de estabelecimentos de educação do município, de acordo com a localização, o nível e o tipo de estabelecimento de ensino. Percebe-se, dessa forma, uma maior quantidade de estabelecimentos de ensino mantidos pelo governo municipal, totalizando, em 2004, quarenta e seis escolas (incluindo as de zona urbana e rural) – voltados ao ensino infantil, fundamental e de jovens e adultos. O governo estadual mantinha, também em 2004, um número de oito escolas (apenas na zona urbana e dirigidos aos ensinos fundamental, médio e de jovens e adultos). Já o número de estabelecimentos particulares contam com seis escolas (restritas à zona urbana e ao ensino infantil e fundamental). Em 2006, apenas na zona urbana, o Município passa a manter trinta e nove escolas da educação infantil ao ensino fundamental. Tabela 25: Número de Estabelecimentos de Ensino – Amélia Rodrigues, 2004-2006 (em unidades) NÍVEL DE ENSINO Z. Rural Z. Urbana Z. Rural Z. Urbana Z.Rural Z. Urbana Z.Rural Z. Urbana Z. Rural Z. Urbana Z.Rural Z. Urbana Z.Rural Z. Urbana Z. Rural Particular 2004 2006 Z. Urbana Municipal 2004 200627 TIPO DE ESTABELECIMENTO Estadual Federal 2004 2006 2004 2006 Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Educação de Jovens e Adultos TOTAL 8 13 6 9 9 1 17 22 - - 3 3 2 - 4 3 - - - - - - 4 2 - - 3 3 - - 27 19 39 - 8 - 7 - - - - - 6 - 6 - FONTE: SEI / SEC / MEC / SEDIAE / INEP / IBGE (2006) / Elaboração própria (2008). Quanto ao número de docentes por grau de formação, segundo a Tabela 26, pode-se constatar que, em 2004, o total de professores no município era de 173, dos quais setenta e seis se dedicam ao ensino fundamental (de 5ª a 8ª série) e dentre estes, trinta e sete só possuem o ensino médio (magistério) completo e outros trinta e quatro possuem o ensino superior completo (licenciatura) e atuam prioritariamente nas séries finais do ensino fundamental. Em relação ao ensino fundamental (de 1ª a 4ª série) do total de trinta e sete 27 Os dados referentes à quantidade de estabelecimentos educacionais para o ano de 2006 não são especificados em relação à disponibilização quanto à localização da zona rural – Fonte: MEC/INEP/IBGE. 127 docentes, os trinta e um só possuem o ensino médio completo (magistério), e apenas seis deles possuem o ensino superior completo (licenciatura). No ensino médio, dos sessenta professores que atuam na área, quarenta e cinco possuem o ensino superior completo (licenciatura) e treze ainda possuem apenas o ensino médio completo (magistério). Tabela 26: Número de Docentes por Grau de Formação – Amélia Rodrigues, 2004 (por profissional) GRAU DE FORMAÇÃO DO DOCENTE Ensino Fundamental (incompleto) Ensino Fundamental (completo) Ensino Médio – Magistério (completo) Ensino Médio – Outra Formação (completo) Ensino Superior – Licenciatura (completo) Ensino Superior (completo) – sem Licenciatura com Magistério Ensino Superior (completo) – sem Licenciatura sem Magistério TOTAL NÍVEL DE ENSINO Ensino Médio Ensino Ensino Regular e Médio Fundamental Fundamental de 1ª a 4ª série de 5ª a 8ª série Profissionalizante 31 37 13 2 6 34 45 1 2 2 37 76 60 FONTE: SEI (2004) / Elaboração própria (2008). Em 2006, a quantidade de docentes aumenta consideravelmente. Enquanto em 2004 o número de docentes ativos no município era de 173, em 2006 esse número passa para 369, representando um aumento de 113,30%. A Tabela 27 mostra essa evolução. Tabela 27: Número de Docentes por Nível de Ensino e Tipo de Estabelecimento – Amélia Rodrigues, 2006 (por profissional) NÍVEL DE ENSINO Ensino Pré-Escolar Ensino Fundamental Ensino Médio TOTAL TIPO DE ESTABELECIMENTO Municipal Estadual Federal Particular 37 15 157 63 37 60 194 123 52 TOTAL 52 257 60 369 FONTE: MEC / INEP / Censo Educacional 2006 / Elaboração própria (2008). Registra-se, assim, no período em que é oferecido o Programa da UEFS no Município, um expressivo quadro evolutivo tanto do número de professores que passam a integrar o quadro docente quanto a qualificação que lhes caracteriza a partir dessa oferta, especificamente no cenário do ensino fundamental, para o qual se define a formação proposta. Conforme dados apresentados pela Secretaria de Educação do município, ao final de 2007, a Tabela 28 indica os efetivos da Rede Municipal, que, em um ano, amplia o quantitativo de 194 para 227 fortalecendo, ainda mais, a caracterização quantitativa e qualitativa desses docentes. 128 Tabela 28 - Relação dos Docentes Efetivos da Rede Municipal com respectiva Formação – Amélia Rodrigues, 2007 Docentes efetivos municipais NÍVEL/ESCOLARIDADE QUANTIDADE Pós-Graduados 25 Licenciados 137 Estudantes 52 Com Magistério 13 TOTAL 227 PERCENTUAL 11% 60% 23% 06% 100% FONTE: SEDUC do Município de Amélia Rodrigues (2008). Dos 162 graduados da Rede Municipal, 96 o foram pelo atendimento do Programa da UEFS in loco, e sessenta e quatro fizeram suas licenciaturas deslocando-se para o campus em Feira, e apenas dois o fizeram em outra Universidade ou Faculdade. No Quadro 14 encontram-se distribuídos, por Escola e por nível de ensino, os docentes graduados pela UEFS. ESCOLA Centro Educacional Dep. Luiz E. Magalhães Colégio Mun. Gov. Luiz V. Filho Creche-escola Dulce C. da Silva Escola Antenor Deusdeth West Escola Antonio dos Santos Paim Escola Antonio Izidoro Franco Escola Antonio José Pinto Escola Elizete Santos Reis Escola Fernando do Prado Escola Francisca dos A. Fonseca Escola Jaime da Costa Pinto Escola Maria José Costa Saldanha Escola Saul Vasconcelos Silva Escola Siomara Souza Escola Valter Falcão Grupo Escolar Amélia Rodrigues Grupo Escolar Arlete Magalhães Grupo Escolar Jaime Villas Boas Grupo Escolar José Lázaro Pereira Grupo Escolar Wilson Falcão TOTAL Professores Graduados pela UEFS Educação Infantil Ensino Fundamental 2 - 1 2 1 2 1 2 11 17 40 4 1 2 4 7 3 1 2 1 6 2 4 3 11 6 10 20 144 Obs: No número de professores graduados estão incluídos os diretores e vice-diretores das respectivas escolas. FONTE: SEDUC, Amélia Rodrigues, 2008. Quadro 14: Relação de Professores Graduados por Escola – Amélia Rodrigues, 2007 Vale ainda ressaltar que, conforme Censo Educacional de 2006, o Município de Amélia Rodrigues aparece em 10ª colocação no Estado da Bahia no desempenho do Índice de Desempenho na Educação Básica (IDEB), e em 2007 registra desempenho superior ao estimado – ficando em 4º lugar dentre os 417 Municípios Baianos. Destaque-se, ainda, a atual (2007) caracterização dos docentes municipais quanto à sua Formação e lotação nas Escolas, conforme ficou expresso no Quadro 14 . 129 3.5.2 Santo Estêvão: fatores socioeconômicos e educacionais Diz a lenda que o município de Santo Estêvão tem sua origem nas buscas de um padre por água, com o intuito de dar de beber para sua criação de animais. Tal lenda data do ano de 1739, quando o Padre José da Costa Almeida, proprietário de uma sesmaria denominada Santo Estêvão Velho, encontra uma fonte de água em um riacho que passa a chamar de Rio Salgado – devido à água ser salobra – para onde se muda e constrói uma capela em homenagem a Santo Estêvão (seu santo de devoção). A construção da capela de Santo Estêvão dá origem à freguesia de Santo Estêvão do Jacuípe. Entretanto, só a partir de 1757 é que o povoado vem, realmente, a se desenvolver. No ano de 1827 a freguesia passa a se chamar Distrito de Paz de Santo Estêvão do Jacuípe com jurisdição na Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira (já contando com 300 casas e algumas propriedades rurais). Em 12 de julho de 1921 o povoado é elevado à condição de vila e logo após a município, sendo desmembrado do município de Cachoeira. Em 1931, porém, volta a ser anexado a outro município, desta vez São Gonçalo dos Campos. Outrossim, ainda em1931 conquista sua emancipação e vira cidade com o nome de Santo Estêvão. De acordo com a divisão do Território de Identidade, pertence ao Portal do Sertão. Está localizada às margens da BR 116, tendo como limites, conforme a Figura 6, os municípios de Ipecaetá, Rafael Jambeiro, Castro Alves, Antonio Cardoso e Cabaceiras do Paraguaçu. Fica a uma distância de 157 km da capital do Estado e a 38 km de Feira de Santana, e possui acesso fácil às principais rodovias da região. 130 FONTE: Elaborado por ANDRADE (2008) Figura 6: Localização do Município de Santo Estêvão De acordo com o Censo Demográfico de 2000, sua população era de 41.145 habitantes (com projeção estimada pelo IBGE, para 46.202 habitantes em 2007) tendo sua contagem efetivada, (com declínio de 7,43% da estimativa) sendo registrado 44.446 habitantes (IBGE 2008) distribuídos numa área de 366,597 km2. Fatores econômicos Ao se tratar das características econômicas, o município apresentou um produto interno bruto para o ano de 2005 na faixa dos R$ 144 milhões, segundo dados do IBGE. A Tabela 29 mostra que o principal meio de produção municipal é o setor de Serviços, (correspondendo a 61,65% do PIB). A indústria vem em segundo lugar com 23,29%, e a agropecuária responde por 6,31% enquanto a arrecadação de impostos por 8,75% do PIB. 131 Tabela 29: Estrutura Setorial do PIB – Santo Estêvão, 2005 (em mil reais) TOTAL 144.047 100% Agropecuária 9.078 6,31% PIB Municipal Indústria 33.543 23,29% Serviços 88.826 61,65% Impostos 12.601 8,75% FONTE: IBGE/Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais / Elaboração própria (2008). Possui, hoje, conforme dados da SEI (2005), um número de 121 indústrias, que proporciona a figuração de Santo Estêvão no 52º lugar no ranking industrial do Estado. É válido destacar que o grande impulso industrial é registrado a partir de 2001, após a instalação de uma grande fábrica de sapatos na cidade, alavancando os investimentos no setor industrial municipal. Além disso, possui também um comércio estruturado, com cerca de 750 estabelecimentos comercias registrados, configurando o 65º município baiano em número de ambientes voltados ao comércio. Do ponto de vista da produção agrícola, deve-se levar em conta que o município de Santo Estêvão é considerado um grande produtor de fumo, sendo um dos maiores da Bahia. Possui, também, uma produção significativa de mandioca, feijão, milho, maracujá e batatadoce. Diante da apresentação do potencial produtivo do município, o Gráfico 7 demonstra a evolução do PIB santoestevense entre 2002 e 2005. Nesse ínterim, o PIB municipal evoluiu 69,66%, o que garante a 65º posição no ranking dos municípios baianos em relação ao produto interno gerado. (em milhões de reais) FONTE: SEI / IBGE. Gráfico 7: Gráfico da Evolução do PIB – Santo Estêvão, 2002-2005 132 Analisando a evolução do PIB por setor de produção – Gráfico 8 – verifica-se que entre 2002 e 2005 a produção agrícola manteve-se em equilíbrio (apresentando uma involução de 1,02 p.p.). Quanto à produção industrial, houve um aumento de 8,74 p.p. a partir de 2002 (um efeito da instalação da Fábrica Dilly de calçados). Já no que tange ao setor de serviços, a involução percebida foi de 7,70 p.p. (em percentual) FONTE: SEI / IBGE. Gráfico 8: Gráfico da Evolução do PIB por Setor Produtivo – Santo Estêvão, 2002-2005 Fatores sociais Do ponto de vista social e levando-se em consideração a totalidade da população municipal, depreende-se que houve um melhoramento na qualidade de vida. Conforme dados oriundos do PNUD, a renda per capita aumentou em 12,39%, contribuindo para um substancial aumento da renda familiar, colocando o município como o 72º no ranking dos rendimentos dos chefes de família entre os municípios baianos. Ao se considerar a qualificação da mão-de-obra do trabalhador, a cidade ocupa a 71ª posição na classificação estadual. Entretanto, a despeito da elevação do poder aquisitivo, observa-se um agravamento das condições de vida da população em situação de indigência e pobreza. A Tabela 30 mostra que o índice de pobreza diminuiu 6,32% e o índice de indigência aumentou 4,10%. 133 Acompanhando tal situação, embora o número de pobres tenha diminuído, a intensidade da pobreza aumentou 6,07%. Já a intensidade da indigência evoluiu acompanhando o aumento no número de indigentes, crescendo 7,88%. Esse acontecimento é corroborado ao se acompanhar o Índice de Gini, que demonstra que houve um aumento na concentração da renda e das desigualdades sociais (tal índice passou de 0,51 em 1991 para 0,57 em 2000). Tabela 30: Indicadores de Pobreza e Indigência – Santo Estêvão, 1991/2000 (em percentual) Número de Indigentes 1991 2000 36,45 40,55 Aumentou 4,10% Intensidade da Indigência 1991 2000 39,19 47,07 Aumentou 7,88% Número de Pobres 1991 2000 72,25 65,93 Diminuiu 6,32% Intensidade da Pobreza 1991 2000 48,50 54,57 Aumentou 6,07% FONTE: PNUD / IBGE / Atlas de Desenvolvimento Humano / Elaboração própria (2008). A manutenção da qualidade de vida para o grupo geral da população pode ser observada, também, quando considerado o número de habitantes que passou a contar com a casa própria ou com terrenos próprios para a construção de seu lar (em 1991 o percentual dessa população era de 82,68% e em 2000 contava com 82,01%). Os registros sobre a quantidade de indivíduos que residiam com mais de duas pessoas na mesma casa diminuiu (passando de 19,45 para 13,79 entre 1991 e 2000). Outros dados que podem denotar melhoria, estagnação ou deterioramento das condições sócioestruturais do município referem-se ao acesso a esgotamento sanitário, água potável ou coleta de lixo. A Tabela 31 demonstra, a respeito dessas variáveis, que em relação à infraestrutura, entre 1991 e 2000, o uso de água encanada aumentou para 18,93% da população; a coleta de lixo e a construção de banheiros com esgotamento sanitário aumentou para 19,14% e 17,35% dos cidadãos santoestevenses (tais evoluções corroboram com a colocação de Santo Estêvão ao 65º lugar no ranking do índice de infra-estrura e ao 109º no de desenvolvimento social dos municípios do Estado). Quanto ao acesso a bens de consumo observa-se o mesmo comportamento, principalmente no que se refere à aquisição de geladeiras e televisores (resultado do aumento do nível de rendimentos da população). 134 Tabela 31: Percentual de Pessoas que Vivem em Domicílios com Acesso a Serviços Básicos e Bens de Consumo – Santo Estêvão, 1991/2000 (em percentual) SERVIÇOS BÁSICOS Ano Serviço 1991 2000 Água encanada 26,54 45,47 Banheiro e água encanada 24,83 42,18 Coleta de Lixo Urbana 49,79 68,93 Energia Elétrica 55,61 80,03 Domicílios Subnormais 0,98 BENS DE CONSUMO Ano Bem 1991 2000 Televisão 32,55 69,59 Telefone 3,91 9,16 Carro 7,37 14,36 Geladeira 24,37 54,16 Computador 1,08 Domicílio com pelo menos 3 7,27 16,77 bens anteriores Evolução (1991-2000) 18,93% 17,35% 19,14% 24,42% -0,98% Evolução (1991-2000) 37,04% 5,25% 6,99% 29,79% 1,08% 9,50% FONTE: PNUD / IBGE / Atlas do Desenvolvimento Humano / Elaboração própria (2008). Partindo para a análise do interesse eleitoral da população, denota-se que 79,08% dos eleitores municipais participaram do pleito eleitoral de 2004, no qual do total de 29.794 eleitores, 23.560 estiveram presentes frente à urna. Acompanhando a saúde no município, verifica-se, segundo dados da SEI, a presença de um hospital municipal e um hospital particular conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS), com um total de 46 leitos (sendo quarenta vinculados ao SUS e seis destinados ao atendimento privado), colocando Santo Estêvão na 140ª posição em relação à saúde estadual. Enfim, levando-se em consideração o desenvolvimento socioeconômico municipal, o IDH cresceu 18%, passando de 0,550 para 0,649 (1991-2000), colocando o município de Santo Estêvão entre os municípios que alcançaram um médio desenvolvimento (IDH entre 0,5 e 0,8) no período analisado, levando-o a alcançar a 107ª posição dentre as cidades da Bahia. Nessa evolução, as variáveis que mais influenciaram essa melhora no nível do IDH foram, respectivamente, a educação (melhoria de 56,9%), a longevidade (36,7%) e a renda (6,4%), como se apresentam na Tabela 32. Tabela 32: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – Santo Estêvão, 1991/2000 (em percentual) IDH Municipal 1991 2000 0,550 0,649 IDH Educação 1991 2000 0,568 0,737 FONTE: PNUD / IBGE / Atlas do Desenvolvimento Humano. IDH Longevidade 1991 2000 0,578 0,687 IDH Renda 1991 2000 0,505 0,524 135 Fatores educacionais Partindo para a análise do perfil educacional, constata-se que entre 2004 e 2006 houve um acréscimo de onze escolas no município (em 2004 havia 91 e em 2006 passam a existir 110 escolas). Nesse contexto, observa-se que tal evolução se deve à implantação de escolas municipais e privadas no município. As municipais acrescem quatro unidades e as particulares passam de sete para quatorze unidades. Tais dados podem ser acompanhados através da Tabela 33. Tabela 33: Número de Estabelecimentos de Ensino – Santo Estêvão, 2004-2006 (em unidades) - 8 - - Zona Rural 10 Z. Urbana - Zona Rural 78 - Z. Urbana 56 - - - 4 4 - Zona Rural 18 - Z. Urbana 4 3 3 Particular 2004 2006 Zona Rural - Z. Urbana 27 51 - Zona Rural Z. Urbana 17 39 - Z. Urbana Zona Rural 2 11 5 Zona Rural Z. Urbana Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Educação de Jovens e Adultos TOTAL Zona Rural NÍVEL DE ENSINO Z. Urbana Municipal 2004 200628 TIPO DE ESTABELECIMENTO Estadual Federal 2004 2006 2004 2006 - - - 3 3 1 - - 6 6 2 - - - - - 7 - 14 - FONTE: SEI / SEC / MEC / SEDIAE / INEP / IBGE (2006). Quanto à quantidade e à qualificação docente em 2004, pode-se verificar que, no ensino fundamental de 1ª a 4ª série, existem 239 professores, dentre estes apenas 2,58% com licenciatura de ensino superior completo e os demais apenas com ensino médio completo (ou com outra formação diferente do magistério). Para o ensino de 5ª a 8ª série a quantidade de professores com ensino superior completo (licenciatura ou bacharelado) era de 48,04%, enquanto para aqueles com apenas o curso de magistério era de 46,08%. Para o ensino médio, as perspectivas quanto ao nível de formação dos docentes segue o mesmo padrão dos professores do ensino fundamental. Pode-se acompanhar tais dados através da Tabela 34. 28 Os dados referentes à quantidade de estabelecimentos educacionais para o ano de 2006 não são especificados em relação à disponibilização quanto a localização (zona urbana ou rural) – Fonte: MEC/INEP/IBGE. 136 Tabela 34: Número de Docentes por Grau de Formação – Santo Estêvão, 2004 (por profissional) NÍVEL DE ENSINO Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série Ensino Médio Regular e Médio Profissionalizante Ensino Fundamental (incompleto) - - - Ensino Fundamental (completo) - - - GRAU DE FORMAÇÃO DO DOCENTE Ensino Médio – Magistério (completo) 233 94 31 Ensino Médio – Outra Formação (completo) 3 12 15 Ensino Superior – Licenciatura (completo) 3 78 47 Ensino Superior (completo) – sem Licenciatura com Magistério - 20 16 Ensino Superior (completo) – sem Licenciatura sem Magistério - - - 239 204 109 TOTAL FONTE: SEI, 2004. Comparando a contagem de professores ativos, entre 2004 e 2006, percebe-se que o número aumentou em cinqüenta e oito (era de 552 em 2004 passando a 610 em 2006). Admite-se que na relação dos que atuam na rede particular e/ou na estadual pode coincidir o registro de alguns que integram a rede municipal. Em 2004, no último ano da pesquisa do SEI, o maior percentual de docentes atuava no ensino fundamental (71,15%) e em escolas da administração municipal (55,41%) – ver Tabela 35. Tabela 35: Número de Docentes por Nível de Ensino e Tipo de Estabelecimento – Santo Estêvão, 2006 (por profissional) NÍVEL DE ENSINO Ensino Pré-Escolar Ensino Fundamental Ensino Médio TOTAL TIPO DE ESTABELECIMENTO Municipal Estadual Federal Particular 42 21 296 77 61 94 19 338 171 101 TOTAL 63 434 113 610 FONTE: MEC / INEP / Censo Educacional 2006. A Tabela 36 mostra a quantidade de matrículas registradas no sistema de ensino de Santo Estêvão no ano de 2006. Dessa forma, pode-se constatar que 63,18% das matrículas ocorreram no âmbito das escolas municipais (destas 88,69% no ensino fundamental e 11,31% no ensino pré-escolar). As instituições estaduais e privadas foram responsáveis, respectivamente, por 27,79% e 9,03% do somatório de matrículas. Em relação ao nível de ensino em que os alunos foram matriculados, o ensino fundamental (de 1ª a 8ª série) respondeu por 73% das matrículas, enquanto o ensino médio obteve 14,31%. O pré-escolar e o ensino superior ficaram com 12,69% das matrículas. 137 Tabela 36: Número de Matrículas por Nível de Ensino e Tipo de Estabelecimento – Santo Estêvão, 2006 (por matrícula) NÍVEL DE ENSINO Ensino Pré-Escolar Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior TOTAL TIPO DE ESTABELECIMENTO Municipal Estadual Federal Particular 1.060 523 8.315 1.782 736 2.042 81 300 9.375 4.124 1.340 TOTAL 1.583 10.833 2.123 300 14.839 FONTE: MEC / INEP / Censo Educacional 2006. Conforme dados fornecidos pela Secretaria de Educação do Município, expressos no Quadro 15, ao final de 2007, o quadro que se apresenta amplia tanto o número de matrículas nas escolas municipais, como o de docentes, especificamente os que atuam na Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental e sua qualificação. Há registros de que dos 219 licenciados, noventa e três foram atendidos pelo Programa da UEFS, oitenta e quatro cursaram no Campus em Feira e os demais quarenta e dois em outra universidade ou faculdade. DADOS EDUCACIONAIS DO MUNICÍPIO DE SANTO ESTÊVÃO – 2007 DISCRIMINAÇÃO QUANTIDADE Escolas de Ensino Fundamental da Rede Municipal 48 Escolas Alunos matriculados – 2007 10.012 alunos matriculados Número de Professores 365 Professores Número de Professores com graduação 219 Professores (60% dos professores da rede). FONTE: Prefeitura Municipal de Santo Estêvão/Secretaria Municipal da Educação e Cultura(2008) Quadro 15: Dados Educacionais do Município de Santo Estêvão, 2007 3.6 Comentando os Dados dos Municípios Considerando-se que o início do Programa da UEFS nos Municípios foi em 2003 (apesar dos contatos terem começado desde 2002) e ao observarem-se os dados indicados nas tabelas e quadros pesquisados e elaborados, identifica-se uma nova fisionomia dos municípios ao longo desses cinco anos, tanto nos segmentos social, político, econômico e, destacadamente, educacional, entendendo-se possível atribuir, também à UEFS, contribuição nesses registros de avanços. 138 O próprio registro de aumento de escolas na rede privada, do quantitativo e qualitativo quadro docente da rede municipal acenam para um crescimento com desenvolvimento. A apropriação do saber dos professores do Programa já reflete investimento na área educacional, até por eles próprios, marcando um aumento de matrículas tanto nas escolas públicas (fato que envolve outras variáveis como Programas de Governo: Bolsa Família, FUNDEB, e outros) como nas particulares. Identifica-se também uma continuada integração entre a UEFS e os referidos Municípios, via mercado de trabalho e cursos de formação inicial e de formação continuada, ou de pós-graduação. Acresce-se, ainda, a realização de diversos projetos e programas de caráter extensionista e a participação efetiva de docentes da UEFS em encontros pedagógicos e em demais atividades educacionais nos dois municípios pesquisados. 139 4 A UEFS COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO NOS MUNICÍPIOS DE AMÉLIA RODRIGUES E SANTO ESTÊVÃO: Resultados e Perspectivas Os resultados do Programa de Formação de Professores em Serviço executado pela Universidade Estadual de Feira de Santana nos municípios baianos de Amélia Rodrigues e Santo Estevão sinalizam a atuação da UEFS em cada um deles. A questão central do estudo residiu na reflexão e análise de como a Universidade cumpre o seu papel de agente de desenvolvimento local, buscando entender, através da percepção dos egressos do Programa, da representação da sociedade civil e do poder local e pelo posicionamento da coordenação e docentes da UEFS que atuaram nos municípios, quais as transformações (melhorias) dos aspectos pedagógicos, sociais, políticos e econômicos advindas da atuação da UEFS, registrando a intensidade com que tais aspectos foram percebidos. Na presente pesquisa, pretende-se compreender como a Universidade, inserida no seu meio, atua circunscrita a um determinado espaço geográfico local, articula-se com este contexto enquanto sua área de influência e reflete nela resultados de sua atuação. A pesquisa de campo foi desenvolvida por diversos instrumentos para coleta de dados e informações, precedida de ampla pesquisa documental, bibliográfica e eletrônica. Depoimentos, fotos, questionários e, basicamente, as entrevistas semi-estruturadas com registros quantitativos e qualitativos nortearam a análise dos resultados. O método exploratório adotado permitiu a utilização dos recursos metodológicos recomendados por Lustosa (2002) e a aplicação de indicadores das políticas de desenvolvimento propostas pela multidimensionalidade apresentada por Brose (2000) como referencial teórico adotado, adaptando-os às específicas contextualizações. Para investigação, a partir das dimensões de Brose (2000) estabeleceram-se critérios que delimitassem os indicadores de melhorias a serem observados em cada município. Os resultados da pesquisa ganham contornos classificatórios: inexpressivo (1); regular (2); bom (3); ótimo (4) e excelente (5), associados a determinadas variáveis que buscaram refletir os impactos e a relevância do Programa no município, principalmente sob a ótica dos segmentos pesquisados (egressos, comunidade local, equipe da UEFS), realçando o compromisso dos egressos com o seu espaço local, o Município. Essa composição gerou matrizes avaliativas que deram visibilidade ao conteúdo pesquisado. 140 Na apresentação da pesquisa, explica-se que o método de análise dos dados se deu de três formas: a primeira (única para os dois municípios) que é a apreciação dos coordenadores e docentes sobre o Programa e sua execução, já que a convivência se deu de forma igual para os dois municípios, pelos entrevistados; a segunda análise compreende o juízo de valor de representantes do poder público e da sociedade civil quanto à contribuição do Programa no desenvolvimento local e a terceira análise compreende a análise pessoal e individual dos egressos e sua visão quanto ao desenvolvimento local e à sua participação nesse processo. Para interpretação dos resultados, a partir da análise dos registros quanti-qualitativos das entrevistas semi-estruturadas, levou-se também em conta a reescritura de depoimentos nos quais as percepções dos entrevistados são tomadas como subsidiárias às registradas nas matrizes avaliativas construídas. No quadro das matrizes avaliativas são expressas as atribuições de valores (de 1 a 5) correspondentes à intensidade com que a influência de cada indicador é avaliada pelos segmentos pesquisados. O principal segmento entrevistado foram os professores que cursaram o Programa, nomeados de egressos (32 deles entrevistados em Amélia Rodrigues e 30 em Santo Estêvão), o segundo foram os representantes locais que se alternaram entre representações do poder local: prefeito, secretários municipais, diretores de escolas e servidores técnicoadministrativos com cargos no poder executivo, legislativo e judiciário (foram entrevistados 12 em Amélia Rodrigues e 5 em Santo Estêvão), e da sociedade civil, representantes de associações, de movimentos sociais, sindicais, religiosos, empresariais (foram entrevistados 10 em Amélia Rodrigues e 4 em Santo Estêvão) além do segmento da UEFS, coordenadores e docentes (entrevistados o coordenador geral e o específico do município, quatro docentes atuantes em Amélia Rodrigues e quatro em Santo Estêvão), que foram os mediadores da ação institucional. Para cada um desses três segmentos propôs-se um modelo de entrevista, cujos indicadores se basearam nas dimensões de Brose (2000) sendo analisados diferentemente pelo cruzamento de variáveis específicas. 4.1 Apresentação da Pesquisa A pesquisa foi construída a partir das entrevistas direcionadas a cada segmento a ser entrevistado e constou de duas partes. Na primeira, foi realizada a construção característica 141 dos entrevistados e na segunda etapa buscou-se constatar a opinião sobre o Programa e sua participação/influência no processo de desenvolvimento local. No caso dos Coordenadores e Docentes do Programa, a segunda parte tenta revelar a opinião (tendo em vista o convívio com os Egressos) dos entrevistados quanto à evolução do processo participativo daqueles no que se refere à sua possível participação no processo de transformações (mudanças) locais. Em se tratando, especificamente, dos Egressos, a primeira parte do processo investigatório busca analisar o perfil dos participantes do Programa procurando demonstrar se houve, já no processo de participação destes, uma eventual possibilidade de acesso daqueles que, talvez, não o tiveram, por diversos motivos, ao ensino superior. Na segunda etapa da averiguação é que se encontra o objetivo específico da Pesquisa, através da qual será possível analisar, através das respostas dos Egressos, se a participação no Curso de Formação pode privilegiar sua atuação na busca pelo desenvolvimento de seu município. Para tal análise, o questionário, em sua segunda fase é formado pelos cinco indicadores apresentados por Brose (2000) como dimensões do processo de desenvolvimento. São eles: a Inclusão Social, o Fortalecimento da Economia Local, a Inovação da Gestão Pública, a Gestão Ambiental e o Uso Racional dos Recursos Naturais, além da Mobilização da Sociedade. Identificando a importância dessas dimensões para análise de um projeto no processo do desenvolvimento local, faz-se necessário identificar até que ponto os resultados da execução do Programa de Formação de Professores da UEFS contribuíram para o desenvolvimento local nos municípios pesquisados a partir de cada abordagem. Para que fosse possível a mensuração de tais dimensões, cada egresso que compunha o quadro amostral para a pesquisa em cada município, deveria ponderar sobre cada questão, valorando sua opinião numa escala de notas que varia de 1 a 5, onde cada nota representa sua intensidade de acordo com o quadro abaixo: VALOR INTENSIDADE DO VALOR 01 Inexpressivo (a) 02 Regular 03 Bom (a) 04 Ótimo (a) 05 Excelente Fonte: Questionário de Entrevista da Pesquisa / Elaboração Própria (2008) Quadro 16: Apresentação dos Valores do Questionário da Entrevista Semi-estruturada 142 De posse dos valores demonstrados pelos Egressos foi montada uma matriz avaliativa constante das diversas variáveis que formam cada indicador das dimensões de desenvolvimento proposta por Brose (2000). Tal matriz é calculada com base na média ponderada das respostas adquiridas nas entrevistas que, ao fim, demonstrará os resultados referentes àquela amostra populacional que, por sua vez, representará o conjunto dos Egressos do Curso para cada município, bem como dos Coordenadores e Docentes do Programa e dos Representantes do Poder Público e da Sociedade Civil Local. 4.2 Dimensões do Desenvolvimento Local em Amélia Rodrigues Segundo Brose (2000) e González (s.a.), o processo de desenvolvimento é representado por um conjunto de fatores que, juntos, proporcionarão uma melhoria na qualidade de vida da população. O processo em si pode-se iniciar com um aumento da taxa de crescimento econômico através do qual se poderá perceber se há equidade em dada sociedade com uma elevação no índice de inclusão social daquela localidade. A partir de então, as engrenagens do processo de desenvolvimento passam a ser interligadas de fato, pois, vão além do acesso a um processo de inclusão social, o que ultrapassa o simples aumento salarial. Há, ainda, a melhoria da qualidade educacional, das condições de saúde pública ou de fatores socioeconômicos, conforme afirma Sen (2000), atingindo-se a liberdade individual de sentir-se membro daquela sociedade, de sentir-se participante de um processo mais amplo e que depende de si próprio apresentar resultados desejados como próprio integrante da comunidade local. Esses resultados perpassam pelas atitudes de interveniências através de mobilizações sociais (participação em associação comunitária de moradores, audiências públicas, sindicatos, mecanismos de proteção ambiental). Tudo isso podendo acontecer individualmente ou através de projetos que envolvam a sociedade civil, os poderes público e privado, ou até mesmo com a participação indireta da comunidade na administração municipal (que por sua vez, ao permitir tal participação, estará proporcionando uma inovação na gestão pública). Afinal, para Monastério (2005), a experiência existente, na aposta da criação de políticas públicas de desenvolvimento regional com base no investimento, apenas em fatores tradicionais como o crescimento econômico 143 mostraram-se incapazes de gerar condições suficientes para garantir um desenvolvimento de longo prazo. O desenvolvimento produtivo e social depende não apenas de diretrizes e intervenções do Estado, nem é resultado exclusivo das atividades empresariais privadas. O desenvolvimento depende de como a sociedade organiza a produção social, mas também como ela participa da criação dos espaços necessários de negociação entre os diferentes atores sociais em prol de uma meta comum, que seria garantir o desenvolvimento socioeconômico territorialmente equilibrado, socialmente justo e ambientalmente sustentável (PIRES; MÜLLER; VERDI, 2006, P. 448). Partindo-se desse pressuposto, a partir de agora serão apresentados os resultados da pesquisa de campo que procuram identificar as mudanças decorrentes da participação de professores no curso do processo de desenvolvimento local. A análise do desenvolvimento local em Amélia Rodrigues perpassa pelo diagnóstico apresentado pelos representantes do Poder Público e da Sociedade Civil Local através de suas observações quanto ao desempenho dos Egressos no processo de participação do Programa e pela observação destes últimos, tanto no que diz respeito à sua “mobilização” no local bem como à sua visão quanto ao processo de desenvolvimento. Antes de iniciar a apresentação das avaliações demonstradas pelos Egressos do Curso, fez-se importante construir a caracterização dos indivíduos que participaram do Programa. Dentre os noventa e seis egressos do Curso de Formação de Professores em Amélia Rodrigues entre 2003 e 2007, foram entrevistados trinta e dois deles (30%), que vieram a compor a amostra da análise. De acordo com o Quadro 17 pode-se verificar que os participantes do Curso de Formação fo representado em sua maioria absoluta por mulheres (100%), de maior percentual de etnia negra (59,4%) e na faixa etária compreendida entre os 31 e 40 anos de idade. SEXO Feminino 100% Negra 59,4% entre 18 e 20 - entre 21 e 30 6,3% Masculino ETNIA Parda 31,3% FAIXA ETÁRIA (em anos) entre 31 e 40 entre 41 e 50 59,4% 31,3% Branca 9,4% entre 51 e 60 3,1% mais de 60 - FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração Própria (2008). Quadro 17: Caracterização dos Egressos segundo o Sexo, a Etnia e a Faixa Etária – Amélia Rodrigues 144 É possível observar que o simples fato de estar participando do Programa já insinua o início de um processo de inclusão social embora o mérito de passar no processo seletivo de acesso ao ensino superior seja único do participante. O ingresso por parte para uma parcela da população geralmente às margens do ensino superior, como os negros e mulheres com idade superior aos 30 anos pode sinalizar a inclusão educacional destes indivíduos até então discriminados por fatores socioeconômicos como a ausência de vagas suficientes em instituições públicas e falta de meios de pagamento em uma instituição privada, ou até mesmo deslocamento para cursar em instituição pública. É isso que pode ser ratificado pelo seguinte trecho: Devido ao afunilamento em que se encontrava o ingresso nas Universidades públicas vemos reduzidas as chances de acesso, além das dificuldades financeiras29. É justamente no quesito educação que se pode verificar o maior exemplo de exclusão, afinal, 75% dos participantes apresentavam como formação educacional principal o curso de Magistério ou o curso Técnico de Contabilidade (25%) e tais cursos foram concluídos há mais de dez anos, demonstrando que o professor concluía o magistério e não seguia para a especialização de suas atividades através da aquisição de um ensino universitário. Em contrapartida, após ter participado do Curso de Formação, é tácita a percepção de que a busca de uma especialização por meio de um curso de pós-graduação (Psicopedagogia e Gestão Escolar) se tornou interesse e realidade para 50% dos egressos, conforme pode ser verificado a partir das afirmações dos entrevistados nos trechos a seguir: Pela necessidade de melhoria na Educação Fundamental do Município visando resultados positivos num espaço de tempo considerável e com mais qualificação, respaldo, teoria, segurança etc30. Pois foi de fundamental importância para a nossa prática pedagógica, nos dando oportunidade de termos mais conhecimentos e assim colaborar mais com o Município31. Desejo de ingressar em uma universidade, de aprender mais para ajudar meu município no desenvolvimento sócio-econômico e principalmente cultural32. A graduação possibilitou a muitos desses profissionais a oportunidade de ressignificar sua prática e estimulou muitos deles a continuarem sua formação em cursos de pós-graduação33. 29 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008, ao ser questionado porque não cursou uma universidade anteriormente. 30 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 31 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 32 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 33 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e do Poder Público Local, março-junho/2008. 145 Quando analisado o perfil de rendimento dos egressos, pôde-se delinear que a maior parcela (25%) dos indivíduos percebia uma renda familiar entre R$ 1.001,00 e 1.500,00. Enquanto 21% apresentava renda familiar de R$ 801,00 a 1.000,00 e apenas 12,5% apreendia uma renda doméstica acima dos R$ 1.500,00 (o que representaria aproximadamente 3,5 salários mínimos – valores referentes a junho de 2008). Já do ponto de vista profissional dos participantes do Curso, vale salientar que 71,9% dos professores trabalhavam, ao ingressar no ensino superior, em escolas da zona urbana de Amélia Rodrigues. Tais escolas se encontravam geralmente próximas às suas residências – a até 500m de distância, e o meio utilizado para chegar até seu local de trabalho era a caminhada. Além disso, 59,4% desses professores já atuavam nessas escolas há mais de cinco anos. 4.2.1 A Inclusão Social O primeiro indicador a ser analisado é aquele que, segundo Brose (2000), representa 64% dos determinantes ao desenvolvimento , haja vista que a redução da iniquidade deixa de ser um aspecto secundário e passa ao papel principal, ao se tornar, não mais um resultado, mais um condicionante do processo de desenvolvimento. Na composição da matriz de avaliação para esse indicador foram utilizadas dez variáveis que procuraram ponderar sobre as melhorias ocorridas na vida do município após a participação dos entrevistados (na condição de egressos) do Curso de Formação. A matriz avaliativa do indicador inclusão social busca analisar as melhorias que podem ter sido oriundas da participação dos egressos no Curso de Formação e onde essas melhorias podem ter sido percebidas, sejam elas no setor educacional, político ou social. A partir da referida matriz, chegou-se à conclusão de que na dimensão inclusão social os indicadores apresentam um resultado ótimo (conceito 04) para tal dimensão em relação aos participantes do Curso. A Tabela 37 apresenta a matriz de avaliação e seus referidos índices. 146 Tabela 37: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inclusão Social, Amélia Rodrigues Egressos Inclusão Social 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Notas Atribuídas às Variáveis Melhoria na educação das séries iniciais Total Média 4 3 4 4 5 3 4 3 3 4 3 4 5 5 3 4 4 4 3 3 4 3 3 4 4 4 4 4 4 5 5 5 124 4 4 4 4 3 5 4 4 4 3 4 4 3 5 5 3 4 4 3 3 4 4 3 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 130 4 3 3 3 4 4 3 4 1 4 4 3 3 4 5 3 3 4 4 2 3 3 3 2 4 4 4 4 4 4 4 5 5 113 4 3 3 3 4 4 4 4 1 3 4 4 3 4 3 3 4 3 4 2 4 3 3 1 2 3 3 3 3 4 4 4 5 105 3 4 4 3 4 3 3 5 3 2 5 3 3 4 5 2 4 3 3 1 3 4 3 1 3 3 4 4 4 4 5 5 5 112 4 3 3 3 3 3 3 4 0 3 4 4 3 4 3 3 3 3 3 2 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 66 3 3 3 3 3 3 2 4 3 4 4 3 3 3 5 2 3 2 3 1 4 4 3 5 5 5 5 4 3 3 3 3 3 107 3 3 4 3 4 4 4 4 3 4 4 3 3 4 5 3 4 4 4 2 1 4 3 5 5 4 4 4 4 3 3 2 1 112 4 4 4 4 5 4 3 4 3 0 5 3 3 5 5 4 3 4 4 3 2 4 3 5 5 5 5 4 4 4 3 3 2 119 4 4 3 3 3 3 2 5 3 2 5 3 3 4 3 2 3 2 3 1 3 3 3 5 5 5 4 4 4 3 2 1 5 104 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 35 34 33 37 38 31 42 24 28 43 33 31 42 44 28 35 33 35 20 30 36 30 31 37 37 37 36 35 34 34 33 36 1092 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. 4 Melhoria na atuação política do professor Egresso Melhoria do ensino na zona urbana Melhoria do ensino na zona rural Maior participação do Egresso nas questões sociais do Município Melhor desempenho dos alunos atendidos pelos Egressos Envolvimento dos Professores Egressos nas tomadas de decisão do Município Reorganização na Gestão Escolar no Município Identificação da educação como fator de desenvolvimento Melhoria da qualidade de vida do Município FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 147 A primeira variável apresentada trata da melhoria na educação do município para as séries iniciais e, segundo os egressos, a participação deles no Curso contribuiu de uma maneira ótima nesse intuito. O mesmo pode ser inferido ao observar-se o índice que mede a melhoria do ensino na zona urbana municipal, o que é referendado pelo Índice de Desempenho da Escola Básica (IDEB), que colocou em 2005, o município na décima posição em todo o Estado, e na 4ª posição em 2007, surpreendendo a projetada colocação para 2010, dentre os 417 municípios baianos. A contribuição do Curso foi considerada boa (conceito 03) quando consideradas as variáveis acerca da melhoria do ensino na zona rural, quanto ao melhor desempenho dos alunos atendidos pelos egressos. Tais percepções confirmam um fato que já era esperado ao ser implantado o Curso, que seria a melhoria do sistema educacional, tendo em vista as novas possibilidades, principalmente pedagógicas, por parte dos egressos do Curso, inclusive, podendo ser acompanhadas pelos discursos seguintes: O curso contribui significativamente, melhorando sim a qualidade de vida de nossa população. Porque sorte é uma questão de oportunidade com preparação e a educação é a maior riqueza que dispomos e deixamos para a população34. A percepção e direcionamento dos problemas de aprendizagem contribuiu consideravelmente como processo de inclusão social. Na realidade, os professores passaram a compreender e a conviver melhor com a heterogeneidade de sua clientela35. Quando analisadas as melhorias sócio-políticas o conceito dado foi de ótimo tanto para a atuação política quanto para a participação do egresso nas questões sociais do município. Um outro desdobramento que se pode perceber é a classificação como ótimo ou bom no que diz respeito ao envolvimento dos egressos nas tomadas de decisões municipais, bem como sua participação ativa no processo de reorganização na gestão escolar. O curso contribui para a elevação da auto-estima dos professores. Fomentou o desejo dos professores para a busca da continuidade da formação acadêmica e também a busca por outros cargos como Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar. Acho que o maior mérito do curso foi incentivar o estudo e a vontade de crescer nos professores. A partir dele, os docentes têm participado de todas as atividades que visam ao desenvolvimento profissional, o que contribui efetivamente para a melhoria da qualidade do ensino nas escolas da rede municipal36. Entretanto, uma das expressões mais importantes trata da compreensão que o curso lhes possibilitou ao crer que, após ele, sua visão que não identificava nem possibilitava essa 34 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 36 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 35 148 perspectiva a respeito do entendimento da educação, como fator de desenvolvimento e de sua participação como educador na melhoria da qualidade de vida de sua cidade, passou para uma expressão boa e ótima, o que demonstra uma visão anterior que não favorecia essa percepção. A percepção e direcionamento dos problemas de aprendizagem contribuiu consideravelmente como processo de inclusão social. Na realidade, os professores passaram a compreender e a conviver melhor com a heterogeneidade de sua clientela37. No conjunto avaliativo em que se consideram todas as variáveis em busca de um resultado geral, a matriz avaliativa da dimensão inclusão social demonstra um conceito 04, o que caracteriza um conceito ótimo, por partes dos egressos, quando vinculam à sua percepção de profissional cidadão e a necessidade e viabilidade de promover inclusão social transformando-se em protagonistas desse processo. Tendo como realidade essa percepção, esses novos atores, condutores do conhecimento e formadores de opinião, no contexto local, poderão sinalizar uma busca por objetivos da comunidade em prol da melhoria na qualidade de vida local, o que, conforme Brose (2000), já representará 64% de participação no alcance e manutenção de um desenvolvimento local e de longo prazo. 4.2.2 O Fortalecimento da Economia Local Esta segunda dimensão aborda, especificamente, a análise de melhorias econômicofinanceiras dos egressos do Curso de Formação de Professores. Do ponto de vista do desenvolvimento, o fortalecimento da economia implica um conjunto de situações nas quais a economia local venha a aumentar e se consolidar. A engrenagem que move a economia determina que o crescimento econômico é gerado, em sua síntese, pela expansão das forças produtivas, que, por sua vez, está atrelada a um aumento da renda agregada e, por sua parte, está vinculada a um aumento do consumo que irá depender do aumento da renda individual. Assim sendo, no que diz respeito, diretamente, à participação dos egressos no Curso, essa melhoria pode ser sentida diretamente no aumento salarial que eles perceberam após a conclusão do programa, já que todos os envolvidos passaram a contar com a gratificação salarial para professores com nível superior. 37 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 149 A partir da Tabela 38, poder-se-á analisar as duas variáveis que compuseram a construção da matriz de avaliação da dimensão fortalecimento da economia local. 150 Tabela 38: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Fortalecimento da Economia Local, Amélia Rodrigues Egressos Economia Local Resultado 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Notas Atribuídas às Variáveis Aquisição de benefícios (profissional/financeiro) em relação à participação no Curso de Formação, enquanto 3 5 3 4 3 3 3 3 3 Professor da Rede Pública de Ensino Participação sua na busca por melhorias na qualidade de 3 2 3 4 3 3 3 3 4 vida do seu município SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 6 7 6 8 6 6 6 6 7 Total Média 4 3 3 3 4 3 3 2 3 2 4 3 3 5 4 4 4 4 4 2 2 2 2 103 3 3 4 3 3 2 2 3 4 2 1 4 3 3 5 4 4 4 3 3 3 2 1 1 95 3 7 7 6 6 6 5 6 6 5 3 8 6 6 10 8 8 8 7 7 5 4 3 3 198 3 151 Os egressos expressam sua participação no Curso como uma contribuição boa (conceito 03) para a melhoria na qualidade de vida própria e de sua família, ou da comunidade local, assinalando o fato de terem recebido aumento salarial. Além disso, registraram ainda promoções profissionais como a nomeação para cargos como diretor, vice-diretor ou coordenador pedagógico de escolas da rede pública municipal. Embora não se possa perceber ainda uma mudança significativa na qualidade de vida de população, na vida dos familiares dos professores, o aumento de salário propiciou melhor qualidade de vida38. O curso proporcionou aos profissionais graduados ascensão no plano de carreira e consequentemente aumento do poder aquisitivo de cada um, abrindo novos caminhos e novas oportunidades, principalmente, no sentido financeiro/econômico39. Alguns professores também passaram a contar com a contratação de sua mão-de-obra por escolas da rede particular de ensino (para atuarem como coordenadores pedagógicos), levando-se em conta sua qualificação de Nível Superior e o bom desempenho propagado pelas escolas públicas onde estão lotados. 4.2.3 A Inovação na Gestão Pública A inovação na gestão pública marca os processos de atualização e descentralização da administração pública, ao passo que tenta adotar medidas que garantam a transparência de informações, no uso dos recursos públicos e, até mesmo, a participação da sociedade civil através de sindicatos, conselhos e/ou associações municipais no processo decisório. A participação do Curso de Formação de Professores das Séries Iniciais contribui, nesse aspecto, por ampliar a visão dos egressos no que tange à sua observação de como se dá esse processo e, também, através de sua participação como observador desta ação. A seguir, na Tabela 39, serão apresentados os resultados obtidos através da matriz avaliativa referente aos quatro índices utilizados para mensurar a ampliação dessa visão através da dimensão inovação da gestão pública. 38 39 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 152 Tabela 39: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inovação na Gestão Pública, Amélia Rodrigues Egressos Inovação na Gestão Pública 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Notas Atribuídas às Variáveis Inovação na Gestão do ensino público Total Média 3 4 3 3 4 4 3 3 3 3 3 3 4 3 3 4 3 3 1 2 4 3 5 5 5 4 4 4 3 3 2 1 105 3 3 4 3 3 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 3 2 2 4 4 3 5 4 4 4 4 4 3 3 2 2 104 3 3 3 3 3 2 3 3 3 4 3 4 3 3 4 3 3 3 3 2 3 4 3 5 5 4 4 4 4 4 3 3 2 106 3 4 3 3 3 2 4 4 4 4 3 3 0 4 4 2 3 2 3 2 3 4 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 5 103 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 13 14 12 12 12 14 13 13 14 12 13 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. 9 14 14 11 14 11 11 7 12 16 12 18 17 16 15 15 16 14 13 11 10 418 3 Utilização adequada dos recursos públicos na Educação Participação do Conselho Municipal de Educação na Gestão do Sistema Público Municipal Participação dos Gestores das Escolas FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 153 No conjunto das variáveis propostas, pode-se apontar para um conceito bom em relação à percepção, por parte dos egressos, de como vem se dando o processo de inovação na gestão pública do município de Amélia Rodrigues. Os participantes consideraram que, após terem participado do curso de formação, esta condição foi maximizada, tornando-os mais perceptivos e críticos em relação ao processo de administração municipal e/ou escolar. Hoje os professores têm fundamentação teórica para questionar a própria prática e tentar, com apoio da escola e da Secretaria de Educação, rever os pontos necessários para que o ensino-aprendizagem aconteça sem distinção40. Eles demonstraram que houve uma boa melhoria quanto ao acompanhamento da inovação da gestão do ensino público e quanto à observação e exigência no que se refere à participação dos gestores das escolas. Passaram a acompanhar de uma forma mais atenta e crítica a utilização dos recursos públicos destinados à educação e o papel do Conselho Municipal de Educação na gestão do Sistema Público de Ensino. 4.2.4 A Gestão Ambiental e o Uso Racional dos Recursos Naturais Para Brose (2000), a questão ambiental não pode ser tratada apenas como uma função da administração pública. Cabe a ela, sim, fiscalizar e punir aqueles que desrespeitam e fazem mau uso dos recursos ambientais. Ele afirma haver a necessidade de uma ação conjunta entre a instituição pública, a instituição privada e a sociedade civil no intuito de salvaguardar, manter e garantir a manutenção do meio ambiente. Nesse sentido, a sociedade civil tem um papel importante ao sentir-se integrante deste processo e passar a olhar o meio ambiente de outra forma, onde, além de cuidar de maneira individual (em seu cotidiano), passe a interagir com as referidas instituições com o objetivo da proteção ambiental. Na avaliação proposta neste estudo, procurou-se averiguar como o egresso do Curso de Formação pôde sentir essa necessidade após essa participação. Se ele já se sentia ou passou a se enxergar como integrante deste contexto e como avaliaria esse sentimento em relação ao antes e depois. E ainda, quais as suas perspectivas de atuação em prol do uso racional dos bens naturais. 40 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 154 A partir da análise de quatro variáveis constantes na matriz de avaliação da dimensão gestão ambiental (Tabela 40) poderemos analisar através das questões propostas se houve ou não uma contribuição do curso de formação de professores. 155 Tabela 40: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Gestão Ambiental, Amélia Rodrigues Egressos Gestão Ambiental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Notas Atribuídas às Variáveis Relação do Curso com a questão ambiental Total Média 3 3 3 4 3 3 4 3 3 4 4 3 4 4 3 3 2 3 2 3 4 3 5 4 4 4 3 3 3 3 3 2 105 3 4 4 3 4 4 3 4 3 4 3 3 4 4 5 4 3 2 3 2 2 4 0 3 3 3 3 3 4 4 4 5 5 109 4 4 4 3 3 4 3 4 3 3 3 0 3 4 4 4 3 2 4 3 2 3 0 5 4 4 4 4 3 3 3 3 3 102 3 3 3 3 2 2 2 3 2 2 2 2 2 2 2 2 4 2 3 1 2 3 0 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 81 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 14 14 12 13 13 11 15 11 12 12 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. 9 12 14 15 13 13 8 13 8 9 14 3 15 14 14 14 13 13 13 14 15 14 397 3 Relação com o meio ambiente a partir da vivência no curso de formação Envolvimento das escolas na educação quanto ao uso racional dos recursos naturais Existência de trabalhos cooperativos que integrem Escola Pública e Comunidade, visando a preservação do meio-ambiente FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 156 Nesse sentido, os egressos do Curso de Formação de Professores sinalizaram como ótima a sua percepção referente à relação existente entre si mesmo e o meio ambiente. E consideraram boa a relação que passaram a ter com o meio ambiente e suas atitudes em prol de uma boa educação ambiental como o envolvimento das escolas na educação quanto ao uso racional dos recursos naturais e na atuação junto ao planejamento e início de um trabalho cooperativo que integre a escola pública e a comunidade visando à preservação do meio ambiente. Em síntese, em relação à necessidade de tratar bem o meio ambiente, os egressos se consideraram parte importante. Entretanto, quando passa a ser necessária uma ação direta sua no combate e tentativa de controle da degradação ambiental eles apresentam opinião menos expressiva. Também em relação à contribuição do Curso para a observação e interação dos egressos com o meio ambiente, fica explicitado que os entrevistados consideraram relevante e bastante influente o Curso para uma nova visão acerca da relação homem-meio ambiente. Infelizmente alguns beneficiados continuam se mantendo no anonimato em relação à participação cidadã41. 4.2.5 A Mobilização da Sociedade No que trata, especificamente, este objeto de estudo, procura-se mensurar a influência direta da participação do egresso no Curso de Formação em relação à sua tentativa de melhorar a situação em que vive, ou a qualidade de vida do município em que se encontra. Daí a observação mais centrada da dimensão que trata da mobilização da sociedade como ferramenta de alcance do desenvolvimento local. O Curso procurou inserir na sociedade indivíduos que pudessem diretamente, através da sala de aula e, indiretamente, pelo seu cotidiano como cidadão, mudar sua própria postura bem como a de seus convivas, na busca por uma melhoria na qualidade de vida da comunidade local. Essa mudança passa pela atuação social, pelo manifesto interesse em participar das decisões que venham interferir em seu cotidiano e pela proposição de idéias que possam servir como base para um equilíbrio entre o que pode e o que deve ser feito em busca do desenvolvimento socioeconômico local. 41 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 157 Para observarmos se o curso de Formação pôde alcançar seus objetivos, propôs-se no questionário de entrevistas a sinalização, por parte dos egressos, sobre as atitudes e sua participação em eventos que possibilitassem tais resultados. Através de nove variáveis foi construída uma matriz avaliativa da dimensão mobilização da sociedade (Tabela 41) através da qual serão tiradas as conclusões acerca de objetivo proposto. 158 Tabela 41: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Mobilização da Sociedade, Amélia Rodrigues Egressos Mobilização da Sociedade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Notas Atribuídas às Variáveis Contribuição das atividades educativas para melhorar a qualidade de vida do Município Engajamento de professores nos processos decisórios do Município Participação na política do Município Total Média 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 1 3 4 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 5 99 3 3 3 3 3 2 2 3 3 2 2 3 2 3 3 2 3 1 2 1 3 4 2 5 4 4 3 3 3 3 3 3 3 89 3 3 3 3 3 3 2 3 2 2 2 2 2 2 3 2 3 1 2 1 3 3 3 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 85 3 Participação no Poder Executivo 2 1 2 3 1 2 3 2 3 1 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 3 3 4 4 3 3 2 2 2 2 2 1 69 2 Participação Sindicato-trabalhista 3 3 3 4 3 4 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 4 2 1 4 3 3 4 4 4 4 2 1 1 1 5 5 96 3 3 3 3 4 2 2 1 2 1 1 1 1 1 4 1 3 4 2 1 5 3 3 5 5 5 4 4 4 4 3 3 2 90 3 3 4 4 3 4 4 3 4 3 4 4 3 3 5 3 3 4 3 2 2 4 3 2 2 4 4 4 4 4 5 5 5 114 4 3 4 3 3 4 3 3 3 3 3 3 3 4 5 4 3 4 3 3 5 4 0 5 5 5 5 5 4 4 4 4 3 117 4 3 1 3 4 3 3 1 4 3 3 3 3 1 1 0 3 1 3 0 1 0 1 3 3 3 4 4 4 4 4 4 5 83 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 27 25 27 30 25 25 23 26 23 22 24 22 22 29 19 25 22 21 11 28 28 21 33 33 34 33 30 28 29 30 34 33 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão ou considera a atuação inexistente. 842 3 Participação nas questões sociais da Comunidade Participação em Planejamento Estratégico da Escola ou de algum segmento do Município Participação em Projeto Político Pedagógico Participação em Processos de Negociação FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 159 Torna-se possível observar que a principal percepção de melhoria no seu sentir de pertencimento ao mecanismo de desenvolvimento local e social se refere à participação no planejamento estratégico da escola em que atua ou em algum outro segmento do município. Essa percepção foi assinalada como ótima, bem como a sua participação nos planejamentos político-pedagógicos de Amélia Rodrigues. Possivelmente tais participações se enquadrem como ótimas pelo fato de a contribuição das atividades educativas para melhorar a qualidade de vida do município está sendo considerada como um dos mecanismos mais importantes. É interessante constatar o que os entrevistados (poder público local e sociedade civil) pensam acerca da participação sua no município: Percebo que os professores estão envolvidos e engajados na vida do município devido alguns projetos e/ou atividades que desenvolvem e exigem, de certa forma, a parceria de outros setores da comunidade42. Na busca pela qualidade de educação, na participação em discussões importantes para o nosso município e pelo movimento de resgate cultural incentivado através de suas atividades43. Eles têm uma visão crítica fundamentada, podendo assim, sugerir possíveis soluções ou não para determinados problemas44. Os professores, de uma forma mais direta e expressiva, têm desenvolvido vários projetos e organizado vários eventos que mostram seu bom desempenho e de desenvolvimento neste sentido45. Outrossim, cabe destacar que estes mesmos egressos consideram apenas bom o seu engajamento nos processos decisórios municipais, sem, contanto, apresentarem registros de como buscam sua participação efetiva na política municipal. Ainda nesse sentido, a participação que eles próprios consideraram mais expressiva é junto ao movimento sindicato-trabalhista da categoria, embora, em sua maioria, apenas como associado ou como espectador das reuniões sindicais, porém sem participar intensamente dos processos de negociação do sindicato.Mesmo assim, destaca-se o interesse demonstrado pela filiação ao sindicato após a participação no Curso de Formação. Estão pleiteando cargos de gestão escolar e alguns têm mostrado engajamento direto na política46. 42 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 44 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 45 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 46 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 43 160 Podem ser destacados, ainda, os seus interesses quanto à participação nos processos de implantação e atuação em associações (de pais,de movimentos religiosos, de moradores, entre outros) e em processos de negociação dessas entidades. Há ainda a sinalização de interesse em participar de grupos de solidariedade social, conforme relatam os entrevistados: Ordenando e orientando a instituição familiar na formação do alunado/ampliando diretrizes e metas no que concerne ao desenvolvimento urbano e estrutural47. Acredito que o curso foi muito importante na formação dos educadores, porém acho que poderia ser melhor aproveitado pelo próprio município, incentivando e oportunizando a estes profissionais recursos que pudessem ser utilizados em projetos sociais que atendam jovens e crianças em área de risco48. Dessa forma, pode-se inferir que, após sua participação no curso de formação, os egressos se permitiram ver a comunidade em que vive de uma outra maneira e passaram a atuar como docente não apenas na transmissão do conhecimento intelectual, mas principalmente e, à sua maneira e em seu tempo, na expansão do compromisso social. No contexto geral, de que trata a matriz avaliativa da mobilização social, os egressos consideraram sua participação como boa no processo do desenvolvimento municipal. 4.2.6 Percepção dos Representantes do Poder Público e da Sociedade Civil Local Em primeira análise poder-se-á observar a avaliação destes representantes quanto à participação dos egressos através de nove variáveis analisadas pelo Prefeito do Município de Amélia Rodrigues – Paulo César Bahia Falcão, pela Secretária de Educação do Município, senhora Maria Luisa Coutinho, por diversos membros da comunidade local que exercem funções ligadas ao ramo empresarial, professores, integrantes do Conselho Tutelar, vereadores, diretores de escolas, entre outros. Através da Tabela 42 pode-se analisar a avaliação dos representantes locais quanto à análise qualitativa do Curso de Formação de Professores para a cidade, a partir da qual serão extraídas as apreciações dos entrevistados. 47 48 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 161 Tabela 42: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Representantes Públicos e Civis – Amélia Rodrigues Representantes do Poder Público e Sociedade Civil Considerações sobre o Curso 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Resultado 15 16 17 18 19 20 21 22 Notas Atribuídas às Variáveis Total Média De que forma avalia os resultados desse Curso para o Município 4 4 4 5 4 5 5 5 4 4 4 4 4 4 3 4 0 3 4 4 4 5 87 4 Participação dos professores egressos do Curso na vida do Município 4 4 4 4 4 4 5 4 0 5 4 3 4 3 3 4 2 5 5 5 4 3 83 4 Melhorias Educacionais ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 4 4 5 4 4 5 3 3 3 4 3 4 4 4 4 4 4 3 4 4 5 5 87 4 Melhorias Políticas ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 3 0 3 3 4 4 3 3 3 4 3 3 2 3 3 3 2 3 3 4 2 1 62 3 Melhorias Econômicas ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 4 3 3 3 4 3 4 2 3 4 3 3 2 3 3 3 4 2 4 4 4 5 73 3 Melhorias Sociais ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 3 3 4 3 4 3 5 3 3 4 3 3 2 2 4 4 4 5 4 3 2 2 73 3 Melhorias Ambientais ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 3 3 3 3 3 3 3 2 3 5 3 3 2 4 4 3 4 2 4 4 5 5 74 3 3 2 4 3 4 5 4 4 0 4 4 2 2 4 4 3 4 5 5 4 4 4 78 4 3 3 3 4 3 4 3 5 3 4 3 3 2 4 3 3 2 2 2 4 5 5 73 3 31 26 33 32 34 36 35 31 22 38 30 28 24 31 31 31 26 30 35 36 35 35 690 3 Intensidade com que tais melhorias contribuem para o Desenvolvimento Local De que forma acredita que se dê o beneficiamento das populações da Zona Urbana e Rural SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 162 No conjunto da avaliação, o conceito atribuído pelos representantes locais de Amélia Rodrigues considerou a presença do Curso de Formação de Professores no município como uma boa iniciativa e importante ferramenta em prol do desenvolvimento local. Dentre as variáveis mensuradas, essa ponderação se manteve entre bom e ótimo. A primeira variável é a avaliação dos resultados do curso para o município, na qual os entrevistados sinalizaram que o Curso de Formação foi ótimo (conceito 04). Os professores alunos buscaram sua capacitação e essa capacitação está fluindo de forma positiva para o crescimento da educação no sentido positivo para o município49. [...] o curso, de certa forma, já sinalizou o nosso município como referencial de indicadores positivos na educação50. As mudanças proporcionadas pelo curso contribuíram significativamente para a constituição de uma nova concepção de educação em nosso município51. O mesmo conceito (ótimo) foi referendado para as melhorias educacionais proporcionadas pela participação dos Egressos no Programa. Além do comprometimento dos professores visível através do desempenho durante o desenvolvimento de atividades e projetos, as discussões promovidas pelo curso provocaram mudanças importantes em todo o sistema educacional do município52. Quando avaliadas as melhorias políticas, econômicas, sociais e ambientais os representantes locais analisaram que o Curso de Formação contribuiu de forma boa (03) para o desenvolvimento municipal. E acreditam que o beneficiamento tanto da zona rural quanto da urbana em relação à participação dos professores nesse Programa também será bom. Já ao serem questionados quanto à intensidade com que acreditam se dar-se a melhoria nas ações dos professores após se tornarem egressos do Programa, os mesmos consideraram como um bom instrumento de indução ao desenvolvimento local. Acreditamos que todas as mudanças que contribuem para uma nova concepção de educação tendem a influenciar no desenvolvimento53. [...] eles(os professores graduados) têm uma visão crítica fundamentada, podendo assim, sugerir possíveis soluções ou não para determinados problemas locais [...]54. 49 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 51 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 52 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 53 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 54 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 50 163 Os professores de uma forma mais direta e expressiva têm desenvolvido vários projetos e organizado vários eventos que mostram seu bom desempenho e de desenvolvimento neste sentido55. Tais análises podem ser corroboradas pelas respostas dadas ao serem questionados sobre como o curso contribuiu para melhorar a qualidade de vida do município. Acredito que a educação é um potencial motor de transformações. O curso ampliou a potencialidade e criatividade dos professores e esses fatores revelam possibilidades de mudanças e transformações na qualidade de vida da população56. Embora não se possa perceber ainda uma mudança significativa na qualidade de vida de população, na vida dos familiares dos professores, o aumento de salário propiciou melhor qualidade de vida57. O curso proporcionou aos profissionais graduados ascensão no plano de carreira e consequentemente aumento do poder aquisitivo de cada um, abrindo novos caminhos e novas oportunidades, principalmente, no sentido financeiro/econômico58. Através das opiniões verbais apresentadas, em consonância com as análises conceituais registradas, pode-se conceber, com base na avaliação dos representantes locais o que é afirmado por Brose (2000) ao sinalizar que o desenvolvimento está longe de ser apresentado apenas sob o ponto de vista econômico. As opiniões expressas demonstram que os Egressos do Curso de Formação de Professores de Amélia Rodrigues já participam do processo de desenvolvimeto, atuando não apenas como professor da rede pública de ensino, mas atuando, também, como multiplicador de pensamentos que tendem a atrair a melhoria da qualidade de vida no município. 4.2.7 Análise dos Coordenadores e Docentes do Curso de Formação de Professores Os Coordenadores do Curso de Formação de Professores para as Séries Iniciais e os Docentes do Curso apresentam sua análise dentro de uma perspectiva mais pedagógica. Neste sentido, avaliam como ótima a influência que o Curso de Formação teve sobre a possibilidade de desenvolver a capacidade de produzir respostas para problemas sociais e demandas externas através da produção e socialização do conhecimento e da prática pedagógica voltada para a orientação e formação do cidadão responsável por sua conjuntura social. 55 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 57 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 58 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 56 164 A experiência dos professores-alunos serviu como base para a abertura de um novo espaço na troca de novas idéias e a possibilidade de introduzir outras linguagens para o desenvolvimento dos temas abordados nas diversas disciplinas e a construção coletiva de novos conhecimentos59. Além disso, julgam que a partir da vivência do cotidiano da universidade, com suas discussões e debates, esta experiência incentiva uma ótima participação no processo do pensar social do egresso, possibilitando-o acrescentar em seu ambiente social, profissional e pessoal formas de relacionar a educação ao desenvolvimento através de sua contribuição à melhoria do sistema educacional, principalmente da educação básica, na qual atuam, e pelas atitudes de conscientização política que demonstraram apreender. Foram observadas mudanças significativas na postura política dos alunos entre o início e o final do curso. Eles brigavam e enfrentavam constantemente a Secretária e a Coordenação do Curso para a melhoria do trabalho acadêmico, passaram por duas greves (municipal e da UEFS), sugeriram mudança de professores que não estavam imbuídos da filosofia do curso60. Durante o curso alguns alunos já estavam com a proposta de serem Diretores, Coordenadores e candidatos a Vereadores do Município. Atualmente sabe-se do envolvimento desses professores em outras áreas do conhecimento como meio ambiente, saúde e artística61. Os trabalhos de conclusão de curso dos participantes de Amélia Rodrigues demonstraram, de antemão, suas preocupações com o contexto social da sua cidade e trataram de aspectos que podem sinalizar uma preocupação pessoal quanto à adequação do Curso de Formação com as inovações e evoluções da sociedade e aos valores de responsabilidade social. O desempenho observado no Estágio Supervisionado e os Temas das Monografias nos deram a visibilidade de mudanças concretas na Prática docente em vários aspectos observados e investigados, a exemplo do interesse pela aprendizagem de crianças com necessidades especiais, preocupação com os processos de melhoria na escrita e leitura. Preocupação com evasão e fracasso escolar etc62. Além disso demonstram o estímulo em buscar uma educação continuada em áreas que possam ajudá-los a contribuir para o desenvolvimento político-administrativo do processo educacional, através da busca por especializações em áreas como a gestão escolar e a gestão da educação. 59 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. 61 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. 62 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. 60 165 Através da matriz avaliativa que será apresentada a seguir (Tabela 43), pode-se acompanhar a análise realizada pelos Docentes e Coordenadores do Curso de Formação, detalhadamente, para o município de Amélia Rodrigues. 166 Tabela 43: Matriz Avaliativa do Coordenador e Docentes – Amélia Rodrigues Considerações sobre o Curso Coordenador e Docentes 1 2 3 4 5 6 Notas Atribuídas às Variáveis Resultado Total Média Relevância Social do Programa no município Formas do Curso relacionar Educação com Desenvolvimento Local Contribuição para a melhoria do Sistema de Educação Básica do município Contribuição para a busca da formação continuada pelos Egressos Contribuição para a expectativa local em relação à necessidade da Educação Superior 4 4 4 4 4 4 4 3 4 3 4 4 3 3 3 3 4 4 4 4 4 1 4 4 23 19 23 22 4 4 4 4 4 4 3 3 4 4 22 4 Mudanças na prática pedagógica dos Egressos Mudanças na prática social dos Egressos Mudanças na prática política dos Egressos Projeto Pedagógico orientado para a formação do cidadão responsável por sua conjuntura social 3 4 0 3 3 4 4 4 4 5 3 3 3 4 3 3 3 4 21 21 18 3 4 4 4 4 3 3 4 4 22 4 Possibilidade de desenvolver a capacidade de produzir respostas para problemas sociais e demandas externas através da produção e socialização do conhecimento 3 2 4 3 4 3 19 3 Adequação do curso às inovações e evoluções da sociedade Adequação do curso para os valores de responsabilidade social Contribuição do Curso para incentivar a mobilização social 3 3 4 3 3 3 4 4 4 3 3 3 4 3 2 4 4 3 21 20 19 4 3 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 44 44 45 41 47 49 270 4 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 167 4.3 Dimensões do Desenvolvimento Local em Santo Estêvão A partir de agora, será apresentada a análise da influência do Curso de Formação de Professores das Séries Iniciais no contexto da instalação, manutenção e resultados para o município de Santo Estevão. Toda a percepção dos egressos a partir dos indicadores pesquisados mediante suas respostas às entrevistas e aos questionários respondidos constituiu o quadro amostral de 30% desta população. Além dos egressos, assim como ocorreu em Amélia Rodrigues, serão apresentadas e analisadas, também, as considerações feitas pelos Docentes do Curso, pela Coordenação Pedagógica do Curso para o município de Santo Estêvão e pelos representantes da sociedade civil e do poder público local. A princípio, como fundamentação dessa avaliação, será composta a caracterização dos participantes do curso no município. Em primeira observação constata-se que 70% dos partícipes eram do sexo feminino, de etnia declarada como parda, e 60% deles possuíam idade entre os 31 e 40 anos. O Quadro 18 apresenta todas estas características de forma mais específicada. SEXO Feminino 70% Negra 40% entre 18 e 20 - entre 21 e 30 20% Masculino 30% ETNIA Parda 46,7% FAIXA ETÁRIA (em anos) entre 31 e 40 entre 41 e 50 60% 13,3% Branca 13,3% entre 51 e 60 6,7% mais de 60 - FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração Própria (2008). Quadro 18: Caracterização dos Egressos segundo o Sexo, a Etnia e a Faixa Etária – Santo Estêvão No que se refere aos rendimentos percebidos por estes indivíduos, a menor renda familiar percebida após o Curso estava presente na faixa entre R$ 801,00 e 1.000,00 (6,7%). A faixa mais representativa (com 40% dos participantes nesse intervalo) era acima dos R$ 1.500,00. Além dessa faixa ser a mais representativa, dentre os egressos do curso, é importante sinalizar que 70% dos participantes percebiam uma renda familiar mínima de R$ 1.001,00, o que equivale, em junho de 2007, a menos que três salários mínimos. Além destes, 23,3% dos entrevistados optaram por não responder a esta questão. 168 Como o objetivo do Curso é estimular a melhoria do sistema educacional através da (re)qualificação profissional dos professores da rede pública de ensino, é válido demonstrar, também, o perfil da formação desses alunos-professores. Dentre eles, como é uma característica comum em cidades do interior, possuíam sua formação no curso de Magistério (86,7% deles) e 13,3% apresentavam como escolaridade o curso técnico de contabilidade considerando que era a única alternativa diferenciada no Município. Outra característica que, do ponto de vista qualitativo, já tornaria o Curso uma importante ferramenta de qualificação é que 63,3% dos cursantes concluíram seus cursos técnicos ou de magistério há mais de 11 anos. E, após terem voltado a se dedicar à aquisição do conhecimento, com a conclusão do ensino superior, a aquisição de uma pós-graduação já é realidade para 80% deles, que estão concluindo especializações na área de Gestão Escolar, Gestão Pedagógica e/ou Psicopedagogia. Quanto ao fator locacional, ao se analisar o local estão situadas as escolas nas quais os participantes lecionam e, assim, tentar verificar que população será, diretamente, beneficiada pelo Curso, pôde-se constatar que 56,7% das escolas se concentram na zona rural do município, a uma distância, geralmente, acima de 5 km da residência do professor (30%) que costuma se dirigir até o local de trabalho de motocicleta (48%). A seguir, serão apresentados registros que podem comprovar, na visão dos entrevistados, a importância do Curso para Santo Estêvão. Proporcionou inicialmente uma melhoria a nível de crescimento intelectual para os professores desta cidade e de igual forma forneceu aos mesmos uma qualificação de alto nível e consequentemente a perspectiva de uma melhora na qualidade de ensino63. Trata-se da adoção da política de valorização do magistério frente aos desafios da educação para desenvolvimento do contexto nacional64. Certamente proporcionou oportunidades àqueles que achavam a vida acadêmica um sonho utópico, que nunca realizaria em suas estruturas. No entanto, foi de grande valia a descentralização desse curso aos municípios oportunizando ao profissional da Educação, em especial de Santo Estêvão a busca do conhecimento científico, que se faz necessário como base para uma educação eficaz65. Os professores-alunos se sentiram mais valorizados, profissionalmente e ampliando sua visão sócio-cultural66. 63 desenvolvendo-se Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 65 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 66 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. 64 169 Possibilitou o nível superior a um número significativo de profissionais que não teriam condição de obtê-lo de outra forma e proporcionou a inserção de professores capacitados no mercado de trabalho melhorando assim a nossa educação67. De acordo com os egressos do Programa, além de melhorias das práticas pedagógicas, as dimensões que mais significaram resultados para a realidade imediata deles, foi a questão econômica, graças à gratificação salarial e inclusão social que passaram a perceber por poderem apresentar o ensino superior como nível de formação e por conquistarem, pela reconstrução do Plano de Cargos e Salários, melhor piso salarial. Entretanto, ao ser observado o conjunto de variáveis que permeiam tais resultados, poderão ser observadas outras contribuições a serem sentidas, talvez não tão rapidamente ou fisicamente como o aumento salarial, mas sim nas mudanças e alterações cotidianas. Para isso, serão apresentadas as análises para cada dimensão do desenvolvimento, tomadas como norteadoras para este trabalho. 4.3.1 A Inclusão Social A dimensão inclusão social para Santo Estêvão representa, na opinião dos egressos, uma ótima contribuição a partir de sua participação como membro atuante em uma comunidade, podendo se transformar em um fomentador de idéias e, através de suas práticas profissionais, estimular a aquisição do conhecimento e, por meio desta, de forma direta, conduzir um processo de inclusão social para seus alunos e familiares. Destaca-se nessa dimensão o fato da “seletividade” proposta por Brose (2000), que se configura na opção de atendimento a expressivo contingente de professores que atuavam na zona rural sem a devida qualificação e foram atendidos pelo Programa. Também de acordo com a matriz avaliativa da dimensão inclusão social (Tabela 44), pode-se observar a valoração que os entrevistados apresentaram para cada variável proposta. 67 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. 170 Tabela 44: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inclusão Social, Santo Estêvão Egressos Inclusão Social 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Notas Atribuídas às Variáveis Total Média Melhoria na educação das séries iniciais 4 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 5 4 5 4 4 4 3 3 4 5 5 5 4 4 4 4 2 2 2 106 4 Melhoria na atuação política do Egresso 4 2 3 5 3 1 5 4 3 5 3 5 4 5 4 3 4 4 4 3 2 3 4 4 4 4 5 5 5 5 115 4 Melhoria do ensino na zona urbana 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 4 3 4 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 4 4 4 4 4 5 97 3 Melhoria do ensino na zona rural 2 3 4 3 3 3 3 3 2 3 3 4 4 4 3 3 3 3 3 3 5 5 4 4 4 3 3 3 2 2 97 3 4 2 2 4 4 1 5 5 3 5 2 4 3 2 3 4 3 2 3 3 2 2 3 4 4 4 5 5 5 5 103 4 4 3 4 3 3 3 5 3 2 5 3 3 3 4 3 5 3 3 3 3 5 5 5 5 4 4 4 4 2 2 108 3 3 2 2 2 3 2 5 4 3 5 2 2 4 3 2 3 3 2 2 2 5 5 5 5 5 5 4 4 3 2 99 3 4 3 3 3 4 3 5 4 2 5 3 4 4 4 3 3 4 4 3 2 5 5 5 5 4 4 4 2 2 2 108 4 4 3 4 4 4 4 5 3 4 5 3 3 3 5 4 4 4 3 4 3 3 3 3 4 4 5 5 5 5 5 118 4 4 3 3 4 4 1 3 3 3 3 3 3 3 4 4 3 4 3 3 2 5 5 5 5 4 4 4 4 4 2 105 4 36 27 31 34 34 24 42 35 26 42 28 37 35 40 33 35 35 30 31 28 39 41 42 43 41 41 42 38 34 32 1056 4 Maior participação do Egresso nas questões sociais do Município Melhor desempenho dos alunos atendidos pelos Egressos Envolvimento dos Egressos nas tomadas de decisão do Município Reorganização na Gestão Escolar no Município Identificação da educação como fator desenvolvimento Melhoria da qualidade de vida do Município de SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 171 Para eles, a preliminar e melhor maneira de contribuir para a inclusão social da comunidade local onde vive e/ou atua como professor é através da educação já que acredita que sua participação, neste sentido, é uma ótima oportunidade de poder contribuir para a melhoria na qualidade de vida do município. Ao considerar a educação como um fator de desenvolvimento, o egresso de Santo Estêvão demonstra compreender que pode atuar como um maximizador de horizontes e transformar sua atuação em instrumento de reconstrução social , por isso considera, também, que sua participação no processo político, nas questões sociais do município e na sua contribuição para reorganização da gestão escolar representam boas ou ótimas oportunidades de demonstrar suas habilidades como agente. Para os representantes locais, os docentes e coordenadores do Projeto e para os próprios egressos eles representam o expoente de uma nova política de educação que envolve escola, aluno e comunidade, contribuindo, dessa forma, para a inserção de novos conceitos e valores à vida social. Para eles: Se tornaram profissionais capacitados com uma maior/melhor possibilidade de desempenhar seu papel, através dos conhecimentos que forem produzidos e, desta forma, contribuirão com maior eficiência no processo de politização e humanização das pessoas com que se relacionam no cotidiano68. Os professores tornaram-se mais qualificados e preparados para a sala de aula; tornaram-se mais críticos e reflexivos para a atuação na comunidade69. Eles fazem uma contribuição efetiva a nível intelectual, sócio-econômico e político e principalmente no que diz respeito a melhoria da qualidade educacional, além de, com a qualificação desses profissionais, o município terá mão-de-obra de qualidade70. No curso adquirimos consciência da importância da educação desenvolvimento local e nacional71. para o E ainda, Enriquecerão o nível intelectual da população, melhorando a qualidade do ensino, dando ênfase a debates com temas atuais72. Para as escolas da zona rural, a maioria dos professores desenvolvem um trabalho voltado para a valorização do homem do campo e a preservação do meio ambiente como modo de inclusão73. 68 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 70 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 71 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 72 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. 73 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 69 172 O Programa contribuiu muito para a formação dos professores-alunos. Foi observada a mudança da prática pedagógica desses professores, a auto-estima foi evidenciada todo o tempo, valores foram descobertos, o lado artístico e criativo foi despertado durante o curso74. Em resumo, eles consideram que a educação é um marco para qualquer processo de mudança socioeconômica que se possa perseguir em determinada região, e, assim sendo, consideram que os conhecimentos adquiridos no percurso do Curso de Formação os auxiliarão numa ótima possibilidade de desenvolvimento do processo de inclusão social. 4.3.2 O Fortalecimento da Economia Local Segundo observações anteriormente apresentadas, do ponto de vista dos egressos, o fortalecimento da economia representa a dimensão onde a melhoria pôde ser sentida após a conclusão do Curso de Formação, devido, é claro, ao aumento salarial proporcionado pela gratificação recebida pelo novo enquadramento funcional, afirmando que, ganhando mais, eles poderão gastar mais e, inclusive, pensar em constituir negócios próprios (alguns até passaram a investir em escolas particulares ou foram por elas contratados). As principais modificações mais percebidas são principalmente sociais e econômicas por estarmos consumindo mais em função de estarmos sendo melhor remunerados75. Um outro fato que deve ser mencionado é que uma grande parcela dos egressos passaram a contar, além da gratificação salarial, com a promoção para os cargos de direção e coordenador pedagógico (neste caso, tanto da rede pública como privada), o que consideram como mais um instrumento de intervenção na estrutura e dinâmica na vida da sociedade local. Com a finalização do curso, o salário aumentou, fui promovida de função, além de ser contratada por escolas privadas para a realização de trabalhos pedagógicos76. O exame da matriz avaliativa (Tabela 45) para esta dimensão corrobora com estas afirmações. 74 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 76 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 75 173 Tabela 45: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Fortalecimento da Economia Local, Santo Estêvão Egressos Economia Local 1 2 3 4 5 6 7 8 Resultado 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Notas Atribuídas às Variáveis Aquisição de benefícios (profissional/financeiro) em relação à participação no Curso de Formação, enquanto 3 Professor da Rede Pública de Ensino Participação sua na busca por melhorias na qualidade de 4 vida do seu município SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 7 Total Média 4 4 3 3 4 5 3 4 5 3 3 3 3 3 3 3 3 2 4 5 5 5 5 4 4 4 4 3 2 109 4 4 4 5 3 3 4 3 4 4 3 3 3 3 0 4 4 1 2 3 2 2 2 3 3 3 3 5 5 5 97 3 8 8 8 6 7 9 6 8 9 6 6 6 6 3 7 7 4 4 7 7 7 7 8 7 7 7 9 8 7 206 3 174 4.3.3 A Inovação na Gestão Pública Quando questionados sobre as possibilidades de atuação ou observação no processo de inovação na gestão pública, os egressos demonstraram que este processo representa boas perspectivas de atuação por parte deles, principalmente no que se refere à sua participação no processo de descentralização das decisões nas questões que envolvem a escola pública municipal. O município de Santo Estêvão, embora ainda tenha problemas, mas é nítida a sua evolução no que diz respeito a qualificação e estrutura física, carecendo apenas de um melhor direcionamento de projetos educacionais, por isso que procuro participar de forma efetiva nos processos de discussão da SEDUC77. Como dirigente de escola, que agora sou, procuro discutir, debater ações, visando a elaboração de proposições que venham a melhorar a educação como um todo no município78. O conjunto de variáveis propostas (Tabela 46) para esta análise demonstram uma boa compreensão e conscientização dos egressos no sentido de atuarem como debatedores, articuladores e construtores de opinião e fornecedores de idéias que venham a fazer parte do processo decisório do poder público municipal, conforme já se constata, e com atuação efetiva na Secretaria de Educação do Município, ao ponto de ter sido um deles nomeado o novo secretário municipal, em 2007, enquanto integrante (e representante) da Rede Municipal de Ensino, por exigência dos seus professores. 77 78 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 175 Tabela 46: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Inovação na Gestão Pública, Santo Estêvão Egressos Gestão Pública 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Notas Atribuídas às Variáveis Inovação na Gestão do ensino público Total Média 4 3 3 4 4 2 3 3 3 3 3 4 3 3 3 4 3 3 3 3 5 5 5 5 4 4 4 3 2 2 103 3 3 3 3 3 4 3 3 3 2 3 2 3 3 4 3 4 4 3 3 3 2 2 2 3 3 4 4 4 5 5 96 3 Participação do Conselho Municipal de Educação na Gestão do Sistema Público Municipal 3 2 2 3 4 1 3 2 2 3 0 2 2 3 2 3 3 1 2 3 4 3 3 3 3 3 3 2 2 2 74 3 Participação dos Gestores das Escolas 4 3 3 4 4 2 4 3 2 3 3 3 3 3 2 3 3 1 2 2 2 2 2 3 3 4 4 4 4 4 89 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 14 11 11 14 16 8 13 11 9 12 8 12 11 13 10 14 13 8 10 11 13 12 12 14 13 15 15 13 13 13 362 3 Utilização adequada dos recursos públicos na Educação Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não respondeu à questão. FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 176 4.3.4 A Gestão Ambiental e o Uso Racional dos Recursos Naturais Em relação à gestão ambiental, os egressos sinalizam que sua participação no curso os tornaram mais observadores da questão ambiental e, ainda, os fizeram sentir-se parte integrante daquele contexto, não apenas como mais um usuário dos bens ambientais, mas, principalmente, como o que pode auxiliar na busca pela luta ecológica. A consciência política, de preservação do meio ambiente e transformação social tornou-se em um estímulo mais freqüente nas minhas aulas e nas Escolas Públicas Municipais79. Eles acreditam que sua convivência com a questão ambiental é boa e que a partir do Curso de Formação passaram a introduzir no cotidiano de suas aulas o referencial ambiental como o uso da coleta seletiva e levando, ainda, para a administração escolar, idéias que venham a ajudar no combate à degradação ambiental no seu ambiente de trabalho. Pode-se acompanhar os conceitos referentes à dimensão da gestão ambiental através da Tabela 47. . 79 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 177 Tabela 47: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Gestão Ambiental, Santo Estêvão Egressos Gestão Ambiental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Notas Atribuídas às Variáveis Relação do Curso com a questão ambiental Relação com o meio ambiente a partir da vivência no curso de formação Envolvimento das escolas na educação quanto ao uso racional dos recursos naturais Existência de trabalhos cooperativos que integrem Escola Pública e Comunidade, visando a preservação do meio-ambiente SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). Total Média 3 2 2 3 4 1 2 3 3 2 3 4 3 4 2 4 4 2 3 3 4 4 3 3 3 3 3 2 2 2 86 3 5 2 3 3 4 2 3 4 3 2 3 4 3 3 2 5 5 2 4 4 2 2 3 3 3 3 4 4 5 5 100 3 4 2 3 3 4 1 3 2 3 3 3 4 3 3 3 4 4 2 3 3 5 5 5 5 5 4 4 2 2 2 99 3 4 2 2 2 3 2 3 2 3 3 3 3 2 3 2 5 3 1 2 2 2 2 3 3 3 4 4 5 5 5 88 3 16 8 10 11 15 6 11 11 12 10 12 15 11 13 9 18 16 7 12 12 13 13 14 14 14 14 15 13 14 14 373 3 178 4.3.5 A Mobilização da Sociedade A participação do egresso no contexto social de Santo Estêvão foi considerada, na avaliação proposta aos participantes do Curso de Formação, como boa, tendo em vista a forte presença da consciência da questão política, o constante envolvimento dos egressos na luta sindical e em ações que envolvem a organização social em prol do bem comum, como associações de moradores, ações comunitárias, entidades filantrópicas, movimentos religiosos, entre outros. Eles afirmam que: O desenvolvimento de consciência crítica ajuda, mas não resolve.É necessária a consciência integradora e participativa na vida pública. É preciso o aumento da participação política para resolver80. Os professores graduados alcançaram melhor nível de politização nas ações educacionais, permitindo, assim, uma melhor atuação na proposta de construção de uma escola cidade81. Destacam também como importante a atuação junto à elaboração de projetos políticopedagógicos e planejamento estratégico das escolas como ambiente propício para a disseminação de atitudes que viabilizem uma melhor integração entre a escola, os professores, os alunos e a comunidade. Através de aprovação e/ou reprovação de ações, compras, projetos, etc. é possível propor e sugerir parcerias e ações importantes para a melhoria da qualidade de vida da comunidade local82. A participação na análise e reflexão da prática pedagógica desenvolvida na escola, bem como na definição e aplicação de medidas podem sanar problemas encontrados, em parceria com a comunidade escolar83. Tenho participação nas capacitações da secretaria de estado; na orientação e no acompanhamento da elaboração do PDE; no monitoramento das ações pedagógicas e da execução financeira84. A participação nas várias etapas de formulação do projeto político pedagógico da escola, desde os embasamentos teóricos até a realização das ações nos permite buscar o alcance das metas e objetivos traçados85. 80 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 82 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 83 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 84 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 85 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 81 179 Durante as reuniões com os dirigentes das Escolas procuro basear os trabalhos que reflitam a realidade sociocultural da região e a consistência do PPP e PDE, construído coletivamente pelo corpo da Escola e os professores86. Acreditam que, dessa forma, como educadores, farão valer os conhecimentos adquiridos na aquisição do curso de nível superior e poderão construir atividades educativas e sociais que venham a estimular melhores condições estruturais, vencendo algumas heterogeneidades em Santo Estêvão. Tinha muita insegurança, e essa instabilidade, vem da Educação brasileira que precisa ainda melhorar a qualidade do ensino. Vejo a educação carente de cuidados e precisando da nossa ajuda para melhorá-la e é assim que pretendo ajudar87. Ajudo muito em âmbito educacional, participando e realizando atividades específicas em prol de melhorias para a comunidade, a qual a escola em que trabalho está inserida88. Além disso é perceptível em seus discursos a disponibilidade e interesse após o ingresso na universidade, em participar do movimento sindical, passando, inclusive a contar, o sindicato, com um presidente e alguns coordenadores egressos do Curso de Formação de Professores. Atuo participando dos eventos promovidos pelo sindicato, bem como nas tomadas de decisões em prol da melhoria nas condições de trabalho dos servidores em educação, em função de promover uma educação de qualidade no município89. Participo na qualidade de sindicalista, representante da categoria, procuro através de leituras, discussões e debates, buscar formas de melhorar a vida dos professores e a qualidade da educação como um todo90. Através de suas atividades intra e extra classe eles planejam interagir com as questões sociais da comunidade, por meio de proposições do Poder Executivo (quando estes solicitam a apreciação da comunidade), interagindo, inclusive, de forma direta no Poder Legislativo através da participação como vereadores municipais. Gosto muito de participar dos Conselhos, discutindo problemas, em busca de melhorias para comunidade e promovendo reuniões, discussões, palestras com tema de interesse da comunidade91. 86 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 88 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 89 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 90 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 91 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 87 180 Assim sendo, pode-se constatar que a avaliação sob o ponto de vista da matriz avaliativa, a qual os próprios egressos ajudaram a montar, demonstra que a mobilização social, proposta por eles próprios se enquadra como uma boa ferramenta de desenvolvimento local. Ao analisar-se a matriz avaliativa da dimensão mobilização da sociedade (Tabela 48), fica evidenciado que eles consideram como ótima a possibilidade e a sua participação junto à elaboração do planejamento estratégico da escola onde lecionam, da Secretaria de Educação do Município e de outros segmentos da sociedade como a comunidade religiosa que freqüentam. O mesmo sentimento e conceito se aplica à participação em relação ao projeto político-pedagógico do Município já que, através dele, e estando participando das discussões, eles podem interagir com outros na implantação de propostas que tratem de assuntos como o meio ambiente e a inclusão social. Muitos são os projetos em que me envolvo como palestras entorno da conscientização da saúde, educação e preservação do meio ambiente92. Procuro sempre contribuir de forma ativa com aqueles que necessitam, principalmente através das pastorais da igreja católica93. Atuo sempre desenvolvendo palestras com temas que a comunidade local precisa como (violência, drogas...)94. 92 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 94 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. 93 181 Tabela 48: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Egressos – Mobilização da Sociedade, Santo Estêvão Egressos Mobilização da Sociedade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Notas Atribuídas às Variáveis Contribuição das atividades educativas para melhorar a qualidade de vida do Município Engajamento dos Egressos nos processos decisórios do Município Participação na política do Município Total Média 3 2 2 3 4 3 4 3 3 4 3 3 2 3 3 3 3 2 2 3 5 5 5 4 4 4 3 3 3 1 95 3 3 2 2 2 4 2 2 2 3 2 2 3 3 3 2 3 3 1 1 2 5 4 3 3 3 3 3 3 2 2 78 3 3 3 5 3 4 2 2 3 2 1 2 3 3 3 2 3 3 1 2 3 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 88 3 Participação no Poder Executivo 2 3 3 3 4 2 2 3 2 1 2 1 2 3 2 2 3 1 1 1 5 5 4 4 3 3 3 3 2 2 77 3 Participação Sindicato-trabalhista 2 3 5 4 3 3 4 3 3 4 3 3 3 3 0 4 4 2 3 4 5 5 5 4 4 4 3 3 3 1 100 3 Participação nas questões sociais da Comunidade 3 3 3 4 4 2 3 3 0 3 3 2 2 3 0 3 3 1 3 3 5 4 4 3 3 3 3 3 3 2 84 3 3 3 3 4 4 3 4 3 4 4 3 3 3 5 0 5 4 3 2 4 5 5 5 4 4 4 4 4 3 3 108 4 4 0 1 5 0 4 3 3 3 3 3 4 3 5 3 5 5 3 3 4 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 104 4 2 0 4 3 0 3 1 0 2 1 0 0 3 4 1 3 3 0 4 4 5 4 4 4 3 3 3 3 3 2 72 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 25 19 28 31 27 24 25 23 22 23 21 22 24 32 13 31 31 14 21 28 40 37 36 33 31 32 30 31 29 23 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão ou considera a atuação inexistente.. 806 3 Participação em Planejamento Estratégico da Escola ou de algum segmento do Município Participação em Projeto Político Pedagógico Participação em Processos de Negociação FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 182 4.3.6 Percepção dos Representantes do Poder Público e da Sociedade Civil Local Quanto à percepção dos representantes da sociedade civil e do poder público local registra-se uma boa expectativa de resultados de médio e longo prazo que podem ser revestidos para o município a partir da (re)qualificação de seus professores do ensino público fundamental. Quando questionados sobre como considerava a contribuição do Curso de Formação, através de seus resultados para o desenvolvimento do município, eles sinalizaram como ótima, acreditando no conjunto de intervenções que podem ser desenvolvidas pelos egressos, tanto no contexto educacional como em seus desdobramentos político-sociais. Eles consideraram como boas as melhorias municipais provenientes dessa participação no Programa, como a melhoria educacional resultante da inovação na prática pedagógica e a melhoria política pela conscientização e aquisição de novas concepções ideológicas. Assinalam, ainda, como boas as melhorias econômicas e sociais, tendo em vista o aumento salarial recebido graças à elevação do piso salarial, por aumento de nível e, ainda, por maior participação em atividades que visam à melhoria da qualidade de vida da população. Os representantes locais acreditam que tanto a população urbana quanto a rural serão capazes de usufruir dos benefícios que essa parcela da população poderá acrescentar à comunidade, bem como, do ponto de vista dos entrevistados, essa parceria entre os egressos e a comunidade no contexto do desenvolvimento local tem boas chances de resultar, de fato, numa melhoria real da qualidade de vida de Santo Estêvão. Esse sentimento de resultados positivos quanto à parceria entre os egressos e a sociedade, após o Curso de Formação, fica evidente nos seguintes depoimentos: Uma melhor qualificação dos professores traz uma melhor aprendizagem dos alunos e um significativo aumento na renda melhorando a vida de todos, direta ou indiretamente95. Com Professores graduados e bem remunerados haverá melhorias na qualidade no ensino ofertado e maior participação desses profissionais na vida da Sociedade Local96. 95 96 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 183 Esse empreendimento marcou uma nova era na história da educação municipal. Elevou o grau de importância do município no cenário baiano, aqueceu a economia municipal, trouxe melhoria do poder aquisitivo dos professores graduados além de outros fatores consequentes naturais dessa conquista97. A Tabela 49, que representa a matriz avaliativa dos Representantes do Poder Público e Sociedade Civil Local, expressa tais resultados. 97 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 184 Tabela 49: Matriz Avaliativa da Análise Qualitativa dos Representantes Públicos e Civis – Santo Estêvão Considerações sobre o Curso De que forma avalia os resultados desse Curso para o Município Participação dos Egressos do Curso na vida do Município Melhorias Educacionais ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores Representantes do Poder Público e Sociedade Civil Local 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Notas Atribuídas às Variáveis 5 4 3 4 5 5 5 5 3 4 3 2 4 5 0 4 3 3 Resultado Total Média 39 28 5 3 4 3 3 4 3 5 4 3 3 32 3 Melhorias Políticas ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 4 2 2 4 3 5 3 4 2 29 3 Melhorias Econômicas ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 3 3 3 4 3 5 4 4 3 32 3 Melhorias Sociais ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 3 3 3 3 5 5 5 4 3 34 3 Melhorias Ambientais ocorridas no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores 2 1 2 3 5 3 5 4 3 28 3 Intensidade com que tais melhorias contribuem para o Desenvolvimento Local De que forma acredita que se dê o beneficiamento das populações da Zona Urbana e Rural 4 2 3 3 4 5 4 3 3 31 3 4 3 2 4 5 5 4 4 3 34 4 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 33 24 23 33 38 38 38 34 26 287 3 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 185 4.3.7 Análise dos Coordenadores e Docentes do Curso de Formação de Professores Durante o caminhar do processo de desenvolvimento do aprendizado os docentes do Programa, em conjunto com o coordenador para o município de Santo Estêvão, puderam observar de perto a evolução de aprender dos alunos-professores e, assim, notar o processo de amadurecimento de suas idéias e pensamentos. Para compor a análise realizada pelo Coordenador e Docentes do Programa contou-se com entrevistas realizadas com cinco docentes e com o coordenador do município. Através dessas colocações, pode-se traçar, através da matriz avaliativa (Tabela 50) a opinião dos egressos quanto ao seu comprometimento com o curso e às possibilidades de melhoria do contexto municipal, a partir da educação. 186 Tabela 50: Matriz Avaliativa do Coordenador e Docentes – Santo Estêvão Coordenador e Docentes Considerações sobre o Curso 1 2 3 4 5 Resultado 6 Notas Atribuídas às Variáveis Total Média Relevância Social do Programa no município Formas do Curso relacionar Educação com Desenvolvimento Local Contribuição para a melhoria do Sistema de Educação Básica do município Contribuição para a busca da formação continuada pelos Egressos Contribuição para a expectativa local em relação à necessidade da Educação Superior 4 4 4 4 4 4 4 3 4 1 4 4 3 3 3 3 4 4 4 4 4 3 4 4 23 19 23 22 4 4 4 4 4 4 4 3 4 4 23 4 Mudanças na prática pedagógica dos Egressos Mudanças na prática social dos Egressos Mudanças na prática política dos Egressos Projeto Pedagógico orientado para a formação do cidadão responsável por sua conjuntura social Possibilidade de desenvolver a capacidade de produzir respostas para problemas sociais e demandas externas através da produção e socialização do conhecimento 3 4 0 4 3 3 4 4 3 3 4 4 5 3 3 3 3 4 3 4 4 4 4 3 21 21 18 22 3 4 4 4 3 2 3 3 4 3 18 3 Adequação do curso às inovações e evoluções da sociedade Adequação do curso para os valores de responsabilidade social Contribuição do Curso para incentivar a mobilização social 3 3 4 3 3 3 4 4 3 3 3 3 4 3 2 4 4 2 21 20 17 4 3 3 SOMATÓRIO DAS VARIÁVEIS 44 44 45 41 47 47 268 4 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 187 Percebe-se que os docentes e a coordenação do município avaliaram a implantação do Curso em Santo Estêvão como de ótima relevância social local. Diante da participação no Programa, os egressos passaram a persistir no ideal de continuação de seus estudos e na busca pelo melhoria da qualidade de ensino em seu município, o que os entrevistados analisaram como uma ótima contribuição do Programa, tendo em vista que este fato estimularia o envolvimento dos egressos com o desenvolvimento local. Entenderam que, a partir dessa participação, os mesmos atuariam em busca de melhoria do sistema de educação básica do município e, através de seu exemplo, estimular-se-ia o acesso ao ensino superior por parte dos estudantes de sua cidade. Do ponto de vista pedagógico foi avaliado que os egressos possuem ótimas condições e potencial crítico para construir um projeto pedagógico orientado para a formação de cidadãos responsáveis por sua conjuntura social, tendo em vista a tentativa do Curso em adequar a prática pedagógica às inovações e evoluções da sociedade, além de agregar valores de responsabilidade social. Registra-se como boa a possibilidade de desenvolver-se a capacidade de produzir respostas para problemas sociais e demandas externas através da produção e socialização do conhecimento, o que é fruto da percepção dos entrevistados quanto às mudanças observadas nos egressos, de suas posturas de práticas políticas e sociais no decorrer do curso, o que, por sua vez, estimula a atuação destes como multiplicadores de idéias e estimuladores de uma mobilização social que interfira nas estruturas e dinâmicas sociais e que promova melhores condições de trabalho e de vida. Considero que o impacto do curso na comunidade foi bastante significativo, podemos observar isso nas avaliações feitas pelo grupo, nos depoimentos dos professores, no envolvimento dos alunos no Sindicato, nas produções dos alunos, nos Seminários, que também eram abertos para a comunidade, oportunizando-os a vivenciarem uma cultura acadêmica. Merece destaque ainda o acervo bibliográfico da instituição que esteve disponível para consulta da comunidade em geral98. Para concluir, na observação do conjunto avaliativo presente na matriz, podemos perceber que o conceito obtido pelos docentes e coordenador local do Curso considerou como ótima a contribuição que a participação no Curso possibilitou aos egressos, tornando-os agentes de curiosidade, percepção, ação e alcance de novas conquistas em prol da comunidade local. 98 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Coordenadores e Docentes, março-junho/2008. 188 4.4 Desenvolvimento Local: uma visão geral dos municípios Após uma abordagem individual das dimensões de desenvolvimento propostas por Brose (2000), será apresentada uma análise de todas estas dimensões em relação aos Egressos do Curso de Formação de Professores das Séries Iniciais inicialmente no Município de Amélia Rodrigues e sua contribuição para o desenvolvimento local deste município. No aspecto fortalecimento da economia local, fica delineada a boa importância registrada pelo egresso ao perceber um aumento em sua renda individual, contribuindo, assim, para uma melhoria relativa em sua qualidade de vida familiar e sua percepção pessoal registrada, em muitos casos, pela promoção profissional ou convites para atuar até mesmo em outros âmbitos profissionais. Os egressos consideram também positiva a participação no Curso, através de uma avaliação boa, para os fatores que os fizeram observar e participar do processo de inovação da gestão pública municipal. Quanto ao indicador da gestão ambiental, embora seja perceptível a presença de nuances de opiniões relativas ao meio ambiente e o quanto eles podem se dispor para ajudar na manutenção deste, é mantida a análise como boa em relação à visão ambiental e racional do uso de recursos naturais por parte dos egressos. E, finalizando com a específica dimensão que trata da mobilização da sociedade, podese inferir que, nos setores onde os professores-egressos poderiam mais atuar, buscando um conjunto de atividades e participações que poderiam levar a uma conquista mais sensível dos objetivos necessários ao desenvolvimento local, a atuação desses indivíduos ainda é pequena. Porém, demonstra-se boa se pararmos para analisar que é ainda muito recente a sua descoberta como co-responsável por este processo. Através da Tabela 51, quando agrupados os cinco indicadores de desenvolvimento, neste molde, podemos observar que, individualmente, aquele que mais sinaliza uma participação efetiva dos egressos é o que se refere à inclusão social (ao apresentar um conceito quatro – ótimo). Este fato sinaliza que a participação dos professores no curso, ainda enquanto alunos e, posteriormente como egressos e multiplicadores de conhecimento, eles se perceberam incluídos socialmente e capazes de usar seus “novos” conhecimentos como ferramenta para a inclusão social daqueles que ainda permanecem em diferentes situações excludentes. 189 Tabela 51: Matriz Avaliativa das Dimensões de Desenvolvimento Regional – Amélia Rodrigues Entrevistas com os Egressos DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Notas Atribuídas aos Indicadores 1- INCLUSÃO SOCIAL 2- FORTALECIMENTO DA ECONOMIA LOCAL 3- INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA Total Média 4 4 3 4 4 4 4 3 3 4 4 3 4 5 3 4 4 3 2 3 4 3 3 4 4 4 4 4 4 4 110 4 3 4 3 4 3 3 3 3 4 4 4 3 3 3 3 3 3 3 2 4 3 3 5 4 4 4 4 4 3 2 101 3 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 4 3 5 4 4 4 4 4 3 3 96 3 4- GESTÃO AMBIENTAL E USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS 4 4 3 4 4 3 4 3 3 3 3 3 4 4 4 3 2 3 2 2 4 0 4 4 4 4 3 3 3 4 98 3 5- MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE 3 2 3 3 2 2 3 2 2 2 2 2 1 3 2 3 1 2 1 2 3 2 4 3 3 3 3 3 3 3 73 3 SOMATÓRIO DOS INDICADORES 17 17 15 18 15 15 17 14 15 16 16 14 15 18 15 16 13 14 Obs: a nota é considerada zero quando o Entrevistado não responde à questão. 9 14 18 11 21 19 19 19 18 18 16 16 478 3 FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 190 Os resultados já se apresentam impactantes no contexto educacional e pedagógico. Pode-se observar que o IDEB de Amélia Rodrigues está acima da média baiana, apresentando-se entre os melhores municípios baianos em educação (em 4º lugar no Estado da Bahia, bem acima da média estadual) e, vale salientar, que os melhores índices apresentados estão, justamente, vinculados ao ensino das séries iniciais e, na grande maioria dos casos, nas escolas onde atuam os professores egressos do Curso. Os Quadros 19 e 20 evidenciam esses resultados. ANO BRASIL ESTRATOS Projeções 2021 6,0 2005 IDEB GERAL Urbana Rural Pública Federal Estadual Municipal Privada 3,8 Quanto à Localização das Escolas 4,0 2,7 Quanto a Dependência Administrativa 3,6 6,4 3,9 3,4 5,9 6,2 4,9 5,8 7,8 6,1 5,7 7,5 FONTE: IDEB (2005) / SAEB (2005) / Censo Escolar (2005; 2006) / Elaboração própria (2008). Quadro 19: IDEB – Séries Iniciais do Ensino Fundamental – Brasil/Bahia, 2005/2021 ANO PROJEÇÕES 2005 2007 2009 2015 2021 Brasil 3,8 - - - 6,0 Bahia 2,6 2,6 3,1 4,0 5,0 Amélia Rodrigues 2,9 4,2 3,3 4,3 5,2 ESTRATOS Escolas onde os Egressos Lecionam Centro Educacional Dep. Luiz Eduardo Magalhães - 3,1 3,3 4,3 5,1 3,0 3,8 3,4 4,4 5,3 - 4,2 4,6 5,5 6,3 Grupo Escolar Amélia Rodrigues 2,6 2,7 3,0 4,0 4,9 Grupo Escolar Arlete Magalhães 2,7 2,8 3,1 4,1 5,0 Grupo Escolar Deputado Wilson Falcão 2,7 4,1 3,1 4,1 5,0 Grupo Escolar Jaime Villas Boas 2,8 4,5 3,2 4,2 5,1 - 4,0 4,4 5,4 6,2 Colégio Municipal Governador Luis Viana Filho Escola Municipal Antenor Deusdeth West Grupo Escolar José Lázaro Pereira FONTE: IDEB (2005) /Prova Brasil (2005) / SAEB (2005) / Censo Escolar (2005; 2006) / Elaboração própria (2008). Quadro 20: IDEB – Alguns dos Estabelecimentos onde os Egressos Atuam– Amélia Rodrigues, 2005/2021 Conforme relatam, ainda, alguns dos entrevistados: 191 Porque o curso, de certa forma, já sinalizou o nosso município como referencial de indicadores positivos na educação99. [...] Passamos a ser mais críticos, participando, contribuindo para melhoria da qualidade do ensino, levando o município a estar entre as 10 melhores educação do Estado da Bahia100. E, é valido mencionar ainda a opinião de quem acompanhou o Curso de Formação com expectativa quanto aos seus resultados: Essa experiência faz transparecer um aspecto importante: os poderes públicos, principalmente, devem perceber que determinadas ações na educação são imprescindíveis no processo de desenvolvimento do nosso município; nesse sentido, a vontade política e a conscientização de todos os segmentos de nossa sociedade são ingredientes indispensáveis101. Não se pode deixar de concluir com a análise dos dados e informações coletadas, que os egressos do Curso de Formação de Professores para Séries Iniciais em Amélia Rodrigues ainda se encontram em processo de reingresso (com suas “novas” potencialidades) à sociedade em que vivem. O caminho a ser seguido ainda é longo e, ao se perceber que em menos de dois anos após a conclusão desta primeira turma do Curso, a percepção, não apenas dos egressos, mas dos coordenadores e docentes do programa, bem como dos representantes do poder público e da sociedade civil, de que estes indivíduos são de fundamental importância ao processo de desenvolvimento do município de Amélia Rodrigues já demonstra que o objetivo do Curso, para esta localidade, atingiu seu êxito. Encerrando as observações feitas sobre os resultados em Amélia Rodrigues, serão apresentadas as considerações em relação ao município de Santo Estêvão. Toda a análise da pesquisa entre os entrevistados em Santo Estevão remete ao destaque da constante participação política e sindical dos professores municipais e, principalmente, entre os egressos do Curso de Formação, os quais, inclusive, fizeram questão de assinalar que tal participação se evidenciou após a chance de poder viver a universidade, com suas dualidades de pensamentos e confronto de idéias. No ano de 2005 (quando os egressos estavam próximos à sua formatura) o IDEB sinalizava para o município de Santo Estêvão um índice 2,6, enquanto a média nacional era de 3,8, e a estadual era igual à municipal, porém, quando se volta a atenção a uma comparação entre e média municipal (2,6) e as notas adquiridas pelas escolas onde lecionam os egressos do Curso (3,2 / 3,1 / 2,5) pôde-se perceber que esta está acima da média municipal em 99 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Egressos, março-junho/2008. Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 101 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 100 192 aproximadamente 50% das escolas. Outrossim, quando observado o ano de 2007 já se percebe que a média se encontra acima para a totalidade das escolas que contam com a participação do professores egressos, o que, inclusive, registra a presença de Santo Estêvão entre os municípios com IDEB também acima da média estadual, conforme se pode analisar através dos Quadros 19 (anteriormente apresentado) e o 21. ANO PROJEÇÕES 2005 2007 2009 2015 2021 Brasil 3,8 - - - 6,0 Bahia 2,6 2,6 3,1 4,0 5,0 Santo Estêvão 2,6 2,9 3,0 4,0 4,9 ESTRATOS Escolas onde os Egressos Lecionam - 3,0 3,4 4,4 5,3 Escola Municipal Joana Angélica Escola Municipal Iolanda Caldas de Cerqueira 3,1 2,9 3,5 4,5 5,4 Escola Municipal Risoleta Neves 2,1 2,6 2,6 3,6 4,5 Escola Municipal Tancredo Neves 2,5 2,6 2,9 3,9 4,8 Escola Municipalizada Angelo Magalhães 1,9 2,8 2,7 3,8 4,8 Grupo Escolar D. Pedro I 2,0 2,7 2,8 4,0 4,9 Grupo Escolar Isauro Borges Cabral 3,2 3,5 3,6 4,6 5,5 FONTE: IDEB (2005) / Prova Brasil (2005) / SAEB (2005) / Censo Escolar (2005; 2007) / Elaboração própria (2008). Quadro 21: IDEB – Alguns dos Estabelecimentos onde os Egressos Atuam – Santo Estêvão, 2005/2021 Em relação às outras dimensões, a avaliação dos egressos consideram como boa a maneira como podem intervir no contexto social do município, e sinalizam também como boa a sua percepção no que diz respeito aos processos de inovação na gestão pública, e na gestão ambiental, manifestando-se aptos a participar dos processos de elaboração e manutenção de mecanismos que intensifiquem a sua interação junto ao planejamento gestor do município e em ações que possam minimizar os avanços contra a natureza e o uso irracional dos recursos naturais. No que tange à mobilização da sociedade, eles também avaliam como boa, entretanto, essa auto-avaliação pode estar minimizada, talvez, pela dificuldade que os próprios egressos tiveram em perceber que sua própria dedicação em busca de melhorias para a educação, para a comunidade local através de constante presença em negociações de interesse coletivo, elaboração de propostas para o bem-estar municipal, em sindicatos e, também, em ações de filantropia nas igrejas que freqüentam, sinalizam, por si só, uma condição efetiva de mobilização e sua atitude funciona como fator multiplicador para aqueles que estão ao seu redor. Uma ação individual, conjugada com outra ação individual e, assim por diante, possibilitará a formação de uma mobilização geral da sociedade que, por sua vez, 193 complementará as demais dimensões que compõem o desenvolvimento local justo e de longo prazo, conforme afirma a seguinte opinião de um dos entrevistados: Apesar de ser um curso pioneiro neste Município ele foi agente motivador para os diversos profissionais da educação inclusive das instâncias particulares também, no sentido de buscarem qualificação profissional dada a qualidade do Curso e a credibilidade da Instituição, servindo como pano de fundo para as transformações sócio-econômicas que serão alcançadas a médio e a longo prazo pela sociedade deste município102. Para finalizar a análise sobre os resultados no município, deve-se observar a matriz geral avaliativa para Santo Estêvão (Tabela 52) onde constam os conceitos gerais para as cinco dimensões de desenvolvimento proposta por Brose (2000). Nela fica evidenciado que dois indicadores receberam, por parte dos egressos, um conceito ótimo em relação à participação do processo de desenvolvimento. Estes indicadores são o fortalecimento da economia local e a inclusão social, esta, inclusive, podendo ser analisada como relevante fator para participação dos egressos através de sua função profissional, o que pode ser percebido, também, pelos crescentes índices da avaliação do IDEB da educação fundamental em Santo Estêvão. 102 Dados de Entrevista. Pesquisa de Campo/Representantes da Sociedade Civil e Poder Público Local, março-junho/2008. 194 Tabela 52: Matriz Avaliativa das Dimensões de Desenvolvimento Regional – Santo Estêvão Entrevistas com os Egressos DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Resultado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Notas Atribuídas aos Indicadores Total Média 1- INCLUSÃO SOCIAL 4 3 3 3 3 3 5 3 3 5 3 4 4 4 3 3 4 3 3 3 5 5 5 4 4 4 4 4 4 2 108 4 2- FORTALECIMENTO DA ECONOMIA LOCAL 4 4 4 4 3 4 5 3 4 5 3 3 3 3 2 4 4 2 2 4 4 4 4 4 4 4 4 5 4 4 111 4 3- INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 3 3 3 3 4 2 3 3 2 3 2 3 3 3 2 3 3 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 3 3 3 87 3 4- GESTÃO AMBIENTAL E USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS 4 2 3 3 4 2 3 3 3 3 3 4 3 3 2 5 4 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 3 4 4 96 3 5- MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE 3 2 3 3 4 3 2 3 2 2 2 2 3 3 1 3 3 1 2 3 5 4 3 3 3 3 3 3 3 3 83 3 SOMATÓRIO DOS INDICADORES 18 14 16 16 18 14 18 15 14 18 13 16 16 16 10 18 18 10 12 16 20 19 18 17 17 19 19 18 18 16 484 3 FONTE: Pesquisa de Campo / Elaboração própria (2008). 195 No enfoque das estratégias de desenvolvimento abordadas por Baquero, foi possível constatarem-se, na pesquisa do Município de Santo Estêvão, exemplos mais significativos dessa política de desenvolvimento, pela valorização de melhores recursos locais(construções e reconstruções de prédios escolares, fornecimento de transporte para deslocamentos e professores e alunos da zona rural). Também a instalação de bibliotecas nos dois Municípios, com aquisição de acervos destinados ao Programa de Formação dos Professores, em atendimento ao estabelecido no Convênio assinado pela Prefeitura local e a Universidade para viabilização do Curso, expressa a valorização dos recursos sob prevalência da decisão exógena e passam a indicar o sentido do progresso para essa estratégia de desenvolvimento Dentro da perspectiva software os graduados pelo Programa de Formação de Professores, nos dois Municípios pesquisados, manifestaram mudanças, melhorias de desempenho nas suas atividades pedagógicas, políticas econômicas e sociais, demonstrando serem mais proativos no seu Município.A montagem de laboratórios de informática como suprimento de uso das novas tecnologias na prática pedagógica ratifica a valorização dos aspectos qualitativos profissionais e a difusão tecnológica das estratégias software Este cenário de mudanças se configurou a partir de uma avaliação externa e da autoavaliação desses professores, o que não significa influência exclusiva da ação da UEFS, porquanto reconhecem-se as variáveis de outros fatores que integram o cotidiano de crescimento desses recursos imateriais,que destacam a força do capital humano no sentido da competitividade e inovação. A afirmação de Barquero que as estratégias orgware de desenvolvimento local ganham em efetividade se instrumentalizadas com autonomia operativa , valorizando as regras formais e informais das estruturas institucionais remete à situação vivenciada pelo objeto de estudo, em que a Universidade foi alcançada pela articulação do local com escalas intermediárias, fazendo prevalecer o modelo de estratégia territorial descentralizadora e participativa. Destaque-se, também, nesse aspecto de desenvolvimento orgware a relevância da estrutura institucional quanto à notoriedade e legalidade para execução da ação específica da graduar professores sob bases curriculares que projetam um perfil profissiográfico de caráter emancipatório, através de equipe academicamente referenciada, que articulando-se com o potencial endógeno, buscou contribuir para o desenvolvimento local, em processo de superação dos contingentes adversos “através das decisões que tomaram os agentes públicos” (BARQUERO, 1999). 196 Constatou-se, nas entrevistas realizadas, não só a iniciativa administrativa do poder executivo, mas um movimento de atuação conjunta dos atores locais, significativamente representados pela categoria dos professores, com destaque de manifestação dos que tiveram a oportunidade de participar do Curso de Formação executado pela UEFS. Como referencial ilustrativo para evidenciar as estratégias de desenvolvimento orgware, que, de certa forma, se superpõe às demais, seguem transcritos depoimentos de egressos: Nas oportunidades que tivemos de desenvolver durante as aulas do Curso nosso senso de ser mais crítico, mais participativo nas lutas sindicais, mais preocupados com as necessidades de realizar um trabalho dentro e fora de sala de aula, com nossos alunos, com nossos colegas, com os pais dos alunos, com a direção da escola, e com a prefeitura, nos sentimos mais encorajados e mais preparados para propor nossas reivindicações. [...] Até as instalações físicas das escolas que estavam a necessitar de melhorias, nós nos juntamos, nos reunimos, marcamos reuniões com a secretaria de educação, com o Prefeito, e tivemos como exigir muitas reformas nas escolas e até novas construções que foram depois feitas, principalmente na zona rural. (professora graduada pelo Programa da UEFS, integrante da direção do Sindicato dos Professores de Santo Estêvão). Foi muito importante a visão crítica, as informações, os conhecimentos e as práticas desenvolvidas no Curso no nosso município. Parece que despertou mais a participação dos professores.Na minha Escola, todo mundo sentiu muita mudança.Até os pais começaram a participar das reuniões da Escola e os alunos ficaram mais desenvolvidos, os índices do IDEB foram bem melhorados.As pessoas do município notaram as mudanças também.Houve participação maior nos eventos,muitos projetos foram realizados.[...] a iniciativa da biblioteca, a inauguração da Sala de Leitura, foi excelente, enriqueceu o conhecimento dos professores que participavam do Curso e dos outros também.Acho que Amélia Rodrigues tem dois momentos da sua história- um antes da graduação dos professores pela UEFS e outro depois. Agora nenhum professor fica acomodado, quase todos estão fazendo a pós-graduação e participando mais das decisões de tudo no município.(Diretor de Escola em Amélia Rodrigues, foi graduado pela UEFS). 4.5 A Educação Superior como Fator de Desenvolvimento A Constituição Federal de 1988, estabeleceu em seu Art. 207 que as universidades devem obedecer ao princípio de “indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão” o que significa que as instituições universitárias como agentes produtores e disseminadores do saber e do conhecimento devem privilegiar, cada vez mais, políticas e ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, ampliando suas relações com os reclames dos grupos sociais tanto quanto o faz com a produção científica e tecnológica das elites acadêmicas. 197 As necessidades contingenciadas para formação e informação desses grupos sociais, como no caso dos professores que atuam nas escolas, sem a devida qualificação profissional, impuseram políticas de Educação Superior direcionadas para a construção de uma modernidade acadêmica que equilibre o conhecimento científico-tecnológico com o compromisso ético que assegure de forma mais efetiva o desenvolvimento social. Através da definição dos critérios e princípios de formar capital humano democraticamente qualificado, a Educação (Superior) é capaz de contribuir para o desenvolvimento nacional, propiciando mudanças (melhorias) nas dimensões políticas, sociais e econômicas de seu entorno. Nessa perspectiva, as Universidades Estaduais Baianas, atuantes na interiorização da Educação Superior, vêm buscando desempenhar seu papel de agente, disponibilizando sua infraestrutura instalada, estabelecendo mecanismos de interfaces com a sociedade da escala local e global, articulando educação com o desenvolvimento social e econômico. Com este trabalho foi possível identificar a conjugação do binômio educação e desenvolvimento nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão contribuindo para a cidadania e melhoria da qualidade de vida, especialmente dos graduados pelo Programa, à medida em que a UEFS buscou cumprir uma política de Educação Superior compatível aos anseios e desafios da comunidade na qual se encontra inserida. Constataram-se, na prática realizada, as afirmativas de Constantini e Lustosa citados por Fischer (2005) em relação aos limites de uma atividade de pesquisa não poder compreender toda a realidade, mas apenas “cortar” e analisar uma pequena parte. Assim foram trilhados caminhos metodológicos que melhor elucidassem “as faces qualitativas da realidade” (LUSTOSA apud FISCHER, 2005, p.177) e que permitissem “a identificação e a formalização desta pequena parte da realidade em consideração” (CONSTANTINI, 1994 apud FISCHER, 2005, p.230) a despeito das contradições impostas na esfera temporal e espacial. Assim considerando, foi possível identificar que, a partir da qualificação de recursos humanos, a educação, dentro dos indicadores estabelecidos, pode ser um instrumento de transformação social. Pelos parâmetros analisados, houve intercessão das práticas dos egressos como força endógena impulsionadora do processo de desenvolvimento local, dentro dos limites das variáveis da “realidade” avaliada, que retrata a enorme diversidade econômica e social decorrente da formação social brasileira apresentada e discutida sob diversas concepções teóricas. 198 Verificou-se que muitos dos egressos, além das melhorias econômicas e infraestruturais conquistadas (que expressam o fortalecimento econômico), contribuíram para o crescimento dos Índices do Desenvolvimento da Escola Básica (IDEB), nas escolas onde atuam (indicando as melhorias pedagógicas, enquanto elemento de inclusão social); passaram a integrar a agenda das tomadas de decisões relativas aos seus respectivos municípios (intervindo para uma gestão pública inovadora) e participam da organização e da atividade de várias associações locais, a exemplo da liderança na luta sindical, de realização de projetos pedagógicos e até religiosos conjuntos. Marcam presença em reuniões com prefeitura e secretarias municipais e incentivam o envolvimento dos pais dos seus alunos, no processo educacional (refletindo expressiva mobilidade social).Apesar de não ter sido identificada significativa participação na gestão ambiental, alguns pontuais projetos escolares, realizados por egressos com os alunos e com a comunidade externa mereceram destaque. Mesmo que não se possa atribuir, de forma direta, à execução do Programa da Universidade, implementação de desenvolvimento, no que diz respeito às (re)construções de prédios escolares, fornecimento de transportes e dotação de equipamentos tecnológicos, de acervo bibliográfico e demais melhorias infra-estruturais, nem quanto às melhorias salariais registradas nos últimos três anos, em quase todo o Sistema da Rede de Ensino dos Municípios pesquisados, constatou-se, nas entrevistas realizadas, um movimento de atuação pedagógica, social e política dos atores locais, significativamente representado pelos egressos do Curso, o que reitera a mobilidade social como dimensão de destaque. Os avanços registrados nos Municípios assinalam a efetividade do binômio educação e desenvolvimento marcado por dificuldades e limites, mas destacado pelo diferencial de promover participação e interação na escala municipal, sem declinar, entretanto, da necessidade de articulação com as demais escalas intermediárias. Confere-se, portanto, à Educação a condição de contribuir para o processo de transformação local, enquanto elemento estruturante na formação de professores que passaram a ser mediadores do seu contexto histórico-político. Reconhece-se, contudo, que o tratamento unicamente setorial de uma política não define, por si só, o desenvolvimento que atenda plenamente às expectativas de liberdades e da qualidade de vida do modelo que se defende que seja econômico e socialmente mais justo. 199 CONSIDERAÇÕES FINAIS No Brasil, historicamente, muitos movimentos sociopolíticos contribuíram para uma concepção de educação que incorpore a articulação de caráter pedagógico (desenvolvido em sala de aula) com os processos educativos que ocorrem fora do ambiente escolar, visando construir significativos momentos de prática social. O Programa de Formação de Professores pode ser caracterizado como uma ação decorrente dessas lutas e movimentos que viabilizaram a institucionalização dessa demanda circunscrita legalmente e reivindicada exaustivamente. E, dentro dessa perspectiva, a Universidade cumpriu sua responsabilidade social de executar uma política de educação comprometida com a qualidade e os propósitos democráticos de uma Formação de caráter político-pedagógico e socioeconômico para que seus egressos contribuam com o processo de desenvolvimento local. Neste trabalho não se teve a pretensão de estabelecer de forma ampla o contexto histórico dos contingentes relacionados ao processo do desenvolvimento do Brasil, nem de aprofundar análises acerca das necessárias transformações estruturais que devam se contrapor ao tradicional cenário instalado pelo sistema capitalista de produção o qual caracteriza uma sociedade que aprendeu a ser excludente, autoritária e anti-democrática e demarcada pelas desigualdades distributivas e pela acumulação produtiva. Buscou-se acenar os aspectos das “heterogeneidades estruturais” dando, entretanto, ênfase às possibilidades da homogeneidade social, identificando nos resultados apresentados a multidimensionalidade dos dimensões teoricamente referendadas, e reconhecendo que a análise dos resultados não se pode condicionar ao contexto “micro” dos municípios, ainda que os exemplos desse contexto estejam contraditoriamente inseridos nos “macros”. Pelos resultados alcançados, há de se considerar o incontestável (e indispensável) poder da organização, da politização e da mobilização da sociedade no âmbito local por parte dos egressos do Programa, dentro das competências e possibilidades inerentes que lhe cabem (na atuação política, social, econômica e pedagógica), como fator importante no processo de desenvolvimento de seus municípios. Os avanços constatados, por se definirem majoritariamente na atribuição de bom, podem parecer pouco relevantes e até não suficientes mas denotam efetivas mudanças, quando se toma como base a anterior ausência de práticas por parte dos egressos nas dimensões sociopolíticas e econômicas locais avaliadas. 200 As diferenças apontadas nos indicadores econômicos e sociais nos municípios pesquisados assim como nos resultados decorrentes da atuação da UEFS reforçam os aspectos de diversidades das porções do país ainda que ambos, junto com o município de Feira de Santana onde está instalada a UEFS, integrem o mesmo Território de Identidade Baiano. Demarcaram-se contrastes e contradições nas posições apresentadas pelos entrevistados e observadas no percurso da pesquisa. Mas, sinalizaram-se possibilidades de fortalecimento inequívoco da ampliação da capacidade de organização, participação e politização dos egressos do Programa no contexto local, ainda que, em menos de 10% das manifestações registradas na pesquisa, tenha persistido a recorrente cultura da passividade por parte de alguns. Entendeu-se o quanto a trajetória de implementar desenvolvimento implica em transpor grandes obstáculos e desafios, levando em conta a resistente blindagem do Brasil desigual, que mantém a continuidade dos pactos de dominação interna, a reiterada vulnerabilidade externa e a recorrente marginalização. Diante destas constatações, identificase a necessidade de transformações estruturais que deve-se contrapor ao tradicional histórico instalado. Há, certamente, de se relativizar os resultados em face dos contingentes espaciais e temporais. Entretanto, não se pode desconsiderar os resultados de transformações sinalizadas nos municípios pesquisados. A concepção local não foi tomada sob a égide dos “paroquialismos” nem sob perspectivas reducionistas e nem de nichos auto-suficientes, até porque compreende-se que o desenvolvimento local não alcança sua efetividade sem o envolvimento das “escalas intermediárias”. O que se evidencia pela inserção da força decisiva do fator exógeno (uma ação advinda da Universidade que se encontra em outra escala territorial) com o aproveitamento da potencialidade endógena emanada do poder local, da sociedade civil , em especial, dos egressos do Programa e de todas as condições próprias da localidade. A despeito das adversidades que o percurso histórico-político brasileiro se incumbe de ainda manter resistentes, acredita-se (sem ingenuidade e com firmeza de propósitos) na educação de qualidade como um instrumento de busca gradativa para romper as barreiras das estruturas e dinâmicas sociais. Para tanto, faz-se necessária a concretização do tão propagado e institucional regime de colaboração que pode ser desencadeado por um movimento de ações convergentes de todas as escalas espaciais e por todos os agentes, utilizando-se as estratégias institucionais, construindo conjuntamente e implementando políticas de educação como elemento fundante, 201 conjugada aos diversos segmentos de bens e direitos sociais. Esse acionamento poderia arrastar os demais nos avanços de um desenvolvimento que amplie as liberdades em todas as esferas da vida e promova um Brasil menos desigual e mais feliz. Essa proposição deve perpassar por uma formulação de políticas de desenvolvimento do Estado (e não de governo) que transcendam os limites de localidade e estejam conectadas com os propósitos nacionais de uma política direcionada ao enfretamento das necessárias mudanças estruturais. Concorda-se quanto à necessidade de um Projeto Nacional, desde que seja articulado com as esferas locais, respeitando as prerrogativas do protagonismo dos municípios, dentro dos seus direitos conquistados pela autonomia da descentralização, sem a qual os sonhos e utopias de desmontagem da máquina das desigualdades continuarão postergados. Mesmo identificando problemas, limites e desafios enfrentados, reconheceu-se na atuação da Universidade Estadual de Feira de Santana a caracterização de força propulsora exógena que influenciou, interferindo na escala local, interagindo Institucionalmente com a potencialidade endógena do espaço-município, promovendo uma Educação que se manifesta como relevante fator na condução dos rumos por um Desenvolvimento economicamente equilibrado e socialmente justo. 202 REFERÊNCIAS ABREU, Mariza. Organização da educação nacional na Constituição e na LDB. Ijuí, RS: UNIJUÍ, 1998 . ARAÚJO, Tânia Bacelar de. 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( ) negra ( ) parda ( ) branca ( ) outra, qual? ____________________ 5. Idade: ( ) entre 21 e 30 anos ( ) entre 31 e 40 anos ( ) entre 41 e 50 anos ( ) entre 51 e 60 anos ( ) mais de 60 anos 209 6. Qual a renda familiar percebida (em R$)? (resposta opcional) ( ) de 301,00 a 500,00 ( ) de 501,00 a 800,00 ( ) de 801,00 a 1.000,00 ( ) de 1.001,00 a 1.500,00 ( ) acima de 1.500,00 7. Local de Residência (Município): _____________________________________ 8. Endereço para contato: ________________________________________________________________ ( ) Zona urbana ( ) Zona rural 9. Telefone para contato: ______________________________________________ 10. Endereço eletrônico (e-mail): ________________________________________ 11. Formação: ( ) Magistério ( ) Científico ( ) Curso Técnico ( ) Outro curso de ensino médio, qual? ________________________________ Há quanto tempo concluiu tal curso? _______________________________ 12. Tempo de Magistério: ( ) entre 1 e 5 anos ( ) entre 5 e 10 anos ( ) entre 10 e 15 anos ( ) de 15 anos a 20 anos ( )mais de 20 anos 13. Já participou de outro(s) Curso(s) de Capacitação? ( ) Não ( ) Sim Qual? __________________________________________________ Há quanto tempo? ________________________________________ 14.Já fez alguma pós-graduação? ( )Não ( )Sim Qual?______________________________________ Há quanto tempo?_____________________________________ 210 15.Nome da Escola em que leciona: ________________________________________________________________ Onde fica? ( ) Zona Rural ( ) Zona Urbana 16.Qual a distância entre sua casa e a escola?_______________________________ 17.Como você chega até a escola? ( ) Andando ( ) Ônibus ( ) Carro ( ) Bicicleta ( ) Motocicleta ( ) Outra forma, qual? _____________________________________________ 18.Níveis de ensino que leciona e respectivas séries: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 19.Tempo de lotação na escola: ( ) entre 1 e 3 anos ( ) entre 3 e 5 anos ( ) entre 5 e 10 anos ( ) há mais de 10 anos 20.Como tomou conhecimento do Programa de Formação de Professores da UEFS? ( ) anúncio em meios de comunicação (televisão, rádio, jornal, internet) ( ) através de amigos ( ) através de colegas de trabalho ( ) informações oficiais da Escola ( ) através de alguém que já participou ou participa do Programa ( ) outro, qual? ___________________________________________________ 21.Porque você decidiu participar do Programa de Formação de Professores da UEFS? ( ) cumprimento da Lei 9.394/ 96, Lei de Diretrizes e Bases do Ensino - LDB ( ) busca de crescimento profissional ( ) busca de crescimento pessoal ( ) influência de família/amigos ( ) busca de gratificação salarial ( ) busca de melhores condições em prol do desenvolvimento local ( ) outro motivo, qual? _____________________________________________ 211 22.Antes do Curso de Formação de Professores você tinha vontade/interesse em freqüentar um curso de graduação? ( ) Não ( ) Sim Por quê? ___________________________________________________ ___________________________________________________ 23.Se já pensava em cursar o Ensino Superior, porque não o fez? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ PARTE II: QUALITATIVO (Avaliando as Dimensões do Desenvolvimento Local) Assinalar a opção pelo grau de importância ► Configurando a INCLUSÃO SOCIAL 1. Você considerou prioritária a ação conjunta da Prefeitura e da UEFS na oferta do Curso? ( ) Sim ( ) Não Porquê? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ __________________________________________________________ 2. Se os critérios abaixo relacionados tivessem sido utilizados como parâmetro para a implantação do Curso no Município, que importância você daria a eles? - Cumprimento da Lei 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases do Ensino (LDBen): ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Melhoria para a qualidade do Ensino Fundamental: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Atendimento aos anseios dos Professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Seletividade para os professores que mais precisam de qualificação: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Aplicação de uma política pública para uma parcela definida da educação: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Atendimento ao segmento da educação com menores índices de desempenho: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 212 - Aplicação de uma política social adequada a necessidade dos professores: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Investimento necessário na qualificação dos professores: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Atendimento às necessidades das escolas da zona rural: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Devido à baixa qualidade do ensino no Município – da zona urbana: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 3. Relacione a importância de alguns resultados que possam ser decorrentes da Graduação dos Professores pelo Curso de Formação - Melhoria na educação das Séries Iniciais: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Melhoria na atuação política do professor graduado: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Valorização do professor pela comunidade local: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Melhoria do ensino na zona urbana: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Melhoria do ensino na zona rural: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Maior participação do graduado nas questões sociais do Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Melhor desempenho dos alunos na zona rural: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Priorização da educação pelos pais do aluno: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Priorização da Educação pelo Poder Público: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente -Valorização dos professores pelo Poder Legislativo: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Incentivo à continuação dos estudos: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Boa 213 - Busca, pelo Curso, por parte de outros professores: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Envolvimento dos Professores graduados nas tomadas de decisão do Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Redução dos índices de violência nas escolas: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Reorganização na Gestão Escolar no Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Identificação da educação como fator de desenvolvimento: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima - Melhoria da qualidade de vida do Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima - Inovações na Gestão Pública: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Excelente ( ) Excelente 4. Maior possibilidade de integração social no Município a partir da participação dos professores-alunos no Curso de Pedagogia (Formação)? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 5. Sem a existência do Curso de Formação você teria condições de freqüentar o Ensino Superior? ( ) Sim ( ) Não Porquê? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ► Configurando o Fortalecimento da ECONOMIA LOCAL 1. Como observa a aquisição de benefícios (profissional/financeiro) em relação à participação no Curso de Formação, enquanto Professor da Rede Pública de Ensino: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 2. Você recebeu algum tipo de benefício posterior ao curso (gratificação salarial, contratação por escola da Rede Privada, entre outros)? ( ) Sim ( ) Não Que tipo de Benefício? _____________________________________________ ________________________________________________________________ 214 Se esse benefício foi financeiro, como é gasto esse valor? ( ) lazer/cultura ( ) educação familiar ( ) ampliação de educação própria ( ) manutenção da residência ( ) aumento do seu poder de compra ( ) outros destinos _______________________ 3. Como observa o seu potencial empreendedor? ( ) Inexpressivo ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( ) Excelente Desde quando? ____________________________________________________ 4. Como observa a elaboração de propostas de melhorias socioeconômicas, por parte da comunidade local, para o Município? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 5. Como observa as opções de lazer e cultura em seu Município? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 6. Como observa uma possível participação sua na busca por melhorias nas condições de lazer do seu Município? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 7. E na cultura? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 8. Como observa a qualidade de vida em seu Município (levando em consideração a infra-estrutura como esgotamento sanitário, disponibilidade de vagas para trabalho)? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 9. Como vê uma possível participação sua na busca por melhorias nessa qualidade de vida? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ► Configurando a INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 1. Quanto a sua observação da Gestão Pública, como você percebe: - A transparência na utilização dos recursos públicos destinados à Educação: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - A inovação na Gestão do ensino público: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 215 - A utilização adequada dos recursos públicos na Educação: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 2. Quanto à legitimação dos processos de decisão sobre recursos públicos, como você observa: - A participação do Conselho Municipal de Educação na Gestão do Sistema Público Municipal: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - A participação da Sociedade Civil: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - A participação da Câmara Municipal: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - A participação dos Gestores das Escolas: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ► Configurando a GESTÃO AMBIENTAL e o uso racional de recursos naturais 1. Como observa a relação do Curso com a questão ambiental: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 2. Quanto a existência de atividades relacionadas com mudanças na área ambinetal: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 3. Como observa a sua relação com o meio ambiente a partir da vivência no curso de formação: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 4. Envolvimento das escolas na educação quanto ao uso racional dos recursos naturais: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 5. Quanto a implantação da coleta seletora na Escola: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 6. A existência de trabalhos cooperativos que integrem Escola Pública e Comunidade, visando a preservação do meio-ambiente. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 216 ► Configurando a MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE 1. Quanto à atuação na sociedade, com observa: - A atitude empreendedora dos professores: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - As atividades educativas que contribuíram para melhorar a qualidade de vida do Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - A participação da Escola de zona rural na questão de sua comunidade local: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - O engajamento de professores nos processos decisórios do Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Quanto à sua participação na política do Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Desde quando? ____________________________________________________ - Quanto à sua participação no Poder Executivo: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Desde quando? ____________________________________________________ - Quanto à sua participação no Poder Legislativo: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Desde quando? ____________________________________________________ - Quanto à sua participação Sindicato-trabalhista: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Desde quando? ____________________________________________________ - Quanto à sua participação em Programas Públicos: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ____________________________________________________ - Quanto à sua participação na Comunidade: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente De que forma? ____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Desde quando?____________________________________________________ - Quanto à sua participação político-partidária: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Desde quando? ____________________________________________________ 217 - Participação em Associações: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Fórum Local: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Fórum de Desenvolvimento Regional: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Conselhos Regionais de Desenvolvimento: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Audiências Públicas: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ 218 Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Assembléias Orçamentárias: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Plano Diretor: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Planejamento Estratégico da Escola ou de algum segmento do Município: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Projeto Político-Pedagógico: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 219 - Participação em Processos de Negociação: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Ações de interesse coletivo: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ - Participação em Programas Sociais: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente ( ) Não se aplica Quais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ Desde quando? ___________________________________________________ Como se dá essa atuação? ___________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 2. Avalie sua participação no processo de Desenvolvimento do Município: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ PESQUISADORA: Célia Christina Silva Carvalho ORIENTADOR: Dr. Antonio Ângelo Martins da Fonseca 220 APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista: Representantes do Poder Público Local e da Sociedade Civil UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCHT / CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL – PGDR A UNIVERSIDADE COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: Um estudo do papel da Universidade Estadual de Feira de Santana nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estevão APOIO: FAPESB -Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia Roteiro de Entrevista: Representantes do Poder Público Local e da Sociedade Civil PARTE I: DESCRITIVO 1. Nome: ________________________________________________________________ 2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 3. Segundo a etnia (cor da pele), como você se declara? ( ) negra ( ) parda ( ) branca ( ) outra, qual? ____________________ 4. Idade: ( ) entre 21 e 30 anos ( ) entre 31 e 40 anos ( ) entre 41 e 50 anos ( ) entre 51 e 60 anos ( ) mais de 60 anos 5. Local de Residência (Município): _____________________________________ ( ) Zona urbana ( ) Zona rural 6. Local de Nascimento: ______________________________________________ 7. Endereço para contato: ________________________________________________________________ 8. Telefone para contato: ______________________________________________ 221 9. Endereço eletrônico (e-mail): ________________________________________ 10. Qual atividade que exerce no Município? ___________________________________________________________________ Desde quando?_______________________________________________________ PARTE II: QUALITATIVO Assinalar a opção pelo grau de importância 6. Você tomou conhecimento da realização do Curso de Licenciatura em Pedagogia realizado pela UEFS no seu Município? ( ) Não ( ) Sim De que forma? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 7. Como analisa a participação da Prefeitura na execução do Curso? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Por quê? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 8. Como avalia o desempenho da UEFS no Curso? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Por quê? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 9. De que forma avalia os resultados desse Curso para o Município? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Por quê? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 10. Como avalia a participação dos professores graduados pelo Curso na vida do Município? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Por quê? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 11. Em que setores do Município os professores graduados têm participado mais? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 222 De que forma? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ 12. Como considera o envolvimento da comunidade local municipal com o Curso? ( ) Inexpressivo ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( ) Excelente 13. Como define a participação/envolvimento da Câmara Municipal com o Curso? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Por quê? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 14. Como definiria a participação do Sindicato dos Docentes em relação ao Curso? ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Por que? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 15. Que setores do Município tiveram envolvimento com o Curso? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ De que forma? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 16. Indique como podem ser observadas as melhorias no Município decorrentes da realização do Curso de Formação dos Professores - Educacionais ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Políticas ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Econômicas ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Sociais ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Ambientais ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente - Outras Especifique: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 17. Acredita que tais melhorias decorrem do desempenho dos professores participantes do Curso de Formação? 223 ( ) Sim ( ) Não 18. Quanto à intensidade com que tais melhorias contribuem para o Desenvolvimento Local, como mensura essa contribuição: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente Por quê? _________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 19. Acredita existir um certo nível de relação entre mudanças recentes no Município e a participação do mesmo no Curso de Formação? ( ) Sim ( ) Não 20. Como o Curso contribuiu para melhorar a qualidade de vida da população do Município? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 21. Que população foi mais beneficiada com o Curso? ( ) Zona Rural ( ) Zona Urbana 22. Referente a esta população, acredita que o beneficiamento se dê de forma: ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 23. Você teve alguma participação no Curso? ( ) Não ( ) Sim. De que forma? ___________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 24. Que outras considerações poderia fazer sobre o Curso? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ PESQUISADORA: Célia Christina Silva Carvalho 224 ORIENTADOR: Dr. Antonio Ângelo Martins da Fonseca APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista: Docentes e Coordenadores do Programa UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCHT / CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL – PGDR A UNIVERSIDADE COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: Um estudo do papel da Universidade Estadual de Feira de Santana nos municípios de Amélia Rodrigues e Santo Estevão APOIO: FAPESB -Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia Roteiro Entrevista: Docentes e Coordenadores do Programa 1ª parte: Descritivo 1. Nome: __________________________________________________________ 2. Idade: ______________ 3. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 4. Local de Residência (município): _____________________________________ 5. Formação Acadêmica (graduação e pós-graduações): ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 6. Tempo de Magistério (ano e meses): __________________________________ 7. Níveis de ensino que leciona: ________________________________________ ________________________________________ 8. Área em que atua na UEFS: ___________________ Depto.: _____________ 9. Tempo de vínculo com a UEFS: _____________ Titulação: _______________ 10. Produção(es) Científica(s) mais importante(s) e/ou relacionada(s) ao Programa): ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 225 ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 11. Participação em: Pesquisa ( ) Grupos de Pesquisa ( ) Atividades de Extensão ( ) Qual (is): ________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 12. Como se deu a sua inclusão no Programa? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 2ª parte: Assinalar a opção pelo grau de importância 13. Participação dos órgãos municipais na implantação do Programa. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 14. Relação da Universidade com o Município. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 15. Participação da comunidade do município na execução do Programa. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 16. Apoio logístico dos órgãos do município para a execução do Programa. ( ) Inexpressivo ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( ) Excelente 17. Impacto do Programa no município. ( ) Inexpressivo ( ) Regular ( ) Bom 18. Relevância Social do Programa no município. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótimo ( ) Excelente ( ) Ótima ( ) Excelente 19. Relação Educação e Desenvolvimento Local do Programa. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 20. Contribuição para a melhoria do Sistema de Educação Básica do município. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 21. Contribuição para a busca da formação continuada pelos professores-alunos. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 22. Contribuição para a expectativa local em relação à necessidade da Educação Superior. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 23. Mudanças na prática pedagógica dos professores atendidos. 226 ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 24. Envolvimento dos docentes da UEFS no Programa. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 25. Projeto Pedagógico orientado para a formação do cidadão responsável pela construção de uma sociedade auto-sustentável. ( ) Inexpressivo ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( ) Excelente 26. Adequação do curso às inovações e evoluções da sociedade. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 27. Adequação do curso para os valores de responsabilidade social. ( ) Inexpressiva ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Excelente 28. Expresse agora alguns aspectos do PROGRAMA que considere importantes. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 29. Outras informações sobre o desempenho dos professores-alunos relacionado com a vida político-econômico-social do município. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ PESQUISADORA: Célia Christina Silva Carvalho ORIENTADOR: Dr. Antonio Ângelo Martins da Fonseca 227 ANEXOS 228 ANEXO A – REGISTROS FOTOGRÁFICOS ENTREVISTA COM SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO Autor: Eduardo Bertani. FOTO 1: Amélia Rodrigues, Secretária Maria Luiza Coutinho. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 2: Santo Estevão, Secretário Dougival Matos. 229 ENTREVISTA COM PREFEITOS MUNICIPAIS Autor: Eduardo Bertani. FOTO 3: Amélia Rodrigues, Prefeito Paulo Falcão. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 4: Santo Estevão, Orlando Santiago. 230 REUNIÃO COM OS EGRESSOS Autor: Eduardo Bertani. FOTO 5: Primeiros contatos com os Egressos em Amélia Rodrigues. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 6: Amélia Rodrigues, validação da entrevista semi-estruturada. 231 Autor: Eduardo Bertani. FOTO 7: Santo Estêvão, validação da entrevista semi-estruturada. 232 REUNIAO COM REPRESENTANTE DA SOCIEDADE CIVIL Autor: Eduardo Bertani. FOTO 8: Santo Estêvão, encontro e entrevista com Direção do Sindicato dos Professores. 233 ESCOLAS Autor: Eduardo Bertani. FOTO 9: Santo Estêvão, fachada reformada de Escola – Zona Urbana. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 10: Amélia Rodrigues, Escola reformada – Zona Urbana. 234 Autor: Eduardo Bertani. FOTO 11: Amélia Rodrigues, inauguração da Sala de Leitura Maria Luiza Coutinho. 235 MOMENTOS DE SALA DE AULA Autor: Eduardo Bertani. FOTO 12: Amélia Rodrigues, atividades em sala de aula da Zona Urbana. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 13: Amélia Rodrigues, atividade em sala de aula da Zona Urbana 236 Autor: Eduardo Bertani. FOTO 14: Santo Estêvão, atividades em sala de aula da Zona Urbana. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 15: Santo Estêvão, atividades em sala de aula – da Zona Rural. 237 Autor: Eduardo Bertani. FOTO 16: Santo Estevão, atividades em sala de aula da Zona Rural. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 17: Amélia Rodrigues, atividades em sala de aula da Zona Rural. 238 MOMENTO DE RECREAÇÃO Autor: Eduardo Bertani. FOTO 18: Amélia Rodrigues, atividades de recreação de escola da Zona Rural. Autor: Eduardo Bertani. FOTO 19: Santo Estevão, atividades de recreação em uma das novas quadras poli-esportivas de escola da Zona Urbana. 239 ANEXO B – DECRETO Nº 9.271 DE 14 DE DEZEMBRO DE 2004 240 ANEXO C – PARECER CEE Nº 312/2004 - RECREDENCIAMENTO DA UEFS 241 242 243 244 245 246 247 248 249 250 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260 261 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 ANEXO C – PARECER CEE Nº 312/2004, RECREDENCIAMENTO DA UEFS 275 276 277 278 279 ANEXO D – CONVÊNIO UEFS/AMÉLIA RODRIGUES 280 281 282 283 284 ANEXO E – CONVÊNIO UEFS/SANTO ESTÊVÃO 285 286 287 288 289 ANEXO F – SÍNTESE DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO PROGRAMA 290 291 292 293 294 295 296 297 298 299 300 301