Trabalho de Conclusão de Curso Discente: Hellen da Silva Santos Orientador: Dr. Leonardo Barros Ribeiro CICLO FOLICULAR OVARIANO DE Tropidurus hispidus E Tropidurus semitaeniatus (SQUAMATA, TROPIDURIDAE) EM REGIÃO SEMIÁRIDA DO BRASIL RESUMO A descrição de estratégias reprodutivas em répteis tem fornecido dados úteis para formular e testar hipóteses sobre sua evolução de vida. Estas estratégias reprodutivas são compreendidas como soluções adaptativas, a fim de maximizar a sobrevivência e a reprodução, podendo ser influenciadas por fatores ambientais, tais como a pluviosidade. O padrão temporal da reprodução em répteis Squamata é frequentemente associado a condições ambientais limitantes. Os ciclos reprodutivos de espécies tropicais habitantes de ambientes com variação sazonal têm sido relacionados aos efeitos da precipitação; ou seja, as atividades reprodutivas são reduzidas ou interrompidas durante a estação seca. Os lagartos constituem o grupo mais diversificado dos répteis, e são considerados ideais para estudos de ecologia e comportamento. Porém, são escassos os trabalhos sobre o ciclo folicular ovariano de lagartos de regiões tropicais. Deste modo, é relevante e fundamental o aprofundamento dos estudos sobre a atividade reprodutiva de populações de répteis neotropicais, especificamente das Caatingas, incluindo a análise histológica de gônadas. Os espécimes de Tropidurus hispidus e T. semitaeniatus, objetos deste estudo, foram coletados na Estação Ecológica do Seridó, Serra Negra do Norte, RN, no período de novembro/2006 a maio/2008. Os procedimentos histológicos dos ovários foram realizados no Laboratório de Biologia Celular/Citologia e Histologia do Campus Ciências Agrárias da UNIVASF, Petrolina, PE no período de outubro/2014 a janeiro/2015. Foram processadas 90 gônadas, incluídas em blocos de parafina, das quais foram feitas secções a 5 µm, montadas em lâminas e posteriormente analisadas em microscópio. As análises para a espessura da camada da granulosa (ECG) e diâmetro folicular ovariano (DFO) foram utilizadas como estimadores secundários para a caracterização da progressão da foliculogênese. A partir das visualizações puderam ser distinguidas quatro fases gonadais com base na morfologia folicular: pré-vitelogênica, vitelogênica, atresia e pós ovulatória ou luteal. Esta última observada apenas em Tropidurus hispidus. A fase pré-vitelogênica foi caracterizada por pouca deposição de vitelo, uma camada da granulosa espessa e com células em formato piriforme. A vitelogênica, contou com uma notável mudança na camada da granulosa, tornando-se mais fina, devido à grande quantidade de vitelo depositado, e com apenas uma camada de células cubóides. Em contrapartida, a atresia folicular foi caracterizada por uma camada de células polimórficas, grandes e de formatos irregulares. Nesses folículos foram visualizados numerosos macrófagos amebóides responsáveis pela atividade fagocitária no interior do oócito, e a teca também se tornou hipertrofiada. A fase pós ovulatória ou luteal caracterizou-se por uma massa central de células heterogêneas ou células luteínicas. Estas células apresentaram núcleos basófilos e com morfologia variando de circulares a ovais. Os valores de ECG tanto para T. hispidus quanto para T. semitaeniatus foram significativamente maiores na fase de pré-vitelogênese, já as médias de DFO significativamente maiores na fase vitelogênica para ambas as espécies. Sendo assim, o presente estudo contribuiu de forma inédita para a caracterização da foliculogênese ovariana em duas espécies de lagartos amplamente distribuídas pelo semiárido brasileiro. Em adição, revelou a influência da precipitação sobre o ciclo folicular de T. hispidus e T. semitaeniatus, em concordância com outros estudos com répteis Squamata de regiões tropicais. Palavras-chave: Ciclo reprodutivo, Caatinga, diâmetro folicular, vitelogênese.