INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS TIAGO JOSÉ SILVA OLIVEIRA PREVALÊNCIA DE OCLUSOPATIAS EM MULHERES PÓSMENOPAUSADAS – um estudo piloto MAIO - 2012 TIAGO JOSÉ SILVA OLIVEIRA PREVALÊNCIA DE OCLUSOPATIAS EM MULHERES PÓSMENOPAUSADAS – um estudo piloto Monografia apresentada ao programa de Especialização em Ortodontia do Instituto de ciências da saúde – FUNORTE/SOEBRÁS - Núcleo Feira de Santana, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista em Ortodontia Orientadora:Prof.Carolina Calabrich FEIRA DE SANTANA - BA 2012 TIAGO JOSÉ SILVA OLIVEIRA PREVALÊNCIA DE OCLUSOPATIAS EM MULHERES PÓSMENOPAUSADAS – um estudo piloto Monografia apresentada ao programa de Especialização em Ortodontia do Instituto de ciências da saúde – FUNORTE/SOEBRÁS - Núcleo Feira de Santana, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista em Ortodontia Feira de Santana - BA, 11/05/2012 Banca examinadora ________________________________________________ Prof. __________________________________ ________________________________________________ Prof.__________________________________ ________________________________________________ Prof.__________________________________ AGRADECIMENTOS À Deus, por que DELE, Por ELE e para ELE são todas as coisas. À minha família: minha esposa Cybele, minha filha Emanuely; meus pais José Agostinho e Neuza, pelo exemplo de vida e apoio; Minhas irmãs Katja e Ilana, pelas orações. À Profa. Carolina Calabrich, pela orientação e colaborações na elaboração deste trabalho. Ao corpo docente de Ortodontia IFAP: Prof. Dieter, Prof. Alexandre, Profa. Evência, Profa. Amine.Meus sinceros agradecimentos. Aos colegas da Turma Ortodontia II IFAP pelo convívio e troca de experiências. Ao CEPARH e CMDI - Feira de Santana - BA, pela permissão concedida à realização do estudo. Aos funcionários do IFAP, pelo apoio prestado. Às voluntárias, pelo interesse em participar deste estudo e sem as quais ele não seria possível. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia– FAPESB pelo apoio financeiro dado ao Projeto. . LISTA DE TABELAS Tabela 01. Distribuição dos valores de DAI padrão, segundo a severidade da oclusopatia 14 Tabela 02. Distribuição das anormalidades dento faciais 17 Tabela 03. Teste qui-quadrado e Coeficiente de Correlação de Pearson com nível de significância de p<0,05 18 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 01. Ficha para registro das anormalidades dento faciais. Adaptado da ficha de avaliação de saúde bucal – OMS, 1997. 15 Gráfico 01. Correlação entre dentes perdidos e o Índice de estética dentária. 20 RESUMO O significativo acréscimo na expectativa de vida da população brasileira tem contribuído para que um maior número de pacientes idosos procure tratamento odontológico para uma reabilitação estética e/ou funcional. As oclusopatias constituem o grupo de terceira maior prevalência dentre as patologias bucais e as más oclusões são consideradas problemas de saúde pública e necessitam de um método de avaliação uniforme que priorize o atendimento dos indivíduos com maior necessidade de tratamento ortodôntico.Na tentativa de uniformizar os dados epidemiológicos produzidos sobre as alterações oclusais, a Organização Mundial da Saúde adotou o Dental Aesthetic Index (DAI) - Índice de Estética Dentária (IED), que registra dez condições a serem observadas nos indivíduos, referentes a dentição, espaço e oclusão.Este trabalho se propôs a determinar a prevalência de oclusopatias e a necessidade de tratamento em mulheres, com idade mínima de 50 anos, utilizando-se como indicador o DAI. A análise incluiu o teste do qui-quadrado como medida de associação e Coeficiente de Correlação de Pearson para medir o grau de correlação. Foi estabelecido um nível de significância de p<0,05. Houve evidências de associação entre a dentição e o DAI (X² =331,250; P = .013) com correlação forte positiva (r = .874; P = .000). Não houve associação estatisticamente significante entre o DAI e as variáveis que compõe o espaço e a oclusão.Os achados sugerem correlação entre DAI e a perda dentária nas mulheres participantes desta pesquisa, no entanto estudos longitudinais são necessários. Palavras-chave: Má oclusão; Prevalência; Ortodontia ABSTRACT The significant increase in life expectancy of the population has contributed to a greater number of elderly patients seek dental treatment for an aesthetic rehabilitation and / or functional.The malocclusion group are the third most prevalent among oral pathologies and malocclusions are considered public health problems and require a uniform method of assessment to prioritize the care of individuals with greater need for orthodontic treatment. In an attempt to standardize the epidemiological data produced on the occlusal changes, the World Health Organization adopted the Dental Aesthetic Index (DAI) - Dental Aesthetic Index (FDI), which records ten conditions to be observed in individuals, regarding the dentition, space and occlusion. This study aimed to determine the prevalence of malocclusion and need for treatment in women, aged 50 years, using as an indicator of the DAI. The analysis included the chi-square as a measure of association and Pearson's correlation coefficient to measure the degree of correlation. We established a significance level of p <0.05. There was evidence of association between the dentition and the DAI (X ² = 331.250, P = .013) with strong positive correlation (r = .874, P = .000). There was no statistically significant association between DAI and the variables that make up the space and occlusion. The findings suggest a correlation between DAI and tooth loss in women participating in this research, however longitudinal studies are needed. Keywords: Malocclusion; Prevalence; Orthodontics SUMÁRIO INTRODUÇÃO 04 REVISÃO DA LITERATURA 06 OBJETIVOS 08 Geral 08 Específicos 08 METODOLOGIA 09 Desenho de estudo 09 Campo de estudo 09 Seleção da amostra 09 Categorização dos grupos do estudo 10 Critérios utilizados para o DAI 10 Procedimentos de análise de dados 14 Aspectos éticos da pesquisa 16 RESULTADOS 17 DISCUSSÃO 20 CONCLUSÃO 22 REFERÊNCIAS 23 4 01. INTRODUÇÃO A mudança no perfil epidemiológico-demográfico no Brasil tem produzido impacto na estrutura etária da população e exigido mudanças na resposta da sociedade aos problemas de saúde. De acordo com as projeções da Organização Mundial de Saúde, entre 1950 e 2025, a população de idosos no Brasil crescerá dezesseis vezes contra cinco vezes a população total, o que nos colocará, em termos absolutos, como a sexta população de idosos do mundo (KELLER et al., 2002). O significativo acréscimo na expectativa de vida da população brasileira tem contribuído para que um maior número de pacientes idosos procure tratamento odontológico para uma reabilitação estética e/ou funcional e tem suscitado trabalhos que podem resultar no direcionamento de atitudes preventivas ou curativas pelo setor saúde. Nesta perspectiva, o objetivo das políticas de saúde ultrapassa o de prolongar a vida e visa manter a capacidade funcional de cada indivíduo, de forma a mantê-lo saudável pelo maior tempo possível. Atualmente, entre outras especialidades odontológicas, a Ortodontia vem se integrando a Odontogeriatria, com o objetivo de desenvolver um planejamento multidisciplinar que observa as necessidades e as limitações do paciente. Inúmeros pesquisadores, nos últimos anos, têm ressaltado a necessidade de se conhecer a situação epidemiológica das oclusopatias, visto que parece ser crescente a demanda por tratamento ortodôntico na sociedade contemporânea e que as oclusopatias, ao lado da cárie e da doença periodontal, constituem o grupo de terceira maior prevalência dentre as patologias bucais. As más oclusões são consideradas problemas de saúde pública e necessitam de um método de avaliação 5 uniforme que priorize o atendimento dos indivíduos com maior necessidade de tratamento ortodôntico. Na tentativa de uniformizar os dados epidemiológicos produzidos sobre as alterações oclusais, a Organização Mundial da Saúde adotou, em 1997, o Dental Aesthetic Index (DAI) - Índice de Estética Dentária (IED), que registra dez condições a serem observadas nos indivíduos, referentes a dentição, espaço e oclusão. Os dados do levantamento SB Brasil 2003 (BRASIL, 2004), assim como de diversos trabalhos na literatura utilizaram-se do DAI para análise das más oclusões. (JENNY & CONS, 1988; JENNY & CONS, 1996a; JENNY & CONS,1996 b; BEGLIN et al., 2001) Nesta perspectiva, este trabalho se propõe a determinar a prevalência de oclusopatias, bem como a severidade de alterações oclusais e a necessidade de tratamento em 30 mulheres, com idade mínima de 50 anos,através de um estudo analítico do tipo corte transversal referente ao baseline de uma coorte em andamento com mulheres pós-menopausadas na cidade de Feira de Santana, Bahia, Brasil, utilizando-se como indicador o DAI. 6 02.REVISÃO DA LITERATURA DAI O DAI é um índice quantitativo, proposto, em 1986 por Jenny e Cons, para avaliar o grau de impacto estético da dentição. Em epidemiologia, pode ser utilizado como índice de necessidade de tratamento ortodôntico e como índice de gravidade da má oclusão. Matematicamente, é uma equação de regressão logística que relaciona a percepção do público sobre a estética dental com medidas físicas objetivas de características oclusais associadas às más oclusões (JENNY & CONS, 1988, 1996a). Conceitualmente, fundamenta-se na percepção do público sobre a estética dentária que, por sua vez, é traduzida na aceitabilidade social da aparência. Quanto mais a estética dentária se desvia das normas sociais, maior é a probabilidade da existência de limitações sociais e necessidade de tratamento ortodôntico. O DAI avalia a gravidade do impacto estético da má oclusão, sendo a necessidade de tratamento uma conclusão subjetiva inferida dessa classificação (BRESOLIN, 2000). Este índice tem sido utilizado para avaliar a gravidade da má oclusão e a prevalência da necessidade de tratamento ortodôntico em vários estudos nacionais (BRASIL, 2004; MARQUES et al., 2005, 2006). Marques et al. (2005) observaram uma prevalência de necessidade de tratamento ortodôntico de 26,4% numa amostra (n = 333) representativa da população de adolescentes com idades entre 10 e 14 anos em Belo Horizonte, considerando o ponto de corte para o DAI igual a 31. Para se obter o valor do DAI, são avaliadas dez características oclusais: dentes ausentes, apinhamento anterior, espaçamento anterior, diastema na linha média, maior irregularidade anterior na maxila, maior irregularidade anterior na mandíbula, trespasse 7 horizontal maxilar, trespasse horizontal negativo, mordida aberta anterior e relação intermolar antero-posterior (BEGLIN et al., 2001). A distribuição da pontuação era determinada inicialmente em percentis e se propunha a priorizar a necessidade de tratamento conforme a gravidade relativa da má oclusão. Mais recentemente, pontos de corte foram estabelecidos para definir quatro categorias de gravidade da má oclusão e de necessidade de tratamento. Resultados iguais ou menores que 25 representam oclusão normal ou oclusopatia leve, requerendo nenhuma terapia ou tratamento leve. Pontuações entre 26 e 30 representam má oclusão definida, sugerindo tratamento eletivo. Valores entre 31 e 35 representam má oclusão grave com tratamento altamente desejável. Pontuações iguais ou acima de 36 pontos representam má oclusão muito grave ou incapacitante com tratamento obrigatório. Na categorização dicotômica definida em “com necessidade” e “sem necessidade” de tratamento, o ponto de corte recomendado é 31. Desta forma, valores iguais ou maiores que 31 determinam necessidade de tratamento. (JENNY & CONS, 1996a; 1996b; BEGLIN et al., 2001). 8 03. OBJETIVOS Geral • Determinar a prevalência de oclusopatias, em um grupo de mulheres com idade mínima de 50 anos,utilizando-se como indicador o Índice de Estética Dentária (IED/DAI). Específicos • Determinar a severidade das alterações oclusais e a necessidade de tratamento. 9 04.METODOLOGIA Desenho de estudo Foi realizado um estudo piloto epidemiológico analítico do tipo corte transversal referente ao baseline de uma coorte em andamento com mulheres pós-menopausadas na cidade de Feira de Santana, Bahia, Brasil, utilizando-se como indicador o Índice de Estética Dentária (DAI). Campo de estudo O campo de estudo compreendeu o Centro de Pesquisa e Assistência à Reprodução Humana (CEPARH) - Feira de Santana e a Clínica de Extensão em Periodontia da Disciplina Diagnóstico Oral I da Universidade Estadual de Feira de Santana, localizada na Clínica Luz e Fraternidade, no Bairro Queimadinha - Feira de Santana, Bahia, Brasil. Seleção da amostra Mulheres pós-menopausadas, com idade mínima de 50 anos, que estiveram presentes no Centro de Pesquisa e Apoio à Reprodução Humana (CEPARH) e no Centro Municipal de diagnóstico por imagem (CMDI), Feira de Santana, Bahia, Brasil, para realização de exame de densitometria óssea, foram convidadas para avaliação da condição bucal e tratamento odontológico na Clínica de Extensão em Periodontia da Disciplina Diagnóstico Oral I, da Universidade Estadual de Feira de Santana. As que 10 apresentaram interesse no convite feito foram encaminhadas à Clínica de Extensão em Periodontia da Universidade Estadual de Feira de Santana, com devido agendamento prévio, e neste local receberam maiores informações sobre o protocolo de estudo e o objetivo do trabalho. As que aceitaram participar receberam e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido autorizando sua inclusão na pesquisa. Categorização dos grupos do estudo Foram incluídas no estudo as mulheres com idade mínima de 50 anos, com laudo densitométrico realizado a menos de seis meses, na fase pós-menopausal a pelo menos um ano, com presença de pelo menos dez dentes por arcada, sem doença sistêmica que possa interferir na resposta inflamatória, no sistema imunitário e no metabolismo ósseo, como a diabetes, insuficiência renal ou presença de lesão óssea (tumor ou osteomielite) observada nas arcadas dentárias. Critérios utilizados para o DAI Ausência de incisivo, canino e pré-molar Foram considerados os números de incisivos, caninos e pré-molares permanentes ausentes, nas arcadas superior e inferior. Nesse índice, devem estar presentes 10 dentes em cada arcada, portanto, se houver menos de 10, a diferença é o número de ausentes. Será verificada a história da ausência de todos os dentes anteriores, com a finalidade de saber se as extrações foram realmente feitas com finalidade estética. 11 Os dentes não foram registrados como ausentes quando: os espaços estavam fechados ou um incisivo, canino ou pré-molar ausente estiva substituído por prótese fixa. Apinhamento na Região de Incisivos A região dos incisivos das arcadas superior e inferior foi examinada para verificação de apinhamentos, foi registrado como se segue: 0 = sem apinhamento, 1 = apenas uma região com apinhamento, 2 = ambas as regiões com apinhamento. Espaçamento na Região de Incisivos Para essa condição, foram consideradas as arcadas superior e inferior. Conforme preconizado, quando medido na região de incisivos, o espaçamento representa a condição em que o total de espaço disponível entre os caninos direito e esquerdo excede o requerido para acomodar todos os quatro incisivos em um alinhamento normal. Quando um ou mais incisivos teve uma superfície interproximal sem nenhum contato interdentário, a região foi registrada como apresentando espaçamento. O registro considerou: 0 = sem espaçamento, 1 = uma região com espaçamento, 2 = ambas as regiões com espaçamento. 12 Diastema Foi considerado o espaço em milímetros entre os pontos de contato das superfícies mesiais dos incisivos centrais maxilares. Desalinhamento Maxilar Anterior Foram considerados os posicionamentos e as rotações em relação ao alinhamento normal dos dentes nos quatro incisivos da arcada superior. O local dos desalinhamentos entre dentes adjacentes foi medido através da sonda periodontal IPC. A ponta da sonda foi colocada em contato com a superfície vestibular do dente que estava posicionado mais lingualmente ou rotacionado, enquanto a sonda é mantida no sentido paralelo ao plano oclusal e em ângulo reto com a linha normal da arcada. O desalinhamento em milímetros é estimado pelas marcas da sonda. Desalinhamento Mandibular Anterior Foi considerada a medição conforme descrito para a arcada superior. Overjet Maxilar Anterior É a medida da relação horizontal entre os incisivos superior e inferior com os dentes em oclusão cêntrica. A distância entre a borda incisal-vestibular do incisivo superior mais proeminente e a superfície vestibular do incisivo correspondente foi 13 medida com a sonda periodontal paralela ao plano oclusal. Para incisivos de oclusão em topo, o escore foi considerado zero. Overjet Mandibular Anterior O overjet mandibular foi registrado quando algum incisivo inferior se apresentou protruído, anteriormente ou vestibularmente, em relação ao incisivo superior oposto, ou seja, em mordida cruzada. A medida foi realizada da mesma forma que para a arcada superior. Mordida Aberta Vertical Anterior Foi considerada a ausência de sobreposição vertical entre qualquer um dos pares de incisivos opostos, com a medição realizada pela sonda periodontal. Relação Molar Anteroposterior Avaliação frequentemente baseada na relação dos primeiros molares permanentes superiores e inferiores. A norma diz que quando a avaliação não puder ser feita com base nos primeiros molares, pela ausência desses ou por outro motivo (cárie, erupção incompleta, etc.), a relação entre caninos e pré-molares será considerada. Os lados direito e esquerdo foram avaliados com os dentes em oclusão e somente o maior desvio da relação molar normal foi registrado, considerando-se os índices: 0 = normal. 14 1 = meia cúspide — o primeiro molar inferior deslocado meia cúspide para mesial ou para distal da relação oclusal normal. 2 = uma cúspide — o primeiro molar inferior deslocado uma cúspide inteira ou mais para a mesial ou distal da relação oclusal normal. A tabela 01 demonstra a correlação de índices, a severidade da oclusopatia e a necessidade de tratamento segundo o DAI. Tabela 01 – distribuição dos valores de DAI padrão, segundo a severidade da oclusopatia. (GARBIN at al., 2010) SEVERIDADE DA OCLUSOPATIA Sem anormalidade ou oclusopatia leve Má oclusão definida Má oclusão severa Má oclusão muito severa NECESSIDADE DE TRATAMENTO Nenhuma ou pouca necessidade Eletivo Altamente desejável imprescindível ESCORE DAÍ ≤ 25 26 a 30 31 a 35 ≥ 35 Procedimentos de análise de dados A coleta dos dados de acordo com os critérios do DAI permite que a análise seja feita para cada componente em separado ou agrupados em anormalidades da dentição, espaçamentos e oclusão. Os escores do DAI podem ser calculados usando a equação de regressão do índice, por meio do qual os componentes avaliados são multiplicados por seus respectivos coeficientes de regressão, sendo o produto adicionado à constante da equação de regressão. A soma resultante é o escore DAI. A equação de regressão usada para calcular o escore DAI: 15 (dentes ausentes visíveis x 6) + (apinhamento) + (espaçamento) + (diastema x 3) + (desalinhamento maxilar anterior) + (desalinhamento mandibular anterior) + (overjet maxilar anterior x 4) + (overjet mandibular anterior x 4) + (mordida aberta vertical anterior x 4) + (relação molar ântero-posterior x 3) + 13 QUADRO 01. Ficha para registro das anormalidades dentofaciais. Adaptado da ficha de avaliação de saúde bucal – OMS, 1997 Posteriormente à coleta dos dados, foi criado um banco de dados e adotado um intervalo de confiança de 95% para o cálculo das prevalências de más oclusões e de alterações funcionais. Na análise da associação existente entre as referidas alterações, foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson, adotando-se um ponto de significância estatística de 5%, utilizando o software SPSS Statistics 17.0. 16 Aspectos éticos da pesquisa Destaca-se que esta pesquisa é parte integrante do projeto “Osteoporose e doença periodontal em mulheres pós menopausadas” do Núcleo de Pesquisa, Prática Integrada e Investigação Multidisciplinar – NUPPIIM, da Universidade Estadual de feira de Santana, aprovado pelo Comitê de Ética da Fundação de Desenvolvimento da Ciência da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil (protocolo 047/2005). Esse trabalho foi realizado dentro dos critérios estabelecidos pela Resolução nº 196/96, do Ministério da Saúde (BRASIL, 1996), sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Os indivíduos participarão desse estudo voluntariamente em todas as etapas, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, podendo livremente interromper a participação a qualquer momento sem, contudo, perderem o direito ao tratamento periodontal gratuito na Clínica de Extensão em Periodontia da Disciplina Diagnóstico Oral I da UEFS. Os direitos de anonimato e confidencialidade no uso das informações serão assegurados. As tomadas radiográficas panorâmicas solicitadas foram realizadas conforme as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico apresentadas na Portaria n° 453/98 (BRASIL, 1998), minimizando ao máximo os riscos da radiação X, através de uso de avental plumbífero e biombos de proteção, calibração dos aparelhos radiográficos e processamento de filme adequado. 17 05. RESULTADOS A distribuição das anormalidades dentofaciais estão sumarizadas na tabela 02. Tabela 02. Distribuição das anormalidades dentofaciais. Anormalidades dentofaciais Dentes perdidos (média) N=30 7,33 Apinhamento Sem apinhamento 24 (80%) Uma região com apinhamento 01 (3,3%) Duas regiões com apinhamento 05 (16,7%) Espaçamento Sem espaçamento 16 (53,3%) Uma região com espaçamento 08 (26,7%) Duas regiões com espaçamento 06 (20%) Diastema (média em mm) 1,43 Desalinhamento maxilar (mm) 0,37 Desalinhamento mandibular (mm) 1,13 Overjet maxilar (mm) 1,60 Overjet mandibular (mm) 0,10 Mordida aberta anterior (mm) 0 Relação molar Normal 28 (93,3%) Meia cúspide 01 (3,3%) Cúspide inteira 01 (3,3%) DAÍ 70,93 A caracterização do grupo que compõe este estudo piloto, considerando as maiores médias, pode ser assim descrita: Média de dentes perdidos 7,33; Sem apinhamento= 24 (80%); Sem espaçamento= 16 (53,3%); Diastema= 1,43 (0-13mm); 18 Desalinhamento maxilar= 0,37 (0-2mm); Desalinhamento mandibular= 1,13 (0-6mm); Overjet maxilar= 1,60 (0-8mm); Overjet mandibular= 0,10 (0-1mm); Mordida aberta anterior (0 mm); Relação molar normal= 28 (93,3%); DAI= 70,93 (29-113). A tabela 03 sintetiza os resultados encontrados no cálculo da medida de associação e no grau de correlação. Tabela 03. Teste qui-quadrado e Coeficiente de Correlação de Pearson com nível de significância de p<0,05 Variáveis Dentes perdidos Apinhamento Espaçamento Diastema Desalinhamento maxilar Desalinhamento mandibular Overjet maxilar Overjet mandibular Mordida aberta anterior Relação molar Teste Quiquadrado Valor P valor Correlação de Pearson R P valor 331.24 ,013 0,874 ,000 31.12 51.56 108.99 51.42 ,954 ,265 ,109 ,270 -,166 -,180 ,235 -,306 ,381 ,341 ,211 ,100 89.67 ,961 -,055 ,773 155.53 24.44 ,146 ,380 -,163 -,119 ,388 ,531 -------- -------- ------- ------- 60.00 ,081 ,141 ,458 Para fins da análise estatística este estudo considerou as anormalidades dentofaciais distribuídas entre os grupos dentição, espaço e oclusão e testou a associação com o DAI. A análise incluiu o teste do qui-quadrado como medida de associação e Coeficiente de Correlação de Pearson para medir o grau de correlação. Foi estabelecido um nível de significância de p<0,05. 19 Há evidências de associação entre a dentição e o DAI (X² =331,250; P = .013) com correlação forte positiva (r = .874; P = .000). Não houve associação estatisticamente significante entre o DAI e as variáveis que compõe o espaço e a oclusão. 20 06. DISCUSSÃO Considerando a distribuição dos valores do DAI, segundo a severidade da oclusopatia, pode-se afirmar que apenas 01(3,3%) dos participantes apresentou má oclusão definida, com indicação do tratamento ortodôntico eletivo (DAI= 29). Os outros vinte e nove indivíduos (96,7%) tiveram diagnóstico de má aclusão muito severa ou incapacitante com necessidade de tratamento imprescindível (variação do DAI entre 36113). Na categorização dicotômica definida em “com necessidade” e “sem necessidade” de tratamento, o ponto de corte recomendado é 31. Os valores iguais ou maiores que 31 apontam para a necessidade de tratamento. (JENNY & CONS, 1996a; 1996b; BEGLIN et al., 2001). Desta forma, quase que a totalidade das participantes (96,7%) deste estudo, apresenta necessidade de tratamento ortodôntico. O gráfico 01 mostra a correlação existente entre o Índice de estética dentária e a variável dentes perdidos. Gráfico 01. Correlação entre dentes perdidos e o Índice de estética dentária. 21 As variáveis se apresentam positivamente ou diretamente correlacionadas (r = .874; P = .000). A relação observada, entre elas, indica que quanto maior o número de dentes perdidos, maior será o Índice de estética dentária. Na população em estudo, com faixa etária superior a 50 anos, a ausência de dentes tem relação na gravidade do impacto estético da má oclusão e subjetivamente, na prevalência da necessidade de tratamento ortodôntico, o que corrobora com o estudo de Bresolin (2000). As variáveis referentes ao espaço e a oclusão não apresentaram associação estatisticamente significante com o DAI. Neste estudo, a relação entre estas medidas não pode indicar a correlação. Portanto, o maior impacto estético da má oclusão deve-se à ausência de dentes. 22 07. CONCLUSÃO Diante do método empregado, dos resultados preliminares encontrados e das limitações desta pesquisa é plausível concluir que houve evidência de associação entre o DAI e as anormalidades dentofacias, do grupo dentição, neste estudo piloto. Alguns achados sugerem correlação entre DAI e a perda dentária nas mulheres participantes desta pesquisa, no entanto estudos longitudinais são necessários. 23 08. REFERÊNCIAS BEGLIN, F. M.; FIRESTONE, A. R.; VIG, K. W. L.; BECK, F. M.; KUTHY, R. A.; WADE, D. A comparison of the reliability and validity of 3 occlusal indexes of orthodontic treatment need. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. Saint Louis, v. 120, n. 3, p. 240-246, Sep. 2001. BRASIL. 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