Pró-Reitoria de Graduação Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso Pró-Reitoria de Graduação Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso INVESTIGAÇÃO SOBRE O USO DE UM ESTUDO SOBRE ASSOCIADO A DEMANDAAO DO PLANTÃO FARMACOTERAPIA PROCESSO PSICOLÓGICO DO CENTRO DE FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA TERAPÊUTICO: AVALIAÇÃO LONGITUDINAL DO – APLICADA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA CEFPA/ UCB. DE PACIENTES DE UMA CLÍNICA-ESCOLA PERFIL DE PSICOLOGIA. Autora: Raquel Souza de Oliveira Autora: Teresa Cristina Neryde Lima Orientador: Prof. Dr. Alex Reinecke Alverga Orientadora: Graziela Furtado Scarpelli Ferreira Brasília – DF 2011 Brasília - DF 2012 Raquel Souza de Oliveira UM ESTUDO SOBRE A DEMANDA DO PLANTÃO PSICOLÓGICO DO CENTRO DE FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA APLICADA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – CEFPA/ UCB. Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado no Curso de Psicologia da Universidade Católica de Brasília para obtenção do título de graduado em Psicologia. Orientador: Prof. Dr. Alex Reinecke de Alverga. Brasília 2012 Trabalho de Conclusão de Curso de autoria de Raquel Souza de Oliveira, intitulada “UM ESTUDO SOBRE A DEMANDA DO PLANTÃO PSICOLÓGICO DO CENTRO DE FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA APLICADA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – CEFPA/ UCB”, apresentada como requisito para obtenção do título de Psicóloga da Universidade Católica de Brasília, em 12 de Junho de 2012, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________________________________ Prof. Dr. Alex Reinecke de Alverga Orientador Psicologia - UCB _________________________________________________________________ Prof. MSc. Alexandre Cavalcanti Galvão Psicologia - UCB Brasília 2012 Dedico este trabalho àqueles que iniciaram a educação em minha vida e nunca deixaram de acreditar na minha vitória: meus amados pais, Giovani e Divina. AGRADECIMENTO Agradeço em primeiro lugar àquele que me fez capaz para chegar até aqui; àquele que é responsável pela minha conquista, pois sem ele em minha vida, jamais conseguiria forças para lutar e vencer barreiras durante sete anos de batalha, Deus. Ele me ensinou a ser humana ao ponto de amar, compreender e respeitar as pessoas em sua subjetividade. Agradeço aos meus pais queridos por me darem a vida e nunca deixarem de enxergar a filha psicóloga. A você, mãe, que por anos acompanhou meus choros, minhas alegrias e em suma, minha longa e difícil jornada na Universidade, meus sinceros agradecimentos. Na Universidade agraço aos preciosos amigos e sábios mestres que me mostraram a beleza da Psicologia e sua importância para a sociedade. A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuiram com a minha formação, meus sinceros agradecimentos. "Quando não tenho muita certeza se devo ou não fazer algo, me pergunto: por que não? Se não encontro justificativas plausíveis para não seguir em frente, digo sim e sei que estou indo no caminho certo." (Rachel Rosemberg) RESUMO OLIVEIRA, R.S. Estudo sobre a demanda do Plantão Psicológico do Centro de Formação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília. Monografia (Psicologia) – Universidade Católica de Brasília, Taguatinga, 2012. É crescente o número de pessoas que buscam por atendimento psicológico no serviço de Plantão Psicológico, em clínicas escola. Sendo assim, o presente estudo objetivou investigar, na Clínica-Escola de Psicologia da Universidade Católica de Brasília, o perfil dos pacientes atendidos no decorrer do ano de 2011. Para a realização deste estudo, foi imprescindível a avaliação dos prontuários dos pacientes atendidos na referida Clínica-Escola no decorrer do ano de 2011. Antes de iniciar a leitura de cada prontuário era verificada a presença da autorização do usuário do serviço no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos pacientes analisados. Durante a coleta de dados todas as informações contidas nos prontuários foram tratadas para a avaliação das características do contingente de pacientes. Por meio de análise descritiva foi possível identificar que o público atendido no ano de 2011 é predominantemente feminino, com percentual significativo de 80,4%. Dos 40 prontuários analisados, 32,6% do público apresenta idade entre 40 e 50 anos. Foi observado que o nível de escolaridade predominante foi o ensino Fundamental incompleto. Além disso, foi possível observar que a maioria das pessoas atendidas exerciam atividade remunerada e eram solteiras. Essa pesquisa tratou de temas relacionados a organização de um perfil da clientela atendida pelo plantão psicológico na clínica escola da Universidade Católica de Brasília, no intuito de propor reflexões em torno de questões que possam contribuir com o planejamento e avaliação do próprio serviço oferecido. Palavras-chave: Plantão Psicológico. Clínica-Escola. Urgência e Emergência ABSTRACT OLIVEIRA, R.S. Study on the demand of Psychological Duty Training Centre in Psychology at the Catholic University of Brasilia. Monograph (Psychology) - Catholic University of Brasilia, Taguatinga, 2012. A growing number of people looking for psychological care in the service of Psychological Duty in school clinics. Thus, this study aimed to investigate in Clinical School Psychology from the Catholic University of Brasilia, the profile of patients seen during the year 2011. For this study, it was essential to assess the medical records of patients seen in clinic-referred school during the year 2011. Before you start reading each record was verified the presence of user authorization service in the Term of Consent (IC) of the patients analyzed. During data collection all the information in the patients were treated to evaluate the characteristics of the group of patients. Through descriptive analysis it was found that the public served by the year 2011 is predominantly female, with a significant percentage of 80.4%. Of the 40 records analyzed, 32.6% of the public has between 40 and 50 years. It was observed that the predominant education level was incomplete elementary education. Furthermore, we observed that most of the people served were employed and were unmarried. This research dealt with issues related to organization of a profile of the clientele the psychological shift in the clinical school at the Catholic University of Brasilia, in order to offer reflections on issues that may contribute to the planning and evaluation of the service rendered. Keywords: Psychological Duty. Clinical School. Urgency and Emergency 4 SUMÁRIO 1.Introdução.....................................................................................................05 1.1Objetivo Geral............................................................................................07 1.2Objetivos Específicos..................................................................................08 2.Revisão de Literatura....................................................................................08 3.Método..........................................................................................................15 3.1 Construção da Amostra..............................................................................15 3.2 Instrumentos...............................................................................................16 3.3 Procedimento..............................................................................................16 4.Resultados.....................................................................................................16 5.Discussão.......................................................................................................23 6.Considerações finais......................................................................................28 Referências Bibliográficas................................................................................30 Anexos..............................................................................................................32 5 1. INTRODUÇÃO A psicologia nos moldes tradicionais, cujas práticas se restringem ao atendimento em consultórios privados, não mais se adéqua à sociedade atual. A sociedade tem demandado novas formas de inserção do psicólogo. A definição de clínica não tem mais se restringido ao local e clientela que atende, mas sim, a uma postura diante do ser humano e sua realidade social, prática, da qual se origine um posicionamento ético e político (DUTRA, 2004). Numa perspectiva contemporânea, tem-se falado na modalidade clínica que veio não substituir a psicoterapia, mas se constituir como alternativa a esta. Trata-se de uma prática que atende as demandas atuais, nomeada por Mosqueira, Morato e Noguchi (2006), como uma prática de atenção psicológica. Discutiremos a respeito do Plantão Psicológico, entendendo este como uma modalidade de atendimento clínico-psicológico do tipo emergencial, aberto à comunidade, cuja função é proporcionar uma escuta e um acolhimento à pessoa no momento de sua crise, proporcionando um momento de compreensão do seu sofrimento (CURY, 1999). O plantão psicológico surgiu como uma modalidade de atendimento proposta pelo Serviço de Aconselhamento Psicológico do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) em 1969, tendo como coordenadora a professora Rachel Lea Rosenberg, cujo objetivo inicial era oferecer um atendimento diferenciado à clientela que procurava o serviço de psicologia, estabelecido como uma alternativa às longas filas de espera. Nesse contexto, o Plantão Psicológico em clínicas escola tem ganhado espaço entre a psicoterapia tradicional. Isso porque nem todo mundo que procura um serviço psicológico quer ou precisa de psicoterapia. Muitas vezes o que eles procuram seja apenas o contato breve de um profissional acolhedor naquele momento para que se sintam realmente ouvidos e à vontade para colocar o que quer que lhes estejam afligindo, e assim, poderem ampliar o seu nível de consciência e de clareza sobre o que estão vivenciando. O presente estudo deteve-se sobre questões que pudessem promover um maior conhecimento acerca do perfil das pessoas que buscaram atendimento no Plantão Psicológico da Clínica Escola do Centro de Formação em Psicologia Aplicada da Universidade Católica de Brasília durante o ano de 2011, para que a partir dos dados obtidos possamos pensar melhores práticas para o serviço em questão. Para a instituição em questão, a pesquisa será de fundamental importância para seus diretores, docentes e discentes avaliarem a predominância de perfil dos usuários deste serviço ora atendidos, uma vez que, com o resultado deste estudo, poderão traçar estratégias de 6 atendimentos à comunidade assistida, bem como direcionar mais informações do assistido aos alunos que ali se preparam para o mercado de trabalho. O plantão psicológico, como forma de atividade das clínicas-escola, tem se mostrado uma tentativa de integração de duas necessidades: a formação do aluno e o atendimento à população. As clínicas-escola são consideradas o ponto de intersecção entre a formação e o exercício profissional. A possibilidade de o aluno participar de uma formação “prática” na sua Universidade pode favorecer a instalação de uma consciência crítica da realidade social e proporcionar uma reflexão sobre a prática da Psicologia. É importante observar que as mudanças da ótica do aluno repercutem na sua maneira de se colocar criticamente, em se incluir como sujeito ativo e participativo no processo de mudança e amadurecimento da ciência psicológica. O tema do atendimento em clínicas-escola, em função de sua relevância e representatividade social na área da saúde, é, a partir da década de 1980, muito enfatizado por autores brasileiros, independentemente da filiação teórica, justamente por representar a interface entre o "produtor" do conhecimento científico, a demanda social e o compromisso com a formação. A realidade social pede ajustes criativos dos agentes formadores que, como acadêmicos, se encontram em situação diferenciada e privilegiada, por se manterem em um esbarrar constante com a população que desses serviços se utiliza, o que mobiliza sua inquietude enquanto pesquisadores, impulsionando-os a refletir sobre os aspectos da realidade que se incorporam às necessidades cotidianas da formação e que não podem ser dela apartadas (ANCONA-LOPES, 1981; ANCONA-LOPES, 1986; MACEDO, 1986; SCHMIDT, 1992; SILVA, 1992; ANCONA-LOPES, 1995; YEHIA, 1996a; YEHIA, 1996b; CURY e DI NUCCI, 1998). Os trabalhos publicados que referenciam o desenvolvimento da atividade em plantão psicológico são, via de regra, realizados na abordagem centrada no cliente (MAHFOUD, 1987; CURY e DI NUCCI, 1998; CURY, 1999; MORATO, 1999). Contudo, é um tipo de atividade que pode também ser promovido em outras abordagens. O ponto comum dessa vivência em plantão psicológico é que esse é um trabalho que requer, de seu executante, independentemente da abordagem, uma tomada de posição - pessoal, ética, política, social, profissional. Evidentemente, essa condição também se circunscreve no desenvolvimento de outras atividades profissionais do psicólogo e não só no plantão, mas o plantão, de alguma forma, exige a tomada de postura imediata. O aluno plantonista tem contato, em sua formação teórica, com conteúdos que têm como objetivo possibilitar que ele possa atuar, de modo interventivo, nos momentos de crise 7 que, segundo Bellak e Small (1980), são as situações críticas que põem à prova os recursos e forças dos indivíduos e ameaçam sua integridade, impondo condições além da possibilidade adaptativa da pessoa. O ambiente de aprendizagem do plantão psicológico trouxe, ao aluno, a vivência de uma realidade pouco conhecida e, por vezes, temida, mas, ao mesmo tempo, sentida como um desafio constante, muito semelhante ao referido por Mahfoud (1987). O trabalho no plantão psicológico traz consigo um momento bastante ambíguo, pois é simultaneamente ansiogênico e desejado pelo estudante. Nesse sentido, é importante ressaltar que a presença do supervisor será fundamental nessa passagem do aluno ao papel de psicólogo plantonista, como encontramos em Herzberg (1999), Aguirre (2000), que consideram o papel do supervisor, em qualquer atendimento, o daquele que, permitindo a compreensão do aluno sobre o significado do enquadre de sua tarefa, possibilitar-lhe-á essa vivência, desenvolvendo sua identidade profissional, tão importante na assunção de seu papel como profissional de saúde. Dessa forma, é preciso investigar não apenas o quantitativo dos pacientes que procuram por este atendimento, mas avaliar as mudanças possíveis no perfil do grupo de pacientes atendidos ao longo do ano. Essa pesquisa tratou de temas relacionados a organização de um perfil da clientela atendida pelo plantão psicológico na clínica escola da Universidade Católica de Brasília, no intuito de propor reflexões em torno de questões que possam contribuir com o planejamento e avaliação do próprio serviço oferecido. 1.1 OBJETIVO GERAL Essa pesquisa teve por objetivo realizar um levantamento de dados sobre o perfil da clientela e a demanda dos atendimentos realizados pelo Plantão Psicológico no centro de Formação em Psicologia Aplicada da Universidade Católica de Brasília durante o ano de 2011, no intuito de propor reflexões que possam contribuir com o planejamento e avaliação do próprio serviço oferecido. 8 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Produzir um levantamento de dados sobre a demanda do serviço de plantão psicológico e dos atendimentos prestados; • Analisar a demanda e serviços prestados; • Propor reflexões sobre o acolhimento realizado pelo serviço e o seu planejamento. 2. REVISÃO DE LITERATURA Segundo Feres-Carneiro e Lo Bianco (2003), a psicologia clínica ficou tradicionalmente conhecida pela prática do psicodiagnóstico e da psicoterapia de cunho psicanalítico. O atendimento era realizado em consultórios particulares e destinados à população de classe média e alta, cuja ênfase se dava nos aspectos psicológicos e psicopatológicos do indivíduo. Essas práticas dominaram o cenário da psicologia clínica durante muito tempo, mas novas demandas estão surgindo fazendo com que os psicólogos repensem essas práticas e as novas perspectivas sobre o homem que não sejam baseadas somente em relações determinísticas. Pensando nisso, surge então o Plantão Psicológico. Uma nova modalidade de atendimento clínico, cujo atendimento se difere dos modelos tradicionais de psicoterapia devido ao seu caráter focal em emergências e urgências psíquicas (FREIRE, 2004). A expressão urgência e emergência psicológica foi criada para minimizar o viés psicopatologizante, orientando essa clínica para a promoção da saúde em qualquer circunstância. No Brasil, a proposta inicial do Plantão Psicológico nasceu em 1969, no Serviço de Aconselhamento Psicológico da Universidade de São Paulo. No entanto, sua primeira publicação foi na década de oitenta. É crescente o número de Profissionais e instituições inovando os atendimentos, encontrando no Plantão Psicológico resposta a muitas de suas angustias, inquietações, em especial à de aplicabilidade da Psicologia em instituições (ROSEMBERG, 1987). Mahfoud (1987), inicialmente, definiu: “A expressão Plantão está associada a certo tipo de serviço, exercido por profissionais que se mantém a disposição de quaisquer pessoas que deles necessitem, em períodos de tempo indeterminados ou ininterruptos.” Do ponto de vista da instituição, o atendimento do Plantão pede uma sistematicidade do serviço oferecido. Do profissional 9 este sistema pede uma disponibilidade para se defrontar com o não planejado e com a possibilidade (nem um pouco remota) de que o encontro com o cliente seja único. E, ainda, da perspectiva do cliente significa um ponto de referência, para algum momento de necessidade” (p.75) O Plantão Psicológico em clínica-escola tem como característica três pontos de vista, o da instituição, o do profissional em formação e o do usuário (MAHFOUD, 1987). Da instituição exigirá estrutura do serviço, planejamento e recursos disponíveis. Do profissional em formação, a disponibilidade ao não planejado e ao pronto acolhimento da demanda do cliente e por último, do cliente, uma segurança e confiança ao serviço (PAPARELLI E NOGUEIRA-MARTINS, 2007). Ainda que seja considerada como uma proposta alternativa, o plantão tem conquistado espaço, constituindo-se como uma modalidade independente de atenção psicológica. Mahfoud (1999) esclarece: "O próprio Conselho Federal de Psicologia chegou a se pronunciar em documento oficial, classificando Plantão Psicológico dentre as técnicas alternativas emergentes. Alternativa de maneira distinta daquelas de origem confusa ou esotérica, mas entendida como proposta inovadora, que em certa medida rompe parâmetros estabelecidos e que ainda estava aguardando uma avaliação mais rigorosa de sua eficácia pelas instituições de ensino superior e de pesquisa" (p.43). A palavra Plantão segundo o dicionário Petit Robert (1990), vem do Frances planton, que, em 1584 foi utilizada para designar uma Planta Jovem. E o verbo Plantar, do Latim plantare, significa tanto semear (fixar na terra um vegetal), quanto enfiar o pé (a planta do pé, a face inferior do pé) e ficar aguardando. No sentido figurado, significava a situação de uma pessoa estar de pé. Estar plantado é estar fixado na terra, aguardando, é estar disponível. Isso quer dizer que a planta, como algo vivo que se desenvolve que cresce e precisa ser bem plantada aproxima-se da ideia de Plantão Psicológico. O sentido mais atual do Plantão, como um serviço, foi usado em 1790 para indicar o soldado em serviço, um sentinela fixo. Por outra via clínica vem do grego clinos, reclinar-se, o que sugere a noção de adaptação, passividade. Mas existem aqueles que discutem que a clínica pode ter outro significado 10 derivando de climanen que seria desvio, mudança, portanto aspectos não apenas do reconhecimento de uma herança semântica e simbólica, mas algo que seria relacionado a própria perspectiva de atuação em relação a crise, por exemplo. Quando pensamos em clínica, simbologicamente lembramos de um médico prescrevendo um remédio ou solicitando um exame para comprovar ou não a hipótese de determinada doença. No entanto, a clínica necessita ir além disso. Alguns problemas, como a baixa adesão a tratamentos, e a dependência dos usuários dos serviços de saúde, entre outros, evidenciam a complexidade dos sujeitos que utilizam serviços de saúde e os limites da prática clínica centrada na doença. A profissão do psicólogo, regulamentada pela lei 4.119/62, e uma das quatro práticas privativas do psicólogo, é “resolução de problemas de ajustamento”, fato que oficializa e marca o viés adaptacionista da profissão e da prática clínica. Nesse sentido, uma das proposta que demonstra articulação e inclusão dos diferentes enfoques e disciplinas é a de Clínica Ampliada. Essa modalidade de atendimento reconhece que, em um dado momento e situação singular, pode existir uma predominância, uma escolha, ou a emergência de um enfoque ou de um tema, sem que isso signifique a negação de outros enfoques e possibilidades de ação. A Clínica Ampliada não desvaloriza nenhuma abordagem disciplinar. Ao contrário, busca integrar várias abordagens para possibilitar um manejo eficaz da complexidade do trabalho em saúde, que é necessariamente transdisciplinar e, portanto, multiprofissional. O Plantão Psicológico se aproxima dessa prática, pois não se fixa em uma abordagem ou técnica específica, ao contrário, trabalha primando pela saúde psicológica de seus pacientes. O Plantão Psicológico constitui-se, basicamente, como um espaço de escuta e acolhimento. Dependendo do caso da Instituição, ele também pode desempenhar o papel que compete a um serviço de triagem e encaminhamento para outros serviços disponíveis na comunidade, tais como: médicos psiquiátricos, neurologistas ou clínicos gerais; instituições de saúde Mental; psicoterapia clássica e outros serviços internos e/ ou externos. Desta forma, tem-se que os procedimentos adotados nesse serviço são variáveis, porém, independente de ser encaminhado ou não, o acolhimento inicial, por si só, já é considerado uma intervenção (YAMAMOTO, 2006). Existem algumas modalidades de atenção psicológica de curto prazo, com diferentes denominações e fundamentações teóricas que objetivam também receber pessoas em crise, em momentos de urgência e emergência, como as Psicoterapias Breves Psicodinâmicas, com 15 variações: Psicoterapia-breve Cognitiva-comportamental; Psicoterapia psicodramática; Psicoterapia Gestalista de curta duração e Psicoterapia Breve Centrada na Pessoa. 11 Em atendimentos psicoterápicos de longa duração, as principais técnicas utilizadas para a condução do processo, são: técnicas verbais (entrevista, confrontação, esclarecimentos, aconselhamento), ludoterápicas (uso de brinquedos, jogos, desenhos), psicométricas (testes, inventários, escalas), vivenciais (relaxamento, psicodrama, exercício de dinâmica) e relaxamento. Na maioria das vezes os atendimentos são individuais, em alguns casos é solicitada a presença da família, quando a mesma faz parte do conflito. Em contrapartida, o Plantão Psicológico distancia-se dos modelos psicoterápicos de longa duração por esperar oferecer, a quem procura o serviço, atenção Psicológica em forma de Pronto Atendimento que consiste num espaço de escuta, acolhimento e intervenção clínica perante situações de crise, em um atendimento breve, normalmente, de no máximo três encontros. A crise pode ser caracterizada por quaisquer alterações nos pensamentos, sentimentos ou comportamentos os quais se faz necessária intervenção imediata por representar risco significativo aos pacientes ou terceiros. Acerca da crise leve, entendemos como: alto nível de ansiedade, de dificuldade para pensar, objetivar e discriminar problemas, alterações na autoestima, distúrbios nas relações com outros, déficits na produtividade pessoal, falta de um projeto positivo de futuro, se conjugam e se potencializam, criando uma escalada de efeitos negativos (FIORINI, 1983). A crise grave se caracteriza por comportamentos agressivos, psicopatológicos, como em quadros psicóticos, na confusão mental, dentre outros. Os pacientes que se apresentam em crise, são pessoas que apresentam intenso sofrimento emocional e/ou físico, encontram-se frágeis, com várias expectativas e fantasias, frequentemente irreais, que influenciam suas respostas a qualquer tratamento. A crise leve pode proporcionar ao paciente crescimento e percepção do que não seria possível se a crise não tivesse se manifestado. Apesar de ser um atendimento aberto, sem pré-requisitos, a princípio, é importante observar que esse tipo de atendimento não é indicado em alguns casos, como por exemplo, em casos de pessoas em surto psicótico, ou de neuróticos graves em crise aguda, com profundo comprometimento de personalidade; deficientes mentais; pessoas com sequelas de doenças graves, como AVC ou outras, cujas lesões ou perturbações não permitem o fluxo das capacidades básicas que o plantão necessita, como: a fala, o raciocínio, a criatividade, entre outras. No entanto, mesmo não atendendo diretamente a essas demandas, o Plantão Psicológico pode aplicar-se no sentido de orientar os acompanhantes ou responsáveis, em direção aos tratamentos adequados para os casos em questão. O serviço de Plantão Psicológico responde à demanda imediata do cliente, tanto em termos temporais quanto em relação a suas necessidades emocionais. Esse tipo de 12 atendimento em uma instituição acarreta agilidade frente à comunidade e possibilita ao plantonista o desenvolvimento de uma forma especifica de atendimento institucional (PEREIRA, 1999). Pensando nisso, a UCB implantou em 2011 o serviço de Plantão Psicológico no CEFPA – Centro de Formação e Psicologia Aplicada. Surgiu como uma modalidade alternativa de atendimento psicológico, de caráter breve e individual que busca orientar e auxiliar na resolução de dificuldades focadas em questões emergenciais e que nem sempre precisam de acompanhamento prolongado, podendo ocorrer em uma ou até três sessões, sem a necessidade de agendamento prévio. O atendimento de Plantão Psicológico no CEFPA – Centro de Psicologia Aplicada da UCB é realizado pelos estagiários do nono e décimo semestre do curso de Psicologia, cujo objetivo é acolher a demanda do indivíduo em sofrimento, oferecendo de acordo com a necessidade, as orientações e encaminhamentos cabíveis, com foco na intervenção do indivíduo e suas condições de vida no momento em que se apresenta. No que se refere aos objetivos pedagógicos, o estagiário visa desenvolver uma postura profissional, raciocínio clínico e proximidade a sua realidade social. Desta forma a instituição responsável pela clínica-escola, o CEFPA, contribuirá com a demanda de responsabilidade social ao oferecer tal serviço. Este serviço nas clínicas-escolas consegue abranger a integração de dois pontos importantes: a função da formação dos estudantes e o atendimento a demanda da população. Para os alunos, isso representa trabalhar o inusitado, o emergencial, coloca-os diretamente a prova, ou seja, em contato com o que foi aprendido e podem assim avaliar sua formação, além de proporcionar um contato com uma prática diversificada em relação às queixas trazidas pelos usuários e a possibilidade de intervenção nos momentos de crises. Para a população, isso representa poder contar com serviço de atendimento psicológico emergencial para atender suas necessidades. (PAPARELLI E NOGUEIRA-MARTINS, 2007). O atendimento no Plantão Psicológico busca facilitar maior compreensão da pessoa e de sua situação imediata. O plantonista, junto com o cliente, procura naquele momento as possibilidade que podem ser deflagradas a partir de uma relação calorosa, sem julgamento, onde a escuta sensível e empática, a expressividade do plantonista e seu simples interesse em ajudar desempenham papel primordial. É comum no serviço de Plantão Psicológico a restrição de até três sessões de retorno. O serviço pode ser instituído em diversos locais ou organizações, como por exemplo: escolas, clínicas-escola de cursos de Psicologia, hospitais, instituições da área jurídica e esportiva, clínicas psicológicas privadas, entre outros espaços abertos à comunidade. 13 Palmieri (2005), em pesquisa de mestrado, disponibilizou o Plantão Psicológico em Hospital Geral de uma cidade do interior do Estado de São Paulo, onde pretendia compreender os desafios e potencialidades desse serviço para os profissionais do hospital. Os participantes compreenderam o Plantão Psicológico como uma função para oferecer-lhes segurança e um clima de sigilo no ambiente profissional. Kovács, Kobayashi, Santos e Avancini (2001) desenvolveram o Plantão Psicológico em uma Unidade de Cuidados Paliativos. O público atendido envolveu pessoas com câncer avançado e seus familiares. Os temas trazidos pelos participantes hospitalizados foram: a dor, na dimensão física, psíquica, social e espiritual, também os problemas na comunicação. Com os familiares emergiu a tristeza pela perda. A oferta deste serviço nesse ambiente facilitou o esclarecimento de necessidades, a expressão de sentimentos e a comunicação das pessoas atendidas. Moreira (2002) também disponibilizou o Plantão Psicológico atendendo clientes egressos da primeira internação psiquiátrica. Vários participantes revelaram sentimento de solidão, inutilidade, tristeza, carência de relacionamento afetivo gratificante e evidenciaram fragilidade diante das circunstâncias da vida, além de insatisfação sobre o desconhecimento de si e de suas potencialidades. Os resultados obtidos apontaram a necessidade imediata de um programa de saúde que atendesse à demanda vivenciada subjetivamente pelos participantes, pois o tratamento ambulatorial priorizou a terapêutica medicamentosa. A Abordagem precursora do serviço de Plantão Psicológico no Brasil foi a Centrada na Pessoa de Carl Rogers. Segundo o pesquisador, Moreira (2002), o setting terapêutico acolhedor, permeado de afetividade e de atitudes de empatia e aceitação positiva incondicional, facilitou o diálogo, propiciando a escuta das vivências emocionais dos clientes, buscando solução para suas dificuldades, revelando-se como uma possibilidade de resgate da autonomia e da saúde dos mesmos. A teoria enfatiza como o cliente se utiliza de sua capacidade em superar adversidades e delas resultar em crescimento pessoal. A hipótese central dessa abordagem é que os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para a autocompreensão e para modificação de seus auto-conceitos, de suas atitudes, de seu comportamento autônomo. Esses recursos podem ser ativados se houver um clima passível de definição, de atitudes psicológicas facilitadoras. As características da abordagem centrada na pessoa são: autenticidade, aceitação e compreensão empática. A Gestalt Terapia também acredita que o indivíduo seja capaz de aprimorar sua potencialidade inerente em recursos para uma existência plenamente satisfatória. No entanto, 14 a Gestalt Terapia trabalha a partir do que o cliente traz para o atendimento, o que é importante para ele naquele instante, ou seja, a sua necessidade preponderante. Rosenberg (1987) ,diz: “ajudas bem-sucedidas parecem envolver e ajudar a pessoa em transição a experienciar e dar sentido ao que experiencia, enquanto se acreditar na pessoa como capaz de crescer e assumir suas novas situações de vida”. (pg. 27) De acordo com Rosenberg (1987), as ações do plantonista devem ser pautadas sempre em atitudes facilitadoras, sendo suas intervenções dependentes da necessidade e motivação interna da pessoa atendida, cujas demandas variam em complexidade, podendo ir desde a necessidade de esclarecimento de dúvida sobre assuntos simples, até assuntos técnicos. O Plantonista e o cliente, juntos, buscarão na vivência imediata deste conflito, suas potencialidades que necessitem ser desvendadas. Para isso a escuta e o interesse do plantonista em ajudar seu cliente desempenham papel primordial. O paciente ao ser recebido com atitudes acolhedoras do plantonista, a partir da relação intersubjetiva estabelecida, experimenta um ambiente de segurança que facilita a abertura a novas possibilidades de compreensão de si, integrando elementos que estavam fragmentados em seu ser, possibilitando um processo de mudança. Segundo Wood (ano, apud MAHFOUD, 1999), as pessoas atendidas no plantão psicológico, de modo geral, estão vivendo situações e problemas que surgiram como algo inesperado. Assim, essas pessoas chegam ao limite e precisam de cuidado. Justamente, nesses momentos de crise, uma ajuda pontual e imediata pode resultar na redução do sofrimento e no encurtamento do período de perturbação do indivíduo. Existe certa expectativa por parte do estagiário plantonista de psicologia em relação a quem virá ao Plantão; que problema trará; se vai conseguir atender; se será um paciente em crise psicótica ou agressivo; entre outras questões. O encontro com o cliente desconhecido, sem restrições de idade, sexo ou tipo de problemática, no contexto de ajuda psicológica, coloca o profissional em extrema exigência, que produzirá no cliente movimento e evolução. Já no plantonista, desenvolvimento e amadurecimento. Rosenthal (1986), por iniciativa do Centro de Desenvolvimento da Pessoa, integrante do Instituto Sedes Sapientiae, ofereceu a comunidade um plantão de psicólogos, onde atenderia no máximo em três sessões. A autora conta que o plantão de psicólogos desempenhou algumas funções básicas, como: terapêutica - enquanto propiciador de 15 "insights"; preventiva - na medida em que possa evitar a cronicidade de uma dificuldade circunstancial; e preparatória, enquanto sensibilização no caso de tratamentos posteriores. Disse ainda que os plantões devem oferecer: ajuda no reconhecimento de problemas ou conflitos ainda não identificados; apoio em situação de isolamento na cidade grande; orientação e esclarecimento de natureza quase didática; oportunidade de desmistificação do papel do psicólogo, como ocasião de esclarecimento de fantasias ou preconceitos em relação à sua atuação. Mahfoud (1987) descreve o plantão Psicológico como uma forma de atender amplamente as demandas, pois o foco é definido a partir do referencial do cliente, pelo acolhimento da sua experiência, ao invés do problema. O profissional responde à pessoa no momento presente da situação do encontro e seu trabalho consiste em facilitar ao cliente uma visão mais clara de si mesmo e de suas possibilidades, estabelecendo a sua forma de enfrentar a problemática. Os motivos e assuntos que levam os pacientes a procurem o serviço do Plantão Psicológico, são vários. Pode ser desde questões frágeis como perda, separação, morte, até questões de ordem financeira ou profissional. Muitos procuram com a expectativa de encontrar soluções para seus problemas e suas angústias. Geralmente estão deprimidos, ou não encontram mais sentido para sua existência. A finalidade do plantão é a de proporcionar atendimento psicológico em situações de crise, ou seja, não se disponibiliza um atendimento prolongado. Caso seja necessário, o paciente pode ser encaminhado para outra modalidade de atendimento. Cabe ao plantonista a decisão pelo encaminhamento, que acontecerá quando este perceber que a pessoa necessita de atendimentos ou atividades que, a médio ou longo prazo, sejam necessárias para amenizar as diversas situações trazidas pelo indivíduo (VIEIRA, 2009). 3. MÉTODO 3.1 CONSTRUÇÃO DA AMOSTRA A amostragem foi constituída por 40 prontuários de um total de 65 fichas de pacientes atendidos durante o ano de 2011 no serviço de Plantão Psicológico na clínica escola da Universidade Católica de Brasília - CEFPA/UCB, escolhidos aleatoriamente. 3.2 INSTRUMENTOS 16 Para realização da pesquisa e coleta dos dados dos clientes do Plantão Psicológico, observamos a confirmação da confidencialidade dos dados através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE), já assinados pelos pacientes no momento de seu atendimento, reforçando junto à equipe técnica a observância aos aspectos éticos envolvidos, relativos a confidencialidade das informações e a garantia do anonimato. O instrumento utilizado para coleta dos dados é composto por um formulário com questões mistas, sendo estas voltadas para dados sócio-demográficos, perfil da clientela, queixa inicial, psicoterapias anteriores, conhecimento do serviço, data do atendimento na clínica-escola e encaminhamento, conforme documento anexo (Anexo 1). Realizamos também entrevistas abertas com o corpo técnico do Centro de Psicologia Aplicada da Universidade Católica, a fim de obtermos maiores informações a respeito do serviço nesta instituição. 3.3 PROCEDIMENTO Para a consolidação desta pesquisa foi necessário o consentimento da Coordenação da Clínica-Escola da Universidade Católica no intuito de utilizar o instrumento de coleta de dados sobre as fichas cadastrais do Plantão Psicológico, de pacientes atendidos no ano de 2011. O presente estudo se constituiu a partir da coleta de informações advindas dos prontuários dos pacientes atendidos pelos plantonistas durante o ano de 2011 na ClínicaEscola de Psicologia da UCB, primando pelo respeito aos pacientes mantendo o sigilo e a confidencialidade das informações contidas em cada prontuário estudado. Para o estudo, os prontuários foram avaliados em local específico sem retirá-los da clínica-escola. Cada prontuário foi identificado apenas por seu código para fins de organização de coleta de dados, de maneira a identificá-los. 4. RESULTADOS Após avaliação de 40 prontuários de pacientes atendidos pelo Plantão Psicológico no Centro de Formação de Psicologia Aplicada durante o ano de 2011, pôde-se traçar o perfil dos usuários do serviço neste período. De acordo com a figura abaixo (Figura 1), observamos que o sexo predominante do atendimento no serviço de Plantão Psicológico no CEFPA durante o ano de 2011, foi de pacientes do sexo feminino. 17 Distribuição de pacientes por gênero Figura 01. Gráfico comparativo do perfil de homens e mulheres atendidos no serviço de Plantão Psicológico no Centro de Formação em Psicologia da UCB no ano de 2011. O percentual da pesquisa apontou que dos pacientes que procuraram o serviço de Plantão Psicológico, 80,4% foi do sexo feminino, enquanto apenas 19,6% do público era do sexo masculino. Distribuição de pacientes por faixa etária 28,3% 26,1% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% 17,4% 10,9% 8,7% 4,3% 17 A 28 4,3% 29 A 39 homens 40 A 50 0,0% 51 A 80 mulheres Figura 02. Distribuição de pacientes por sexo e faixa etária. Foi realizada a análise e distribuição dos pacientes pelo sexo e suas faixas etárias. O sexo masculino foi representado pela cor azul e o sexo feminino pela cor vermelha. A primeira coluna caracteriza a faixa etária limitada de 17 a 28 anos que apresentou um índice de apenas 4,3% para os homens e 26,1% no atendimento de mulheres, durante o ano de 2011. A segunda coluna pela faixa etária limitada de 29 a 39 anos, onde 10,9% foi para atendimento 18 de homens e 8,7% de atendimento de mulheres. A terceira faixa etária limitada entre 40 a 50 anos (terceira coluna), demonstra que apenas 4,3% foram de atendimento de homens enquanto 28,3% foram de atendimento de mulheres nessa faixa etária. Uma quarta faixa etária considerou as idades de 50 a 80 anos (quarta coluna). Dessa amostra de 40 pessoas, 08 estão com idade acima de 50 anos, considerando que houve índice apenas masculino, no total de 17,4%. Predomina o público com faixa etária entre 40 e 50 anos, representado pelas pacientes do sexo feminino (terceira coluna). Para o sexo masculino, a idade predominante foi de 50 a 80 anos. A menor faixa etária da análise é a de pacientes com idade a partir de 17 anos. Estado Civil do público Figura 03. Perfil anual do público atendido no decorrer do ano de 2011: sexo e estado civil. A primeira coluna (representada pela cor azul) demonstra o percentual anual de pacientes do sexo Masculino (11,6%), e a segunda coluna (representada pela cor vermelha) representa o percentual anual de pacientes do sexo feminino (44,2%). No que se refere ao estado civil dos pacientes, os dados obtidos indicaram que há predominância de pessoas solteiras (55,8%), seguido das casadas com 34,9% durante o ano de 2011. Os estados civis de separado (7,%) e viúvo (2,3%) apareceram apenas para os pacientes do sexo feminino. A Figura abaixo (Figura 04) retrata o percentual dos pacientes que possuem filhos. O percentual de pacientes com filhos foi de 42,5%. 57,5% não informaram. Pacientes com filhos 19 Figura 04. Percentual de pacientes que possuem filhos (N=40). Escolaridade dos pacientes Figura 5. Gráfico da escolaridade dos pacientes analisados no ano de 2011. A Figura 5 revela que o nível de escolaridade predominante dos pacientes analisados no ano de 2011 foi do Ensino Fundamental incompleto (27,5%), sendo que, 22,5% é de pacientes do sexo feminino. Os pacientes analisados do sexo masculino estão representados pela cor azul e os pacientes analisados do sexo feminino estão representados pela cor vermelha. A primeira coluna representa o percentual anual de pacientes com ensino fundamental completo (5,0%) representado apenas por pacientes do sexo feminino. A segunda coluna representa o percentual anual de pacientes com ensino fundamental incompleto (27,5%). A terceira coluna representa o percentual anual de pacientes com nível médio completo (27,5%). A quarta 20 coluna representa o percentual anual de pacientes com nível médio incompleto (17,5%). Público com graduação não teve representatividade neste estudo (o%). 22,5% dos pacientes atendidos (N=40) não informaram o grau de escolaridade. Pacientes que exercem atividade remunerada Figura 6. Gráfico comparativo de pacientes que exercem atividade remunerada. A partir dos dados levantados, pôde-se averiguar o percentual de pacientes que fazem algum tipo de atividade remunerada (Figura 6). Dos pacientes atendidos (N=40), 50% informaram que possuem alguma atividade remunerada, e 50% não informaram se possuem ou não atividade remunerada, sendo que 36% dos pacientes que trabalham são do sexo feminino (representado pela cor vermelha) e 14% do sexo masculino (representado pela cor azul Localidade de moradia 21 Figura 7. Gráfico comparativo de pacientes por localidade de moradia. Através dos prontuários observamos de onde são os pacientes atendidos no CEFPA no ano de 2011. 27,3% moram na Samambaia; 25% são de Taguatinga; 15% de Ceilandia; 9,1% do Recanto das Emas; as cidades de Brazlandia e Areal apresentaram um resultado de 4,5% cada uma; a Candangolandia, Cidade Ocidental e Riacho Fundo apresentaram um resultado de 2,3% cada, e 4,5% não responderam essa informação na ficha de atendimento. Como se deram os encaminhamentos psicológicos Figura 8. Gráfico comparativo dos pacientes encaminhados para serviços no CEFPA. A figura 8 demonstra que 43% das fichas do atendimento no Plantão Psicológico foram encaminhas para outros serviços do próprio sistema no CEFPA. E 57% dos prontuários foram arquivados após o atendimento. Encaminhamentos indicados 22 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 80,00% 7,50% 12,50% Encaminhados por hospital Encaminhados por escolas Não informados Figura 9. Gráfico comparativo dos pacientes encaminhados para o serviço de Plantão Psicológico no CEFPA. A figura 9 demonstra como os paciente chegam ao serviço de Plantão Psicológico no CEFPA/UCB. De acordo com os dados analisados, 7,5% dos pacientes foram encaminhados por escolas; 12,5% foram encaminhados por hospitais, e 80% dos prontuários não apresentaram essa informação de como chegaram ao CEFPA/ UCB. Quantidade de atendimento por paciente no Plantão psicológico Figura 9. Percentual de atendimento por paciente no Plantão Psicológico. Foi possível observar que 67% dos atendimento são realizados e encerrados em apenas um encontro. Dessa amostra (N=40), 21,6% dos pacientes retornam e finalizam em dois encontros; E apenas 10,8% dos pacientes participam dos três encontros oferecidos pelo serviço. 23 Não foi possível averiguar a renda bruta dos pacientes, pois essa informação não foi preenchida no formulário de atendimento no CEFPA. 5. DISCUSSÃO A pesquisa foi pautada na obtenção de dados dos prontuários referente aos atendimentos realizados no ano de 2011. É importante frisar que alguns prontuários analisados não possuíam todas as informações necessárias para o levantamento dos dados, impossibilitando uma análise mais real e fidedigna dos referidos prontuários, tais como: realização de tratamento psicológico fora do CEFPA; Como chegou até a clínica escola; se é o primeiro atendimento no CEFPA; turno do atendimento; se já realizou psicoterapia antes e necessidade de encaminhamento, ou seja, aspectos que dificultam um maior conhecimento sobre a demanda do CEFPA. A partir dos dados obtidos dos prontuários analisados (N=40), constatou-se que a maioria dos pacientes atendidos na Clínica-Escola de Psicologia durante o ano de 2011 foram pacientes do sexo feminino, com 80,4% de predominância. O segundo dado predominante foi o estado civil de “solteiro”, com 55,8%. Outro dado relevante da pesquisa é o nível de escolaridade, em que 27,5% dos participantes apresentaram ensino fundamental incompleto. É comum ouvirmos falar que as mulheres são mais preocupadas com sua saúde do que os homens. Normalmente a mulher busca auxílio médico a partir dos primeiros sintomas da “doença”, enquanto o homem espera a “doença” se instaurar para buscar orientações médicas. Diante dos diversos papéis assumidos pela mulher “moderna”, tendo que ser mães, avós, esposas e acima de tudo profissionais. Papéis esses que não são aprendidos na escola, mas sim em suas atividades rotineiras, onde as cobranças sofridas exercem alguns desdobramentos, seja como propulsão de desenvolvimento e crescimento, seja para o adoecimento, quando não se é capaz de lidar com as pressões cotidianas. “Muitos sofrimentos pelos quais as mulheres vivem configuram-se pela fixação na realização de uma atividade, na cristalização da diversidade de papéis que tem que desempenhar [...]”. (MIRANDA, 2009, p. 4). É importante observarmos também que muitas mulheres podem recorrer à psicoterapia, em decorrência de um acontecimento fisiológico que acomete a todas quando chegam à idade de aproximadamente 50 anos, quando várias fontes de informação trazem que é nessa faixa etária que a mulher entra na fase da menopausa, onde apresenta sinais de irritabilidade e depressão, ocasionadas pela falta de estrogênio. Outro fator que devemos ressaltar é o da aposentadoria, tido como um momento de ressignificação, e por si só se torna 24 um momento conflitante assim como em outras fazes da vida, como, por exemplo, a passagem da infância para a adolescência, onde ocorre tantas mudanças fisiológicas, psicológicas e fundamentalmente sociais. Aspectos estes que, também podem ser observados pela grande incidência de jovens na faixa dos 17 aos 28 anos, onde a faixa etária predominante nesta pesquisa foi do sexo feminino, com 26,1%, enquanto os homens com apenas 4,3%. Contudo, estes pontos merecem maiores investigações posteriores, considerando a brusca modificação no perfil de gênero na passagem para a última faixa etária (51 a 80), onde a procura pelo serviço foi exclusivamente realizada pelos homens, com média de 17,4% (N=40). Associada a esta questão está o fato da própria profissão de psicólogo constituir-se de uma profissão eminentemente feminina. Diversos estudos apontam para este perfil e sugerem que esta predominância também atraia de maneira mais acentuada as mulheres na busca pelos serviços psicológicos. No estudo de Ferretti (1976), a Psicologia é a quarta carreira com a presença feminina de 87,1%. Segundo Lewin (1980), a Psicologia não somente faz parte do contingente das profissões femininas, como também da subdivisão “extremamente feminizadas”, ou seja, com predomínio de 80% de mulheres. Outro ponto importante para observarmos é a questão da significação profissional. A grande parte dos atendimentos realizados aconteceram com pacientes que exercem atividade remunerada, ou seja, que trabalham externamente aos seus domicílios, em que frequentemente, mas não é um ponto passível de afirmação categórica a partir dos dados obtidos, tendem a desenvolver atividades domésticas, muitas vezes entendidas como uma função feminina, em um evidente recorte histórico e injusto de gênero que recai com maior responsabilidade para as mulheres que não raro possuem jornada dupla de trabalho ou até tripla, mas os afazeres domésticos não chegam a ser considerados trabalho. Não foi possível coletar a margem do rendimento familiar mensal, pois os referidos dados, por mais que estejam na ficha de triagem, não foram preenchidos para todos os pacientes, sendo este um ponto que pode ser melhorado, já que é preciso conhecer o público para o qual se trabalha. A pesquisa se deteve em verificar como esse público chega ao atendimento no Plantão Psicológico. Alguns pacientes atendidos nesse serviço foram encaminhados por escolas, outros por hospitais, onde alguns inclusive foram encaminhados por médicos, pois estes identificaram a queixa “depressiva” do paciente e acreditaram na importância de um atendimento psicológico. No entanto, 80% dos prontuários não trouxeram a informação de como o paciente chegou ao serviço de Plantão Psicológico no Centro de Formação da UCB, impossibilitando assim uma maior investigação sobre a demanda. 25 No ano de 2011 tivemos o registro de 115 atendimentos somente no serviço de Plantão Psicológico. Destes 115, cinqüenta prontuários foram encaminhados para outros modelos de atendimentos internos do CEFPA, como por exemplo, psicoterapia breve individual; psicoterapia em grupo; e/ou psicossociais. No entanto, devido ao encaminhamento destes cinquenta pacientes para o próprio CEFPA, não foi possível averiguar o índice de serviços prestados, visto que os prontuários não estavam disponíveis para tal pesquisa, uma vez que foram reutilizados nos encaminhamentos, impossibilitando assim um possível levantamento das informações detalhadas deixando as informações dispersas com base nos inúmeros prontuários em outros serviços oferecidos pela clínica e que, de fato, os limites de tempo e abrangência deste estudo não permitiram um contato com estes prontuários que foram deslocados. Os demais prontuários (N=65) permaneceram no arquivo morto do Plantão psicológico porque não houve, aparentemente, necessidade de encaminhamento para os atendimentos direcionados do CEFPA. A UCB, pensando em proporcionar uma prática aos alunos de Psicologia e diminuir a “fila de espera” para o serviço de atendimento psicoterápico, implantou em 2011 o serviço de Plantão Psicológico no CEFPA – Centro de Formação e Psicologia Aplicada. Surgiu como uma modalidade alternativa de atendimento psicológico, com atendimento breve e individual que busca orientar e auxiliar na resolução de dificuldades focadas em questões emergenciais, que nem sempre precisam de acompanhamento prolongado, podendo ocorrer em uma ou até três sessões, sem a necessidade de agendamento prévio. Este atendimento na UCB é realizado por estudantes do nono e décimo semestre no intuito de atender a demanda do indivíduo em sofrimento, oferecendo de acordo com a sua necessidade, as orientações e encaminhamentos necessários. Nesse processo, é importante ressaltar que os objetivos pedagógicos visam desenvolver o estagiário uma postura profissional, um raciocínio clínico e proximidade a sua prática social. Assim, a instituição responsável, no caso o CEFPA, contribui com a demanda de responsabilidade social. Sendo assim, o Plantão Psicológico integra dois pontos necessários: a formação do aluno e o atendimento à população. Realizamos entrevistas informais com o corpo técnico do CEFPA a fim de entendermos um pouco mais sobre este serviço na Universidade Católica. Essa entrevista contribuiu para o desenvolvimento de questões a respeito do tema tratado, conforme segue abaixo. 26 Esse trabalho ao final do curso proporciona aos alunos mudanças no pensamento crítico que repercutem na sua maneira de se colocar, em se incluir como sujeito ativo e participativo no processo de mudança e amadurecimento da ciência psicológica. É importante dizer que os trabalhos publicados que referenciam o desenvolvimento da atividade em plantão psicológico são, vias de regra, realizados na abordagem centrada na pessoa (MAHFOUD, 1987; CURY e DI NUCCI, 1998; CURY, 1999; MORATO, 1999). Contudo, é um tipo de atividade que pode também ser promovido em outras abordagens, principalmente por se tratarem de supervisores/orientadores das mais diversas metodologias e abordagens. No entanto, a proposta inicial do CEFPA/ UCB foi fundamentada na teoria humanista de Carl Rogers. A terapia rogeriana se define como não-diretiva e centrada no cliente, pois cabe ao paciente a responsabilidade pela condução e sucesso do tratamento. Para Rogers, o terapeuta apenas facilita o processo. Em seu ideal de ensino, o papel do professor se assemelha ao do terapeuta e o do aluno ao do cliente. Isso quer dizer que a tarefa do professor é facilitar o aprendizado, que o aluno conduz a seu modo. Essa teoria tem como característica um extenso repertório de expressões próprias - surgiu como uma terceira via entre os dois campos predominantes da psicologia em meados do século 20. De um lado havia a psicanálise, criada por Sigmund Freud (1856-1939), com sua prática balizada pela ortodoxia, e, de outro, o behaviorismo, que na época tinha B. F. Skinner (1904-1990) como expoente e se caracteriza pela submissão à biologia. A corrente de Rogers ficou conhecida como humanista, porque, em acentuado contraste com a teoria freudiana, ela se baseia numa visão otimista do homem. Rogers sustentava que o organismo humano, assim como todos os outros, incluindo o das plantas, possui uma tendência à atualização, que tem como fim a autonomia. No caso particular dos seres humanos, o processo constante de atualização gerou a sociedade e a cultura, que se tornam forças independentes dos indivíduos e podem trabalhar contra o desenvolvimento de suas potencialidades. O Plantão Psicológico serve muitas vezes para encaminhamento e triagem, diríamos que são como sinônimos, no entanto, há diferenças entre encaminhar e triar. Triagem significa seleção, escolha ou separação e a palavra encaminhamento guiar, dirigir, mostrar um caminho, conduzir pelos meios competentes. Difere da conotação que obteve nos meios públicos institucionais, onde significava ser sucessivamente "mandado embora", com uma guia impressa na mão, para outro profissional que provavelmente não poderia atender, onde muitas vezes a pessoa encaminhada não conseguia chegar ao destino 27 pelas mais variadas razões, ou seja, por não ter encontrado o endereço, por não haverem vagas e até por não gostar e confiar no profissional recomendado. Para que o encaminhamento aconteça satisfatoriamente é preciso que muitas questões sejam detalhadamente observadas. O sentido do termo “encaminhar” nos plantões é o de colocar o cliente em atendimentos ou atividades adequadas, que possam promover desenvolvimento, solucionar ou amenizar seus problemas ou dificuldades. O plantonista, baseado em seu conhecimento teórico profissional, identifica o tipo de tratamento que o cliente precisa, sugerindo a atividade adequada que poderá ser desde a psicoterapia, orientação vocacional e profissional, cursos, ou mesmo a utilização de serviços de outros profissionais ou públicos. Em geral, as pessoas são encaminhadas de acordo com suas necessidades, na medida em que, o plantão possui nos seus arquivos conhecimento de diversos serviços oferecidos à comunidade, como por exemplo: proteção policial da Delegacia da Mulher; atendimento social do Sesc em vários bairros, oferecendo cursos e vivências para idades específicas, como terceira idade, adolescentes; ajuda institucional de associações para tratamento de Drogadição, como Alcoólicos Anônimos; SOS Criança; Defensoria Pública; Juizado de Pequenas Causas, etc. Enquanto isto não acontece, o plantonista continua acompanhando a pessoa, coordenando o inicio das providências e tratamentos planejados. Portanto, no panorama atual das Psicoterapias Breves, destacam-se as ideias dos autores cujas técnicas se destinam às populações-alvo específicas e com estratégias definidas. Neste sentido, tornam-se necessários os critérios psicodiagnósticos como requisitos mínimos para obter o maior índice de sucesso no emprego de cada técnica. Nestes países há grande incentivo a pesquisa através da canalização de recursos econômicos, podendo um atendimento ser acompanhado por mais de uma década, com grande aumento dos conhecimentos, além da diminuição dos custos com saúde mental. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista a análise realizada sobre o perfil dos pacientes atendidos no Plantão Psicológico durante o ano de 2011, no intuito de propor reflexões em torno de questões que possam contribuir com o planejamento e avaliação do próprio serviço oferecido, encontramos dificuldades para o levantamento dos dados necessários para a pesquisa, uma vez que as informações do formulário de atendimento não foram completamente preenchidas. Neste sentido, seria interessante o empenho do estagiário em preencher por completo todas as 28 informações no momento do atendimento, para que em pesquisas futuras seja possível um estudo mais aprofundado dos prontuários. A respeito do serviço de Plantão Psicológico, observamos que este serve como uma porta de entrada para o Serviço de acolhimento e aconselhamento Psicológico no Centro de Formação de Psicologia da UCB, pois sua proposta busca abarcar duas grandes necessidades do serviço, primeiro referente à formação do aluno e segundo o atendimento ao público, evitando assim a fila de espera para um atendimento, contribuindo com a formação prática do profissional. É importante ressaltar que esse tipo de atendimento demonstra grande relevância para a clínica-escola devido à representatividade social na área da saúde. O atendimento no Plantão Psicológico procura facilitar a compreensão da pessoa sobre sua situação naquele momento. O Plantonista, junto com o cliente, procura então as possibilidades que podem ser deflagradas a partir de uma relação calorosa, sem julgamento, onde a escuta sensível e empática, a expressividade do plantonista e seu simples interesse em ajudar desempenham papel primordial. Lembrando que o atendimento pode ocorrer em até três encontros. Os retornos podem se estender, cabendo ao estagiário a disponibilidade para tais acompanhamentos. Logo após o atendimento o estagiário recebe a primeira supervisão, onde se discute o caso e seus encaminhamentos. As supervisões posteriores terão como tarefa proporcionar ao plantonista a possibilidade de compartilhar seu atendimento, percebendo suas emoções e sentimentos e as dos clientes, além de suas significações. Por outro lado o supervisor estará revendo de modo crítico, porém facilitador, as atitudes e procedimentos dos estagiários, incentivando a autocrítica, o desenvolvimento pessoal e o estudo teórico. Segundo Mahfoud (1987), uma das tarefas do plantonista é possibilitar ao cliente, uma visão mais clara de si mesmo e de sua perspectiva ante a problemática que vive, gerando um pedido de ajuda para enfrentar suas dificuldades. Este serviço pode atender a demanda a partir de diversas abordagens teóricas, no entanto, é normalmente pautado pela abordagem centrada no cliente, conhecida como abordagem humanista. Apesar de ser um atendimento aberto, sem pré-requisitos, a princípio, é importante observar que esse tipo de atendimento não é indicado em alguns casos. No entanto, mesmo não atendendo diretamente a algumas demandas, o Plantão Psicológico pode aplicar-se no sentido de orientar os acompanhantes ou responsáveis, em direção aos tratamentos adequados para os casos em questão. 29 Uma das contribuições dessa pesquisa sobre o Plantão Psicológico é a de sugerir à clínica-escola do CEFPA/UCB o desenvolvimento de uma ficha de triagem que leve em consideração também questões relativas ao ingresso desse paciente no serviço em questão, para que a partir disso possamos pensar melhores práticas para o atendimento do público. Portanto, conclui-se que este estudo não esgota o assunto, apenas levanta alguns dados sobre a prática do Plantão Psicológico na UCB no contexto da clínica-escola, que a cada dia busca se consolidar. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ANCONALOPEZ, S. (1996). A porta de entrada: da entrevista de triagem à consulta psicológica. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, SP. BARROS, S.; SALLES M. M. Reinternação em hospital psiquiátrico: A compreensão do processo saúde/doença na vivência do cotidiano. Revista da Escola de Enfermagem v. 41, p. 73-81, 2007. CORDIOLI, A.V. As psicoterapias mais comuns e suas indicações. In: CORDIOLI, A. (Ed.). Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 19-34. 30 CURY, V. E. Plantão psicológico em Clínica Escola. Em M. Mahfoud (Org.), Plantão Psicológico: novos desafios (p. 115-116). São Paulo: Companhia Ilimitada (1999). DUTRA, E. (2004). 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São Paulo, E.P.U. 32 ANEXO ANEXO Formulário para procedimento de pesquisa Código Identificador:______________________________________________ Sexo: F( ) M( ) Idade:__________________________________________________________ 33 Estado civil: Filhos: Solteiro ( ) Casado ( ) Separado ( ) Viúvo ( ) Sim ( ) Quantos? ________ Grau de escolaridade: Não ( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau incompleto ( ) Superior incompleto( ) Pós-graduação ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau completo ( ) Superior completo( ) Outro_____________ Localidade da residência:_________________________________________ Possui Atividade remunerada: Sim ( ) Quantas horas diárias?____Não ( ) Qual a ocupação?_____________________________________________ Há quanto tempo? ____________________________________________ Faz algum tratamento psicológico fora do CEFPA? ( ) sim ( ) não Como chegou até o CEFPA? ______________________________________________________________ É o primeiro atendimento no CEFPA? Sim ( ) Não ( ) Qual a queixa inicial? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Turno do atendimento: Matutino ( ) Vespertino ( ) Já fez psicoterapia antes? Noturno( ) 34 Sim ( ) Onde?________ Por quanto tempo? ________ Vezes? ____________ Não ( ) Houve a necessidade de encaminhamento? Sim ( ). Para onde?______________ Qual tipo de terapia?_______________ Não ( ) Há diagnóstico fechado? Sim ( ) Qual? _____________________________ Não ( ) Feito por quem?________________________________________________ Atendimento realizado em: ________________________________________ Observações: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________