Águas Claras ganha o seu primeiro Clube do Livro O Clube do Livro incentiva a formação de novos leitores e democratiza o conhecimento, além de ser um espaço de socialização. Uma vez por mês, um grupo de pessoas se reúne na Livraria com Letras, no shopping Metrópole, para discutir a leitura do livro que foi escolhido na última reunião ou por votação por meio do Facebook. Durante duas horas, os leitores trocam experiências, observações e curiosidades, tendo duas livreiras como mediadoras. Assim funciona o Clube do Livro. Os clubes de leitura nasceram com objetivo de abrir espaço para o debate das obras e democratizar o conhecimento, pois aceita pessoas de todas as idades e com diferentes níveis de leitura e incentiva, além da leitura em si, a visão crítica em cima do que é lido. Para Fernanda Sá, idealizadora e uma das mediadoras do primeiro Clube do Livro de Águas Claras, as vantagens em participar são várias. “Em primeiro lugar, acredito que [um dos benefícios] é proporcionar um espaço para debater aquelas sensações de leitura que não é possível fazer com quem não conhece o livro. Outro ponto legal é que tem pessoas que tem a vida muito corrida e que não conseguem dedicar um tempo pra leitura, daí o Clube ajuda a ter essa periodicidade, a voltar ao ritmo de leitura.” Daniela Rabelo é professora universitária e uma das participantes do clube. Ela considera a experiência muito importante para troca de informação, conhecimento para potencializar o discurso do livro. “É viajar no universo dos livros, expressar nossos medos, trabalhar todo o nosso ser. É também um clube de análise” brinca. Além disso, como professora universitária, ela lê muitos livros técnicos e no clube de leitura os participantes tem a oportunidade de conhecer outros autores e estilos e gêneros. O hábito de ler e de comprar livros sempre esteve na rotina de Daniela desde criança. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que traça um perfil aprofundado do leitor brasileiro, lançada em 2012, apenas 28% dos entrevistados disseram gostar de ler (livros, jornais, revistas, textos na internet) em seu tempo livre. A média de livros lidos foi de 4 livros por ano. Em 2007, ano da pesquisa anterior, a média era de 4,7 livros. As faixas de idade que mais leu livros em um ano foi de 5 a 10 anos (5,4 livros), 11 a 13 (6,9 livros) e 14 a 17 (5,9 livros). Ainda de acordo com a pesquisa, os livros mais lidos foram a Bíblia, livros didáticos, romances, livros religiosos em geral e livros infantis, contos, poesia e histórias em quadrinhos. Sobre os impedimentos à leitura, Retratos da Leitura do Brasil mostrou que os entrevistados alegam falta de tempo e falta de gosto pela leitura como um dos maiores fatores (53% e 30%, respectivamente). Outros fatores citados foram a falta de paciência, problemas de vista e o ritmo de leitura devagar. Indo contra a média de leitura do brasileiro, Beatriz Carneiro Habbema de Maia, de 15 anos, também participa do clube de leitura e tem a incrível média de 5 livros por mês. Estatisticamente, em um mês a estudante do 1º ano do Ensino Médio lê mais do que os brasileiros em um ano. “Isso sem contar os livros da escola. Nas férias eu devo ler uns quarenta livros”, conta a estudante. Assim como Daniela, Beatriz está habituada com os livros desde criança e teve como inspiração e incentivadoras a tia e a mãe, que também liam muitos livros e compravam muitos para ela. Mesmo sendo a mais nova do grupo, Beatriz discute de igual para igual com os outros participantes os livros escolhidos. Gostou de estar perto de pessoas de outras idades, de poder debater com pessoas que pensam diferente dela. “Ela leu O Ensaio Sobre a Cegueira [livro do encontro que ocorreria na semana posterior ao dia da entrevista] em dois dias”, confessa Fernanda. Ela entrou no clube porque se sentia sozinha quando terminava um livro e não tinha com quem comentar. Sobre os livros de leitura obrigatória da escola, Beatriz conta que ela gosta bastante. “Adoro Machado de Assis!”. Mas, infelizmente, ela é minoria na sala de aula. “De quarenta alunos, apenas dois gostam de ler como eu”, lembra. Estudos recentes mostram que, além de hobby, a leitura faz bem para a saúde mental. Nos Estados Unidos os livros são utilizados em tratamentos de pacientes com depressão, distúrbio bipolar, esquizofrenia, insônia e em militares que voltam das zonas de conflito com stress pós-traumático. O Instituto Sonia-Shankman para crianças psicóticas, em Chicago, percebeu que ler histórias infantis para as crianças estimulava o imaginário e a vontade delas em revisitar as histórias ajudava a resolver os próprios conflitos. Uma leitura tranquila e com ritmo repetitivo pode ajudar com a insônia. Para os idosos, a leitura diária ajuda na perda de memória, pois estimula a formação de sinapses nervosas no cérebro. Quanto mais sinapses, mais memória a pessoa tem.