ENTREVISTA PÁG. 04 Na primeira entrevista deste que assumiu o cargo de chief creative officer da Isobar Ibéria, acumulando a direcção criativa da agência nos mercados português e espanhol, João Fernandes explica o impacto desta direcção conjunta na operação ANÁLISE PÁG. 08 Televisão, computador, smartphone, tablet... Qual deles é hoje o seu primeiro ecrã, aquele em que passa mais tempo, que lhe serve para mais funções e é o primeiro contacto com muitos dos conteúdos? ENTREVISTA PÁG. 20 Em entrevista exclusiva ao M&P, Chris Babayode, managing director EMEA da Mobile Marketing Association, olha para o actual momento do marketing mobile e comenta alguns dados EDIÇÃO ESPECIAL MOBILE N723 18 JULHO 2014 ANO 16 O JORNAL INDEPENDENTE PARA PROFISSIONAIS DE COMUNICAÇÃO E MARKETING Directora Carla Borges Ferreira Director-adjunto Rui Oliveira Marques Quinzenal para assinantes Preço de capa 7a Este já é o seu primeiro ecrã? 01 Capa.indd 1 17-07-2014 13:47:38 02 EDITORIAL FICHA TÉCNICA O ecrã principal PROPRIEDADE WORKMEDIA, COMUNICAÇÃO, SA Propriedade & Editor Workmedia, Comunicação, SA Av. Guerra Junqueiro 10 – 6º Esquerdo, 1000-167 Lisboa [email protected] • www.workmedia.pt Conselho de Administração Pedro Corrêa Mendes CARLA BORGES FERREIRA, DIRECTORA Meios & Publicidade Av. Guerra Junqueiro 10 – 6º Esquerdo, 1000-167 Lisboa Todas as quinzenas o M&P escolhe um tema/ sector ao qual dedica particular atenção na secção Especial. Quando, há 15 dias, decidimos que o Especial da edição que agora está a ver seria dedicado ao mobile, depressa percebemos que, mais do que uma secção, o tema merecia ocupar todo o jornal. Porquê? Porque, de forma cada vez mais sustentada, o mobile tem vindo a conquistar terreno, sendo poucos ou inexistentes os estudos que não apontam o crescimento exponencial dos dispositivos móveis, do tempo dedicado à sua utilização ou o aumento de funcionalidades à disposição do consumidor. E é fácil perceber porquê. Aliás, o difícil é imaginar que até 2007, ano em que foi lançado o primeiro iPhone, os telefones serviam apenas para fazer e receber telefonemas ou SMS e que só em 2010 Steve Jobs deu a conhecer ao mundo o iPad, aquela mistura entre MacBook e iPhone que prometia um novo mundo de oportunidades para os media, para as marcas e, sobretudo, para os consumidores. Sete anos depois do lançamento do iPhone, foram centenas os smartphones e tablets lançados por diferentes marcas e para diferentes bolsos. Com a massificação dos devices, o anytime, anywhere tornou-se ponto assente. Não será o futuro, é já o presente. Mas um presente ainda mal explorado pelas marcas, quase residual para as agências e que acrescenta mais dúvidas do que certezas. Nas próximas páginas levamo-lo a viajar por este admirável mundo novo, ao qual, de forma mais ou menos irracional, todos fomos aderindo. ESCLARECIMENTO A propósito da entrevista ao director criativo da TBWA Angola, publicada na última edição, Miguel Reis pede para se esclarecer que a agência existia já antes da sua entrada, pelo que a conta da Pernod Ricard não foi a primeira ganha pela agência, nem a TBWA abriu com o pretexto de trabalhar o cliente internacional Standard Bank. Directora Carla Borges Ferreira - 210999812 [email protected] Director-adjunto Rui Oliveira Marques - 210991833 [email protected] Redacção Pedro Durães 210991549 [email protected] Projecto Gráfico Blug Fotografia Just Frame It Paginação Rui Camacho (Coordenador) - 210987892 [email protected] Publicidade e Venda de Informação (assinaturas) Margarida Magalhães (Directora) - 210994189 [email protected] Graça Dias - 210992242 [email protected] Impressão Fernandes & Terceiro, S.A. - Artes Gráficas Rua Nossa Sra. da Conceição, 7 2794-014 Carnaxide Peridiocidade Quinzenal, sai às sextas-feiras Registo no ICS nº121 900 Depósito Legal nº 122 044/98 Tiragem: 2500 exemplares Assinatura:120a (anual) Todos os direitos reservados. Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, designadamente comerciais. Membro da VISAPRESS FRASE DA QUINZENA “Quando se ouve falar de mobile marketing, e se ouve de imediato falar de QR codes, realidade aumentada, etc., faz lembrar alguém que falasse do potencial da TV para os anunciantes centrada no product placement” JOÃO PAULO LUZ, director de publicidade do Sapo 18 JULHO 2014 02-03 Editorial.indd 2 17-07-2014 13:19:43 02-03 Editorial.indd 3 17-07-2014 13:19:47 04 ENTREVISTA “Em Espanha a agência subalternizou-se demasiado ao negócio da media” PEDRO DURÃES Na primeira entrevista deste que assumiu o cargo de chief creative officer da Isobar Ibéria, acumulando a direcção criativa da agência nos mercados português e espanhol, João Fernandes explica ao M&P o impacto desta direcção conjunta na operação JUST FRAME IT Corria o ano de 2000, a internet estava longe da velocidade da fibra, ainda mostrávamos as nossas fotografias aos amigos convidando-os para irem lá a casa, Mark Zuckerberg era apenas um geek a fazer das suas na universidade, mobile era enviar SMS e smartphone era um telemóvel com câmara fotográfica e rádio FM. Estávamos longe da era dos tablets e os portáteis ainda eram o último grito da tecnologia. Nesse ano nascia a agência digital portuguesa View, pelas mãos de Nuno Frazão e João Fernandes. Nove anos depois, a View integrava a rede Isobar, do grupo Aegis, e hoje, 14 anos depois, João Fernandes passa a acumular com a direcção criativa da agência em Portugal a direcção criativa da Isobar em Espanha, assumindo o cargo de chief creative officer ibérico. “Do ponto de vista operacional continuam a ser duas entidades perfeitamente isoladas, com objectivos próprios e a operar de forma totalmente autónoma”, garante ao M&P João Fernandes. Em Espanha, diz, o seu principal objectivo passa por recuperar o ADN criativo da agência. Meios & Publicidade (M&P): O que muda na sua vida diária com estas novas funções de director ibérico? João Fernandes (JF): Terei de passar algum tempo em Madrid, apesar de termos também escritório em Barcelona. Passo a ter de fazer mais viagens e a acumular mais umas milhas na TAP, o que não é necessariamente mau. À partida terei de dividir o meu tempo entre Lisboa e Madrid, passarei cerca de duas semanas por mês em Espanha. No entanto vou manter uma gestão permanente e conjunta das duas equipas e atendendo às necessidades das duas agências. M&P: Ao nível da organização da agência, quer em Portugal quer em Espanha, o que muda com a criação desta direcção conjunta? JF: Não me clonei, pelo que há necessidade de ocupar um espaço que deixo desocupado em Portugal. Tenho um estilo de direcção criativa que passa por estar muito tempo junto dos clientes e, naturalmente, não terei a mesma disponibilidade. Felizmente, o meu sócio-fundador da View e que continua como CEO da Isobar Portugal, o Nuno Frazão ocupará um pouco desse espaço e recuperará um bocado essa sua experiência de muitos anos de estar junto do cliente. Em Espanha a agência estava sem direcção criativa desde Agosto do ano passado, portanto a alteração estrutural é sobretudo a minha presença, se bem que a agência já estava dentro de um processo de reestruturação. A agência é bastante maior do que em Portugal e há, naturalmente, aspectos em que se tornou muito boa e outros não tão boa. Neste momento, há um processo de fusão entre uma equipa que estava muito dedicada a social media, à gestão da presença de marcas nas redes sociais, da sua estratégia e do seu valor para estes canais, e a equipa criativa. As duas operavam de uma forma muito independente e agora passarão a operar de uma forma integrada, à semelhança do modelo que construímos em Portugal. M&P: Mas ao nível da própria organização do trabalho, no desenvolvimento dos projectos, muda alguma coisa em Portugal? JF: Não, eventualmente o que acontecerá que haverá pessoas que vão ter espaço para assumir outros níveis de responsabilidade e uma autonomia acrescida, mas do ponto de vista organizacional dos processos não se vai alterar nada. Apesar de estar em Espanha, continuo a acompanhar processos a decorrer em Portugal e quando estou em Portugal faço o mesmo em relação a Espanha. Depois veremos com o decorrer do trabalho se essa necessidade surge ou não, mas para já não estamos a contar mudar nada. 18 JULHO 2014 04-07 Entrevista cbf.indd 4 17-07-2014 12:14:34 ENTREVISTA M&P: E em relação a new business, vão trabalhar os novos clientes de forma integrada a nível ibérico ou haverá sempre clientes separados? JF: Há, de facto, clientes separados, se bem que há uma ambição maior, que é também uma ambição minha pessoal. Sempre tive uma visão muito iberista e isso é uma coisa estranha porque em Portugal nunca fizemos muito uso da palavra Ibéria. Nunca senti da parte de Espanha uma pretensão de, ao usar a palavra Ibéria, exercer algum tipo de domínio ou hegemonia sobre Portugal. A verdade é que na Ibéria, enquanto região, podemos desenvolver um conjunto de sinergias e ter uma força somada que deveria ser utilizada e colocada ao serviço do desenvolvimento dos negócios e das empresas. Acredito que isso será possível dentro da Isobar, que tem uma forma de se organizar que é muito regional. Já nos organizamos em termos globais por hubs regionais. Temos um hub europeu, e há também uma grande liberdade para que as agências em cada mercado se reorganizem quase numa lógica de hubs virtuais, como já tínhamos inclusivamente com Espanha e com o Brasil como uma ponte para a América Latina. Espero que venha a ser possível criar uma proposta ibérica para a Isobar a partir desta decisão de me ter como responsável ibérico para a criatividade. M&P: Já têm casos de marcas portuguesas para as quais vão desenvolver projectos para o mercado espanhol? JF: Já o estávamos a fazer, há o caso da Zippy, da Sonae, para a qual já fazíamos uma parte importante da marca em Espanha. O inverso ainda não existe mas creio que é uma questão de tempo. Estamos neste momento a trazer para Portugal algumas competências que temos em Espanha mas não temos no mercado português, mesmo em termos de desenvolvimento digital. Temos uma unidade chamada PS Life, que se dedica a projectos especiais digitais, que tem muito a ver, por exemplo, com a presença das marcas no retalho. Temos já algumas propostas apresentadas em Portugal que tiveram origem nas nossas competências técnicas em Espanha. M&P: Há pouco dizia que a Isobar Espanha estava a perder a sua componente mais criativa... JF: Não é correcto dizer isso. Na verdade a agência continua a ser criativa, o seu negócio é que se desenvolveu e realmente começou a trabalhar os new business a partir da sua unidade de media. Ou seja, a Isobar tem no seu ADN ser uma agência criativa. Trabalha essencialmente sobre meios digitais apesar 04-07 Entrevista cbf.indd 5 de esta definição do que é o meio digital ter vindo a sofrer grandes transformações e de haver quase uma vontade, embora não partilhemos totalmente, de não nos denominarmos agências digitais. Nós somo-lo assumidamente, o mundo tornou-se digital e o seu território é que se alargou. Mas o negócio em Espanha desenvolveu-se muito alavancado nas oportunidades que o negócio da media gerava, portanto, de certa forma, foi-se subalternizando ao mesmo, no nosso entender demasiado. Diria que um dos meus muitos mandatos é o de procurar recuperar esse ADN criativo e essa independência criativa da agência em Espanha. M&P: O mercado espanhol é evidentemente maior do que o português. Como é que fica a nível de pesos no volume de negócios da Isobar? O que corresponde a Portugal e a Espanha? JF: Do ponto de vista demográfico Espanha é quatro vezes maior do que Portugal, do ponto de vista económico é muito mais, cerca de 10 vezes maior. Espanha sofreu como nós os efeitos da crise. Por estar num patamar mais alto, creio que a queda terá sido maior ainda, mais acentuada, mas não estão definidos objectivos diferenciados. Os objectivos financeiros de cada unidade do grupo Isobar estão indexados ao potencial de crescimento e à situação particular que cada país vive. Há um conjunto de objectivos claros para Espanha, mas, ao contrário de Portugal, que tem o seu negócio estruturado e os objectivos do ponto de vista financeiro, em termos relativos, são bem mais ambiciosos. Em Espanha há o tal objectivo maior de recuperar esse perfil criativo, não colocando para já objectivos financeiros muito ambiciosos e muito claros à frente. M&P: Em termos do volume de negócio, quanto vale percentualmente o mercado português e o espanhol? JF: É difícil compará-los porque esta relação tão íntima da operação em Espanha com o negócio da media torna difícil separar a componente criativa daquilo que é o negócio de media. Honestamente não consigo fazer essa separação de uma forma clara. M&P: Havendo esta direcção, significa que de alguma forma a agência em Portugal perde parte da sua autonomia? JF: Não, pelo contrário, ganha importância. Não creio que venha a ter esse impacto negativo na operação em Portugal, onde temos uma operação muito bem construída e muito bem organizada. Temos uma 05 “No que diz respeito à utilização do digital pelas marcas, ainda há um caminho a percorrer, não fomos tão ambiciosos como podíamos ter sido” equipa particularmente sénior para uma agência digital, a média de idades está nos 32 anos, o que é invulgar para uma agência com este perfil. Significa que as pessoas que estão na nossa estrutura têm muitos anos de experiência que lhes permite assumir estas oportunidades de se autonomizarem. M&P: Mas ao nível da tomada de decisões estratégicas em Portugal, estas terão de passar de alguma forma pela direcção da agência a nível ibérico? JF: Não, este meu duplo papel resume-se claramente apenas aos aspectos criativos e da direcção criativa da agência. Do ponto de vista operacional continuam a ser duas entidades perfeitamente isoladas, com objectivos próprios e a operar de forma totalmente autónoma. M&P: Quais é que diria que são as principais vantagens desta modelo de direcção criativa conjunta? JF: Existem claras afinidades nesta abordagem 17-07-2014 12:14:34 06 ENTREVISTA regional e ibérica onde há um conjunto de sinergias que podem ser aproveitadas e, do ponto de vista criativo, elas são claras. Somos povos muito próximos, muito mais próximos do que gostamos de imaginar sê-lo, e acredito que há todo um aproveitamento de uma dinâmica criativa que pode ser feito. Ter duas equipas a trabalhar em paralelo sobre o processo de produção de ideias irá resultar num aproveitamento das mesmas de forma muito mais optimizada e superior. M&P: Falou em sinergias. Vai haver algum tipo de intercâmbio de profissionais entre as agências em Portugal e Espanha? JF: Quero acreditar sim, embora não esteja planeado para já. A minha chegada a Espanha é muito recente, estou a introduzir algumas alterações, há necessidade de reforçar a equipa e estamos a recrutar pessoas com aquilo que eu considero ser o perfil adequado para construir o tal ADN criativo. Portanto, há ainda uma necessidade de arrumar a casa em Espanha antes de pensarmos nesse tipo de dinâmicas. M&P: Quantas pessoas tem em cada uma das agências? JF: Em Portugal, se juntarmos todas as competências, tem mais de 40 pessoas. Em Espanha somos perto de 70 pessoas. M&P: Falando agora sobre o mercado digital, quais diria que são actualmente as principais diferenças entre os dois países? JF: Há uma maturação de vários canais digitais em Espanha que não aconteceu em Portugal. Isto significa que há mais possibilidades. Começando pelas redes sociais, em Portugal há uma grande rede social que todas as marcas utilizam de uma forma ou de outra que é o Facebook. Em Espanha temos mais do que uma, por exemplo o Twitter é uma rede com clara popularidade em Espanha, o que, juntamente com outras oportunidades, cria um cenário em que é possível explorar ideias de uma forma um bocado diferente. Por outro lado, foi um mercado que durante muito tempo viveu de outro tipo de condições e de outro tipo de marcas, como a Telefónica que se desenvolveu como um dos grandes players mundiais de telecomunicações. Há uma forma de estar em Espanha que talvez leve os decisores e empresários a assumir uma maior ambição. Em Portugal talvez soframos de algum complexo, somos mais acanhados na forma de criar oportunidades e de as aproveitar. M&P: Em que fase da vida diria que se encontra o mercado digital em Portugal? JF: No que diz respeito à utilização do digital pelas marcas, ainda há um caminho a percorrer, não fomos tão ambiciosos como podíamos ter sido, não corremos tantos riscos como podíamos ter corrido, tem a ver com a nossa forma de estar. É difícil fazer esse racional porque a dimensão de Espanha é superior mas diria que estamos um pouco mais atrasados, sem dúvida, mas não por falta de competências nem de vontade do ponto de vista das agências. As agências nos últimos anos têm vindo a ser muito criticadas em inúmeros artigos que falam de falta de coragem. A coragem existe, a competência também, falta o mercado permiti-lo. M&P: É do lado dos anunciantes que está a faltar coragem? JF: As marcas tiveram inevitavelmente de assumir “Nunca fomos um povo conhecido por investir em contraciclo, quando há uma crise somos os primeiros a travar e a assumir uma postura muito cautelosa e, provavelmente, somos os últimos a sair desse casulo protector” posturas mais cautelosas, portanto não o digo com sentimento crítico, é difícil imaginar o que é estar no lugar de uma marca que tem um budget reduzido para gerir, tem as vendas a sofrer pressões de várias ordens e tem de tomar decisões que por vezes são difíceis. Mas creio que as marcas não conseguiram entretanto tirar proveito das oportunidades que o meio digital podia claramente criar, o meio digital já provou ser capaz de gerar os KPI e o tipo de métricas a que as marcas estavam de alguma forma a utilizar no passado, como notoriedade, conversão, onde o digital já mostrou até poder ser superior. Esses méritos ainda não foram totalmente incorporados no planeamento de marketing das marcas e transformados em briefings concretos para as agências. M&P: Os hábitos de consumo de media têm vindo a alterar-se, também em Portugal onde a penetração de dispositivos móveis como smartphones e tablets é já bastante significativa. O que é que explica o facto de o investimento no digital e em especial no mobile ser ainda tão reduzido? JF: É uma combinação de factores. Nunca fomos um povo conhecido por investir em contraciclo, quando há uma crise somos os primeiros a travar e a assumir uma postura muito cautelosa e, provavelmente, somos os últimos a sair desse casulo protector em que nos inserimos. Todos os números indicam, e isso já nem sequer é uma dúvida para todos nós, que o mobile representa uma oportunidade extraordinária, esta ideia de que podemos estar permanentemente conectados, a qualquer hora e em qualquer lugar, é em si uma oportunidade para as marcas. É a grande promessa do digital, que sempre prometeu isso mas com um computador de secretária não podia cumprir a promessa. Havia uma espécie de horário para estar no digital, o mobile liberta-nos desse último grande constrangimento para estarmos permanentemente ligados. Essa é uma oportunidade singular e que as marcas inevitavelmente irão aproveitar e cabe também às agências construir propostas nesse sentido e elas já estão a acontecer. Se virmos os números de pessoas que acedem às marcas a partir de dispositivos móveis, eles cresceram de forma absolutamente exponencial. Mas há marcas que nem sequer têm os seus sites preparados para serem vistos a partir desses dispositivos, o que já cria um sentimento de urgência de que alguma coisa precisa de ser feita. M&P: Quais são as principais tendências que identifica no mobile para os próximos cinco anos? JF: Não sou grande futurologista mas diria que o mobile vai continuar a evoluir no sentido de se transformar num dispositivo verdadeiramente potente. Os estudos mostram que os tablets têm vindo a colocar ruma pressão enorme sobre a venda de computadores portáteis, para quê ter uma coisa tão grande quando posso ter algo mais pequeno e que pode andar sempre comigo, autónoma e que pode fazer tantas coisas que se podia fazer com o portátil. Não queria entrar em nenhuma tecnologia em particular, acho que sobretudo vai dar-nos cada vez mais possibilidades de estar permanentemente ligados, aceder a informação e utilizar essa informação. Um dos aspectos fundamentais será a Big Data, o telemóvel está sempre a dizer onde estamos e isso diz muito sobre o nosso perfil e as operadoras de telecomunicações vão seguramente transformar essa informação em produtos, algumas já o estão a fazer. M&P: Nos próximos três ou quatro anos o mobile vai tornar-se efectivamente no primeiro ecrã? JF: Sem dúvida, essa transformação já está em curso. Em termos de design de tecnologia, a maioria dos projectos que desenvolvemos, mesmo logo ao nível da construção de uma interface, posso dizer que já começa por uma abordagem mobile first, ou seja, primeiro preocupamo-nos em criar uma experiência optimizada para os dispositivos móveis e a experiência móvel é mais do que um dispositivo, é um contexto de utilização também, tenho de garantir que posso estar a usar a andar ou em qualquer situação. Neste momento, grande parte da forma de elaborar as soluções, logo a partir dos nossos designers, já começam a partir desse approach mobile first. Isso é verdadeiramente indicativo da transformação que está em curso. A versão integral desta entrevista poderá ser vista em formato vídeo na nova secção M&P TV no nosso site 18 JULHO 2014 04-07 Entrevista cbf.indd 6 17-07-2014 12:14:37 04-07 Entrevista cbf.indd 7 17-07-2014 12:14:39 08 ANÁLISE Telemóvel a caminho de ser o primeiro ecrã TELEVISÃO, COMPUTADOR, SMARTPHONE, TABLET... PROVAVELMENTE ESTES QUATRO ECRÃS JÁ FAZEM PARTE DO SEU QUOTIDIANO. MAS QUAL DELES É HOJE O SEU PRIMEIRO ECRÃ, AQUELE EM QUE PASSA MAIS TEMPO, QUE LHE SERVE PARA MAIS FUNÇÕES E O PRIMEIRO CONTACTO COM MUITOS DOS CONTEÚDOS? PEDRO DURÃES A edição especial que tem em mãos é totalmente dedicada ao universo mobile. A justificar a opção editorial do M&P há vários números, relativos ao mercado português, que demonstram a maturação deste sector e as oportunidades para comunicação, quer por parte das marcas quer do lado dos publishers e distribuidores de conteúdos. As novas possibilidades chegam aliadas à explosão de dispositivos móveis como os smartphones e tablets. Em 2013, pela primeira vez, as vendas de smartphones superaram as dos telemóveis tradicionais. De acordo com dados da IDC, dos 4,1 milhões de aparelhos enviados para as lojas, cerca de 2,1 milhões, ou seja, cerca de 52 por cento, eram smartphones. Um número que, além de marcar uma viragem, significa um crescimento de 21 por cento face a 2012, com os telemóveis convencionais a sofrerem uma quebra de vendas na ordem dos 27 por cento. Portugal está, nesta campo, a par do mercado global que também em 2013 fez essa viragem, já que que os smartphones passaram a representar mais de metade do mercado global: 55 por cento do total mundial, segundo a IDC, 58 por cento se tivermos em conta números avançados pela Gartner. As estimativas da IDC apontam para que, em 2017, sejam postos à venda em Portugal perto de três milhões de smartphones e menos de um milhão de telemóveis tradicionais. Ao nível do acesso à internet, a penetração da banda larga móvel em Portugal está já nos 75 por cento da população, um valor que demorou apenas 9 meses a ser atingido, segundo a PwC. A nível global, “o número de subscritores de internet móvel deverá aumentar a uma taxa média anual de 19 por cento durante o período de previsão, e em muitos mercados esta será, para muitos consumidores, a única forma de acederem à rede”, e “em 2017, as receitas digitais (onde se incluem os gastos de consumidores em conteúdo digital, gastos em publicidade digital e gastos em acesso à internet) representarão 46 por cento dos gastos totais, ao passo que em 2012 essa percentagem era de apenas 34 por cento”, prevê a PwC no estudo Portugal Entertainment and Media Outlook: 2013-2017. Segundo o mesmo estudo, “o mercado global de acesso à internet deverá crescer a um ritmo acelerado durante os próximos 5 anos. As receitas aumentarão cerca de 11 por cento ao ano, de 305,924 milhões de euros em 2012 para 517,250 milhões de euros em 2017”, sendo que “os serviços de internet móvel serão o principal motor deste crescimento. As receitas da internet móvel irão ultrapassar as da banda larga fixa em 2013, chegando a 300,099 milhões de euros em 2017, enquanto o número de subscritores crescerá a uma taxa de crescimento anual de 19,4 por cento, de 1,294 milhões para 3,13 milhões. O número das subscrições de banda larga fixa, por outro lado, crescerá a uma taxa ligeiramente mais baixa de 7,8 por cento, de 2,5 milhões para 3,6 milhões”. No que diz respeito aos hábitos de consumo, a PwC refere que “a gama de aparelhos, através dos quais os utilizadores podem aceder à internet, incluindo tablets e telemóveis, está igualmente a aumentar a quantidade de tempo despendido na internet e o seu peso na vida de cada utilizador. Consequentemente, a publicidade na internet continua a ser uma opção atractiva, mesmo para os investidores mais ponderados e cautelosos”. “Em termos de oportunidades, as novas tecnologias oferecem um potencial de oferta de publicidade ainda mais personalizada, com serviços especializados disponibilizados através de computadores, tablets, telemóveis e nos próprios televisores com ligação à internet. Tanto a publicidade personalizada como o aparecimento do second screen – em que as pessoas utilizam tablets e smartphones enquanto veem televisão – disponibilizou novas possibilidades para os publicitários. A qualidade dos anúncios tradicionais deverá ser melhorada com o consumo de aplicações second screen e com links para a social media, encorajando o debate e posterior procura de sites de e-commerce, permitindo aos espectadores a aquisição de produtos ou serviços”, aponta o estudo. A PwC prevê ainda que, graças a estes aparelhos, “no final de 2017, em alguns mercados desenvolvidos, a publicidade em vídeo e telemóvel começará a desempenhar um papel fulcral no mercado da publicidade online. O vídeo possibilita algumas das vantagens no branding que, anteriormente, apenas estavam disponíveis na televisão, especialmente à medida que cada vez mais fornecedores de conteúdos premium começarem a disponibilizar conteúdos financiados por publicidade online”. No contexto do mercado português, o estudo revela que “em 2012, o mercado português foi responsável por 25,66 milhões de euros de receitas (digitais), sendo um dos mercados publicitários mais pequenos da Europa e estando, aparentemente, pronto para crescer. É previsível que o mercado da publicidade online registe um crescimento modesto, esperando-se que chegue aos 39 milhões de euros em 2017, a uma taxa de crescimento anual estimada de 8,7 por cento, enquanto a maioria dos restantes mercados de publicidade em Portugal se continuam a contrair”. Por área, com 57 por cento, os motores de busca têm a maior quota de mercado da publicidade online em Portugal e “mais do que as ferramentas nacionais, são as ferramentas internacionais, como o Facebook e o Google Display Network, que deverão impulsionar o crescimento do mercado”. “Uma vez mais, a publicidade em telemóveis deverá ter um bom desempenho, quando comparada com o restante mercado de publicidade online, passando de 1 milhão de euros em 2012 para 2 EVOLUÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE INTERNET EM DISPOSITIVOS MÓVEIS 1 VS. DESKTOP (UTILIZADORES VS. TEMPO) EVOLUÇÃO DAS VENDAS MUNDIAIS DE PC’S E TABLETS (MILHÕES DE UNIDADES; 1999 - 2014) 18 JULHO 2014 08-11 Analise cbf.indd 8 17-07-2014 12:16:26 09 milhões de euros em 2017”, antevê o estudo. O quarto ecrã Há apenas quatro anos era lançado o iPad, o primeiro tablet. Era o nascimento do quarto ecrã, depois de nos termos habituado há tantos anos aos ecrãs da televisão, do computador e, mais recentemente, do telemóvel, que se tornou smart há alguns anos. Juntos, estes dois últimos ecrãs encaixam na categoria a que chamamos mobile, uma categoria que em apenas quatro anos se está a tornar no primeiro ecrã, à medida que os hábitos de consumo de media nos levam a passar cada vez mais tempo com nestes dispositivos. “O telemóvel, referido muitas vezes como terceiro ecrã (atrás da televisão e do computador) está cada vez mais a tornar-se o primeiro ecrã, que está sempre ligado, e ao qual os consumidores acedem preferencialmente. A tendência é para deixar de haver internet móvel e fixa para haver uma internet única com uma forte componente móvel”, refere a PwC. Segundo um estudo apresentado pela Deloitte durante o Mobile Fórum Portugal e cujos dados o M&P lhe apresenta nestas páginas, 2014 marca o turning point, o momento em que a utilização da internet em dispositivos móveis se cruza pela primeira vez com a sua utilização no desktop, com previsões de crescimento continuado nos próximos anos. Este foi também o primeiro ano em que as vendas de tablets igualaram as vendas de computadores (ver gráfico), ambos com 285 milhões de unidades vendidas em todo o mundo, com os computadores a descerem abaixo da fasquia dos 300 milhões pela primeira vez desde 2009, ano anterior ao lançamento dos tablets. Não é por isso surpresa que o volume de tráfego de dados tenha aumentado exponencialmente ao longo dos últimos anos, superando em larga escala o uso de voz, que se tem mantido estável durante a última EVOLUÇÃO DO TRÁFEGO DE VOZ E DADOS EM REDES MÓVEIS (PETABYTES POR TRIMESTRE) NÚMERO DE SMS ENVIADAS ANUALMENTE NO MUNDO (1992 – 2016; BILIÕES DE SMS) As notícias em mobile DIOGO QUEIROZ DE ANDRADE director criativo do Observador O CONSUMO DE INFORMAÇÃO EM MOBILE VOLTOU A BARALHAR AS REGRAS DO JOGO PARA OS MEDIA. QUEM PENSA DIGITAL PARTE MUITO À FRENTE NESTA CORRIDA QUE É ESSENCIAL PARA O FUTURO Comecemos por uma notícia, não por acaso das boas: o crescimento de tráfego em mobile (tablet e smartphone) aumenta a audiência de leitores de notícias. Os sites noticiosos aumentam a relevância como fornecedores de conteúdos e sobem a audiência geral com o crescendo de leitores em mobile. A tendência global é imparável: algures entre 2014 e 2015, os sites noticiosos serão maioritariamente acedidos através de mobile. A nível global alguns, como o Observador, já têm médias de 40 por cento e picos que passam os 60 por cento, esperando-se que a média continue a aumentar ao longo do próximo ano. Isto configura mais uma pequena revolução que será difícil de digerir para quem ainda não se habituou às exigências do digital, mas que é perfeita para os players mais ágeis e determinados. Para enquadramento, mais um número: 60 por cento da publicidade em mobile a nível global é gerida pela Google ou pelo Facebook, dando conta da inércia das empresas de média que só agora estão a começar a 08-11 Analise cbf.indd 9 acordar para a importância deste hábito de consumo. Como quase tudo está ainda por fazer a nível de formatos publicitários mobile, há espaço para crescer – assim exista criatividade e dedicação do lado de anunciantes e produtores de conteúdos. A verdade é que a intensa utilização de tráfego móvel tem aumentado o número de consumidores de notícias e o modo como estas são consumidas. As tendências de comportamento são claras: em comparação com o utilizador de desktop, o mobile vai mais vezes à página de notícias, passa lá menos tempo em cada visita e resiste a pagar pelo acesso à informação. O consumo de informação é menos uniforme ao longo do dia, mais constante ao longo do mês, configurando um forte consumo também ao fim de semana – quando o tráfego de desktop se reduz grandemente. O tráfego mobile é muito directo, mas também via redes sociais, dark social, notificações personalizadas e email. O caminho que o Observador traçou é claro e passa por dois grandes aspectos. Em primeiro lugar é fundamental fornecer uma verdadeira experiência de qualidade em mobile, mantendo a coerência da marca – passa por integrar o conceito responsive em todas as páginas, mas é mais do que isso, pois visa pensar muitos conteúdos para o modo como serão vistos em mobile. Isto é feito a par de um reforço da marca institu- cional como garante de qualidade do nosso jornalismo e dos nossos conteúdos. Em segundo lugar passa por uma subtil mas determinante mudança de paradigma. Se entendermos o jornalismo como um serviço, serviço esse que é prestado à comunidade como um todo, ficamos mais preparados para servir as pessoas naquilo que elas querem e precisam. Isto exige capacidade de experimentação e não ter medo de errar. Implica ainda integrar talento criativo na redacção (venha ele do multimédia e/ou da programação e design) e capacidade para trabalhar big data -- os grandes números que atestam os comportamentos dos leitores/consumidores que são servidos pelo nosso produto. Voltamos ao início: Cada vez há mais gente a aceder a notícias, cada vez essas mesmas notícias são mais lidas e mais partilhadas – o que significa mais leitores e mais espaço publicitário a explorar. Tudo razões para ser optimista e para motivar ainda mais a nossa equipa. 17-07-2014 12:16:29 10 ANÁLISE Novas fontes de receita resultado de inovações no segmento mobile e de vídeo SMS E IM MUNDIAIS (2010 – 2016; BILIÕES DE SMS E IM) EM QUAL DOS SEGUINTES LOCAIS COM WI-FI UTILIZA O SEU SMARTPHONE PARA ACEDER À INTERNET? Os próximos desenvolvimentos na publicidade digital serão resultantes de quatro tendências chave, que são: • novas tecnologias, que resultam em novas formas de fazer chegar publicidade ao consumidor; • novas fontes de receita, geradas pelas oportunidades criadas pelas novas tecnologias; • o crescimento da comunicação através de vídeo na Internet; • maior relação entre consumidores e publicitários, criando novas oportunidades de vender produtos e serviços diretamente. Em resposta a estas tendências, os publicitários e as marcas procuram estar mais presentes no mercado, em diversas plataformas e sob diversas formas, embora se estime que as receitas a partir da publicidade móvel atinjam apenas 15% das receitas totais em 2017. Cada vez mais se reconhece a importância da publicidade em dispositivos móveis, no entanto ainda não foi possível atingir os retornos desejados. in Portugal Entertainment and Media Outlook: 2013-2017, da PwC década (ver gráfico). Um exemplo desse crescimento de dados é a utilização massiva de serviços de mensagens instantâneas, cujo volume é já o dobro do registado nas tradicionais SMS, estas com 25 mim milhões diários contra os 51 mil milhões das IM (instant messages), embora em termos de valor, os 72.900 milhões de euros gerados por ano pelas SMS sejam ainda 50 vezes mais do que o valor gerado pelas IM. No entanto, ao contrário do que poderá acontecer noutros países, em Portugal a Deloitte está segura de que as SMS não serão substituídas pelas IM. De acordo com valores apresentados pela empresa, o número de SMS enviados em Portugal, números de 2013, rondaram os 6,8 mil milhões, com cada utilizador a enviar em média 318 SMS por mês, quando, por exemplo, em Espanha, um mercado demograficamente quatro vezes superior, cada utilizador enviou em média apenas cinco SMS por mês e foram enviadas no total cerca 887 milhões, pouco mais de um décimo das enviadas em Portugal. Em termos de utilização de redes wi-fi, cerca de 80 por cento dos utilizadores em Portugal utiliza wi-fi em casa e 64 por cento dizem fazê-lo também fora de casa, valor mais alto dos mercados estudados, acima do Reino Unido (60 por cento) ou dos EUA (54 por cento). Além do mobile, os próximos anos passarão pela expansão de um device que junta o melhor da televisão e o melhor da experiência online. Segundo o estudo da PwC, “as televisões inteligentes serão o dispositivo doméstico com crescimento mais rápido durante o período de previsão (2013-2017), competindo no papel de principal foco de entretenimento. Para alguns consumidores, o objectivo principal será o que for fornecido pela operadora de televisão por cabo. Para outros, serão as consolas de jogos ligadas à internet, as quais irão oferecer um vasto leque de opções de entretenimento. Por outro lado, os dispositivos móveis também poderão lutar pelo lugar de destaque no entretenimento doméstico”, prevê-se. Também aqui, o mobile surge como impulsionador já que “a televisão acessível, em qualquer lugar e em segundo ecrã, aumentará a atractividade do segmento e permitirá aos operadores de televisão paga aprofundar a sua ligação com os seus clientes, respondendo à ameaça crescente do abandono das subscrições de televisão, substituindo-a assim por outros meios de entretenimento”. “A tendência actual privilegia a utilização do second screen (nomeadamente em smartphones ou tablets) seja para comentar, seja para partilhar o conteúdo, o que aponta para a importância do desejo do consumidor em se sentir ligado a outros consumidores, partilhando a sua experiência”, acrescenta o relatório da PwC, sublinhanda a tendência de que “alguns consumidores decidem abandonar as tradicionais subscrições de televisão passando a aceder a conteúdos semelhantes, disponíveis na internet e portanto mais económicos. Desta forma, começa a surgir uma nova geração de consumidores que só desejam aceder a conteúdos através da internet. Para a indústria da televisão tradicional, estes factores representam um risco com tendência crescente, à medida que cada vez mais consumidores chegam à idade adulta”. Uma revolução nos próximos cinco anos Estas mudanças de comportamento relativamente aos meios introduzida pelos dispositivos móveis têm enorme impacto ao nível do marketing e os profissionais de marketing esperam grandes mudanças no espaço de cinco anos. De acordo com um estudo da Accenture junto de executivos de marketing (CMO) de 11 países, analytics, digital e mobile são apontados como as principais novas fronteiras. Para 78 por cento dos entrevistados, o mundo do marketing passará por mudanças fundamentais nos próximos cinco anos e as três mudanças mais citadas são estas, sendo que as companhias com crescimento acelerado (com aumento de pelo menos 6 por cento nas vendas anuais), em particular, informaram que os investimentos nessas três áreas compensam sobretudo no sentido de melhorar a experiência dos consumidores. As mudanças mais referidas pelos profissionais de marketing no âmbito do estudo foram o facto de que as ferramentas de analytics se vão tornar uma competência primordial do marketing (42 por cento), que as verbas digitais responderão por 75 por cento das verbas de marketing (37 por cento), que o mobile responderá por 50 por cento do budget de marketing (35 por cento), que o marketing terá uma função de proporcionar informações sobre produtos a pedido do consumidor (34 por cento) e que marketing, vendas e atendimento ao cliente serão fundidos numa única função (34 por cento). Além disso, 32 por cento acreditam que dentro de cinco anos não saberemos como uma campanha de marketing será com antecedência já que as campanhas terão desdobramentos em tempo real dependendo da necessidade e do objectivo de cada consumidor e em cada device e canal (32%), a media espontânea será mais importante e terá mais suporte do que a media paga (27 por cento), o marketing e as TI serão fundidos numa única função (26 por cento), e os CMO serão o principal contacto dos CEO, ultrapassando o CFO e outros executivos (21 por cento). Em relação ao volume aplicado em marketing digital, a tendência aponta para crescimento. Para 41 por cento da amostra, o budget digital deve ser ampliado em pelo menos 5 por cento no próximo ano fiscal e apenas 8 por cento dos entrevistados citaram a possibilidade de corte na verba de marketing digital no próximo ano. 18 JULHO 2014 08-11 Analise cbf.indd 10 17-07-2014 12:16:34 08-11 Analise cbf.indd 11 17-07-2014 12:16:36 12 TENDÊNCIAS Nem todos precisam de uma app RUI OLIVEIRA MARQUES Eduardo Carqueja (App Generation) Apesar da febre em torno das apps, é certo que existe um milhão de aplicações no mundo das quais 30 mil são em português. “Fazer apenas mais uma, não implica nenhum tipo de difusão. Conhecemos muitos exemplos de apps que demoraram muitas semanas a fazer e que têm 10 clientes a usá-las ao fim de uns meses”, comenta ao M&P Eduardo Carqueja, administrador da App Generation. “Fazer uma app é apenas 40 por cento do problema. Cada vez mais é importante perceber como vai funcionar o seu processo de difusão e marketing. Caso contrário, estamos a trabalhar num projecto falhado desde o seu nascimento”, refere o mesmo responsável, que aponta o dedo as agências de publicidade que “ainda têm muito pouco know-how no marketing de aplicações” e tentam “aplicar os mesmos conceitos da web, com resultados fracos e caros. Estamos numa fase do mercado em que o marketing ainda não aprendeu a lidar com esta realidade e a tirar proveito da mesma”. Exemplo disso, considera Eduardo Carqueja, são os casos da publicidade em televisão a comunicar a instalação de uma app num iPhone ou publicidade web para fomentar o uso de uma app num tablet. “É, no mínimo, bizarro” considera. Uma posição reforçada por Ricardo Teixeira: “Ter uma app por ter não basta! É necessário ter uma estratégia consistente, quer na fase de desenvolvimento, quer na fase de lançamento. Para mim, o mais importante é na continuidade que está a diferenciação, pois é nesta fase que iremos ouvir os utilizadores e ajustar aspectos Jason Pascoe (Exciting Space) “Aconselhamos sempre a perceber primeiro os desafios que vai ter pela frente e depois definir como avançar com os projectos e fazer a transição da web para mobile” Já houve a moda das aplicações para Facebook e dos sites em Flash. Estaremos agora perante a febre das apps? Antes de avançar com uma app convém ponderar os prós e os contras Luís Parafita (Think Pink) necessários para que a app seja um sucesso”, considera o CEO da DigitalWorks. E quando se decide criar uma app, deve contratar-se uma agência especializada em apps, uma software house ou uma agência digital? “Uma plataforma tão radicalmente diferente requer uma abordagem radicalmente diferente na concepção da experiência do utilizador, interfaces e funcionalidades do software. Requer novas ideias, novas abordagens, novas ferramentas, novas formas de trabalhar. É aqui que as pequenas e especializadas agências de design de apps assumem a liderança”, defende Jason Pascoe, CTO da Exciting Space, startup que criou, por exemplo, as apps do Museu dos Coches e das obras de arte do hotel Ritz, em Lisboa. “As agências de apps estão focadas em refinar e destilar novos métodos de interacção e novas possibilidades que as tecnologias nos apresentam. É que o objectivo é oferecer um produto que não funcione apenas no telemóvel, mas um que realmente explore e se destaque no telemóvel”, aponta. Problemas do lado do cliente Ricardo Teixeira reconhece que são poucas as marcas portuguesas que apostam verdadeiramente e de forma consistente numa app. “Começam todas a medo, com orçamentos baixos para experimentar, sendo que esta atitude tem logo 50 por cento de chances para correr mal. Depois, desmotivam-se rapidamente e não acreditam verdadeiramente numa estratégia consistente para que haja uma 18 JULHO 2014 12-13 Mercado.indd 12 17-07-2014 10:33:33 13 melhoria contínua e assim alcançar o sucesso”, aponta. É por isso que mesmo em situações de new business, o CEO da DigitalWorks aconselha “o cliente a ter um mobile site ou um site RWD em vez de uma app, pois por vezes ajusta-se melhor aos objectivos e como tal depende de caso a caso. Cabe-nos aconselhar o cliente e propor algo que torne o seu objectivo numa aplicação útil e que motive a utilização”. “Fazer uma aplicação que sabemos que não terá uso acaba por ser má política a longo prazo. As más experiencias iniciais marcam os clientes, e estes acabam por não voltar a fazer nada na área móvel tão cedo”, reforça Eduardo Carqueja. A App Generation já criou 150 aplicações, entre elas a Mytuner, uma aplicação que permite ouvir cerca de 30 mil estações de rádio a nível mundial, com mais de seis milhões de clientes em dois anos, com uns 300 mil acessos diários, que usam uma média 26 minutos em cada sessão e regista 15 mil novos users por dia. Depois há a desadequação da estratégia digital ao negócio do cliente. “A nossa preocupação constante não é fazer apenas apps. É garantir que aquilo que desenvolvemos traz realmente um valor acrescentado aos projectos e que realmente vão garantir que se cumprem os objectivos. Por exemplo, entidades camarárias do Interior contactam-nos frequentemente para desenvolver apps para promoção turística de vilas do interior, pequenos hotéis que não fazem parte de cadeias, restaurantes e até mesmo stands de automóveis que pensam em ter uma app, quando ainda nem têm um site minimamente consultável”, aponta Luís Parafita, partner da Think Pink, acrescentando “que quem não tem qualquer noção de estratégia digital, muito menos de mobile, cai muitas vezes no erro de pensar que “Fazer uma aplicação que sabemos que não terá uso acaba por ser má política a longo prazo. As más experiencias iniciais marcam os clientes” Ricardo Teixeira (DigitalWorks) sozinho se consegue posicionar da mesma forma como fazem os agregadores de conteúdos, seja para vendas de automóveis, seja para turismo e claro para restauração”. Quando um cliente mostra não ter uma estratégia digital “aconselhamos sempre a perceber primeiro os desafios que vai ter pela frente e depois definir como avançar com os projectos e fazer a transição da web para mobile”, O SMS ainda tem importância? A comunicação via SMS não será em breve substituída por outras ferramentas, como por exemplo, as apps ou serviços de messaging? Filipe Mendes, director executivo da Go4Mobility, rejeita esta ideia. “A comunicação SMS é e será durante os próximos anos utilizada como a base principal de envio e recepção de mensagens escritas de relativa reduzida dimensão (até 160 caracteres), pois é o único meio que garante 100 por cento de compatibilidade de recepção por parte de 100 por cento dos terminais móveis existentes no mercado. Se em Portugal aceitarmos que cerca 50 por cento dos telemóveis não são smartphones, é ainda uma percentagem muito elevada para se considerar apenas as apps como forma de chegar aos telemóveis pessoais dos consumidores”, aponta o responsável pela empresa de desenvolvimento de soluções SMS para operadoras de telecomunicações e marcas, reforçando ainda a ideia de que o SMS é mais simples de usar que as dezenas de soluções de messaging que existem no mercado. “O binómio alcance versus riqueza de informação privilegia no caso do SMS a garantia de entrega e leitura, não 12-13 Mercado.indd 13 tendo muita riqueza a informação. Portanto, para certos tipos de mensagem como mensagens de dimensão reduzida, de curta validade no tempo e de consumo imediato, o SMS ainda é e será por uns anos o meio mais usado e mais eficaz”, considera Filipe Mendes. “O SMS ainda tem o potencial de todas as marcas poderem comunicar one to one para os seus consumidores pelo meio SMS e ainda menos de metade das marcas comunicam com os seus consumidores desta forma”, remata. reforça Luís Parafita. E deixa um alerta sobre a ineficácia de algumas apps utilitárias. “Não faz sentido que todas as marcas tenham aplicações de meteorologia, descontos, notícias ou até as tão faladas wallets. Aqui vão estar a competir com os principais players internacionais, com outros recursos e onde vai ser muito difícil competir. Além disso, cada vez mais as administrações exigem resultados concretos neste sector, com investimentos em apps que acrescentem valor real”, refere o responsável da Think Pink, agência que criou as apps para o MEO SW, as apps CR7 para Cristiano Ronaldo e em parceria com a Ogilvy a N-Receitas da Nestlé. É por isso que, por vezes, é preciso travar a vontade de um cliente avançar com uma app. “O erro mais comum são os clientes que pretendem transformar o seu site numa app, nestes casos aconselhamos o cliente que não o deve fazer, mas apresentamos alternativas e uma estratégia bem definida, por forma ao cliente fazer um investimento e ver o retorno de forma a ter uma boa experiência”, considera Ricardo Teixeira, sublinhando que, por norma, uma app deverá ter uma aplicação prática, algo útil para os consumidores e utilizadores. Depois, há os casos em que as apps não são visíveis para o grande público mas que ajudam ao dia-a-dia do negócio do cliente. Um exemplo da DigitalWorks: “Fizemos uma app para uma farmacêutica que tinha como objectivo só estar disponível nos iPad dos delegados de informação médica. Tinha como objectivo ser um simulador que mostrava aos administradores de hospitais a economia que poderiam obter com a utilização de um novo medicamento disponível no mercado. Esta app foi de tal forma um sucesso que foi exportada para outros países onde esta multinacional está representada”, descreve o CEO da agência. Chegados aqui, vale a pena avançar com uma aplicação? É que os telemóveis andam connosco nos carros, nos restaurantes, nos autocarros, na praia, até na casa de banho. As potencialidades parecem ilimitadas. “As apps permitem a forma mais espectacular hoje em dia de criação de comunidades. Permitem a uma marca comunicar no momento mais oportuno com o seu potencial cliente, a um custo reduzido, com um potencial de interacção francamente superior até mesmo de um website. Ao contrário da web, as apps são verdadeiramente bidireccionais, onde temos uma forma de alertar os nossos utilizadores para novidades, promoções e outras situações interessantes, e onde este pode entrar e ver algo no espaço de apenas dois segundos”, resume o responsável da App Generation. 17-07-2014 10:33:35 14 MERCADO Não é Silicon Valley mas não faltam projectos inovadores Em Braga estão a nascer alguns dos projectos mais surpreendentes na área digital, com destaque para o mobile. Fique a par dos exemplos que prometem dar que falar RUI OLIVEIRA MARQUES Treze empresas beneficiam do plano de incubação da Startup Braga. Localizadas no GNRation, um antigo quartel da GNR entretanto convertido num centro de inovação e indústrias criativas, são o exemplo mais recente do empreendedorismo da cidade, onde os projectos associados às tecnologias de informação merecem destaque. A Startup Braga é, aliás, coordenada por Carlos Oliveira, presidente da InvestBraga e ex-secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação do governo de Passos Coelho. Ele próprio fundou em 2000 a MobiComp que, oito anos depois, foi comprada pela Microsoft. O primeiro projecto da então MobiComp consistiu na venda de bilhetes de cinema da Lusomundo a partir do telemóvel – um serviço então inédito a nível mundial e que ajudou aquela empresa bracarense a abrir as portas em vários países. Seja no GNRation, na Ideia Atlântico, na Factory Business Center & CoWork ou no BIC Minho - Oficina da Inovação ou em instalações próprias, algumas das empresas com maior potencial de inovação criadas em Braga actuam na área digital, ou não fosse a Universidade do Minho um dos principais pólos de formação nesse sector. Apresentamos agora 10 casos de elevado potencial – e outros 8 que vão dar que falar – que justificam que Braga seja, muitas vezes, considerada a Silicon Valley nacional. Um Snapchat em versão chat Há uma semana foi anunciado o lançamento do tyPing, pela mão do Meo e da empresa bracarense Cloud9. Trata-se de uma app que permite comunicar de forma efémera, com algumas semelhanças com o Snapchat, a tal rede social que tem despertado a curiosidade entre adolescentes em todo o mundo. No entanto, as coincidências entre as duas apps ficam por aqui. “A grande diferença entre o Snapchat e o tyPing é precisamente o foco de cada uma das aplicações. Enquanto o Snapchat está orientado para a partilha de fotos e vídeos do momento, o tyPing está claramente focado e optimizado para o chat”, conta ao M&P Rui Lopes, CEO da Cloud9. Além disso, o tyPing permite ao utilizador gravar vídeos, enviar stickers e ter acesso directo aos principais serviços de imagens, como o 9gag, Tumblr ou Pinterest. A ferramenta tem três funcionalidades principais: o envio de mensagens que se apagam instantaneamente (pings) após o envio e leitura pelo destinatário; o envio de mensagens que perduram durante um tempo limitado; partilha de um status por 24 horas com qualquer tipo de conteúdo (para além do habitual texto). Daí que Rui Lopes prefira encarar como concorrentes o WhatsApp ou o Facebook Messenger, mas com uma componente efémera que as outras redes sociais não têm. Neste momento, o foco da empresa está em dar a conhecer a solução e aumentar o número de utilizadores do tyPing. A monetização do serviço está prevista para 2015. Os clientes Meo ou Moche, além de não pagarem o tráfego, poderão usar gratuitamente as contas premium que a Cloud9 irá lançar em breve. A startup dos podcasts A Ypodcast, criada por Marlene Ribeiro, Paulo Oliveira Sousa e Pedro Avelar, implementou já dois projectos na área do turismo. Em colaboração com o município de Vila Nova de Cerveira foram colocadas placas de identificação em 18 monumentos e espaços culturais da vila, com informação e um QR code que dá acesso a mais conteúdos em áudio. Existe também um áudio-percurso sobre Cerveira e as histórias da população. Em Braga, em colaboração com a Câmara Municipal, foi desenvolvido um áudio-guia mobile pelas ruínas da cidade romana, o CityWalks Bracara Avgvsta. A empresa especializada em podcasts actua em três áreas: turismo, educação e negócios. No turismo, a Ypodcast está a apostar num conjunto de soluções para os municípios, que incluem audioguias mp3 e mobile, e aplicações com geo-referenciação. Na área da educação, o caminho são conteúdos de apoio ao estudo. Marlene Ribeiro conta como funcionou uma experiência-piloto. “Preparámos, com o apoio de uma professora, um conjunto de resumos de preparação para o Exame Intermédio de Português do 12º ano. Os conteúdos foram disponibilizados ao longo da semana que antecedia o teste. A publicidade foi feita apenas em anúncios do Facebook pelo valor mínimo possível (cerca de cinco dólares) e apenas nos seis dias que antecediam o teste. De acordo com os dados da rede social, o nosso público-alvo era de 26 mil pessoas. Os conteúdos foram acedidos por 13 mil utilizadores individuais, num total de mais de 135 mil downloads. Para além dos números, foi muito interessante o feedback directo de muitos estudantes”. “As potencialidades do áudio e em especial do podcast para turismo e educação são quase infindáveis. A receptividade e o apoio do público têm sido incríveis. Apesar de tudo, vimo-nos obrigados a concentrar esforços numa das áreas, a do turismo. Acreditamos que foi a decisão mais acertada. O foco permitirá que cresçamos neste sector de uma forma mais sustentada e só depois, numa fase mais madura, avançaremos para a especialização na Educação. Um passo de cada vez”, aponta a responsável, que integra a incubadora StartUp Braga. Na capa da Sábado Chegaram há dois anos à capa da revista Sábado como exemplo de empresários de sucesso com menos de 25 anos. Rui Marinho, Jorge Pereira e Tiago Ribeiro criaram a Seegno, uma empresa de programação que este ano deverá facturar 630 mil euros. Um dos projectos mais aliciantes que têm agora em mãos é a Bitreserve.org, um serviço que protege contra a volatilidade da moeda virtual (bitcoin). “O CEO da Bitreserve contactou-nos com o intuito de desenvolvermos a componente institucional e de gestão de conteúdo. Acabamos por nos envolver em tudo o resto e absorver a totalidade do projecto: design, UI, web app, mobile app, API, sistema de processamento financeiro, etc. Na prática, estamos neste projecto porque tivemos oportunidade de mostrar competências relevantes de engenharia de software, e acabámos precisamente por deixar de lado a componente mais trivial de construção do website”, refere ao M&P Jorge Pereira. Convém referir que Halsey Minor é o fundador da Bitserve, tendo antes criado a CNET Network, comprada pela CBS por 1,8 mil milhões de dólares, e que vendeu em 2007 a Grand Central Communications ao Google, tendo esta empresa depois dado origem ao Google Voice. São projectos desta dimensão, prossegue Jorge Pereira, que “permitem oferecer outras condições à nossa equipa, como por exemplo mudar para um novo escritório de 600m2 no centro da cidade, ao mesmo tempo que aumenta a necessidade imediata de contratar gente capaz, pois contamos pelo menos duplicar a equipa até final de 2014”, aponta o mesmo responsável. A Seegno está ainda a desenvolver um serviço customizado de alertas de e-mail (Followistic) e um serviço online de traduções com intérpretes (Vridirect.com). Plataforma online para arte Quem caminha pelo centro da Braga depara-se com 18 JULHO 2014 14-17 Mercado.indd 14 17-07-2014 12:17:30 OPINIÃO algumas cadeiras de tamanho gigante. Na verdade, são o símbolo da Shair, uma plataforma de partilha e comercialização de arte e onde artistas emergentes podem expor as suas obras de forma permanente. Para fazer parte deste projecto, os artistas devem criar uma conta e submeter os seus trabalhos na plataforma online (shairproject.com). As obras são sujeitas a um processo de pré-aprovação, e, todos os meses, são avaliadas pelos utilizadores da rede e por um júri. É o próprio artista que define a licitação base da sua obra no momento do upload. Os trabalhos mais votados são expostos na Galeria Emergentes DST. No caso de as obras estarem três meses em avaliação sem chegar à galeria, podem ser comercializadas online. O site foi criado pelo Innovation Point, empresa que também integra a DST, um grupo que actua nas áreas da construção, ambiente e energias renováveis. “O grupo já detinha o actual espaço da Galeria Emergentes DST, situado na Rua do Raio, em Braga, mas ainda não havia determinado o seu modelo de negócio”, explica ao M&P José Teixeira, presidente do grupo. “A Shair tem procurado a sua sustentabilidade na crença de que os artistas precisam de comer, concreta e figurativamente. A base de negócio assenta num modelo win to win, no qual a rentabilidade do projecto está directamente relacionada com a venda das obras dos nossos artistas emergentes. O balanço é incontestavelmente positivo, com um volume de vendas de mais de 50 obras em apenas dois meses”, aponta o mesmo responsável. E-commerce com vertente solidária A associação O Mundo de Carolina, que apoia crianças com doenças crónicas, já conseguiu angariar quase três mil euros através da plataforma eSolidariar. com, tornando-se, até ao momento, no principal caso de sucesso desta plataforma de comércio solidário lançada há quatro meses. Quem entra no site, depara-se com os produtos organizados por categorias, preço e tipo (utilizadores ou de instituições). O eSolidariar tem três vertentes: lojas sociais para organizações onde cada entidade pode vender os artigos e exportar a loja para uma página do Facebook ou site; leilões solidários promovidos por celebridades e entidades; mercado online, onde vendedor define para cada produto uma percentagem do valor da venda destinada a uma ONG. Na génese do eSolidar está o Bewarket.com (um mercado social no Facebook), colocado online em Março de 2012, com um investimento a rondar os 30 mil euros. Em Setembro de 2012, a equipa liderada por Marco Barbosa foi para Silicon Valley durante três meses, o que ajudou a repensar o negócio. Em Abril de 14-17 Mercado.indd 15 2014, a BusyAngels juntou-se para potenciar o lançamento e internacionalização do eSolidariar.com. Este projecto tem pernas para andar? Os números são da eSolidar: 83 por cento das pessoas preferem comprar produtos associados a causas solidárias, as organizações gastam cerca de 75 por cento do seu tempo na angariação de fundos para serem sustentáveis, 70 por cento dos fundos das instituições são gerados através da venda de produtos e metade das pessoas está disposta a pagar mais por produtos associados a uma causa. Das apps para os EUA aos vídeos CR7 A agência digital MezzoLab, fundada em 2012, espera facturar este ano entre 750 mil e um milhão de euros. “Um dos projectos mais importantes da empresa é o StoreAgent, uma plataforma móvel que permite que marcas criem missões que são então completadas por uma rede de agentes. Os agentes recebem incentivos que podem ter a forma de dinheiro, pontos ou ofertas e as marcas recebem market research data”, explica ao M&P o fundador e creative manager João Freitas. A agência já criou a app para o economista comportamental e colunista do Wall Street Journal Dan Ariely, e tem, neste momento, uma app a atravessar uma ronda de investimento nos EUA. Os trabalhos com maior visibilidade foram os vídeos para Cristiano Ronaldo. “A oportunidade surgiu através de um contacto feito com a Polaris Sports, empresa agregada à Gestifute, que faz a gestão comercial dos direitos de imagem do Ronaldo. O primeiro vídeo que fizemos para o Ronaldo foi preparado para ser lançado no momento do anúncio do vencedor do Ballon d’Or de 2012 sendo que seria lançado independentemente do resultado”. Ronaldo ficou com a Bola de Ouro e o vídeo teve seis milhões de visualizações em 40 horas. O segundo vídeo foi lançado no final da Champions League deste ano, quando o Real Madrid de Cristiano Ronaldo se sagrou campeão da Europa. O novo vídeo obteve 12 milhões de visualizações em cerca de 12 horas. “Não podemos divulgar as marcas com quem estamos a trabalhar, mas posso dizer que vão desde grandes empresas de telecomunicação a startups de grande potencial. Felizmente temos clientes interessantes e um pouco por todo o mundo”, refere João Freitas. Orientada para a exportação Marco Martins, Nuno Ferreira, Eduardo Conceição (licenciados em Engenharia de Informática) e João Veiga (Engenharia de Comunicações) conheceram-se na Universidade do Minho e criaram a Scytale. Um dos projectos iniciais consistiu na plataforma Joblovr, que há dois anos esteve em destaque nos media, por funcionar como uma montra de talentos, onde os empregadores podem procurar colaboradores freelancers ou a tempo inteiro. Ao fim de uma semana online contava já com 800 registos. No terceiro ano de existência e chegados a 2014, a expectativa é que a facturação da Scytale chegue aos 100 mil 15 MIGUEL GONÇALVES idea starter da agência Spark Braga, we try smarter Para existir, um ecossistema de empreendedorismo precisa de comunidade, estudantes, investigadores, professores, empresários, investidores e curiosos. Braga é uma voz viva e representação de uma ideia inquieta, atrevida e tudo o que um ecossistema de aceleração pode ser. A cidade está a preparar-se para alguma coisa e há muita gente diferente a fazer acontecer Braga! Um dos seus principais desafios é compreender quem é, entender a escala dos seus recursos e competir de forma inteligente. Não precisamos de ser Silicon Valley para erguer valor. Boulder, uma pequena cidade no Colorado com pouco mais de 100 mil habitantes, pode ser uma boa referência para nós. Mantiveram a comunidade startup activa, criaram condições para as empresas, atraíram investimento, especializam-se em tecnologias críticas e ao longo dos últimos 20 anos tornaram-se um sistema rico e exemplar. Segundo o US Census Bereau, em 2011, o PIB da cidade foi de 18,9 mil milhões de dólares, em parte devido à força do ecossistema de criação de startups. Estudantes, investigadores, professores, empresários e investidores começam a conviver com frequência e sinto que os próximos anos podem ser de uma cidade inteligente que experimenta atrair smart money, construir empresas e exportar tecnologia. Muitos são os que acreditam que o nosso futuro pode passar pelos materiais inteligentes, células estaminais, software, laboratórios de testes de hardware, aplicações móveis e t-shirts biométricas que guardam dados na nuvem. Os próximos anos podem ser de impressão 3D e alguém, na Universidade do Minho, estará à procura de uma forma de imprimir comida. Não vamos competir com os aceleradores de Berlim, Paris nem Lisboa, porém podemos, como Boulder, competir à nossa maneira. Em 1962 a Avis lançou uma campanha onde simplesmente anunciava: “Avis, we’re number 2. We try harder”. Podemos pensar: Braga, we try smarter? euros. “A maior parte dessa facturação refere-se a exportação”, refere ao M&P Nuno Ferreira. “Grande parte dos nossos projectos são feitos para clientes internacionais e como tal nem sempre têm grande visibilidade em Portugal. Mas algumas referências do nosso trabalho incluem um sistema de agendamento médico para consultórios particulares que cobrirá todo o território brasileiro. Também desenvolvemos o 17-07-2014 12:17:39 16 MERCADO Uma app no top em 50 países A iMobileMagic esteve presente com stand próprio no último Mobile World Congress (MWC), a maior feira do mundo no sector das comunicações e mobilidade, que decorre em Barcelona. No próximo ano a experiência é para repetir. O projecto mais relevante em mãos é o PhoneNear. “É uma plataforma para operadores móveis que permite lançar novos serviços de localização e protecção para a família e serviços de A primeira loja de impressão 3D O grupo Weproductise desenvolve, desde 2012, projectos ligados ao eco-design, desde design de produto até à guest house eco-frindly Laranja Limão (Ponte de Lima). Em Maio abriu no largo da Senhora-a-Branca (Braga) a Pip Eco Store, que se apresenta como primeiro espaço de impressão 3D em Portugal. “A nível internacional este tipo de lojas já existe, principalmente em grandes cidades da Europa e EUA. Contudo, que eu saiba, esta é a primeira com uma abordagem totalmente eco-sustentável e uma decoração amiga do ambiente”, refere António Mota Vieira. O investimento na loja foi de 30 mil euros. Aí, além da impressora, encontram-se produtos ecológicos para a casa, como candeeiros ou mobiliário, brinquedos e até sumos e snacks, com base artesanal ou sustentável. “Há já muito tempo que tinha a vontade de ter um espaço comercial com produtos eco-inovadores, que fosse também um espaço em permitisse aos cidadãos materializar, sem custos voz e de mensagens. Já está presente em operadores na Europa e Médio Oriente”, descreve Marco Leal. A empresa já trabalhou para marcas como Vodafone, PT, Micorosft, Bungie, Grupo Impresa, Galp e ASAP54 e conseguiu colocar a app My Magic Songs em primeiro lugar na App Store, na categoria de Educação, em mais de 50 países. A app “oferece uma experiência personalizada para as crianças com músicas que cantam o nome delas”, explica Marco Leal. A equipa da iMobileMagic tem 14 pessoas. “Temos vindo a crescer todos os anos. O nosso objectivo este ano passa por crescermos 100 por cento, principalmente através do nosso produto PhoneNear, que contamos que esteja presente em mais operadores em todo o mundo”, descreve Marco Leal. adicionais, as boas ideias. Não apareceu mais cedo porque não sabia como a tornar economicamente sustentável. Contudo, no início deste ano, lembrei-me de um modelo negócio. Todos temos que comprar artigos para o nosso lar e brinquedos para as nossas crianças, certo? Agora imagine que há um sítio onde lhe dizem ‘por cada 10 euros de compras pode usar uma hora de uma máquina que lhe permite concretizar algumas das suas próprias ideias’ ou ‘por cada 100 euros de compras pode participar num workshop que lhe ensina como as fazer’”, descreve António Mota Vieira. A Pip Eco Store é agora uma realidade. Os próximos projectos da Weproductise estão ligados a artigos de iluminação e a gadgets para comunicação e lazer. mesmo a ter um utilizador com uma poupança estimada na ordem dos 500 euros. Isto é um impacto real na vida das pessoas e isso deixa-nos motivados e com vontade de melhorar ainda mais a plataforma”, prossegue. E que mais projectos tem a Betabranch em carteira? “Estamos a estudar outros projectos internos, de diferentes necessidades que temos vindo a verificar. Caso estes projectos se mostrem viáveis o próximo passo será a procura de financiamento tanto dentro como fora de Portugal”, remata José Silva. sistema de controlo de visitas para um hospital/centro de investigação no Qatar. Este é actualmente um dos maiores centros de investigação em todo o mundo. E, claro, temos desenvolvido algumas plataformas inovadoras para projectos de startups financiadas”, aponta o responsável. Caça ao IMI errado Um dos projectos mais visíveis da Betabranch, empresa de desenvolvimento de apps, consiste num projecto interno, o Imisimples.com. Trata-se de uma ferramenta que ajuda a determinar o valor do imposto municipal sobre imóveis (IMI) e a dar seguimento a um eventual processo de reclamação, com o apoio de técnicos habilitados. “Destacamos esta aplicação porque se trata de um esforço de contribuir para algo que é, em alguns casos, profundamente injusto. Os proprietários de imóveis são constantemente confrontados com aumentos de IMI com origem em avaliações realizadas pelo Estado que, em muitos casos, é do nosso conhecimento a existência de vários erros resultantes, por norma, da falta de informação e simplificações por vezes grosseiras”, refere ao M&P José Silva, team manager da Betabranch. “Recebemos constantemente indicação de pessoas que conseguiram poupar consideravelmente no seu IMI graças à nossa assistência. Chegamos Mais oito projectos Made in Braga PepFeed: Uma espécie de assistente de compras virtual que ajuda a poupar tempo e dinheiro na pesquisa de produtos online, em tempo real. Charging Spot: Carregador portátil universal para smartphones que pretende revolucionar o mundo das telecomunicações móveis e a forma como se gere as baterias dos smartphones. Venture FC: Plataforma de crowndfunding de investidores em jogadores de futebol, dirigida a adeptos, investidores e clubes. Negócios na Hora: Plataforma de compra e venda no Facebook. Face a outros sistemas de vendas online, facilita a comunicação entre os interessados e transmitir mais segurança no momento da negociação, através do uso de perfis pessoais e de um sistema de rating do vendedor. Quidbox: É um dispositivo que pretende mudar o modelo existente de utilização e interacção com a televisão e set-top box associada. Permite efectuar videochamadas, jogar jogos familiares, comprar online, utilizar apps utilitárias, aceder a conteúdos multimédia dos diversos dispositivos móveis da família, utilizando uma combinação de gestos e comandos de voz. Pigero: Rede social direccionada à partilha de roteiros e comunicação entre viajantes e locais. Match Up: Desenvolve experiências para incentivar a comunicação entre pessoas de maneira a criar redes sociais na vida real. O conceito já foi aplicado em várias festas em discotecas. Arumis: Este produto pretende revolucionar as experiências audiovisuais com a introdução de mais um sentido: o olfacto. O produto será capaz de sincronizar no timing exacto a experiência audiovisual/entretenimento com uma sensação olfactiva. Estas oito startups integram a Startup Braga, situada no edifício GNRation (foto). 18 JULHO 2014 14-17 Mercado.indd 16 17-07-2014 12:17:48 14-17 Mercado.indd 17 17-07-2014 12:17:50 18 MERCADO OPINIÃO Portugal: que comecem os jogos MIGUEL VICENTE audience marketing manager da Microsoft Portugal “O mundo dos negócios é demasiado sério para brincadeiras”. A frase veio imediatamente à memória acompanhada de um sorriso, à conversa em família este fim-de-semana numa belíssima praia alentejana. Em discussão as escolhas de carreira entre ser piloto de automóveis ou a área de Direito constitucional (assim mesmo, com o “D” maiúsculo, imponente e grave). Tinha estado a trabalhar, minutos antes, numa compilação dos mais fabulosos jogos criados aqui mesmo no nosso país, e não consegui deixar de sentir uma admiração renovada por aqueles nomes que apenas há uns instantes me tinham passado pelas mãos. É que, afinal, haverá alguém que tenha feito carreira no mundo dos jogos que não tenha ouvido aquela frase de um pai, familiar, amigo ou voz da consciência? Felizmente que uma das principais diversões do mundo tecnológico é rebentar, sem dó nem perdão, com as cinzentas convenções estabelecidas. Muito se tem falado do mercado dos videojogos nos últimos anos, e alguns dados passaram a ser quase senso comum: que é uma área que factura biliões em todo o mundo; que já vale mais do que a indústria cinematográfica; que os novos grandes jogos batem recordes de vendas – uma e outra vez. No entanto, a percepção estabelecida é que continua a ser uma opção quase inacessível e restrita apenas a alguns eleitos, os tais sortudos que conseguem – imagine-se – ter um trabalho que não se escreve de forma maiúscula, imponente, grave. Uma cinzenta convenção, das tais que se rebentam com estilo - com direito a explosão digna de título AAA. É que à medida que o software se transformava dos tais “gordos e pesados programas” para o formato de apps que levamos connosco para todo o lado nos nossos novos e reluzentes dispositivos móveis - criadas por qualquer indivíduo com uma ideia, com a capacidade de a publicar numa store e chegar imediatamente aos biliões de utilizadores em todo o planeta – também os jogos mudavam, e saltavam das consolas para tomar de assalto estes novos dispositivos. Porque sim, é verdade que representam ‘apenas’ 40 por cento dos downloads de apps a nível mundial - mas são os responsáveis por mais de 75 por cento dos lucros gerados nestes meios. Sim, mais de 12 mil milhões de euros só em 2013, um valor que triplicou desde o ano anterior. Mas, agora, numa meritocracia aberta - tal como no mundo das apps - a qualquer ideia e ao seu poder de se tornar global. A esta oportunidade, juntou-se uma autêntica obsessão pela análise de todos os cliques, toques, ou swipes dos utilizadores, permitida por uma nova geração de ferramentas que oferece aos criadores de jogos toda a informação de que necessitam para saber como evoluir - entenda-se, também, fazer mais dinheiro. E é um admirável mundo novo de modelos de negócio, em que até as convenções de preço à cabeça não têm lugar: 94 por cento E assim se transforma um sector da economia dos downloads são gratuitos, com a maior fatia dos lucros a vir de novas formas de criar valor como as in-app-purchases. Em Portugal, já lá vão os tempos do Paradise Café, do grandíssimo Elifoot ou do corajoso Under Siege, o primeiro jogo de ambição mundial para consolas feito no nosso país. A indústria está a crescer freneticamente para todos os sectores da sociedade (startups ou empresas estabelecidas, estudantes ou profissionais, em part-time ou em full-time) e está ansiosa pelo primeiro hit global, que se adivinha na forja. Projectos como os vários jogos de sucesso mundial já lançados pela Biodroid, considerado o maior caso de sucesso nacional na área, o Inspector Zé e Robot Palhaço: Crime no Hotel Lisboa da Nerdmonkeys, que alia o melhor da arte ‘retro-pixelizada’ a uma identidade bem Portuguesa, o HUSH da GameStudio78, que conquistou a atenção do mundo com uma campanha de crowdfunding, ou o ZEZ da Artbit Studios, que foi recentemente considerado por um dos maiores sites da especialidade como um potencial Candy Crush – e é uma startup de duas pessoas, sediada no norte do país. Projetcos como o novo Laboratório de Jogos Digitais do IPCA, em Barcelos, ou a aposta de empresas como a Microsoft no apoio ao ecossistema nacional. Que comecem, pois, os jogos – agora no nível seguinte. E que mostrem, aqui mesmo em Portugal, que a brincadeira é caso sério nos negócios. Uma app pode ser o principal concorrente dos taxistas. Começam a multiplicar-se os exemplos de economia colaborativa RUI OLIVEIRA MARQUES O Uber é uns exemplos mais badalados de projectos digitais que assentam na economia colaborativa, isto é, em que o modelo de negócio se baseia na partilha. O MIT calcula que a economia colaborativa possa valer 82 mil milhões de euros – quatro vezes mais do que na actualidade. Outro caso que tem despertado a atenção em todo o mundo é do o Airbnb, plataforma de alojamento de curta duração entre privados. Nasceu em 2007 e já garantiu 10 milhões de dormidas. Em várias cidades o seu uso está proibido, já que é considerado um concorrente ilegal, por não pagar impostos, dos sistemas tradicionais de alojamento. Em Portugal, apesar de o seu uso ser já popular, ainda não foram levantados quaisquer entraves. O Uber tem provocado protestos de taxistas em várias cidades da Europa. A app permite ligar passageiros que precisam de realizar viagens de carro e pessoas, com automóvel, disponíveis para fazer esse serviço. É calculada a distância do serviço pretendido e o valor que deverá ser cobrado. O pagamento é feito via cartão de crédito, sendo que o Uber retém 20 por cento. Em Portugal, encontra-se apenas disponível em Lisboa o serviço Black (carros de gama mais elevada). Aqui o preço base é de dois euros, aos quais se acresce 30 cêntimos por minuto e 1,10 euros por quilómetro realizado. Em Barcelona, por exemplo, os preços são mais competitivos já que é possível aceder ao serviço Pop, com carros de gama inferior (1 euro de tarifa inicial, mais 0,75 euros por quilómetro e 0,30 cêntimos por minuto). A Comissão Europeia considerou entretanto que partilhar gastos de viagem em carros particulares, em distâncias longas, não deve ser proibido. “Se compararmos o Airbnb e o Uber com o Google e o Facebook, as duas primeiras estão a distribuir mais riqueza. O Airbnb tem três fundadores, que são multimilionários, mas também tem 600 mil anfitriões, pessoas espalhadas pelo mundo que estão a ganhar dinheiro a arrendar os seus espaços através da plataforma. Com o tempo, veremos diferentes tipos de propriedade nas plataformas”, disse recentemente ao El País o professor norte-americano Arun Sundararajan, que investiga a forma como as tecnologias estão a mudar as empresas e a sociedade. Mas há mais exemplos de projectos assentes no conceito de economia colaborativa que pretendem mudar a forma como acedemos a novos produtos e serviços: troca de roupa (ThredUP), partilha de automóvel (Zipcar, SideCar, Lyft, Bluemove ou Getaround), empréstimos (LendingClub), alojamento (Hipmunk), troca de comida (Casserole Club, Compartoplato Shareyourmeal), crowdfunding (KickStarter, PPL ou Massivmov) e educação (StudySoup ou Udemy). 18 JULHO 2014 18 Mercado cbf.indd 18 17-07-2014 10:41:40 19 O ecrã principal? CARLA BORGES FERREIRA João Paulo Luz, director de publicidade do Sapo, não tem dúvidas de que “esta é a grande alteração que devemos enfrentar quando pensamos os nossos negócios e na forma como chegamos ao consumidor”. O profissional falava num painel sobre Mobile Marketing durante o Mobile Fórum Portugal, iniciativa conjunta da ACEPI, MMA e APDC. Durante uma conferência em que participavam também Pedro Seabra, CEO da Viatecla, e Miguel Figueiredo, CEO da excentricGrey, o responsável de publicidade do Sapo sublinhou a urgência de as marcas e empresas olharem para os seus negócios e projectos de comunicação numa lógica mobile first já que, entre os ecrãs da televisão, PC, tablet e smartphone, “o mobile começa a ser hoje o primeiro dos quatro ecrã”. Motivo pelo que, aconselha, “não devemos fazer coisas adaptáveis ao mobile mas sim coisas que são para o mobile e depois se adaptam ao computador e à televisão”. “Os quatro ecrãs convivem, não estou a dizer para pensar mobile e esquecer os outros meios, mas cada vez mais o mobile é aquele que é transversal a todas as horas do dia e que ninguém deixa em casa”, refere João Paulo Luz. À margem da conferência, moderada pelo M&P, o responsável comercial do Sapo concretiza. “No nosso entender o mobile vai ser o 1º ecrã e não uma alternativa interessante. Hoje muitos de nós dedicam muito mais horas a olhar para o pequeno ecrã do que para qualquer outro meio, incluindo a TV”. “Sem dúvida que o mobile é o ecrã que apresenta maior potencial. Se acreditarmos que as pessoas vão fazer quase tudo neste “seu” pequeno ecrã, quer seja ver televisão em broadcast, ou filmes on demand, ou navegar na internet, ou aceder às redes sociais, ou ir ao home banking, então fica claro que o mobile terá todo o potencial dos outros ecrãs, mas acrescenta outros. É o ecrã que nos acompanha 24 horas por dia, todos os dias, permitindo acumular informação que vai possibilitar segmentações muito mais finas e oportunas. Nenhum outro ecrã, ou suporte, vai ser tão poderoso”, prossegue quando questionado sobre a hipótese de o mobile marketing ser uma das mais promissoras, porém mais subestimadas áreas do marketing digital”. Miguel Figueiredo também defende ser o mobile “sem dúvida uma área muito promissora”. “Há um cuidado a ter”, salienta no entanto: “não tentar forçar os modelos de comunicação utilizados em outros devices (TV, jornal, computador, etc) ao mobile. É preciso antes reconhecer as suas características próprias e trabalha-lo como ferramenta de marketing com características muito próprias”. “O descortinar dessas características está a ser feito agora, ao mesmo tempo que os smartphones evoluem e que os consumidores adoptam novos comportamentos. Por isso é um caminho de descoberta que se vai fazendo. Em Portugal eu diria que as empresas estão a partir tarde, mas há uma consciência cada vez maior de que é um caminho que se tem que fazer”, conclui, a propósito do trabalho que tem sido desenvolvido no mercado nacional para este meio. E apesar de todo o potencial, hoje, quando se pensa em mobile marketing, o mais comum será pensarmos no envio de mensagens de texto para bases de dados que promovem ofertas de produtos, testes gratuitos de serviços ou outros tipos de campanhas promocionais. Ou, no extremo oposto, advergames, realidade aumentada, apps, vídeos, sites mobile ou QR codes. “O enorme potencial que o mobile apresenta talvez tenha direccionado as investidas de mobile marketing excessivamente para os momentos em que ele se distingue por completo dos outros meios, ao invés de o incluir desde o início na estratégia global de comunicação digital. Dito de outra forma, os devices móveis foram encarados como ferramentas extraordi- E os wearable devices? E se quando pensamos em mobile a imagem que nos assalta é de imediato a de smartphones ou tablets, o certo é que os wearable devices também podem vir a ter o seu espaço. “Acredito que os relogios vão ser de grande impacto. Têm de fazer muito mais do que o telemóvel porque para fazer o mesmo que fazem os telefones, já que nós não os vamos abandonar em casa, os relógios tornam-se redundantes. Mas vão juntar todas as features do fitness e do health e aí vão acrescentar algo de valor, e como a grande maioria de pessoas ainda usa relógio (mesmo não precisando) a 19 Mercado cbf.indd 19 bom preço esse mercado vai ser gigante. Existe também um grande entusiasmo com os óculos, mas aí já podemos ter duas perspectivas, pois se muita gente faz cirurgias para não ter que andar de óculos, ao mesmo tempo gostamos de usar óculos de sol. Mais uma vez tudo vai depender daquilo que o device acrescentar de real à nossa vida, porque se for apenas trendy não vai massificar”, comenta João Paulo Luz. “Ainda a definir o ser espaço. Mas vai ter um espaço próprio, sem dúvida nenhuma”, acrescenta, sem especificar devices, Miguel Figueiredo. A curto/médio prazo é previsível que o mobile conquiste terreno na comunicação comercial nárias para utilizações muito complexas e sofisticadas, que no futuro vão ser importantes, mas que hoje os votou a utilizações de nicho. Quando se ouve falar de mobile marketing, e se ouve de imediato falar de QR codes, realidade aumentada, etc., faz lembrar alguém que falasse do potencial da TV para os anunciantes centrada no product placement”, comenta a este propósito João Paulo Luz. Miguel Figueiredo, por seu turno, defende que todas as utilizações são possíveis, acrescentando ainda o e-commerce. Mas como traçar uma boa estratégia de mobile marketing? “Varia muito de marca para marca. Não há uma resposta nem uma utilização padrão. Para umas marcas mobile marketing pode resumir-se à criação de campanhas, para outros pode ser uma app, para outros um processo de compra, etc. O que importa acima de tudo é dominar primeiro o processo de lidar com mobile markeing. Que processo é esse?Como em qualquer área do marketing e da comunicação, primeiro há que saber quais as perguntas certas a fazer. Depois, com base nas respostas a essas perguntas, construir uma estratégia de marketing integrada, onde se define o papel do mobile. E então depois começar a pensar criativamente em preencher a esse papel”, responde o responsável da excentricGrey. Quanto aos sectores nos quais o mobile marketing se pode tornar mais relevante, responsável da agência aponta para os extremos: “tudo o que envolva retalho, e tudo o que consegue deixar de ter corpo físico - indústrias multimedia. E nos media? “Nos media vai ser um pau de dois bicos. Cria sem dúvida novas oportunidades, mas também destrói por completo modelos que estavam pensados para outros tempos. Penso que no espaço de 4 ou 5 anos, vamos assistir a uma realidade de media radicalmente diferente, com outro tipo de players a ganharem um maior protagonismo”, prevê Miguel Figueiredo. O CEO da agência não arrisca avançar o potencial de mercado do mobile marketing, que representa menos de 15 por cento da facturação da excentricGrey. No Sapo, João Paulo Luz afirma que a publicidade mobile se aproxima dos 15 por cento, sendo a tendência de crescimento. 17-07-2014 10:42:51 20 ENTREVISTA “É preciso usar todos os canais em vez de apenas converter um anúncio de TV num anúncio mobile” Em entrevista exclusiva ao M&P, Chris Babayode, managing director EMEA da Mobile Marketing Association, olha para o actual momento do marketing mobile e comenta alguns dados PEDRO DURÃES “O mobile vai efectivamente mudar o mundo”. A afirmação pertence a Chris Babayode, managing director da Mobile Marketing Association para a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), que esteve em Portugal para uma das conferências do Mobile Fórum Portugal, uma iniciativa da ACEPI, da APDC e da MMA Portugal. Segundo o responsável sediado no Reino Unido, que aproveitou a visita para conceder uma entrevista exclusiva ao M&P, em 2017 cerca de 70 por cento da população mundial vai ter telemóvel e 34 por cento um smartphone, número que em 2013 estava nos 20 e se espera que chegue aos 24 por cento até ao final deste ano. Além disso, a percentagem que o consumo mobile já representa do total da utilização da internet, que em 2013 era de apenas 8 por cento na Europa, deverá duplicar em 2014 para os 16 por cento, chegando aos 25 por cento a nível global, valor puxado para cima pelos números da região asiática e de África, onde o mobile representará este ano, respectivamente, 37 e 38 por cento do consumo de internet. Perante estes números, Chris Babayode não tem dúvidas de que este é o momento certo para investir no mobile, algo a que os marketeers parecem não estar alheios já que, segundo os dados apresentados pelo managing director EMEA da MMA, 68 por cento dos responsáveis de marketing planeiam investir mais nesta área do digital e, para 76 por cento, este é mesmo o meio/canal mais próximo que existe do consumidor. 72 por cento acreditam mesmo que o mobile é a melhor maneira de alcançar ROI e 68 por cento apontam ainda a capacidade do mobile para transformar o modelo de negócio de marcas e empresas. Em 2014 espera-se que o investimento em publicidade móvel na Europa Ocidental represente quase um quarto do investimento global (23 por cento), situando-se nos 31,4 milhões de dólares a nível global e 7,1 milhões na Europa Ocidental, devendo manter-se a mesma percentagem em 2018, quando esse investimento poderá chegar aos 94,8 milhões de dólares, 21,6 dos quais nesta região, ou seja, o triplo daquilo que é investido actualmente no espaço de quatro anos. Meios & Publicidade (M&P): O número de dispositivos móveis tem vindo a crescer de forma exponencial e os hábitos de consumo de media estão a mudar, com grande parte desse consumo a virar para o digital e, sobretudo, para o mobile. Apesar disso, o investimento em publicidade móvel continua a ser apenas uma sombra do investimento em meios tradicionais. Por que é que isto ainda não mudou? Chris Babayode (CB): Penso que a razão é histórica, o comportamento do consumidor move-se para o online, move-se para o mobile, mas os sistemas, os processos, o planeamento e o investimento publicitário demoram sempre mais tempo a mover-se nesse sentido. O consumidor move-se sempre mais rapidamente mas, eventualmente, o investimento vai acompanhar, apenas demorará mais algum tempo, como demorou com qualquer outro novo meio. M&P: Quando lhe parece que esse cenário vai começar a mudar? CB: Diria que não vai haver um momento de viragem claro. O que vai acontecer é que as linhas que separam publicidade, marketing, promoção, serviço a clientes, vão simplesmente desvanecer-se. Isso significa que, quer seja um anúncio textual quer seja um anúncio display ou até uma acção de promoção num dispositivo wearable, todas estas coisas vão simplesmente ser publicidade comercial e não será fácil discernir o que é imprensa, o que é televisão e o que é digital… Tudo vai tornar-se mais integrado. M&P: Como é que essa mudança de paradigma será integrada no planeamento de marketing? CB: Penso que os marketeers vão começar a pensar sobre como posso alcançar o meu consu- 18 JULHO 2014 20-21 Entrevista cbf.indd 20 17-07-2014 12:18:50 21 midor, onde está o meu consumidor e como posso comunicar com ele. Seja através de uma promoção directa no seu smartphone ou um anúncio de 30 segundos em televisão, eles continuarão a ter de tomar essas decisões, mas as linhas vão desvanecer-se. M&P: Referiu, na sua apresentação durante o Mobile Fórum Portugal, que 76 por cento dos marketeers já consideram que o mobile é o meio mais próximo do consumidor. Ainda assim, a fatia de leão continua a ser investida nos meios tradicionais. CB: Há um conjunto de razões para isso acontecer. O desafio para os marketeers passa agora pelo “como?”, em vez do “porquê usar o mobile?” de há alguns anos atrás. Isso já tem resposta no comportamento do consumidor e nos números disponíveis, que não deixam dúvidas de que há fortes razões para investir no mobile. O desafio agora é como fazê-lo e como alcançar o consumidor, eu já sei que posso chegar mais próximo do consumidor mas como o faço? Por isso, o desafio agora é perceber e conhecer as best practices, em vez de reinventar tudo de cada vez que há uma campanha. À medida que esse conhecimento e compreensão cresce entre as equipas de marketing e publicidade das marcas e agências, isso vai dar confiança às pessoas no sentido de tomar a decisão de chegar mais perto do consumidor. É isso que os programas da MMA tentam fazer, fomentar a confiança, o conhecimento, o know-how, de maneira a que os marketeers e agências possam depois mover os seus budgets para onde estão os consumidores. M&P: Sente que as marcas já estão conscientes desta necessidade de acompanhar esta mudança de comportamento do consumidor em direcção ao mobile? CR: A consciência está lá, pode sempre haver mais, mas penso que as marcas já estão bem alerta para esta realidade. Mas, como digo, o desafio agora é transformar essa consciência em oportunidades de marketing e publicidade. E claro, serem capazes de o fazer com escala, ou seja, muitas vezes, por todas as marcas e em todos os países. M&P: Referiu um exemplo que mostrava que o mesmo budget investido no mobile pode permitir à marca alcançar mais 2,5 milhões de consumidores. Este tipo de argumentos ainda não convence os marketeers quando tentam promover o mobile na associação? CB: É uma boa questão, porque lançámos estes dados há apenas dois meses e esperamos reforçar e continuar com essa mensagem. O que acontece actualmente é que o custo por mil impressões no digital está num ponto mais baixo do que o da maioria dos meios tradicionais, pelo que o mesmo budget permite uma cobertura maior, mais pessoas e, sobretudo, pessoas diferentes. Mas um dos desafios que temos em convencer os marketeers, enquanto Associação de Marketing Mobile, passa por fazer crescer e espalhar este conhecimento, estes dados, para fomentar a confiança no mercado. Para isso, criámos aquilo a que chamámos de marketeer advisory board ou MM25 (Mobile Marketing 25), onde os marketeers têm a oportunidade de se juntar, aprender com as experiências uns dos outros, trocar conhecimento e best prac- 20-21 Entrevista cbf.indd 21 tices, no sentido de levar à acção e conseguirem optimizar os seus budgets. M&P: Equacionam realizar essa iniciativa no mercado português também? CB: Acabámos de o lançar nos EUA, mais para o fim deste ano espero já poder realizar um na região EMEA para ver as coisas da perspectiva europeia. Por isso, talvez não este ano, mas provavelmente mais tarde à medida que mais marketeers aderirem à iniciativa. M&P: Como está o potencial de crescimento do mobile na região EMEA? CB: É difícil apontar números de cabeça, mas o que posso dizer é que temos actualmente uma dinâmica interessante de progressão do mobile na região porque temos países onde a penetração de smartphones é muito proeminente, com muita publicidade em torno do mobile, vídeo e display, e depois países como os de África e Médio Oriente onde temos mais feature phones (telemóveis tradicionais), que podem aceder à web mas prevalece muito o SMS como canal de marketing e também resulta bem. M&P: Quais serão as características de uma estratégia de marketing mobile eficiente? CB: Penso que as melhores características irão girar em torno de conhecer bem o consumidor e usar bem a informação, compreender bem as ferramentas de data e analytics, e ter bons canais de comunicação no seio da empresa para passar essa mensagem. O mais importante será ter um conhecimento profundo do consumidor e do seu comportamento e também, diria, uma cultura e uma vontade de experimentar e testar estratégias no mobile. Por fim, o mobile representa um conjunto de canais, desde tablets, smartphones, feature phones, display, vídeo, SMS, e-mail marketing. É preciso usar todos estes canais em vez de apenas converter um anúncio de televisão num anúncio mobile, isso é “À medida que a empresa crescer e o mobile se tornar mais central para o negócio, todos os profissionais terão de ser praticantes mobile” apenas uma dimensão. M&P: E quais desses canais serão os mais eficientes? CB: O pensamento em torno da estratégia mobile deve passar mais pela compreensão de quando é eficiente utilizar todos eles ou cada um deles, que altura do dia, em que dia da semana, se é para comunicar com um consumidor já existente, um consumidor leal, ou pelo contrário se vamos falar para um potencial cliente, porque o debate não deve ser nunca um vs outro mas sim qual a melhor altura e situação para usar cada um dos canais. M&P: A quem devem as marcas confiar a sua estratégia mobile, às agências digitais e unidades especializadas em mobile ou às agências tradicionais com oferta integrada? CB: Continuo a pensar que é importante as marcas trabalharem com um conjunto de agências, quer pertençam todas ao mesmo grupo quer seja independentes entre si, porque umas vezes é preciso especialização e agilidade, noutras, de uma perspectiva de compra de meios, a dimensão e escala é importante. Mas o elemento chave é haver entre todas as agências a trabalhar a marca uma forte comunicação, a marca tem de se assegurar que elas comunicam entre si e que a informação obtida por uma agência deve ser partilhada e usada em campanhas futuras. Os anunciantes precisam de assegurar que há comunicação entre as várias agências que possam estar a trabalhar a marca. M&P: Mas quem deve ter a palavra final sobre a estratégia para o mobile? CB: O cliente (risos). M&P: As empresas deveriam ter especialistas em mobile in-house? CB: Isso é uma boa questão. Talvez seja uma questão de evolução, primeiro ter especialistas em mobile e depois comunicar essa cultura por toda a empresa é um bom pontapé de saída, mas à medida que a empresa crescer e o mobile se tornar mais central para o negócio, então todos os profissionais terão de ser praticantes mobile. Penso que a especialização deve ser uma raiz como meio para inserir a cultura mobile entre todos os elementos da empresa. M&P: Quais são as principais oportunidades trazidas por estes dispositivos ao nível do marketing? CB: Terão de ser a capacidade acesso ao consumidor e a compreensão que isso traz do actual e do potencial consumidor da marca. Acredito mesmo que essa capacidade é o elemento central do mobile, perceber o tipo de coisas que compro, onde compro, por onde ando, e tirar partido do conhecimento sobre o comportamento do meu actual consumidor para fazer ajustes no sentido de chagar a potenciais clientes. Depois, mesmo dentro dos que já são consumidores do meu produto, pode haver uma segmentação entre os leais e frequentes, que compram três ou quatro vezes, e os que compram apenas uma ou duas, atribuindo recompensas aos frequentes e incentivos para que os outros passem a ser frequentes e depois passem para a segmentação das recompensas para se manterem clientes frequentes. A maior oportunidade é essa, conhecimento e informação sobre o comportamento do consumidor em todo o processo de compra. 17-07-2014 12:18:50 22 MERCADO O que as agências andam a fazer no mobile Falar em projectos mobile ainda é, na maioria dos casos, sinónimo de criar uma aplicação ou simplesmente adaptar o site da marca aos dispositivos móveis. Mas já há alguns casos em que pensar mobile vai um pouco mais além. Aqui ficam alguns exemplos daquilo que está a ser feito PEDRO DURÃES A app da Bliss para a Staples Foi lançada em Fevereiro a aplicação que a Bliss desenvolveu para a Staples. O objectivo era concentrar num só sítio um grande conjunto de funcionalidades para quem visita uma loja Staples e também melhorar o customer engagement. Algumas das funcionalidades são mais simples, como dar informação sobre produtos e serviços ou dar acesso rápido à localização das lojas Staples e ao contacto directo via telefone ou email. Outras, explica André Gil, managing partner da Bliss, foram mais desafiantes: “Pretendia-se dar acesso ao cartão de cliente, à consulta de status da conta de cliente, a vales de desconto e de pontos e à possibilidade de utilizar os vales em loja, sem recurso a papel. E que os conteúdos fossem direcionados mediante o tipo de cliente (para empresas e particulares, ou professor + para professores). Pretendeu-se personalizar e adequar a mensagem em função de quem as recebe. Outro aspecto em destaque foi a possibilidade de utilização dos vales no smartphone, para o qual desenvolvemos um sistema de segurança reforçado”. A app dispõe de algumas funcionalidades que estão disponíveis apenas para utilizadores em mobile, nomeadamente promoções exclusivas, e está disponível para Android e iOS. Saraiva + Associados no mobile com a By A equipa da By, que desenvolveu o site para o atelier de arquitectos Saraiva + Associados, lançado em Abril passado, destaca como principais desafio da sua versão para mobile dar prioridade ao conteúdo. Por um lado, é um site que vive de muitas imagens, e muito grandes, que num gabinete de arquitectura se assumem como um elemento diferenciador da comunicação, e não apenas como uma “ilustração”. Por outro lado, existe neste site uma grande diversidade de conteúdos (textos, galerias, notícias, projectos), o que poderia resultar numa estrutura de site extremamente complexa. Portanto, o desafio da responsiveness, Foi para colmatar esse problema que a ComOn criou o TapMyBack, uma app simples e divertida, onde os membros de uma equipa dão reconhecimento entre si. Dá aos colaboradores a motivação para continuarem a melhorar a sua produtividade e performance, repetindo acções que tiveram um impacto positivo na equipa. de proporcionar uma experiência o mais adequada possível, tendo em conta o dispositivo a partir do qual é feito o acesso, era enorme, particularmente na solução para mobile. Refira-se ainda o desafio acrescido de se tratar de um site multilingue, já que o atelier fundado por Miguel Saraiva, em Lisboa, tem hoje escritórios em 10 países. Por fim, a equipa da By destaca a responsabilidade de conceber um site à imagem do atelier, que espelhasse valores como a precisão técnica e a qualidade conceptual, e onde todos os que dele fazem parte se revissem profundamente. Uma palmadinha nas costas da ComOn Por vezes esquecemo-nos da importância de um obrigado na motivação dentro de uma equipa. Como tornar esse reconhecimento fácil, divertido e parte integrante da cultura de uma empresa? A resposta a essa pergunta tem que passar invariavelmente por uma solução simples e acessível em qualquer local. Num mundo de trabalho cada vez mais global e móvel, com equipas fragmentadas por vários locais, torna-se fundamental uma solução mobile para este desafio. O reconhecimento, para não ser esquecido, tem que ser feito na hora, em qualquer local, seja à saída de uma reunião com um cliente, seja do escritório de Portugal para um colaborador no outro lado do mundo. Fullsix meteu o campeonato nacional de surf no bolso Integrada na estratégia da marca Moche e à sua associação ao surf, a aplicação Surf Moche é a app oficial do campeonato nacional de surf, a Liga Moche. A aplicação, desenvolvida pela Fullsix, contempla notícias actualizadas de surf, em parceria com a OnFire, a apresentação do calendário das etapas do campeonato, incluindo a emissão em directo das provas, e um serviço de alertas que partilha em tempo real as informações mais relevantes de cada prova (início das provas, vencedores dos rounds, estado do mar). Como “braço mobile” da Liga Moche, a aplicação é um canal privilegiado para comunicar com o target que cresce em número de downloads e número de acessos a cada etapa e que regista um número de visitas e acessos à emissão em directo superiores aos registados no site em dias de prova. Os alertas (push notifications) Moche Surf são também um factor de sucesso da aplicação, em que mais de 80 por cento dos utilizadores da app subscrevem este formato de mensagens. Grand Union à boleia da Sagres nas Festas de Lisboa Inserido na campanha 360º das Festas de Lisboa e no âmbito da sua estratégia de Responsabilidade Social, a Sagres disponibilizou uma linha de autocarro gratuita em circulação na noite de 12 de Junho. O itinerário, com várias paragens em locais estratégicos, foi anunciado no jornal Metro, em mupis e online. Numa acção que utiliza a plataforma mobile como um enabler 18 JULHO 2014 22-23 Mercado.indd 22 17-07-2014 12:20:05 23 antes da hora programada toca, com uma mensagem de aviso de que está na hora de ir dormir. Na fase inicial a app permitia aos consumidores pedirem uma amostra gratuita para experimentarem o Nescafé Galão Original. Em apenas um mês, a campanha gerou 39.393 pedidos de amostra, 244.108 page views e 2.515 downloads da app. de uma experiência física, activando um QR code presente nestas peças de comunicação, os noctívagos acediam a um mobile website que indicava a localização exata do autocarro em tempo real. Para além disso, no mesmo mobile website, era servido um feed Instagram de fotografias partilhadas com a hashtag #somoslisboa. Cerca de três mil pessoas acederam a este website móvel nessa noite. O laboratório de cor da CIN Um projecto de pintura não acontece por impulso, pelo contrário, é o resultado de um processo de maturação, que envolve sempre uma questão fundamental - Com que cor? Para ajudar a responder à questão, a Isobar criou o conceito Pinte antes de pintar. Têm sido várias as iniciativas e serviços criados pela marca no contexto deste conceito, sempre com uma preocupação central: oferecer algo de verdadeiramente útil e prático aos consumidores. Muitas são as ocasiões em que esta questão se coloca longe de um computador, num almoço entre amigos, numa obra, numa conversa na rua, o acesso à informação é crítico. Para isso, a Isobar criou o CIN Color Lab Spy, uma app para iPhone que permite identificar a cor mais próxima do catálogo de tintas CIN a partir de uma fotografia. Para além da sua função principal, a app permite ainda consultar livremente os vários catálogos da marca e ainda identificar a loja mais CIN mais próxima a partir de localização GPS. As cores podem ser guardadas em colecções pessoais para utilização posterior. A app recorre a uma algoritmo de análise de comparação de atributos de cor que permite obter o equivalente mais próximo de uma forma surpreendente. Após o seu lançamento, a app chegou ao primeiro lugar do top de aplicações utilitárias gratuitas no iTunes, e conta actualmente com mais de 20 mil instalações. Um videoclube na palma da mão com a More A temática do cinema está directamente relaccionada com o conceito de entretenimento. O cinema desperta emoções, diverte e cativa. Por esta razão, desenvolver um qualquer novo meio de comunicação digital para 22-23 Mercado.indd 23 os canais TVCine e Séries teria sempre que trazer consigo uma experiência de utilização diferenciadora. Algo que cativasse o utilizador no primeiro instante e o transportasse para um universo de imagem, vídeo e som, de puro entretenimento. Focados na criação de um maior engagement com os clientes e potenciais clientes dos canais, a More colocou à disposição destes várias plataformas de interação com a marca, todas elas integradas e sincronizadas. Uma aplicação mobile, iPhone e Android, gratuita e totalmente integrada com o website, e com uma aplicação Facebook dos canais, actualizada de forma automática com os conteúdos mais recentes. Com um único registo e através de qualquer um dos meios, o utilizador pode facilmente definir alertas personalizados para toda a programação, a qualquer hora e onde quer que esteja. Pensada com o objetivo de proporcionar uma experiência muito visual e interactiva, mas simultaneamente focada no que é importante para o utilizador - um acesso rápido, simples e intuitivo a todos os conteúdos dos canais - a aplicação mobile TVCine e Séries conta já com mais de 46 mil downloads e cerca de 9 mil utilizadores registados. Um despertador que diz quando ir para a cama Para promover o novo Nescafé Galão Original, uma mistura de pequeno-almoço que dá toda a energia necessária a começar o dia da melhor forma, foi pedido o desenvolvimento de uma campanha online, mini-site e app mobile para divulgar conceito de marca e com possibilidade de pedido de amostra. A Ogilvy criou então um mini-site onde cada pessoa podia receber uma recomendação de pequeno-almoço consoante o tipo de trabalho, patrão, clima do dia e meio de transporte utilizado. O mini-site permitia ainda o pedido de amostra gratuita, onde o consumidor podia ver a saqueta ultrapassar diferentes obstáculos até chegar à morada indicada. Paralelamente, a Ogilvy desenvolveu uma app para Android e iOS que é um despertador único, o primeiro despertador que toca quanto é hora de ir dormir, garantindo assim que cada pessoa dorme as oito horas recomendadas. Ao colocarmos as horas a que queremos acordar, a app faz as contas e 8 horas Activar Portugal com a Microsoft cria centro de emprego numa app A plataforma digital Ativar Portugal é uma iniciativa da Microsoft Portugal que visa promover a criação de emprego qualificado, formação, certificação oficial e valorização de competências em TI. Foi concebido em responsive design com uma abordagem mobile first, em que a solução foi desenhada pensando no smar- tphone como o primeiro ecrã. Assim, o smartphone torna-se o primeiro ecrã e o foco é na experiência do utilizador nesse suporte. O design e o desenvolvimento do website começa então a ser pensado para smartphone e expande para os outros suportes, nomeadamente para desktop. Deste modo toda a concepção começa no ecrã mais reduzido ao invés dos designers conceberem o site para desktop e “encolherem” os conteúdos para caberem no ecrã de smartphone. A app dos Xutos & Pontapés A Go4digital criou uma app mobile, iOS e Android, com toda a media dos Xutos actualizada até hoje, com fotos e vídeos exclusivos, música, discografia e biografia da banda. Além disso, pode-se receber notificações dos próximos concertos em primeira mão, saber toda a agenda e ter acesso às noticias da banda. A Go4digital incluiu o Facebook na app permitindo aos fãs estarem mais perto da banda, fazendo comentários, likes e muito mais. Actualmente três mil fãs utilizam regularmente a app. Os textos apresentados são da responsabilidade das agências, tendo o jornalista apenas recolhido e editado os mesmos 17-07-2014 12:20:09 24 MERCADO Um mercado em expansão com lançamentos constantes Os valores não enganam. Vários estudos dão conta do crescente número de dispositivos móveis no mercado português, sendo esperado que esse aumento continue a fazer-se sentir nos próximos cinco anos. As marcas não querem ficar para trás e os lançamentos sucedem-se PEDRO DURÃES Em Portugal, tal como no mercado mundial, o mercado dos smartphones é liderado pela Samsung, que tinha no terceiro trimestre de 2013 (os dados mais recentes da IDC) uma quota de mercado na ordem dos 38 por cento, surgindo em segundo lugar a LG, com 16 por cento (quarta maior fabricante a nível mundial), e em terceiro a Apple, com 9 por cento (segunda a nível mundial). Vários analistas prevêem agora que o crescimento passe muita também pela oferta de smartphones de baixo custo, com as marcas a apostarem em aparelhos mais simples para chegar a essa fatia de mercado ao mesmo tempo que continuam a direccionar para os modelos de topo a inovação constante esperada pelos consumidores desse patamar económico. Exemplo disso é a Nokia, que lançou nestes meses de Junho e Julho os primeiros modelos de smartphone nascidos depois da aquisição da empresa por parte da Microsoft: o Lumia 630 (com preço a começar nos 150 euros) e o Lumia 930 a apontar para o segmento de topo. Numa apresentação dos novos aparelhos à imprensa, referia-se que os objectivos são claros: chegar a uma quota de dois dígitos até ao fim do ano. A meta é traçada por João Couto, director-geral da Microsoft Portugal, que na era PC, chegou a ter uma quota de mercado de 95 por cento e hoje fica-se pelos 12 por cento. A Nokia era líder incontestada nos telemóveis mas não apanhou o comboio dos smartphones e deixou-se ultrapassar, sobretudo pela Apple e pela Samsung. Assim sendo, o objectivo agora passa por crescer de forma significativa a um ritmo que permita “alcançar no curto-prazo, até ao final do A Nokia quer chegar os segmentos mid e mid low com modelos a começar nos 150 euros ano, uma quota de mercado de dois dígitos”, adiantava João Couto. Já sobre a estratégia de marca, que para já continua a apresentar a imagem da Nokia na área dos smarphones (designada agora Microsoft Devices), o responsável garante que “não há ainda nada definido” mas que uma coisa é certa: “não vai ser Microsoft Nokia Lumia, não vamos manter um comboio de marca que não teria sentido nenhum”. Fica em aberto, portanto, a possibilidade de surgir uma nova marca e um rebranding mundial da actual Nokia. Em relação ao posicionamento para atacar o segmento dos smartphones em particular e do mobile em geral, João Couto afirma que tudo girará em torno da assinatura Mobile First, Cloud First. Isto porque a empresa acredita que a tendência passará por aí, já que com vários devices por utilizador, o fundamental será ter acesso a toda a informação na cloud. “Cada pessoa vai ter em média três equipamentos ligados e haverá mais mil milhões de smartphones até 2016, 35 por cento só para fins profissionais”, prevê, sublinhando que “o maior crescimento mid e mid low, com os equipamentos a baixarem de preço” levará a que “a muito curto prazo apenas haverá smartphones”. Aliás, de acordo com Luís Peixe, country manager da Nokia, os “modelos low end serão 52 por cento das vendas em 2017”. 18 JULHO 2014 24-25 Mercado.indd 24 17-07-2014 12:21:55 25 Na LG a área mobile já vale quase um terço do negócio. O novo LG G3 chegou este mês Não porque os segmentos mais altos não adoptem mas precisamente porque já adoptaram e esse crescimento já foi feito. A estratégia de mercado, adianta Luís Peixe, assentará “em cinco pilares: design, inovação, oferta de todos os segmentos, foco no desenvolvimento de apps e nos developers, e oferecer experiências similares em todos os ecrãs sem degradação na experiência quando descemos nos segmentos de preço”. Do lado da LG, a grande novidade no sector dos aparelhos móveis é o lançamento, anunciado no passado dia 19 de Junho, do novo LG G3, um exclusivo Meo. O novo smartphone topo de gama da marca no mercado português surge com o lema Simple is the New Smart e vem com promessas de ser o melhor smartphone desenvolvido pela marca. “É importante consolidar os avanços tecnológicos dos produtos com um interface mais simples. O LG G3 é o fruto do nosso esforço para actualizar esta visão e estamos extremamente contentes com o resultado”, referiu Tiago Sá, director da unidade de negócio de Mobile Communications LG Portugal. Com um ecrã de 5,5 polegadas, o aparelho conta com 3 GB de memória RAM, processador quad-core Snapdragon 801, 32 GB de armazenamento, câmara de 13 megapixéis e câmara frontal de 2.1 megapixéis. O LG G3 chega às lojas este mês com um preço recomendado de 629 euros na versão livre de operadora, e por 499 na Meo. Questionado sobre a estratégia no mercado português para atacar o primeiro lugar detido pela Samsung aproveitando a posição de challenger quando a nível mundial ainda estão atrás da Apple, Hugo Jorge, director de marketing da LG, refere apenas que “a estratégia global passa por aumentar as vendas nos segmentos premium e assegurar um crescimento sustentável, através do desenvolvimento de novos produtos”. “O sucesso da nossa marca está no forte compromisso na área da investigação e desenvolvimento, bem como em sinergias estratégicas com a LG Chemical, LG Display e LG Innotech, para desenvolvimento de baterias mais potentes, ecrãs de melhor resolução e câmaras mais poderosas”, sublinha, afirmando acreditar que “estamos no caminho certo”. “Começámos o ano 24-25 Mercado.indd 25 com o lançamento do LG G Flex e acabámos de apresentar ao mercado o LG G3, dois excelentes exemplos que reflectem esta nossa intenção estratégica”, reforça. Estando a LG em muitas outras áreas além dos dispositivos móveis, ao contrário da Apple e da Nokia, Hugo Jorge adianta que “esta unidade representa já 30 por cento do negócio da empresa. É um segmento estratégico para nós e temos por isso expectativas ambiciosas para esta área de negócio. Contamos este ano vender mais de 300 mil equipamentos móveis e manter a nossa quota de mercado acima dos 15% por cento”, aponta. A líder no mercado português concentra todas as fichas no lançamento do novo tablet Samsung Galaxy Tab S, apresentado ao mercado na passada semana e colocado há venda no dia 11 de Julho, que a marca define como “o tablet mais fino e leve de sempre da Samsung”. “O novo Samsung Galaxy Tab S vem revolucionar a categoria em produtos Samsung. Numa era onde o segmento tablet tem experienciado um forte crescimento em Portugal, a Samsung alia a melhor tecnologia de imagem a um design leve e sofisticado para levar a experiência de entretenimento ao nível seguinte,” refere Nuno Parreira, director da área de integrated mobility da Samsung Portugal. Além de uma série de aplicações exclusivas, a aposta no mercado português conta com parcerias locais, através das quais o novo Tab S vai disponibilizar conteúdos em português como a subscrição dos jornais digitais do Público e A Bola durante três meses, e a subscrição de várias revistas O novo tablet da Samsung acaba de chegar ao mercado português com dois modelos, de 8 (399 euros) e 10 polegadas (499 euros) durante 12 meses. Além disso, nesta capítulo da imprensa, a parceria internacional entre a Samsung e a Condé Nast International oferece aos utilizadores do Tab S acesso gratuito, durante 3 meses, a um total de 23 títulos internacionais de meios de comunicação como a Vogue, Vanity Fair, GQ, Wired entre outros. Relativamente a expectativas para o desempenho deste aparelho no mercado português, Nuno Parreira refere ao M&P que “são números que não podemos divulgar, no entanto, podemos afirmar que os nossos objectivos são bastante ambiciosos e que trabalhamos arduamente para os atingir”. “Ainda no ano passado, JK Shin, CEO da área de TI e comunicações móveis, afirmou publicamente que o objectivo global da Samsung seria atingir 40 milhões de vendas especificamente no segmento tablet. Este número já foi alcançado e as vendas não pararam de crescer até hoje”, recorda o responsável, acrescentando que “com o lançamento do novo Galaxy Tab S acreditamos que estamos a disponibilizar ainda mais benefícios ao consumidor, o que seguramente ajudará a Samsung a fortalecer a posição no mercado”. Em termos de outras apostas da marca no sector mobile, Nuno Parreira recorda que “lançámos recentemente o nosso topo de gama em smartphones, o Galaxy S5. É o melhor da marca até à data, incluindo as mais recentes novidades no que respeita à tecnologia utilizada, oferecendo um mundo de funcionalidades, num só produto”. “Adicionalmente, lançámos também o Galaxy K Zoom, que promete cativar os apaixonados por fotografia. Na área de tablets, lançámos o Galaxy Tab 4, e agora o Galaxy Tab S”, enumera, frisando que “no fundo, o nosso principal objectivo é lançar produtos orientados para as necessidades pessoais e profissionais dos utilizadores. Temos um compromisso permanente com a inovação inspirada nas pessoas, é esta inovação que torna os nossos dispositivos móveis produtos fortes e competitivos e, com este lançamento, avançamos no sentido de consolidar este objectivo”. Questionado sobre o que representa actualmente a área mobile no volume de negócios da Samsung em Portugal, Nuno Parreira não fala em números, adiantando apenas que “a área de dispositivos móveis tem um peso significativo dentro da Samsung, quer a nível nacional quer a nível global, daí que o nosso objectivo nesta área passe por manter o bom desempenho da marca no mercado português, à semelhança do que tem acontecido no estrangeiro”. “Estabelecemos, todos os anos, metas ambiciosas e pensamos estar no bom caminho para as atingir. De qualquer forma, o nosso trabalho está focado em disponibilizar as melhores soluções a nível tecnológico aos consumidores, ou seja, queremos optimizar a sua a vida profissional e pessoal”, define. Nesta campo, uma das novidades do Galaxy Tab S é a possibilidade de partilhar o aparelho criando até oito perfis de utilizador diferentes. Com uma posição menos forte em Portugal do que a nível global, onde é o segundo player, a aposta da Apple em termos de novos lançamentos para este ano passa pelo novo iPhone6, dispositivo que poderá ser lançado a nível mundial no próximo mês de Setembro. Confiança no produto parece não faltar já que, segundo adianta a Business Weekly, a Apple terá feito a maior encomenda de sempre para um lançamento: 68 milhões de unidades, o dobro do que foi pedido para o iPhone 5. A Apple está a guardar o seu trunfo e o novo iPhone6 só deverá chegar em Setembro 17-07-2014 12:21:58 26 MERCADO Revistas e jornais para levar no bolso PEDRO DURÃES No princípio era o iPad. Visto como messias por parte de um sector da imprensa a definhar perante a migração dos leitores para o universo digital, o tablet da Apple trouxe a promessa de pôr toda a gente a ler jornais e revistas que já não liam em papel. Não faltaram candidatos ao primeiro salto, dois deles com grande burburinho mediático mas com destinos totalmente destintos. Hoje só um desses projectos continua a existir. Quando o iPad foi lançado não se falava noutra coisa no mundo dos media para além do novo jornal de Rupert Murdoch, The Daily, um jornal diário criado em exclusivo para o tablet da Apple. Foram contratadas mais de 100 pessoas e o magnata prometia uma revolução da imprensa. Só que menos de dois anos depois do seu lançamento, o The Daily chegava ao fim. “Desde o seu lançamento, o The Daily foi uma experiência arrojada entre as publicações digitais e um espantoso veículo de inovação. Infelizmente, a nossa experiência mostrou-nos que não conseguimos encontrar uma audiência suficientemente grande e de forma rápida que nos convencesse de que o modelo de negócio era sustentável no longo prazo”, justificava o grupo em comunicado no mês de Dezembro de 2012. O outro projecto exclusivo para iPad chama-se precisamente Project Magazine e é uma revista inspirada na bem sucedida Wired e lançada pelo milionário da Virgin Richard Branson, que ainda hoje continua de pé. No entanto, a regra continua a ser a de títulos impressos lançarem versões para dispositivos móveis, com inúmeros casos de sucesso a nível internacional, como as revistas Wired, New Yorker ou Esquire (ver caixa sobre as 10 melhores apps de revistas). Em Portugal, a Revista do Expresso chegou a integrar uma lista internacional das melhores aplicações de revistas nos tablets em 2013, assim como a Visão no ano anterior, ambas do grupo Impresa, que continua a apostar no mobile agora com o lançamento do Expresso Diário, disponível no desktop mas criado a pensar nos utilizadores de aparelhos móveis, mas não esteve disponível para falar com o M&P. Quanto a projectos criados de raiz, em exclusivo ou a pensar primeiro no mobile, são ainda pouco os exemplos, quer a nível nacional quer internacional. No panorama português, foi lançada na última semana a primeira revista masculina exclusivamente online, com um site, versão desktop, smartphone e tablet com periodicidade mensal, a Men’sCode, editada pela agência digital Sales Engine Online e dirigida por José Mascarenhas, ex-director da extinta Penthouse Portugal. “O digital é o presente”, afirma o responsável em declarações ao M&P, sublinhando que isso “não significa que a imprensa física vá terminar, mas claramente que estamos a caminhar para uma mistura entre as duas coisas”. “O nosso público-alvo (homens dos 20-45) está mais virado para o digital e já se começa a sentir confortável a ver revistas online, quer seja no computador, tablet ou telemóvel. Por isso, a nossa revista foi 100 por cento pensada para web, com conteúdos do site actualizados diariamente e uma edição da revista nova todas as primeiras quintas-feiras de cada mês”, refere. Sobre os motivos da aposta exclusivamente digital, José Mascarenhas explica que “infelizmente as revistas masculinas em Portugal Os hábitos de consumo de media têm avançado em direcção à digitalização, empurrados pela massificação dos smartphones e, sobretudo, dos tablets. A oportunidade está nas prioridades de vários títulos impressos, que alargam presença a estes dispositivos e há já alguns projectos a nascer em exclusivo no mobile ou a pensar mobile first tendem a fechar e a Penthouse não foi caso único. As causas são variadas e passam por custos editoriais muito elevados, poucas vendas em banca, pouca adesão por parte do público, entre outros. Na Men’sCode reduzimos muitos desses custos, abdicámos da edição impressa e apostámos na divulgação online, em redes sociais, blogues e fóruns”. Relativamente ao modelo de negócio adoptado, o director editorial deste novo projecto explica que estão “focados em criar um bom produto, com bons conteúdos, com que o público se possa identificar”. “O nosso objectivo agora é criar audiência e dar a conhecer a marca, que é desconhecida e, numa segunda fase, vamos implementar um modelo inovador, baseado em publicidade, com campanhas originais e eficazes junto do target”, adianta, explicando que “para que o modelo digital e online funcione teremos que oferecer mais do que o print oferece actualmente e não só oferecer branding. Para já, vamos investir no crescimento da audiência. Queremos que este segmento masculino não desapareça e até possa crescer, de forma consistente, num modelo novo e digital”, reforça. Em Maio, arrancou aquele que foi anunciado como o primeiro projecto de media nativo digital em Portugal, o Observador, o único diário generalista exclusivamente online no mercado português. Questionado sobre se no desenvolvimento do projecto a preocupação digital first foi também mobile first, Diogo Queiroz de Andrade, director criativo do Observador, refere que “o foco é o da coerência da experiência. Queremos que o utilizador sinta que está no Observador independentemente de aceder via desktop ou mobile, via app ou browser”, explica. Por isso, diz, “o nosso produto é pensado para ser consumido da melhor maneira possível nas várias plataformas, aproveitando o melhor que elas têm para o leitor de modo a melhorar a sua experiência”. Apesar de não terem assumidamente focado o mobile como prioridade, a precupação de ter uma experiência positiva nestes dispositivos parece ter dado frutos. Segundo o director criativo do título, “até ao final de Junho tivemos uma média de 39 por cento de acessos mobile, com clara tendência de crescimento, e já temos picos acima dos 60 por cento”. “As tendências de comportamento são claras, em comparação com o utilizador de desktop, o mobile faz mais visitas diárias, passando menos tempo em cada visita. O consumo de informação é menos uniforme ao longo do dia, mas mais constante ao longo do mês, configurando um forte consumo também ao fim de semana quando o tráfego de desktop se reduz”, adianta. Olhando para estes números, Diogo Queiroz de 18 JULHO 2014 26-28 Mercado.indd 26 17-07-2014 13:50:20 27 As 10 melhores aplicações de revistas O M&P analisou vários rankings que surgem um pouco por todos os meios especializados em tecnologia no mercado internacional e descarregou dezenas de aplicações para confirmar, ou descredibilzar, os mesmos. Fica então uma selecção, subjectiva, de quais as 10 melhores aplicações de revistas actualmente disponíveis no mercado, sem qualquer ordem já que não pretendemos criar um ranking Wired – Uma revista de tecnologia, ciência e inovação não podia deixar de ser um case study nesta área e a Wired, detida pelo grupo britânico Condé Nest, não deixa ficar os créditos em mãos alheias, sendo considerada por muitos como a melhor de todas as aplicações de revista para tablet. Aliás, nos vários rankings consultados pelo M&P, não houve um único onde não constasse e a verdade é que a app, seja escolhida a edição norte-americana ou a britânica (o M&P testou a primeira), não desilude, explorando todas as potencialidades dos dispositivos móveis. Páginas interactivas, vídeos, infografias dinâmicas, fotografias que podem ser rodadas em 360º, está tudo lá. Uma das revistas mais interactivas disponíveis, por apenas 1,79 euros mensais na edição dos EUA (a edição impressa tem um preço de capa de 6 euros se comprada em Portugal). Esquire – A revista masculina de lifestyle já tem na bagagem vários prémios graças à sua edição para tablets e é, na opinião do jornalista do M&P, a melhor do segmento, embora a app da GQ também esteja a bom nível. Mais uma vez foi testada a versão norte-americana, cujo preço individual é de 3.99 euros mas desce para os 1.79 euros no caso de realizar a subscrição mensal. Não é tão interactiva como a Wired mas o leitor tem muito material extra edição impressa, com vários conteúdos exclusivos, como vídeos e fotografias das sessões fotogáficas que não chegaram a ser incluídas na edição em papel, cartoons, além de capas alternativas. Os assinantes da edição para tablet têm ainda o extra de receberem gratuitamente a nova Esquire Weekly, uma pequena publicação semanal com o espírito da mensal que vai assegurando que o utilizador não se esquece que tem a app no aparelho até chegar altura de descarregar nova edição mensal. The New Yorker – Se o que procura é interactividade esta talvez não seja a melhor opção mas se é leitor assíduo da edição impressa esta é talvez a aplicação que melhor capta o espírito da versão em papel e o transpõe para o tablet, apresentando uma clara oferta de valor já que o preço de capa tradicional de uma edição (a revista é semanal) vale uma subscrição mensal para as quatro edições do mês. Pegando no espírito da revista, a edição em tablet conta com slideshows exclusivos, vídeos e excertos áudio onde, por exemplo, temos a oportunidade de ouvir os poetas declamarem o seu trabalho. National Geographic – O universo NG é o conteúdo por excelência para dar vida a uma boa app, tendo em conta que a revista é sobretudo conhecida pela qualidade do seu trabalho fotográfico e pelos conteúdos educativos. Na versão tablet, essa vertente didática ganha novas dimensões com inúmeras aplicações interactivas aos conteúdos, desde mapas a infografias, passando por visitas 3D a espaços históricos, fotografias em 360º com a lente junto a um leão ou até o próprio som do ambiente natural onde esteve o repórter para escrever o artigo que está a ler. O imaginário de expedição e exploração que tanto apela aos leitores da NG torna-se ainda mais imersivo. Além disso, o leque de conteúdos exclusivos, como fotografias e vídeos, é vasto. Andrade não tem dúvidas em afirmar que “quando a tendência aponta para que mais de metade dos nossos acessos seja mobile, isso torna-se naturalmente uma prioridade. Não só na forma como pensamos as notícias, mas também na estrutura criativa, no fornecimento de serviços associados e no modelo de negócio, que passa muito pela excelente relação que temos com os anunciantes”. E porquê a opção de desenvolver uma app apenas para smartphones e não para tablets? “Porque acreditamos, e os números confirmam, que a experiência que o utilizador procura quando acede em smartphone é diferente da de tablet. Na 26-28 Mercado.indd 27 The Economist – Entre as chamadas newsmagazines internacionais, o destaque vai para a aplicação da The Economist, para o M&P a mais completa e bem conseguida. Uma das características interessantes é a existência de uma versão áudio integral da revista, com todos os artigos a poderem ser lidos ou ouvidos, sendo muito intuitivo e rápido oscilar entre uma opção e a outra, além do que o download prévio da versão áudio permite ouvir a leitura dos artigos em qualquer local em modo offline. Além da revista semanal, o M&P destaca ainda a publicação do Intelligent Life da Economist, uma revista trimestral que tem um preço de capa de 8 euros nas bancas portuguesas e na versão para tablet é... totalmente gratuita, mantendo toda a qualidade da edição de imprensa e adicionando-lhe conteúdos exclusivos. New York Magazine – Não é preciso viver em Nova Iorque para se render a esta publicação e, se é o caso, a edição para tablets não desilude o leitor da edição impressa, com uma grande oferta de valor. Mais uma vez, a aposta passa pela transposição perfeita do formato a par de conteúdos extra exclusivos e a integração de conteúdos vídeo. Neste caso, há ainda o extra de a aplicação poder oscilar entre a edição da revista e o site da revista, com acesso a todos os conteúdos. Fast Company – Tendo em conta o perfil de leitor do M&P, não podíamos deixar de incluir este título, uma revista com artigos interessantes sobre negócios, design, criatividade e novas tecnologias, que sabe colocar tudo aquilo sobre o que escreve ao serviço da sua própria app, que conta com muita interactividade e conteúdos multimédia. Game Informer – O direito a estar nesta lista foi conquistado, logo à partida, porque esta é a app de uma revista mais descarregada a nível mundial e aquela que tem maior número de assinantes, ao ponto de a percentagem de assinaturas digitais a nível mundial (que ronda os 3%), cair quase um ponto percentual se não se incluir a Game Informer, sendo também aquela que tem maior percentagem dos seus leitores no mundo digital (37% dos assinantes da revista assinam o versão digital). Depois, porque, sendo uma revista do universo dos videojogos, sabe servir o seu leitor com uma app carregada de vídeos, galerias de fotos e materiais interactivos, com análises aos jogos feitas em vídeo onde o leitor, além de ler o artigo, pode ver o jornalista jogar o jogo testado enquanto dá a sua opinião e narra o que está a acontecer. Mente – Uma lista das melhores apps de revistas feita por um meio português não podia deixar de incluir títulos nacionais. Mas não é por uma questão de quotas que a Mente está nesta lista, estando ao nível de muitas das congéneres internacionais e, no que diz respeito ao aproveitamento das potencialidades do dispositivo, até superando. É talvez a proposta mais inovadora desta lista e deixa muitas vezes a sensação de “se isto é possível de fazer porque é que os outros títulos não fazem?”. Algumas propostas de design são arrojadas, mas primeiro estranha-se e depois entranha-se. E é gratuita. Revista – Entre os títulos nacionais não são muitas as revistas com boas edições para tablet, ou sequer mesmo com edições para tablet. A Revista do Expresso, sem ser profundamente inovadora relativamente à edição impressa, está bem conseguida e é provavelmente a melhor proposta actualmente entre os principais grupos de media, a par da irmã de grupo Visão. verdade isto implica que não tenhamos uma estratégia para mobile, mas duas, uma para acessos via smartphone outra para acessos via tablet”. “Com o site totalmente responsive e pensado para utilização touch, fornecemos uma excelente experiência em tablet que é necessariamente diferente daquela que se tem em smartphone. Continuamos assim a apostar na segmentação da experiência, mantendo a coerência da marca e do produto”, garante o responsável. Uma revista com o tablet em Mente O único projecto editorial em Portugal criado exclusivamente para tablet, neste caso mesmo em exclusivo para o iPad, é a revista Mente, um título com periodicidade trimestral criado pelo atelier +2 Designers, de Vasco Colombo e Raquel Porto. Trata-se de uma publicação gratuita, exclusiva para iPad e editada em inglês cujo primeiro número foi dedicado a criadores de diversas áreas, da moda à literatura, da música ao design da ilustração à dança, e apresentava entrevistas com o designer gráfico David Carson, com o escritor, músico e ilustrador Afonso Cruz e com o percussionista, produtor e DJ Jerry the Cat, perfis da dupla de cinema Paula Garcia e da bailarina 17-07-2014 13:50:20 28 MERCADO clássica Filipa de Castro, produções dos estilistas Storytailors e Dino Alves, entre outras matérias. Apesar de ser um atelier especializado em design editorial, tendo desenvolvido projectos gráficos para publicações como a UP, revista de bordo da TAP Portugal, o Semanário Económico, revista Estratégia (Angola), jornal Expansão (Angola) e, mais recentemente, a revista NAU XXI, o +2 Designers abraçou este projecto exclusivamente focado nos dispositivos móveis com a ideia de que “há gente, ideias e lugares cujas histórias podem ser valorizadas se contadas de uma forma diferente. Há um caminho a explorar nas publicações para tablets, descurado pelos grupos de comunicação que usam este suporte como mero veículo para os conteúdos das suas edições papel”, justifica ao M&P Vasco Colombo. Segundo OPINIÃO 2014, o Ano do Mobile? POR SAMUEL PORTUGAL chief operations officer da Mobyd Começar com esta questão é interessante porque em minha opinião a resposta é “Não”! E o não, não é por mobile ser o futuro, mas sim porque é presente e está a acontecer, independentemente da evolução do mercado. O mobile tem como principal vantagem poder adaptar-se às várias realidades, quer sejam elas em mercados emergentes, ou em mercados com maior ou menor grau de desenvolvimento, como poderemos ver já de seguida em alguns exemplos. Temos exemplos de países emergentes em África onde, por exemplo, a conta da electricidade é pré-paga, ou mesmo transações feitas em feiras e mercados tradicionais, onde o saldo do telemóvel é a forma de pagamento. Recordo-me também de um exemplo na Rússia onde a diminuição da mortalidade infantil aconteceu com um simples envio de SMS a alertar as pré-mamãs para as consultas, vacinas e dicas para a altura das vagas de calor ou de frio. Mas, em contrapartida, em mercados mais evoluídos, temos soluções tecnológicas inovadoras onde os consumidores são impactados em qualquer momento, em qualquer local e de uma forma momento planos para a passar a Mente ao papel. Aliás, a filosofia da revista é não ter um público com fronteiras definidas, daí o estar apenas em inglês. A passagem ao papel implicaria um esforço financeiro para distribuição e impressão fora das nossas possibilidades actuais”, responde Vasco Colombo. o profissional, a Mente surgiu “para criar novas linguagens, bem como uma concepção diferente das matérias, escolha dos meios mais adequados, tipo de alinhamento, ritmo e equilíbrio de toda a publicação, há um processo de desenvolvimento e experimentação apenas possível numa publicação desta natureza, sem os constrangimentos normais dos projectos para clientes”.E fazer o caminho inverso, do tablet para o papel? “Não temos neste Mobile também na TV Um dos meios de comunicação portugueses que tem apostado no mobile, desta feita fora do mundo da imprensa, é a RTP, com as aplicações 5i, até agora uma para o programa 5 Para a Meia-Noite, uma para o The Voice e outra dedicada ao Mundial de Futebol. “O aumento do consumo de programas pelo mobile é uma tendência crescente contextual. Por exemplo, uma cadeia conhecida de restauração (cafés), com a sua aplicação, consegue enviar um push notification aos clientes que passam perto das suas lojas com promoções de acordo com o seu perfil de consumo. Já no Dubai chegamos ao ponto em que o número de telemóvel é o equivalente ao nosso NIF, em que tudo é feito através do smartphone, desde o pagamento de parquímetros, multas de trânsito e impostos, marcação de consultas, entre outros. Não podemos esquecer que, de acordo com vários reports, existem mais de 6,6 mil milhões de utilizadores de telemóveis no mundo, dos quais, 2,7 mil milhões utilizam estes dispositivos para aceder à internet. Dados que permitem prever que o acesso à web via smartphone vai ultrapassar os desktops/ laptops até ao fim deste ano. Quando olhamos para o mercado em Portugal percebemos que mais de metade dos portugueses já tem um smartphone; ao nível dos tablets estamos perto de um milhão e mais de 25 por cento do consumo de media é por via de um dispositivo mobile. Os SMS foram substituídos pelo IM (Instant Messaging) e, apenas como curiosidade, os utilizadores reportam mais depressa a perda de um telemóvel do que da carteira. Este comportamento demonstra bem a importância dos dispositivos móveis no nosso dia-a-dia. O consumidor português, como o consumidor mundial, mais do que nunca, está “sempre ligado”. E em Portugal, apesar de as marcas não investirem ainda o esforço e respectivamente o seu budget de uma forma proporcional ao crescimento e potencial que o mobile apresenta, começa-se e perceber que já existe uma preocupação em acompanhar a evolução e perceber como se devem preparar para esta nova realidade. Voltando ao meu “Não” inicial, e reforçando que o objetivo não é ser controverso, quero apenas salientar que o mobile é actual, transversal e adaptável a cada uma das realidades, seja ela, SMS, IM, Mpayments, Mobile Marketing & Advertising, Mgovernance, Mticketing, ou msm MLearning. Não se surpreenda se no futuro a nossa saúde for monitorizada em tempo real, se durante o dia recebermos dicas de como melhorar a nossa saúde, do nosso médico, nutricionista ou personal trainer, ou mesmo se sair do trabalho e através do seu smartphone preparar o jantar, uma vez que o robot de cozinha, forno ou mesmo outros equipamentos, estão todos ligados aos dispositivos móveis. É a nova e cada vez mais realidade! a que a RTP tem procurado responder. Fomos os primeiros, em Portugal, a apostar num serviço RTP Play e em aplicações móveis que permitem assistir, em directo, às transmissões dos canais de televisão e rádio”, refere ao M&P fonte oficial do canal, sublinhando que “o projecto 5i foi também percursor no sentido em que assenta nos novos comportamentos do espectador, prolongando a sua experiência televisiva através de tablets ou smarthphones, nas redes sociais, em pesquisa ou - agora - em interacção com os programas. Interessa à RTP continuar nesta linha da frente, apresentando projectos inovadores e úteis para os utilizadores, tendo em conta os novos hábitos de consumo”. A mais descarregada foi, de longe, a app do Mundial, com quase 140 mil downloads. 18 JULHO 2014 26-28 Mercado.indd 28 17-07-2014 13:50:26 ESTUDO 29 Marcas de telemóveis e tablets no Facebook NÚMERO DE FÃS NÚMERO DE FÃS Com mais de um milhão de fãs, a página da Samsung Portugal destaca-se claramente de todas as outras. Em segundo e terceiro, ambas na casa dos 200 mil, estão a LG Portugal e a Nokia Portugal. A página da LG foi a que registou o maior crescimento durante o tempo deste estudo, aumentou 2%, o que equivale a mais de 5 mil novos fãs entre 6 e 9 de Julho. Com menos fãs, das cinco analisadas, está a Asus Portugal, que fica nos 87 mil. POSTS DAS FAN PAGES A Asus destaca-se quando avaliamos a actividade da página, com 22 posts publicados tem uma média de três publicações por dia. Os conteúdos variam entre produtos e eventos promovidos pela marca com grande destaque para o Estádio ASUS, que teve lugar na Avenida da Liberdade em Lisboa, e onde a marca convidava a assistir aos jogos do Mundial. Seguem-se três páginas, cada uma com cinco 29 Estudo rom.indd 29 POSTS DAS FAN PAGES Análise do top 5 páginas portuguesas de marcas de telemóveis e tablets com mais fãs, segundo o Social Bakers, com o Facebook Pages Performance, ferramenta do Buzzmonitor. Estudo realizado entre 3 e 9 de Julho pela e.Life TALKING ABOUT posts numa semana, LG, Nokia e Toshiba fizeram a mesma aposta em número de publicações. Já a Samsung fica no fim desta tabela pois não regista actividade, tem zero posts durante a semana da análise. ENGAGEMENT DISTRIBUIÇÃO DE INTERACÇÕES nesta métrica que relaciona interacções com número de posts e de fãs da página, é a da Asus com 0,028%. A Samsung, cuja página de Facebook esteve inativa durante o tempo do estudo, tem um engagement de 0%. *ENGAGEMENT = Interacções (Likes + Shares + Comments nas TALKING ABOUT LG é a marca mais falada pelos utilizadores do Facebook, passa os 41 mil quando quantificamos “people talking about”. Segue-se Samsung com mais de 34 mil e, em terceiro, a grande distância das primeiras, a Nokia tem mais de 7 mil referências. A menos popular, na casa das mil menções, é a Toshiba. *Menções feitas pelos fãs das páginas e utilizadores fora delas. ENGAGEMENT A página com mais alta média de engagement é da Nokia com 0,047%, seguida de perto pela LG, com 0,040%. Em terceiro, está a Toshiba com 0,033% Das páginas activas, a que fica em último lugar, publicações da página) x 100/ (n.º de posts no período /total de fãs no período) DISTRIBUIÇÃO DE INTERACÇÕES A LG foi quem registou mais interacções, a sua página aproxima-se das 540 reações, por parte dos utilizadores, das quais 82% são likes. Em segundo lugar, com 498 interacções, está a Asus e a seguir, com 454 e a maior percentagem de todas (87%) em Likes, fica a página da Nokia. Em quarto lugar, fica a Toshiba a contar apenas 146 likes, 74 comments e 4 shares, o que dá um total de 192 interacções numa semana. A página da Samsung, que não publicou qualquer conteúdo entre 3 e 9 de Julho, não tem interacções, o seu resultado é zero. 17-07-2014 11:00:43 30 MERCADO Digitalizar profissionais de marketing As necessidades das empresas no que diz respeito à actualização dos seus profissionais de marketing com competências na área digital fizeram com que a oferta formativa despontasse. O M&P falou com quatro das principais instituições de formação e mostra-lhe a oferta para o ano lectivo que vai arrancar em Setembro PEDRO DURÃES Alexandre Duarte, director-geral da Restart Programação Web, Mobile e Tablet, Interactive e Motion Design, Digital Marketing & Strategy, Tablet/ Mobile Design & Development, Mobile de UI&X Design. Estes são apenas alguns dos novos cursos que vêm surgindo em algumas das instituições de formação contactadas pelo M&P. Com o mobile a ganhar cada vez mais importância na estratégia de comunicação das marcas, as empresas e as agências têm fome de profissionais digitais. Mas afinal, o que procura o mercado nos profissionais? Especialização ou abrangência? Um faz-tudo ou alguém muito focado numa função específica? “O mercado procura profissionais com competências cada vez mais abrangentes, que possam corresponder àquilo que hoje são as necessidades das empresas, pessoas com capacidade de projectar uma comunicação integrada que vá desde o marketing digital, mobile ao tradicional”, aponta Manuela Carlos, presidente da ETIC. Opinião partilhada por Gabriel Augusto, director da Flag, do grupo Rumos, para quem “nos sectores da comunicação, marketing e publicidade, a multi e interdisciplinaridade de competências é um requisito bastante procurado por parte das entidades empregadoras. No actual mercado de trabalho são exigidas aos profissionais cada vez mais competências, e aqueles que dominem o maior número de vertentes acabam por ter uma maior vantagem face aos restantes candidatos”. Já na opinião de Alexandre Duarte, director-geral da Restart, “felizmente estamos a regredir do conceito do faz-tudo e a regressar novamente ao conceito do especialista. Daí que faça também sentido que tenhamos uma formação dedicada a áreas diferentes no digital pois vão formar profissionais para Daniel Devera, fundador e director pedagógico da EDIT mercados e produtos diferentes”. Nas palavras deste responsável, “o próprio mercado das empresas já começou a fazer essa divisão e hoje encontramos grandes agências com grupos focados apenas no digital, outros no interactivo, outros no design gráfico, etc. Daí que o mercado já sabe o que precisa, quando ainda recentemente procurava profissionais que soubessem fazer tudo, o que é extremamente contraproducente”. “Actualmente, o mercado procura a pessoa específica para uma determinada função, separando criação de aplicações, por exemplo, da criação de sites ou de activações de marca que usem instalações interactivas de grande dimensão”, considera. O perfil do profissional de marketing adaptado ao digital Independentemente da abrangência das suas competências, qualquer profissional de marketing deve acompanhar a evolução e a viragem ao digital. Nesse sentido, segundo Gabriel Augusto, “é determinante que o profissional reconheça, independentemente da sua especialização, que se trata, antes de mais, de um profissional de marketing e que a sua intervenção é parte integrante de uma estratégia global, com um âmbito que vai para além das ferramentas, tecnologias, plataformas e canais normalmente associados ao digital. Da mesma forma, qualquer profissional de marketing digital, independentemente da sua especialização, deve ter as competências necessárias para encarar o digital de uma forma transversal e integrada, com conhecimentos que vão desde a criação de conteúdos à sua optimização para motores de pesquisa, publicidade Gabriel Augusto, director da Flag paga nas mais diversas plataformas e canais, gestão de redes sociais, e-mail marketing, mobile marketing, entre outros”, refere. Além disso, diz, “estas competências não se limitam a um âmbito técnico de operacionalização, mas também pressupõem uma visão estratégica, elevada capacidade analítica e criatividade, para que a sua intervenção aporte um valor maior do que apenas a soma das várias partes que a compõem”. “Existem ainda outras valências que podem ser muito importantes para quem pretende trabalhar nesta área, como a utilização de ferramentas de edição e tratamento de imagem, e/ ou linguagens de formatação e programação web. Muito embora sejam saberes distintos da área de marketing, são skills complementares que enriquecem o profissional e o tornam mais autónomo, eficiente e eficaz”, considera. Por seu lado, Daniel Devera, fundador e director pedagógico da EDIT, refere que “o perfil que se procura deve ter uma cultura visual, bem estruturada e sedimentada em pressupostos cognitivos básicos, de saber ler, escrever e desenhar para estruturar do melhor modo os conceitos básicos da comunicação. Estar atento ao mundo que os rodeia, socialmente e tecnologicamente, mas não de uma maneira massiva, e até um pouco selectiva, mas sem deixarem de ser acima de tudo, mentes abertas e que saibam reagir em momentos de stress”. “No momento em que vivemos, a conjugação do que foi referido em conjunto com a uma boa dose de criatividade e o uso correcto da tecnologia faz toda a diferença quando se contrata um profissional de comunicação, marketing e publicidade”, aconselha. A somar a estes aspectos, Alexandre Duarte considera que um profissional, 18 JULHO 2014 30-32 Mercado.indd 30 17-07-2014 11:01:45 31 O que propõem para o ano lectivo que arranca em Setembro? Manuela Carlos, presidente da ETIC para ter um perfil adequado a trabalhar nesta área digital, “deve obviamente solidificar conhecimentos de programação e design, mas principalmente deve treinar os conceitos de usabilidade e isso faz-se através do treino diário de conhecimentos de prototipagem rápida de UI e UX, com Agile Design ou outros modelos inovadores”. Além disso, sublinha, “deve ser muito bom na gestão de projecto, sabendo planear as etapas e milestones da forma mais eficaz possível. E depois deve estar sempre atento ao que se vai criando e experimentado novas ferramentas, novas aplicações e novas tecnologias. As tendências evoluem muito rapidamente hoje em dia daí que é preciso um acompanhamento constante daquilo que se vai fazendo ao nível global”. Uma boa formação na área digital deve... Olhando para o perfil procurado, e para tentar ajudar os profissionais a decidir quais as melhores ofertas formativas, o M&P traça-lhe quais devem ser os aspectos focados numa formação a pensar nas novas tecnologias da comunicação, em especial o mobile. Segundo Alexandre Duarte, usabilidade, ferramentas, modelos de negócio e criatividade adaptativa são os elementos essenciais. “Se uma aplicação não for intuitiva, rápida ou fácil vai ter dificuldade em penetrar num mercado saturado. É a má usabilidade que pode ‘matar’ à partida uma aplicação brilhante em temos gráficos. Depois as ferramentas, saber o que escolher. Não vale a pena usar código pesado de Objective-C se vamos criar algo muito simples. Existem ferramentas adequadas para cada processo e é necessário os alunos saberem as principais e quando as escolherem. Os modelos de negócio são o que pode sustentar a vida de uma aplicação, de um profissional ou de uma equipa financeiramente. Modelos com publicidade, modelos freemium, modelos pagos, a formação deve ensinar quais as formas existentes de vender uma aplicação e saber quais escolher. Criatividade Adaptativa, podemos fazer a nova tendência de design e não ser adequada ao target da aplicação. Daí que devemos tentar ser sempre o mais criativos possível tanto nos conceitos, formas de interacção ou no design, mas sempre adaptado às necessidades do consumidor final”, explica. No mesmo sentido, para Manuela Carlos, “user experience e user interface, conhecimentos de interacção homem-máquina e experiência do utilizador”, são os aspectos mais importantes, assim como “aprendizagens das percepções dos aspectos práticos tais como a utilidade, a facilidade de utili- 30-32 Mercado.indd 31 EDIT “Temos cinco programas de longa duração, dois programas intensivos e quatro workshops que se adaptam ao mercado e que englobam áreas estratégicas, técnicas e criativas como o marketing digital, o desenvolvimento de apps em mobile, a criatividade digital e UX - experiência do utilizador. Para o ciclo de formação de 2014/15 iremos rever alguma da nossa oferta formativa actual em conjunto com as nossas agências digitais parceiras e com os profissionais da área que fazem parte do nosso corpo docente, reestruturando alguns dos programas actuais, já que isso faz parte da nossa filosofia enquanto escola de constante insatisfação com o que pode ser sempre melhorado nos conteúdos programáticos e também de adaptação ao mercado. Estamos a preparar uma série de novos programas e workshops, focados em temáticas como o mobile, a gestão de projecto e novas áreas do marketing de maneira a suprir algumas das necessidades que ao longo fomos observando no mercado e que nos foram transmitidas por alunos, professores e agências da nossa rede de parceiros”, aponta Daniel Devera, fundador e director pedagógico da EDIT. ETIC “A Etic para o próximo ano oferece a seguinte formação com a duração de um ano lectivo: Curso de Mobile de UI&X Design e Curso de Mobile Developent. Durante o ano é normal oferecermos alguns workshops ou formações mais curtas”, refere Manuela Carlos, presidente da ETIC Flag “Destacamos os cursos nas áreas de marketing digital e desenvolvimento para web e mobile. Em ambas as áreas oferecemos diferentes soluções formativas, que vão desde a formação de calendário, com programas, datas e horários pré estabelecidos, até à formação é medida, mais procurada pelas empresas, que se destaca da primeira por uma total flexibilidade de conteúdos, horário, datas e local de realização, passando ainda por uma formação mais focada num só formando, totalmente personalizada, denominada de formação one-to-one. No novo ano lectivo que se aproxima, pretendemos, por um lado, dar continuidade à oferta existente no nosso portfólio, com as devidas actualizações que se imponham, quer ao nível de novas versões de software, quer zação e a eficácia do sistema”. Gabriel Augusto chama atenção para o facto de que “quando se trata de formação, o enfoque, independentemente da área ou tecnologia em questão, deve ser a orientação para o saber-fazer, para a componente prática. Tendo em conta esta premissa, os conteúdos a ministrar deverão responder às actuais necessidades do mercado, de forma a que o investimento efectuado tenha um impacto imediato nas tarefas diárias de qualquer profissional e contribua directamente para a produtividade da empresa em que este esteja inserido”. Já Daniel Devera acredita que “num princípio mais básico, o método exposi- ao nível de melhoramentos e ajustes aos conteúdos programáticos, de forma a garantir a sua total adequação e orientação ao mercado de trabalho atual. Por outro lado, iremos apostar no lançamento de novas formações, complementares à nossa especialização, nomeadamente nos domínios do e-commerce, recrutamento digital e accounts digitais. Um pouco fora desta área mas também complementar iremos ter a nova área de game design”, indica Gabriel Augusto, director da Flag Restart “Na área digital e mobile temos para 2014/2015, quatro cursos anuais especializados: - Programação Web, Mobile e Tablet. O curso foca-se na criação de apps para a Web através da aprendizagem de Javascript , Node.js e HTML5, e para mobile e tablet para a criação de aplicações em Android SDK e em iOS SDK. Existe também o ensino da prototipagem de User Interface e User Experience. - Interactive e Motion Design, vocacionado para designers que queiram complementar os seus conhecimentos com as áreas de Web Development, Motion Graphics, 3D e criação de apps. No Web Development, que é uma das componentes mais fortes do curso, avançamos do básico até chegarmos a tendências actuais do mercado como Responsive Design e HTML5. Em Motion Graphics e 3D aprendem os softwares mais usados do mercado no sentido de criar identidades e outras peças e design em movimento, enquanto que o desenvolvimento de apps é um módulo muito mais curto que um curso e daí que os torne minimamente autónomos mas sem usarem programação. - Criação Digital, que inclui módulos como Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Videomapping, Processing, Videojogos, Sistemas Interactivos, Apps, em que os alunos aprendem a criar obras e peças que possam destinar-se tanto a fins comerciais como a fins artísticos. - Videojogos, para a criação autónoma de videojogos em todas as suas componentes, do Game Design, à criação de arte gráfica, programação, level design, etc, e que no final pode ser continuado com a produção de jogos digitais para consolas, para computadores, para web e para mobile e tablets”, detalha Alexandre Duarte, director da Restart. tivo em que se mostram bases de trabalho e estudo de casos é o mais lógico. O aluno só aprende bem quando o faz por observação, reflexão e experimentação num estágio inicial”. Depois, diz, “podemos passar a métodos mais activos e criativos, desenvolvendo, não apenas a sua formação intelectual, mas também as suas aptidões técnicas e assim como a sua energia criadora de uma maneira integrada com as matérias a leccionar”. “Se nos focarmos no mobile iremos aplicar um mix de tecnologia e criatividade de maneira a contar histórias de um modo diferenciador, integrando-as depois numa estratégia global de comunicação”, refere o fundador da EDIT. 17-07-2014 11:01:47 30-32 Mercado.indd 32 17-07-2014 11:01:50