Nelson Albuquerque de Souza e Silva Professor Titular Faculdade de Medicina Diretor do Instituto do Coração Edson Saad Universidade Federal do Rio de Janeiro O instituto do Coração Edson Saad (ICES) Complexo Acadêmico-Hospitalar Universidade Federal do Rio de Janeiro. -Um dos institutos especializados componente do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Medicina Assistida por Computação Científica (INCT-MACC) coordenado pelo LNCC/MCT. - Núcleo Interinstitucional de Avaliação Tecnológica em Saúde – membro da REBRATS (Rede Brasileira de Avaliação Tecnológica em Saúde do Ministério da Saúde) - Programa de Pós-graduação em Medicina (Cardiologia) da Faculdade de Medicina e do ICES – Disciplinas de Medicina e Teoria de sistemas complexos e de Teoria da Decisão Clínica. Principais Projetos de Pesquisa - Desenvolvimento de sistemas de comunicação móveis para serem aplicados os cuidados de saúde (Síndrome coronariana aguda); - Modelagem computacional do sistema cardiovascular humano (HemoLab); -Processamento computacional de imagens cardiovasculares; - Avaliação da performance de tecnologias de alta complexidade utilizadas no tratamento (revascularização miocárdica) e diagnóstico das DCV; - Utilização de modelos não lineares para copreender a complexa inter-relação entre os polimorfismos genéticos e fatores prognósticos na doença aterotrombótica vascular. O uso de novas técnicas “invadiu” o sistema de saúde, trazendo certamente, custos crescentes e benefícios duvidosos. A utilização dessas novas técnicas precisam ser avaliadas no ambiente da prática clínica. Necessitamos novas teorias para abordar os complexos problemas relacionados aos cuidados de saúde. Isto é um sistema complexo de grande beleza Outro exemplo de sistema complexo As teorias possuem 4 fases de aceitação*: 1) Isto é algo sem sentido e inútil; 2) Isto é algo interessante mas tem um ponto de vista desvirtuado; 3) Isto é verdade mas sem importância; 4) Eu sempre disse isto. * J. B. S. Haldane – geneticista e biólogo britânico-indiano (1892-1964) Medicina Atividade Humana caracterizada pela caridade* *Caridade = virtude que conduz o amor ao nosso semelhante. Ato pelo qual se beneficia o próximo. Compaixão. * caritas = cuidado com o seu semelhante, fazer positivamente o bem a outros, dando alguma coisa de si. Amor, afeição, ternura. (Dicionário Houaiss e Lalande A. Vocabulário técnico e crítico de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes; 1999:137-38.) O exercício da medicina exige as virtudes do saber, e da capacidade de se dar ao paciente, com amor divino, com paixão. Para o medico ter, desenvolver e exercer, essas virtudes precisa estar consciente de sua função como “cidadão do mundo” colocando os interesses da humanidade acima dos seus interesses individuais individuais.. AO EXERCER A MEDICINA UTILIZAMOS UM MÉTODO O MÉTODO CLÍNICO O Método Clínico “A Clínica se consubstancia na prática ao lado da pessoa que busca ajuda. O médico colhe o maior número possível de informações relevantes sobre o “doente” (a pessoa-sistema complexo dinâmico adaptativo) e sua “doença” (estado evolutivo da vida), raciocina em um contexto de incertezas com base epidemiológica (o paciente, a sociedade e seu eco sistema) e decide sobre o diagnóstico mais provável (com pequeno auxílio de técnicas complementares), escolhendo o tratamento mais adequado em função do prognóstico mais favorável”. A clínica não se confunde com a tecnologia biomédica que lhe dá suporte. Tanto o médico quanto a pessoa que busca ajuda são “pacientes”. - A pessoa que busca ajuda porque é aquele que suporta, que resiste à “doença”. - O médico porque é aquele que sabe esperar, que sabe ouvir pacientemente, que observa, como um pesquisador, que persiste na realização de um trabalho. Medicina Objetivos do ato médico - 1 - Diagnóstico (diagnose: arte de distinguir ou conhecer doenças; do grego diagnóstikós: dia=através + gnôskó=conhecer). padrão de símbolos que caracterizam o estado evolutivo da vida (a “doença”), com limites nebulosos. - Prognóstico (conhecer o que vai acontecer; do grego prognostikós: pro = antes + gnôskó = ação de conhecer). Se observa o comportamento da doença para depois prever sua evolução. Medicina Objetivos do ato médico – 2 - Intervenções terapêuticas (do grego therapeutikê = arte ou ciência de cuidar dos doentes), para modificar a evolução. - Relações ou associações “causais” (entre características do paciente, da sociedade em que se organiza ou de seu meio ambiente e que possam estar influindo seja no aparecimento da doença seja na sua evolução). É necessário compreender a existência de fenômenos emergentes (não previsíveis). A decisão de intervir ou de não intervir na história natural da doença, em um contexto de incertezas, implica na probabilidade de erro. UM CONTEXTO PARA PENSAR A MEDICINA 1) 44.000 a 98.000 pacientes morrem por ano nos Estados Unidos por erro médico. 2) Morre-se mais por erro médico do que por acidente automobilístico, câncer de mama ou AIDS. (Institute of Medicine, 1999) Anualmente morrem 329 pessoas na aviação comercial dos Estados Unidos. A taxa de mortalidade por erro médico equivale a uma queda de avião jumbo por dia. (ZHANG, 2000) Na tentativa de reduzir a probabilidade de erro busca-se tomar decisões com base em “evidências”. Para alcançar seus objetivos com base em evidências o médico (cientista) utiliza métodos e tecnicas que necessitam de desenvolvimento e avaliação constantes ou contínuas. Avaliação Tecnológica em Saúde performance. Não apenas em modelos experimentais, mas no ambiente da prática clínica. Esta é uma tarefa Complexa. As evidências são evidentes ? Ver Arquivo “ percepção” A Ciência nos guiará para a verdade ! O que é ciência? Quantas figuras geométricas ? Nós vemos o que não existe, principalmente quando somos levados a vêvê-lo. Para que lado as linhas do desenho se inclinam ? A estrutura pode nos levar a percepções erroneas Quantos pontos brancos e negros? O foco ou a focalização modifica nossas percepções Nssoa tncieênda é eaexgnrr o cohinecdo. Eplexuiqm pqruoe vcêos csarignouem eeetnndr o que etsá etrcsio amcia! De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso etãso,, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo crteo.. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea.. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa pobrlmea isladoa,, mas a plravaa cmoo um tdoo. tdoo. Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que seu cérebro leia corretamente o que está escrito. 35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5! A REALIDADE É APENAS UMA ILUSÃO, EMBORA BASTANTE PERSISTENTE* *Albert Einstein A CIÊNCIA É IMAGINAÇÃO A SERVIÇO DA VERDADE VERIFICÁVEL Jacobus Henricus Van´t Hoff (Imagination in Science) Nosso cérebro trabalha com PADRÕES e ao mesmo tempo está constantemente aberto ao erro. Isto pode ser visto tanto nas ilusões perceptivas como nas crenças de alta ordem. Mas a correção do erro está sempre a disposição em resposta a recompensas apropriadas e punições. Eu estou na aurora da minha vida Esta frase é compreensível mas não verificável. A evidência existe? “Evidencia” sugere determinismo SE ...X..... Está presente ENTÃO ....Y... é verdade. A lógica determinística na indicação de intervenções em medicina: Se a obstrução coronariana é a causa da isquemia miocárdica então, ao desobstruirmos a coronária ou colocarmos uma ponte transpondo a obstrução, melhoraremos a isquemia e aumentaremos a sobrevida do paciente. A lógica determinística na indicação de intervenções em medicina: Se a hiperlipidemia ou a hipertensão arterial estão associadas a um maior risco de morte por DCV, então, ao administrar drogas que reduzem o colesterol ou a PA estarei reduzindo a mortalidade por DCV. A lógica determinística na indicação de intervenções em medicina: Se as mulheres pré-menopausa têm menos infarto do miocárdio que os homens e na pós-menopausa a mortalidade por IAM é semelhante, então ao administrarmos estrogênio para os homens ou para as mulheres pós-menopausa devemos reduzir a ocorrência e a mortalidade por IAM. Para avaliarmos o que executamos em nossa prática clínica ao “cuidarmos” de nossos pacientes (diagnóstico, prognóstico, terapêutica ou causalidade) foram desenvolvidos “métodos científicos” para buscar a “verdade” ou nos aproximar dela de modo que possamos preservar ou restituir a saúde ou reabilitar o paciente sem causar dano ou malefícios. Se procurarmos simplificar em um modelo a evolução das pessoas durante a vida podemos melhor compreender que o pensamento determinístico nos induzirá a mais erros e que necessitamos mudar para outras formas ou modos de alcançar a verdade. A complexidade da história não pode ser enquadrada em um modelo Newtoniano. O que os historiadores fazem está próximo dos procedimentos desenvolvidos pelos cientistas. Esta assertiva tem por base os avanços que os cientistas alcançaram na teoria de sistemas complexos, teoria do caos , fractais etc.., avanços que se aproximam dos métodos históricos (hermenêutica). A ciência a arte e a história tem algo em comum, todos dependem de metáforas , do reconhecimento de padrões, da realização de que algo é similar a alguma outra coisa (John Lewis Gaddis). Os métodos da ciência estão enraizados nas necessidades e interesses de sociedades particulares e diferentes nas quais os cientistas trabalham No caso, estaremos lidando com previsão de quantidades observáveis ou afirmações sobre o próximo vetor de observações X n+1 A explicação dos fatos ou sua previsão pode ser obtida de diferentes formas: - leitura de cartas de Tarot ou de búzios - “dicas” sobre a valorização de ações na bolsa de valores - “barbada” na corrida de cavalo. - métodos de classificação de risco de países ou bancos Para que possamos adotar qualquer regra de previsão, não basta apenas utilizar meios estatísticos “sofisticados”, mas saber aplicá-los dentro do contexto genético-biológicoclínico-social-ecológico. Tomemos o exemplo em questão: - Indivíduo “assintomático” ou “com saúde” - Estado evolutivo da vida do Indivíduo no tempo t (atual)- este estado pode ser caracterizado por um “conjunto/vetor de variáveis” ou de “símbolos emitidos” observados ou medidos. Queremos, com base nessas observações ou medidas, prever: - Ocorrência de “Infarto do miocárdio” (fatal ou não fatal), isto é, o estado evolutivo futuro (tempo t +1) da vida do indivíduo – caracterizado por um novo conjunto de variáveis que devem guardar alguma associação com algumas das variáveis observadas no tempo t (variáveis previsoras). Note-se que no tempo t, o indivíduo está em um meio ambiente o qual modificou no tempo t+1 e que as variáveis ambientais, sociais, culturais, influenciam também, juntamente com as variáveis observadas no indivíduo, os estados de vida do mesmo (e são por ele modificadas). Podemos então representar, na figura que se segue, os estados evolutivos da vida de um indivíduo. Representação dos estados que os seres vivos podem assumir em tempos distintos. saúde doença morte Tempo 1 saúde doença morte doença morte Tempo 2 saúde Tempo n Ao evoluir no tempo os indivíduos mudam de estado. Precisamos conhecer qual a “probabilidade de transição” entre os estados ao longo do tempo. Estado S1 (tempo 1) não é igual a estado S2 (tempo 2) Ao final de um determinado período de tempo todos os seres vivos evoluirão para um “estado absortivo”: “MORTE” Podemos também representar a complexa interação ou “co-modificação” recíproca entre indivíduos e meio ambiente conforme a figura que se segue. A essa influência mutua podemos conceituá-la como “co-construção eco-biocultural-social”, o qual incorpora o conceito de “plasticidade” sist. compl. ambiental sist. compl.. Genético--social Genético Intervenção 1 F.R. 1 I. 1 P(D. 0) Intervenção 2 F.R. 2 I. 2 P(D. 1) R. 1 F.R. 3 I. 3 P(D. 1) R. n F.R. n I. n P(D. n) Estado “assintomático” F.R.= fator de risco Estado “doença” P(D)= = probab. de I.= indivíduos P(D) doenças Obs.. Relações alteram com o Tempo ao longo da vida R. = resultados Formalização da hipótese de co-construção Evolução/filogenia Cultura figuração Configuração do estimulo ambiental (x ) t Estado transiente de atividade cardiovascular (at) Arquitetura cardiovascular microestrutura do sistema (yt) Ontogenia história individual Estimulo ambiental configuração - x (t+1) Estado transiente de atividade cardiovascular - a(t+1) Arquitetura cardiovascular microestrutura y (t+1) at = f (t x yt) at +1 = f (t +1 x yt+1) Disposição genética (genoma) yt +1 = h (at x yt) t +1 = g (at x t) bt +1 ≡ mt +1 ≡ at +1 = f {g (at x t) x (h (at x yt)} Baltes, PB: Lifespan development and the brain; Cambridge University Press 2006 Genética / Plasticidade do organismo (forma) Plasticidade funcional dos sistemas Ontogenia / Desenvolvimento Plasticidade Socio-Cultural Os conceitos - Forma - Plasticidade precisam ser entendidos Forma - Fenômenos materiais concretos situados no espaço-tempo: configuração – apresentam estabilidade relativa. Ordem físico-química - Sistemas complexos evolutivos – sistemas dinâmicos - seres vivos. Ordem biológica - Sistemas simbólicos – Ordem antropológica Plasticidade: “modificabilidade” recíproca Devido as interações contínuas, às contínuas mudanças estruturais e às contínuas mudanças ambientais (mudanças sociais e culturais), fica evidente que eventos antigos podem ter influência no estado de atividade atual do organismo, bem como os eventos mais próximos ou recentes. Nosso problema é encontrar as variáveis que caracterizam o estado A no tempo 1 e que indicam a probabilidade de transição para o estado B no tempo n + 1 O relacionamento entre as variáveis do estado inicial e capazes de prever a probabilidade de evolução para o estado subsequente pode ser linear mas frequentemente não o é. Portanto métodos que permitem lidar com relações não lineares são desejáveis. A conduta científica portanto, não pode ser determinística. Toda ciência repousa sobre convenções. Só podemos ter representações subjetivas do mundo. “O Homem é a medida de todas as coisas” Protágoras, 490-421 a.C. Sócrates - Volta, pois, para o começo, Teeteto, e procura explicar o que é conhecimento. Não me digas que não podes; querendo Deus e dando-te coragem, poderás. Teeteto — Realmente, Sócrates, exortando-me como o fazes, fora vergonhoso não esforçar-me para dizer com franqueza o que penso. Parece-me, pois, que quem sabe alguma coisa sente o que sabe. Assim, o que se me afigura neste momento é que conhecimento não é mais do que sensação. Sócrates complementa: além da sensação existe o julgamento ou interpretação do que é sentido. Versão eletrônica do diálogo platônico “Teeteto” - Tradução: Carlos Alberto Nunes Créditos da digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia) Homepage do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/ O pensamento não determinístico de Anisio Teixeira “Não esperem receber da universidade a verdade, mas sim a única verdade possível: A busca incessante da verdade”. Anísio Teixeira -1935 A Medicina tem por fundamento de sua prática milenar o julgamento clínico, arte que se desenvolveu com base na ética, na compaixão (sentimento intenso pelao sofrimento ou pela dor do seu semelhante), na caridade (ato de cuidar) e na observação criteriosa dos pacientes e suas interações com o ambiente. Nos séculos XVII and XVIII uma sólida base “científica” foi adicionada (anatomia, fisiologia, química, física etc.) em paralelo à incorporação maciça e progressiva da tecnologia (estetoscópio, ap. de pressão, métodos de imagem etc..) Medicina com base na Teoria de Sistemas Complexos Na complexidade olhamos para padrões E não para eventos específicos . Esses padrões evoluem espontaneamente no tempo Para os sistemas complexos o processo de simplificação centrado em processos interativos (“organização”) e não nas estruturas parece ser melhor. •Teoria Geral dos Sistemas "It is necessary to study not only parts and processes in isolation, but also to solve the decisive problems found in organization and order unifying them, resulting from dynamic interaction of parts, and making the behaviour of the parts different when studied in isolation or within the whole..." General system theory, therefore, is a general science of "wholeness...The meaning of the somewhat mystical expression, "The whole is more that the sum of its parts" is simply that constitutive characteristics are not explainable from the characteristics of the isolated parts. parts. The characteristics of the complex, therefore, appear as "new" or "emergent"... • The notion of a system may be seen as simply a more self-conscious and generic term for the dynamic interrelatedness of components. Ludwig Von Bertalanffy • As thought ascends to ever higher levels, previously valid premises must yield to more comprehensive points of view. William N. Johnston Queixas do corpo podem ser queixas da alma e vicevice-versa. Queixas da alma podem ser queixas da vida e vicevice-versa. versa. Sistemas Complexos Dinâmicos Adaptativos Sistema complexo dinâmico adaptativo é um conjunto de agentes individuais, com liberdade para agir de modo nem sempre previsível e cujas ações são interconectadas, de modo que a ação de um agente muda o contexto dos demais agentes. Características básicas dos Sistemas Complexos Dinâmicos Adaptativos 1. Limites nebulosos 2. Ações dos agentes são interconectadas e possuem regras internas; 3. A ação de um agente muda o contexto dos demais agentes; 4. Os agentes e o sistema são adaptativos no tempo e a adaptação pode ser para melhor ou para pior dependendo do ponto de vista considerado; 5. A interação entre os agentes pode produzir um comportamento imprevisível do sistema; Características básicas dos sistemas complexos dinâmicos adaptativos 6. As interações entre os elementos do sistema não são lineares, isto é, o resultado de uma ação depende do estado dos elementos naquele momento bem como da intensidade da ação (“input”). Pequenas ações podem gerar grandes efeitos e vice versa. A não linearidade é inerente ao sistema; 7. As interações geram novas propriedades chamadas de “comportamento emergente” do sistema o qual não pode ser explicado pelo estudo dos elementos do sistema; Este comportamento emergente não pode ser previsto; 8. Os sistemas complexos têm uma história (evoluem no tempo) e portanto são sensíveis às condições iniciais; Características básicas dos Sistemas Complexos Dinâmicos Adaptativos 10. Os sistemas estão relacionados a outros sistemas e co-evolvem. -. 11. Interagem e são influenciados pelo ambiente; 12. Tensão e paradoxo são fenômenos naturais e não necessariamente precisam ser resolvidos; 13. Sendo a Imprevisibilidade inerente ao sistema , para conhecê-lo é preciso observá-lo, entender a rica interação entre os componentes e não apenas entender a sua estrutura; 14. Dentro da imprevisibilidade há um padrão; Características básicas dos Sistemas Complexos Dinâmicos Adaptativos 15. Pode existir um Comportamento atrator. (Ex.: variação de cada batimento cardíaco); 16. Auto-organização – para ser o máximo sensível ao seu ambiente. 17. São sistemas abertos: quando observados o observador torna-se parte do sistema. A ciência complexa sugere que frequentemente é melhor tentar múltiplas abordagens, e deixar a direção da ação surgir por mudanças graduais com o tempo e a atenção devotadas às coisas que parecem funcionar melhor. Protocolos rígidos são corretamente, rapidamente abandonados. As cegueiras do conhecimento - O erro e a ilusão. O conhecimento pertinente – aprender os problemas globais e fundamentais antes dos conhecimentos parciais, disciplinares. Ensinar a condição humana – a complexidade do ser humano. Ensinar a identidade terrena – conhecimento ecológico. * Morin, E: Os sete saberes necessários à educação do futuro. UNESCO, 1999. Enfrentar as incertezas – princípios de estratégia. Ensinar a compreensão – a hermenêutica. educação para a paz. A ética do gênero humano – ética indivíduo/espécie – a cidadania terrestre. * Morin, E: Os sete saberes necessários à educação do futuro. UNESCO, 1999. Para entender o ser humano do nascimento à morte, precisamos entender a vida. - A base biológica. - o ecosistema a interações com o mesmo. - As formas de organização social e interações sociais. “Eu sou eu e minhas circunstâncias”. JOSÉ ORTEGA Y GASSET Onde está a verdade em medicina? Para lidar com a complexidade crescente nos Cuidados de saúde devemos: - Aceitar a limitação dos modelos lineares; - Aceitar a imprevisibilidade; - Respeitar e utilizar a autonomia e criatividade; - responder com flexibilidade aos padrões Emergentes e oportunidades. As evidências podem ser : - imprecisas, - equivocas - Ou conflictantes Max Born, prêmio Nobel de Física de 1954 (Teoria Quântica) “A mecânica Newtoniana é determinística no seguinte sentido: Se o estado inicial (posição e velocidade de todas as partículas) de um sistema for dado acuradamente, então o estado em qualquer outro tempo (mais cedo ou mais tarde) pode ser calculado a partir das leis da mecânica”. “O determinismo mecânico tornou-se gradativamente uma espécie de artigo de fé: o mundo como uma máquina, uma automação”. “Esta idéia é o produto do imenso sucesso da mecânica Newtoniana, Particularmente na astronomia. No século 19 tornou-se um princípio filosófico básico para o papel das ciências exatas. Eu pergunto a mim mesmo se isto foi realmente justificável”. Observando o conteúdo particular de informações familiares e através da construção de modelos mentais flexíveis , o conhecimento do mundo real pode ser alcançado. GARDNER, H. A Nova Ciência da Mente, III, cap. 4, pp. 382-389. Ciência é a arte de substituir perguntas sem importância que podem ser respondidas por perguntas importantes que não podem *. * Edward B. Fergunson Jr., 1976 In: Andler, D., Fagot-Largeault, A, e Saint-Sernin, B.: Filosofia da Ciência II, Atlandida ed. Rio de Janeiro, 2005. Doenças do Aparelho Circulatório (DAC) – Principal causa de morte no País e no Estado do Rio de Janeiro (cerca de 30 % do total de óbitos); – Segunda causa de internação; – Primeira causa de gastos com essas internações; – Primeira causa de aposentadorias por Doenças (cerca de 1/3 destas); – 2/3 das mortes por DAC são devidas à DCBV e a DIC; – A Doença Aterotrombótica Vascular (DATV) é a segunda causa de DALYS (Anos de Vida perdidos por morte prematura ou por incapacitação). Representam 13,3% dos DALYs. A mortalidade precoce é o principal componente dos DALYs (24% dos anos de vida perdidos-YLLs e 2,7% dos anos perdidos com incapacitação – YLDs); – As DICs, no Estado do Rio de Janeiro, são a segunda causa de morte por doenças cardiovasculares, só sendo suplantada pelas Doenças cerebrovasculares. -Estima-se que em 2005 o Brasil perdeu cerca de -3 bilhões de dólares do produto nacional devido às mortes prematuras por doenças cardiovasculares, AVC e Diabetes Mellitus. Nos próximos 10 anos esta cifra alcançará 49 bilhões de dólares. Existem causas para a doença aterotrombótica cardiovascular ? Os Fatores de Risco cardiovascular Fatores que contribuem para o risco Cardiovascular Idade Genética Metabolismo Lipídico Anormal Obesidade C-HDL C-LDL Resistência insulínica Triglicerídios Apo B PA Lipidios Glicemia Idade Gênero História Familiar Tabagismo Sedentarismo Risco de Aterotrombose Hipertensão Inflamação Hipercoagulação Provavelmente mais de 100 genes devem estar envolvidos no processo de aterosclerose Lusis, A.J., A.M. Fogelman, and G.C. Fonarow, Genetic basis of atherosclerosis: part II: clinical implications. Circulation, 2004. 110(14): p. 2066-71. Lusis, A.J., A.M. Fogelman, and G.C. Fonarow, Genetic basis of atherosclerosis: part I: new genes and pathways. Circulation, 2004. 110(13): p. 1868-73. Genes com evidência preliminar de associação com Doença isquêmica aterotrombótica coronariana 5-HT2Areceptor-indica receptor 2A da serotonin; ACE, angiotensin-converting enzyme; ADD1, adducina 1; AGE, advanced glycosylation end product; aP2, fatty acid– binding protein; BMPs, bone morphogen proteins; C3, componente 3 do complemento; CCR2, chemokine receptor 2; CLPN10, calpaina 10; COX2, cyclooxygenase-2; CRP, C-reactive protein; CYP7A, cholesterol 7-reductase; EL, endothelial lipase; GPIIIA, glycoprotein IIIA; HL, hepatic lipase; HO-1, heme oxygenase-1; HSD-1, 11-hydroxysteroid e reductase-1; IL, interleucina; INF, interferon; MC4R, melanocortin-4; MCP-1, monocyte chemoattractant protein-1; MGP, matrix gla protein; MHC, major histocompatibility complex; MMPs, metalloproteinases; MPO, yeloperoxidase; NOS, nitric oxide synthase; RAGE, receptor for AGE; SAA, serum amyloid A; SLC 2A1, solute carrier family 2, glucose transporter, membrane 1; sPLA2, secretory phospholipase; TIMPs, tissue inhibitors of metalloproteinasese; TLR4, tolllike receptor 4; TNF, tumor necrosis factor; VCAM, vascular cell adhesion molecule-1; and VEGF, vascular endothelial growth factor. Lusis, A.J., A.M. Fogelman, and G.C. Fonarow, Genetic basis of atherosclerosis: part II: clinical implications. Circulation, 2004. 110(14): p. 2066-71. Lusis, A.J., A.M. Fogelman, and G.C. Fonarow, Genetic basis of atherosclerosis: part I: new genes and pathways. Circulation, 2004. 110(13): p. 1868-73. Medidas obtidas nas plaquetas relatadas como previsoras de eventos de doença coronariana Agregação plaquetária PFA – 100 Volume médio plaquetário Tromboxana urinária Contagem de plaquetas Secreção de plaquetas agregados leuco-plaquetários Microagregação de plaquetas |(PA-200) Ligação de plaquetas pelo fibrinogênio CD40L soluvel Responsividade de plaquetas ao óxido nítrico Analisemos alguns dados epidemiológicos, de ensaios clínicos e de estudos de bancos de dados. Mortalidade por faixa de idade Proporção anual de mortes Mortalidade da coorte Proporção anual de mortes Idade Mortalidade do período Idade Painel A – Mortalidade da coorte de pessoas nascidas em um ano determinado. Painel B – Mortalidade do período em um ano específico. Para os ultimos anos da ultima coorte de nascimento a mortalidade é estimada assumindo que a mortalidade dos grupos etários adjacentes tem a mesma relação do que as coortes anteriores – representado pela linha tracejada. Existe um “Efeito Geração” e um “Efeito Período”. Risco de falhar unidades não dimensionais, escala logarítmica Redundância leva ao envelhecimento Sem redundância 2 componentes redundantes 3 componentes redundantes 4 componentes redundantes 5 componentes redundantes Idade em unidades não dimensionais, escala logarítmica Máquinas com maior redundância no seu sistema inicíciam sua vida com menor risco de falha do que as de menor redundância mas ao envelhecer a diferença no risco de falhar diminui e estabiliza. Essas características são as mesmas encontradas nas taxas de letalidade humana. Geografia não é destino India 1941-1950, homens Mortalidae, escala logarítmica Turquia 19501951 homens Kenia 1969, homens Irlanda do Norte 1950-1952, homens Inglaterra 1930-1932 Austria 1959-1961, mulheres Noruega 1956-1960, mulheres Idade, Anos A lei de compensação da mortalidade mostra que as taxas de mortalidade em populações diferentes convergem nas pessoas mais idosas. Taxas de mortalidade ajustadas por idade / 100.000 Taxas de mortalidade por Doença Cardiovascular Homens ≥ 30 anos 1950 – 2002 (OMS) Rússia EUA Austrália Grã-bretanha Canada Brasil ANO Soares, G., Oliveira, GMM, Klein, CH e Souza e Silva, NAS: Mortalidade por doenças cardiovasculares e por todas as causas em três estados do Brasil de 1980 a 2006 Revista Panamericana de Salud Pública / Pan American Journal of Public Health 28(4); 258-266; 2010 Soares, G., Oliveira, GMM, Klein, CH e Souza e Silva, NAS: Mortalidade por doenças cardiovasculares e por todas as causas em três estados do Brasil de 1980 a 2006 Revista Panamericana de Salud Pública / Pan American Journal of Public Health 28(4); 258-266; 2010 Vamos analisar algumas variáveis que podemos medir A Prevalência dos Fatores de Risco “Clássicos”. (I.G. – Rio de Janeiro) • • • • Hipertensão arterial ----Tabagismo -----------------Obesidade ----------------Diabetes Mellitus -------- 38 % 33 % 13 % 7,6 % Klein, CH, Souza e Silva, NA et als, 1992 - Ministério da Saúde Prevalência dos Fatores de Risco - CENPES Tese doutorado 2006: Matos, MFD Orientadores: Souza e Silva NA, Rondinelli E, Souza e Silva EA Tendências ajustadas por idade, na prevalência de excesso de peso (IMC ≥ 25 Kg/m2), uso de hormônios pós-menopausa e tabagismo (USA) Prevalência % Excesso de peso Hormônios pós-menopausa Tabagismo Ano Euro Heart Survey Programme ESC Quality Assurance Programme to Improve Cardiac Care in Europe The EUROASPIRE Surveys Time trends in lifestyle, risk factor and therapeutic management of coronary patients 1995 - 2007 Lessons learned from the Euro Heart Survey Programme Professor David A Wood on behalf of the Survey Expert Committee and all investigators participating in the Euro Heart Survey on Preventive Cardiology 100 94,5 90 Prevalência (%) 80 76,7 70 58,1 58,3 60 60,9 50 46,2 40 38 32,6 30 20 28 20,3 21,2 18,2 17,4 25 20,1 10 0 Tabagismo HA Diabetes Obesidade Fatores de Risco Cardiovascular EURO I EURO II EURO III Hipercol Classe de renda total de indivíduos (n) Hipertenso s n (% ) Em tratamento n (% ) Controlados n (% dos tratados) % hipertensos controlados Baixa 440 178 (40,5) 70 (39,3) 21 (30,0) 12 % Média 449 168 (37,4) 66 (39,3) 19 (28,8) 11 % Alta 380 131 (34,5) 52 (39,7) 11 (21,1) 9% * Klein, CH, Souza e Silva, NA et als. Tendências no conhecimento, tratamento e controle da Hipertensão Arterial* adultos 18 a 74 anos National Health and Nutrition Examination Survey Hipertensão Arterial Períodos do estudo 1976-1980 Conhecimento 1988-1991 1991-1994 1999-2000 2005 -2006 51 73 68 70 78 31 55 54 59 68 10 29 27 34 34 (% dos Hipert) Tratamento (% dos que sabem) Controle# (% dos Hipert) HAS* = Pas ≥ 140 mm Hg ou PAd ≥ 90 mm Hg ou tratamento # Pas < 140 mm Hg e PAd < 90 mm Hg Percentual de pacientes que apresentaram eventos coronarianos maiores de acordo com grandes estudos de tratamento % de Eventos coronarianos maiores Variação do LDL Journal of the American College of Cardiology , 2005; 46 (7):1225–8 Fatores biomédicos e de estilo de vida explicam uma pequena proporção da variância dos índices de doença cardiovascular entre as populações. Estudo da OMS*, envolvendo 21 países, encontrou que as variações nos índices de doença cardiovascular não tinham relação com as variações nacionais de obesidade, tabagismo, pressão arterial ou níveis de colesterol sérico. OMS (1998): World’s largest and longest heart study produces some surprises. On-line at: www.ktl.fi/monica/public/vienna/press release.htm - Se a prevalência de Obesidade aumentou, - Se a prevalência de Diabetes aumentou e o controle reduziu, - Se a prevalência de HA não modificou e o controle não modificou ou pouco melhorou. - Se a prevalência de tabagismo não mudou em vários países embora tenha reduzido em alguns. Como explicar a redução da mortalidade pelo controle dos fatores de risco CV ? Mesmo os FRCV que melhoraram o controle, como o colesterol, esse controle ocorreu muito após o início da redução da mortalidade Os Procedimentos de Alta Complexidade poderiam explicar a evolução da mortalidade CV observada ? Procedimentos Cardiovasculares de alta complexidade (RVM e Angioplastias)* Procedimento Revascularização Miocárdica Angioplastia 1990 n/100.000 hab 2.000 n/100.000 hab (var. %) 53 78 (+47%) 33 117 (+254%) * OECD, Health at a glance. 2003, OECD Publications Service. Revascularização do miocárdio por Angioplastia ou cirurgia por 100.000 habitantes em 2003* * OECD Health Data EUA (AHA, 2011): Procedimentos Invasivos Coronariografias (2006) ------ 1,115,000. Angioplastias (2006) ---------- 1,313,000. CRVM (2006) -------------------- 448,000. Procedimento Coronariografias Eletivas Angioplastias Brasil (n) Rio de Janeiro (n) *120.000 #9.000 **56.000 ##3.800 n = número de procedimentos em 2010 Datasus - 2011 Coronariografias Eletivas Angioplastias Brasil Rio Brasil Rio *Aumento de 500% em 10 anos #Aumento de 800% em 7 anos **Aumento de 55% em 5 anos. ##Aumento de 100% em 5 anos 30 25 Letalidade (%) 21,2 20 16,2 15 13,2 9,8 10 6,5 7,6 7,4 6,5 6,1 5 3,8 1,5 2,5 0 até 30d até 365d tempo pós procedimento RVM20-49 RVM50-69 RVM>=70 AC20-49 AC50-69 AC>=70 12 11,5 11 10 Letalidade global = 1,6 % (0,9 a 6,8%) Letalidade nas Angioplastias primárias = 17,4 % Frequência (%) 9 8 7 6 5 4,6 4 3 3 2,6 2,2 2,2 2 1,1 1 0,4 0 Angina Transf. Baixo déb. Ins. Renal Insuf. card Complicações Mallet A, Ooliveira GMM, Klein CH e Souza e Silva NA - 2007 IAM AVE Morte + qq uma Cirurgia de Revascularização Miocárdica Versus Tratamento Médico 1. Os benefícios da RVM cirúrgica são proporcionais ao risco basal do paciente – sem benefício em pacientes com lesões de 1 e 2 vasos (mortalidade em 5 anos < 12%) 2. A RVM cirúrgica não reduz a incidência de infarto do miocárdio não fatal. 3. A RVM cirúrgica é efetiva para melhora de sintomas. Angioplastia Versus Tratamento Médico 1. A angioplastia por balão está indicada para a melhoria dos sintomas mas não com base apenas na estenose anatômica da coronária. 2. A angioplastia por balão não previne morte ou infarto do miocárdio. 3. Stents diminuem a frequência de estenose angiográfica e de repetição do procedimento mas não reduzem a de mortalidade ou de infarto do miocárdio. Indications for Coronary Artery Bypass Surgery and Percutaneous Coronary Intervention in Chronic Stable Angina Review of the Evidence and Methodological Considerations Charanjit S. Rihal, MD; Dominic L. Raco, MD; Bernard J. Gersh, MB, ChB, DPhil; Salim Yusuf, FRCP, Dphil Circulation. 2003;108:2439-2445 Letalidade anual com Tratamento clínico não otimizado 2,0 % a 3,5 %) (Youssuf et als) Letalidade hospitalar AC (USA: 1998 – 2000) 1,4 % a 2,6 % Letalidade Hospitalar USA, Michigan and N.Y. Global: 0,8 a 1,5 % (80.422 pac) IAM: 4,2 a 6,7% Moscucci, MD, Eagle,* Kim A. MD,*Shar David , MD, MPH,† Dean Smith, PHD, MS,* Anthony C. De Franco, MD,‡ Michael O’Donnell, MD,§ Eva Kline-Rogers, RN, MS,* Sandeep M. Jani, MPH,* David L. Brown, MDJ A C C 2005; 45(11); 1759 a 1765 Jabbour e cols – 3* • Num período de seguimento médio de 4,7 anos, ocorreram apenas 0,8% por ano de mortes por causas cardíacas e 2,2% por ano de infartos nãofatais. Neste período de acompanhamento, apenas 24,5% dos pacientes necessitaram angioplastia ou cirurgia de revascularização miocárdica. * Jabbour S, Young-Xu Y, Graboys TB, et al. Long-term outcomes of optimized medicalmanagement of outpatients with stable coronary artery disease. Am J Cardiol 2004;93:294-99. Por outro lado Analisemos os resultados do “controle” de alguns fatores de risco CV em populações brasileiras DISTRIBUIÇÃO DA P.A. SISTÓLICA (Sexo Masc.) Mancilha-Carvalho, JJ e Souza e Silva, NA Os Yanomami: - não têm hipertensão arterial, - não são obesos e nem desnutridos, - não tem hipercolesterolemia, - não fumam cigarros, - não são sedentários - e não usam nenhum medicamento para alcançar estes “resultados brilhantes” no controle dos fatores de risco cardiovascular. * Mortalidade por 10.000 pessoa pessoa-anos 32,5 30,6 30 27,5 26,7 25 22,5 20 17,5 15 12,8 12,5 12,4 10 7,5 5,4 5 2,5 0 2,4 0,7 Baixo risco 0,7 Sem FRCV >1 não favorável Mortalidade por DIC 1 FRCV Mortalidade por todas as causas ** Daviglus, ML et als: JAMA 2004; 292:1588-1592 Chicago Heart Association project: 7.302 mulheres de 18 a 39 anos sem DIC triadas entre 1967 e 1973 >= 2 FRCV A Importância das condições de vida Mortalidade ajustada/100.000 – Homens 35 a 74 anos Mortalidade por Doença Coronariana de acordo com o suprimento de vegetais e frutas em países europeus selecionados Suprimento de frutas e vegetais (Kg/pessoa/ano) Integração Social e Mortalidade Estudos prospectivos em diversos países Mulheres Mortalidade Ajustada por idade Homens Baixo Nível de integração Social Alto Baixo Nível de integração Social Alto Evolução temporal do fator ambiental das 12 séries estudadas 0.10 0.05 R0 0.15 DIC-RJ-FM DIC-RJ-MS DIC-RS-FM DIC-RS-MS DIC-SP-FM DIC-SP-MS DCBV-RJ-FM DCBV-RJ-MS DCBV-RS-FM DCBV-RS-MS DCBV-SP-FM DCBV-SP-MS 1980 1985 1990 1995 2000 Anos Tese: Tura, B: “Análise da Dinâmica de Mortalidade das Doenças do Aparelho Cardiovascular Utilizando a Equação de Gompertz”. Orientadores: Souza e Silva, NA e Pereira, BB. Evolução dos Principais Indicadores Socioeconômicos e Queda da Mortalidade por Doenças do Aparelho Circulatório em Três Estados do Brasil Gabriel Porto Soares, Carlos Henrique Klein, Glaucia Maria Moraes de Oliveira e Nelson Albuquerque de Souza e Silva Nas últimas três décadas (1980 a 2008) houve importante redução da mortalidade por todas as causas nos três estados analisados (RJ, SP e RGS), esta redução ocorreu principalmente por queda da mortalidade por doenças cardiovasculares, especialmente das doenças cerebrovasculares. A queda da mortalidade por doenças do aparelho circulatório foi precedida por melhoria nos principais indicadores socioeconômicos, a variação evolutiva destes indicadores demonstrou fortíssima correlação com a redução da mortalidade. Essas relações sinalizam a importância na melhoria das condições de vida da população para se reduzir a mortalidade cardiovascular. Tabela 1 – Defasagem anual ótima, coeficientes de correlação linear e de inclinação da relação da mortalidade padronizada* de adultos por grupos de doenças do aparelho circulatório e por todas as causas de óbito, por 100 mil habitantes, com o produto interno bruto per capita, em reais, em seis regiões selecionadas do Brasil, 1980-2008 Doença** Indicador PIB per capita Regiões*** MRJ ERJ MSP ESP POA ERS 24 21 31 27 28 28 CoefCorr***** -0,95 -0,95 -0,97 -0,96 -0,93 -0,95 R/100****** -1,4 -2,1 -1,2 -1,1 -1,3 -1,4 Defas**** 24 24 28 24 20 22 CoefCorr***** -0,96 -0,98 -0,96 -0,95 -0,93 -0,97 R/100****** -1,7 -3,0 -1,4 -1,6 -0,8 -1,7 Defas**** 23 24 29 25 26 23 CoefCorr***** -0,98 -0,97 -0,97 -0,96 -0,95 -0,96 R/100****** -3,6 -6,0 -3,4 -3,5 -2,8 -4,1 Defas**** 28 28 29 29 29 28 CoefCorr***** -0,91 -0,92 -0,83 -0,90 -0,88 -0,90 R/100****** -4,1 -6,2 -3,7 -4,1 -3,0 -4,2 Defas**** DIC CBV DAC Todas causas de óbito *Método direto, por sexo e grupos etários de 10 anos, a partir de 20 anos de idade – padrão: ERJ, ano de 2000 **DIC = Doença Isquêmica do Coração; CBV = Doença Cerebrovascular; DAC = Doença do Aparelho Circulatório ***MRJ = Município do Rio de Janeiro; ERJ = Estado do Rio de Janeiro; MSP = Município de São Paulo; ESP = Estado de São Paulo; POA = Porto Alegre; ERS = Estado do Rio Grande do Sul **** Defas = Defasagem em anos (máxima: 31 anos), otimizada segundo o coeficiente de correlação de Pearson ***** CoefCorr = Coeficiente de correlação de Pearson entre Doença e PIB per capita ****** R/100 = Coeficiente de inclinação da regressão entre a dependente Doença e a independente PIB per capita, multiplicada por 100 reais Revisão sistemática Análise de 8.440 pacientes (7.683 casos contribuiram para o desfecho final de mortalidade total). Intervenção exercício físico: Homens e mulheres de todas as idades em hospitais ou locais comunitários, com infarto do miocárdio, revascularização miocárdica cirúrgica ou percutânea, angina pectoris ou doença coronariana diagnosticada por angiografia. - Mortalidade global: Redução de 27% (modelo de efeito randômico: OR = 0.73 (I.C. 95% de 0.54 a 0.98). - Mortalidade cardíaca total: Redução de 31% (modelo de efeito randômico: OR = 0.69 (I.C.95% de 0.51 to 0.94). - Colesterol total (Redução de -0.57 mmol/l I.C. 95% de -0.83 a -0.31) - c-LDL (Redução de -0.51 mmol/l I.C.95% de -0.82 -0.19). Pacientes com DCV 45% Percentual de Sobreviventes Percentual de Sobreviventes Saudáveis 70% Conclusão: Sobrevida é PIOR nos indivíduos com baixa condição aeróbica do que naqueles com DCV estabelecida Anos de Seguimento Myers J et al. NEJM 2002 346:793-801 Anos de Seguimento • N = 4384 (200 mulheres) • Sem DAC conhecida • ECG de esforço normal • Inclui hipertensos, sobrepeso e dislipidêmicos • Idade 56 ± 12 anos • Seguimento de 8,7 ± 5 anos • Condição aeróbica em quintis Mandic et al. MSSE 2009 • Q1 134% VO2 max previsto idade • Q5 54% VO2 max previsto idade Tabagismo Dislipidemia 2x HAS Condição Aeróbica Baixa 5x Prescrição aeróbica Guarde a seguinte idéia: para cada MET aumentado na capacidade funcional há uma redução de 12% na mortalidade por todas as causas em homens de meia idade Polimorfismo M235T do Gene do Angiotensinogênio e Hipertensão Arterial.* HiperRel Por Genótipo, Faixa Etária, Sexo E IMC HOMEM MULHER * Salis LHA – Tese doutorado 2003 Orientadores: Souza e Silva, NA, Souza e Silva E, Rondinelli, E. Redes Bayesianas com nós ocultos aplicado ao problema Hipertensão arterial Probabilidades de Hipertensão (Redes Bayesianas) de Acordo com Combinações Constitucionais e 3 Genótipos em Indivíduos Jovens Tese doutorado 2006: Matos, MFD Orientadores: Souza e Silva NA, Rondinelli E, Souza e Silva EA Probabilidade de beneficiar um paciente de acordo com o NNT da intervenção (painel da esquerda) e Probabilidade de beneficiar um paciente com uma intervenção com RRR de 20% de acordo com o risco basal (Painel da direita). Tese: Tura, B: “Análise da Dinâmica de Mortalidade das Doenças do Aparelho Cardiovascular Utilizando a Equação de Gompertz”. Orientadores: Souza e Silva, NA e Pereira, BB. Precisamos modificar a forma de analisar e compreender o Problema Como podemos evoluir no conhecimento das DCV face a análise crítica dos dados apresentados? Novo Paradigma para o pensamento Científico • Um novo método deve ser entendido como atividade pensante do sujeito vivente. Um sujeito capaz de aprender, inventar, criar “em” e “durante” o seu caminho. • O método não é uma técnica de produção do conhecimento A compreensão da saúde (e do universo) necessita de novo método que considere a incerteza, o acaso, a desordem. Não apenas o método como concebido por Descartes que enfatizava a necessidade de proceder em qualquer pesquisa a partir de certezas estabelecidas, um conjunto de regras certas e permanentes, seguidas mecanicamente, de maneira ordenada. Método como programa aplicado a uma natureza ou sociedade onde só existe ordem ou determinismo. O ensaio, como expressão escrita da atividade pensante e da reflexão é a forma mais adequada para a forma moderna de pensar. Sistêmico ou organizacional - religa a parte ao todo e vice-versa. Hologramático – cada parte contem a totalidade da informação do objeto representado. Retroatividade – a causa age sobre o efeito e o efeito sobre a causa. Causalidade não linear. Princípios Gerativos e Estratégicos do Método • Recursividade – o produto é necessário para a produção do processo. AutoAuto-produção, auto auto--organização. • Autonomia/dependência – processo auto auto--ecoeco-organizacional. organizacional. • Dialógico – associação complexa – inseparabilidade de noções contraditórias – homo sapiens/ sapiens/demens demens.. • Reintrodução do sujeito cognescente em todo conhecimento - Crianças que nascem em condições de pobreza respondem com uma série de adaptações que dirigem o individuo para a obesidade, hiperlipidemia, diabetes e doença cardíaca. - Estas mesmas condições também comprometem o desenvolvimento neural e alterações na atenção e aprendizagem. - Estas crianças são facilmente distraídas, demonstram comportamentos inadequados e pouco controle dos impulsos emocionais e propensão para o uso precoce de drogas e inter-relações sexuais (frequentemente associadas a gravidez precoce). FIM “Educação é um processo de adaptação ótima, tal que, o aprendizado é dirigido para assegurar o desenvolvimento e funcionalidade cerebrais adequados. Koizumi (2004) - a radical re-definition of education in terms of the brain. Koizumi, H. (2004) The concept of “developing the brain”: a new natural science for learning and education, Brain and Development 26, 434-441. Universidade para o Brasil - definir o lugar do homem na sociedade (mergulhar na vida comunitária, para dela extrair o sentido da vida política - contribuir para reduzir as desigualdades sociais. - contribuir para a formação especializada. - praticar e ensinar a justiça, a ética, a solidariedade, a conquista da liberdade e o hábito da inclusão. - produzir e difundir o conhecimento filosófico, científico, artístico, cultural e tecnológico. - compartilhar com a sociedade, na tarefa de solucionar os problemas da maioria de nossa população. Os animais, frequentemente alcançam decisões críticas tendo por base “atalhos” não complicados. A racionalidade limitada pode ajudar esclarecer como as emoções, “dicas” consensuais em pequenos grupos e normas culturais, simplificam o raciocínio humano - para melhor ou para pior. Bruce Bower: Simple Minds, Smart Choices Science News on Line -Volume 155, Number 22 (May 29, 1999). • Medicina dos escravos: escravos: O médico nunca dá atenção aos problemas dos escravos e nem pergunta por eles.. Dá ao escravo alguma injunção empírica com ar de conhecimento final eles e com a maneira brusca de um ditador. ditador. Sai então então,, com pressa, pressa, para o próximo escravo escravo.. • Medicina dos homens livres: livres: O cidadão médico trata as doenças, doenças, aprofundando aprofundando--se completamente em todos os aspectos desde o início, início, de modo científico, científico, e é o confidente do paciente e da família. família. Assim Assim,, ele aprende de quem sofre. sofre. Não dá nenhuma prescrição enquanto não tiver ganho o apoio do paciente e ao conseguíconseguí-lo busca de modo estável, estável, produzir a restauração completa da saúde, saúde, persuadindo o sofredor a aceitar. aceitar. Tabela 1 – Defasagem anual ótima, coeficientes de correlação linear e de inclinação da relação da mortalidade padronizada* de adultos por grupos de doenças do aparelho circulatório e por todas as causas de óbito, por 100 mil habitantes, com o produto interno bruto per capita, em reais, em seis regiões selecionadas do Brasil, 1980-2008 Doença** Indicador PIB per capita Regiões*** MRJ ERJ MSP ESP POA ERS 24 21 31 27 28 28 CoefCorr***** -0,95 -0,95 -0,97 -0,96 -0,93 -0,95 R/100****** -1,4 -2,1 -1,2 -1,1 -1,3 -1,4 Defas**** 24 24 28 24 20 22 CoefCorr***** -0,96 -0,98 -0,96 -0,95 -0,93 -0,97 R/100****** -1,7 -3,0 -1,4 -1,6 -0,8 -1,7 Defas**** 23 24 29 25 26 23 CoefCorr***** -0,98 -0,97 -0,97 -0,96 -0,95 -0,96 R/100****** -3,6 -6,0 -3,4 -3,5 -2,8 -4,1 Defas**** 28 28 29 29 29 28 CoefCorr***** -0,91 -0,92 -0,83 -0,90 -0,88 -0,90 R/100****** -4,1 -6,2 -3,7 -4,1 -3,0 -4,2 Defas**** DIC CBV DAC Todas causas de óbito *Método direto, por sexo e grupos etários de 10 anos, a partir de 20 anos de idade – padrão: ERJ, ano de 2000 **DIC = Doença Isquêmica do Coração; CBV = Doença Cerebrovascular; DAC = Doença do Aparelho Circulatório ***MRJ = Município do Rio de Janeiro; ERJ = Estado do Rio de Janeiro; MSP = Município de São Paulo; ESP = Estado de São Paulo; POA = Porto Alegre; ERS = Estado do Rio Grande do Sul **** Defas = Defasagem em anos (máxima: 31 anos), otimizada segundo o coeficiente de correlação de Pearson ***** CoefCorr = Coeficiente de correlação de Pearson entre Doença e PIB per capita ****** R/100 = Coeficiente de inclinação da regressão entre a dependente Doença e a independente PIB per capita, multiplicada por 100 reais Vitalidade Cognitiva A vitalidade cognitiva de adultos mais idosos pode ser ajudada por: 1. Manutenção da “forma” física. 2. Manutenção e expansão das “redes” sociais. 3. Envolvimento em atividades intelectuais atraentes. Tanto através de treinamento e aprendizagem formal ou informal. 4. Dieta adequada. Estas afirmativas, provenientes de estudos clínicos, são suportadas por estudos em animais que sugerem que as intervenções acima podem resultar em: - aumento da angiogenese. - aumento da sinaptogênese. - aumento da neurogênese. - aumento da produção de neurotrofinas e neurotransmissores Qualidade de Vida desenvolvimento e Saúde A qualidade de vida na infância define o desenvolvimento tanto em termos da capacidade humana como de saúde. Estes desfechos são interdependentes. Saúde é determinada pela educação, função cognitiva-emocional, por toda a vida. Os ministérios da saúde (incluindo os serviços sociais) e ministérios da educação são separados e raramente interagem para definir iniciativas que influenciem o desenvolvimento das crianças. Michael Meaney Matemática num mundo imprevisível Categorias sem limites precisos Dimensões Múltiplas – Espaços (onde todos os potenciais valores de alguma coisa podem ser encontrados) A Medicina tem por fundamento de sua prática milenar o julgamento clínico, arte que se desenvolveu com base na ética, na compaixão (sentimento intenso pelao sofrimento ou pela dor do seu semelhante), na caridade (ato de cuidar) e na observação criteriosa dos pacientes e suas interações com o ambiente. Nos séculos XVII and XVIII uma sólida base “científica” foi adicionada (anatomia, fisiologia, química, física etc.) em paralelo à incorporação maciça e progressiva da tecnologia (estetoscópio, ap. de pressão, métodos de imagem etc..)