EMPREENDEDOR INTERNO Os desafios enfrentados nas organizações do século XXI Alessandra Barbosa Alexandre Fernandes Cristiano de Macedo Leiliana Dutra Nivelton Soares BELO HORIZONTE ABRIL 2007 5 Alessandra Barbosa Alexandre Fernandes Cristiano de Macedo Leiliana Dutra Nivelton Soares O EMPREENDEDOR INTERNO Os desafios enfrentados nas organizações do século XXI Prof. Arimar Colen Gontijo Projeto Interdisciplinar apresentado ao curso de Administração de Empresas da Faculdade Novos Horizontes, como requisito parcial para aprovação nas disciplinas do 4º período. Abril 2007 6 SUMÁRIO RESUMO Página 1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 05 2. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 06 2.1Conceito de Empreendedorismo....................................................................... 06 2.1.1 Empreendedor Interno.................................................................................. 08 2.2 Aspectos gerais da economia brasileira........................................................... 10 2.3 Questões trabalhistas...................................................................................11 2.4 Necessidade do comportamento empreendedor nas organizações.................... 12 2.5 Sistema de informação para tomada de decisão.......................................... 13 3. METODOLOGIA......................................................................................... 15 3.1 Quadro de Referência....................................................................................... 16 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS................................................... 17 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 21 6. REFERÊNCIAS................................................................................................. 22 7 RESUMO A presente pesquisa teve como objetivo analisar a necessidade do empreendedor interno para a organização e identificar as estratégias para superar os desafios enfrentados diariamente. Neste estudo foi realizada uma pesquisa qualitativa utilizando como método uma entrevista para coleta dos dados. Foi entrevistado o administrador da empresa de segmento de artesanato buscando englobar as características do empreendedor interno. Ressalvam as limitações da pesquisa devido à pequena amostragem utilizada para a coleta dos dados. Sugere novos estudos a partir deste com maior número de amostragem para consistir melhor os dados. Conclui-se que empreendedor interno apresenta um papel fundamental para as empresas do século XXI. 8 1 INTRODUÇÃO Nota-se que no contexto atual a rapidez das mudanças exige que as organizações independente do seu tamanho ou ramo de atividade, se enquadrem nas demandas do mercado. Tais mudanças fazem com que as organizações utilizem a tecnologia da informação para tirar vantagem competitiva no mercado, objetivando minimizar custos e maximizar resultados. Devido ao processo de globalização, as organizações tornaram-se empreendimentos interconectados que se expandem para venderem seus produtos e serviços impactando diretamente no desenvolvimento econômico, contribuindo para o avanço tecnológico, gerando empregos e melhorando a qualidade de vida da população. Diante da realidade apresentada, as organizações adotam um comportamento empreendedor, buscando objetivo comum de identificar novas oportunidades de negócio, necessitando de profissionais que assumam a responsabilidade de transformar idéias em projetos inovadores e lucrativos, tornando-a competitiva no mercado globalizado. O estudo do assunto Empreendedorismo é de fundamental importância para a formação acadêmica, auxiliando no desenvolvimento e preparação de futuros profissionais para as novas tendências organizacionais que exigem cada vez mais o dinamismo, comprometimento e idéias inovadoras de seus colaboradores, servindo também como norteador para selecionar e identificar melhores oportunidades e estratégias dentro das organizações. Diante de tantos desafios pergunta-se: Quais as dificuldades enfrentadas pelo empreendedor dentro da organização? Pensando nisso, apresenta-se como objetivo principal do presente projeto: Analisar a necessidade do empreendedor interno para a organização e os específicos: 1º Identificar quais os métodos utilizados pela empresa na escolha e formação desses profissionais; 2º - Identificar as estratégias para superar os desafios enfrentados diariamente. 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO Esta etapa do trabalho foi reservada a autores que desenvolveram conhecimentos científicos a respeito do tema em questão, que por sua vez, contribuiu como apoio para auxiliar no desenvolvimento deste trabalho. 2.1 Conceito de Empreendedorismo O termo empreendedorismo é antigo deriva do verbo francês entreprendre que significa fazer algo novo empreender. Segundo Angelo (2003, pág. 24) “O empreendedorismo faz parte da história da humanidade e está ligado a diversos fatos históricos importantes como, por exemplo, os egípcios que desenvolveram métodos inovadores para irrigação com águas do Rio Nilo”. O Merriam –Webster Dictionary apud Ângelo (2003, pág. 25) define modernamente o empreendedor como alguém que organiza, administra e assume os riscos de um negócio ou empreendimento. Conforme Angelo (2003, pág. 25) “Empreendedorismo é a criação de valor por pessoas e organizações trabalhando juntas para implementar uma idéia por meio de aplicação de criatividade, capacidade de transformação e o desejo de tomar aquilo que comumente se chamaria de risco”. Sintetizando, ser empreendedor é ser proativo para o desenvolvimento de novos projetos, é trabalhar em conjunto para atingir os objetivos propostos, é enxergar além das barreiras organizacionais. Para Angelo (2003, pág. 34) “Isso se deve pela correlação existente entre o empreendedorismo e o crescimento econômico onde as inovações em produtos e serviços proporcionam o desenvolvimento tecnológico e a criação de novos postos de trabalho”. 10 O autor quis dizer que, com o desenvolvimento tecnológico proporcionado pelas inovações propostas por idéias inovadoras, é possível promover o crescimento econômico e ampliar os postos de trabalho. De acordo com Dornelas (2003, pág. 7) “O empreendedorismo tem se mostrado grande aliado do desenvolvimento econômico, pois tem dado suporte a maioria das inovações que tem promovido este desenvolvimento”. Sintetizando o autor complementa a teoria defendida por Ângelo (2003, pág. 34) “de que o incentivo ao Empreendedorismo contribui para o desenvolvimento econômico do país, o que lhe garante uma maior estabilidade”. Com a globalização proporcionando a abertura do mercado internacional, às organizações foram obrigadas a se adequarem às novas exigências, uma vez que a concorrência aumentou consideravelmente. Obrigando as organizações a mudarem de foco não priorizando apenas o desenvolvimento tecnológico de seus produtos, mas também a satisfação do cliente, que na atualidade possui diversas opções, as organizações devem investir em inovações para aguçar os desejos dos clientes e não apenas suas necessidades. Garantir a credibilidade para com os seus clientes é o “grande divisor de águas” entre as organizações que vão sobreviver ao mercado cada vez mais competitivo e as que ficaram obsoletas devido ao modo arcaico de gestão. Por isso é imprescindível que as organizações abram espaço para a existência de pessoas com idéias inovadoras que desenvolvam empreendimentos rentáveis para a organização garantindo a sua lucratividade. Desde então se percebe o quanto é importante incentivo interno que favoreçam o surgimento dos chamados empreendedores internos ou intra-empreendedores. 11 2.1.1 Empreendedor Interno Segundo Dornelas (2003, prefácio) “O empreendedor corporativo trata a empresa como se fosse dele, planeja, executa a criatividade, busca oportunidades, ousa, efetivamente gere o negócio”. Angelo (2003, pág. 27) afirma “O intra-empreendedor deve pautar-se sempre pela busca da inovação, ainda que precise compatibilizar os interesses gerais da corporação, de acionistas e investidores”. Entende-se pelas citações acima que, o empreendedor corporativo ou intraempreendedor é basicamente um profissional que possui idéias inovadoras e procura viabilizá-las de maneira coerente com a estrutura da organização, para que os objetivos esperados sejam atingidos. A discussão a respeito deste assunto vem se intensificando cada vez mais, em virtude da alta competitividade das organizações, últimos anos que por este motivo foram obrigadas a mudar o foco de seus negócios para a sobrevivência no mercado. Antigamente as organizações estavam preocupadas apenas com a produção de produtos ou promoção de marcas para atender a demanda de mercado, sem se preocupar efetivamente com os clientes, atualmente as empresas necessitam que seus clientes sejam conquistados pela oferta de produtos e serviços de qualidade para garantir bons resultados. Diante deste novo paradigma, é crucial para as organizações terem o apoio de profissionais diferenciados para o bom desempenho dos negócios das organizações. Porém é necessário que as organizações providenciem ambientes favoráveis para que idéias realmente inovadoras apareçam. Conforme Angelo (2003, pág.101) “As empresas competitivas tendem a estimular a criatividade, analisar sugestões e permutar autonomia interna por resultados”. 12 Para Dornelas (2003, pág. 117) “A organização deve incorporar o empreendedorismo em sua estratégia de negócio, em seus valores organizacionais e deve definir metas de inovação, bem como implementar meios para atingi-las”. Sintetizando, os autores defendem que, a organização deve assumir uma postura mais estratégica diante de seus colaboradores para estimular um comportamento inovador propiciando a superação de barreiras para atingir os resultados esperados. Porém os empreendedores internos não enfrentam somente estes desafios de estrutura organizacional, às vezes eles enfrentam resistência dos próprios colaboradores da equipe e tem que agir de maneira diplomática para viabilizar os resultados. De acordo com Dornelas (2003, pág. 126) “As pessoas é que fazem as corporações existirem e o empreendedorismo corporativo só será efetivo se ajudar a mudar o comportamento de executivos e administradores, ampliando seus horizontes e motivando para ação”. Angelo (2003, pág. 28) afirma: O intra-empreendedor no ambiente interno deve mobilizar pessoas, aproveitar inteligentemente os recursos materiais e financeiros, potencializar e adaptar mecanismos já existentes, modificar hábitos, prestar conta de suas iniciativas alem de administrar interesses eventualmente divergentes. Sugerem os autores que para o bom desempenho do empreendedorismo corporativo é essencial à mudança de comportamento dos indivíduos envolvidos dentro da organização agindo de maneira coerente para ampliar as inovações e administrar os conflitos. Enfim, não existem mistérios para o desenvolvimento de empreendedorismo corporativo, porém, quando se trata de ministrar pessoas para atingir objetivos corporativos se faz necessário uma política de socialização entre os colaboradores para que haja interação para atingir os objetivos propostos. Este comportamento é importante para a sobrevivência das organizações em um ambiente cada vez mais competitivo, o aprimoramento de técnicas e o desenvolvimento de projetos inovadores contribuem para o crescimento organizacional. 13 2.2 Aspectos gerais da economia brasileira. De acordo Dolabela (1999, p.30) “Tudo leva a crer que o desenvolvimento econômico seja função do grau de empreendedorismo de uma comunidade. O empreendedor cria e aloca valores para indivíduos e para a sociedade, ou seja, é fator de inovação tecnológica e crescimento econômico”. Para Hitt et al. (2005, p.528) “os empreendedores são importantes agentes de crescimento econômico, introduzindo novos produtos, além de outras inovações que estimulam a atividade econômica”. Dolabela (1999, p.30) afirma que: Existe relação entre o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico local. Até o fim dos anos 1970, o Estado e as grandes empresas eram considerados os únicos suportes econômicos relevante para a sociedade. Nos anos 1980, alguns fatores – o endividamento crescente dos governos, o aumento da concorrência dos mercados e sua mundialização, a utilização intensiva de tecnologia nos processos produtivos – transformaram este panorama, delineando uma nova organização econômica. As grandes empresas passaram a produzir mais com menos empregados; os governos buscaram diminuir os seus déficits através de cortes e redimensionamento de seus quadros de pessoal. A partir daí, as únicas criadoras de empregos passaram a ser as PME, pequenas e médias empresas que não mais se restringiram ao mercado local ou regional, mas começaram a concorrer internacionalmente. De acordo Dolabela (1999, p.32) “A nova organização da produção do no mundo coloca a pequena e a média empresa em seu centro. Elas são responsáveis pelas taxas crescentes de emprego, de inovação tecnológica, de participação no PIB, de exportação.” É interessante observar também que as proporções entre as companhias grandes e pequenas em termos de diversos indicadoreschave da atividade econômica estão se modificando. Nos Estados Unidos, por exemplo, companhia pequenas e de médio porte foram responsáveis por quase todos os novos empregos criados desde 1987. (...) As firmas pequenas, com menos 500 pessoas, empregam 53% da força de trabalho privada e são responsáveis pó 47% das vendas e 51% do produto interno bruto (PIB) do setor privado. (Hitt et al. 2005, p.543) 14 2.3 Questões trabalhistas Segundo Rica (www.fides.org.br) “Com o fim do ciclo da Revolução Industrial, o mundo do trabalho vem passando por transformações que, no seu conjunto, configuram o ingresso em uma nova etapa do processo de produção de bens e serviços e das relações de trabalho”. De acordo com Rica (www.fides.org.br) “... mais de 50% da População Economicamente Ativa (PEA) está trabalhando sem carteira assinada”. Comparando a definição de empregado prevista na CLT, deduz-se que o trabalhador sem carteira assinada enquadra-se como autônomo. Diferente do empregado, não está sujeito a um controle diário de sua jornada de trabalho, bem como não cumpre, necessariamente, uma quantidade exata de horas de trabalho. Maranhão (1976) descreve que "Profissional autônomo é aquele que trabalha por conta própria, sem ser empregado. Trabalhador autônomo é aquele que exerce, habitualmente e por conta própria, atividade profissional remunerada. Não é empregado. A autonomia da prestação de serviços confere-lhe uma posição de empregador em potencial: explora em proveito próprio a própria força de trabalho. Está amparado pela Previdência Social". O empregado por sua vez, espécie mais comum de trabalhador, tem sua atividade disciplinada pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, que, em seu art. 3° o considera como sendo "toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário". Sendo assim, o empreendedor que se classifica na categoria de trabalhador autônomo goza dos direitos para tal. 15 2.4 Necessidade do comportamento empreendedor nas organizações De acordo com Borges (1995), “A sociedade atual passa pela quebra de paradigma de sociedade industrial para sociedade da informação, desenvolvendo megatendências que definem o momento atual”. Naisbit & aburdene apud Borges (1995. p.1) definem como megatendências “grandes mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas que se formam lentamente, e uma vez estabelecidas, influenciam-nos por algum tempo”. Segundo Borges (1995 p. 2): As empresas deparam-se com o fim da sociedade industrial massificada, satisfeita com uma produção em massa, sincronizada, concreta, maximizada. O mercado subdividi-se em mini mercados que se multiplicam e mudam incessantemente. Exigem opções, modelos, tipos, tamanhos e adaptações de uma forma tão acelerada que os produtos já não esquentam lugar nas prateleiras. Além disso, e talvez acima de tudo, exigem produtos de qualidade. A variedade de produtos e serviços refletem a crescente diversidade das necessidades, valores e estilo de vida em que cada cliente é único. Pode-se entender pela fala acima que a transição da sociedade industrial a informação fez o mercado se tornar dinâmico e cada vez mais exigente. Segundo Carvalho apud Goulard, Papa Filho (2004. p. 22), “No Brasil na década de 90 o empresariado toma consciência de sua importância depois de anos de uso exploratório de força de trabalho.” Para Goulard e Papa Filho (2004. p. 22), “O elemento central dessa reestruturação do trabalho é exatamente o deslocamento do foco do componente manual do trabalho para o componente intelectual, o que passou a requerer qualificação da força de trabalho”. Sintetizando, a partir da década de 90, as organizações começam a valorizar as idéias e as habilidades de seus profissionais e não somente sua capacidade física. 16 Goulard e Papa Filho (2004) explicam que esse processo de reestruturação do trabalho ocorre devido à inovação tecnológica trazida pela microeletrônica, informática e outras técnicas, exigindo do trabalhador maior capacidade de raciocínio, de trabalho em grupo e principalmente inovação. Ainda os mesmos autores afirmam, “Ao adotarem novas tecnologias de processo e de gestão, as organizações passam a necessitar de pessoas aptas a desenvolver atividades criativas, a tomar decisões, a enfrentar (e vencer) desafios”. Deixam claro os autores que, a necessidade do comportamento empreendedor dentro das organizações é cada vez mais relevante. 2.5 Sistema de informação para tomada de decisão O’Brien (2001, p.17) conceitua Sistema de Informação como “um grupo de componentes inter-relacionados que trabalham juntos rumo a uma meta comum recebendo insumos e produzindo resultados em um processo organizado de transformação”. Para Laudon (2004, p.7) “Sistema de Informação é um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e distribui informações destinadas a apoiar à tomada de decisões, à coordenação e o controle de uma organização”. Para O’Brien (2001, p.29) “Quando os sistemas de informação se concentram em fornecer informação e apoio para a tomada de decisão eficaz pelos gerentes, eles são chamados sistemas de apoio gerencial”. Conforme o autor, sistemas de informação de apoio gerencial são aqueles que fornecem informações e apoio à tomada de decisão para os gerentes. Segundo Laudon (2004, p. 44) “Os sistemas de informações gerenciais (SIGs) atendem ao nível gerencial da organização, munindo os gerentes de relatórios ou de acesso online aos registros de desempenho corrente e histórico da organização.” Já O’Brien (2004, p. 250) “Gerentes e outros tomadores de decisão utilizam um SIG para 17 requisitarem informações em suas estações de trabalho em rede em apoio a suas atividades de tomada de decisões’’. Segundo O’Brien (2001, p.3) “As tecnologias da informação, entre as quais os sistemas de informação baseados na internet, estão desempenhando um papel vital e ampliador dos negócios.” Laudon (2004, p. 7) afirma que “Além de dar suporte à tomada de decisões, à coordenação e ao controle, esses sistemas também auxiliam os gerentes e trabalhadores a analisar problemas, visualizar assuntos complexos e criar novos produtos”. De acordo com o exposto acima, os sistemas de informação e as tecnologias da informação utilizadas corretamente tanto apóiam na tomada de decisão pelos gerentes e gestores quanto deixa as organizações mais competitivas. Para O’Brien (2001, p. 30) “A maioria dos sistemas de informação se destina a produzir informação e apoiar a tomada de decisão para vários níveis gerenciais e funções organizacionais, além de realizar tarefas de manutenção de registros e processamento de transações”. Diz o autor que, os sistemas de informação viabilizam os processamentos de transações das organizações como também produzem informações que serve de apoio à tomada de decisão para os níveis gerenciais. 18 3 METODOLOGIA De acordo com Michel (2005) a metodologia se preocupa em estabelecer formas para resolver problemas e buscar respostas para objetivos quaisquer. Para o desenvolvimento desse projeto, utilizamos na pesquisa, variáveis qualitativas para analisar a teoria com a prática. A pesquisa foi realizada na fábrica de cerâmica, cerâmica Nunes, uma empresa de pequeno porte, de natureza privada, do ramo de artesanato, onde o produto principal é fabricação de produtos de decoração. Atualmente a empresa conta com 20 colaboradores para atender um público diversificado. A entrevista foi realizada dentro da própria empresa juntamente com o proprietário. As perguntas utilizadas foram desenvolvidas com base no quadro de referências abaixo, que apresenta três colunas, sendo a primeira à dimensão, contendo palavras chave dos assuntos abordados no referencial teórico, a segunda coluna contendo as perguntas elaboradas com base nas teorias abordadas e a terceira contendo os respectivos autores das teorias mencionadas. 19 Quadro de Referência Dimensões Itens/Questões 1º Habilidades 1) A empresa possui alguma política de incentivo a idéias inovadoras? Autor(es) Ângelo e Dornelas (2003) 2) Que tipo de habilidade empreendedora a empresa valoriza? 2º Aspectos econômi cos 3) Sabe-se que as ações empreendedoras estimulam o crescimento econômico, Dolabela (1999) gerando de renda, emprego entre outros. Você acredita que ação empreendedora dentro da empresa aumenta seu crescimento econômico? 4) A ação empreendedora pode ser estimulada dentro da empresa? 3º Questões trabalhis tas 5) Como são registrados essas bonificações e prêmios do ponto de vista das leis Hitt Et al (2005) Maranhão (1976) trabalhistas? 6) Qual o tipo de remuneração oferecida ao funcionário? 4º Qualificação 7) Qual o método utilizado na seleção dos profissionais? Borges (1995) Goulard (2004) 8) Existe algum programa de treinamento e capacitação para os funcionários? 5º Sistema de infor mação 9) As decisões tomadas são baseadas em quais informações? O'Brien (2001) 10) Qual a fonte das informações utilizadas? 6º Tecnologia 11) O uso da internet e e-mail trazem benefícios para a empresa? Laudon (2004) 12) A empresa possui sistema de informação gerencial? FONTE: ELABORAÇÃO DOS PESQUISADORES 20 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS Dados coletados na entrevista realizada com o administrador de uma fábrica de cerâmicas na região metropolitana de Belo Horizonte. 1º Dimensão: Habilidades Perguntou-se ao entrevistado o tipo de habilidade empreendedora valorizada pela empresa. Foi respondido que a criatividade e capacidade de inovação são os principais requisitos para o profissional da área de produtos de decoração. O mercado inova a cada dia, portanto é preciso seguir essas mudanças criando produtos inovadores que acompanhem as tendências. Conforme Angelo (2003, pág. 27) “O intra-empreendedor deve pautar-se sempre pela busca da inovação”. Em outras palavras, inovar a cada dia se torna um requisito de vital importância para as empresas do mundo atual. Quando o entrevistado foi questionado a respeito da política de incentivo a idéias inovadoras ele respondeu: a empresa procura reconhecer e incentivar os funcionários através de bonificações e premiações oferecidas de acordo com produtividade. Analisando a resposta, verifica-se que existe um estimulo para os profissionais desenvolverem seus projetos inovadores, o que se adequou à afirmação de Ângelo (2003, pág.101) “As empresas competitivas tendem a estimular a criatividade, analisar sugestões e permutar autonomia interna por resultados”. 21 2º Dimensão: Aspectos Econômicos Ao perguntarmos ao entrevistado se ele acredita que a ação empreendedora dentro da empresa interfere no seu crescimento econômico, recebemos a seguinte resposta: “O crescimento econômico está totalmente ligado às ações empreendedoras, cada funcionário é responsável por sua tarefa, são eles que fazem tudo lá dentro, são os verdadeiros artistas”. (relato do entrevistado) Para Angelo (2003, pág. 34) “Isso se deve pela correlação existente entre o empreendedorismo e o crescimento econômico onde as inovações em produtos e serviços proporcionam o desenvolvimento tecnológico e a criação de novos postos de trabalho”. Considerando a resposta do entrevistado, pode-se analisar que a ação empreendedora contribui de forma significativa para o crescimento da empresa, uma vez que o processo de criação e produção é responsabilidade total dos funcionários. Quando perguntou-se ao entrevistado qual a maior dificuldade enfrentada pela empresa no cumprimento das exigências do governo, foi relatada a dificuldade em pagar impostos e encargos. Para Dornelas (2003, pág. 117) “A organização deve incorporar o empreendedorismo em sua estratégia de negócio, em seus valores organizacionais e deve definir metas de inovação, bem como implementar meios para atingi-las”. 3º Dimensão: Questões Trabalhistas Quando questionou-se o entrevistado qual seria a forma de registro das premiações e bonificações do ponto de vista das leis trabalhistas, o mesmo relatou que essas 22 bonificações não são registradas, é realizado um acordo verbal onde o funcionário recebe esse pagamento por fora. Perguntou-se ao entrevistado qual o tipo de remuneração é oferecida aos funcionários, foi respondido que a remuneração consiste em um salário fixo determinado pelo sindicato dos artesãos. 4º Dimensão: Qualificação Perguntou-se ao entrevistado qual o método utilizado na seleção dos profissionais e recebemos a seguinte resposta: “A maioria dos funcionários foram indicados por amigos ou pessoas conhecidas, muitos tiveram aqui a oportunidade do primeiro emprego e permanecem na empresa a mais de cinco anos. Os outros passaram por entrevistas e testes de habilidade”. (Relato do Entrevistado) Foi perguntado ao entrevistado se existe algum programa de treinamento e capacitação para os profissionais da empresa, recebemos a seguinte resposta: “Os funcionários passam por um treinamento com duração média de dois anos. Esse é o tempo necessário para que o profissional esteja qualificado a criar e produzir suas peças”. (Relato do Entrevistado) 5º Dimensão: Sistema de Informação Quando perguntou-se ao entrevistado em quais informações as decisões da empresa eram baseadas, foi respondido que as decisões são tomadas em reuniões baseadas nas experiências do dia-a-dia, informações do concorrente, dados coletados em pesquisas na internet e dados do sistema de estoque e contábil. Segundo O’Brien (2001, p.3) “As tecnologias da informação, entre as quais os sistemas de informação baseados na internet, estão desempenhando um papel vital e ampliador dos negócios.” Laudon (2004, p. 7) afirma que “Além de dar suporte à tomada de decisões, à coordenação e ao controle, esses sistemas também auxiliam os gerentes e 23 trabalhadores a analisar problemas, visualizar assuntos complexos e criar novos produtos”. Perguntou-se ao entrevistado qual a fonte das informações utilizadas na empresa. Sua resposta foi a seguinte: “As informações internas são coletadas nos sistemas de controle de estoque e contábil e as externas através da internet, revistas do ramo e troca de informação com a concorrência”. 6º Dimensão: Tecnologia Perguntou-se ao entrevistado se o uso da internet e e-mail trazem benefícios para a empresa, sua resposta foi a seguinte: “a internet é muito importante para nosso dia-adia, através dela buscamos a maioria das informações sobre lançamentos e eventos do ramo”. (Relato do entrevistado) Perguntou-se existe algum sistema gerencial que facilite o trabalho, foi respondido o seguinte: “temos um sistema de controle de estoque e sistema contábil, ainda temos muito que investir nessa área”. (Relato do entrevistado) 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das transformações ocorridas no cenário atual, as empresas estão vivendo em um mercado mais competitivo e globalizado, que por sua vez se faz necessário desenvolverem um diferencial em seus produtos ou serviços para acompanhar as transformações do mercado. Em decorrência desses fatos, é preciso a existência de profissionais capacitados que se adaptam a essas mudanças, desenvolvendo um diferencial para a organização. Constatou-se que o entrevistado pode ser considerado um empreendedor interno, devido sua capacidade de superar as dificuldades em manter o empreendimento, herdado pelo avô, sem recursos tecnológicos avançados, concorrendo com o mercado globalizado. Outra característica apontada é o fato de buscar inovações em diversas fontes de conhecimento, visando diferenciar-se dos concorrentes. Observou-se durante a pesquisa de campo, que o entrevistado enfrenta dificuldades para adquirir inovações tecnológicas devido ao custo elevado desses investimentos. Além do faturamento não ser suficiente para aquisição dessas tecnologias, o governo absorve grande parte de sua rentabilidade com impostos e encargos tributários dificultando a sobrevivência do micro e pequenos empresário. Diante dos fatos mencionados, alcançamos os objetivos propostos para a pesquisa e a resposta para a problematização. Sugerimos novos estudos a partir deste com maior número de entrevistados e empresas, para que maior veracidade seja dado aos fatos. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGELO, Eduardo Bom. Empreendedor corporativo - a nova postura de quem faz a diferença. 4º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Birley & Muzyka: Financial Times Mastering Entrerprise – Dominando os desafios do Empreendedor – Tradução Cláudio de Lucinda; revisão técnica David Felipe Hstings. São Paulo, Makron Books, 2001 CLT Academica / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva, colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. – São Paulo DOLABELA Fernando. Oficina do empreendedor - a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza 6º ed. São Paulo: Cultura 1999. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo corporativo - como ser empreendedor, inovar se diferenciar na sua empresa. 4ºed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. GOULART, Íris; PAPA FILHO, Sudário. Empreendedorismo e empreendedores: sugestões para a Educação. Belo Horizonte: Newton Paiva, 2004. José Luiz Ricca – http://www.fides.org.br/artigo10.pdf - acessado em 07/04/2007 LAUDON Kenneth C; LAUDON Jane P. Sistema de informação gerencial administrando a empresa digital 5º ed. São Paulo 2004. MARANHÃO, Délio. Direito do Trabalho. 4º ed. FGV, 1976, O’BRIEN, James A. Sistema de informação - e as decisões gerenciais na era da internet. 9º ed. São Paulo: Saraiva 2001. 26 ANEXO ANEXO 1 ROTEIRO DE ENTREVISTA 1) A empresa possui alguma política de incentivo a idéias inovadoras? 2) Que tipo de habilidade empreendedora a empresa valoriza? 3) Sabe-se que as ações empreendedoras estimulam o crescimento econômico, gerando renda, emprego entre outros. Você acredita que ação empreendedora dentro da empresa aumenta seu crescimento econômico? 4) Ação empreendedora pode ser estimulada dentro da empresa? 5) Como são registradas as bonificações e prêmios do ponto de vista das leis Trabalhis tas? 6) Qual o tipo de remuneração oferecida ao funcionário? 7) Qual o método utilizado na seleção dos profissionais? 8) Existe algum programa de treinamento e capacitação para os funcionários? 9) As decisões tomadas são baseadas em quais informações? 10) Qual a fonte das informações utilizadas? 11) O uso da internet e e-mail trazem benefícios para a empresa? 12) A empresa possui sistema de informação gerencial? 27