1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos TESE Óleos essenciais e oleoresina da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi): propriedades químicas e biológicas. MASSAKO TAKAHASHI DOURADO PELOTAS/RS 2012 2 MASSAKO TAKAHASHI DOURADO Óleos essenciais e oleoresina da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi): propriedades químicas e biológicas. Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Orientação: Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva Co-orientação: Profa. Dra Ângela Maria Fiorentini Pelotas /RS 2012 3 Dados de catalogação na fonte: Ubirajara Buddin Cruz – CRB-10/901 Biblioteca de Ciência & Tecnologia - UFPel D739o Dourado, Massako Takahashi Óleos essenciais e oleoresina da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi) : propriedades químicas e biológicas / Massako Takahashi Dourado. – 120f. : il. color. – Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Pelotas, 2012. – Orientador Wladimir Padilha da Silva ; co-orientador Ângela Maria Fiorentini. 1.Schinus terebinthifolius Raddi. 2.Pimenta rosa. 3.Aroeira. 4.Antioxidante. 5.Atividade antimicrobiana. 6.Óleos essenciais. 7.Cromatografia gasosa. 8.Propriedades químicas e biológicas. CDD: 663.84 4 Massako Takahashi Dourado Óleos essenciais e oleoresina da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi): propriedades químicas e biológicas. Comissão de orientação: Prof. Dr. Wladimir P. da Silva (orientador)- DTCA - UFPel/RS Profa. Dra. Ângela Maria Fiorentini (co-orientador) - DTCA-UFPel/RS Banca examinadora: ________________________________________________________________ Andrea da Silva Ramos Rocha CF-UCPel ________________________________________________________________ Eliezer Avila Gandra CCQFA-UFPel ________________________________________________________________ Luciano do Amarante CCQFA-UFPel Pelotas, dezembro de 2012 Pelotas /RS 5 Ao meu esposo Augusto. Aos meus filhos Daniel, André e Adriana. Aos meus pais Katsuko e Fusao, dedico. 6 AGRADECIMENTOS A Deus por me dar vida e me proporcionar saúde para iniciar e terminar mais esta etapa da vida. A minha família - Augusto, Daniel, André e Adriana, que sempre me apóiam em tudo e tem sido um forte pilar na minha vida. Ao prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva pela orientação, profissionalismo, suporte técnico, ensinamentos e amizade. A profa Dra Ângela Maria Fiorentini pela co-orientação, por instruir e repartir os conhecimentos técnicos e amizade. Ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA) da Universidade Federal de Pelotas. A Universidade Federal de Pelotas, e ao CCQFA (Centro de Ciências Químicas Farmacêuticas e de Alimentos) Aos colegas da Universidade de Caxias do Sul professores Dr. Sidnei Moura e Silva e Msc. Fabiane Agostini. A todos os colegas do Laboratório de Microbiologia de Alimentos do CTA, em especial às amigas: Tatiane, Milena e Liziane. À amiga Lidine Pires Gouvêa, pela amizade, ajuda nesta jornada árdua, pela cumplicidade, carinho e afeto. Aos prof. Dr. Cesar V. Rombaldi (UFPel) e profa Dra Andrea da Silva Ramos Rocha (UCPel), pelas criticas construtivas e importantes sugestões auferidas à finalização do trabalho. Ao prof. Dr. Pedro Luiz Antunes com saudades e carinho. A todos meus parentes mesmo longe sempre presentes na minha vida. Ao Prof. Dr. Claudio Martin Pereira de Pereira, pelo auxilio nas análises cromatográficas e na doação de alguns reagentes químicos. Ao Prof. Dr. Neftali Lenin Villarreal Carreño pela doação do Clevenger para extração de óleos essenciais. À amiga e orientada, Janaína Garcia Timm pelo auxílio nas análises laboratoriais, amizade e companheirismo. A todos que de alguma maneira, contribuíram direta ou indire tamente na realização deste trabalho. 7 “Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo, só depende de nossa vontade e perseverança” (Albert Einstein) 8 RESUMO DOURADO, M.T Óleos essenciais e oleoresina da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi): propriedades químicas e biológicas. 2012. 120f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. A pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi), popularmente conhecida como pimenta rosa, aroeira, aroeira mansa ou aroeira-vermelha, pertencente à família Anacardiaceae, é muito utilizada na medicina popular, no tratamento de diversas enfermidades. No Brasil, tem sido pouco explorada, mas em outros países, como a França, é um condimento muito popular. Os óleos essenciais são produtos do metabolismo secundário de plantas, cada vez mais utilizados para diferentes finalidades, como na produção de medicamentos, na cosmetologia, na perfumaria e na área de alimentos. Em alimentos são muito utilizados no controle microbiológico, pois aumentam a sua vida útil, além de poder conferir sabor, odor e apresentar potencial antioxidante, devido a sua fração fenólica. Os óleos essenciais podem ser extraídos do caule, frutos, folhas, sementes e casca e, dependendo da porção de onde são retirados, sua composição difere entre si, não só em quantidade como em qualidade. Neste estudo, objetivou-se padronizar as condições de extração e caracterizar fisicoquimicamente os frutos de pimenta rosa em diferentes estágios de maturação, analisar o óleo essencial e a oleoresina, que é uma mistura de compostos (óleos voláteis, resinas, ácidos graxos não voláteis, pigmentos e outras substâncias) através da cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG/MS). O óleo essencial foi extraído por hidrodestilação utilizando Clevenger e foi avaliado por cromatografia gasosa, onde foram identificados 25 compostos no óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa sendo o componente majoritário o mirceno e no óleo essencial de frutos verdes foram identificados 19 compostos sendo o componente majoritário o α-pineno. A oleoresina foi extraida por dois métodos (Soxhlet e a frio) utilizando sete diferentes solventes, o que interferiu no rendimento final. A oleoresina foi extraída em condições similares e foi avaliada por cromatografia gasosa, onde o solvente metanol foi o mais eficaz. O óleo essencial foi utilizado no estudo do potencial antimicrobiano avaliado pela determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Bactericida Mínima (CBM), além da capacidade antioxidante do extrato. Os resultados indicaram que o óleo essencial de pimenta rosa apresenta atividade antimicrobiana tanto em bactérias Gram-positivas como nas Gram-negativas, sendo todas as bactérias estudadas patogênicas em alimentos, e não apresentaram diferença para CIM nem para MBC tanto para E. coli como para L. monocytogenes. A atividade antioxidante foi avaliada através do método da capacidade de captura in vitro do radical livre DPPH, verificou-se que o menor valor de EC50 (0,0170g) foi para o extrato aquoso de frutos maduros de pimenta rosa. O valor de EC50 significa quantidade de antioxidante necessário para reduzir a 50% a concentração inicial de DPPH. Palavras-chave: Schinus terebinthifolius Raddi; aroeira; pimenta rosa; óleos essenciais, oleoresina, atividade antimicrobiana, antioxidante e DPPH. 9 ABSTRACT DOURADO, M.T Óleos essenciais e oleoresina da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi): propriedades químicas e biológicas. 2012. 120f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. The pink pepper (Schinus terebinthifolius Raddi), known popularly as pink pepper, aroeira, soft aroeira or red aroeira, belongs the Anacardiaceae family, is widely used in folk medicine to treat some diseases. In Brazil, has been underexplored, but in other countries, like France, is a popular condiment. Essential oils are products of secondary metabolism of plants, increasingly used for different purposes, such as in the production of medicinal products in cosmetology, in the perfumery industry and in the food field. In foods are very used in microbiological control by increasing its useful life, also addition to flavor, odor and to produce antioxidant potential, duo to its phenolic fraction. Essential oils can be extracted from stems, fruits, leaves, seeds, bark and depending on the portion where is removed, its composition differs together, in quantity and quality. This study aimed to standardize the extraction conditions and physicochemical characterization of pink pepper fruits at different stages of maturity, analyze the essential oil and oleoresin, that is a mix of compounds (volatile oils, resins, not volatile fatty acids, pigments and other substances) through gaseous chromatography associated to mass spectrometry (GC / MS). The essential oil was removed by hydrodistillation using Clevenger and was evaluated by gaseous chromatography, which were identified 25 compounds in the essential oil of mature fruits of pepper rose, being the myrcene the majority component and in the essential oil of unripe fruits were identified 19 compound, being the αpinene the majority component. The oleoresin was extracted by two methods (Soxhlet and cold) using seven different solvents, which affect the final production. The oleoresin was extracted under similar conditions and were evaluated by gaseous chromatography, which the methanol solvent was more effective. The essential oil was used in the study of antimicrobial potential assessed by determining the Minimum Inhibitory Concentration (MIC) and Minimum Bactericidal Concentration (MBC), also in the antioxidant capacity of the extract. The results indicated that the essential oil in the pink pepper presented antimicrobial activity in both Gram-positive and Gram-negative bacterias, and all bacterias studied are pathogenic in food, and showed no difference in MIC or MBC for both E. coli and L. monocytogenes. Antioxidant activity was evaluated by the method of harvesting capacity in vitro free radical DPPH, it was found that the lowest EC50 value (0.0170 g) was for the aqueous extract of ripe fruits of pink pepper. The mean EC 50 amount of antioxidant required to reduce 50% the initial concentration of DPPH. Key words: Schinus terebinthifolius Raddi, aroeira, pink pepper, essential oil, oleoresin, antimicrobial, antioxidant and DPPH. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Destilador por arraste de vapor d'água; método industrial. ............... 31 Figura 2 - Aparelho de Clevenger para extração de óleos essenciais ............. 32 Figura 3 - Extrator Soxhlet ........................................................................... 33 Figura 4 - Flores brancas de pimenta rosa .................................................... 36 Figura 5 - Morfologia das flores de Shinus terebinthifolius Raddi masculina e feminina. a) secção longitudinal parcial da flor masculina (estames completos e gineceu reduzido); b) secção longitudinal parcial da flor feminina (gineceu completo e estames reduzidos) .................................................................... 37 Figura 6 - Inflorescências de Schinus terebinthifolius Raddi a) Inflorescência com flores masculinas, b) Inflorescência com flores femininas. Barras de escala a= 0,5cm, b=1 cm ....................................................................................... 37 Figura 7 - Schinus terebinthifolius Raddi (frutos maduros de pimenta rosa).....38 Figura 8 - Schinus terebinthifolius Raddi (frutos verdes de pimenta rosa)........38 Figura 9 - Frutos maduros de pimenta rosa selecionados .............................. 40 Figura 10 - Atividade antioxidante DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila), na forma oxidada e reduzida ...................................................................................... 48 Figura 11 - Escherichia coli; a) Coloração de Gram e b) Imagem de microscopia eletrônica.................................................................................................... 53 Figura 12 - Staphylococcus aureus; a) Coloração Gram e b) Imagem de microscopia eletrônica ................................................................................. 54 Figura 13 - Listeria monocytogenes; a) Coloração Gram, b) Imagem de microscopia eletrônica ................................................................................. 57 Figura 14 - Salmonella Typhimurium a) Coloração Gram e b) Imagem de microscopia eletrônica ................................................................................. 58 Figura 15 - Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas do óleo essencial de frutos verdes de pimenta rosa extraído por Clevenger. ....... 81 Figura 16 - Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas do óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa extraído por Clevenger...... 85 Figura 17 - Estrutura química dos componentes majoritários presentes no óleo essencial de frutos verdes e maduros de pimenta rosa .................................. 88 11 Figura 18 - Cromatograma de ésteres de ácidos graxos de frutos maduros de pimenta rosa, equipado com coluna de polietileno, 30m de comprimento, 0,32 de diâmetro e espessura 0,25μm, e como gás de arraste o He, levando em consideração a concentração de ácido graxo (100%) .................................... 95 Figura 19 - Cromatograma de ésteres de ácidos graxos de frutos maduros de pimenta rosa, 30 m de comprimento, diâmetro de 0,32mm e espessura de 0,25μm, gás de arraste o He, levando em consideração a concentração de ácido graxo em relação à amostra (22,909%) ............................................... 95 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Características fisico-químicas de frutos verdes e maduros de pimenta rosa ............................................................................................... 73 Tabela 2: Efeito do tipo de maceração no rendimento (g%) de óleo essencial de frutos de pimenta rosa, obtido por hidrodestilação. ........................................ 75 Tabela 3: Rendimento de óleos essenciais de frutos maduros de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi) em função do tempo de extração empregado na hidrodestilação............................................................................................ 77 Tabela 4: Índice de refração (23°C) e densidade (25°C) de óleos essenciais obtidos de pimenta rosa madura e verde ...................................................... 78 Tabela 5: Composição química do óleo essencial de frutos verdes de pimenta rosa obtido por Clevenger modificado, determinada por cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massa. ......................................................... 80 Tabela 6: Composição química do óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa obtidos por hidrodestilação, determinada por cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massa. ......................................................... 84 Tabela 7: Teor de oleoresina (g%) extraída pelo método de Bligh-Dyer, sem e com a utilização de ultrassom ...................................................................... 90 Tabela 8: Resultados da extração de oleoresina de frutos maduros de pimenta rosa, a frio e com o uso de calor (Soxhlet) .................................................... 91 Tabela 9: Composição em ácidos graxos (%) da oleoresina do fruto maduro de pimenta rosa, obtida por extrato hexanóico em Soxhlet ................................. 94 Tabela 10: Valores de EC50 para o extrato aquoso, etanólico e cetônico de frutos maduros de pimenta rosa. .................................................................. 97 Tabela 11: Valores de EC50 para o óleo essencial de pimenta rosa verde e madura. ...................................................................................................... 97 Tabela 12: Atividade antimicrobiana do óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa obtido por hidrodestilação, avaliada pelo método da difusão em ágar ......................................................................................................... 100 Tabela 13: Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) do óleo essencial de pimenta rosa extraído de frutos maduros, com Clevenger por hidrodestilação............................................................. 102 13 LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS E ABREVIATURAS % - Porcentagem a.C - Antes de Cristo ABTS - 2,2‟-azinobis 3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico ANOVA - análise de variância AOAC - Association of Analytical Communities BHA - Butylated hydroxyanisole BHT - Butylated hydroxytoluene CG/MS - Cromatografia gasosa acoplada ao espectro de massa, do inglês Gas Chromatography Mass Spectrometry CO2 - Dióxido de carbono DCTA - Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial DNA - Ácido desoxirribonucléico FDA - Food and Drug Administration g - Gramas H2 O2 - Peróxido de Hidrogênio Hz - Hertz IAL - Instituto Adolfo Lutz IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry mg/L - Miligrama por litro mM - Milimolar NADH – dinucleotídio de adenina nicotinamida reduzido nm - Nanômetro (1 x 10-9 metros) o C - Graus Celsius OMS - Organização Mundial da Saúde p/p - Peso sobre peso pH - Potencial de Hidrogênio SUS - Sistema Único da Saúde UFPel - Universidade Federal de Pelotas μL - Microlitros μm - Micrometro (1,0 x 10-6 metros) FID - Flame Ionization Detector CIM – Concentração Inibitória Mínima CBM – Concentração Bactericida Mínima DPPH – 2,2-difenil-1-picrilhidrazila ATTC - American Type Culture Collection 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 17 2 OBJETIVOS ............................................................................................ 21 2.1 Objetivos gerais ...................................................................................21 2.2 Objetivos específicos ...........................................................................21 3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 23 3.1 Extratos vegetais .................................................................................23 3.2 Óleos essenciais .................................................................................24 3.3 Oleoresinas .........................................................................................27 3.3.1 Ácidos graxos presentes na oleoresina........................................... 28 3.4 Métodos de extração de óleos essenciais..............................................29 3.4.1 Destilação por arraste de vapor ...................................................... 30 3.4.2 Extração com Clevenger (Hidrodestilação) ..................................... 31 3.4.3 Extração por Soxhlet ..................................................................... 32 3.4.4 Enfleurage .................................................................................... 33 3.4.5 Maceração.................................................................................... 33 3.4.6 Prensagens a frio .......................................................................... 34 3.4.7 Extração com solventes orgânicos ................................................. 34 3.4.8 Extração com dióxido de carbono supercrítico ................................ 34 3.5 Características da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi).............35 3.6 Medicamentos fitoterápicos a base de pimenta rosa no Sistema Único de Saúde (SUS) ...............................................................................................42 3.7 Antioxidantes.......................................................................................42 3.7.1 Atividade antioxidante - capacidade de sequestrar radicais livres ..... 43 3.8 Atividade antimicrobiana ......................................................................48 3.8.1 Óleos essenciais no controle de micro-organismos ......................... 50 3.9 Avaliação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais.....................51 3.9.1 Método de difusão em ágar............................................................ 51 3.9.2 Micro-organismos.......................................................................... 51 3.9.2.1 Escherichia coli .......................................................................... 52 3.9.2.2 Staphylococcus aureus ............................................................... 53 3.9.2.3 Listeria monocytogenes .............................................................. 55 15 3.9.2.4 Salmonella Thyphimurium........................................................... 57 4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 60 4.1 Material botânico .................................................................................60 4.2 Excicata ..............................................................................................60 4.3 Caracterização dos frutos de pimenta rosa ............................................61 4.3.1 Determinação da umidade de frutos maduros e verdes de pimenta rosa............................................................................................................ 61 4.3.2 Determinação de Cinzas de frutos maduros e verdes de pimenta rosa .................................................................................................................. 61 4.3.3 Determinação eletrométrica do pH de frutos maduros e verdes de pimenta rosa ............................................................................................... 62 4.4 Avaliação da trituração da amostra .......................................................62 4.5 Extração do óleo essencial por hidrodestilação ......................................63 4.6 Índice de refração do óleo essencial .....................................................63 4.7 Densidade do óleo essencial ................................................................64 4.8 Avaliações da composição do óleo essencial por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG/MS) ..............................................64 4.9 Extração de oleoresina.........................................................................64 4.9.1 Método de Bligh-Dyer sem ultrassom ............................................. 64 4.9.2 Método de Bligh-Dyer com ultrassom ............................................. 65 4.9.3 Método de Soxhlet ........................................................................ 65 4.9.4 Extração de oleoresina de pimenta rosa a frio ................................. 66 4.9.5 Derivatização da oleoresina ........................................................... 66 4.9.6 Cromatografia da oleoresina derivatizada de frutos maduros de pimenta rosa ............................................................................................... 67 4.10 Determinação da curva do DPPH....................................................... 67 4.11 Atividades antioxidante...................................................................... 68 4.12 Avaliações microbiológicas ................................................................ 69 4.12.1 Micro-organismos utilizados ......................................................... 69 4.12.2 Preparação do inóculo ................................................................. 70 4.12.3 Avaliação qualitativa da atividade antimicrobiana pela técnica de Difusão em Ágar ......................................................................................... 70 4.13 Determinação da Concentração Inibitória Minima (CIM) e da Concentração Bactericida Minima (CBM) ...................................................... 71 16 5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...........................................................................72 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................73 7 CONCLUSÕES ...................................................................................... 104 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................ 106 17 1 INTRODUÇÃO A busca por produtos seguros é uma preocupação constante dos consumidores em geral e, nesse sentido, as indústrias têm direcionado esforços buscando técnicas/métodos/processos alternativos para produzir alimentos seguros, bem como para aumentar a vida útil dos produtos. A atividade microbiana é uma das principais causas de deterioração de alimentos sendo frequentemente a responsável pela diminuição de sua qualidade, segurança e vida útil (SANCHES, 2004). Entre as inúmeras espécies de plantas utilizadas pela população no controle microbiano, poucas têm ação comprovada cientificamente, contudo, o uso popular tradicionalmente consolidado tem sido utilizado como guia para pesquisas farmacológicas (ELISABETSKY, 1987; BABU et al.,1997). Estuda-se cada vez mais a utilização de metabólitos de vegetais, tanto na conservação de alimentos, evitando assim, sua deterioração, quanto na garantia de sua seguridade. Os consumidores buscam alimentos com menor quantidade de aditivos sintéticos (BRULL e COOTE, 1999). Há um crescente interesse no uso de produtos naturais em substituição aos aditivos sintéticos ou semi-sintéticos e hoje, no mundo globalizado, a cultura de consumo de produtos orgânicos, sem a adição de substâncias químicas, tem aumentado a cada dia (MENDONÇA, 2004). O uso abusivo, por longos períodos, de compostos antimicrobianos químicos é um dos principais fatores de pressão seletiva para o surgimento da resistência a esses compostos, exigindo cada vez mais pesquisas na busca da potencialidade antimicrobiana de compostos de origem vegetal. Para reduzir os prejuízos econômicos e à saúde pública que podem advir das contaminações alimentares, tem sido recomendo o 18 emprego de bactericidas naturais por estes não deixarem resíduos tóxicos nas matérias-primas que serão posteriormente utilizadas (BRULL e COOTE, 1999). Produtos naturais, de origem vegetal, podem tornar o alimento mais atrativo ao consumidor e, espera-se, que com isto tragam menos toxicidade, mesmo quando utilizados em concentrações mais elevadas (PEREIRA et al., 2006). Há um crescente interesse em encontrar agentes antimicrobianos naturais para uso alimentício e farmacêutico, com o objetivo de promover ação sinérgica ou em substituição aos conservantes químicos, os quais têm sido restringidos devido ao seu potencial carcinogênico (RAUHA et al., 2000). Dessa forma, são necessários maiores investimentos e estudos para substituir os aditivos sintéticos por conservantes naturais presentes nos vegetais e que, ao mesmo tempo em que possam realçar o aroma e sabor, atuem no controle microbiano. A própria legislação de alimentos tem restringido o uso de certos antimicrobianos sintéticos, com base na sua possível toxicidade. Neste contexto, a fitoquímica apresenta-se como uma alternativa útil, em substituição aos conservantes químicos sintéticos. Substâncias produzidas naturalmente por bactérias, como a nisina, também têm sido empregadas em alimentos, principalmente naqueles produtos com grandes possibilidades de multiplicação de micro-organismos, como é o caso de alimentos com elevada atividade de água. Com a tendência atual do mercado em utilizar produtos naturais, os agentes antimicrobianos extraídos de plantas, como os óleos essenciais, têm a cada dia mais ganho destaque (PEREIRA et al., 2006). A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2000) destaca que 80% da população mundial utilizam as plantas medicinais para a atenção primária de saúde. Em pesquisa realizada em 1995, em Feira de Santana, Bahia, a pimenta rosa, conhecida naquela região como aroeira, foi a décima erva medicinal mais usada na medicina popular, num total de 138 ervas citadas (NGOKWEY, 1995). Este mesmo autor cita que a pimenta rosa é utilizada na medicina popular para o tratamento de doenças venéreas, reumatismo, diarréias, gengivite, febre e dores em geral. 19 A atividade antimicrobiana da pimenta rosa, provavelmente, se deve a presença de substâncias fenólicas. Essa atividade já foi comprovada contra bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Bacillus subtilis) e bactérias Gram-negativas (Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa), bem como na levedura Candida albicans (MARTINEZ et al., 1996 a; MARTINEZ,GONZALEZ e BADELL, 1996 b, GUERRA et al., 2000; MOURE et al., 2001). No Brasil, o uso de frutos da pimenta rosa ainda é pouco explorado. Entretanto, têm sido utilizados como condimentos, principalmente em culinária, para temperar carnes de peixes, salames e massas, como também em bebidas doces como coquetéis e chocolates (BERTOLDI, 2006). A pimenta rosa é explorada comercialmente para exportação, apresentando valor comercial maior que a pimenta do reino. Segundo o jornal ESTADO DE MINAS – caderno Agropecuário de 16/02/2009, o quilo de pimenta rosa foi comprado por R $3,00 dos fornecedores e chegou ao mercado internacional por US$ 8,00 a US$10,00, enquanto o quilo de pimenta do reino já seca custou R$ 3,50. Os frutos secos de pimenta rosa são exportados, principalmente na forma desidratada, sendo comercializados a granel. O óleo essencial de pimenta rosa, no Brasil, também é destinado à exportação. A produção brasileira de óleos essenciais em geral é equivalente a 13,1% da produção mundial, sendo responsável por 45 milhões de dólares (Ferri, 1995 apud SILVA et al., 2005). Um dos grandes entraves para o crescimento da cadeia produtiva de óleos essenciais é a utilização de produtos similares sintéticos, entretanto, como descritos anteriormente, em especial a indústria alimentícia, está substituindo os produtos sintéticos pelos naturais, em função das exigências atuais dos mercados (Ferri, 1995 apud SILVA et al. 2005). Como a pimenta rosa possui importância comercial por se tratar de uma planta com propriedades medicinais, fitoquímicas e alimentícias é preciso investir, conhecer, caracterizar além de aplicar maiores recursos a fim de esclarecer muitos detalhes ainda desconhecidos a respeito desta planta, e assim com o presente estudo preencher uma grande lacuna existente sobre esta planta nativa do Brasil, mas pouco explorada tanto 20 científicamente como comercialmente. A investigação realizada é uma parte do que ainda está para ser feito, uma vez que é grande o número de plantas ainda não estudas, tanto no seu uso direto como da obtenção de novos componentes bioativos com aplicação na área de alimentos ou de novas moléculas que poderão num futuro próximo servir para semi síntese de compostos farmacologicamente ativos. A pimenta rosa apresenta alto valor agregado no mercado internacional, além de apresentar características que têm potencial para serem exploradas pela indústria de alimentos. Existe carência de informações científicas sobre essa planta nativa, quanto ao rendimento tanto de óleo essencial como de oleoresina, melhor tipo de solvente e do método de extração, bem como sobre a caracterização fisico-química e biológica desses óleos. E como o Brasil possui uma das maiores diversidades vegetais do mundo e inúmeras experiências vinculadas ao conhecimento popular das plantas medicinais, é preciso correlacionar o conhecimento popular com a comprovação científica. 21 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivos gerais Caracterizar físico-quimicamente os frutos de pimenta rosa (Shinus terebinthifolius Raddi), padronizar as condições de extração do óleo essencial e da oleoresina, bem como determinar a composição química, a atividade antimicrobiana e antioxidante do óleo essencial e da oleoresina. 2.2 Objetivos específicos a) Determinar o tempo de extração e calcular o rendimento de óleo essencial de frutos de pimenta rosa obtido por hidrodestilação; b) Determinar a ação do ultrassom no rendimento de lipídios (oleoresina), extraídos pelo método de Bligh-Dyer; c) Determinar o rendimento de oleoresina, através da extração com diferentes solventes; d) Avaliar o rendimento de oleoresina através da extração a quente e a frio; e) Caracterizar as substâncias voláteis presentes no óleo essencial através da cromatografia gasosa (CG/MS); f) Determinar os ácidos graxos presentes na oleoresina através da cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa. g) Determinar a atividade antioxidante do óleo essencial extraído por hidrodestilação com Clevenger. h) Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro do óleo essencial pelo método de difusão em ágar; 22 i) Determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM), do óleo essencial para microorganismos Gram-positivos (Staphylococcus aureus e Listeria monocytogenes) e Gram-negativos (Escherichia coli e Salmonella Thyphimurium). 23 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Extratos vegetais O homem tem procurado conhecer os vegetais e suas propriedades medicinais desde a antiguidade, tendo observado que todas as partes da planta podem apresentar substâncias ativas importantes, destacando-se os óleos essenciais. Dessa forma, tem-se observado um aumento na utilização de vegetais, com as mais variadas finalidades: fitoterápicos, no controle de micro-organismos patogênicos e/ou deteriorantes em alimentos, ou como prebióticos. Os conservantes sintéticos atuam no controle microbiano, mas ao mesmo tempo podem causar efeitos adversos à saúde, como o câncer, e/ou ter efeito teratogênico, por isto tem sido repudiado pelos consumidores. A busca por novos produtos que atuem no controle microbiano e que ajam também na conservação de alimentos, se faz necessária e, nesta busca, estão sendo estudados e testados produtos naturais, dentre os quais, destacam-se os óleos essenciais. Segundo VON POSER e MENTZ (2003) as plantas sintetizam compostos químicos essenciais ao seu desenvolvimento a partir dos nutrientes, minerais, CO2, água e luz. Os produtos químicos produzidos pelos vegetais podem ser divididos em dois grupos: os metabólitos primários (lipídios, protídios e glicídios), essenciais a todos os seres vivos, e os chamados metabólitos secundários, compostos de estruturas complexas, de baixo peso molecular, encontrados em pequenas concentrações e em grupos distintos de plantas. A atividade antimicrobiana de plantas medicinais tem sido pesquisada em diversas espécies, tanto no Brasil quanto em outros 24 países (LOGUERCIO et al., 2005). Muitas espécies vegetais têm sido usadas pelas suas características antimicrobianas, conferidas por compostos sintetizados pelo seu metabolismo secundário. Estes compostos são reconhecidos por suas substâncias ativas, como é o caso dos compostos fenólicos, que fazem parte dos óleos essenciais, e dos taninos (SANTOS et al., 2007). A atividade microbiana é a principal causa de deterioração de muitos alimentos e é responsável pela diminuição de sua qualidade e de sua vida útil. Além disso, a contaminação microbiana nos alimentos representa um importante problema de saúde pública, pois a presença de micro-organismos patogênicos e suas toxinas causam danos à saúde dos consumidores. Dessa forma, há um grande interesse em utilizar produtos naturais em substituição aos aditivos químicos sintéticos, pois muitos deles apresentam elevada toxicidade. Segundo Pereira et al. (2006), a utilização de substâncias naturais de origem vegetal, como conservantes em alimentos, os torna mais atrativos aos consumidores por não apresentarem efeitos tóxicos, mesmo quando utilizadas em concentrações relativamente elevadas. Os mesmos autores citam o uso de diferentes condimentos no controle de microorganismos deteriorantes e patogênicos veiculados por alimentos. De acordo com Chao e Young (2000), estudos têm comprovado o efeito de compostos extraídos de óleos essenciais de plantas que atuam como fungicidas naturais inibindo a atividade fúngica e, um número significativo destes constituintes tem se mostrado bastante eficaz. 3.2 Óleos essenciais Óleos essenciais são produtos do metabolismo secundário do s vegetais, que estão sendo, a cada dia, mais utilizados com diferentes finalidades. Na área de alimentos, têm sido utilizados no controle microbiológico, para o aumento da vida útil e para o controle de patógenos, bem como conferindo sabor, odor, etc. São compostos voláteis, oleosos, com odor intenso e, geralmente, agradável, formados por diversas substâncias, podendo apresentar 25 propriedades antissépticas, bactericidas, diuréticas, antiespamódicas, anti-inflamatórias, expectorantes, antivirais, cicatrizantes, vermífugas, analgésicas, sedativas, etc (BAKKALI et al., 2008; NASCIMENTO et al., 2007). Os óleos essenciais são uma mistura de diversos compostos, todos voláteis, com tensão de vapor pouco elevada, odoríficos, insolúveis em água (CARSON e FRILEY, 1995; NELSON, 2000). Tisserand e Balacs (1999) descrevem que são substâncias orgânicas voláteis responsáveis pela fragrância de muitas plantas e que podem ser extraídas de diversas partes como folhas, flores, frutos, sementes, raízes, rizomas e caules das plantas. Craveiro et al. (1981) relatam que, por muito tempo, os óleos essenciais foram considerados substâncias de desintoxicação dos vegetais. Hoje se sabe que estas substâncias voláteis têm importância nos mecanismos de defesa das plantas contra seus predadores, como fungos, bactérias, vírus, parasitas, insetos, moluscos e animais superiores (CALIXTO, 2001). Os óleos essenciais apresentam natureza volátil e composição lipofílica. Além de sua utilização industrial na produção de perfumes e cosméticos, os óleos essenciais também têm sido aplicados com outras finalidades, como o uso farmacológico e no combate a fungos e bactérias (CARDOSO et al., 2000). Deve-se destacar que a composição dos óleos essenciais é determinada por fatores genéticos, porém, os fatores ambientais podem causar variações significativas em seus constituintes. A época de colheita, posição geográfica, horário, o modo de secagem do material vegetal, bem como teor de umidade, água, solo e herbivoria também podem influir sobre a composição e o teor do óleo produzido (SILVA et al., 2003 a; SANTOS et al., 2004; FERRONATTO et al., 2007; GOBBONETO e LOPES, 2007). Bedin, Gutkoski e Wiest (1999) conceituam especiarias como vegetais que possuem substâncias aromáticas ou picantes de origem tropical, utilizadas para realçar sabores e odores nos alimentos, incluindo caule, flores, germinações, bulbos, rizomas, e outras partes das plantas. Sagdiç (2003) cita que as substâncias que conferem sabores existentes 26 nas especiarias são geralmente compostos como álcoois, ésteres, aldeídos, terpenos, fenóis, ácidos orgânicos e muitos outros elementos, que não foram ainda totalmente identificados, nem quanto a sua função, nem quanto a sua composição. Nos frutos da pimenta rosa, utilizados como condimentos, estão presentes os flavonóides, taninos e óleos essenciais, que são metabólitos secundários com grande aplicação na indústria de medicamentos, cosméticos, perfumaria e indústria de alimentos (como flavorizantes, antioxidantes e corantes de alimentos e bebidas) (LAWRENCE, 1984; QUEIRES e RODRIGUES, 1998, ALLARDICE, BONE e HUTCHISON, 1999; TOSS et al., 2006). Especiarias têm sido por muito tempo, utilizadas como provedores de caracteres sensoriais aos alimentos. Porém, nos últimos anos, tem surgido interesse voltado para o seu uso como promissores compostos antimicrobianos em conservação de alimentos (EL-SHAMI et al., 1985; AKGUL e KIVANÇ , 1988; COSETINO et al., 1999; DOMANS e DEANS, 2000, RISTORI, PEREIRA e GELLI, 2002). Tanto as indústrias de alimentos, quanto os órgãos reguladores, têm voltado suas atenções para a busca de alternativas aos conservantes sintéticos, porém, sem descuidar da produção de alimentos seguros (BRULL e COOTE, 1999). Segundo Chao e Young (2000), muitas pesquisas vêm sendo realizadas na busca de compostos alternativos para um uso racional e seguro de conservantes naturais para serem utilizados em alimentos. Dentre estes compostos temos os óleos essenciais que são líquidos oleosos menos densos que a água, com aroma e sabor muito acentuados solúveis em solventes orgânicos e facilmente oxidáveis sob a ação da luz (BORNHAUSEN, 1991). Há relatos na literatura científica abordando o estudo do potencial antimicrobiano de especiarias, como o orégano (Origanum vulgare (L.), no controle de bactérias e fungos em alimentos (ALIGIANS et al., 2001). Estudos têm mostrado que espécies de Origanum possuem propriedades antimicrobianas e antioxidantes, e que as suas propriedades biológicas apresentam variações de acordo com a técnica de cultivo, origem, estágio vegetativo e a estação do ano na qual foi coletado o material (LEUNG e FOSTER, 1996; MILOS, MASTELIC E JERCOVIK, 2000). Sahin et al., 27 (2003) avaliaram a atividade antimicrobiana do extrato metanólico do óleo essencial de orégano frente a uma série de bactérias de interesse em alimentos e observaram que este é efetivo na inibição de Acinetobacter baumanii, Bacillus macerans, Bacillus subtillis, B. megantertium, Clavibacter michiganense, Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Proteus vulgaris, Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes . Outros autores concluíram que o óleo essencial de orégano possui compostos com atividade antimicrobiana (ZARGARI, 1990; LEUNG e FOSTER, 1996). 3.3 Oleoresinas As oleoresinas são uma mistura de óleos voláteis, materiais resinosos e ácidos graxos não voláteis, pigmentos e outras substâncias extraídas por solventes adequados. São extraídas com solventes orgânicos, entretanto, na indústria, o etanol é o solvente mais utilizado (CHASSAGNEZ, CORRÊA e MEIRELES, 1997). Segundo Azevedo et al., (2010), estudando oleoresina de copaíba, a produção dessa substância varia muito entre amostras (árvores), entretanto, destacam que não se conhecem os fatores ambientais, que época do determinam essa variação. As condições ano e as caracteristicas genéticas são, provavelmente, as principais. Diferentemente dos óleos essenciais, que podem ser extraídos por hidrodestilação, a oleoresina necessita de solventes orgânicos de diferentes polaridades para remover substâncias lipídicas contidas nos frutos de pimenta rosa. Simões et al., (1999) destacam que as extrações de óleos voláteis podem ser realizadas com o uso de solventes orgânicos apolares como o éter etílico, éter de petóleo ou diclorometano, mas que apresentam o inconveniente de extrair outras substâncias lipofílicas, além dos óleos voláteis, o que torna o produto com pouco valor comercial, devido aos seus contaminantes. 28 3.3.1 Ácidos graxos presentes na oleoresina Lipídio é uma terminologia utilizada para gorduras e substâncias gordurosas. São substâncias insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, como éter etílico, éter de petróleo, acetona, clorofórmio, benzeno e álcoois. Os solventes apolares extraem a fração lipídica neutra, que inclui ácidos graxos livres, mono, di e triacilgliceróis, e alguns mais polares como fosfolipídios, glicolipídios e esfingolipídios. Outros lipídios são extraídos apenas parcialmente, como é o caso das ceras, pigmentos e as vitaminas lipossolúveis. As oleoresinas são substâncias hidrofóbicas, portanto, o método de extração e o tipo de solvente são geralmente tão críticos quanto o tempo e a temperatura de extração, devido à dificuldade de solubilização e degradação de compostos por oxidação (BERTOLDI, 2006). Os lipidios presentes nos vegetais são uma forma de armazenar energia, é uma rota metabólica anabólica, portanto, consome energia. Nas células fotossintéticas dos vegetais, a síntese de ácidos graxos ocorre no estroma dos cloroplastos e requer NADPH, provindo da fotossíntese. A acetil-CoA sintetase nos cloroplastos possui alta afinidade pelo acetato e consome ATP, originando o acetil-CoA que sofre carboxilação formando o malonil-CoA, uma reação irreversível, onde inicia a síntese de ácidos graxos, envolvendo um complexo multienzimático acetil-CoA carboxilas e que necessita da biotina como grupo prostético (BELTRÃO e OLIVEIRA, 2007). Os lipídios mais neutros estão ligados covalentemente e podem ser extraídos dos tecidos utilizando solventes apolares, enquanto lipídios mais polares, que estão ligados por forças eletrostáticas e pontes de hidrogênio, necessitam de solventes polares capazes de romper estas ligações e liberá-los. Maior eficiência na extração lipídica se deve as características dos solventes e aos efeitos da cavitação e agitação promovidas pelas ondas sonoras no solvente (ZHANG et al., 2008), que rompem as estruturas que dão resistência as paredes dos tecidos vegetais. Desde que foi evidenciada a presença de óleos nos espaços intracelulares nas células vegetais, os pesquisadores têm estudado os 29 métodos para provocar maiores danos às estruturas celulares, de forma a extrair maior quantidade de óleo possível. A utilização de enzimas envolve um custo muito elevado, enquanto que com o ultrassom o processo é mais simples, e tem mostrado bons resultados, o que é comprovado pela microscopia eletrônica sobre a matriz após a extração (FREITAS et al., 2007; ZHANG et al., 2008). O método clássico de extração, proposto por Soxhlet (BRUM, ARRUDA E REGITANO-D´ARCE, 2009), foi o primeiro a ser usado na extração de lipídios em matrizes graxas, estando baseado no refluxo de solventes apolares. É bastante usado em nível laboratorial por ser um método fácil, rápido e eficiente na extração de lipídios além de possibilitar a extração de maiores volumes de óleo em uma única extração (BRUM et al., 2009) Já o método de Bligh-Dyer (SGANZERLA, 2010) utiliza uma mistura de três solventes (clorofórmio-metanol-água), tendo a capacidade de extrair tanto lipídios neutros quanto os lipídios mais polares. É muito utilizado, apesar de apresentar algumas desvantagens, como a toxidez dos solventes usados e a extração dos contaminantes não-lipidicos da fase orgânica. Entretanto, entre suas vantagens, destaca-se a formação de um sistema bifásico a partir das proporções de solventes adicionados durante a extração, baseado na teoria do equilíbrio líquido-líquido de três componentes (clorofórmio-metanol-água). 3.4 Métodos de extração de óleos essenciais Os óleos essenciais são misturas de compostos químicos, podendo ser extraídos por diferentes processos, os quais dependem da natureza do óleo a ser extraído (GRAMOLELI JÚNIOR et al., 2006). Os principais métodos de extração utilizados industrialmente são: destilação por arraste de vapor, enfleurage, maceração, prensagem, extração por solventes e extração com dióxido de carbono supercrítico. A seguir, serão descritos, brevemente, os principais métodos de extração, detalhando um pouco mais o método de hidrodestilação com Clevenger e 30 destilação com Soxhlet, utilizado neste estudo para a extração de óleo essencial e da oleoresina, respectivamente. 3.4.1 Destilação por arraste de vapor É um método utilizado para extração de quase todos os tipos de óleos essenciais, fornecendo um bom rendimento com boa qualidade. A extração pode ser feita com “vapor úmido” e “vapor seco” encontrando-se o material a tratar, imerso ou não em água (GRAMOLELI JÚNIOR et al., 2006). Segundo Ullmann‟s (2002) a destilação por arraste de vapor não é recomendada para alguns tipos de flores, pois alguns produtos dela resultante decompõem-se pelo calor. Alguns compostos presentes nos óleos essenciais são substâncias de alto ponto de ebulição e podem ser isolados através da destilação por arraste de vapor (GUIMARÃES, OLIVEIRA e ABREU, 2000). Segundo Lima e Oliveira (2003) o uso da destilação por arraste de vapor é recomendado quando se deseja separar uma substância cujo ponto de ebulição é alto e/ou apresenta risco de se decompor, ou ainda é utilizado na purificação de substâncias contaminadas com impurezas resinosas apolares. É uma destilação de misturas imiscíveis de compostos orgânicos e água (vapor), pois misturas imiscíveis não se comportam como soluções. A Figura 1 mostra o destilador por arraste de vapor d‟água, método industrial, onde a matéria-prima é acondicionada e o vapor passa carreando o óleo essencial contido na amostra. Os óleos essenciais assim obtidos seguem diferentes destinos no ramo industrial. 31 Figura 1- Destilador por arraste de vapor d'água; método industrial Fonte: http://www.laszlo.ind.br/default.asp?pagina=extracao 3.4.2 Extração com Clevenger (Hidrodestilação) O extrator Clevenger foi projetado para funcionar em circuito fechado, tendo como base um design da farmacopéia européia, que opera por hidrodestilação, através do método de coobação (recirculação de águas condensadas). Por funcionar em circuito fechado, apresenta perda mínima de substâncias voláteis (SANTOS et al. 2004, a). É um método de extração de óleos essenciais em pequena escala, (em escala laboratorial), através da técnica de arraste de vapor (Fig. 2). A hidrodestilação utiliza a água como solvente, a qual é capaz de extrair os óleos essenciais e não deixar resíduos tóxicos após a extração. Posteriormente, necessita somente da remoção de água excedente, sem purificação, apresentando um bom rendimento e uma alta eficiência. O extrator é projetado para destilação de óleos essenciais mais leves que a água, o que limita o seu uso para extrair óleos mais densos que a água. 32 Figura 2 - Aparelho de Clevenger para extração de óleos essenciais Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABQxIAD/caracterizacaoquimica-oleo-essencial-casca-citrus-sinensis-obtido-porhidrodestilacao-aparelho-clevenger No aparelho Clevenger, quando a mistura água/biomassa entra em ebulição, os vapores de água e as substâncias voláteis carreadas são conduzidos até o condensador, onde há uma troca de calor, condensando os vapores com a água de refrigeração. Nessa etapa, podem ser visualizados através do Clevenger, o óleo essencial e a água, sendo esta água retornada ao balão através do tubo de retorno e o ciclo se repete continuamente até que atinja o tempo de 240 minutos, onde o aparelho é desligado e o óleo removido (SANTOS et al., 2004). 3.4.3 Extração por Soxhlet Neste tipo de extração, a amostra é pesada em balança analítica e transferida para um cartucho, que é tampado com algodão estéril. A extração por Soxhlet é utilizada para as oleoresinas, pois utiliza solventes como hexano, álcool etílico, clorofórmio, etc (BRUM, ARRUDA e REGITANO-D´ARCE, 2009). 33 O conjunto extrator Soxhlet (Figura 3) permite que uma quantidade de solvente puro passe repetidas vezes sobre a substância a ser extraída (realização de ciclos). O balão que contém o solvente é acoplado a uma manta de aquecimento e ligado. Figura 3 - Extrator Soxhlet Fonte : http://en.wikipedia.org/wiki/File:Soxhlet_Extractor.jpg 3.4.4 Enfleurage Esta técnica é utilizada para extração de óleos essenciais de pétalas de flores como jasmim, que perdem seus perfumes após a colheita. Baseia-se na aplicação de gorduras, por possuírem a capacidade de absorção em contato com as flores, absorvendo o perfume exalado (MARQUES, 1973). 3.4.5 Maceração O processo de maceração é muito semelhante à enfleurage, com o diferencial que na maceração utiliza-se gordura quente. Atualmente, o processo está em desuso, porém, já foi considerado como o melhor processo de extração de óleos essenciais (MARQUES, 1973). 34 3.4.6 Prensagens a frio É um processo físico, onde a planta é prensada, obtendo-se, assim, o óleo essencial. É muito utilizado para retirada de óleos de plantas cítricas como limão, laranja e bergamota (GRAMOLELI JÚNIOR et al., 2006). Os pericarpos desses frutos são prensados, e a camada que contém o óleo essencial é separada. Posteriormente, o óleo é separado por decantação, centrifugação, ou destilação fracionada (LIMA, OLIVEIRA e LIMA, 2006). 3.4.7 Extração com solventes orgânicos Neste processo, o material a ser extraído é colocado dentro dos extratores em temperatura adequada, com um solvente apropriado (usualmente éter de petróleo). O solvente penetra nas flores ou outro material e dissolve o perfume natural e também os corantes. Esta técnica é muito vantajosa em relação à extração por destilação, pois reproduz melhor o perfume natural presente nas flores, entretanto, dependendo do óleo essencial a ser extraído, o processo pode ser inviável devido ao alto custo da aparelhagem (GRAMOLELI JÚNIOR et al., 2006). Além disso, o rendimento em óleos essenciais não é muito elevado. Segundo Lima, Oliveira e Lima (2006), este método normalmente é usado para extração de oleoresina e resinas presentes em plantas aromáticas. 3.4.8 Extração com dióxido de carbono supercrítico Neste processo as partes das plantas a serem utilizadas são colocadas em tanques, injetando dióxido de carbono supercrítico (em estado entre o líquido e o gasoso). Quando a pressão diminui, o dióxido de carbono retorna ao seu estado natural não deixando resíduo no produto, e a oleoresina é removida do material vegetal. 35 3.5 Características da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi). Nome científico: Schinus terebinthifolius Raddi Sinonímia: Schinus mucronulata, Schinus weinmanniifolius, Schinus riedeliana, Schinus selloana, Schinus damaziana, Schinus raddiana. Família: Anacardiaceae Divisão: Angiosperma Origem: Brasil, Paraguai e Argentina. Nomes populares: aroeira-de-capoeira, aroeira, aroeira-da-praia, aroeira-do-campo, aroeira-do-mato, aroeira-de-goiás, aroeira-do- amazonas, aroeira-do-rio-grande, aroeira-rasteira, aroeira-mansa, aroeirabrava, aroeira-preta, aroeira-branca, aroeira-vermelha, pimenta brasileira ou pimenta-rosa (CLEMENTE, 2006). Nome em outros idiomas: Espanhol: Lentisco; Frances: Lentisque, poivre d‟Amerique, poivre Du Perou; Ingles: Califórnia peper tree, Alemão: pimenteira bastarda; Pfefferstrauch. O termo aroeira vem da abreviatura de araroeira, que significa arara mais o sufixo – eira, árvore da arara, por ser a planta onde os indígenas observaram que as araras pousavam e viviam (SÁ, 1999; SOUSA, 2004). A pimenta rosa é uma árvore de pequeno a médio porte, que possui propriedades adstringentes, antissépticas e anti-inflamatórias (BIAVATTI et al., 2007; AGRA, FRANÇA e BARBOSA-FILHO, 2007 AGRA et al., 2008). Segundo Lorenzi (2000), esta planta é comumente encontrada em beiras de rios, córregos e em várias várzeas úmidas de formação secundária, entretanto, desenvolve-se também em terrenos pobres e secos. É muito utilizada na arborização de cidades, como árvore ornamental, apresentando caule um pouco tortuoso e casca escura e fissurada. As folhas são imparipinadas, com 8 a 12 cm de comprimento e 7 a 13 folíolos verdes, elípticos a abovados, com nervuras claras. A 36 pimenta rosa é dióica, havendo árvores fêmeas e árvores machos possuindo flores pequenas e brancas dispostas em inflorescências axilares e terminais do tipo racemo (Fig. 4). Os frutos são pequenos em drupas, esféricos, vermelhos a rosados, muito utilizados como condimentos (BERTOLDI, 2006). O florescimento ocorre na primavera e no outono, sendo que o pólen pode provocar reações alérgicas e irritações em pessoas sensíveis. Figura 4 - Flores brancas de pimenta rosa Segundo Lenzi e Orth (2004), a pimenta rosa apresenta flores masculinas e femininas (Fig.5), sendo ambas actinomorfas, pentâmeras, diclinas, apresentando cinco sépalas verdes e cinco pétalas brancas. Foram detectadas diferenças no comprimento e na largura das inflorescências masculinas e femininas, mas o número de inflorescências por ramo não diferiu entre as plantas. 37 Figura 5 - Morfologia das flores de Shinus terebinthifolius Raddi masculina e feminina. a) secção longitudinal parcial da flor masculina (estames completos e gineceu reduzido); b) secção longitudinal parcial da flor feminina (gineceu completo e estames reduzidos) Fonte: Lenzi e Orth (2004). Lenzi e Orth (2004) verificaram que plantas masculinas produziam um maior número de flores do que plantas femininas, sendo a proporção de flores entre plantas femininas e masculinas de 1:4. O número médio de flores por inflorescência foi de 1392±507,71 (n=8) nas plantas masculinas e 346,25±53,91 (n=8), nas femininas (Figura 6). Figura 6 - Inflorescências de Schinus terebinthifolius Raddi a) Inflorescência com flores masculinas, b) Inflorescência com flores femininas. Barras de escala a= 0,5cm, b=1 cm Fonte: Lenzi e Orth (2004) 38 É uma planta de domínio público, popularmente utilizada no tratamento caseiro de inflamações (LISBOA NETO et al., 1998). Seus princípios ativos ainda não são totalmente conhecidos, portanto, há necessidade de maiores investimentos em conhecer seus constituintes químicos, estruturais e propriedades farmacológicas (JORGE e MARKMANN, 1996). Segundo Ewe e Sternberg (2003) a pimenta rosa nativa foi introduzida nos Estados Unidos com fins ornamentais e econômicos. Por ser uma espécie que apresenta alta capacidade de produção de compostos alelopáticos, bem como rápido desenvolvimento e reprodução, verificou-se que esta se mostrou uma espécie invasora e perigosa para a biodiversidade, já que interfere na flora e na fauna local. O fruto da pimenta rosa (Figuras 7,8 e 9), é pouco explorado no Brasil, mas na França é bastante popular, sendo utilizado tanto na ornamentação como tempero de diferentes pratos culinários. Apresenta sabor levemente picante e adocicado, podendo ser empregados na forma de grãos inteiros ou moídos. É especialmente usado na confecção de molhos que acompanham as carnes brancas, de aves e peixes. No Peru, é usado em xaropes, vinagres e em bebidas alcoólicas, devido ao seu sabor picante; no Chile são acrescentados nos vinhos (COUTO, 2010). Sua madeira é utilizada para moirões, cercas, lenha e carvão, sendo a casca utilizada na indústria para extrair taninos para uso no curtimento do couro (ALLARDICE, BONE e HUTCHISON, 1999). Além disso, possui importância comercial devido às suas propriedades fitoquímicas e alimentícias (GUERRA et al., 2000). medicinais, 39 Figura 7 - Schinus terebinthifolius Raddi (frutos maduros de pimenta rosa) Figura 8 - Schinus terebinthifolius Raddi (frutos verdes de pimenta rosa) 40 Figura 4 - Frutos maduros de pimenta rosa selecionados A pimenta rosa foi analisada quanto à composição química de seus frutos e folhas, detectando-se compostos como hidrocarbonetos terpênicos, cetonas e ácidos (KAISTHA e KIER, 1962 a, b). As folhas possuem propriedades balsâmicas e antirreumáticas, sendo usadas na cura de feridas e úlceras. Já os ramos novos, além de serem usados com a mesma finalidade, possuem a propriedade de branquear e limpar os dentes (BERTOLDI, 2006). Os frutos apresentam propriedades diuréticas (CORRÊA, 1984; BALBACH, 1986). Entretanto, a maior aplicação é na culinária, sob a forma desidratada, sendo usados como condimentos para temperar carnes brancas, salame, chocolates e massas (BERTOLDI, 2006). Como medicamento, são utilizados no tratamento de inflamações uterinas, como cicatrizantes em feridas, e apresentam ação como adstringentes e antimicrobianos (GUERRA et al., 2000). Atualmente, os frutos maduros vêm se destacando cada vez mais pelo seu consumo como condimento alimentar, tanto no mercado interno como no internacional (BERTOLDI, 2006). As folhas, cascas, frutos, sementes e resina (ou bálsamo), têm sido utilizados como medicamento pelos povos indígenas em todas as regiões tropicais (PANETTA e MCKEE, 1997). Entretanto, segundo Lorenzi e 41 Matos (2002), são as cascas, as folhas e os frutos que apresentam propriedades medicinais, sendo a escolha do material a ser utilizado, e as formas corretas de seu preparo e administração, de fundamental importância para sua utilização, seja para uso interno (oral) ou para uso externo (pomadas para pele, ou para as mucosas das cavidades naturais). Os preparados de pimenta rosa devem ser utilizados com muita cautela, pois podem causar reações alérgicas na pele e nas mucosas em indivíduos alérgicos (LORENZI e MATOS, 2002). Foi identificada, em todas as partes da planta, a presença de pequenas quantidades de alquilfenóis, que em (REICHERT e pessoas FRERICHS, sensíveis, 1945; causam dermatite GRUENWALD, alérgica BRENDLER e JAENICKKE, 2000). Compostos presentes nas espécies da família das Anacardinaceae são comumentes causadores de dermatites de contato. Alguns indivíduos, quando entram em contato com a planta, podem desenvolver irritações na pele, prurido, urticárias, febre e transtornos visuais (BERTOLDI, 2006). Apesar disto, o extrato hidro alcoólico da pimenta rosa não apresentou efeito tóxico ou genotóxico (RUIZ et al., 1996). De acordo com Carvalho et al. (2003), o extrato de pimenta rosa mostrou-se potencialmente mutagênico em bactérias e apresentou propriedades antioxidantes, devido à presença de flavonóides. A análise fitoquímica revelou a presença de taninos, alcalóides, flavonóides, saponinas, esteróides, esteróis, terpenos e de óleos essenciais, os quais estão presentes nas folhas, cascas e frutos. Nos frutos, se concentra a maior quantidade de óleos essenciais, em torno de 5% e, nas folhas, aproximadamente 1%. A Farmacopéia Brasileira (1988) indica o uso da casca da pimenta rosa, entretanto, estudos revelam que outras partes da planta também podem ser utilizadas como fonte de substâncias biologicamente ativas. Estudos fitoquímicos nessa planta detectaram a presença de compostos fenólicos simples, flavonóides, taninos, óleos essenciais, esteróides, triterpenos, antraquinonas e saponinas (LAWRENCE, 1984; JORGE e MAKMANN, 1996; QUEIRES e RODRIGUES, 1998; LIMA, OLIVEIRA e LIMA, 2006). 42 Os flavonóides, taninos e óleos essenciais têm sido utilizados nas indústrias de medicamentos, cosméticos e perfumaria, bem como na indústria de alimentos (como flavorizantes, antioxidantes e corantes de bebidas e alimentos) podendo ser utilizados, também, na indústria de curtimento de couro (LAWRENCE, 1984; QUEIRES e RODRIGUES, 1998; ALLARDICE et al. , 1999; TOSS et al., 2006). 3.6 Medicamentos fitoterápicos a base de pimenta rosa no Sistema Único de Saúde (SUS) A partir de 2009, o SUS do Brasil, financia o fornecimento de fitoterápicos produzidos à base de cascas de pimenta rosa. A Portaria no 2.982, de 26 de novembro de 2009 GM/MS, do Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial da União, amplia a oferta de fitoterápicos no Componente Básico de Assistência Farmacêutica, oferecendo diversos fitoterápicos, utilizando como matéria-prima a pimenta rosa, espinheirasanta, guaco, alcachofra, cascara sagrada, garra do diabo, isoflavona de soja e unha de gato, disponibilizando aos usuários do SUS mais opç ões terapêuticas. Isso é importante, porque a Organização Mundial da Saúde (OMS-2000) recomenda que os países usem os recursos naturais disponíveis no próprio território para promover a saúde primária. De acordo com Almeida e Leite (2010), antes de sua recomendação e de seu uso houve um grande número de estudos científicos e evidências que comprovavam a sua segurança e eficácia em humanos. 3.7 Antioxidantes Alimentos que contém óleos ou gorduras estão sujeitos durante o processamento ou estocagem, às reações químicas que podem resultar em alterações indesejáveis modificando as características finais do produto. Reações de hidrólise e oxidações podem ser responsáveis por esse processo, principalmente as últimas. Para impedir que esses tipos 43 de reações ocorram são utilizados os chamados antioxidantes, sobretudo em alimentos que contenham quantidades significativas de óleos a fim de prevenir e retardar sua oxidação (BECKER, NISSEN e SKIBSTED, 2004). São também utilizados antioxidantes sintéticos como o butil-hidroxianisol (BHA) e butil-hidroxitolueno (BHT), muito usados, mas tóxicos em altas dosagens (WENG e WANG, 2000. Os antioxidantes quando presentes em pequenas concentrações retardam a oxidação de óleos e gorduras nos alimentos, que pode causar odor e off-flavours. Portanto, os antioxidantes preservam a cor, sabor, evitam a perda de nutrientes, mantem a qualidade nutricional, sensorial e conferem segurança alimentar (BERTOLDI. 2006). 3.7.1 Atividade antioxidante - capacidade de sequestrar radicais livres Os radicais livres são substâncias que possuem elétrons não pareados, que podem provocar danos a qualquer molécula do organismo. São responsáveis pelo envelhecimento, e por doenças degenerativas como câncer, doenças cardíacas, doenças oculares como catarata, disfunções cerebrais e comprometimento do sistema imune (MELO et al, 2011). Os antioxidantes são substâncias que controlam a produção de radicais livres nos seres vivos, os quais podem ser de origem endógena ou exógena (provenientes da alimentação, ou de outra fonte). Como exemplos, podemos citar os tocoferóis, vitamina C, polifenóis, selênio e carotenóides (ATOUI et al., 2005 ; SOUZA et al., 2007). Espécies Reativas de Oxigênio (ROS, sigla do inglês reactive oxygen species) referem-se aos radicais livres contendo oxigênio, como o ânion superóxido (O2•-ˑ), o radical hidroxila (HO•), o radical peroxila (ROO•) e espécies não radicalares como o peróxido de hidrogênio (H 2 O2) e o oxigênio singlete ( 1 O2). Estes radicais são produzidos como subprodutos de reações biológicas ou por fatores exógenos e, quando produzidos em grandes escala, podem causar desordens celulares ao reagir com lipídios, proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos (CEZAROTTO, 2009). A redução de ROS é realizada basicamente por dois mecanismos, sendo 44 um enzimático, onde as enzimas do sistema antioxidante são capazes de reciclar as moléculas oxidadas e prevenir danos às membranas e ao DNA, como a superóxido dismutase, catalase, ascorbato e glutationa redutase, dentre outras. O outro processo é químico, onde se utilizam moléculas com capacidade redutora, como os compostos fenólicos, ascorbato, carotenoides, dentre outros (SOUSA et al., 2007). Os antioxidantes são substâncias que previnem ou retardam os danos provocados pelos processos oxidativos, agindo através da inibição dos radicais livres (antioxidantes primários), ou por outro processo que não envolva a inibição direta dos radicais livres (antioxidantes secundários) (MARIUTTI e BRAGAGNOLO, 2007). Melo et al. (2011) citam que do ponto de vista químico, os antioxidantes possuem pelo menos um grupo hidroxila, podendo ser sintéticos como o BHA (butilhidroxianisol) e o BHT (butilhidroxitolueno) ambos utilizados nas indústrias alimentícias. Porém, acredita-se que o uso destes antioxidantes pode estar associado a processos carcinogênicos quando consumidos em grandes quantidades. A dúvida quanto à toxicidade destes compostos faz com que haja um grande incentivo no consumo de antioxidantes de origem natural, bem como na pesquisa de novos antioxidantes naturais, que apresentem as mesmas funções e eficácia dos sintéticos (MADSEN e BERTELSEN, 1995; PASSOTTO, PENTEADO e MANCINI-FILHO, 1998). O BHA e BHT são os antioxidantes sintéticos mais utilizados nas indústrias alimentícias, pois apresentam boa resistência a processos de forneamento, embora sejam pouco resistentes à fritura. Segundo Bannwart e Toledo (1999) o TBHQ (terc-butila hidroquinona) é um produto que foi introduzido na década de 70, e mostrou ser efetivo em produtos submetidos à fritura. O galato de propila, utilizado como antioxidante sintético, é um sólido cristalino, solúvel em solventes orgânicos, produzido a partir do ácido gálico, que tem mostrado atividade antioxidante em alimentos e óleos vegetais, especialmente quando combinado com palmitato de ascorbila. Ramalho e Jorge (2006) citam que estudos toxicológicos com animais têm demonstrado a possibilidade destes antioxidantes sintéticos serem carcinogênicos. Em outros estudos 45 efetuados por Cruces-Blanco et al. (1999) cita que o BHA induz hiperplasia gastrintestinal em roedores, porém, em humanos, ainda não se sabe. A capacidade antioxidante, está associada à diminuição dos processos oxidativos, impedindo danos ao DNA e as macromoléculas, que pode culminar em doenças cardíacas, câncer, e cataratas (KUSKOSKI et al., 2005). Os polifenóis apresentam atividade antioxidante principalmente devido às suas propriedades redutoras, doando hidrogênio, neutralizando os radicais de oxigênio (ATOUI et al., 2005). Melo et al. (2011) citam, ainda, a existência de antioxidantes naturais bioativos, como os organosulfurados, fenólicos e terpenos, constituintes de diversos alimentos. Algumas frutas podem potencialmente conter maior teor de fitoquímicos antioxidantes na semente e pele muito mais do que na polpa, isto pode ser comprovado pelo extrato metanólico de acerola que evidenciam a presença compostos fenólicos de alta capacidade antioxidante. Esta ação antioxidante tem sido atribuída à presença de compostos fitoquímicos bioativos, assim como nos frutos de aroeira que contêm níveis significativos destes elementos químicos, que auxiliam nas funções fisiológicas e bioquímicas, beneficiando a saúde humana assim como a acerola, supracitada (GUO et al. 2003). Gordon (1996) relata que os organismos vivos possuem sistemas antioxidantes endógenos para manter os níveis de radicais livres dentro dos limites toleráveis. Entretanto, estes sistemas não são totalmente eficientes e, quando os danos a biomoléculas são excessivos, podem levar à morte celular. Por isto, o uso de antioxidantes naturais, como substâncias fenólicas presentes naturalmente na maioria das plantas, tem sido associado ao menor estresse oxidativo (GORDON, 1996). Uma alimentação rica em antioxidantes, como vitamina C e E, tem sido recomendada para evitar o estresse oxidativo. A busca por estas substâncias antioxidantes tem sido motivo de vários estudos em centros de pesquisas, indústrias farmacêuticas e indústrias alimentícias, com elevados investimentos. 46 Diferentes fitoquímicos estão presentes nas frutas e hortaliças em geral, que apresentam capacidade antioxidante, a qual exerce diferentes funções no organismo, como retardar o envelhecimento e prevenir contra doenças, por apresentarem capacidade de reagirem com os radicais livres, protegendo o organismo de estresse oxidativo. ( WANG e PRIOR, 1997; TAPIERO, TOWNSEND e TEW, 2002). Diversos ensaios foram desenvolvidos para screening de atividade antioxidante, sendo os mais utilizados o ABTS (ácido 2,2-azino-bis(3-etilbenzotiazolino-6-sulfônico)), FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power), DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila) e ORAC (capacidade de absorção de radical oxigênio) (LEONG e SHUI, 2002; THAIPONG et al., 2006). Durante o estresse oxidativo há formação de compostos potencialmente tóxicos, que causam danos prejudicando a saúde, aumentando o risco de doenças cardíacas e degenerativas, podendo levar ao envelhecimento. Desta forma, a natureza química e a atividade antioxidante naturais estão sendo a cada dia mais pesquisadas, isoladas de diversas plantas. Dentre eles, destacam-se os polifenóis, os quais demonstraram diversas atividades biológicas: antibacteriana, anti- inflamatória, antioxidante e antiviral (LARSON, 1988). Atoui et al. (2005) destacam que a atividade antioxidante dos polifenóis é devida, principalmente, as suas propriedades redutoras, onde doam hidrogênio, neutralizando os radicais de oxigênio. O uso de antioxidantes é necessário para prevenir ou retardar a oxidação de substratos potencialmente oxidáveis, como lipídios (BECKER, NISSEN e SKIBSTED, 2004), reduzindo, assim, os riscos de muitas enfermidades por sua capacidade de captar, reativar e recuperar danos causados pelos radicais livres relacionados com estas doenças (ALONSO et al., 2004, MOURE et al., 2001). A atividade antioxidante dos óleos essenciais e da oleoresina está relacionada com os componentes químicos presentes e com sua estabilidade. O tipo de solvente utilizado na extração de óleo essencial ou da oleoresina determina o seu potencial antioxidante, visto que o comportamento estrutural e a bioatividade de seus componentes no extrato dependem da biodiversidade e da polaridade encontrada. Estudos 47 comparativos são requeridos para otimizar ao máximo o enriquecimento de compostos bioativos no extrato vegetal de pimenta rosa (BERTOLDI, 2006). Não existe um método único que avalie satisfatoriamente a atividade antioxidante de uma amostra, pois depende da técnica de extração, tipo de amostra, dos componentes químicos presentes, além de parâmetros metodológicos, como tempo, temperatura, fatores interferentes entre muito outros (BERTOLDI, 2006). Silva (2003) cita que são encontrados na literatura resultados conflitantes de atividade antioxidante de certos compostos puros e de extratos. Diversas causas são responsáveis por essas diferenças, como o método de extração empregado, estrutura física do sistema testado, natureza do substrato para oxidação, presença de componentes interferentes, maneira como a oxidação foi iniciada e o mecanismo de ação do antioxidante ( BECKER, NISSEN E SKIBSTED, 2004). A utilização de DPPH é uma técnica rápida e simples, que apresenta o máximo de absorção a 515-520nm, na qual ao abstrair um radical hidrogênio do antioxidante em estudo observa-se uma diminuição da absorção e consequentemente da coloração. Segundo Melo et al. (2006), para avaliar a atividade antioxidante de diferentes amostras, muitas técnicas foram estudadas. Algumas determinam a capacidade dos antioxidantes em sequestrar os radicais livres produzidos no meio reacional e, outras, avaliam a eficiência dos antioxidantes em inibir a peroxidação lipidica. Dentre as diferentes técnicas existentes, destaca-se a do DPPH• (2,2-difenil-1-picrilhidrazil), que vem sendo muito utilizada por ser, rápida e sensível, quando comparada a outras técnicas, permitindo, segundo Ascoli, et al. (2006) e Roesler et al. (2007) realizar um screening de amostras com diferentes polaridades. Esta técnica permite a redução do radical DPPH•, ou seja, na capacidade do radical livre reagir com substâncias doadoras de H (Figura 10). A coloração inicial da solução de DPPH é roxa intensa e a ação antioxidante de um extrato vai fazendo com que ocorra descoloramento da solução, a qual, ao final torna-se amarelada (ASCOLI, et al., 2006; DUARTE-ALMEIDA, et al., 2006). O ensaio DPPH é o mais utilizado para 48 determinação da capacidade antioxidante em diferentes vegetais. A capacidade redutora é medida através da redução da absorbância do radical por 30 minutos ou até cessar a variação na absorbância. Geralmente o resultado é apresentado como EC 50, que expressa a concentração da amostra ou do padrão, necessária para reduzir em 50% a concentração inicial de DPPH•. Figura 5 - Atividade antioxidante DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila), na forma oxidada e reduzida Fonte: Cezarotto (2009) 3.8 Atividade antimicrobiana A deterioração de alimentos por micro-organismos é um grande problema nas indústrias alimentícias, dessa forma, a fim de minimizar esse problema, os fabricantes utilizam os chamados aditivos químicos, para conservar e aumentar o prazo de validade desses produtos. A deterioração do alimento é inevitável, e o uso de conservantes poderá aumentar a vida útil do alimento, entretanto, esses conservantes químicos poderão apresentar toxicidade. A história do uso de substâncias antimicrobianas na prática médica é muito mais antiga que a descoberta de espécies microbianas, pois há citações que Hipócrates (470-399 a.C.) já recomendava a lavagem dos ferimentos com vinho, a fim de impedir a propagação do processo infeccioso. Há relatos datados de 2.500 a 3.000 anos atrás, que alguns povos, como os chineses e os indianos, já utilizavam mofos e papa de soja para tratamentos de lesões infectadas e dos processos inflamatórios (SANCHES, 2004). 49 Lima (2001) descreve que os vegetais têm sido empregados tanto como alimentos, quanto como medicamentos em diversas enfermidades na forma de chás, sucos, tintura, banhos, cataplasma e unguentos. O mesmo autor cita que os povos antigos da China, Egito, Ásia e Roma já utilizavam numerosas espécies vegetais, para uso medicinal, com base em seus conhecimentos empíricos. Embora não seja um fato recente o conhecimento sobre a presença de substâncias antimicrobianas nos vegetais superiores, a busca destas substâncias teve um grande impulso após a descoberta da penicilina. Ainda hoje existem muitas comunidades e grupos étnicos, principalmente os de rendas mais baixas, que utilizam as plantas medicinais como o principal, senão o único medicamento para o tratamento de suas enfermidades (CAETANO et al., 2002). Apesar do grande desenvolvimento da síntese orgânica e de novos processos biotecnológicos, 25% dos medicamentos prescritos nos países industrializados ainda são procedentes de plantas (Oliveira apud O‟HARA et al., 1998). Segundo Simões et al. (1999), a etnofarmacologia atua como uma importante ferramenta no estudo e na pesquisa de novos fármacos de origem vegetal, e a diversidade molecular no reino vegetal é ainda considerada quase que ilimitada. Weniger (1991) relata que o conhecimento popular, embora empírico, fornece indícios de plantas portadoras de propriedades curativas, representando deste modo a etapa inicial para projetos de pesquisa. Esse mesmo autor destaca que a atuação dos primeiros médicos, em sua maioria de origem portuguesa que vieram ao Brasil no período pré-descobrimento, foram influenciados pela convivência com a cultura indígena aqui presente, e posteriormente, sofreram influência africana (CALAÇA, 2002). Melo Junior et al. (2000) estudaram o extrato da casca de pimenta rosa, e observaram que dentre as dezessete plantas medicinais pesquisadas, esta foi uma das que apresentou maiores halos de inibição no teste de difusão em ágar, contra micro-organismos Gram-positivos, como Enterococcus, Streptococcus viridans, Streptococcus não do grupo A, B, D e bacilo Gram-positivo corineforme, porém, não observaram 50 atividade em micro-organismos Gram-negativos como Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, Citrobacter freundii e Escherichia coli. Martinez Guerra et al. (2000) estudaram a atividade do extrato etanólico de folhas de pimenta rosa (etanol a 80%) utilizando cepas dos micro-organismos Staphylococcus aureus (Gram-positivo), E. coli e Pseudomonas aeruginosa (Gram-negativo) além da levedura Candida albicans, pelo método de difusão em ágar. Observaram que os extratos nas concentrações 80, 60, 40, 30, 15,5 e 1% apresentaram atividade antimicrobiana frente a todos os micro-organismos testados. Martinez et al. (1996 a,b) utilizaram folhas de pimenta rosa (etanol a 30%) em diferentes concentrações, utilizando o extrato nas bactérias S. aureus, B. subtillis (Gram-positivas) E. coli e P. aeruginosa (Gram-negativas) e na levedura Candida albicans, pelo técnica de difusão em ágar. Os autores verificaram que na menor concentração (10%) não houve inibição de nenhum dos micro-organismos, porém, nas concentrações de 50 e 100%, todas as bactérias foram inibidas, mas as leveduras não sofreram inibição. 3.8.1 Óleos essenciais no controle de micro-organismos A cada dia está aumentando o interesse da comunidade cientifica pela fitoterapia, o que tem levado ao desenvolvimento de pesquisas científicas baseadas nas práticas e ditos populares. De acordo com SANTOS et al. (2006 a), a fitoterapia pretende realizar a cura com o uso de plantas de modo simples, empírico, pouco científica e experimental. A seleção etnofarmacológica de plantas pode ser baseada em ditos populares, que sem dúvida é uma ferramenta valiosa para descoberta de novos fármacos. Dentre estas descobertas estão os óleos essenciais, atualmente bastante pesquisados para sua utilização em novos medicamentos. O óleo essencial de pimenta rosa foi testado como antimicrobiano contra Escherichia coli, Shigella dysenteriae, Bacillus subtilis e Staphylococcus albus (SIDDIQUI et al., 1995). Siddiqui et al. (1996) estudaram a atividade antifúngica desse óleo essencial nos fungos 51 Aspergillus níger, A. parasiticus, A. flavus, A. oryzae, A. fumigatum, Trichoderma spp e Helminthosporium oryzae, verificando que apresentavam atividade anti-fúngica. Os óleos essenciais não são substâncias puras, sendo uma mistura de vários compostos orgânicos voláteis, complexas, presentes em diferentes concentrações, que variam de espécie para espécie vegetal. Segundo Cezarotto (2009), as propriedades antimicrobianas dos óleos essenciais parecem estar associadas a altos teores de hidrocarbonetos monoterpênicos, em especial ao α-pineno. A atividade antimicrobiana destes compostos provavelmente se deve a capacidade de destruir a integridade celular, inibir a respiração e processo de transporte iônico, além da capacidade de aumentar a permeabilidade da membrana celular (COX et al, 2000; SIQUEIRA et al; 1985). 3.9 Avaliação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais 3.9.1 Método de difusão em ágar O resultado obtido por este método é qualitativo, sendo útil para inferir a sensibilidade do micro-organismo a determinados compostos. O extrato da planta ou o óleo essencial a testar é colocado em um reservatório (disco de papel no meio de cultura ou em poços) em contato com o meio sólido, como o ágar, inoculado com determinado microorganismo. Decorrido o tempo de incubação, mede-se o diâmetro ou o raio da zona clara (onde não houve o crescimento) em volta do reservatório (LINTON, 1983). 3.9.2 Micro-organismos Diversos micro-organismos têm sido testados como alvo frente a diferentes óleos essenciais, visando verificar a atividade antimicrobiana desses óleos. Devido a sua importância em alimentos e pelo fato de 52 representarem os dois grandes grupos de micro-organismos, Grampositivos e Gram-negativos, neste estudo, selecionaram-se como alvo as bactérias E. coli, L. monocytogenes, Salmonella Thyphimurium e S. aureus, as quais serão descritas brevemente, lembrando que as bactérias Gram-positivas diferem das Gram-negativas em diferentes características, especialmente no que diz respeito a composição química, estrutura, permeabilidade da parede celular, fisiologia, metabolismo e patogenicidade (Tortora,Funke e Case, 2000). 3.9.2.1 Escherichia coli Segundo Tortora, Funke e Case (2000) o gênero Escherichia compreende bacilos Gram-negativos, sendo a espécie de maior importância, Escherichia coli. É uma bactéria anaeróbia facultativa, que faz parte da microbiota intestinal de animais de sangue quente, portanto, quando está presente na água e nos alimentos é um indicativo da contaminação de origem fecal recente. É um bacilo, não esporulado, catalase-negativo, oxidase-negativo, pertencente à família Enterobacteriaceae, que é capaz de fermentar a glicose, produzindo gás e ácido (HOLT et al., 1994; FRANCO e LANDGRAF, 1998; ADAMS, 2000). Trabulsi e Alterthum (2005) descrevem que na espécie E. coli existem várias cepas patogênicas. E. coli podem causar infecções intestinais, urinárias, septicemias, meningite e outros tipos de patologias (Fig11). 53 (a) (b) Figura 6 - Escherichia coli; a) Coloração de Gram e b) Imagem de microscopia eletrônica Fonte: a) faculty. ccbcmd.edu; b) diariodonordeste.globo.com Os sintomas causados por esta bactéria são diarreia acompanhada de dores abdominais, vômitos e febre com duração de 6 horas até três dias, apresentando um período de incubação variando de 17 a 72 horas (FRANCO E LANDGRAF, 1998). Bertoldi (2006), em seu trabalho cita vários autores, que observaram atividade antimicrobiana, atribuida à presença de substâncias fenólicas presentes na pimenta rosa, contra uma série de microorganismos, inclusive a E.coli. 3.9.2.2 Staphylococcus aureus São bactérias Gram-positivas com, aproximadamente, 1µm de diâmetro, que ocorrem aos pares, em pequenas cadeias ou em cachos similares aos de uva. Pertence à família Micrococcaceae, são bactérias anaeróbicas facultativas, catalase-positiva e oxidase-positiva (ADAMS, 2000). Promovem intoxicação alimentar em humanos através da produção de enterotoxinas, além de causarem abcessos, furúnculos e feridas. São halotolerantes, resistindo a concentrações de 10 a 20% de 54 nitratos e cloreto de sódio, o que torna os alimentos curados, veículos potenciais para a sua multiplicação. Desenvolvem-se bem sob condições de alta pressão osmótica e pouca umidade, o que parcialmente explica porque podem crescer e sobreviver nas condições nasais, ambiente externo e sobre a pele. (a) (b) Figura 7 - Staphylococcus aureus; a) Coloração Gram e b) Imagem de microscopia eletrônica Fonte: a) Infetious Diseases Biomarker Database (http://biomarker.korea.ac.kr/pathogen/pathogen_view_en.jsp?pdass=1&id =81), b) NIAID.NIH.GOV S. aureus é uma bactéria patogênica que possui diversos fatores de virulência: estafiloquinase, hialuronidase, fosfatase, coagulase, hemolisina, enterotoxinas. As enterotoxinas são as responsáveis pelas intoxicações alimentares (FORSYTHE, 2005). Esta espécie é a mais resistente de todas as bactérias patogênicas não formadoras de esporos. Multiplicam-se entre 7 e 48°C, sendo a temperatura ótima de desenvolvimento de 37°C. Suas enterotoxinas são produzidas quando cultivadas a temperatura de 10 a 48°C, entretanto, a faixa de 35 a 40°C é considerada ótima para sua proliferação. A faixa de pH ótimo é entre 6-7, sendo seu limite 4-10. Para a produção de suas enterotoxinas, o pH é na faixa de 6 (ADAMS, 2000). 55 S. aureus pode estar presente no ar, na poeira, em esgoto, na água, em alimentos, equipamentos processadores de alimentos, nas superfícies expostas aos ambientes, nos seres humanos e nos animais (Fig.12). Os homens e os animais são os reservatórios principais, podendo portar essa bactéria no nariz, garganta, cabelo e pele. As intoxicações alimentares estafilocócicas são provocadas pelo consumo de alimentos contaminados com as enterotoxinas estafilocócicas (carne, frangos, ovos, saladas, produtos de panificação, leites ou seus derivados), e o risco aumenta quando estes produtos não foram devidamente acondicionados e/ou refrigerados (FORSYTHE, 2005). Freire (2008) e Santos (2004 b), destacam que os sintomas são caracterizados por períodos curtos de incubação (2 a 4 horas), náuseas, vômitos, dores abdominais e prostração, podendo também levar a diarreias. A recuperação, geralmente, ocorre entre 1 a 2 dias. Os sintomas e a duração da doença podem variar, dependendo da suscetibilidade do hospedeiro, do tipo de toxina, da quantidade de alimento contaminado ingerido, da quantidade de toxina presente nos alimentos. Bertoldi (2006) cita vários autores reportando que a atividade antimicrobiana da pimenta rosa se deva provavelmente à presença de substâncias fenólicas contra a bactéria Staphylococcus aureus e inclusive contra algumas bactérias Gram-negativas e também contra a levedura Candida albicans. 3.9.2.3 Listeria monocytogenes L. monocytogenes é uma bactéria desprovida de cápsula, que não forma esporo. Multiplica-se tanto em aerobiose como em anaerobiose, tendo predileção por ambientes microaerófilicos e tem capacidade de se multiplicar em temperaturas de refrigeração (ROCOURT, 1999). É encontrada na natureza e no trato intestinal dos animais. A contaminação de diversos alimentos, principalmente carcaça, carnes e seus cortes durante o abate pode ocorrer pelo seu manuseio incorreto. Este micro-organismo é o agente da listeriose, que é uma zoonose de 56 grande importância em saúde pública, podendo causar casos graves como aborto, septicemia e meningites (MANTILLA et al., 2007). Esta patologia é muito mais grave em determinados grupos de risco, como mulheres grávidas, crianças, idosos e pacientes imunocomprometidos. Este micro-organismo se multiplica em temperaturas de refrigeração, sendo seguidamente isolado em alimentos manipulados de modo inadequado e em indústrias de processamento de alimentos (MANTILLA et al., 2007). L. monocytogenes é um bastonete Gram-positivo, anaeróbico facultativo e não esporulado. Está amplamente disseminado na natureza, envolvendo um grande número de fontes de infecção. (HOFER, REIS e HOFER, 2006). Segundo Hofer, Reis e Hofer (2006) e Araújo et al. (2002), a partir dos anos oitenta, houve aumento no número de casos e de surtos de listeriose humana e a relação de sua veiculação com os alimentos contaminados. Glass e Doyle (1989) descrevem que a contaminação pós processamento de produtos prontos para o consumo com L. monocytogenes pode representar perigo ao consumidor (Fig13). Esta bactéria pode se multiplicar em produtos cárneos durante a estocagem sob refrigeração. Doyle (1988) cita que a presença de nitrito de sódio nos níveis permitidos pela legislação não é capaz de inibir L. monocytogenes a menos que haja uma interação com outros agentes antimicrobianos. Esta bactéria é muito tolerante a cloreto de sódio, podendo sobreviver vários dias, dependendo da concentração utilizada e da temperatura de conservação (DOYLE, 1988). 57 (a) (b) Figura 8 - Listeria monocytogenes; a) Coloração Gram, b) Imagem de microscopia eletrônica Fonte: a) Kenneth Todar University of Wisconsin-Madison Department of Bacteriology (2004). b) University of Wisconsin-Madison Dep. Bacteriology. Kenneth Todar (2205). 3.9.2.4 Salmonella Thyphimurium. S. Thyphimurium são bactérias Gram-negativas, pertencentes à família das Enterobacteriaceae. Não são esporuladas, anaeróbicas facultativas, produtoras de gás a partir da glicose, exceto Salmonella Typhi, que não produz gás (LE MINOR e POPOFF, 1987). O trato intestinal de animais homeotérmicos e heterotérmicos é o habitat das salmonelas. O consumo de alimentos contaminados por esse micro-organismo pode causar diversas infecções, como febre tifóide, causadas por Salmonella Typhi, febres entéricas causadas por Salmonella Paratyphi A, B e C e gastroenterites ou salmoneloses causadas por outros sorovales. (FRANCO e LANDGRAF, 1996). 58 (a) (b) Figura 9 - Salmonella Typhimurium a) Coloração Gram e b) Imagem de microscopia eletrônica Fonte: Rocky Mountain Laboratories/NIAID/NIH (http://www.sciencemuseum.org.uk/antenna/spacebacteria/) Dores abdominais, diarreia, náuseas, vômitos, febre moderada e dores de cabeça são alguns dos sintomas das gastroenterites, cujo período de incubação veria de 6 a 72 horas, com média de 12 a 36 horas (Fig 14). Na febre tifóide ocorre febre contínua, diarreia, esplenomegalia, erupção de manchas rosa no abdome e septicemia. (FRANCO e LANDGRAF, 1996). A febre entérica se manifesta com febre, dores corporais e abdominais, calafrios, náuseas, vômitos e diarreia. Este tipo de febre pode durar de uma a oito semanas, enquanto, as febres entéricas duram no máximo três semanas (FRANCO e LANDGRAF, 1996). Segundo Salyers e Whitt (1994), os principais alimentos causadores de intoxicação por Salmonella spp são carne de aves, saladas elaboradas com carne de aves, ovos e derivados, carnes e produtos cárneos e outros alimentos proteicos. A infecção pode ser muito grave em crianças com idade inferior a três meses, em idosos e em indivíduos imunocomprometidos. Esta infecção pode levar a morte dependendo da virulência da cepa, do inóculo ingerido, e do estado do sistema imune do hospedeiro. A transmissão pode ocorrer diretamente 59 por via oral, através de fezes contaminadas. A ingestão de ovos contaminados com Salmonella enteritidis pode causar salmonelose, e a contaminação por este sorotipo aumentou a partir da década de 1980 (SALYERS e WHITT, 1994). 60 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Material botânico As amostras de frutos verdes e maduros de pimenta rosa utilizados para a extração do óleo essencial, determinação do rendimento e da constituição química, foram obtidas a partir de exemplares adultos provenientes do campus Capão do Leão, da Universidade Federal de Pelotas, RS. Foram colhidas manualmente, nos períodos antes e durante a maturação dos frutos (maio a julho de 2011). Os frutos foram coletados em pontos aleatórios da planta, na copa e nas laterais das árvores, em diferentes horários. Os frutos verdes foram coletados até o mês de maio, enquanto os maduros, foram coletados em períodos mais longos, no final de maio até julho. Dados geográficos da região de produção dos frutos são: “latitude: 310 48‟0459”, “longitude: 52024‟5532” e altitude de 21 metros. 4.2 Excicata A identificação do material botânico foi realizada através de comparação com amostras existentes no herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pelotas, RS, Brasil. O voucher do material testemunha está depositado neste mesmo herbário, sob o registro número 25.131, para a Schinus terebinthifolius Raddi, pimenta rosa madura, coletada no Campus Universitário da UFPel – RS. 61 4.3 Caracterização dos frutos de pimenta rosa As características físico-químicas determinadas foram umidade, cinzas e pH. Posteriormente, foram determinados a influência do tipo de trituração,extração do óleo essencial e da oleoresina, rendimento, densidade e índice de refração do óleo essencial. 4.3.1 Determinação da umidade de frutos maduros e verdes de pimenta rosa A determinação do teor de umidade dos frutos foi realizada pelo método gravimétrico (perda por dessecação). Para tanto, transferiu-se 2g dos frutos de pimenta rosa, colocando em cadinhos de porcelana, previamente tarados, os quais foram secos em estufa elétrica durante 24 horas, regulada a 105ºC. Após esse período, os cadinhos foram retirados e mantidos em dessecador até atingirem a temperatura ambiente. A percentagem (%) de matéria seca (MS) a 105ºC foi obtida através da Equação 1, onde: Pa refere-se ao peso da amostra, Pu é o peso do cadinho contendo a amostra antes da dessecação, Ps é o peso do cadinho contendo a amostra após a dessecação. A percentagem de matéria seca das amostras foi obtida a partir da média de triplicatas conforme Equação 1: Equação 1: MS(%) = (Pu –Ps) x 100/Pa 4.3.2 Determinação de Cinzas de frutos maduros e verdes de pimenta rosa A análise de cinzas foi realizada de acordo com o Método 923.03 da AOAC (1995), com frutos in natura, utilizando-se 2g de amostra do fruto, devidamente triturada com auxilio de mixer, até obter uma pasta homogênea. Após, colocou-se em cadinhos de porcelana previamente tarados, sendo secos em estufa a 100ºC, calcinados e incinerados à 62 600ºC em mufla, por 4h. Depois, foi deixado esfriar em dessecador até atingir a temperatura ambiente, sendo pesados posteriormente. O teor de cinzas foi obtido por diferença de peso entre a massa do cadinho vazio, previamente tarado, e a massa do cadinho com o resíduo calcinado, considerando a massa da amostra fresca, de acordo com a Equação 2: Equação 2: Cinzas (%) = (massa do cadinho com cinzas (g) - massa do cadinho (g) x 100 / massa de amostra pesada. Todas as determinações foram executadas em triplicatas. 4.3.3 Determinação eletrométrica do pH de frutos maduros e verdes de pimenta rosa O pH foi mensurado com auxílio de um potenciômetro (pH TEK, modelo 3B), sendo as amostras trituradas e diluidas em água ultra pura e as médias calculadas a partir de triplicatas, segundo a Farmacopéia brasileira (1988) pelo método de potenciometria. 4.4 Avaliação da trituração da amostra A fim de verificar se a trituração ou sua intensidade têm influência no rendimento de óleo essencial e de oleoresina, utilizaram-se as amostras (frutos maduros e verdes) que foram submetidas a três tipos de trituração para extrair o óleo essencial e a oleoresina, de forma a verificar qual a mais eficaz. Utilizou-se um tratamento sem trituração e dois com trituração, sendo utilizada em um deles a trituração com mixer (modelo Walita, 700 w), até obter uma massa homogênea e, no outro, trituração parcial com auxílio de gral e pistilo. Após a definição da melhor forma de trituração, esta foi utilizada durante todo o restante dos experimentos, para extração de óleo essencial e da oleoresina da pimenta rosa. 63 4.5 Extração do óleo essencial por hidrodestilação Esta parte do experimento foi conduzida no Laboratório da Química Orgânica, UFPel, Pelotas, RS (Laboratório de Oleoquímica). Utilizou-se o aparelho Clevenger modificado, acoplado a um balão de fundo redondo, com capacidade de 2 litros. Foram utilizados separadamente, frutos maduros e verdes de pimenta rosa, ambos triturados, sendo o material pesado e submetido à extração durante 5 horas, em ebulição, conforme determinado pela Farmacopéia Brasileira (1988). A análise foi realizada em triplicata. Cem gramas da amostra foi colocada em balão de fundo redondo de 2L, e acrescentou-se 1.350mL de água ultra pura (Milli-Q). Adaptou-se o aparelho Clevenger ao balão, e a parte do tubo graduado e do tubo retorno foi preenchido com água. Em seguida, com o auxilio de uma manta, foi realizado o aquecimento, em constante ebulição. Após 5 horas, o óleo foi removido e desidratado com sulfato de sódio anidro, filtrado em lã de vidro e pesado em balança analítica. Posteriormente, foi colocado em frasco de vidro, coberto com papel alumínio para proteger da ação da luz, e estocado em freezer comercial (-18oC) até o momento de sua utilização (aproximadamente três a cinco meses). O mesmo procedimento foi utilizado para determinar o rendimento dos óleos essenciais, em função do tempo de extração, entretanto, para essa finalidade, as amostras de óleo, foram coletadas de hora em hora do aparelho de Clevenger, num total de 5 horas, sendo o óleo removido e o rendimento calculado. Todas as determinações foram realizadas em triplicata. Para essa avaliação utilizou-se frutos de pimenta rosa maduros. 4.6 Índice de refração do óleo essencial Na determinação do índice de refração, as leituras foram feitas por refratometria, utilizando o refratômetro de bancada ABBÉ (QUIMIS/ modelo Q767B), determinado a 230C, em triplicata. 64 4.7 Densidade do óleo essencial Foi determinada de acordo com metodologia preconizada pelas Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985), utilizando-se balança analítica. A densidade do óleo essencial foi determinada pela relação entre determinada massa (g) pelo volume (mL) do óleo essencial. O resultado corresponde à média de três determinações. 4.8 Avaliações da composição do óleo essencial por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG/MS) A análise cromatográfica foi realizada na Universidade de Caxias do Sul (UCS), no Laboratório de Óleos Essenciais e Produtos Naturais (LOES). A análise em GC/MS foi realizada em cromatógrafo gasoso acoplado a detector seletivo de massas Hewlett Packard 6890/MSD5973, equipado com software HP Chemstation e espectroteca Wiley 275. Foi utilizada a coluna capilar de sílica fundida HP-Innowax (30 m x 250 m) 0,50 m espessura de filme (Hewlett Packard, Palo Alto, USA). Temperatura da coluna, 40°C (8 min) para 180°C a 3°C/min, 180-230°C a 20°C/min, 230°C (20 min); interface 280°C; split ratio 1:100; gás de arraste He (56 Kpa); razão de fluxo: 1,0 mL/min.; energia de ionização 70 eV; volume injetado 0,4 L diluído em hexano (1:10). 4.9 Extração de oleoresina Todos os experimentos foram realizados com frutos maduros de pimenta rosa. 4.9.1 Método de Bligh-Dyer sem ultrassom As amostras frutos maduros de pimenta rosa foram pesados e acrescidos de 10mL de clorofórmio, 20mL de metanol e 8mL de água 65 destilada. Após a homogeneização, as amostras foram transferidas para um funil de separação com agitação, onde se acrescentou mais 10mL de clorofórmio e 10mL de sulfato de sódio a 1,5%. Após nova agitação, deixou-se em repouso para separar as camadas bifásicas e filtrou-se, utilizando papel de filtro com sulfato de sódio anidro, para remover a água. Posteriormente, pipetou-se 5mL para uma cápsula de porcelana previamente seca e pesada, a qual foi colocada em estufa até que os solventes (metanol, clorofórmio e água) fossem eliminados e, depois, colocou-se em dessecador até o resfriamento da amostra, pesando-se em seguida em balança analítica. A quantidade de lipídio presente na amostra foi determinada, utilizando-se a Equação 3: Equação 3: Lipídios % = PL x 4 x 100 / peso amostra PL (peso do lipídio contido na cápsula menos o peso da cápsula), e dos 20 mL de clorofórmio só 5 mL foi para a cápsula, por isto deve-se multiplicar por 4. Após a extração da oleoresina, o material foi submetido à derivatização sendo diluído em hexano e levado para determinação dos lipídios presentes na oleoresina através da cromatografia gasosa. Todas as análises foram realizadas em triplicata. 4.9.2 Método de Bligh-Dyer com ultrassom As amostras de frutos maduros de pimenta rosa, trituradas e pesadas, foram sonicadas em aparelho de ultrassom (modelo Maxi Clean 1450A, UNIQUE – Brasil), por 30min. Após este tempo, as amostras foram submetidas à extração de lipídios. 4.9.3 Método de Soxhlet Empregou-se método IUPAC 1.122 (1979) com uso de sete diferentes solventes. Foi fixada a velocidade/quantidade de 6 a 8 sifonagens por hora à temperatura constante. As amostras de frutos 66 maduros de pimenta rosa foram trituradas e pesadas em balança analítica, colocadas em um cartucho onde as extremidades foram dobradas para impedir a saída de material. O cartucho foi colocado no extrator Soxhlet, encaixado em um balão volumétrico com capacidade de 1000mL, onde o solvente utilizado foi acrescentado. O condensador foi conectado e a manta de aquecimento ligada, permanecendo em ebulição por 6 horas, sendo o tempo calculado a partir da ebulição. Somente os frutos maduros de pimenta rosa foram analisados por esta metodologia. A análise foi realizada em triplicata. A extração utilizando Soxhlet foi realizada com os seguintes solventes em triplicatas: acetona, álcool etílico, éter etílico, éter de petróleo, clorofórmio, metanol e hexano. 4.9.4 Extração de oleoresina de pimenta rosa a frio As amostras de frutos maduros de pimenta rosa foram trituradas e pesadas em balança analítica e, depois, colocadas por 72 horas em diferentes solventes (acetona, álcool etílico, éter etílico, éter de petróleo, clorofórmio, metanol e hexano), a fim de determinar o rendimento de oleoresina extraída. Após esse tempo, filtrou-se em papel de filtro Whatmam e, o material coletado foi colocado em rota evaporador para remoção do solvente. O material que apresentava, ainda, um pouco de solvente, foi colocado em nitrogênio líquido, para eliminação do solvente. O balão foi pesado e o rendimento de oleoresina calculado. 4.9.5 Derivatização da oleoresina A oleoresina extraída por Soxhlet foi submetida à derivatização, onde 250 mg do óleo foi pesado em um balão volumétrico, acrescido de 6 mL de solução metanólica de NaOH a 2% recém preparada e deixada em refluxo por 10 minutos. Após o tempo previsto foi, adicionado 7 mL de solução metanólica de BF3 (trifluoreto de boro) e continuou em ebulição por mais 2 minutos. Adicionou-se 5 mL de heptano e deixou ebulir por mais 1 minuto, desligando o equipamento e deixando resfriar 67 naturalmente. Após adicionou-se solução supersaturada de NaCl, onde houve separação em duas fases. O sobrenadante foi filtrado, e o material foi passado em sulfato de sódio anidro a fim de remover a água residual. Posteriormente, o material passou por nitrogênio para secar e remover toda a água que por ventura estivesse presente. Após este procedimento obteve-se o éster metílico, e só depois é que o material foi submetido à cromatografia gasosa. 4.9.6 Cromatografia da oleoresina derivatizada de frutos maduros de pimenta rosa Foi realizada no Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos (CCQFA), no Laboratório de Heterociclicos Bioativos e Bioprospecção - LAHBBIO. Utilizou-se cromatografia gasosa (Cromatógrafo Shimadzu 2010, equipado com coluna de polietileno glicol RTX-Wax), tendo como gás de arraste o gás He (Helio) e o volume injetado foi de 1μL diluído em hexano (1:10). Realizou-se o processo de derivatização, a fim volatilizar os ácidos graxos, para que pudessem ser detectados no cromatógrafo pelo detector FID (Flame Ionization Detector), bem como para reduzir a adsorção de soluto no suporte e superfície da coluna e melhorar a separação dos compostos (DROZD, 1975; GUTNIKOV, 1995). 4.10 Determinação da curva do DPPH A determinação da atividade antioxidante foi realizada no Centro de Ciências Química Farmacêutica e de Alimentos da UFPel, utilizando todos os reagentes p.a. Todas as soluções foram preparadas no dia e devidamente armazenadas. Em ambiente escuro, transferiu-se uma alíquota de 4mL de solução de DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) (0,06mM) em diferentes concentrações (10µM, 20 µM, 30µM, 40µ, 50 µM e 60µM), para cubetas de vidro e realizaram-se as leituras em espectrofotômetro (Biospectro 68 modelo SP-22) a 515nm. A técnica utilizada foi aquela descrita no Comunicado Técnico on line no 127 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, de julho de 2007, calculando-se a equação da reta, plotando as concentrações de DPPH (μM) no eixo X e as absorbâncias no eixo Y. 4.11 Atividades antioxidante Para avaliar a atividade antioxidante do extrato bruto e do óleo essencial de pimenta rosa utilizou-se o método de capacidade de captura in vitro do radical livre DPPH (2,2, difenil-2-picrilhidrazil), de acordo com Brand-Williams et al. (1995) e modificado por Sánchez-Moreno, Larrauri e Saura-Calixto (1998). O comprimento de onda utilizado foi de 515nm. Os frutos foram submetidas a dois processos de extração, um utilizando água ultra pura (Milli-Q) e outro o álcool etílico, sendo 10g de frutos para 100mL de solução. Depois da trituração da amostra com auxilio de um mixer até se obter uma pasta homogênea, as amostras foram submetidas a agitação por 1 hora, centrifugadas a 25.500g (15.000 rpm) durante 15 minutos, em centrifuga Sorvall Instruments (modelo RC5C). O sobrenadante foi transferido para um balão volumétrico, completando-se o volume para 100 mL de água ultra pura ou álcool etílico, conforme o solvente desejado. A partir do extrato obtido, foram preparados tubos de ensaio contendo quatro diluições diferentes, em triplicatas. Utilizou-se álcool etílico como branco, para calibrar o espectrofotômetro. As leituras foram monitoradas a cada 5 minutos, onde observou a redução da absorbância até a sua estabilização, ou seja, até que o radical livre DPPH remanescente nas reações de redução não ocorra mais ou alcance seu estado estacionário. Após a estabilização da absorbância final este valor foi utilizado para o cálculo do EC50 (tempo EC50) e, finalmente, foi calculado grama de fruta/g DPPH = EC50(mg/L)/1.000.1/g DPPH, isto para obter o resultado final que é expresso em g fruta /g de DPPH (RUFINO et al., 2007). 69 Avaliou-se a capacidade de diferentes extratos (aquoso, etanólico e cetônicos) de pimenta rosa em sequestrar os radicais DPPH em concentrações e intervalos de tempo distintos, para verificar a atividade antioxidante de cada extrato. Os frutos de pimenta rosa madura foram triturados até obter uma pasta homogênea utilizando um mixer. Nesta etapa, o solvente etanol foi substituído por acetona, agitada por 1 hora, e a amostra foi filtrada em um balão volumétrico, sendo o volume completado para 100mL. Posteriormente, foram feitas as diluições e levadas ao espectrofotômetro e determinada o valor do EC50 e a quantidade de fruta em grama/g de DPPH. Utilizando o solvente acetona, a amostra foi apenas agitada por uma hora e filtrada, após seguiu-se os mesmos procedimentos realizados com etanol. No óleo essencial de pimenta rosa tanto a verde quanto a madura, foi determinada a atividade antioxidante, sendo a pimenta rosa verde diluída em etanol p.a, e a pimenta rosa madura diluída em acetona p.a, pois a diluição em etanol do óleo de pimenta rosa madura deixou a solução totalmente turva o que impediu de fazer as leituras no espectrofotômetro. Desta maneira, o solvente foi trocado por acetona p.a, isto se deve provavelmente a presença de compostos lipídicos removidos pelo etanol, pois os componentes presentes nos frutos verdes são diferentes dos frutos maduros. 4.12 Avaliações microbiológicas Os testes microbiológicos foram desenvolvidos no Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, da FAEM/UFPel. 4.12.1 Micro-organismos utilizados Foram utilizados dois micro-organismos Gram-positivos e dois Gram-negativos: Staphylococcus aureus (ATCC 6538), Listeria 70 monocytogenes (ATCC 7644), Salmonella Thyphimurium (ATCC 14028) e, Escherichia coli (ATCC 11775). 4.12.2 Preparação do inóculo As bactérias foram incubadas em caldo Triptona de Soja com 0,6% Extrato de levedura (TSB-YE, Merck) (para L. monocytogenes, e em Caldo Infusão cérebro coração (BHI, Difco) para as outras bactérias, incubou-se `a 370C, durante 24 horas. Após esse período preparou-se uma suspensão dos micro-organismos em solução salina (0,8%), ajustando-se a turvação de acordo com a escala 0,5 de McFarland (1,5x108 UFC mL-1). 4.12.3 Avaliação qualitativa da atividade antimicrobiana pela técnica de Difusão em Ágar Essa avaliação foi feita pelo método de difusão em ágar. O inóculo bacteriano padronizado, correspondendo a 0,5 da escala McFarland (1,5 x 108 UFC. mL-1), foi distribuído por toda a placa de petri com auxílio de swab esterilizado. No ágar, pequenos poços foram perfurados e um volume de 10μL de óleo essencial foi usado para preencher individualmente cada um dos poços (com 5 mm de diâmetro), sendo as placas incubadas por 24h a 36oC. No final deste período obser va-se a formação dos halos de inibição: se a amostra de óleo essencial avaliada apresentava atividade inibitória sobre as bactérias testadas, formava-se um halo ao redor do poço onde foi adicionado o óleo essencial, indicando ausência de crescimento bacteriano. Após o tempo previamente determinado, mediram-se os halos de inibição de crescimento, em milímetros, com o auxílio de uma régua milimetrada. Todos os experimentos foram realizados em três repetições e as análises foram efetuadas em triplicatas. 71 4.13 Determinação da Concentração Inibitória Minima (CIM) e da Concentração Bactericida Minima (CBM) Para essa avaliação utilizaram-se microplacas de 96 cavidades, avaliando-se os resultados de acordo com o preconizado pelo National Committee of Clinical Laboratory Standards, com modificações. A microplaca foi dividida em linhas de A a H e em colunas de 1 a 12. A CIM é definida como sendo a menor concentração da amostra testada que inibiu em 100% o crescimento dos micro-organismos nos poços e a CBM é a menor concentração da amostra testada capaz de causar a morte do inóculo. Nas microplacas foram utilizados três controles, sendo um controle negativo (só o meio de cultura TSB-YE ou só BHI), um controle de crescimento (meio de cultura e dimetilsulfóxido - DMSO) e um controle positivo (meio de cultura e inóculo). Diluições seriadas de razão dois do óleo essencial foram utilizadas em meio de cultivo, (onde em cada poço continha a metade da concentração do poço anterior). Inicialmente, com o auxílio de uma alça de inoculação esterilizada, transferiu-se uma aliquota de micro-organismos de culturas com 24horas de desenvolvimento para os tubos contendo os meios específicos para cada micro-organismo alvo: (TSB-YE para L. monocytogenes e BHI para as outras bactérias), até atingir a turbidez de 0,5 da escala Mc Farland (1,5 x 108 UFC.mL-1), comparando com o frasco da escala contendo um padrão de turbidez (MURRAY et al., 1999). A CBM foi determinada de acordo com o resultado da CIM, retirando-se 5µL de amostra daqueles poços onde não ocorreu crescimento microbiano visí vel e semeando-se em placas de petri contendo ágar Mϋller Hinton, as quais foram incubadas em estufa a 360C por 24 horas. As análises foram realizadas em triplicata. A menor concentração de óleos essenciais na qual não houve crescimento dos micro-organismos nas placas de Petri foi determinada como a sendo a CBM para o óleo essencial. 72 5 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística foi realizada por meio de análise de variância (ANOVA). As diferenças significativas entre as médias foram determinadas pelo teste t ou teste de Duncan, em nível de 5% de probabilidade. 73 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste estudo realizou-se, primeiramente, a caracterização físicoquímica da matéria-prima, de frutos de pimenta rosa e, após, determinouse a melhor forma de trituração da amostra, o tempo de extração do óleo essencial, o melhor solvente para extrair a oleoresina, bem como a melhor técnica de extração (Soxhlet ou a frio). Além disso, identificaramse os componentes presentes nos óleos essenciais e na oleoresina, através de cromatografia gasosa, acoplada a espectrometria de massa e finalmente determinou-se a atividade antioxidante e atividade antimicrobiana. Os valores de pH, umidade e cinzas dos frutos maduros e verdes de pimenta rosa estão expressos na Tabela 1. Tabela 1: Características fisico-químicas de frutos verdes e maduros de pimenta rosa Amostras pH (%) Umidade (%) Cinzas (%) Pimenta rosa madura 5, 46±0,13 a 34,05±0,15 a 3,18±0,18 a Pimenta rosa verde 5,55±0,09 a 70,40±1,67 b 1,22±0,27 b Dados expressos como médias de três repetições. As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si a 5% de probabilidade. Segundo Totti e Medeiros (2006), o teor de umidade de frutos verdes de pimenta rosa foi de 65,4% e da pimenta rosa madura de 55,6%, sendo que neste estudo, observou-se valores de 70,40% e de 34,05% para frutos verdes e maduros respectivamente, conforme mostrado na Tabela 1. Os valores de umidade verificados neste estudo 74 para frutos verdes foram semelhantes ao citado por Totti e Medeiros (2006), entretanto, para a pimenta rosa madura foi inferior. Degáspari, Waszcznaky e Santos (2004), citam valores de umidade para frutos maduros de pimenta rosa antes da secagem, de 39%, valor semelhante ao encontado neste estudo. É importante destacar que esta perda de umidade de frutos verdes em relação aos maduros, se deve ao fato de que, com a evolução de maturação, os frutos e as sementes perdem a água, e quando as sementes atingem a umidade de 14%, elas praticamente perdem a capacidade de germinação (TOTTI e MEDEIROS 2006). O teor de cinzas para frutos maduros foi de 3,18% e, para frutos verdes, foi de 1,22%. Observa-se que os frutos verdes apresentam uma quantidade menor de cinzas. Ressalta-se que nem sempre este resíduo representa toda a substância inorgânica presente na amostra, pois segundo as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985), alguns sais podem sofrer redução ou volatilização no aquecimento a esta temperatura (600oC) , alterando o valor de cinzas. Neste estudo, a determinação das cinzas foi realizada por simples incineração, precedida de calcinação. O teor de cinzas de frutos maduros de pimenta rosa apresentou diferença significativa em relação a quantidade de cinzas de frutos verdes. Isto se deve, provavelmente, ao maior conteúdo de sólidos solúveis presentes e, também, devido ao conteúdo de água ser maior nos frutos verdes, diluindo o teor de silicatos, fosfatos e sílica presente na amostra inicial. (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988; SHARAPIN et al., 2000; COSTA, 2001). Com relação ao pH, observa-se que não houve diferença significativa entre os valores obtidos para os frutos maduros e verdes. Entretanto, o pH dos frutos maduros é levemente inferior ao dos frutos verdes. Nas plantas encontram-se diversos ácidos minerais, mas particularmente ácidos orgânicos pertencentes a diferentes séries, aromáticas, terpênicas, heterociclicas, em geral combinados sob a forma de sais, ésteres, lactonas, amidas, lipidios, resinas, glicidios, proteínas e em outros compostos naturais. Como os frutos maduros tiveram um pH menor em relação aos frutos verdes, isto sugere a presença de mais 75 substâncias ácidas no fruto maduro ou, ainda, que em frutos verdes a quantidade de água presente, dilui os ácidos e, conforme os frutos vão amadurecendo a quantidade de água diminui e, assim, os ácidos ficam mais concentrados. Após a caracterização da matéria-prima, se objetivou extrair e caracterizar os óleos essenciais e a oleoresina presentes nos frutos de pimenta rosa. Entretanto, várias etapas da extração de óleos essenciais são críticas na obtenção desses compostos. Assim, tendo em vista que os dados relativos à extração desses compostos em pimenta rosa são escassos na literatura, testaram-se diferentes protocolos nas principais etapas críticas, a fim de se estabeler aquele que apresente o melhor desempenho para ser utilizado com esta matéria-prima. Com relação à primeira etapa de extração testaram-se três tratamentos diferentes, de forma a verificar o rendimento de cada uma delas na obtenção de óleos essenciais de pimenta rosa: maceração com gral e pistilo, maceração com mixer, e sem maceração. Observou-se que quando os frutos foram submetidos à maceração com mixer, houve maior rendimento do que nos outros dois tratamentos (Tabela 2), reforçando a importância de uma vigorosa maceração da matéria-prima para que se obtenha uma maior quantidade de óleo. Provavelmente, a maceração rompa as paredes celulares facilitando a extração do óleo. Tabela 2: Efeito do tipo de maceração no rendimento (g%) de óleo essencial de frutos de pimenta rosa, obtido por hidrodestilação Tipo de maceração Rendimento de óleo essencial g% Sem maceração 0,015±0,01 Maceração parcial (gral e pistilo) 1,83±0,88 Maceração com mixer 5,89±0,82 Dados expressos como média ±desvio padrão de três repetições . O resultado obtido neste estudo utilizando a maceração com mixer é semelhante ao obtido por Silva et al. (2005), que encontraram 5,09% de 76 rendimento de óleo essencial, quando a amostra de pimenta rosa foi macerada, antes da extração. De acordo com Bertoldi (2006) o teor médio de óleos essenciais extraídos de frutos secos da pimenta rosa foi de 7% (v/p). Santos et al. (2006) extraíram o óleo essencial de diferentes partes do vegetal (frutos, folhas, e flores frescas de pimenta rosa) através da hidrodestilação utilizando o Clevenger, por 1 hora. O teor médio encontrado ficou entre 0,15% e 0,17%. Assim, pode-se inferir que o teor de óleos essenciais sofre grandes variações, dependendo da parte utilizada da planta, ou ainda, que o período de extração utilizado por aqueles autores não foi suficiente para extrair uma boa quantidade de óleos essenciais. Neste trabalho, o rendimento final foi de 5,89 g/%, ficando abaixo da média de 7% obtido por Bertoldi (2006) e 8,5% obtido por Roveda et al. (2010), mas acima do valor obtido por Silva (2005), de 5,09 g/%. Vários fatores podem interferir na qualidade e quantidade de substâncias presentes no óleo essencial, como características da região, temperatura, índice pluviométrico, solo, umidade relativa, altitude, entre outros fatores, pois estes afetam sua fisiologia e, consequentemente, a síntese dos compostos (BERTOLDI, 2006). Roveda et al. (2010) relatam que a quantidade de compostos voláteis é máxima antes da floração, na sequência, há uma queda neste conteúdo, e quando a planta está em semente, esta é mínima. Estes últimos autores citam, ainda, que se deve levar em consideração a espécie estudada, local de coleta (ecotipos) e variabilidade genética das plantas, que estão intimamente relacionadas com a qualidade dos óleos essenciais, sendo expressa através de quimiotipos. O tempo de extração é outro fator que pode influenciar no rendimento do óleo obtido. Conforme especificações da Farmacopéia Brasileira (1988), o tempo máximo para extração de óleos essenciais dos frutos de pimenta rosa deve ser de 5 horas, dessa forma, avaliou-se o rendimento de hora em hora, até a quinta hora, de frutos maduros de pimenta rosa, conforme pode ser visualizado na Tabela 3. 77 Tabela 3: Rendimento de óleos essenciais de frutos maduros de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi) em função do tempo de extração empregado na hidrodestilação Tempo de Rendimento extração g h-1 1 hora 4,5098 a 4,5098 Frutos maduros 2 horas 0,6972 b 5,2070 de pimenta 3 horas 0,1835 c 5,3905 rosa 4 horas 0,1239 d 5,5144 5 horas 0,0095 e 5,5239 Amostra g% Dados expressos como média de três repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade. Observou-se que o maior rendimento em óleo essencial ocorreu na primeira hora de extração, portanto, se o objetivo for a obtenção de maior quantidade de óleo essencial não é preciso, necessariamente, extrair por 4 ou 5 horas, economizando, assim, energia e tempo, diminuindo o custo final do óleo. Já Bertoldi (2006) cita que o teor máximo de óleos essenciais extraídos de frutos da pimenta rosa foi obtido em um período de três horas, entretanto, não menciona o rendimento de hora em hora. Silva et al. (2005) encontraram rendimento de óleo essencial de sementes de pimenta rosa, na primeira hora de 1,95%, na segunda hora 3,72% e, com 4 horas, passou para 4,61%. Embora o rendimento encontrado por esses autores seja menor do que o obtido neste estudo, estes corroboraram a observação de que é na primeira hora que se extrai maior quantidade de óleo: o rendimento passou de 1,95% na primeira hora, para 1,77% na segunda hora e, na sequência houve uma queda acentuada no rendimento. Após determinação dos melhores parâmetros para extração de óleo essencial de pimenta rosa, e de sua utilização para a obtenção do óleo, esse foi submetido à caracterização. O índice de refração de uma substância pura é uma constante, em condições normais de pressão e temperatura, que pode ser usado como 78 um meio de identificação para sua pureza, como é o caso dos óleos essenciais. Os resultados da determinação do índice de refração e densidade do óleo essencial extraído de frutos maduros e verdes de pimenta rosa por hidrodestilação estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4: Índice de refração (23°C) e densidade (25°C) de óleos essenciais obtidos de pimenta rosa madura e verde Óleo essencial Índice de refração (230C) Densidade (25ºC) g/cm3 Pimenta rosa madura 1,484 a 0,873 b Pimenta rosa verde 1,484 a 0,864 b Os valores apresentados na Tabela 4, para o índice de refração de óleos essenciais de frutos de pimenta rosa maduros e verdes foram iguais entre si (1,484), bem como iguais ao índice de refração citado pela Farmacopéia Brasileira (1998), que é de 1,481, entretanto, esta publicação não cita o tipo de frutos utilizados, se maduros ou verdes. A qualidade do óleo essencial obtido é considerada um fator básico importante e está vinculada a sua obtenção, fazendo com que a realização de análises físicas sejam frequentes e constantes. Desse modo, podem-se avaliar as suas características, prevenindo problemas na sua comercialização, como a adulteração com compostos sintéticos de baixo preço, mistura com óleos essenciais de baixa qualidade ou a adição de solventes para aumentar o rendimento (VITTI e BRITO, 2003). Para evitar estes tipos de problemas as análises químicas de índice de refração e densidade são frequentementes utilizadas a fim de constatar adulterações dos óleos com uma simples análise física. Os valores encontrados para a densidade relativa de óleo essencial de frutos de pimenta rosa, verdes e maduros, extraídos por hidrodestilação, foram de 0,864 g/cm3 e 0,873 g/cm3, respectivamente (Tabela 4). Estes valores são semelhantes aos obtidos por Bertoldi (2006) que encontrou 0,854 g/cm3 usando solvente acetona, 0,856 g/cm3 com o solvente etanol e 0,877 g/cm3 com éter de petróleo. Vale ressaltar que 79 embora os dados se aproximem bastante, os valores citados por Bertoldi (2006), foram obtidos para oleoresina. A composição dos óleos essenciais obtidos de vegetais pode ser bastante variável e essa variação pode dever-se à própria planta da qual foi obtido, como, também, a fatores ambientais ou ao ciclo fisiológico do vegetal. Tendo em vista que a variação na composição dos óleos essenciais influencia diretamente nas características e nas propriedades dos óleos obtidos, realizou-se a caracterização química dos óleos essenciais obtidos de frutos de pimenta rosa maduros e verdes, através de análise cromatográfica por CG/MS. Na análise cromatográfica do óleo essencial dos frutos verdes de pimenta rosa foram identificados 19 compostos, sendo o componente majoritário o α-pineno (41,17%) seguido de δ-cadineno (10,21%) e Dgermacreno (8,56%), conforme demonstrado na Tabela 5 e Figura 15. 80 Tabela 5: Composição química do óleo essencial de frutos verdes de pimenta rosa obtido por Clevenger modificado, determinada por cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massa Substâncias identificadas Peso molecular (g.mL-1) % α-pineno 136,23 41,17% β-pineno 136,23 0,91% m irceno 136,23 0,58% α-copaeno 204,35 1,19% α-gurjuneno 204,35 1,28% β-cubebeno 204,35 0,25% trans-β-cariofileno 204,36 2,86% neo-allo-ocimeno 136,23 0,41% α-humuleno 204,35 0,67% trans-β-farneseno 122,37 0,28% α-amorfeno 204,37 0,37% D-germacreno 135,55 8,56% epi-biciclosesquifelandreno 204,35 0,43% α-muuroleno 222,37 1,50% biciclogermacreno 204,37 0,54% δ-cadineno 204,35 10,21% cis-calameneno 202,34 0,37% palustrol 222,37 0,31% viridiflorol 222.37 0,91% 81 Figura 10 - Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas do óleo essencial de frutos verdes de pimenta rosa extraído por Clevenger. 82 Figura 15 - Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas do óleo essencial de frutos verdes de pimenta rosa extraído por Clevenger (continuação). 83 No óleo ossencial de frutos maduros de pimenta rosa, foram identificados 25 compostos. O componente majoritário foi o mirceno (48,15%), seguido de D-germacreno (7,86%), δ-cadineno (6,43%) e αpineno (5,14%), conforme pode ser visualizado na Tabela 6 e Figura 16. Roveda et al. (2010), analisando óleos essenciais de frutos maduros de pimenta rosa, também por CG/MS, identificaram 19 compostos, com predominância de monoterpenos, tendo como componente majoritário o α-pineno (22,56%), seguido por sabineno (15,78%), z-salveno (10,69%), β-pineno (10,52%), α-funebreno (8,82%) e limoneno (5,52%). Já Gehrke, Stolz e Morel, (2008) observaram que os principais compostos encontrados em frutos de pimenta rosa da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, foram os monoterpenos, α-3-careno e o α-pineno, representando em torno de 40% dos constituintes. Ressalta-se que nas condições estudada, na cromatografia gasosa de frutos maduros de pimenta rosa foram identificados maior número de elementos químicos que no cromatograma da pimenta rosa verde, o que pode ser devido à falta de alguns padrões para identificação, uma vez que o número de padrões utilizados para os frutos maduros de pimenta rosa foram os mesmos para frutos verdes. 84 Tabela 6: Composição química do óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa obtidos por hidrodestilação, determinada por cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massa Substâncias identificadas Peso Molecular (g.mL-1) (%) α-pineno 136,23 5,14% β-pineno 136,23 1,52% sabineno 136,23 0,28% mirceno 136,23 48,15% limoneno 136,23 1,91% Β-felandreno 136,23 0,77% Α-copaeno 204,35 1,08% Α-gurjuneno 204,35 0,77% Β-cubebeno 204,35 0,35% trans-β cariofileno 204,36 4,79% alloaromadendreno 204,35 0,37% γ-gurjuneno 204,35 0,28% α-humuleno 204,35 0,66% trans-β-farneseno 222,37 0,91% 135,55 7,86% epibiciclosesquifela 204,35 0,56% α-muuroleno 204,37 1,36% biciclogerm acreno 204,37 0,41% β-bisaboleno 222,37 0,23% cis-α-bisaboleno 204,35 0,42% δ-cadineno 204,35 6,43% Β-sesquifelandreno 204,35 0,16% cis-calameneno 202,34 0,47% óxido de cariofileno 220,35 0,25% 222,36 0,67% D-germacreno viridiflorol 85 Figura 116 - Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas do óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa extraído por Clevenger. 86 Silva et al. (2005) também analisaram o óleo essencial de pimenta rosa por CG/EM e identificaram hidrocarbonetos monoterpênicos (αpineno, β-pineno, α-felandreno, β-felandreno, sabineno), alcoóis monoterpênicos (α-terpineol, cis e trans hidrato de sabineno) e sesquiterpenos (carvacrol, δ-cadineno e α-gurjuneno). Os autores citam que cromatograma foi realizado com óleo essencial extraído com hexano, embora não citem as concentrações dos compostos encontrados, nem se a amostra foi de frutos verdes ou maduros. Já Roveda et al. (2010), avaliando óleo essencial de frutos de pimenta rosa maduros, através da cromatografia gasosa, identificaram alguns elementos como α e β pineno, limoneno, germacreno, δ gurjuneno, sabineno, que também foram observados no óleo avaliado neste estudo, enquanto outros, como, Zsalveno, trieyeleno, α-fencheno, neo-iso-verbanol, 2-E-decenal, hidroxicitronelal, Z-patchenol, longieyeleno α funebreno, epizonareno e E-9epicaryophylleno, α-epi-Muurolol, não foram identificados neste trabalho. A análise cromatográfica dos óleos essenciais de frutos verdes e maduros de pimenta rosa permitiu verificar que essa matéria-prima apresenta um teor importante em alcoóis, fenóis e aldeídos, além de terpenos (α e β pinenos e limonenos), o que infere o potencial antimicrobiano e antioxidante desse óleo, haja visto que essas substâncias apresentam essas propriedades. Estes mesmos elementos foram encontrados em trabalhos realizados por Novacosk e Torres (2006), Souza et al. (2005), Cezarotto (2009) e Bertoldi (2006), os quais citam que devido à riqueza química em fenóis, aldeídos e álcoois, os óleos essenciais apresentam propriedades antissépticas. Observa-se que a composição química de um óleo essencial extraído de uma mesma espécie vegetal pode variar significativamente. De modo geral, a frequente variação química de óleos essenciais obtidos a partir de uma mesma espécie, é devido à alta complexidade química dos óleos, que sofrem influência de vários fatores, tanto geográficos e ecológicos (habitat), quanto pela variabilidade genética das plantas, que está diretamente ligada com a qualidade dos óleos essenciais (ROVEDA et al., 2010). 87 Em relação às análises dos óleos essenciais derivados dos frutos verdes e maduros de pimenta rosa, foi verificada que na maioria dos espectros de massas, foi confirmada a presença do íon molecular das substâncias químicas presentes em quantidades majoritárias em cada fração estudada. Os espectros de massas estão representados pelas Figuras 15 e 16 (Ver os componentes majoritários e peso molecular nas Tabelas 5 e 6). Na Figura 17 se observam algumas estruturas químicas dos componentes majoritários presentes nos óleos essenciais obtidos neste estudo. Através delas se pode verificar se a substância apresenta polaridade, qual o grupo químico importante, além de suas propriedades físico-químicas, como por exemplo, se formam substâncias coloidais, se apresentam reação ácida e de sabor adstringente, etc. 88 Figura 12 - Estrutura química dos componentes majoritários presentes no óleo essencial de frutos verdes e maduros de pimenta rosa Cezarotto (2009) analisou o D-germacreno do óleo essencial de uma planta muito utilizada na medicina popular, que é a macela (Achyrocline satureioides (Lam) DC), através de cromatografia gasosa. O autor relata que hidrocarbonetos monoterpênicos, especialmente o αpineno, presentes nesse óleo, são responsáveis por suas propriedades antimicrobianas. Dessa forma, como os óleos essenciais de frutos verdes e maduros de pimenta rosa possuem α-pineno, em especial os frutos verdes, onde este foi o componente majoritário (41,17%), apresentam potencial para serem utilizados como antimicrobianos. A atividade biológica de um óleo essencial depende de seus constituintes químicos, em especial citral, pineno, cineol, cariofileno, elemeno, furanodieno, limoneno, eugenol e carvacrol. Porém, é importante ressaltar que devido à complexidade da composição química de um óleo essencial, torna-se difícil relacionar a atividade biológica com 89 as substâncias presentes (SOUZA et al., 2005), pois os compostos podem atuar em sinergismo, e, quando isolados, podem perder a sua atividade biológica. O método de Bligh-Dyer é bastante utilizado, tanto na sua forma original, quanto com modificações, para a extração de lipídios, entretanto, apresenta como desvantagem, a utilização de solventes tóxicos (clorofórmio e metanol) para fazer a extração dos contaminantes nãolipidicos da fase orgânica. A vantagem apresentada por este método em relação à extração a quente, é que esta técnica pode ser usada tanto em material seco como para produtos com alto teor de umidade, extraindo todas as classes de lipidios, inclusive os polares. Pode ser utilizado para avaliação de deterioração dos lipídios através do índice de peróxido e ácidos graxos livres, além de determinar a taxa de carotenóides, vitamina E, composição de ácidos graxos e esteróis. Alguns desses compostos podem ser degradados com o uso do calor, principalmente as vitaminas (CECCHI, 1999). Birch et al. (2001) encontraram rendimento para teor de lipídios de pimenta rosa de 15% base seca e 12% base úmida, embora não citem o método utilizado na extração. Santos et al. (2006), extraindo lipídios dessa mesma matéria-prima, obtiveram rendimento de 22,93%, com o uso de álcool e água destilada como solventes. Neste estudo, obteve-se rendimento de 10,77% utilizando apenas o método de Bligh-Dyer, inferior ao obtido por Birch et al. (2001). Sganzerla (2010) utilizou ultrassom na extração de oleoresina de amêndoas de butiás e observou aumento significativo no teor de óleo extraído, quando comparado com o método sem o ultrassom. A utilização de ultrassom em reações orgânicas vem aumentando nos últimos anos, devido às vantagens apresentadas por esta técnica, como a redução do tempo de reação, menor consumo de energia, menor quantidade de solventes utilizados, e aumento no rendimento das reações (CINTAS e LUCHE, 1999; CRAVOTTO e CINTAS, 2006). Dessa forma, testou-se o ultrassom combinado com o método de Bligh-Dyer, e observou-se que o rendimento médio subiu para 18,07% (Tabela 7). Observa-se que quando 90 se utilizou o ultrassom, o rendimento foi superior ao relatado por Birch, Fenner, Watkins e Boyd (2001). Tabela 7: Teor de oleoresina (g%) extraída pelo método de Bligh-Dyer, sem e com a utilização de ultrassom Sem ultrassom Com ultrassom 10,77% ±1,1334 b 18,07% ±0,8004 a Frutos maduros de pimenta rosa Valores médios obtidos de três extrações ± desvio padrão. As médias seguidas pela mes ma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade. O aumento da eficácia da extração de lipídios quando se usa ultrassom, se deve aos efeitos de cavitação e agitação produzidas por ondas sonoras no solvente, bem como a atuação dos solventes utilizados (ZHANG et al., 2008), os quais rompem as paredes das células vegetais, facilitando a remoção de lipídios contidos no seu interior. Quanto maior o dano à estrutura das células, melhor a extração de óleo, e maior é o rendimento (Tabela 7). Quando os frutos permanecem na sua forma íntegra, quase não se observa extração de óleo, mas quando há o rompimento celular, isto favorece a saída de lipídios e, consequentemente, aumenta o rendimento final. Este método de extração é rápido, fácil e o rendimento de oleoresina encontrado aumentou consideravelmente quando se utilizou o ultrassom. A Tabela 8 mostra o rendimento da extração de oleoresina de frutos maduros de pimenta rosa, utilizando dois métodos distintos (a frio e com Soxhlet) com sete diferentes solventes. 91 Tabela 8: Resultados da extração de oleoresina de frutos maduros de pimenta rosa, a frio e com o uso de calor (Soxhlet) Rendimento em Rendimento em oleoresina extraído a oleoresina extraído frio (g/%) com Soxhlet (g/%) Acetona 15,97±0,63 c 19,98±0,65 c Éter etílico 10,00±1,08 e 16,33±,1,14 d Éter de petróleo 7,75±0, 48 e 15,45±1,83 d Clorofórmio 12,66±1,52 d 16,73±0,67 d Álcool etílico 22,96±0,93 b 26,29±2,45 b Metanol 33,84±1,05 a 37,29±1,18 a Hexano 3,58±0,76 f 7,88±1,27 e Solvente Dados expressos como médias ± desvio padrão de três repetições. As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste t (p≤0,05). Houve diferença de rendimento na extração de oleoresina de frutos de pimenta rosa, tanto em função da técnica empregada (a quente ou a frio), como pelo tipo de solvente utilizado (éter etílico, hexano ou éter de petróleo). O uso de Soxhlet proporcionou um rendimento maior de oleoresina, do que quando os solventes foram utilizados a frio (Tabela 8). O efeito da temperatura na extração é um diferencial, que pode ser observado quando se compara a técnica com uso de calor em relação à técnica a frio, assim como se deve levar em consideração a interação entre os lipidios e o solvente. A diferença no rendimento de extração pode ser devida às distintas temperaturas de ebulição dos solventes empregados, pois o etanol possui elevada temperatura de ebulição (78oC), comparado ao hexano (69oC) e ao éter de petróleo (60oC). Quando se compara as duas técnicas com o mesmo solvente, observa-se que o metanol foi mais eficiente com o uso do Soxhlet do que a frio, o que pode ter ocorrido por causa da degradação de compostos termolábeis. A temperatura interfere na capacidade de dissolução de certos compostos em relação a determinados solventes. À medida que aumenta a temperatura ocorre a solubilização de alguns compostos no solvente, 92 aumentando a eficiência da extração. Além disso, a agitação do solvente pelo calor também pode favorecer a extração (BERTOLDI, 2006). O metanol foi o solvente mais eficaz, por ambos os métodos, extraindo-se 33,84g% de oleoresina quando a extração foi realizada a frio, e 37,29g%, com Soxhlet. O segundo melhor solvente para a extração de oleoresina de frutos de pimenta rosa, foi o etanol, com o qual se obteve 22,96g% e 26,29g% de rendimento, após extração a frio e com Soxhlet, respectivamente. Bertoldi (2006) cita que obteve o melhor rendimento quando realizou extração com etanol, seguido de acetona, porém, este autor não utilizou metanol. Com relação ao método de extração, Bertoldi (2006) observou que as oleoresinas são melhor extraídas com o uso de Soxhlet, do que quando extraídas a frio, o mesmo observado neste estudo. Os rendimentos de oleoresina extraída com Soxhlet utilizando os solventes acetona, éter etílico, clorofórmio e metanol foram de 25,11%, 63,3%, 32,14% e 10,19% maiores que a frio, respectivamente (Tabela 8), demonstrando que há influência da temperatura no rendimento de extração de oleoresina e que esta é diferente para cada tipo de solvente. No caso do solvente hexano, o rendimento a quente foi 120,1% maior do que a frio. É importante ressaltar que praticamente todos os constituintes de interesse para a análise de fitoquímicos apresentam alguma solubilidade nos solventes testados neste estudo, entretanto, para serem empregados rotineiramente, deverão, antes, serem testados para verificar a ausência de toxicidade e segurança, para sua utilização na rotina extrativa. O metanol foi o solvente mais eficaz nos dois métodos de extração testados (Soxhlet e a frio), seguido de álcool etílico e acetona. Com relação ao éter etílico e ao éter de petróleo, não houve diferença significativa nos rendimentos obtidos quando utilizados a quente ou a frio, evidenciando que neste último caso o uso de calor não aumentou a solubilização dos compostos presentes nos frutos de pimenta rosa. Já Salvi Jr (2009), extraindo a oleoresina de folhas de pimenta rosa, obteve melhor rendimento utilizando etanol, seguido de acetato de etila, 93 entretanto não utilizou o metanol como o solvente e não extraiu oleoresina de frutos e sim das folhas. Tendo em vista que diversos fatores podem fazer variar a composição da oleoresina, é importante, antes da cromatografia, realizar a derivatização desse lipídio para tornar as substâncias mais voláteis para serem identificadas pelo sistema FID (Flame Ionization Detector). Dessa forma, se obtiveram os ésteres metílicos que foram submetidos à análise cromatográfica, a fim de determinar quais os ácidos graxos presentes na amostra de oleoresina de frutos de pimenta rosa madura. Na Tabela 9, observa-se a presença de nove ácidos graxos, dos 14 presentes no padrão (percentagem em relação à amostra derivatizada). A concentração de ácidos graxos foi determinada em relação à amostra, sendo um total de 22,90% identificados. Pode-se observar, pela Figura 18 e 19, que muitos picos não foram identificados no cromatograma. O perfil de ácidos graxos demonstra que os ácidos oléico (13,699%) e palmítico (6,534%) são os majoritários, sendo o ácido oléico, o componente lipídico presente em maior quantidade. A identificação do perfil lipídico é importante, tendo em vista que as propriedades físico-quimicas dos triacilgliceróis e suas aplicações tecnológicas estão diretamente relacionadas com a sua composição, com o tamanho da cadeia estrutural, grau e posição das insaturações (SUNDRAN, 1997; ONG e GOH, 2002). Destaca-se que a análise foi em relação à amostra. Quando a análise é em relação ao ácido graxo, considerando 100% de ácidos graxos, a maior quantidade foi de ácido oléico (60,505%), seguido de palmítico (27,942%), esteárico (6,164%), ácido linolênico (1,494%), palmitoleico (1,127%), e o restante foram elementos traços com menos de 1% cada um. Estes dados nos permitem ampliar o conhecimento sobre os componentes lipídicos presentes na oleoresina, particulamente de frutos de pimenta rosa, uma vez que os ésteres de ácidos graxos e seus derivados são utilizados nas indústrias alimentícias, farmacêuticas e cosméticas, por apresentam baixa toxicidade e serem biodegradáveis. Ésteres de cadeia curta são importantes flavorizantes e aromatizantes usados nos alimentos, enquanto os ésteres de cadeia longa estão sendo pesquisados com o objetivo de serem utilizados na produção de biodiesel 94 e de ceras para indústria oleoquímica (GULATI et al., 1998 e LARIOS et al., 1998). Tabela 9: Composição em ácidos graxos (%) da oleoresina do fruto maduro de pimenta rosa, obtida por extrato hexanóico em Soxhlet Concentração em Ácido graxo relação a amostra (%) Concentração de ácido graxo (%) Laurico (C 12:0) 0,141 0,516 Palmítico (C 16:0) 6,534 27,942 Palmitoleico (C 16:1) 0,283 1,127 Esteárico (C 18:0) 1,398 6,164 Oléico (C18:1) 13,699 60,505 Linoléico (C18:2) 0,162 0,686 Linolênico (C 18:3) 0,338 1, 494 Araquídico (C 20:0) 0,190 0,838 Behenico (C 22:0) 0,164 0,727 Total 22,909 100,0 C – representa carbonos, seguido de sua quantidade e número de insaturações. 95 Figura 13 - Cromatograma de ésteres de ácidos graxos de frutos maduros de pimenta rosa, equipado com coluna de polietileno, 30m de comprimento, 0,32 de diâmetro e espessura 0,25μm, e como gás de arraste o He, levando em consideração a concentração de ácido graxo (100%) Figura 14 - Cromatograma de ésteres de ácidos graxos de frutos maduros de pimenta rosa, 30 m de comprimento, diâmetro de 0,32mm e espessura de 0,25μm, gás de arraste o He, levando em consideração a concentração de ácido graxo em relação à amostra (22,909%) 96 A relação encontrada foi de cinco (5) ácidos graxos saturados para quatro (4) de ácidos graxos insaturados, entretanto, quando se considera a percentagem (%) de ácidos, verifica-se que 63,22% são ácidos graxos insaturados e 36,78% são ácidos graxos saturados. O ácido oléico, que foi aquele presente em maior quantidade, é um ácido graxo monoinsaturado, do grupo ômega 9 (ω-9), presente nos óleos vegetais como o azeite de oliva, que exerce ação benéfica no controle de problemas cardiovasculares. Na determinação da atividade antioxidante, utilizando a técnica do radical DPPH, este reage com o antioxidante, transformando-o em sua forma reduzida. O DPPH na sua forma oxidada é violeta, porém, na sua forma reduzida, torna-se amarelada, sendo o grau de descoramento verificado através de espectrofotometria. O descoramento indica que a substância tem a capacidade de sequestrar o radical livre. A capacidade do antioxidante de sequestrar metade dos radicais livres DPPH presente na solução, é expressa em EC50, e quanto menor o valor de EC50 da substância em estudo, menor quantidade do extrato será necessária para reduzir 50% do radical livre DPPH, e consequentemente, maior será a sua atividade antioxidante (LIMA, 2008). Os valores de EC50 para cada extrato estão apresentados na Tabela 10. O valor EC50 representa uma forma de expressar a atividade antioxidante pelo ensaio do radical DPPH, sendo um valor numérico que demonstra a quantidade de amostra necessária para reduzir em 50% a quantidade de radicais livres DPPH presente no meio, no início da reação, isto é, EC50 é a concentração do extrato com 50% de atividade antioxidante. O EC50 (concentração de antioxidante capaz de reduzir a 50% da concentração inicial do radical livre DPPH•) é inversamente relacionada com a habilidade de doar hidrogênio) (ZERAIK et al., 2008). 97 Tabela 10: Valores de EC50 para o extrato aquoso, etanólico e cetônico de frutos maduros de pimenta rosa Extrato de pimenta rosa madura EC50 mg.L-1 EC50 g pimenta/g DPPH Extrato aquoso 0,1174 0,0170 Extrato etanólico 0,1253 0,0206 Extrato cetônico 0,1666 0,0241 Tabela 11: Valores de EC50 para o óleo essencial de pimenta rosa verde e madura Óleo essencial de pimenta rosa, verde e EC50 mg.L-1 madura Extrato etanólico de Pimenta rosa verde Extrato cetônico de Pimenta rosa madura EC50 g de pimenta/g DPPH 0,7 0,1131 1,0982 0,2357 É possível observar (Tabela 10) que o extrato aquoso foi o que apresentou menor valor de EC50, seguido do extrato etanólico e, finalmente, do extrato cetônico, indicando que o extrato aquoso é aquele que resulta numa atividade antioxidante maior, quando comparado com os outros dois extratos. Em relação ao óleo essencial da pimenta rosa, observou-se que o extrato etanólico de pimenta rosa verde apresentou menor valor de EC50, demonstrando maior atividade antioxidante, quando comparado ao extrato cetônico da pimenta rosa madura, conforme pode ser visuailzado na Tabela 11. 98 Oliveira e Sawaya (2008), utilizando DPPH, encontraram valores de EC50 para folhas de pitanga de 0,040 mg de DPPH em água e 0,114mg de DPPH em etanol. Para sementes de pitanga em água o valor foi de 0,041mg e, em etanol, de 0,032mg, indicando menores valores de EC50 e, consequentemente, maior atividade antioxidante. Os valores encontrados para óleo essencial de pitanga demonstram que a sua atividade antioxidante é muito elevada, o que também pode ser observado com o extrato aquoso e etanólico de pimenta rosa neste trabalho, conforme visualizado nas Tabelas 10 e 11. O óleo essencial de frutos de pimenta rosa verde, apresentou atividade sequestrante de radicais DPPH e seu valor de EC50 foi de 0,1131, expresso em g de pimenta rosa verde / g de DPPH. O óleo essencial de pimenta rosa madura, também apresentou atividade sequestrante, mas o seu valor foi maior (0,2357). A amostra extraída com água ultra pura (Milli-Q), quando comparada com outras extrações, foi a que apresentou menor valor de EC50, indicando maior atividade antioxidante. Comparando o extrato de pimenta rosa in natura com o do óleo essencial, ambos etanólicos, verificou-se um valor de EC50 menor para o extrato de pimenta rosa. O mesmo ocorreu com o extrato cetônico da pimenta rosa in natura que apresentou um valor menor de EC 50, quando comparado com o extrato cetônico do óleo essencial. Aparentemente, as substâncias com atividade antioxidante presentes nas diferentes amostras de pimenta rosa são solúveis, tanto em água, como em etanol e acetona, sendo extraídas de forma diferenciada por estes três solventes. Os responsáveis pela atividade antioxidante das plantas são os polifenóis (BERTOLDI, 2006), que apresentam, também, atividade biológica, antibacteriana, anti-inflamatória e antiviral. Dessa forma, podemos deduzir que no extrato aquoso de pimenta rosa in natura o teor de polifenóis esteja presente em maior concentração, doando os hidrogênios, e neutralizando os radicais de oxigênio. Entretanto, em todos os extratos temos atividade antioxidante agindo, em quantidades diferentes, mas sempre presentes, evitando assim o estresse oxidativo. 99 Comparando os resultados de EC50 obtidos com pimenta rosa com os de referências consultadas, verifica-se que para polpa de fruto de maracujá foi de 57,94; para chá mate de 1,42, para resveratrol (padrão), de 0,30 e para rutina (padrão), de 0,09 (ZERAIK et al., 2008). Os valores de EC50 foram calculados pela equação do gráfico de % DPPH sequestrados em função da concentração das amostras. Pode-se verificar que os frutos de pimenta rosa apresentam uma boa atividade antioxidante quando comparados com os de referência, entretanto, faltam outros estudos para que se possa comparar os valores de EC50 desse estudo com óleo essencial ou extrato bruto de pimenta rosa avaliado em outros estudos. A atividade antimicrobiana dos óleos essenciais pode ter aplicações como conservantes nas indústrias farmacêuticas, alimentícias, ou como uma alternativa medicinal em terapias naturais. Nesse sentido, o óleo essencial de pimenta rosa obtido por hidrodestilação foi testado frente a diferentes micro-organismos tanto, Gram-positivos como Gramnegativos. A avaliação qualitativa, realizada através da técnica de difusão em ágar, demonstrou que o óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa, apresenta atividade antimicrobiana, conforme verificado na Tabela 12. Atualmente, pouco se sabe sobre o modo de ação dos óleos essenciais em extratos alcoólicos nas células microbianas, o que sabemos é que afeta o sistema de troca da membrana, isto pode ser devido à ação do óleo diluído que atinge mais facilmente a célula, pois torna mais fácil a sua difusão no meio de cultura contendo ágar (COX et al., 2000). Observou-se que houve inibição dos micro-organismos alvo, o que é demonstrado pela formação de halos em volta dos poços onde foram depositadas as soluções testadas. Esses resultados corroboram o trabalho de Lima et al. (2004), que avaliaram o extrato aquoso de pimenta rosa frente as bactérias S.aureus, S. epidermidis, B. cereus e P. aeruginosa, e verificaram que todas mostraram sensibilidade a esse óleo essencial. Da mesma forma, Santos (2007) cita que os extratos 100 hidroalcoólicos de pimenta rosa apresentaram atividade contra S. aureus, P. aeruginosa, E. coli e B. subtilis. É interessante destacar que o óleo essencial de frutos de pimenta rosa madura, apresentou atividade antimicrobiana tanto em bactérias Gram-negativas (E. coli e S. Typhimurium), quanto em Gram-positivas (S. aureus e L. monocytogenes). Santos (2007) estudou a CIM do extrato obtido de cascas de pimenta rosa, tratadas por autoclave a 121oC por 15 minutos, e verificou os resultados através dos halos de inibição, em termos do diâmetro da zona de inibição, e classificou: ˂9mm, inativo; 9-12 mm parcialmente ativo; 13-18mm ativo, ˃18 mm muito ativo. Tabela 12: Atividade antimicrobiana do óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa obtido por hidrodestilação, avaliada pelo método da difusão em ágar Micro-organismos Halo de inibição em mm (10µL) E. coli ATCC 11775 17±0,0632 S. aureus ATCC 23235 21±0, 0547 S. Thyphimurium ATCC 94 15±0,1341 L. monocytogenes ATCC 7644 15±0,0132 dados expressos como médias, ± desvio padrão de três repetições Qualitativamente os resultados obtidos no presente trabalho mostram que a pimenta rosa promoveu inibição no crescimento das bactérias estudadas, com zonas de inibição entre 15 e 21 mm de diâmetro, com média de 17 mm, S. aureus foi a bactéria que apresentou maior sensibilidade com o halo de inibição de 21 mm de diâmetro, sendo esta, portanto, considerada muito ativo, segundo a classificação de Santos (2007). Alcântara et al. (2006), estudando o extrato da casca de pimenta rosa, também demonstraram o seu efeito inibitório sobre S. aureus. Da mesma forma Guerra et al. (2000), estudando o extrato etanólico a 80% de casca da aroeira, observaram que esta apresentou 101 atividade antimicrobiana contra E. coli, P. aeruginosa, S. aureus e Candida albicans, apresentando ação até a concentração de 1%. Salienta-se que esses autores utilizaram o óleo essencial do caule da pimenta rosa, diferentemente deste estudo, que utilizou óleo essencial de frutos maduros dessa planta. A técnica de difusão em ágar utilizada é um ensaio preliminar e tem a vantagem de gerar informações prévias sobre a ação antimicrobiana de determinadas substâncias, como óleos essenciais, antibióticos, extratos vegetais, fornecendo dados qualitativos. No entanto, devido à natureza química (hidrofílica ou lipofílica) dos compostos naturais, nem sempre ocorre a difusão uniforme destas substâncias através do meio contendo ágar (LAMBERT, SKANDAMIS e COOTE, 2001). Óleos essenciais de outros vegetais também têm demonstrado ação antibacteriana. O óleo essencial de orégano, por exemplo, contém o timol, cujo composto fenólico apresenta ação sobre a célula bacteriana. Mendonça (2004), por exemplo, descreve que o óleo essencial de orégano apresentou ação antibacteriana na concentração de 5%, contra S.aureus. A CIM de uma substância é aquela concentração na qual não há crescimento do micro-organismo alvo, após 24 horas de incubação. A CIM do óleo essencial de pimenta rosa obtido por hidrodestilação contra os micro-organismos alvo testados neste estudo, pode ser visualizada na Tabela 13. A determinação da CBM foi realizada retirando-se uma alíquota de 5μL dos poços onde não ocorreu crescimento microbiano visível na técnica de CIM, semeando-se em ágar Mϋller-Hinton, e incubando-se à temperatura de 37oC por 24horas. A CBM foi considerada como a menor concentração de óleo essencial de pimenta rosa na qual n ão houve crescimento dos micro-organismos no ágar Mϋller-Hinton. Alcântara et al. (2006) estudando o extrato da casca do caule da aroeira obteve o valor de 6,25% para a concentração inibitória mínima (CIM) testando em Staphylococcus aureus, um dado que não podemos comparar pois o 102 extrato foi removido de outra parte da planta, não citando o método de extração. Tabela 13: Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) do óleo essencial de pimenta rosa extraído de frutos maduros, com Clevenger por hidrodestilação Concentração Concentração Inibitória Mínima Bactericida Mínima (Bacteriostático) (Bactericida) (CIM) μg.mL-1 (MBC) μg.mL-1 5,46 10,92 E.coli ATCC 11775 2,73 5,46 S.aureus ATCC 23235 10,92 21,84 2,73 5,46 S. Thyphimurium ATCC 94028 Listeria monocytogenes ATCC 7644 CIM - Concentração Inibitória Mínima MBC - Concentração Bactericida Mínima De acordo com os resultados apresentados na Tabela 13, observase que o óleo essencial de pimenta rosa madura, apresentou os valores de CIM e CBM de 2,73 μg.mL-1 e 5,46 μg.mL-1 respectivamente, para as bactérias E. coli, e L. monocytogenes. Já para a bactéria S. Thyphimurium, o valor de CIM e de CBM foram de 5,46 μg.mL-1 e 10,92 μg.mL-1 e, para S. aureus o valor encontrado foi de 10,92 μg.mL-1 e 21,84 μg.mL-1, respectivamente. Estes valores indicam que é necessário uma maior concentração de óleo essencial de frutos maduros de pimenta rosa para agir como bacteriostático ou bactericida para S. aureus, do que 103 para as outras bactérias avaliadas neste estudo. Destaca-se que para L. monocytogenes e E. coli, duas bactérias de grande importância em alimentos, uma baixa concentração já provoca a inibição e morte bacterianas, demonstrando o potencial de uso desse óleo como antibacteriano em alimentos. Salvi Jr. (2009) avaliou a atividade antibacteriana e a CIM do extrato etanólico de aroeira, frente a diversas bactérias. Com relação, a E. coli e a, S.aureus, encontrou valores para o CIM de 62,5μg.mL-1 e 125μg.mL-1, respectivamente, que são valores superiores encontrados no óleo essencial de pimenta rosa avaliado neste estudo. aos 104 7 CONCLUSÕES O estágio de maturação interfere em características físico-químicas de frutos de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi), com o fruto verde apresentando quase o dobro de umidade, em relação ao maduro. Já o teor de cinzas foi maior para frutos maduros. O pH não variou entre as amostras. O óleo essencial de frutos de pimenta rosa pode ser extraído por hidrodestilação utilizando Clevenger modificado, com um rendimento médio de 5,52%, sendo a maior quantidade de óleo essencial extraída na primeira hora. O índice de refração e a densidade do óleo essencial de frutos maduros e verdes não apresentaram diferenças significativas entre si. A análise cromatográfica acoplada à espectrometria de massas (CG/MS) do óleo essencial de frutos verdes de pimenta rosa demonstrou ter constituintes diferenciados da pimenta rosa madura. Em frutos maduros identificou-se 25 diferentes compostos, sendo o mirceno encontrado em maior quantidade. Em frutos verdes foram identificados 19 compostos, sendo o α-pineno o componente majoritário. Com relação ao espectro de massas foi confirmada a presença do majoritárias; íon molecular correspondente às substâncias 105 A técnica de Bligh-Dyer permite a extração de oleoresinas e a quantidade extraída aumentou quando foi acoplada ao ultrassom. O uso de diferentes métodos de extração (Soxhlet e a frio) e de diferentes solventes teve influência no rendimento final de oleoresina, sendo que no método de Soxhlet o rendimento foi maior que a frio, e o melhor solvente foi o metanol. A oleoresina pode ser extraída de frutos de pimenta rosa, utilizando tanto solventes polares como apolares, e temperaturas de ebulição podem auxiliar na remoção destes óleos. O binômio tempotemperatura deve ser otimizado para cada solvente utilizado. Dos compostos identificados na oleoresina de pimenta rosa madura, a maioria é de ácidos graxos saturados, entretanto, o ácido oleico (ω-9) foi o componente majoritário. O óleo essencial de pimenta rosa apresentou atividade antioxidante tendo maior atividade no extrato aquoso, seguido de extrato etanólico e, posteriormente, com extrato cetônico. O óleo essencial de pimenta rosa apresenta atividade antimicrobiana para bactérias de importância em alimentos, tanto para Grampositivas, quanto para Gram-negativas. Tanto a E.coli como a L.monocytogenes não diferiram quanto aos -1 -1 valores de CIM (2,73μg.mL ) e MBC (5,46 μg.mL ), mas diferiram das demais bactérias estudadas. 106 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ADAMS, M. R,; MOSS, M. O. Food microbiology. 2.ed. The Royal Society of Chemistry, 2000. p.479. AGRA, M. F, França P.F, Barbosa-Filho J.M. Synopsis of the plants known as medicinal and poisonous in Northeast of Brazil. Rev. Bras. Farmacogn 17:114-140.2007. AGRA, M. F. Silva K.N., Basílio I.J.L.D; França P.F.; Barbosa-Filho J.M. Survey of Medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Rev. Bras Farmacogn 18: 472-508.2008. AKGUL, A.; KIVANÇ, M. Inhibitory effects of selected Turkish spices and orégano components on some foodborne fungi. International Journal of Food Microbiology. 6: 263-268, 1988. ALCÂNTARA, A.N.S.; FORMIGA, A.A.; LEAL, C.; DRUMOND, M.R.S.; PADILHA, W.W.N. Estudo do efeito antimicrobiano de Schinus terebinthifolius sobre Staphylococcus aureus em infecções cutâneas. ANAIS 580 Reunião Anual da SBPC – Florianópolis –SC julho 2006. ALIGIANS, N.; KALPOUTZAKIS, E.; MITAKU, S.; CHINOU, I.B. Composition and antimicrobial activity of essential oil of two Origanum species. Journal of Agriculture and Food Chemistry. 49:4168-4170, 2001. ALLARDICE, P.; BONE, K.; HUTCHISON, F. 1999. Segredos e virtudes das plantas medicinais. Rio de Janeiro, Editora Reader’s Digest Brasil LTDA. 416p. ALMEIDA, A.A.; LEITE J.P.V. Espaço do produtor. Universidade Federal de Viçosa. A hora e a vez da aroeirinha. 11/06/2010. ALONSO, A,M.; CASTRO ,R.; RODRÝGUEZ, M. C.; GUILLÉN,D.A.; BARROSO, C. G. Study of the antioxidant power of brandies and vinegars derived from Sherry wines and correlation with their content in polyphenois Food Research International n.37,p.715-721,2004. AOAC Association of Official Analytical Chemistrs Official Methods of analysis 16 ed. Washington AOAC. 2000p. 1995. 107 ARAÚJO, P.C.; FRANCO, R.M.; OLIVEIRA, L.A.T. & CARVALHO, J.C.A.P. Ocorrência de Listeria monocytogenes em produtos de carne de peru comercializado na cidade de Niterói-RJ-Brasil. Acta Scientiae Veterinariae. 30(1): 19-25, 2002. ASCOLI, B.; BERNARDI, A.P.M.; POSER, G.L.;LISSI,E.; BRIDI,R. Estudo do potencial antioxidante de Hypericum polyanthemum através do método DPPH. Anais da XIV Jornada de Jovens Pesquisadores da AUGM. Empreendedorismo. Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Regional, p. 428, 2006. ATOUI, A.K. et al. Tea and herbal infusion : their antioxidant. Activity and phenolic profile. Food Chemistry, v.89, n.1,p.27-39, 2005. AZEVEDO, I. M. G. et al. Estudo do crescimento e qualidade de mudas de marupá (Simarouba amara Aubl.) em viveiro. Acta Amazonica, v. 40, n. 01, p. 157-164, 2010. BABU, S.P.S.; SARKAR, D.; GHOSHN. K.; SUKUL, N.C.; BHATTACHARYA, S. Enhancement of membrane damage by saponins isolated from Acacia auriculiforms. Jpn, J Pharmacolol, 75:451-454.1997. BAKKALI, F.; AVERBECK, S.; AVERBECK, D.; IDAOMAR, M. Biological effects of essential oils a review. Food Chem. Toxicol. 46(2008) 446-475. BALBACH, A. A flora nacional na medicina doméstica. 23 Ed., v.II Ed. A Edificação do Lar, São Paulo - SP. 919p. 1986. BANNWART, G.C.M.C.; TOLEDO, M. C.F. Aspectos toxicologicos dos antioxidants BHA, BHT e TBHQ. Boletim da SBCTA, vol. 33, no 2, pg.245-255, jul/dez, 1999. BECKER, E.M.; NISSEN, L.R.; SKIBSTED, L.H. Antioxidant evaluation protocols: Food quality or health effects Eur Food Res. Technol- Review, n.219, p. 561-571, 2004. BEDIN, C.; GUTKOSKI, S.B.; WIEST, J.M. Atividade antimicrobiana das especiarias. Higiene Alimentar. 13: 26-29, 1999. BELTRÃO, N.E.M. e OLIVEIRA, M.I.P. Biossíntese e degradação de lipídios, carboidratos e proteínas em oleaginosas. Documento 178, EMBRAPA, ISSN 0103-0205 dezembro de 2007. Campina Grande, PB 2007. 108 BERTOLDI, M. C. Atividade antioxidante in vitro da fração fenólica, das oleoresinas e do óleo essencial de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi). Viçosa-MG, Universidade Federal de Viçosa, 2006, 96p. Tese de mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa (UFV). BIAVATTI, M., MARENSI, V., LEITE, S.N., REIS, A. Ethnopharmacognostic survey on botanical compendia for potential cosmeceutic species from Atlantic Forest. Rev. Bras. Farmacogn 17: 640-653.2007. BIRCH, A.E.; FENNER, G.P.; WATKINS, R.; BOYD, L.C. Antioxidant proprieties of evening primrose seed exctracts. Journal of Agicultural and Food Chemistry, Chicago, v. 49,p. 4502-4507,2001. BORNHAUSEN, R.L. As ervas do sítio-história, magia, saúde, culinária e cosmética. São Paulo: M.A.S. 1991. BRAND-WILLIANS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C. Use of free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel-Wissens-chaftund-Technologie. V.28, 25-30, 1995. BRULL, S.; COOTE, P. Preservative agents in foods: mode of action and microbial resistance mechanisms. International Journal of Food Microbiology. 50:1-17,1999. BRUM, Aelson Aloir Santana; ARRUDA Lia Ferraz de; REGITANOd‟ARCE, Marisa Aparecida Bismara. Método de extração e qualidade de fração lipídica de matérias-primas de origem vegetal e animal. Quim. Nova, v.32, n. 4, p.849-854.2009. CAETANO, N.; SARAIVA, A.; PEREIRA, R.; CARVALHO, D.; PIMENTEL, M.C.B.; MAIA, M.B.S. Determinação da atividade antimicrobiana de extratos de plantas de uso popular como anti-inflamatório. Revista Brasileira de Farmacognosia, São Paulo, v.12, supl. p.132-135,2002. CALAÇA, C.E. Medicina e plantas medicinais nos trópicos: aspectos de constituição da ciência farmacêutica ocidental. História, Ciências, SaúdeManguinhos, Rio de Janeiro, v.9,n.1,p.221-26, jan/abr.2002. CALIXTO, J.B. Medicamentos fitoterápicos. In: YUNES, R.A.; CALIXTO, J.B. Plantas medicinais. Santa Catarina: ARGOS, 2001, p.297-316. CARDOSO, M.G.; GAVILANES, M.L.; MARQUES, M.C.S.; SHAN, A.Y.K.V.; SANTOS, B.R.; OLIVEIRA, A.C.B.; BERTOLUCCI, V.K.S.; PINTO, A.P.S. Óleos essenciais. Lavras: UFLA/PROEX, 2000.p.42, (Boletim de Extensão, 73). 109 CARSON, C.F.; FRILEY, T. V. Antimicrobial activity of the essential oil ol Melaleuca alternifolia. “Journal of Applied Bacteriology” v.78.p.264269,1995. CARVALHO, M.C.R.D.; de BARCA, F.N.T.V.; AGNEZ-LIMA, L. F.; de MEDEIROS, S.R.B. Research Article Evaluation of mutagenic activity in na extract of pepper btree stem bark (Schinus terebinthifolius Raddi). Environ. Mol. Mutagen. V. 42, p. 185-191, 2003. CECCHI, H. M. Fundamentos Teóricos e Práticos em Análise de Alimentos 1ª Edição. Editora da Unicamp. 1999. CEZAROTTO, V.S. Influência da sozonalidade nos constituintes químicos, atividade antimicrobiana e antioxidante das partes aéreas de Baccharis articulata (Lam) Pers E Achyrocline satureioides (Lam.)D.C. Dissertação de mestrado, Universidade de Santa Maria (RS), Santa Maria, RS, 2009. CHAO, S.C.; YOUNG, D.G. Screening for inhibitory of essential oils selected bacteria, fungi and viruses. Journal of Essential Oils Reserarch. 12: 630-649,2000. CHASSAGNEZ, L.M.; CORRÊA N.C. F; MEIRELES, M.A.A. Extração de oleoresina de curcuma (Curcuma longa L.) com CO2 supercrítico. Ciência e Tecnologia de Alimentos vol.7. n.4 Campinas Dec. 1997. CINTAS, Pedro; LUCHE, Jean-Louis. Green chemistry. The sonochemical approach. Green Chem., 1, 115-125, 1999. CLEMENTE A.D. Composição química e atividade biológica do óleo essencial da pimenta-rosa (Schinus terebinthifolius Raddi) 2006. 50p. (Dissertação de Mestrado em Agroquimica) – Viçosa, Minas Gerais. CORRÊA, M.P. Dicionário de Plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas 6v. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, p.170-171, 1984. COSETINO, S.; TUBEROSO, C.I.G.; PISANO, B. SATTA, M.; MASCIA, V.; ARZEDI, E.; PALMAS, F. In-vitro antimicrobial activity and chemical composition of Sardinian Thymus essential oils. Letters in Applied Microbiology. 29:130-135, 1999. COSTA, A.F.Farmacognosia: farmacognosia experimental. 3 ed. Lisboa: Calouste Gubenkian,2001.p.303,308-309. V. 3. COUTO Magna disponível em: <http://pimentacpo.blogspot.com/2010/03/pimenta-aroeira.html >. Acesso em 1 dez.2010. COX, S.D., MANN, C.M., MARKHUSTAFSON, J.E., WARMINTON, J.R., e WYLLIE, S.G. The mode of antimicrobial action of the essential oil of Meileuca alternifolia (tea tree oil). Journal of Applied Microbiology, Oxford, n.1, v.88, p.170-175 Jan.2000. 110 CRAVEIRO, A.A.; FERNANDE, S, A.G. ANDRADE, C.H.S.; MATOS, F. J.A.; ALENCAR, J.W.; MACHADO, M.I.L. Óleos essenciais de plantas do nordeste. Fortaleza: UFC, 1981.210p. CRAVOTTO, Giancarlo; CINTAS, Pedro. Power ultrasound in organic synthesis: moving cavitational chemistry from academia to innovative and large-scale applications. Chem. Soc. Rev., 35, 180-196, 2006. CRUCES-BLANCO, C.; CARRETERO, A. S.; BOYLE, E. M.; GUTIÉRREZ, A. F.;The use of dansyl chloride in the spectrofluorimetric determination of the syntehetic antioxidant butylated hydroxyanisole in foodstuffs, TALANTA, v. 50, p.1099-1108, 1999. DEGASPARI, C.H.; WASZCZYNSKY, J. N.; dos SANTOS, R.J. Antioxidant activity of extracts from fruits of Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi). Visão Acadêmica, ISSN: 1518-5192 Curitiba v.5, n.2, p.83-89, Jul/Dez, 2004. DOMANS, H.J.D.; DEANS, S.G. Antimicrobial agents from plants: antibacterial activity of plant volatiles oils. Journal of Applied Microbiology. 88:308-316, 2000. DOYLE, M. P. Effect of envomental processing conditions on Listeria monocytogenes. Food Technology. 42:167-171. 1988. DUARTE-ALMEIDA, J.M.; SANTOS, R.J.; GENOVESE, M.I.; LAJOLO, F.M. Avaliação da atividade antioxidante utilizando sistema bcaroteno/ácido linoléico e método de seqüestro de radicais DPPH. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.26, n.2, p.446-452, 2006. DROZD, J. (1975). Chemical derivatization in gas chromatography. Journal of Chromatography, 113, 303-356. ELIZABETSKY, E. Pesquisas em plantas medicinais. Ciênc. Cult. v.39, n.8, p.697-702, 1987. EL-SHAMI, M.A.; FADIL, F.A.; SIRRY, A.R.; EL_ZAYAT, M.M. Antifungal property of garlic, clove juice compared with fungicidal treatment against Fusarium with watermelon. Egyptian Journal of Phytopatology. 17:5562, 1985. EWE, S.M.L.; STERNBERG, L.S.L. Grow and gas exchange response of Brazilian pepper (Schinus terebinthifolius) and native South Florida species to salinity. Tree - structure and Function, Biomedical and life science. V.19, n.2, 119-128. 2003. FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 4 ed. São Paulo: Atheneu, 1988. 111 FERRONATTO, R., MARCHESAN, E.D., PEZENTI, E., BEDNARSKI F., ONOFRE S.B.; Atividade antimicrobiana de óleos essenciais produzida por Baccahris dracunculifolia D.C. e Baccharis uncinella D.C. (Asteraceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, v.17, n.2. João Pessoa – apr/jun, 2007. FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre, RS: Artmed, 2005. 424p. FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 1998. 182p. FRANCO, B.D.G. de M. & LANDGRAF, M. Micro-organismos patogênicos de importância em alimentos. In: Franco,B.D.G. de M. & Landgraf ,M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo, Ed. Atheneu, 1996.p.55-60. FREIRE, J.M. Óleos essenciais de canela, manjerona e anis estrelado: caracterização química e atividade biológica Staphyloccus aureus, Escherichia coli, Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. 2008,68p.Dissertação de mestrado , Lavras , minas Gerais- Brasil, 2008. FREITAS, S.P.; FREITAS-SILVA, O.; MIRANDA I.C.; COELHO M.A.Z. Extração e fracionamento simultâneo do óleo da castanha-do-brasil com etanol. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Vol.27 suppl. 1. Campinas aug. 2007. GEHRKE, I.T.S. STOLZ, E.D. e MOREL, A.F. (2008). Identificação dos principais constituintes do óleo essencial dos frutos de Schinus terebinthifolius da região noroeste do RS. In: 30a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. GLASS, K.A.; DOYLE, M.P. Fate of Listeria monocytogenes in Processed Meat Products during Refrigerated Storage. Applied and Environmental Microbiology, 55:1565-1669, 1989. GOBBO-NETO, L. LOPES, N.P. Fatores que interferem no teor de metabólitos secundários. Química Nova. V.30, n.2, p.374-381, 2007. GORDON, M.H. Dietary antioxidants in disease prevention. Nat Prod Rep 1996; 4:265-272. GRAMOLELLI JÚNIOR; F. PAOLETTI, L.F.; OLIVEIRA, R.L.; CANONICO, L., DESTÉFANO, R.H.R.; PAULAI. V.; DOBARRO, R.V. Extração de óleos essenciais e verificação da atividade antifúngica. Revista das Faculdades de Educação, Ciências e Letras e Psicologia Padre Anchieta. Argumento- Ano VIII, n.14, maio /2006. GRUENWALD, J.; BRENDLER, T.; JAENICKKE, C. Physicians desk references (PDR) for herbal medicine. Med Econ Co, New Jersey, p.858, 2000. 112 GUERRA, M.J.M.; BARREIRO, M.L.; RODRIGUEZ, Z.M.; RUBAICABA, Y. 2000. Actividad antimicrobiana de um extracto fluido al 80% de Schinus terebinthifolius Raddi (copal) . Revista Cubana de Plantas Medicinais, 5:23- 25, 2000. GUIMARÃES, P.I.C.; OLIVEIRA, R.E.C.; ABREU, R.G. Extraindo óleos essenciais de plantas. Química Nova Escola, Nº. 11, 2000. GULATI, Ruchi; SAXENA, R. K.; GUPTA, Rani; YADAV, R. P.; DAVIDSON, W.Sheba. Parametric optimisation of Aspergillus terreus lipase production and its potential in ester synthesis. Biotechnol. Appl. Bioc., 28, 3, 243-249, 1998.e GUO, C.; YANG,J.; WEI,J.; LI,Y.; XU,J.; JIANG,Y. Antioxidant activities of peel, pulp and seed fractions of common fruits as determined by FRAP assay. Nutrition Research, v.23, p.1719-1726, 2003. GUTNIKOV, G. Fatty acid profiles of lipid samples. Journal of Chromatography, B, 671, 71-89. 1995 HOFER, E.; REIS, F.M.C., e HOFER , C.B. Sorovares de Listeria monocytogenes e espécies relacionadas isoladas de material clinico humano. Revista da sociedade brasileira de medicina tropical, 39(1):32-37, jan-fev,2006. HOLT, J. G.; KRIEG, N. R.; SNEATH, H. A. P.; STALEY, J. T.; WILLIAMS, S. T. Bergey’s manual of determinative bacteriology. 9. Ed. Baltimore: Maryland: Williams & Wilkins, 1994. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analiticas do instituto Adolfo Lutz. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3. ed. São Paulo, 1985. V.1, 533p. International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC); Standard methods for the analysis of oil, fats and derivatives, 6 th ed. Pergamon Press: Oxford, 1979. JORGE, L.I.F.; MARKMANN, B.E.O. Exame químico e microscópico de Schinus terebinthifolius Raddi (Aroeira). Rev. Ciênc. Farm. São Paulo, v. 17, p. 139-145, 1996. KAISTHA, K.K.; KIER, L.B. Structural studies on terebinthone from Schinus terebinthifolius. J.Pharm. Sci. V.5, p. 245,1962a. KAISTHA, K.K.; KIER, L.B. Structural studies on the triterpenes from Schinus terebinthifolius. J.Pharm. Sci. V.51, p. 1136-1139, 1962b. 113 KUSKOSKI, E.M.; ASUERO, A.G. TRONCOSO, A.M.; MANCINI-FILHO, J.; FETT, R. Aplicacion de diversos métodos químicos para determinar actividad antioxidant em pulpa de frutos. Cienc. Tecnol. Aliment., Campinas ,v.25,n. 4 ,p.726-732,2005. LAMBERT, R.J.W.; SKANDAMIS, P.N.; COOTE, P.J. A study of the minimuns inhibitory concentration and made of action of oregano essencial oil, thymol and carvacrol. J.Applied microbial. 2001; 91: 45362. LARIOS, Araceli; GARCÍA, Hugo S.; OLIART, Rosa Maria; VALERIOALFARO, LARSON, R.A. The antioxidants of higher plants. Phytochem, 27 (1998) 969-978. LARSON, R.A. The antioxidants of higher plants. Phytochem, 27 (1998) 969-978. LAWRENCE, B.R. A discussion of Schinus molle and Schinus terebinthifolius. Perfumer & Flavorist, v.9, p.65-69, 1984. LE MINOR, L., POPOFF M.Y. Request for an opinion. Designation of Salmonella enteric sp.nov.nom rev., as the type and only species of the genus Salmonella Int.J. Syst. Bacterial.37: 465-468, 1987. LENZI, M. e ORTH, A.I. Fenologia reprodutiva, morfologia e biologia floral de Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), em restinga da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Biotemas, 17(2): 67-89, 2004. LEONG, L.P.; SHUI, G. 2002. An investigation of antioxidant capacity of fruits in: Singapore markets. Food Chem, 76: 69-75. LEUNG, A.Y.; FOSTER, S. Enciclopedia of common natural ingredients used in food, drugs and cosmetics. 2ª ed. New York: Wiley, 1996, p.465466. LIMA, I.L, OLIVEIRA, C.L.F., Aspectos gerais do uso de óleos essenciais de eucalipto, Revista Cientifica Eletrônica de engenharia florestal, ano I número 1 – fevereiro 2003. LIMA, I.O., OLIVEIRA, R.A.G., LIMA E.O. Atividade fúngic a de óleos essenciais sobre espécies de cândida. Revista Brasileira de Farmacognosia. 16(2). Abr/jun, 2006. LIMA, L.M.O. Estudo do aproveitamento dos bagaços de frutas tropicais, visando a extração de fibras. 2001.108f. Dissertação de mestrado em Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 114 LIMA, A. de. Caracterização química da atividade antioxidante in vitro e in vivo, e identificação dos compostos fenólicos presentes no pequi (Caryocar brasiliense, Camb. Tese (doutorado)- Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. São Paulo. p.182,2008. LIMA. E.O.; PEREIRA, F.O.; LIMA, I.O.; TRAJANO, V.N.; SOUZA, E.L. Schinus terebinthifolius Raddi: avaliação do especto de ação antimicrobiano de seu extrato aquoso. Infarma, v.16.n.7-8, 2004. LINTON, A.H. Theory of antibiotic inibition zone formation, disc sensitivi ty methods and MIC. Determinations. In: Antibiotics: assessment of Antimicrobial activity and resistence. Denver, A.D. and Quesnel, L.B. (Ed), London, p.19-30, 1983. LISBOA NETO, J.A. MACHADO, J.L., MELO Jr, E.J.M., RAPOSO, M.J. Avaliação do efeito cicatrizante da aroeira (Schinus terebinthifolius) e do mestruço (Chenopodium ambrosioides) em feridas de extração dental em ratos. Estudos histológicos. Rev. ABO Nac, Porto Alegre, v. 6, n.3, p.173176, jun./jul., 1998. LOGUERCIO, A.P.; HENZEL, A.; VARGAS, A.C.; WITT, N.M. BATTISTIN, A.; SILVA, M.S.E. Atividade antibacteriana de extrato hidroalcóolico de folhas de jambolão (Sygygium cumini (L.) Skeels). Ciências Rural, Santa Maria, v.35, n.2, p.371-376, 2005. LORENZI H., Árvores brasileiras Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil 3 ed. Nova Odessa Instituto Plantarum, 2000,v.1 , 8p. (a) LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002.512p. MADSEN, H.L.; BERTELSEN, G. Spices as antioxidants, Tr. Food Science Techn. 6 (1995)271-277. MANTILLA, S.P.S., et al. Importância da Listeria monocytogenes em alimentos de origem animal. Revista da FZVA, Uuguaiana, v.14, n.1, p.180-192, 2007. MARIUTTI, L.R.B.; BRAGAGNOLO, N. Revisão: Antioxidantes naturais da família Lamiaceae. Aplicação em produtos alimentícios, Braz. J . Food Technol. 10 (2007) 96-106. MARQUES, S.C. Enciclopédia das Ciências e Artes do Engenheiro e do Arquiteto. 6. Ed. Porto Alegre: Globo, 1973. MARTINEZ GUERRA, M.J. et al. Actividad antimicrobiana de um extracto fluido al 80% de Schinus terebinthifolius Raddi (Copal), Ver. Cubana Plant Med (Habana), 2000; 5(1); 23-25. 115 MARTINEZ, M.J.; GONZALEZ, N.A.; BADELL, J.B., Activicty antimicrobiana del Schinus terebinthifolius Raddi (Copal) Rev. Cubana Plant Med. V.1, n.3 p. 37-39, 1996.b. MARTINEZ, M.J.; BETANCOURT,J.; ALONSO-GONZFILEZ, N.; JAUREG, U.I, A Screening of some Cuban medical plants activicty for antimicrobial activity. Journal os Ethnopharmacology n.52p. 171-17, 1996.a. MELO JUNIOR, E. J. M. de; RAPOSO, M. J.; SANT‟ANA, A. E. G.; LISBOA NETO, J. A.; DINIZ, M. F. A. Estudo de plantas medicinais com atividade antimicrobiana sobre micro-organismos presentes na alveolite. Revista da ABO Nacional, São Paulo, v. 8, n. 4, p. 220-226, 2000. MELO, C.M.T.; COSTA, L.A. da ; BONNAS, D.S., CHANG,R. Compostos fenólicos e capacidade antioxidante de pimenta Capsicum chinense (bode) , Capsicum baccatum variedade praetermissum (cumari) e Capsicum frutescens (malagueta) IFTM, Uberlandia - Universidade Federal de Uberlândia, Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7,n.12;2011,p.1 MELO, E. A.; MACIEL, M. I. S.; LIMA, V. L. A. G.; LELA, F. L. L.; CAETANO, A. C. S.; NASCIMENTO, R. J. Capacidade antioxidante de hortaliças usualmente consumidas, Ciênc. Tecnol. Alim. 26 (2006) 639644. MENDONÇA, A.T. Efeito dos oleos essenciais de condimentos sobre o crescimento de Staphylococcus aureus em ricota cremosa. Lavras, M.G. 2004, 72p. Tese de doutorado, Universidade Federal de Lavras. MILOS, M.; MASTELIC, J.; JERCOVIK, L. Chemical composition and oxidant effect of glicosidically bound volatile compounds from orégano (Origanum vulgare L. spp. hirtum). Food Chemistry. 71: 79-83, 2000. MOURE, A.; CRUZ ,J.M.; FRANCO,D.; DOMINGUEZ J.M.; SINEIRO, J.; DOMINGUEZ, H.; NUNEZ, M,J.; PARAJO, J.C. Natural antioxidants from residual sources Food Chemistry – Review- n.72, p. 145-171,2001. MURRAY, P. R.; BARON, E. J.; PFALLER, M. A.; TENOVER, F. C.; YOLKEN, R. H. Manual of Clinical Microbiology. Washington D.C.: American Society of Microbiology Press, 1999. NASCIMENTO, P.F.C.; NASCIMENTO, A.C.; RODRIGUES, C, S.; ANTONIOLLI, A.R.; SANTOS, P.O.; BARBOSA Jr., A.M. TRINDADE, R.C. Atividade antimicrobiana dos óleos essenciais: uma abordagem multifatorial dos métodos. Rev. Bras. Farmacogn. 17 (2007) 108-113. NELSON, R.R. “Selection of resistance to the essential oil of Melaleuca alternifólia in Staphylllococcus aureus”. J. Antimicrob Chemother, v. 45, n. 4, p. 549-50, 2000. 116 NGOKWEY, N. Home remedies and doctor‟s remedies in Feira (Brazil). Social Science e Medicine v. 40, n.8, p.1141-1153,1995. NOVACOSK, R e TORRES R.S.L.A. Atividade antimicrobiana sinérgica entre óleos essenciais de lavanda (Lavandula officcinalis), Melaleuca (Melaleuca alternifólia), Cedro (Juniperus virginiana), Tomilho (Thymus vulgaris) e Cravo (Eugenia caryophyllata. Revista Analytica. Fevereiro/Março no 21, 2006. O‟HARA, M.A.; KIEFER, D.; FARREL, K., KEMPER,K. A review of 12 commonly used medicinal herbs. Archives of Family Medicine, Chicago, v.7, Nov/Dec. 1998. OLIVEIRA, E.A de e SAWAYA A.C.H.F. Atividade antioxidante de pitanga I Jornada de Iniciação Científica e Tecnológica UNIBAN, Programa de Iniciação Científica-Tecnológico. Grande São Paulo, São Paulo, 2008. OMS- Organização Mundial de la Salud , Situación regulamentaria de los medicamentos herbários . Reseña Mundial, 2000, 52p. ONG, A.S; GOH, S.H. Palm oil, “A Healthful Cost-Effect Dietary Component”, Food Nutr Bull. V.23, n.1, p.11-22.2002. PANETTA, F.D.; MCKEE, J. Recruitment of the invasive ornamental, S. terebinthifolius, is dependent upon frugivores. J. Ecol, v.22, p.432438,1997. PASSOTTO, J.A.; PENTEADO, M.V.C.; MANCINI-FILHO, J. Atividade antioxidante do β-caroteno e da vitamina A. Estudo comparativo com antioxidante sintético, Ciênc. Tecn. Alimen. 18 (1998)68-72. PEREIRA, M. C.; VILELA, G. R.; COSTA, L. M. A. S.; SILVA, R. F.; FERNANDES, A. F.; FONSECA, E. W. N.; PICOLLI, R. H. Inibição de desenvolvimento fúngico através da utilização de óleos essenciais de condimentos. Ciências Agrotecnológica, Lavras, v.30, n.4, p. 731-738, jul./ago. 2006. QUEIRES, L.C.S.; RODRIGUES, L.E.A. Quantificação das substâncias fenólicas totais em órgãos da aroeira (Raddi). Braz Arch BiolTechnol, v.41, p.247-253, 1998. RAMALHO, V.C.; JORGE, N. Antioxidantes utilizados em óleos, gorduras e alimentos gordurosos. Química Nova.V.29, n. 4, p.755-760, 2006. RAUHA, J.P.et al. Antimicrobial effects of finnish plant extracts containing flavonoids and other phenolic compounds. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.56, n.1, p.3-12, 2000. REICHERT, B.; FRERICHS. Tratado de farmácia pratica. Barcelona: Editorial Labor, 1945.v.4,772p. 117 WANG, H.; CAO, G.; PRIOR, R. L. Oxigen radical absorbing capacity of anthocyanins. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.45, n.2, p.304-309,1997. RISTORI, C.A.; PEREIRA, M.S. GELLI, D.S. O efeito da pimenta do reino moída frente a contaminação in vitro com Salmonella rubislaw. Revista do Instituto Adolfo Lutz. 61h13min-133, 2002. ROCOURT, J. The genus Listeria monocytogenes: phylogenetic position, taxonomy, and identification. In: RYSER, E. T.; MARTH, E. H. (Ed). Listeria, listeriosis and food safety. 2. Ed. New York: Marcel Dekker, 1999. p.1-20. ROESLER, R.; MALTA, L.G.; CARRASCO, L.C.; HOLANDA, R.B.; SOUZA, C.A.S.; PASTORE, G.M. Atividade antioxidante de frutas do cerrado, Ciênc. Tecnol. Alimen. 27 (2007) 53-63. ROVEDA, L.M.; FORMAGIO, A.S.N.; BALDIVIA, D.S.; SANTOS, L.A.C. VIEIRA, M.C.; CARDOSO, C.A.L.; FOGLIO, M.A.; CARVALHO, J.E.; NETO F.F. 10 Simposio Brasil-Japão 2010. Sustentabilidade: Um desafio da Humanidade. Campo Grande, MS. Outubro de 2010. RUFINO, M.S.M.; ALVES, R.E.; BRITO, E.S.; MORAIS, S.M.;SAMPAIO, C.G.; PÉREZ-JIMÉNEZ,J.; SAURA-CALIXTO F.D. Comunicado Técnico on line n012 Metodologia científica: Determinação da Atividade Antioxidante Total em Frutas pela Captura do Radical Livre DPPH, Fortaleza, CE, julho, 2007. RUIZ, A.R. ; TORRE, R.A.; ALONSO, N.; VILLAESCUSA , A.; BETANCOURT,J.; VIZOSO,A. Screening of medicinal plants for indution of somatic segregation activity in Aspergillus nidans. Journal of Ethnpharmacology Vol. 52 p. 123-127, 1996. SÁ, E.N.M. de. Aroeira, 1999. Disponível em: <http://www.geocities.com/plantas medicinais/newpage 1. htm >Acesso em 05 ago.2002. SAGDIÇ, O. Sensitivy of four pathogenic bactéria to Turkish thyme and orégano hydrosols. Lebensm. Wiss.U.Technolol.36:467-473, 2003. SAHIN, F.; GULLUCE, M.; DAFERERA, D.;SOKMEN, A.;SOKMEN, M.;POLISSIOU, M. et al. Food Control .56:2-9, 2003. SALVI Jr. A. “Schinus terebinthifolius Raddi: Estudo anatômico e histoquímico das folhas e investigação do potencial faramacêutico do extrato etanólico e suas frações.” Dissertação de mestrado, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Araraquara - SP, 2009. 118 SALYERS, A.; WHITT, D. Bacterial pathogenesis: a molecular approach Washington, D. C. ASM Press, 1994. SANCHES, A. C. C. Estudo famacognóstico das cascas de Stryphnodendron abovatum Benth., atividade antioxidante, antimicrobiana e da ação cicatrizante dos seus extratos. Araraquara, 2004. 214f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista, 2004. SÁNCHEZ-MORENO, C.; LARRAURI, J.A.; SAURA-CALIXTO,F. A procedure to measure the antiradical efficiency of polyphenols. Journal of the Science of Food and Agriculture. V.76, p.270-276. 1998. SANTOS dos, P.L.; SERAFINI, A.; ROSSATO, M.; PANSERA, M.R. SANTOS dos, A.C.A. Análise mensal da composição química e do teor do óleo essencial de Schinus terebinthifolius Raddi Ciências exatas e da Terra, n.66 Disponível em: tpl JovensPesquisadores˂http:WWW.ucs.br/ucs/2004/pesquisa/jovenspesqui sadores/trabalhos_pdf/vida/paula_santos.pdf˃acesso em:10/01/2006. SANTOS O.J.; RIBAS-FILHO J.M.; CZECZKO, N.G.; BRANCO-NETO, M.L.C.; NAUFEL Jr C,R.; FERREIRA,L.M.; .;Campos R.P.; MOREIRA H. ; PORCIDES R.D.; DOBROWOLKI S. Avaliação do extrato de aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi), no processo de cicatrização de gastrorrafias em ratos. Acta Cir. Bras.(period na internet) 2006; 21 Suppl 2:39-45. Disponível em URL: http://www.scielo.br/acb SANTOS, A.C.A.; ROSSATO, M.; AGOSTINI, F.; SANTOS, P.L.; SERAFINI, L.A.; MOYNA, P.; DELLACASSA, E. Avaliação química mensal de três exemplares de Schinus terebinthifolius Raddi. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 1011-1013, 2007. SANTOS, A.S. ALVES, S.M.; FIGUEIRÊDO, F, J. ROCHA NETO, O.G. Descrição de sistema e do método de extração de óleos essenciais e determinação de umidade de biomassa em laboratório. Comunicado técnico 99- Ministério da Agricultura pecuária e abastecimento – Belém PA, Nov. 2004. SANTOS, S.C. RIBEIRO, J.P.; GUIMARÃES, D.O. SILVA, M.O. FERRI, P.H. GARCIA, A.C.F. PIRES, J.S. CASTROS, A.C.M. SILVA, M.R.R. PAULA, J.R. Antifungal activity of Eugenia uniflora L. fractions against Paracoccidiodes brasiliensis (Splendore) Almeida, Revista Brasileira de Plantas Medicinais. V.7, n.1, p.30-33, 2004. SGANZERLA; M. Caracterização físico-química e capacidade antioxidante do butiá (Dissertação de mestrado em Química de Alimentos) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Pelotas RS, fevereiro de 2010. 119 SHARAPIN, N.; ROCHA, L.M.; CARVALHO, E.S; LÚCIO, E.M.R.A.; SANTOS, E.V.M.; ALMEIDA, J.M.L. Fundamentos de tecnologia de produtos fitoterápicos. Santafé de Bogotá: Programa Iberoamericano de Ciências e Tecnologia para Desenvolvimento, 2000.p.23-25,146-149. SIDDIQUI, R., AHMAD, H., SULTAN, S., EHTESHAMUDDIN, A.F.M., SHIREEM, S. Antimicrobial activity of essencial oils. Part II. Pakistan Journal of Scientific and Industrial Research, v.39, n. 1-4, p. 43-47, 1996. SIDDIQUI, R., ZAFAR,U.,CHAUDHRY,S.S., AHMAD,H. Antimicrobial activity of essencial oils from Schinus terebinthifolius, Part I. Pakistan Journal of Cypress sempervirens, Citus lemon, Ferula assafoetida.Scientific and Industrial research, v.38, n. 9-10, p. 358-361, 1995. SILVA, J.; ABEBE, W.; SOUSA, S.M.;DUARTE, V.G.; MACHADO, M.I.L.; MATOS, E.T.A. Analgesic and antiinflammatory effects of essencial oils of Eucalyptus. Journal of Ethnopharmacology, v.89, n.2, p.277283,2003a. SILVA, L.V.; CONSTANCIO, S.C.M.; MENDES, M.F.; COELHO, G.L.V. Extração do óleo essencial da pimenta rosa (Shinus molle) usando hidrodestilação e soxhlet. Anais do VI Congresso Brasileiro de Engenharia Quimica em Iniciação Científica. VI COBEQ, Campinas, 2005. SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ. L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia da planta ao medicamento. Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Editora da UFSC. Porto Alegre/ Florianópolis: Ed. Universidade/ UFRGS/Ed da UFSC, 1999. 821p. SIQUEIRA, N.C.S.; SILVA, A.A.B.; Alice, C.B.; NITSCHKE., M. Análise comparativa dos óleos essenciais de Baccharis articulata (Lam.) Pers e Baccharis trimera (Less) DC. (Compositae), espécie espontânea no Rio Grande do Sul, Ver. Bras. Farm. 3 (1985) 36-39. SOUSA, M.H.de. Efeito do Extrato de Schinus terebinthifolius Raddi sobre osteítes induzidas em maxilares de ratos. Dissertação de mestrado, área de concentração em estomatologia. PUC do Paraná. Curitiba, PR, 2004. SOUZA, E.L.; LIMA, E.O.; FREIRE, K.R.L.; SOUSA, C.P. 2005. Inibitory action of some essential oils and phytochemicals on the growth of moulds isolated from foods. Braz Arch Biol Technol 48: 245-250. 120 SOUZA, C.M.M.; SILVA, H.R.; VIEIRA-JUNIOR, G.M.; AYRES, C.L.S.C.; ARAÚJO, D.S.; CAVALCANTE, L.C.D.; BARROS, E.D.S.; ARAÚJO, P.B.M.; BRANDÃO, M.S.; CHAVES, M.H Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, São Paulo, v.30, n.2, p.351-355, mar./apr. 2007. SUNDRAM, K.; „Modulation of Human Lipids and Lipoproteins by Dietary Palm Oil and Palm Olein: A Review‟, Asia Pacif J Clin Nutr. V.6., n.1, p.12-16.1997. TAPIERO, H.; TOWNSEND, D.M.; TEW, K.D. The role of carotenoids in the prevention of human pathologies. Biomedicine & Pharmacotherapy. v.58, n.2, p.100-110. 2002. THAIPONG K.; BOONPRAKOB, U., CROSBY, K. CISNEROSZEVALLOS L., BYRNE D.H, Comparison of ABTS, DPPH, FRAP and ORAC assays for estimating antioxidant activity from guava fruit extracts. J. Food Comps. Anal 19: 669-675. 2006. TISSERAND, R.; BALACS, T.; Essential Oil Safety: A guide for Health Care Professionals, Churchill Livigstone: London, 1999. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 807. TOSS, D.; STEFFANI,E.; STEDILE, M.; ATTI-SERAFINI,L.; SANTOS,A.C.A. Extração de compostos fenólicos de Schinus terebinthifolius (aroeira) utilizando dióxido de carbono supercrítico. Anais da 58a Reunião Anual da SBPC Florianópolis, SC. Julho/2006. Disponível em: http://www.sbpcnet.org.br/livros/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_ 2492.html>. Acesso em: 05/06/2008. TOTTI, L.C.; MEDEIROS, A.C.S. Maturação e época de colheita de sementes de aroeira-vermelha. Comunicado técnico164, EMBRAPA. Colombo, PR Dez. 2006. TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. p. 697. ULLMANN‟S. Encyclopedia of Industrial Chemistry, WILLEY-VCH, 6 ed. CD-ROM, 2002. VITTI, A. M. S.; BRITO J. O. Óleo essencial de eucalipto. Piracicaba: ESALQ 2003 26p. (documentos florestais nº 17). VON POSER, G.L. e MENTZ, L.A. Diversidade biológica e sistemas de classificação. In: SIMÕES, C.M.O., SCHENKEL, E.P., GOSMANN, G., MELLO, J.C.P., MENTZ, L.A. & PETROVICK, P.R. (Eds.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5 ed.- Porto Alegre; Florianópolis : Ed. Universidade UFRGS; Ed. UFSC; 2003.833 p. 121 WANG, H., CAO, G., & PRIOR, R. L.Oxygen radical absorbing capacity of anthocyanins. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 45, 304–309, 1997. WENG, X.C.; WANG, W. Antioxidant activicty of compounds isolated from Salvia plebeian. Food Chem 71, 489- 493, 2000. WENIGER, B. Interest and limitation of a global ethnopharmacological survey. Journal of Ethnopharmacology, Limerick, v. 32, n. 1-3, p. 37-41, Apr. 1991. ZARGARI, A. Medicinal Plants. 4ª Ed. Tehran. University Publications. 1990.p.42-45. ZERAIK, M.L.; LIRA, T.O. de.; VIEIRA, A.E.; YARIWAKE, J.H. Comparação da capacidade antioxidante do suco de maracujá (Passiflora edulis f. flavicarpa), da garapa (Saccharum officinarum) e do chá mate (Illex paraguariensis), 31 Reunião da Sociedade Bresileira de Química (SBQ), Águas de Lindóia, 2008. ZHANG, Zhen-Shan; WANG,Li-Jun;LI,Dong; JIAO,Shun-Shan;CHEN,Xiao Dong; MAO, Zhi-Huai. Ultrasound-assisted extraction of oil from flaxseed. Separation and Purification Technology. v.62, p.192-198.2008.