Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga- Laboratório de Sustentabilidade
© Fieldsketching Berlengas (2007)
Julho de 2009
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
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FICHA TÉCNICA
Consultoria técnica e científica
Cristina Ascenço (Instituto de Soldadura e Qualidade)
Cristina Sousa (Instituto de Soldadura e Qualidade)
Sandra Estanislau (Instituto de Soldadura e Qualidade)
Silvia Garcia ( Instituto de Soldadura e Qualidade)
Sónia Sousa (Instituto de Soldadura e Qualidade)
Rui Venâncio (Câmara Municipal de Peniche)
Sérgio Leandro (Câmara Municipal de Peniche)
Participação
Câmara Municipal de Peniche
EDP Inovação
ICNB – Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
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Índice
1 - Introdução ........................................................................................................................................................................................ 11
2 –Definição do âmbito do Estudo de Incidências Ambientais ............................................................................................................. 13
2.1 – Objectivos gerais do projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade .......................................................................... 15
2.2 – Enquadramento legal ............................................................................................................................................................. 18
2.3 – Justificação do projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade ................................................................................... 19
2.3.1 – Caracterização da envolvente do projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade ............................................. 19
2.3.2 – Descrição do projecto – componente energética .......................................................................................................... 21
2.3.3 – Descrição das alternativas do projecto ......................................................................................................................... 22
2.3.3.1 - Cenário 1 ............................................................................................................................................................... 23
2.3.3.2 - Cenário 2 ............................................................................................................................................................... 25
2.3.3.3 - Cenário 3 ............................................................................................................................................................... 27
2.3. 3.4 - Cenário 4 .............................................................................................................................................................. 29
2.3.3.5 – Cenário 5 .............................................................................................................................................................. 31
2.3.3.6 - Cenário 6: Não realização do projecto .................................................................................................................. 32
2.3.4 - Características Técnicas dos Equipamentos ................................................................................................................. 33
2.3.4.1 - Painéis Fotovoltaicos ........................................................................................................................................... 33
2.3.4.2 - Aerogeradores...................................................................................................................................................... 34
2.3.5 – Traçado dos cabos ........................................................................................................................................................ 34
2.3.6 – Planeamento do projecto .............................................................................................................................................. 36
3 – Caracterização do Ambiente Afectado ........................................................................................................................................... 37
3.1 – Localização geográfica .......................................................................................................................................................... 37
3.2 – Caracterização biofísica do local ........................................................................................................................................... 39
3.2.1 - Clima .............................................................................................................................................................................. 39
3.2.2 - Vento .............................................................................................................................................................................. 40
3.2.3 - Nevoeiro e neblina ......................................................................................................................................................... 40
3.3 – Qualidade do ar ...................................................................................................................................................................... 41
3.4 – Ambiente sonoro .................................................................................................................................................................... 42
3.5 - Geologia e geomorfologia ....................................................................................................................................................... 44
3.5.1 – Topografia ..................................................................................................................................................................... 45
3.5.2 - Hidrologia e hidrogeologia ............................................................................................................................................. 46
3.7 – Ecologia : fauna e flora ......................................................................................................................................................... 48
3.7.1 - Área Terrestre ................................................................................................................................................................ 49
3.7.1.1 - Cascalheiras consolidadas ................................................................................................................................... 50
3.7.1.2 - Solos esqueléticos ................................................................................................................................................ 51
3.7.1.3 - Falésias halófitas................................................................................................................................................... 52
3.7.1.4 - Afloramentos rochosos ......................................................................................................................................... 53
3.7.2 - Área marinha .................................................................................................................................................................. 53
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3.7.2.1 - Sistema litoral ....................................................................................................................................................... 53
3.7.2.2 - Mar profundo ......................................................................................................................................................... 56
3.7.3 - Biodiversidade específica .............................................................................................................................................. 57
3.7.3.1 - Flora marinha ........................................................................................................................................................ 57
3.7.3.2 - Flora terrestre ........................................................................................................................................................ 58
3.7.3.3 - Fitoplâncton e zooplâncton marinho ..................................................................................................................... 63
3.7.3.4 - Invertebrados marinhos ........................................................................................................................................ 64
3.7.3.5 - Ictiofauna marinha ................................................................................................................................................. 66
3.7.3.6 - Herpetofauna......................................................................................................................................................... 67
3.7.3.7 - Avifauna ................................................................................................................................................................ 70
3.7.3.8 - Mamofauna ........................................................................................................................................................... 74
3.7.4 - Lista de espécies ........................................................................................................................................................... 75
3.7.4.1 - Flora ...................................................................................................................................................................... 75
3.7.4.2 - Fauna .................................................................................................................................................................... 80
3.8 – Paisagem ............................................................................................................................................................................... 92
3.9 – Ordenamento do território ...................................................................................................................................................... 96
3.9.1 - Plano de Ordenamento da Reserva Natural das Berlengas.......................................................................................... 96
3.9.2 - Plano Director Municipal de Peniche ............................................................................................................................. 98
3.10 – Património .......................................................................................................................................................................... 104
3.10.1 Nota Histórica ............................................................................................................................................................... 104
3.10.2 - Património cultural existente na área a intervencionar no âmbito do projecto .......................................................... 109
3.10.2.1 - Forte de S. João Baptista.................................................................................................................................. 110
3.10.2.2 - Farol Duque de Bragança ................................................................................................................................. 111
3.10.2.3 - Cemitério ........................................................................................................................................................... 112
3.10.2.4 - Figueiras............................................................................................................................................................ 112
3.10.2.5 - Fundeadouro da Berlenga ................................................................................................................................ 113
3.10.2.6 - Gruta do Forte ................................................................................................................................................... 114
3.10.2.7 - Gruta da Perna Fina .......................................................................................................................................... 115
3.10.2.8 - Gruta da Praia ................................................................................................................................................... 116
3.10.2.9 - Gruta do Espanhol ............................................................................................................................................ 116
3.10.2.10 - Horta dos Reformados .................................................................................................................................... 117
3.10.2.11 - Bairro Comandante Andrade e Silva............................................................................................................... 117
3.10.2.12 - Sitio do Moinho................................................................................................................................................ 123
3.10.3 - Avaliação de Incidências Ambientais......................................................................................................................... 125
3.10.3.1 Fase de Construção ............................................................................................................................................ 125
3.10.3.1 Fase de Exploração ............................................................................................................................................ 126
3.10.4 - Avaliação dos Cenários ............................................................................................................................................. 126
3.10.4.1 - Cenário 1 ........................................................................................................................................................... 126
3.10.4.2 - Cenário 2 ........................................................................................................................................................... 127
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3.10.4.3 - Cenário 3 ........................................................................................................................................................... 127
3.10.4.4 - Cenário 4 ........................................................................................................................................................... 128
3.10.4.5 - Cenário 5 ........................................................................................................................................................... 128
3.10.4.6 - Cenário 6 ........................................................................................................................................................... 128
3.10.5 - Medidas de Minimização............................................................................................................................................ 129
3.10.5.1 - Fase de Construção .......................................................................................................................................... 129
3.11 - Sócio-económica................................................................................................................................................................. 131
3.11.1 População residente..................................................................................................................................................... 131
3.11.2 – Economia do local ..................................................................................................................................................... 134
3.11.3 – Acessibilidades e infra-estruturas e equipamentos existentes na Ilha ..................................................................... 139
3.11.3.1 - Acessibilidades.................................................................................................................................................. 139
3.11.3.2 – Infra-estruturas ................................................................................................................................................. 140
3.11.3.3 – Equipamentos................................................................................................................................................... 144
4 – Avaliação das Incidências Ambientais .......................................................................................................................................... 145
4.1 – Qualidade do ar .................................................................................................................................................................... 145
4.2 – Ambiente sonoro .................................................................................................................................................................. 146
4.3 – Uso do Solo .......................................................................................................................................................................... 149
4.4 – Geologia e geomorfologia .................................................................................................................................................... 151
4.5 – Ecologia................................................................................................................................................................................ 152
4.5.1 - Fase de construção...................................................................................................................................................... 152
4.5.1.1 – Flora terrestre ..................................................................................................................................................... 152
4.5.1.2 - Herpetofauna....................................................................................................................................................... 156
4.5.1.3 - Mamofauna ......................................................................................................................................................... 156
4.5.1.4 - Avifauna .............................................................................................................................................................. 156
4.5.2 - Fase de exploração...................................................................................................................................................... 160
4.5.2.1 – Flora terrestre ..................................................................................................................................................... 160
4.5.2.2 – Herpetofauna ...................................................................................................................................................... 160
4.5.2.3 – Mamofauna......................................................................................................................................................... 161
4.5.2.4 – Avifauna.............................................................................................................................................................. 161
4.5.3 - Fase de encerramento ................................................................................................................................................. 163
4.6 – Paisagem ............................................................................................................................................................................. 164
4.7 – Ordenamento do território .................................................................................................................................................... 166
4.8 – Património ............................................................................................................................................................................ 167
4.9 – Sócio-economia.................................................................................................................................................................... 169
4.10 – Matriz de avaliação de impacte ambiental ......................................................................................................................... 170
5 – Medidas de Minimização............................................................................................................................................................... 174
6 – Monitorização Ambiental ............................................................................................................................................................... 177
7 – Lacunas Técnicas ou de Conhecimento ....................................................................................................................................... 180
8 – Conclusões ................................................................................................................................................................................... 180
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9 – Bibliografia .................................................................................................................................................................................... 184 Anexos Técnicos
Anexo I – Catálogo do painel fotovoltaico proposto pelo concorrente 1
Anexo II – Catálogo do painel fotovoltaico proposto pelo concorrente 2
Anexo III – Estrutura de suporte dos painéis fotovoltaicos
Anexo IV - Catálogos dos aerogeradores propostos
Anexo V – Relatório de ruído
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Instalação de painéis fotovoltaicos ...................................................................................................................................... 22
Figura 2 – Exemplo de uma instalação de baterias de um sistema fotovoltaico. ................................................................................. 22
Figura 3 - Implantação no terreno dos painéis fotovoltaicos, considerando o cenário 1...................................................................... 24
Figura 4 - Implantação no terreno dos painéis fotovoltaicos, considerando o cenário 2...................................................................... 26
Figura 5 - Localização dos aerogeradores (A) e caracterização do recurso eólico na zona circundante ao bairro pescadores (B). .. 28
Figura 6 - Implantação no terreno dos painéis fotovoltaicos e aerogeradores, considerando o cenário 3 e 4 .................................... 28
Figura 7 - Imagem de um disco de Stirling com 11 kW de potência .................................................................................................... 32
Figura 8 - Localização dos painéis fotovoltaicos, aerogeradores e definição do traçado dos cabos ................................................... 35
Figura 9 - Localização geográfica do Arquipélago das Berlengas ....................................................................................................... 37
Figura 10 - Mapa do Arquipélago das Berlengas ................................................................................................................................. 38
Figura 11 - Casa de máquinas dos geradores a gasóleo: pormenor da saída dos gases de combustão ........................................... 42
Figura 12 - Evidência de contaminação nas imediações da casa de máquinas .................................................................................. 42
Figura 13 - Localização dos pontos de medição de ruído junto ao gerador da EDP ........................................................................... 43
Figura 14 - Localização dos pontos de medição de ruído junto ao gerador do forte .......................................................................... 44
Figura 15 - Carta geológica do arquipélago das Berlengas ................................................................................................................. 45
Figura 16 - Carta de solos do arquipélago das Berlengas ................................................................................................................... 47
Figura 17 - Distribuição de Armeria Berlengensis na Ilha Berlenga ..................................................................................................... 60
Figura 18 - Distribuição de Thapsia villosa na Ilha Berlenga ................................................................................................................ 61
Figura 19 - Distribuição da Angelica pachycarpa na Ilha Berlenga ...................................................................................................... 62
Figura 20 - Mapa dos núcleos populacionais dos lagartos existentes na ilha (fonte ICNB)................................................................. 68
Figura 21 - Nidificação do Airo no Arquipélago das Berlengas (fonte ICNB) ....................................................................................... 70
Figura 22 - Localização das colónias de cagarra detectadas na ilha Berlenga na época de reprodução (fonte ICNB) ...................... 71
Figura 23 - Nidificação do corvo-marinho (fonte ICNB) ........................................................................................................................ 71
Figura 24 - Pontos notáveis na Ilha Berlenga ....................................................................................................................................... 95
Figura 25 - Planta de Síntese – PORNB - Localização painéis fotovoltaicos (Cenários 1, 2 e 3) e Plano de Ordenamento da
Reserva Natural das Berlengas. .......................................................................................................................................................... 98
Figura 26 - Planta de condicionantes da Ilha Berlenga ...................................................................................................................... 103
Figura 27 - Património arqueológico conhecido na Reserva Natural das Berlengas ......................................................................... 109
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Figura 28 – Vista geral do Forte de São João Baptista. ..................................................................................................................... 110
Figura 29 – Vista geral do Farol Duque de Bragança – Ilha da Berlenga. ......................................................................................... 111
Figura 30 – Vista geral da face Sul da Ilha da Berlenga, assinalando-se o sítio do Cemitério. ......................................................... 112
Figura 31 – Vista geral da face Sudeste da Ilha da Berlenga, a Nordeste do Carreiro do Mosteiro, assinalando-se do sítio das
Figueiras.............................................................................................................................................................................................. 113
Figura 32 – Vista geral do Fundeadouro da Ilha da Berlenga. ........................................................................................................... 114
Figura 33 – Vista geral da face Sudoeste da Ilha da Berlenga, junto ao Forte de S. João Baptista, assinalando-se a Gruta do Forte..
............................................................................................................................................................................................................ 115
Figura 34 – Vista geral da zona do Brandal, na face Sudoeste da Ilha da Berlenga, assinalando-se a localização da Gruta do Perna
Fina. .................................................................................................................................................................................................... 115
Figura 35 – Vista geral da zona do Carreiro do Mosteiro, na face Sudoeste da Ilha da Berlenga, assinalando-se a localização da
Gruta do Espanhol. ............................................................................................................................................................................. 116
Figura 36 – Vista geral da chamada Horta dos Reformados.............................................................................................................. 117
Figura 37 – Vista geral do Bairro dos Pescadores. ............................................................................................................................ 118
Figura 38 – Vista geral do Carreiro do Mosteiro (anos 30 do séc. XX) antes da edificação do Bairro dos Pescadores, sendo ainda
visíveis vestígios estruturais associáveis ao antigo mosteiro. ............................................................................................................ 119
Figura 39 – Vista geral do Castelinho. ................................................................................................................................................ 119
Figura 40 – Vista geral do Sitio do Moinho. ........................................................................................................................................ 123
Figura 41 – Vista geral das estruturas arqueológicas do sítio do Moinho. ......................................................................................... 125
Figura 42 – Pormenor do Anexo 1 – Património Arqueológico Conhecido – PORNB (Figura 27) com indicação dos sítios de
interesse arqueológico existentes na área de intervenção do projecto. ............................................................................................. 127
Figura 43 – Acessibilidades existents para Peniche........................................................................................................................... 140
Figura 44 – Planta da situação existente na Ilha da Berlenga. .......................................................................................................... 141
Figura 45 – Actividades ruidosas e sua emissão de ruído. ................................................................................................................ 147
Figura 46 - Distribuição do chorão na ilha Berlenga ........................................................................................................................... 152
Figura 47 - Presença da espécie Armeria berlengensis na zona em estudo – cenário 1(Fonte ICNB) ............................................. 153
Figura 48 - Presença da espécie Armeria berlengensis na zona em estudo – cenário 2 (Fonte ICNB) ............................................ 153
Figura 49 - Presença da espécie Armeria berlengensis na zona em estudo – cenário 3 (Fonte ICNB) ............................................ 154
Figura 50 - Presença da espécie Angelica pachycarpa na zona em estudo – cenário 1(Fonte ICNB).............................................. 154
Figura 51 - Presença da espécie Angelica pachycarpa na zona em estudo – cenário 2 (Fonte ICNB)............................................. 155
Figura 52 - Presença da espécie Angelica pachycarpa na zona em estudo – cenário 3 (Fonte ICNB)............................................. 155
Figura 53 - Identificação dos locais de nidificação da cagarra, corvo-marinho e airo – cenário 1 (Fonte ICNB) ............................... 158
Figura 54 - Identificação dos locais de nidificação da cagarra, corvo-marinho e airo – cenário 2 (Fonte ICNB) ............................... 159
Figura 55 - Identificação dos locais de nidificação da cagarra, corvo-marinho e airo – cenário 3 (Fonte ICNB) ............................... 159
Figura 56 – Património arqueológico conhecido (PORNB) ................................................................................................................ 168
Figura 57 – Património Arqueológico Conhecido (PORNB) com indicação dos sítios de interesse arqueológico existentes na área
de intervenção do projecto. ................................................................................................................................................................. 168 Estudo de Incidências Ambientais
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização do cenário 1 ............................................................................................................................................... 23
Tabela 2 – Caracterização do cenário 2. .............................................................................................................................................. 25
Tabela 3 – Caracterização do cenário 3. .............................................................................................................................................. 27
Tabela 4 – Caracterização do cenário 4. .............................................................................................................................................. 30
Tabela 5 – Caracterização do cenário 5. .............................................................................................................................................. 31
Tabela 6 – Cronograma de trabalhos de implementação dos equipamentos ...................................................................................... 36
Tabela 7 – Medições de ruído efectuadas junto ao gerador da EDP ................................................................................................... 43
Tabela 8 – Medições de ruído efectuadas junto ao gerador do forte ................................................................................................... 44
Tabela 9 – Lista dos taxa com maior importância conservacionista que ocorrem na Reserva (fonte Dossier de candidatura a
Reserva da Biosfera). ........................................................................................................................................................................... 63
Tabela 10 – Sensibilidade paisagística em função da qualidade e fragilidade visual .......................................................................... 93
Tabela 11 - Critérios utilizados na avaliação de impactes ambientais ............................................................................................... 171
Tabela 12 - Matriz de avaliação dos impactes ambientais ................................................................................................................. 171
Tabela 13- Medidas de minimização a implementar durante as várias fases de projecto ................................................................. 176
Tabela 14 - Comparação entre os cenários propostos no que diz respeito aos impactes ambientais .............................................. 181
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1 - Introdução
O presente relatório tem como objectivo principal a identificação e avaliação das incidências ambientais da
vertente energética (produção de energia com recurso a Fontes de Energia Renovável - FER) do Projecto
“Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade”.
Este projecto, “Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade, visa tornar a Ilha da Berlenga tendencialmente
auto-sustentável dotando-a com capacidades de geração e armazenamento de energia a partir de fontes
renováveis, mais concretamente através de energia fotovoltaica e/ou eólica , para além da produção de
água potável e tratamento das águas residuais e dos resíduos sólidos produzidos na Ilha.
Pretende-se igualmente vir a implementar uma solução integrada, inovadora e tendo por base um conjunto
de tecnologias já perfeitamente testadas e disponíveis no mercado que permita uma melhoria significativa
na qualidade de vida dos residentes, dos pescadores e dos turistas que a visitam.
Este estudo irá apenas incidir sobre a primeira componente do Projecto Berlenga, a componente
energética, dado que as restantes componentes não carecem, em termos legais, da necessidade deste
procedimento de avaliação.
É do conhecimento público que a Ilha da Berlenga acolhe um número significativo de espécies de fauna e
flora importantes para a conservação da natureza e da biodiversidade, constituindo um ecossistema impar
e de grande atractividade turística, quer para simples lazer quer para turismo cientifico ou ecoturismo.
A necessidade de um programa de intervenção integrado na ilha, procurando dar resposta para os diversos
problemas ambientais que a presença humana tem provocado ao longo dos anos, nomeadamente ao nível
da produção energética, do abastecimento de água potável a ao sistema de tratamento de resíduos e
efluentes, levou à criação da Associação Berlenga Laboratório de Sustentabilidade, em Abril de 2008, que
congrega o Município de Peniche, o Centro Para Prevenção da Poluição (C3P) o qual representa
igulamente a National Aeronautics and Space Administration (NASA) e International Trade Bridge Inc (ITC),
o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), as Energias de Portugal S.A. (EDP), a
AdP – Águas de Portugal, SGPS, S.A., o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto
(INESC Porto), a GALP Energia, S.A., a EFACEC Engenharia S.A., o Instituto de Soldadura e Qualidade
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11
(ISQ), o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), a Sociedade de Advogados Rui
Pena, Arnaut & associados e a Marinha Portuguesa através da Direcção de Faróis.
A sensibilidade ecológica do local, aliada ao facto de se tratar de território classificado da Rede Nacional de
Áreas Protegidas e da Rede Natura 2000, além dos demais impactes a nível do ambiente antrópico obrigou
à realização de uma análise cuidada dos principais problemas / incidências da componente energética do
projecto por forma a minimizar possíveis conflitos e contribuir para uma boa implementação dos
equipamentos e redução dos impactes.
Este documento constitui o relatório final do Estudo de Incidências Ambientais elaborado pelo consórcio do
projecto Berlenga - Laboratório de Sustentabilidade, e submetido a avaliação pela Associação Berlenga
Laboratório de Sustentabilidade.
No quadro do actual regime jurídico, e não obstante estarmos em território da Reserva Natural das
Berlengas, por se tratar de um espaço totalmente abrangido por Dominio Publico Maritimo, o licenciamento
da obra é competência da Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARH Tejo).
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2 –Definição do âmbito do Estudo de Incidências Ambientais
No âmbito das orientações estratégicas nacionais para a Política Energética Portuguesa (RCM n.º 63/2003,
de 28 de Abril) e revistas pela Estratégia Nacional para a Energia (RCM n.º 169/2005, de 24 de Outubro) e
com vista ao cumprimento das metas nacionais no âmbito da Directiva e do Protocolo de Quioto, os
projectos de fontes de energias renováveis estão enquadrados em matéria ambiental pelo regime legal de
Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), no caso da energia eólica e pequena hidroeléctrica, pelo DecretoLei n.º 225/2007 de 31 de Maio, e de forma mais geral pelo Despacho conjunto n.º 51/2004, de 31 de
Janeiro. Este despacho aplica-se à produção de electricidade a partir das seguintes fontes de energia
renovável (FER) - Eólica, Biomassa e Biogás, Ondas e Fotovoltaica.
Assim, para os projectos de produção de energia eléctrica a partir de FER não abrangidos por AIA, cuja
localização esteja prevista para área de Reserva Ecológica Nacional (REN), Rede Natura 2000 ou Rede
Nacional de Áreas Protegidas devem ser sempre objecto de Estudo de Incidências Ambientais (EIA) e de
um processo a instruir pelo proponente, a analisar pela Comissão de Coordenação de Desenvolvimento
Regional (CCDR) competente, em articulação com o Instituto da Conservação da Natureza e
Biodiversidade (ICNB) quando tal resulte da legislação em vigor, e a aprovar pelo Ministério do Ambiente e
Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional (MAOTDR).
Os Estudos de Incidências Ambientais de projectos de produção de electricidade a partir de FER não são
tão profundos como os estudos de impacte ambiental, mas analisam genericamente as mesmas matérias,
para identificar, em particular, possíveis e principais condicionantes existentes nas zonas mais
directamente afectadas pela instalação dos respectivos projectos.
Assim, a metodologia geral aplicada para o desenvolvimento deste Estudo de Incidências Ambientais teve
como objectivo atingir plenamente os requisitos expressos na legislação em vigor sobre a matéria.
Estudo de Incidências Ambientais
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O presente Estudo de Incidências Ambientais será constituído pelas seguintes peças:
a) Descrição do Projecto e apresentação dos vários cenários possíveis;
b) Descritores ambientais considerados para projectos de produção de electricidade a partir da
energia fotovoltaica e/ou eólica, onde cada descritor será analisado de acordo com a situação de
referência e a situação futura, tendo em conta o projecto proposto:
- Qualidade do ar
- Ambiente Sonoro
- Geologia e geomorfologia
- Uso do Solo
- Ecologia: Fauna e flora
- Paisagem
- Ordenamento do Território
- Património arqueológico
- Sócio-economia
c) Avaliação de impactes ambientais para os diferentes cenários traçados, medidas de minimização;
d) Plano de acompanhamento ambiental e monitorização ambiental.
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2.1 – Objectivos gerais do projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade
O projecto “Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade”, resultou de um desafio lançado pelo Presidente da
Câmara Municipal de Peniche, António José Correia, aquando da visita do secretário de Estado do
Ambiente, Humberto Rosa à ilha da Berlenga, no âmbito das comemorações do XXV aniversário da
Reserva Natural das Berlengas, promovidas pelo Município de Peniche. A abertura e empenho
demonstrado pelo Senhor Secretário de Estado resultou na formação de um grupo de empresas e
instituições em torno deste projecto que pretende ser um marco ao nível do desenvolvimento sustentável
nacional promovendo, entre outros, a candidatura da Berlenga à Reserva da Biosfera, galardão
internacional atribuído pela UNESCO.
O projecto “Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade” e a Associação com o mesmo nome é
representado por um consórcio de entidades, nomeadamente Município de Peniche, o Centro Para
Prevenção da Poluição (C3P) o qual representa igulamente a National Aeronautics and Space
Administration (NASA) e International Trade Bridge Inc (ITC), Instituto de Conservação da Natureza e
Biodiversidade (ICNB), Energias de Portugal S.A. (EDP), AdP – Águas de Portugal, SGPS, S.A., Instituto
de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC Porto), GALP Energia, S.A., EFACEC
Engenharia S.A., Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e
Inovação (INETI), Sociedade de Advogados Rui Pena, Arnaut & associados e Marinha Portuguesa através
da Direcção de Faróis.
Este grupo tem vindo a trabalhar em conjunto no sentido de definir as necessidades críticas para a ilha da
Berlenga, tendo em conta as carências identificadas para suporte das actividades humanas na ilha.
Procedeu-se à procura e avaliação das soluções mais adequadas às condições físicas da ilha e à
sazonalidade da procura, assim como à identificação das necessidades, das potenciais soluções
tecnológicas e do plano conceptual para a ilha obteve-se através do consenso entre os membros da equipa
nuclear.
Identificada a necessidade de preservar um património natural e histórico de grande valor, ficou desde logo
definida a missão do Projecto “Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade” em dotar a ilha de recursos
próprios na área da Energia, Água, Tratamento de Águas Residuais, assim como Gestão de Resíduos
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
15
Sólidos produzidos na ilha. Pretende-se desta forma minorar os impactos negativos que a presença do
Homem deixa na Ilha, reduzindo a sua pegada ecológica, com a diminuição dos custos e dos prejuízos
ambientais da presença humana.
A Berlenga conta com uma população flutuante que chega a atingir os 1000 visitantes diários em especial
nos meses de verão, atinguindo uma média de cerca de 40000 visitantes por ano. Valor este muito acima
do estipulado na lei, que prevê um limite máximo de ocupação na ordem das 350 pessoas/dia.
As infra-estruturas existentes actualmente na Ilha não têm, de todo, capacidade de resposta para estas
invasões pontuais, o que leva indiscutivelmente ao comprometimento do equilíbrio natural. O projecto
Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade pretende ainda desempenhar um papel demonstrativo na
integração e uso de soluções tecnológicas actualmente disponíveis no mercado, para a resolução de
problemas antrópicos de específicos associados, por exemplo, à melhoria de condições de vida em
contextos territoriais remotos e isolados. Não é objectivo do presente projecto promover um turismo de
massas, mas sim dotar a ilha de condições mínimas para a prática de um turismo sustentável, em que o
respeito pela natureza impere, o turismo de natureza e ecoturismo.
A produção de energia com recurso a fontes renováveis, em concreto, permitirá reduzir a emissão de cerca
40 ton/ano de CO2 provenientes dos três geradores que se encontram actualmente em funcionamento na
ilha. Estas soluções técnicas disponibilizarão energia 24h por dia, o que permitirá um substancial aumento
da qualidade de vida da população residente da Berlenga, dos visitantes, além de contribuírem também
para a diminuição/eliminação da poluição local emitida pelos geradores. Trata-se, sem dúvida, de um
trabalho pioneiro a nível nacional, principalmente por se tratar de um local isolado, detentor de um
património natural riquíssimo e onde se pretende compatibilizar na medida do possível o usufruto humano e
a preservação dos ecossistemas.
A replicabilidade do sistema integrado a implementar na Berlenga poderá garantir a sobrevivência, de uma
forma sustentada, de populações que vivam em situações de grande isolamento, assim como a
possibilidade de assegurar às populações vitimas de guerras, em particular campos de refugiados, assim
como vitimas de catástrofes naturais, terem acesso às condições básicas de sobrevivência, evitando a
propagação de epidemias, tão frequentes nestes cenários, por falta de água potável e tratamento de
resíduos.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
16
Conforme referido anteriormente, a prioridade do Projecto – Berlenga Laboratório de Sustentabilidade é
dotar a ilha de auto-suficiência, ao nível da produção de energia, de água potável, tratamento de águas
residuais e tratamento de resíduos sólidos. Existem várias soluções técnicas presentemente em avaliação,
no entanto, as soluções de compromisso devem ser atingidas no sentido de melhor servir os interesses da
ilha.
A quase totalidade da água potável disponível na ilha é engarrafada. Os pontos de água existentes são de
água salgada, existindo uma distribuição racionada de água doce. Actualmente não existe qualquer tipo de
tratamento de águas residuais, sendo as descargas efectuadas directamente no mar, enquanto que os
resíduos sólidos produzidos são colocados em contentores e transportados para Peniche. O plano
conceptual energético para a ilha terá uma natureza global, abrangendo as necessidades da comunidade
para cada zona da ilha (bairro dos pescadores e restaurante, Forte de S. João Baptista, apoio de campismo
e farol).
Além disso, o plano global apresentará soluções que abrangem desde a prevenção da poluição até à
conservação dos recursos e reciclagem, incorporando soluções tanto de alta como de baixa tecnologia. As
últimas tecnologias de energias renováveis comercialmente disponíveis serão incorporadas no plano para
garantir, armazenar e fornecer energia de forma sustentável, reduzindo quase a zero a actual necessidade
de diesel. As fontes de energia podem incluir várias combinações de energia solar, eólica e numa fase
posterior energia resultante da biomassa, pilhas de combustível, solar termoeletrico e/ou energia das
ondas.
No seu total, o projecto Berlenga Laboratório de Sustentabilidade comporta um investimento de cerca de
dois milhões de euros assegurados em parte pelo capital próprio da Associação, resultante da
comparticipação financeira dos associados. Baseia-se na responsabilidade social das instituições, no seu
cariz inovador a nível nacional e pretende criar as condições necessárias para que o legado da Ilha da
Berlenga seja perpetuado ao longo das gerações vindouras, atenuando de modo significativo os impactes
causados pelas gerações actuais.
A entidade gestora do projecto, Associação “Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade”, está ciente que
as acções previstas constituirão um motivo de orgulho não só para as entidades envolvidas, como para
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
17
Portugal, e marcará uma nova era ao nível do desenvolvimento sustentável dos territórios e da preservação
do património natural.
2.2 – Enquadramento legal
A Reserva Natural das Berlengas foi criada pelo Decreto-lei n.º264/81 de 3 de Setembro, com o objectivo
de promover a protecção dos valores naturais do arquipélago e da área marinha circundante e também
ordenar, controlar e melhorar o seu potencial recreativo, permitindo o desenvolvimento sustentado das
actividades económicas compatíveis com a sua defesa.
O valor natural do arquipélago das Berlengas e a riqueza biológica da região marinha adjacente são
amplamente reconhecidos, o que justificou a inclusão daquela área na Rede Natura 2000 e também a
criação de uma zona protecção especial (ZPE), dada a sua importância para a avifauna marinha. A
definição do Sitio PTCON0006, Arquipélago das Berlengas, publicado através da Resolução do Conselho
de Ministros n.142/97 de 28 de Agosto, tem como objectivo garantir a conservação de habitats e de
espécies da flora e fauna constantes nos anexos da Directiva n.º 92/43/CEE do Conselho, de 21de Maio.
Complementarmente, toda a área terrestre e marinha se encontra classificada como Zona de Protecção
Especial (Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro) ao abrigo da Directiva Europeia Aves (Directiva
79/409/CEE) - a ZPE das Ilhas Berlengas. A Reserva Natural das Berlengas criada em 3 Setembro de
1981, através do Decreto-Lei nº 264/81, foi alvo de reclassificação através do Decreto-Regulamentar n.º
30/98 de 23 de Dezembro alterado pelo Decreto-Regulamentar n.º 32/99 de 20 de Dezembro.
Os principais regulamentos aplicáveis nesta área protegida são o Plano de Ordenamento da Reserva
Natural das Berlengas (Resolução de Conselho de Ministros n.º 180/2008, de 24 de Novembro) e o Plano
Director Municipal de Peniche (Resolução de Conselho de Ministros n.º 139/95, de 16 de Novembro), e que
serão analisados no capítulo relativo ao Ordenamento do Território. De referir apenas que o regulamento
do Plano de Ordenamento da Reserva Natural das Berlengas define a zonação, bem como os tipos de
usos/actividades permitidos , excepcionados de forma inequívoca as intervenções no âmbito do projecto
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade. Assim, de acordo com o artigo 16 º da Resolução do Conselho
de Ministros nº 180/2008, de 24 Novembro, alínea g), nas áreas de protecção parcial é permitido a
realização das acções e a instalação das infra-estruturas necessárias à concretização do projecto
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
18
“Berlenga - Laboratório de Sustentabilidade”. É igualmente referido no artigo 18º, ponto 4, que nas áreas de
protecção complementar, são permitidas obras de demolição, reconstrução e alteração nas edificações
existentes, bem como a realização das acções e a instalação das infra-estruturas necessárias à
concretização do projecto “Berlenga - Laboratório de Sustentabilidade”.
2.3 – Justificação do projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade
2.3.1 – Caracterização da envolvente do projecto Berlenga – Laboratório de
Sustentabilidade
A Ilha da Berlenga sofreu ocupação humana desde épocas remotas. Segundo os dados disponíveis é no
século XV que se deve ter instalado um núcleo de pescadores na Berlenga, que terá posteriormente
aumentado. Em 1941 é edificado o Bairro de Pescadores, para abrigar os pescadores que entretanto
utilizavam a construção do forte abandonado. Algumas dessas casas passariam a ser frequentadas por
veraneantes que as ocupariam definitivamente e alguns deles construíram sob concessão, à semelhança
das casas dos pescadores na envolvência do bairro.
Actualmente a ilha da Berlenga tem uma ocupação sazonal, com maior destaque na época balnear (entre
Maio e Setembro). A sua população é constituída por pescadores (que realizam o seu trabalho na zona), e
por visitantes da ilha, que poderão pernoitar na ilha, o apoio de campismo existente no local e ou em
quartos adjacentes ao restaurante e no Forte São João Baptista. A presença dos visitantes está limitada a
350 pessoas/dia, embora este número seja ultrapassado diariamente durante a época balnear.
A produção de energia eléctrica na ilha é feita com recurso a três (3) grupos geradores a diesel (dois
grupos de 50 kW e um grupo de 30 kW) para a produção de, aproximadamente, 30 MWh a que
corresponde um consumo médio de 15.000 L anuais e 40 ton/ano de emissões de CO2. O fornecimento de
energia eléctrica é limitado ao período do ano de maior afluência à ilha e não está disponível vinte 24 horas
por dia.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
19
Com base nos objectivos definidos neste projecto e que já foram descritos atrás, foi definido o seguinte
conjunto de acções a serem implementadas durante toda a fase de desenvolvimento do projecto Berlenga
– Laboratório de Sustentabilidade:

Implementar um sistema de tratamento de águas residuais, através da colocação de um sistema
de tamisagem permitindo efectuar um tratamento primário, garantindo a remoção eficaz da parte
sólida do efluente e diminuindo significativamente a carga orgânica do mesmo no meio receptor
(projecto de execução e licenciamento em curso, com aquisição prevista para Junho de 2009).

Instalar um sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU), integrando as componentes de
redução e valorização na gestão de RSU. Para tal serão utilizadas soluções técnicas, ambientais e
sociais viáveis. Para tal, será adquirido um compactador de resíduos e será implementado um
sistema de triagem/ compactação de resíduos (projecto de execução e licenciamento em curso,
com aquisição prevista para Junho de 2009).

Conceber um sistema de produção de água potável através de água salgada: está em discussão a
utilização de um equipamento que efectue um processo de osmose inversa para produção de
água doce e que seja auto–suficiente através de fornecimento de energia renovável, incorporado
no mesmo equipamento. A implementação desta acção encontra-se em fase de estudo para a
selecção da tecnologia a implementar.

Fornecer energia eléctrica à ilha tendo por base fontes renováveis, reduzindo significativamente a
necessidade actual de diesel, o qual é transportado para a ilha por via marítima e armazenado em
depósitos existentes na ilha com os respectivos impactes e riscos ambientais. Este novo sistema
tirará partido do recurso renovável presente na ilha, nomeadamente o recurso solar e/ou eólico.
Foram definidos 5 cenários contemplando a utilização de diferentes tipos de energias renováveis,
tendo como objectivo, avaliar qual a melhor solução em termos técnicos e ambientais para a ilha
Berlenga. É esta componente especifica que está em avaliação neste Estudo.
Tendo em conta o conhecimento sobre a biodiversidade existente na ilha assim como a lesgislação que a
protege, é fundamental cumprir a legislação ambiental aplicável a este tipo de projecto. Desta forma e com
o objectivo de estar em alinhamento com a legislação em vigor é apresentado este Estudo de Incidências
Ambientais, relativo à componente energética do projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
20
2.3.2 – Descrição do projecto – componente energética
Com vista a tornar a ilha da Berlenga auto-sustentável ao nível energético, ter energia eléctrica disponível
durante as 24 horas do dia e reduzir substancialmente os impactes e riscos ambientais inerentes ao usode
geradores a diesel, foram elaborados vários cenários tendo em conta o recurso disponível, os
constrangimentos ecológicos e ambientais, as servidões e outras limitações de ordenamento do território
existentes.
Os vários cenários foram definidos tendo em vista maximizar os benefícios que trará para a ilha e minimizar
os impactos que eventualmente poderá causar na Reserva. Assim, foram definidos vários cenários
procurando sempre que possível, uma complemetaridade de fontes de energia diversificada por forma a
maximizar os recursos existentes, assim como demonstrar a possibilidade de integração e funcionamento
de diferentes sistemas. Os vários cenários construídos são apresentados nos capítulos seguintes.
É importante salientar que no âmbito do desenvolvimento do projecto Berlenga - Laboratório de
Sustentabilidade, durante o ano de 2008, teve lugar um concurso com vista à aquisição do equipamento
para produção de energia eléctrica na ilha da Berlenga tendo por base fontes renováveis, que permitiu
identificar os equipamentos e soluções tecnológicas existentes no mercado e se encontra suspenso a
aguardar o parecer ambiental para adjudicação do mesmo.
Todos os cenários definidos permitem um faseamento na instalação dos equipamentos. O sistema acenta
fundamentalmente no recurso a painéis fotovoltaicos e/ou a micro-geração eólica, e foi concebido para
estar dimensionado para ter 3 dias de autonomia, com recurso a baterias. Nas figuras seguintes
apresentam-se alguns exemplos de instalações semelhantes à idealizada para a ilha da Berlenga.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
21
Figura 1 – Instalação de painéis fotovoltaicos
Figura 2 – Exemplo de uma instalação de baterias de um
sistema fotovoltaico.
2.3.3 – Descrição das alternativas do projecto
Como referido atrás, foram desenvolvidos cinco cenários para produção de energia renovável considerando
energia fotovoltaica e/ou eólica, três dos quais consideram apenas a utilização de painéis
fotovoltaicos/solar concentrada. Os restantes cenários consideram simultaneamente a utilização de painéis
fotovoltaicos e mini-turbinas eólicas.
Todos os cenários apresentados permitem satisfazer as principais necessidades energéticas da ilha, assim
como reduzir significativamente as emissões de CO2 dos geradores a diesel e o transporte e
manuseamento do combustível, uma vez que estes funcionarão apenas em situações pontuais Como
consequência, esta solução permitirá obter uma poupança anual superior a 15.000 € referente aos custos
do diesel consumido e seu respectivo transporte para a ilha.
O local selecionado para a instalação dos equipamentos, para todos os cenários desenvolvidos, é
sensivelmente o mesmo, com variações resultantes das soluções técnicas propostas. Situa-se nas
proximidades do Bairro dos Pescadores, numa área com fraco valor florístico, e muito próximo dos locais
de maior utilização energética, o que permitirá reduzir os impactes associados ao transporte de energia e
passagem de cabos.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
22
2.3.3.1 - Cenário 1
O cenário 1 considera a instalação de 80 kW de painéis fotovoltaicos numa zona rochosa coberta por
chorão, localizada por cima do bairro dos pescadores. Foram definidos dois dimensionamentos com base
na informação disponibilizada por duas entidades que concorreram ao fornecimento do sistema de energia
eléctrica para o projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade.
As características da instalação dimensionada encontram-se na Tabela 1. De notar que a área ocupada
pela totalidade dos painéis não inclui eventuais áreas necessárias para evitar sombras sobre os outros
painéis.
Tabela 1 – Caracterização do cenário 1
Cenário 1
Potência instalada (kW)
Nº painéis
Área ocupada (sem espaço entre painéis)
Localização
Orientação do painel
(m2)
Concorrente 1
Concorrente 2
80
80
445
308
578.5
585.2
Por cima do bairro dos pescadores
Sudeste (- 45º)
Inclinação
Energia produzida (kWh)
Óptima (29º)
103.2
103.2
A Figura 3 apresenta a área ocupada pela implantação dos painéis fotovoltaicos no terreno, já
considerando os espaços para evitar o sombreamento de outros painéis. A área total ocupada é de aprox.
700 m2. A disposição dos painéis poderá não ser exactamente a representada na figura.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
23
Figura 3 - Implantação no terreno dos painéis fotovoltaicos, considerando o cenário 1.
O custo desta solução é de aproximamente 590.000 €. A instalação será concentrada num único espaço,
reduzindo a necessidade de cabos para transporte de energia eléctrica, e localizado numa zona povoada
por chorão das areias (Carpobrutus edulis), considerada como sendo uma espécie infestante (Plano
sectotrial Rede Natura 2000). A montagem do sistema obrigará à remoção do chorão nessa zona,
produzindo impactes positivos ao nível do controlo da mancha de distribuição desta espécie na ilha da
Berlenga.
Neste cenário não haverá qualquer impacte ambiental em termos de produção de ruído e emissões de
CO2. No entanto, esta solução terá algum impacte visual e exige uma maior ocupação de uma área quando
comparada com os restantes cenários considerados.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
24
2.3.3.2 - Cenário 2
O cenário 2 considera a instalação de 80 kW de painéis fotovoltaicos distribuídos entre a zona localizada
por cima do bairro dos pescadores e pelos telhados de várias habitações (restaurante, balneário e casa de
frio/arrumos de Câmara Municipal).
As duas alternativas foram definidas com base na informação disponibilizada por duas entidades que
concorreram ao fornecimento do sistema de energia eléctrica para o projecto Berlenga – Laboratório de
Sustentabilidade. As características da instalação dimensionada encontram-se na Tabela 2. De notar que a
área ocupada pela totalidade dos painéis não inclui eventuais áreas necessárias para evitar sombras sobre
os outros painéis.
Tabela 2 – Caracterização do cenário 2.
Cenário 2
Concorrente 1
Concorrente 2
Conjunto 1 de painéis
Potência instalada (kW)
40
40
Nº painéis
223
154
289.9
292.6
Área ocupada (sem espaço entre painéis) (m2)
Localização
Por cima do bairro dos pescadores
Orientação do painel
Sudeste (- 45º)
Inclinação
Óptima (29º)
Energia produzida (kWh)
51.6
51.6
38.7
38.7
215
147
280
280
Conjunto 2 de painéis
Potência instalada (kW)
Nº painéis
Área ocupada (sem espaço entre painéis)
Localização
(m2)
No telhado das habitações
Orientação do painel
Inclinação
Energia produzida (kWh)
Potência total (kW)
Energia total produzida (kWh)
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
Sudeste (- 45º)
Quase horizontal
46.053
45.482
78.7
78.7
97.653
97.082
25
A Figura 4 apresenta a área ocupada pela implantação dos painéis fotovoltaicos no terreno, já
considerando os espaços para evitar o sombreamento de outros painéis. A área total ocupada na zona por
cima do bairro dos pescadores é de aproximadamente 350 m2. A disposição dos painéis poderá sofrer
ligeiras alterações representada na figura.
Figura 4 - Implantação no terreno dos painéis fotovoltaicos, considerando o cenário 2.
Esta solução tem um custo idêntico ao cenário anterior (aproximadamente 590.000 €). As conclusões deste
cenário são semelhantes à do cenário anterior apenas com a diferença dos painéis fotovoltaicos estarem
distribuídos entre os telhados de várias habitações e a zona localizada por cima do bairro dos pescadores.
A zona por cima do bairros dos pescadores tem uma ocupação de cerca de 350 m2, zona povoada pelo
chorão das areias (Carpobrutus edulis). Também neste cenário será nulo o impacte ambiental em termos
de produção de ruído. O impacte visual desta solução existe, mas é significativamente inferior ao do
cenário 1.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
26
2.3.3.3 - Cenário 3
O cenário 3 (Figura 6) é constituído por 70 kW de painéis fotovoltaicos instalados por cima do bairros dos
pescadores, ocupando uma área de aproximadamente 580 m2. Este cenário considera também a
instalação de mini-turbinas eólicas. No caso do concorrente 1 considera-se a instalação de uma turbina de
5 kW e uma turbina de 2.5 kW.
Para o concorrente 2 considerou-se a instalação de uma turbina de 6 kW e uma de 2.5 kW. Ambas as
turbinas estariam apoiadas numa torre de 9 m. Na Tabela 3 resume-se o cenário descrito:
Tabela 3 – Caracterização do cenário 3.
Cenário 3
Concorrente 1
Concorrente 2
Solar fotovoltaico
Potência instalada (kW)
70
Nº painéis
389
270
505.7
513
Área ocupada (sem espaço entre painéis) (m2)
Localização
Por cima do bairro dos pescadores
Orientação do painel
Sudeste (- 45º)
Inclinação
Óptima (29º)
Energia produzida (kW/h)
90.3
Eólico
Potência instalada (kW)
Nº aerogeradores
7.5
8.5
2
2
Localização
Indicado na figura 5 e 6
Energia produzida (kWh)
8.25
9.35
Energia total produzida (kWh)
98.55
99.65
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
27
Na figura seguinte apresenta-se a localização dos aerogeradores a instalar:
h/ano
0.0 - 390.0
390.1 - 713.8
713.9 - 1,003.5
1,003.6 - 1,276.2
1,276.3 - 1,548.9
1,549.0 - 1,889.7
A
1,889.8 - 2,281.6
2,281.7 - 2,656.5
B
2,656.6 - 2,980.3
2,980.4 - 3,235.9
3,236.0 - 3,474.5
3,474.6 - 3,764.2
3,764.3 - 4,309.5
Figura 5 - Localização dos aerogeradores (A) e caracterização do recurso eólico na zona circundante ao bairro pescadores (B).
Cenário 3
Edificado
Cenário 4 (sobreposto no cenário 3)
Área de protecção de Património
Arqueológico
Aerogeradores (cen ários 3 e 4)
Figura 6 - Implantação no terreno dos painéis fotovoltaicos e aerogeradores, considerando o cenário 3 e 4
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Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
28
O custo deste cenário é da ordem de 560.000 €, correspondendo à solução mais económica das
apresentadas. À semelhança do cenário 1, esta solução apresenta as vantagens de ser uma instalação
concentrada de painéis solares numa zona ocupada pelo chorão (Carpobrutus edulis), com uma menor
área ocupada (580 m2). A instalações do aerogeradores introduz impacte visual e sonoro, embora o ruído
provocado seja facilmente integrado no ruído ambiente. A mais-valia da conjugação de várias fontes de
energia renovável para além de maximizar os recursos existentes, será um desafio ao nível da capacidade
de gestão dos diferentes sistemas de produção e sua integração numa solução única.
2.3. 3.4 - Cenário 4
O cenário 4 (Figura 6) considera a instalação de 35 kW de painéis fotovoltaicos por cima do bairro dos
pescadores e aproximadamente 40kW nos telhados de algumas habitações (restaurante, balneário e casa
de frio/arrumos de Câmara Municipal).
Este cenário considera ainda a instalação de duas turbinas eólicas. A localização das mesmas está
representada na Figura 5. No caso do concorrente 1 considera-se a instalação de uma turbina de 5 kW e
uma turbina de 2.5 kW. Para o concorrente 2 considerou-se a instalação de uma turbina de 6 kW e uma de
2.5 kW. Ambas as turbinas estariam apoiadas numa torre de 9 m.
O cenário 4 encontra-se resumido Tabela 4. O custo deste cenário ronda os 590.000 €. As conclusões
deste cenário são semelhantes à do cenário 3 apenas com a diferença dos painéis fotovoltaicos estarem
distribuídos entre os telhados de várias habitações e a zona localizada por cima do bairro dos pescadores,
com uma ocupação de cerca de 290m2, povoada por chorão das areias. A instalações do aerogeradores
introduz impacte visual e sonoro, embora o ruído provocado seja facilmente integrado no ruído ambiente.
Estudo de Incidências Ambientais
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29
Tabela 4 – Caracterização do cenário 4.
Cenário 4
Concorrente 1
Concorrente 2
Solar fotovoltaico – conjunto 1
Potência instalada (kW)
35
Nº painéis
Área ocupada (sem espaço entre painéis) (m2)
Localização
223
154
289.9
292.6
Por cima do bairro dos pescadores
Orientação do painel
Sudeste (- 45º)
Inclinação
Óptima (29º)
Energia produzida (kWh)
45.15
Solar fotovoltaico – conjunto 2
Potência instalada (kW)
Nº painéis
Área ocupada (sem espaço entre painéis)
Localização
38.7
38.2
215
147
(m2)
280
No telhado das habitações
Orientação do painel
Sudeste (- 45º)
Inclinação
Energia produzida (kWh)
Quase horizontal
46.053
45.482
7.5
8.5
2
2
Eólico
Potência instalada (kW)
Nº aerogeradores
Localização
Indicado na figura 5 e 6
Energia produzida (kWh)
8.25
9.35
99.453
99.982
Energia total produzida (kWh)
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30
2.3.3.5 – Cenário 5
Com o objectivo de introduzir uma segunda fonte de geração de energia renovável ao sistema de produção
de energia eléctrica construiu-se um quinto cenário utilizando energia solar concentrada (CSP). A energia
solar concentrada consiste num conjunto de espelhos que concentram a radiação solar num ponto
atingindo temperturas elevadas.
Esse calor produzido serve como fonte para produção de energia eléctrica. Uma das tecnologias
disponíveis baseada no conceito de energia solar concentrada é o disco de stirling, solução que é proposta
neste cenário.
O cenário 5 considera a instalação de, simultaneamente, energia solar fotovoltaica e energia solar
concentrada (ESC) com o objectivo de ter uma complementaridade de soluções de produção de energia
eléctrica com base no recuso renovável.
Tabela 5 – Caracterização do cenário 5.
Cenário 5
Concorrente 1
Concorrente 2
Solar fotovoltaico
Potência instalada (kW)
Nº painéis
Área ocupada (sem espaço entre painéis) (m2)
Localização
Orientação do painel
69
384
266
499.2
505.4
Por cima do bairro dos pescadores
Sudeste (- 45º)
Inclinação
Energia produzida (kWh)
Óptima (29º)
89.01
89.01
Energia solar concentrada (ESC)
Potência instalada (kW)
11
Nº estruturas
1
Área ocupada (m2)
Localização
± 8.5
Por cima do bairro dos pescadores
Enegia produzida (kWh)
Energia total produzida (kWh)
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16.5
46.053
45.482
31
Figura 7 - Imagem de um disco de Stirling com 11 kW de potência
A Figura 7 apresenta um exemplo de um disco de stirling (Energia Solar Concentrada). Este equipamento
tem um diâmetro aproximado de 8.5m, será localizado por cima do bairro dos pescadores tal como
representado na figura 3. O custo deste cenário é o mais elevado de todos, da ordem dos 600.000€, com
alguma incerteza associada ao custo do disco de Stirling. Esta solução apresenta como vantagem o facto
de não ter impacte em termo de ruído. O principal impacte deste cenário é o impacte visual, provocado pelo
disco de Stirling.
2.3.3.6 - Cenário 6: Não realização do projecto
Uma das alternativas consideradas neste trabalho é a não realização do projecto. Obviamente que será
mantida a situação de referência, não havendo portanto impactes ambientais negativos e/ou positivos
adicionais para a lém dos existentes.
Este cenário irá manter a problemática associada à produção de energia eléctrica na Ilha, recorrendo
obrigatoriamente aos geradores a diesel. Continuaram a persistir os impactes ambientais associados a
esta prática, nomeadamente o ruído, as emissões de CO2 e os riscos associados ao transporte e
manuseamento do diesel em ambiente marinho.
Este cenário contraria a ambiciosa política nacional energética de promoção do uso de energias renováveis
e impede que sejam atingidos os objectivos do protocolo de Quioto. Além do mais, é de todo inconcebível
que uma Área Protegida não seja uma montra de utilização de recursos renováveis.
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32
2.3.4 - Características Técnicas dos Equipamentos
O projecto é composto pelos seguintes equipamentos: Painéis fotovoltaicos, cabos, torres, casa das
baterias.
2.3.4.1 - Painéis Fotovoltaicos
Os catálogos dos painéis fotovoltaicos apresentam-se nos Anexos I e II, sendo os painéis propostos pelos
concorrentes 1 e 2 respectivamente.
Fixação ao solo
A fixação ao solo dos painéis fotovoltaicos será feita com base em dois métodos alternativos:

Blocos de betão com utilização de fixação mecânica (espessura mínima dos blocos 100 mm e um
peso mínimo de 900 kg);

Fixação directa no terreno com utilização de resina química (terá de existir argamassa de
nivelamento). A resina química a utilizar é resina para fixações com a percentagem mais baixa de
componentes tóxicos existente, não contendo fenol ou mercaptano.
Estrutura de suporte
O esquema da estrutura de suporte encontra-se representado no Anexo III. Poderão existir alterações à
disposição dos painéis face ao representado nas figuras.
Os cabos de ligação às baterias e posteriormente às casas do Bairro dos Pescadores, será feita via
superficial em calha técnica. O percurso dos cabos será tanto quanto possível, utilizando os trilhos já
definidos na ilha existentes junto ao Bairro dos Pescadores (ver Figura 8).
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33
2.3.4.2 - Aerogeradores
Nos cenários apresentados anteriormente, o concorrente 1 utiliza os aerogeradores Fortis Montana 5 kW e
Turban 2,5 kW desenvolvido pelo INETI. O concorrente 2 utiliza os aerogeradores Proven 6 kW e Turban
2.5 kW. Os catálogos dos aerogeradores descritos são apresentados no Anexo IV.
Fixação ao solo – Fundações
A fixação dos aerogeradores ao solo será feita através de estruturas de betão que variam de dimensões
em função do aerogerador utilizado. Assim, para o aerogerador Proven 6 kW as fundações terão as
seguintes dimensões: 3 x 3 x 1.2 m (comprimento x largura x profundidade). Para o aerogerador Fortis
Montana 5 kW, as fundações terão as seguintes dimensões 2.5 x 2.5 x 1 m (comprimento x largura x
profundidade). A fundação do aerogerador Turban 2,5 kW terá aproximadamente as seguintes dimensões:
2 x 2 x 1 m (comprimento x largura x profundidade).
Para auxiliar o processo de montagem, uma segunda fundação será necessária por cada aerogerador.
Essa fundação terá as seguintes dimensões: 1.5 x 1.5 x 1 m (comprimento x largura x profundidade). Em
função das características especificas da localização dos aerogeradores o número de fundações auxiliares
poderá ser optimizado, reduzindo o seu número e as suas dimensões.
Torre
As torres dos aerogeradores serão tubulares metálicos com uma altura não superior a 18 metros.
2.3.5 – Traçado dos cabos
Conforme o descrito na Figura 8, foi definido um traçado dos cabos de fornecimento de energia eléctrica o
qual aproveita os caminhos/trilhos já existentes na Ilha. Por exemplo, no que diz respeito ao fornecimento
de energia ao Forte de São João Baptista, foi considerado o caminho já existente. A mesma situação
deverá ser considerada para as outras infra-estruturas (restaurante, apoio de campismo, mini-mercado,
ect).
Os novos caminhos que serão abertos são aqueles que estão identificados a vermelho na Figura 8, e que
essencialmente serão os cabos que têm como ponto de partida os paineis fotovoltaicos. Quanto aos
aerogeradores, será utilizado o caminho já existente na ilha.
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34
Legenda:
Caminhos/trilhos já existentes
Área ocupada pelos painéis fotovoltaicos
Localização dos aerogeradores
Tr açado dos cabos (proposto)
Figura 8 - Localização dos painéis fotovoltaicos, aerogeradores e definição do traçado dos cabos
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35
2.3.6 – Planeamento do projecto
De seguida (Tabela 6), apresenta-se um cronograma de trabalhos relativo à construção da componente
energética com recurso a fontes de energia renovável (FER), que está sujeito a alterações em função das
condições climatéricas verificadas ou do tempo de entrega do equipamento.
Tabela 6 – Cronograma de trabalhos de implementação dos equipamentos
Tarefas
Projecto Berlenga – Sistema de Energia
Duração
Elaboração e apresentação do projecto
8 dias
2
Aprovisionamento
15 dias
3
Fabrico e inspecção
13 dias
4
Transporte de equipamento
7 dias
5
12 dias
10
Preparação da zona de intervenção
Fornecimento, montagem e construção dos
equipamentos de acordo com o projecto de
execução aprovado
Comissionamento e ensaios de execução
aprovado
Inspecção final dos sistemas
Ensaio do sistema global e verificação de
garantias
Serviço experimental e recepção
11
Entrada em exploração do sistema
7
8
9
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S2
S3
S4
S5
S6
S7
35 dias
1
6
S1
10 dias
6 dias
6 dias
6 dias
6 dias
6 dias
36
3 – Caracterização do Ambiente Afectado
3.1 – Localização geográfica
Situado no Atlântico Nordeste, o Arquipélago das Berlengas dista cerca de 5.7 milhas do Cabo Carvoeiro,
sendo composto por três grupos de ilhas: a Berlenga com alguns ilhéus e recifes adjacentes, as Estelas e
os Farilhões–Forcadas (Figura 9). Estes grupos de ilhas estendem-se para NNW da Berlenga, segundo um
comprimento de pouco mais de 4 milhas. O arquipélago tem uma superfície terrestre aproximada de 104
ha. A Berlenga, a maior das ilhas, ocupa uma área emersa de 78.8 ha. Adicionalmente, os ilhéus e recifes
em seu redor ocupam uma área emersa de 3.8 ha.
Figura 9 - Localização geográfica do Arquipélago das Berlengas
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37
Devido à forma bastante recortada da interface terra-mar, a Berlenga tem um perímetro de cerca 4 km
(Figura 10). Aquele valor pode ser considerado relativamente importante para uma ilha rochosa que mede
aproximadamente 1500 metros de comprimento por 800 metros de largura.
2
Em termos administrativos, as ilhas foram incluídas no concelho de Peniche, com cerca de 77,7 km de
superfície total, situadas na orla superior da plataforma costeira portuguesa, na latitude de 39º 20’ N. Na
proximidade da costa continental portuguesa, as Berlengas constituem actualmente o único conjunto de
ilhas rochosas, com características geográficas de arquipélago oceânico.
Figura 10 - Mapa do Arquipélago das Berlengas
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38
3.2 – Caracterização biofísica do local
(adaptado do Dossier de Candidatura da Berlenga a Reserva da Biosfera)
3.2.1 - Clima
Portugal situa-se entre as latitudes de 37º e 42º Norte, ficando desta forma nas vizinhanças de um limite
importante da circulação atmosférica. No Verão está sob a influência das massas de ar associadas ao
anticiclone subtropical dos Açores, que origina tempo seco e estável, e, no Inverno, sob as massas de ar
dos sistemas frontais das depressões das latitudes médias, que produzem tempo chuvoso e instável.
Tendo em conta a acção destes fenómenos atmosféricos distinguem-se duas grandes variedades de clima
no continente português: o Atlântico que se faz sentir mais a norte, sobretudo no NW, e o Mediterrâneo que
caracteriza a parte sul. No norte registam-se as mais elevadas precipitações e as mais baixas temperaturas
médias anuais.
Para além destes factores mais gerais que condicionam o clima de Portugal e apesar da sua extensão ser
relativamente pequena, Portugal continental tem um clima que varia significativamente de região para
região e de local para local. As principais causas da variação são o relevo, a latitude, a distância ao mar e,
para as regiões da faixa litoral, a orientação dominante da linha da costa.
A orientação da linha de costa é um factor climático relevante na definição climática da Reserva Natural das
Berlengas dada a sua localização no mar perto da costa W de Portugal continental. Este factor determina a
direcção das brisas locais, com variação de periodicidade diurna, geradas pelo desigual aquecimento e
arrefecimento das superfícies do mar e da terra.
O efeito conjunto da circulação geral na região e das brisas locais determina o regime do vento na costa. O
enquadramento geofísico associado ao regime de vento na costa origina fenómenos de afloramento
costeiro (upwelling), caracterizado pela subida das águas frias profundas junto à costa, que condicionam o
clima da região e contribuem para a elevada produtividade das águas.
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39
3.2.2 - Vento
O regime do vento na costa é determinado pelo efeito conjunto da circulação atmosférica de larga escala e
das brisas locais de variação periódica diurna. Os ventos predominantes na faixa costeira ocidental sopram,
em geral, de N e NW. Quando a circulação geral origina calma, na faixa costeira ocidental sopra uma brisa
de W ou NW durante o dia, com máxima intensidade para o fim da tarde. Durante a noite a brisa sopra de E
ou SE com máxima intensidade de madrugada. Esta variação diurna do vento é particularmente importante
quando a amplitude térmica diurna é elevada, isto é, quando o céu está pouco nublado ou limpo.
Nas condições meteorológicas que predominam na região, que provocam vento do quadrante W, o efeito
das brisas origina, em geral, o aumento da velocidade do vento para o fim da tarde e a sua diminuição de
madrugada. Por outro lado, em condições que originam vento do quadrante E, o vento tende a aumentar de
velocidade durante a madrugada e a diminuir durante o dia, devido ao efeito das brisas.
Em especial durante o Verão, o vento sopra de N ou NW (regime de nortada) na faixa costeira de Portugal
continental, devido à acção conjunta do anticiclone dos Açores, da depressão de origem térmica formada
na Península Ibérica e da brisa marítima. O aumento do gradiente horizontal de pressão sobre esta região
provoca um aumento de velocidade do vento, com máximos para o fim da tarde e mínimos durante a
madrugada.
Os ventos mais fortes são geralmente de SW associados a depressões muito cavadas. Nestas condições o
vento é na maioria dos casos mais intenso na parte norte da costa ocidental, onde atinge normalmente
valores superiores a 28 nós. Os ventos de terra (do quadrante E) normalmente não excedem os 16 nós de
velocidade. Durante a aproximação e passagem de um sistema frontal o vento roda, em geral, de S ou SW
para NW no sentido dos ponteiros do relógio.
3.2.3 - Nevoeiro e neblina
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40
O nevoeiro forma-se por condensação de vapor de água do ar, em condições de estabilidade, nas camadas
mais baixas da atmosfera. Os processos de formação de nevoeiro no mar e em terra são diferentes e, em
muitos casos, quando ocorre nevoeiro no mar não ocorre em terra e vice-versa.
No mar, junto à costa ocidental o nevoeiro ocorre com mais frequência de Verão, durante a madrugada e
manhã. Este tipo de nevoeiro forma-se por arrefecimento, com o aumento de estabilidade e condensação
do vapor de água da camada mais baixa da atmosfera, quando o ar marítimo se desloca lentamente de W
para E, por acção de vento fraco, e encontra as regiões de baixa temperatura da água do mar á superfície
junto à costa. O nevoeiro tende a dissipar-se, para a tarde, como consequência do aquecimento e da
intensidade da brisa. O nevoeiro afecta a costa ocidental com maior frequência e intensidade a norte do
Cabo Carvoeiro.
No Inverno, em toda a costa o nevoeiro forma-se em especial durante a noite (em condições de vento
fraco, situação anticiclónica e céu limpo), quando uma massa de ar frio e estável se desloca sobre uma
superfície relativamente quente. Nesta época do ano existem também condições favoráveis à ocorrência de
nevoeiros frontais, associados ao grande contraste térmico entre uma massa de ar quente (sector quente
do sistema frontal) e uma massa de ar frio relativamente estável e ao vento fraco. A neblina tem a mesma
origem que o nevoeiro, ocorre em condições semelhantes, mas, corresponde a situações em que a
visibilidade é reduzida a cerca de 1 a 5 km.
3.3 – Qualidade do ar
As infra-estruturas presentes na ilha que provocam emissões atmosféricas são as seguintes:

Restaurante : chaminé da cozinha e zona do grelhador;

Casa das máquinas: geradores a gasóleo;

Bairro dos pescadores: chaminés de cozinha;

Embarcações motorizadas, incluindo os barcos dos pescadores, e barcos de transporte de
passageiros;

Tractor pertencente à Direcção-Geral de Faróis;

Minimercado: grelhador.
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41
Figura 11 - Casa de máquinas dos geradores a gasóleo:
pormenor da saída dos gases de combustão
Figura 12 - Evidência de contaminação nas imediações da casa
de máquinas
De referir que as emissões gasosas dos geradores a diesel nunca foram monitorizadas. Também não
existe qualquer registo da existência de caracterização da qualidade do ar naquele local.
Foi estimado que de acordo com o consumo de gasóleo efectuado na ilha, no ano de 2008 de 15 000 litros,
resultaram na produção de cerca de 40 toneladas de dióxido de carbono.
3.4 – Ambiente sonoro
Em situação de referência, na ilha da Berlenga, as únicas fontes de ruído significativas existentes no local
são os seguintes:

Actividade inerente ao farol;

Tractor pertencente à Direcção-Geral de Faróis;

Geradores de energia eléctrica;

Embarcações motorizados;

Restaurante, nos meses de verão;

Fauna existente na ilha, com predominância de gaivotas;

Visitantes da ilha.
De referir ainda as actividades humanas ruidosas, que são de maior intensidade no período do verão, altura
esta em que a Ilha da Berlenga recebe várias centenas visitantes diariamente.
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42
Em termos de caracterização das fontes ruidosas mais significativas, foi efectuado uma caracterização de
ruído, no âmbito da realização do mapa de ruído, encomendado pela Câmara Municipal de Peniche. O
estudo foi realizado pela empresa ESTA - Laboratório de Monitorização Ambiental. As caracterizações
foram efectuadas no dia 1 de Junho de 2005. O relatório de ruído fica remetido para o Anexo V .
Cada ponto encontra-se localizado por intermédio das suas coordenadas e dum excerto da cartografia.
1)
Fonte pontual – gerador da EDP
Tabela 7 – Medições de ruído efectuadas junto ao gerador da EDP
Ponto
Coordenadas
LAeq (dBA)
Data
Hora
-27314.06
60.5
01-06-2005
11:00
-27324.05
71
01-06-2005
11:16
X
Y
1
-118174.85
2
-118169.48
2
1
Figura 13 - Localização dos pontos de medição de ruído junto ao gerador da EDP
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43
2)
Fonte pontual – gerador do Forte
Tabela 8 – Medições de ruído efectuadas junto ao gerador do forte
Ponto
Coordenadas
LAeq (dBA)
Data
Hora
-27638.75
66.8
01-06-2005
12:08
-27635.24
68.4
01-06-2005
12:16
X
Y
1
-118587.61
2
-118587.05
2
1
Figura 14 - Localização dos pontos de medição de ruído junto ao gerador do forte
3.5 - Geologia e geomorfologia
A caracterização geológica do arquipélago foi feita com base na notícia explicativa da Carta Geológica de
Portugal, Folha 26-C, Peniche, IG, dos ilhéus das Berlengas, Estelas e Farilhões. Na Berlenga existem dois
tipos principais de granito: o vermelho e o esbranquiçado. O granito vermelho domina, constituindo a quase
totalidade da ilha, aflorando o granito esbranquiçado apenas a NE e SW, desta. Os granitos são calcoalcalinos, monzoníticos, biotíticos cujo grão varia desde fino a grosseiro. Intrusivos nas rochas graníticas
aparecem filões e massas de aplito-pegmatíticos de maior ou menor dimensão, muitos não cartografáveis
mas que se podem observar localmente.
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44
A ocorrência desta fracturação terá certamente tido influência, conjuntamente com outros factores, nos
processos de erosão marinha, na constituição de numerosas grutas de maior ou menor dimensão e
reentrâncias onde se acumulam areias de praia, sendo também visíveis alguns terraços marinhos dando
origem às formações quaternárias que também se encontram presentes sobretudo na Berlenga, apesar da
sua expressão ser reduzida e observável apenas localmente. De seguida apresenta-se a Carta geológica
do Arquipélago das Berlengas (Figura 15).
Figura 15 - Carta geológica do arquipélago das Berlengas
3.5.1 – Topografia
A cartografia dos declives, permite-nos visualizar a ilha da Berlenga e realçar as arribas mais abruptas,
sobressaindo a zona planáltica e o estreito istmo que, através de declives abruptos, liga a parte NE da ilha,
conhecida por Ilha Velha, à sua parte SE. Nestas zonas planálticas os declives são muito suaves ou
praticamente nulos (0º a 0,1º - 9,9º).
Verifica-se que a zona onde as arribas são praticamente verticais se situa na ilha da Berlenga junto à Cova
do Sono, o que pode ser observado na vista parcial em situação de SW, a zona mais espectacular, logo
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45
seguida da arriba virada a NW do Vale da Quebrada, e a nordeste, na ilha Velha, em frente ao ilhéu
Maldito.
Em qualquer destas situações se passa da zona de planalto para o mar em declives muito acentuados,
praticamente na vertical no primeiro caso, e quase na vertical nos restantes casos. De realçar ainda que é
apenas na ilha Velha que podemos observar uma área mais extensa, situada a sudeste, com declives mais
moderados ainda que acentuados (10º a 45º), precisamente uma área muito utilizada pelas gaivotas, que aí
provocam forte erosão do solo e nitrificação.
3.5.2 - Hidrologia e hidrogeologia
A natureza das rochas e as suas formas não permitem a formação de linhas de água nem armazenamento
ou acumulação significativa de água doce. Quando as arribas são mais espraiadas, ou seja menos
abruptas, formam uma espécie de vales nas arribas permitindo a escorrência da água. Existem poucas
situações destas, sendo mais visível topograficamente a linha de escorrência do vale da Quebrada e a do
Vale da gruta das Pombas, e com uma dimensão mais reduzida a que termina na pequena garganta do Zé
da Carolina.
Dada a grande fracturação da rocha já referida, nalgumas grutas em situação de concha, é possível a
acumulação de águas pluviais de escorrência, em pequenas quantidades, detectáveis localmente, mas
insuficientes par abastecimento humano regular.
Esta situação conduziu à necessidade de construir cisternas para abastecimento de água doce. Este é
efectuado por captação pluvial, complementada nos períodos de maior carência pelo abastecimento feito a
partir de Peniche, através de embarcações que transportam regularmente água da rede pública até à ilha.
Pode-se portanto considerar, em termos práticos, que não existem recursos hídricos de superfície ou
provenientes de aquíferos, apenas pequenos reservatórios, construídos há muito, para recolha de água
doce de escorrência, como por exemplo na Gruta da Praia do Carreiro do Mosteiro, e na Gruta da Praia do
Carreiro da Fortaleza. Estas reservas de água são actualmente incipientes e impróprias para consumo
humano, devido ao mau estado de conservação dos reservatórios.
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46
3.6 – Uso do Solo
O arquipélago é dominado por zonas apédicas, sendo que as áreas de solos existentes têm reduzida
dimensão e características de elevada vulnerabilidade às condições climáticas, não possuindo interesse
para as actividades agrícolas.
Figura 16 - Carta de solos do arquipélago das Berlengas
Na ilha da Berlenga, a mancha de solos existente é dominada por zonas apédicas de afloramentos
rochosos de granito (Figura 16). Na ilha Velha apenas são referidos os afloramentos rochosos de granito ou
quartzodiorito (Arg). Na Berlenga coexistem dois tipos de solos com horizontes reduzidos, numa mancha
alongada no sentido NE / SW constituída por Og + Eg + Arg, bordejada e dominada por zonas apédicas de
afloramentos rochosos de granito (Arg).
Esta mancha é constituída maioritariamente por Solos Litólicos Húmicos de Rankers de granitos ou
quartzodioritos (Og) em consociação com Litossolos dos Climas de Regime Xérico de granitos ou
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47
quartzodioritos (Eg), caracterizando-se estes últimos por serem esqueléticos de regime xérico. Nesta
mancha de consociação ainda aparecem afloramentos rochosos apédicos intercalados.
Localmente poderão existir, em qualquer das ilhas, manchas de solo com dimensão muito reduzida e
características idênticas às que já foram referidas, mas não podem ser devidamente cartografadas à escala
1:5.000.
Solos da Reserva Agrícola Nacional (RAN)
Os solos das ilhas do arquipélago possuem características inerentes às tipologias descritas, que não os
incluem nas capacidades de uso abrangidas pela Reserva Agrícola Nacional (RAN), não estando por isso
abarcados por esta classificação. Além disso, a maior parte das ilhas é constituída por superfícies
apédicas.
3.7 – Ecologia : fauna e flora
A informação utilizada neste capítulo foi retirada do Dossier de Candidatura da Berlenga a Reserva da
Biosfera da UNESCO, e complementada com dados e cartografia disponibilizados pelo ICNB.
A importância das Berlengas enquanto ecossistema insular, o valor biológico da área marinha envolvente, o
elevado interesse botânico, o seu papel enquanto habitat de nidificação e local de passagem migratória de
avifauna marinha e a presença de interessante património arqueológico subaquático contribuíram para que
em Setembro de 1981 o arquipélago fosse classificado como Reserva Natural.
Em 1998, a Reserva Natural da Berlenga é reclassificada (tendo em conta o novo enquadramento legal das
áreas protegidas (Decreto-Lei nº 19/93, de 23 de Janeiro) passando-se a designar por Reserva Natural das
Berlengas, constituída por todo o arquipélago das Berlengas e uma área de Reserva Marinha, passando
assim a fazer parte da rede nacional de Áreas Protegidas.
O valor e importância desta área para a conservação da biodiversidade a nível europeu foram
posteriormente reconhecidos ao ser classificada como Zona de Protecção Especial (ZPE) para Aves
Selvagens (Directiva n.º 79/409/CEE) e integrada na Rede Natura 2000 (Directiva Habitats 92/43/CEE).
Estudo de Incidências Ambientais
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48
Como habitats com particular significância para a conservação da diversidade biológica destacam-se
aqueles que se encontram classificados ao abrigo da Directiva Habitats (Directiva 92/43/CEE, transposta
para o quadro legal nacional pelo Decreto- Lei n.º 49/2005) a saber:

1170 Recifes

1230 Falésias com vegetação das costas atlânticas e bálticas

1310 Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais das zonas lodosas e arenosas

1420 Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi)

1430 Matos halonitrófilos (Pegano-Salsoletea)

8330 Grutas marinhas submersas ou semi-submersas
Merecem especial distinção os recifes (1170), de origem rochosa, e as grutas marinhas submersas ou
semi-submersas (8330), onde vivem comunidades bentónicas vegetais e animais (algumas de elevado
valor económico e importância na economia local) e onde ocorrem comunidades não bentónicas
associadas em apreciável estado de conservação.
As falésias costeiras expostas aos fortes ventos marítimos assumem particular importância, possibilitando a
existência de vegetação de fendas mais ou menos terrosas, própria de rochedos graníticos litorais (1230).
De seguida apresenta-se uma breve descrição dos principais tipos de habitats que cobrem a área terrestre
e área marinha.
3.7.1 - Área Terrestre
Flora e habitats
Na área terrestre da ilha da Berlenga ocorre uma repartição muito fragmentada dos habitats sendo que na
Primavera (época correspondente à cobertura máxima pela vegetação), o recobrimento é pouco elevado
nos afloramentos rochosos e nas falésias e muito elevado nos restantes habitats.
De notar que a riqueza florística é elevada nas zonas antrópicas (farol, aldeia dos pescadores) uma vez
que nestas zonas estão presentes tanto as espécies endémicas como as espécies ruderais, e na zonas
onde a presença de gaivotas é mais reduzida/habitats ‘cascalheiras consolidadas’ e solos esqueléticos’.
A riqueza florística é mais baixa nas zonas onde a pressão da colónia de gaivotas é elevada, nas zonas
onde está presente o Carpobrotus edulis e onde dominam os habitats com vegetação pioneira ou adaptada
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49
a situações particulares (afloramentos rochosos, falésia halófitas). De seguida apresenta-se uma breve
descrição dos principais tipos de habitats que cobrem a área terrestre, por ordem de representatividade em
termos de área ocupada.
3.7.1.1 - Cascalheiras consolidadas
Estas zonas são caracterizadas por depósitos de fragmentos de granito, de dimensões variáveis, nas
encostas de quase toda a periferia da ilha da Berlenga ou pontualmente no planalto como resultado da
actividade humana e meteorização da rocha mãe. Este fenómeno, que resulta da fragmentação,
degradação e acumulação do granito ao longo do tempo é concordante com a antiguidade do maciço
granítico do qual faz parte a ilha. Possui o habitat rochoso do Anexo B-I ao Decreto-Lei n.º 49/2005
(Directiva Habitats) denominado por ‘Falésias com vegetação das costas atlânticas e bálticas (1230), com
vegetação de fendas mais ou menos terrosas de rochedos graníticos litorais e expostos aos ventos
marítimos.
Espécies características
Aqui desenvolve-se uma vegetação de espécies hemicriptófitas, com ramos robustos e prostrados ou em
roseta de folhas aderentes aos solo tais como Silene latifolia subsp. mariziana, Echium rosulatum,
Calendula suffruticosa subsp. algarbiensis. Destaca-se ainda a presença de Angelica pachycarpa e Armeria
berlengensis.
Processos naturais importantes
A vegetação natural diminui a acção dos processos erosivos abrandando o processo de aplanamento da
ilha constituindo um refúgio de biodiversidade onde se incluem espécies raras ou endémicas como
Angelica pachycarpa e Armeria berlengensis.
Principais impactes humanos
Os principais impactes com origem antrópica resultam essencialmente da presença de pessoas que
utilizam os trilhos pedestres e o acesso aos pesqueiros e que por vezes circulam fora dos locais indicados.
Nestes locais ocorre o pisoteio com eliminação ou deterioração das plantas acentuando-se o processo
erosivo.
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50
Por outro lado, nos casos em que os trilhos atravessam áreas de maior concentração de espécies
alóctones com carácter invasivo existe o risco de ocorrer alastramento dessas espécies, com o impacte
inerente sobre as espécies endémicas.
Práticas de gestão relevantes
As principais orientações de gestão são: impedir a introdução de espécies não autóctones/controlar as
alóctones invasoras (Carpobrotus edulis e Oxalis pes-caprae), assegurar que a limpeza dos trilhos é
efectuada de forma selectiva preservando as espécies endémicas, manter a circulação pedonal dentro dos
trilhos definidos, fiscalizar o acesso aos pesqueiros.
3.7.1.2 - Solos esqueléticos
São áreas com uma acumulação restrita de solo ou com solo muito compactado que ocorrem sobretudo na
zona mais alta e aplanada da Berlenga.
Espécies características
Desenvolvem-se plantas de pequeno porte, ramificadas ou com as folhas dispostas em roseta: Herniaria
berlengiana, Crassula tillaea, Trifolium suffocatum, Poa infirma, Evax pygmea subsp. pygmea, Plantago
coronopus, etc. A esta vegetação de ocorrência precoce sucede um conjunto de espécies de maiores
dimensões e mais generalista como Silena sabriflora e Pulicaria microcephala.
Processos naturais importantes
A vegetação natural diminui a acção dos processos erosivos abrandando o processo de aplanamento da
ilha.
Principais impactes humanos
Os mesmos que para as cascalheiras descritos acima.
Práticas de gestão relevantes
As mesmas que para as cascalheiras descritos acima.
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3.7.1.3 - Falésias halófitas
Correspondem às encostas sobranceiras ao mar expostas aos ventos marítimos carregados de sal
(salsugem) e à exposição vertical. Possui três dos habitats rochosos da Directiva Habitats (Decreto-Lei n.º
49/2005): Nos casos em que Suaeda vera é a espécie dominante está-se na presença do Habitat ‘Matos
Halófilos mediterrânicos e termoatlânticos do subtipo Comunidades de Suaeda vera (1420pt5)’, nos casos
em que a vegetação é geralmente dominada por Crithmum maritimum o habitat é denominado por ‘Falésias
com vegetação das costas atlânticas e bálticas (1230)’ e nos casos em que Cochlearia danica é dominante
o habitat é ‘Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais de zonas arenosas e lodosas
subtipo vegetação anual de arribas litorais atlânticas (1310pt5)’.
Espécies características
São características desta comunidade Suaeda vera, Crithmum maritimum, Lavatera arborea, Spergularia
rupicola, Cochlearia danica, Dactylis marina e Armeria berlengensis. Em termos faunísticos algumas zonas
assumem especial relevância para as espécies de aves marinhas que nidificam, sobretudo nos locais mais
escarpados.
Processos naturais importantes
A vegetação natural diminui a acção dos processos erosivos abrandando o processo de aplanamento da
ilha constituindo um refúgio de biodiversidade onde se incluem espécies raras ou endémicas como
Angelica pachycarpa e Armeria berlengensis.
Principais impactes humanos
Os principais impactes com origem antrópica resultam essencialmente da presença de pessoas que por
vezes circulam fora dos locais indicados nomeadamente fora dos acessos aos pesqueiros. Nestes locais
ocorre o pisoteio com eliminação ou deterioração das plantas acentuando-se o processo erosivo. A
aproximação de pessoas aos locais de nidificação das espécies marinhas, quer seja para observação
directa quer seja para pescar, é um outro factor de perturbação para aquelas espécies.
Práticas de gestão relevantes
A gestão passa por: manter a circulação pedonal dentro dos locais definidos, fiscalizar o acesso aos
pesqueiros, condicionar o acesso às áreas de nidificação, ordenar/regulamentar a actividade de
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observação das espécies da fauna e condicionar a pesca nas proximidades das arribas na época de
nidificação das espécies.
3.7.1.4 - Afloramentos rochosos
Formações rochosas, com numerosas fendas, onde se desenvolve vegetação dispersa e de pequeno porte
(rasteira) possuindo os Habitats ‘Matos halonitrofilos (1430)’ e ‘Falésias com vegetação das costas
atlânticas e bálticas (1230)’.
Espécies características
Presença frequente de Frankenia laevis, Lobularia maritima, Umbilicus rupestris, Armeria berlengensis,
Angelica pachycarpa, Herniaria lusitanica entre outras.
Processos naturais importantes
A vegetação natural diminui a acção dos processos erosivos abrandando o processo de aplanamento da
ilha constituindo um refúgio de biodiversidade onde se incluem espécies raras ou endémicas como
Angelica pachycarpa, Herniaria lusitanica e Armeria berlengensis.
Principais impactes humanos
Os principais impactes com origem antrópica resultam essencialmente da presença de pessoas que por
vezes circulam fora dos locais indicados nomeadamente fora dos acessos aos pesqueiros. Nestes locais
ocorre o pisoteio com eliminação ou deterioração das plantas acentuando-se o processo erosivo.
Práticas de gestão relevantes
As principais orientações de gestão são: manter a circulação pedonal dentro dos locais definidos e fiscalizar
o acesso aos pesqueiros.
3.7.2 - Área marinha
3.7.2.1 - Sistema litoral
Corresponde às profundidades que vão desde a zona acima do nível das marés mas atingidas pelo
rebentar das ondas até à profundidade de 200 m, a qual corresponde à profundidade média do bordo da
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plataforma continental na costa Portuguesa. São áreas importantes para as espécies de peixes com
interesse comercial e também como zonas de concentração e alimentação de aves marinhas que nidificam
na Berlenga e de cetáceos.
Inclui o habitat ‘Recifes (1170)’ da Directiva Habitats, sendo constituído por substratos rochosos e/ou outros
substractos de origem biológica (recifes de Sabelaria). Suporta comunidades bentónicas vegetais e
animais, bem como comunidades não bentónicas associadas. Habitat caracterizado por uma diversidade
biológica muito elevada.
Apresenta sazonalmente um crescimento muito acentuado dos povoamentos de algas, que durante a
Primavera e Verão dominam toda a paisagem subaquática até à profundidades onde a luz é suficiente (ca.
30 m).
Um outro habitat de importante valor conservacionista constante da Directiva Habitats são as ‘Grutas
marinhas submersas ou semi-submersas (8330).
Nos fundos dominados pela ocorrência de sedimentos móveis ocorrem organismos endobentónicos
suspensívoros e depositívoros.
Espécies características
As espécies características da zona das marés são: Fucus spiralis, Ulva rigida, Melaraphes neritoides,
Chthamalus montagui, Mytilus galloprovincialis; Pollicipes pollicipes, Palaemon serratus, Parablennius spp.
Espécies características das zonas inferiores: Cystoseira usneoides, Laminaria ochroleuca, Codium spp.,
Actinia equina, Anemonia sulcata, Spirographis spallanzanii, Octopus vulgaris, Paracentrotus lividus,
Marthasterias glacialis, Maja squinado, Palinurus elephas, Galathea strigosa, Cionia intestinalis Clavelina
lepadiformes, Epinephelus marginatus, Conger conger, Dicentrarchus labrax, Diplodus spp..
Processos naturais importantes
Corresponde à zona eufótica, onde decorrem os principais processos de produção primária no oceano,
sustentando biomassas elevadas de fitoplâncton e macroalgas, bem como de peixes e invertebrados
planctónicos e bentónicos. Ocorrem intensas trocas entre os domínios pelágico e bentónico, através da
chuva de detritos, da produção de larvas de invertebrados bentónicos e das interacções tróficas.
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Importantes populações de peixes e invertebrados com elevado valor comercial ocorrem nesta zona, a qual
serve também de habitat de alimentação de aves e mamíferos marinhos.
Principais impactes humanos
Apesar da legislação em vigor para a RNB limitar pesca comercial e a apanha de marisco (são interditas as
seguintes actividades: utilização de artes de arrastar e de emalhar, a utilização de armadilhas de abrigo, a
prática da caça submarina, pesca ilegal de percebe, a captura do mero e a apanha de algas), estas
limitações são muitas vezes ignoradas e algumas actividades são praticadas de forma ilegal.
Entre outras artes utilizadas ilegalmente dentro da área marinha protegida, a utilização de artes de arrastar
será talvez aquela que mais efeitos nocivos terá para o ambiente marinho sendo relatado com muita
frequência a presença de embarcações a operarem este tipo de arte na área da RNB.
Verifica-se também, entre outras actividades não permitidas, a caça submarina, maioritariamente na zona
dos Farilhões, e relativamente aos percebes (crustáceo cirrípede), a recolha fora da época, a apanha em
zonas interditas e a apanha com a utilização de escafandro autónomo.
Por outro lado ocorre ainda:

danificação dos fundos marinhos e consequente afectação das algas associadas em
consequência do efeito de erosão causado pelas âncoras e fateixas para fundear as embarcações
de recreio;

aumento dos resíduos, nomeadamente plásticos, devido ao seu abandono por parte dos turistas
que usufruem da praia e da ilha em geral, os quais acabam por alcançar o mar;

diminuição da transparência da água devido ao enriquecimento de nutrientes provocado pelo
despejo dos efluentes líquidos sem tratamento adequado produzidos na zona do Bairro dos
pescadores e da Fortaleza.
Práticas de gestão relevantes
Entre as orientações de gestão destaca-se o incremento da fiscalização de forma a impedir a utilização de
artes de pesca ou actividades ilegais. Neste âmbito reveste-se de particular relevância a gestão da apanha
do percebe através do zonamento das áreas de apanha e do envolvimento dos próprios mariscadores que
constituíram uma Associação local com o objectivo de desenvolver acções que de forma directa ou
indirecta promovam a conservação e a sustentabilidade económica deste recurso.
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Para além deste aspecto, outras medidas de gestão estão a ser implementadas, nomeadamente: ordenar
as actividades de recreio e lazer, ordenar a prática de desporto da natureza, regular o tráfego de
embarcações e o estabelecimento de zonas de amarração, condicionar o acesso às grutas, promover o
tratamento das águas residuais antes do seu lançamento ao mar.
3.7.2.2 - Mar profundo
Estas áreas localizam-se abaixo dos 200 m de profundidade, caracterizando-se por águas profundas que
podem ir até aos 520 m de profundidade. Corresponde a uma área restrita na escarpa do canhão da
Nazaré na zona Norte da Reserva, possuindo substracto rochoso.
Espécies características
O declive íngreme das desta zona é dominado por uma mistura de filtradoressuspensívoros e filtradoresdetritívoros como corais (Scleractinia) destacando-se Lophelia pertusa, gorgónias (Alcyonidae), leques-domar (Pennatulidae), anémonas (Actiniaria) e também ouriços-do-mar (Echinoidea) Cidaris cidaris.
Processos naturais importantes
Zona de transição entre a plataforma costeira e o mar profundo, caracterizada por correntes ascendentes
ricas em nutrientes e por intensos fluxos de sedimentos que transportam fitodetritos para zonas mais
profundas. Sustenta uma megafauna filtradora/suspensívora diversificada.
Principais impactes humanos
Apesar da legislação em vigor para a RNB limitar a pesca comercial e a apanha de marisco na área
protegida sendo interditas algumas actividades, estas limitações são muitas vezes ignoradas e algumas
actividades são praticadas de forma ilegal.
Práticas de gestão relevantes
A gestão destas áreas passa sobretudo por um incremento da fiscalização e pela utilização/fomento das
actividades piscatórias tradicionais de forma a compatibilizar a actividade económica com a conservação
dos recursos.
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56
3.7.3 - Biodiversidade específica
De seguida apresentam-se os aspectos mais relevantes acerca do valor e importância desta área para a
conservação da biodiversidade das espécies.
3.7.3.1 - Flora marinha
É reconhecido que a flora marinha do arquipélago das Berlengas tem elevado interesse biológico. No
entanto, apesar da área marinha representar cerca de 99% da área total da Área Protegida, não existem
trabalhos publicados ao nível de revistas científicas internacionais e as referências existentes referem-se
exclusivamente a dois trabalhos publicados em relatório (Gaspar, 1993 e Bengala et al.1997 do IMAR Instituto do Mar, Centro Interdisciplinar de Coimbra).
No trabalho de Raquel Gaspar, desenvolvido em 10 estações de recolha com um mergulho em cada (entre
os -5 e os -25 m), foram recolhidas 56 espécies de macroalgas(em que 14 constituem novos registos para
a região das Berlengas e dois para a região da flora algal de Portugal), sendo 5 espécies da divisão
Chloropyta, 12 da divisão Phaeophyta e 36 da divisão Rhodophyta . Não foram detectadas grandes
diferenças entre as costas Sul e Norte da Ilha da Berlenga mas destaca-se um local especial (local
Primavera) pela sua elevada diversidade no que se refere à abundância, tamanho e diversidade das
espécies. Foi aqui também que encontrou a espécie Scinaia forcellata. Nas Estelas, a diversidade de
espécies é reduzida sendo que o povoamento dominante é composto por briozoários, esponjas e
hidrozoários. Também nesta zona (Medas), e contrastando com as populações na Ilha da Berlenga, a
autora destaca a abundância de algas da divisão Rhodophyta.
Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de investigação do IMAR em 1997 tiveram um objectivo diferente.
Estes investigadores realizaram quatro campanhas de amostragens (Novembro 1995, Março de 1996,
Junho 1996 e Setembro de 1996) que tiveram como objectivo principal estabelecer a variação sazonal de
algumas espécies com maior expressão. Relativamente às clorófitas, a comunidade é dominada por quatro
espécies de Codium (C. elongatum, C. vermilara, C. tomentosum, C. adhaerens) que na Ilha da Berlenga
tem como espécie mais abundante o Codium elongatum. Esta espécie apresenta uma sazonalidade
bastante vincada com valores de biomassa muito elevados no Outono (290 g m-2) e uma redução drástica
no Inverno e Primavera (2 g m-2).
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Relativamente às algas castanhas a espécie mais abundante é o Fucus spiralis, que se desenvolve em
cinturas logo acima do nível da maré baixa em locais com hidrodinamismo médio. Para esta alga a
biomassa máxima atingida foi em Novembro (612 g m-2) e a mínima em Março (149 g m-2) depois do
Inverno e antecedendo o período reprodutivo. As algas vermelhas mais representativas são a Asparagopsis
armata que é uma espécie invasora exótica e várias espécies de algas coralinas. Asparagopsis armata
atinge o máximo de biomassa em Junho com valores da ordem dos 3131 g m-2, e um mínimo em
Novembro (0.1 g m-2).
Em relação ao estatuto de conservação, as únicas algas de que se tem conhecimento estarem em
regressão são as algas castanhas da família das laminárias (Laminaria hyperborea. L. ochroleuca,
Sachorizza polysiches), não se sabendo no entanto as razões que levam a este decréscimo histórico. Dos
trabalhos realizados ressalta-se a necessidade de proteger algumas zonas com maior diversidade
específica e de tomar cuidados particulares durante a Primavera, época em que as algas se estão a
reproduzir.
Segundo Bengala et al. (1997) as razões da abundância e riqueza da flora algológica das Berlengas estão
relacionadas com a baixa influência antropogénica, com a elevada transparência da água durante a
estação de crescimento que permite elevadas taxas de crescimento, e com a natureza dura e rugosa do
substrato rochoso que oferece uma superfície ideal de fixação. Na região do arquipélago não existem
povoamentos de plantas vasculares marinhas.
3.7.3.2 - Flora terrestre
Em termos fitogeográficos o arquipélago das Berlengas situa-se na Província Gaditano-Onubo-Algarviense,
mais concretamente no chamado Superdistrito Berlenguense, que possui características geológicas
(granitos e gneisses) e climáticas (termomediterrâneo) muito próprias que se reflectem na flora e vegetação
existente nestas ilhas. As principais associações fitossociológicas presentes são Scrophulario rupicolaeArmerietum berlengensis, Scrophulario sublyratae-Suaedetum verae e Sagino maritimae-Cochlearietum
danicae (Costa et al, 1998).
As ilhas encontram-se praticamente desprovidas de árvores, com excepção de alguma figueira (Ficus
carica) ou oliveira (Olea europaea), de pequeno porte, sendo a vegetação dominada essencialmente por
ervas perenes ou anuais. As principais formações vegetais presentes ocorrem em mosaico, normalmente
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muito fragmentadas e reflectem a heterogeneidade topográfica e edáfica das ilhas (Tauleigne Gomes et al,
2004).
No entanto, as características únicas, nomeadamente a geografia e o clima, conduziram à especiação de
três endemismos florísticos. Assim, entre um elenco florístico de 135 taxa presentes no arquipélago,
destacam-se, pelo enorme valor conservacionista Armeria berlengensis, Herniaria lusitanica subsp.
berlengiana e Pulicaria microcephala que são taxa endémicos das Berlengas, sendo que os dois primeiros
constam do Anexo II da Directiva Habitats.
Armeria berlengensis possui um estatuto taxonómico bem definido e consensual, apesar de ser aparentada
com A. pungens e A. welwitschii, ambas continentais e com as quais pode originar fenómenos de
híbridação (Castroviejo et al, 1990).
Apesar de na Flora Ibérica Herniaria berlengiana ter sido tratada como subespécie de Herniaria lusitanica,
não deixa de ser um taxon endémico das Berlengas, com habitat e hábito muito próprios (Castroviejo et al,
1990).
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59
Figura 17 - Distribuição de Armeria berlengensis na Ilha Berlenga
Para alguns autores, a composta Pulicaria microcephala, apesar de apresentar características e habitat
próprios, parece ser uma variante de P. paludosa, que se encontra na maior parte na costa atlântica
portuguesa (Franco & Afonso, 1984). Seja como for, a população do arquipélago das Berlengas não deixa
de ser singular e serão necessários mais estudos para clarificar o seu verdadeiro estatuto taxonómico.
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Figura 18 - Distribuição de Thapsia villosa na Ilha Berlenga
Entre os restantes taxa presentes, podem ser encontrados alguns que embora não sejam endémicos das
Berlengas, possuem distribuição geográfica restrita, sendo endemismos ibéricos ou ocorrendo apenas na
Península Ibérica e no Norte de África, como é o caso Angelica pachycharpa (sendo este um taxa que em
Portugal, ocorre unicamente nas Berlengas), Calendula suffruticosa subsp. algarbiensis, Echium rosulatum,
Linaria amethystea subsp. multipunctata, Narcissus bulbocodium subsp. obesus, Silene latifolia subsp.
mariziana, Silene scabriflora, Scrophularia sublyrata (os três últimos taxa, ocorrem também em Marrocos)
(Tauleigne Gomes et al, 2004).
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Figura 19 - Distribuição da Angelica pachycarpa na Ilha Berlenga
Na Tabela 9 apresenta-se a lista das espécies com maior importância conservacionista que ocorrem na
Reserva Natural das Berlengas, de acordo com o dossier de canidatura a Reserva da Biosfera UNESCO
(2008).
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Tabela 9 – Lista dos taxa com maior importância conservacionista que ocorrem na Reserva (fonte Dossier de candidatura a
Reserva da Biosfera).
Nome científico
Estatuto
Angelica pachycarpa Lange
Ex; Ra; Cs. Eu; CR; EIb
Armeria berlengensis Daveau
Vu; Cs. Eu; DH II, IV; CR; ELu
Calendula suffruticosa Vahl subsp. algarbiensis (Boiss.) Nyman
EIb
Echium rosulatum Lange
EIb
Herniaria lusitanica Chaudhri subsp. berlengiana (Chaudhri) Franco [Herniaria
berlengiana (Chaudhri) Franco]
Linaria amethystea (Lam.) Hoffmanns. & Link subsp. multipunctata (Brot.)
Chater & D.A. Webb
Vu; Ra; Cs. Eu; DH II, IV; VU; ELu
EIb + Mar
Narcissus bulbocodium L. subsp. obesus (Salisb.) Maire
DH-V, EIb + Mar
Plantago coronopus L. subsp. occidentalis (Pilger) Franco
ELu
Pulicaria microcephala Lange
VU; ELu
Scrophularia sublyrata Brot.
Vu; DH-V; EIb
Silene latifolia Poiret subsp. mariziana (Gandoger) Greuter & Burdet
EIb
Silene scabriflora Brot.
EIb + Mar
Legenda:
CR: Criticamente em Perigo, segundo a IUCN Red List Categories – Version 3.1.
Cs. Eu: espécie incluída em "List of Rare, Threatened and Endemic Plants in Europe", Nature and Enviroment, nº14 e nº27,
Strasbourg, Conselho da Europa (1977 e 1983)
DH: Anexo II, IV e V: espécie incluída nos anexos indicados da Directiva Habitats
EIb + Mar: Endemismo Ibérico + Marrocos
EIb: Endemismo Ibérico
ELu: Endemismo Lusitânico
Ex: Espécie em perigo de extinção
Ra: Espécie rara
Vu: Espécie Vulnerável
VU: Vulnerável, segundo a IUCN Red List Categories – Version 3.1.
3.7.3.3 - Fitoplâncton e zooplâncton marinho
Os ecossistemas marinhos pelágicos são sistemas abertos, caracterizados pela existência de poucas
barreiras à circulação, e onde os processos biológicos ocorrem a escalas que podem atingir os milhares de
quilómetros. Algumas escalas características de grande importância na ecologia pelágica do oceano são:
0.01 m, relevante para a difusão de nutrientes, e movimentos e alimentação do fito e do zooplâncton; 100
m, correspondendo à camada eufótica e às migrações verticais do zooplâncton; 100 000 m, onde se nota o
efeito dos vórtices e do afloramento costeiro; 1 000 000 m, escala a que ocorrem as correntes giratórias
das bacias oceânicas.
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Não existem estudos específicos sobre as populações de fitoplâncton do arquipélago das Berlengas, e as
observações sobre processos fitoplanctónicos na costa Portuguesa são raras e de difícil acesso.
Os processos ecológicos susceptíveis de afectar a dinâmica do fitoplâncton da região foram já referidos
anteriormente. Moita & Vilarinho (1999) apresentam um inventário das espécies de fitoplâncton da costa
Portuguesa, baseado numa revisão de literatura de circulação reduzida, em relatórios de cruzeiro do
IPIMAR e em observações não publicadas feitas no âmbito do programa de monitorização de blooms de
fitoplanctontes tóxicos. Este inventário contém um total de 502 espécies e outros taxa de diatomáceas,
dinoflagelados, cocolitoforídeos e flagelados com ocorrências registadas em águas da plataforma
continental a norte do Cabo da Roca. Não são conhecidos problemas de conservação das espécies do
fitoplâncton.
Pardal & Azeiteiro (2001) apresentam informação básica sobre a constituição da comunidade
zooplanctónica na região do arquipélago das Berlengas, com base em 2 cruzeiros realizados em Novembro
de 1997 e em Maio de 1998. Queiroga et al. (2005) reportam a influência de um episódio de afloramento
ocorrido no verão de 1995 sobre a distribuição horizontal do zooplâncton na região de Aveiro.
Este último estudo mostrou que as frentes de afloramento são componentes importantes na estruturação
da comunidade de zooplâncton na costa norte de Portugal, resultando em distintas associações de
espécies transientemente separadas pela frente. Para além dos taxa holoplanctónicos mais típicos, ambos
os estudos indicam que formas meroplanctónicas, sobretudo larvas de invertebrados, são constituintes
importantes do zooplâncton da costa de Portugal.Todas estas espécies são típicas de águas neríticas das
Subregiões Atlântica e Mediterrânea da Região Paleártica (Queiroga et al. 2005).
3.7.3.4 - Invertebrados marinhos
A fauna de invertebrados marinhos do arquipélago das Berlengas não tem sido estudada de uma forma
sistemática. A dinâmica sazonal de algumas espécies da fauna de substrato rochoso da zona litoral foi
estudada por Bengala et al (1997), mas este estudo não indica as metodologias utilizadas, pelo que é de
utilidade limitada para descrever a composição da comunidade. Mais recentemente, foram efectuados dois
trabalhos que permitiram um levantamento das espécies presentes no arquipélago das Berlengas (Morgado
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64
et al 2008; Rodrigues et al., 2008) tendo-se contabilizado, respectivamente, 101 espécies de invertebrados
sublitorais de substrato rochoso e 222 espécies de substrato rochoso e móvel.
Entre os invertebrados marinhos presentes na zona das marés, pelo seu elevado valor comercial, refere-se
o percebe (Pollicipes pollicipes), cuja apanha se encontra regulamentada desde 2000, encontrando-se,
para o efeito, a área zonada em três sectores (sector C onde a apanha é proibida, sector A em que a
apanha é apenas permitida em anos pares, e sector B em que a apanha é apenas permitida em anos
ímpares).
Em 2005, a abundância (percentagem de cobertura primária do substrato duro) de percebe foi semelhante
nos três sectores. Foram encontradas diferenças significativas entre a percentagem de cobertura do
percebe que ocorre na parte inferior da zona intertidal, e que é mais explorado (percebe de baixo; 6%), e a
percentagem de cobertura do percebe que ocorre mais em cima na zona intertidal (percebe de cima; 41%).
A biomassa em 15x15 cm de áreas com percebes (peso escorrido) foi significativamente superior no
percebe de cima (valor médio de 162 g) do que no percebe de baixo (valor médio de 65 g) e não foram
encontradas diferenças de biomassa entre os três sectores. A análise do tamanho (RC – distância máxima
entre as placas Rostrum e Carina) dos percebes permitiu verificar que o percebe de baixo era maior que o
percebe de cima e que, mais uma vez, não foram encontradas diferenças significativas entre os três
sectores.
No entanto, as estimativas de percentagem de área explorada recentemente (AER, áreas que se
distinguem facilmente da área não explorada por análise de imagem) nos três sectores, efectuadas através
da análise de fotografias e imagens de vídeo obtidas no terreno, foram diferentes nos três sectores durante
o Verão ((cerca do dobro da AER nos sectores A e B (6%) relativamente ao sector C (3%)), e semelhantes
entre sectores e mais baixas no início do Inverno (<3%). Não foram encontradas diferenças significativas
entre os três sectores no respeitante ao número de juvenis fixos em adultos. Este número foi mais elevado
em percebes de cima que em percebes de baixo.
A recuperação das áreas exploradas depende da altura do ano (a principal época de fixação das larvas é o
Verão e Outono, com base em Cruz (2000), trabalho efectuado na costa alentejana) e pode ser muito
favorecida se, aquando da apanha, não forem capturados alguns percebes junto aos dos grupos
explorados. O percebe distribui-se de forma gregária e os próprios percebes adultos são um substrato
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65
muito importante para a fixação das larvas desta espécie, pelo que a recuperação do percebe nas áreas
assim exploradas pode ser mais facilmente efectuada a partir dos indivíduos que não foram explorados.
Com base em Cruz (2000), foi estimado que um percebe possa atingir no máximo 22 mm (RC) num ano.
No entanto, são poucos os dados sobre o crescimento desta espécie e existe elevada variabilidade
individual.
3.7.3.5 - Ictiofauna marinha
Para a área da Reserva Natural das Berlengas (RNB) estão referenciadas setenta e seis (76) espécies de
peixes (Rodrigues et al., 2008). Fazendo parte deste grupo estão os pequenos pelágicos sardinha (Sardina
pilchardus), sarda (Scomber scombrus), cavala (Scomber japonicus) e carapau (Trachurus trachurus), que
são as espécies mais importantes capturadas pela arte de cerco, principal arte usada pela frota de barcos
ligeiros de Peniche.
Além destes, é de referir também a existência, na área da RNB, do congro (Conger conger), e de algumas
espécies de raias (Raja spp., que merecem destaque pois são também outros recursos pesqueiros
desembarcados (em grande quantidade) no porto de Peniche. A família mais numerosa em termos de
espécies é a Sparidae (Esparídeos), com 11 espécies. Fazem parte deste grupo, espécies comercialmente
importantes como os sargos (Diplodus spp.), os pargos (Pagrus spp.) e a dourada (Sparus aurata), entre
outros.
Este é, sem dúvida, o grupo mais procurado pelos pescadores desportivos, actividade legal que se
desenvolve durante todo o ano na área marinha protegida, com especial incidência na zona das Estelas,
considerada a área mais rica em peixe da RNB.
Um dos problemas conservacionistas associados a este grupo de vertebrados é a existência, na área da
RNB, do mero Epinephelus marginatus, espécie da família Serranidae, considerada “Em Perigo” pela IUCN
(International Union for Conservation of Nature and Natural Resources) na sua lista de espécies
ameaçadas de 2007, e que é procurada por muitos, especialmente pelos praticantes de caça submarina.
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3.7.3.6 - Herpetofauna
A Herpetocenose das Berlengas é constituída por uma população de Podarcis carbonelli berlengensis, de
densidade muito elevada e por uma população de Lacerta lepida que, actualmente, não atingirá 10
indivíduos. Ambas as populações ficaram isoladas no arquipélago desde a última glaciação tendo
desenvolvido atributos comportamentais e /ou morfológicos únicos.
A lagartixa-das-Berlengas (Podarcis carbonelli berlengensis) é uma subespécie endémica da fauna
portuguesa, apresentando características particulares derivadas da insularidade a que foi e é sujeita,
possuindo por este motivo um alto valor intrínseco. Até há pouco tempo, com base em caracteres
morfológicos, considerava-se que a população da ilha das Berlengas constituía uma subespécie de
Podarcis bocagei: Podarcis bocagei berlengensis.
Contudo, estudos genéticos demonstraram que os indivíduos desta ilha não são geneticamente diferentes
das populações continentais de Podarcis carbonelli, embora possam atingir maiores dimensões corporais,
devendo passar a ser designados por Podarcis carbonelli berlengensis (Sá-Sousa et al. 2000, Harris & SáSousa 2001, Sá-Sousa & Harris 2002).
Esta subespécie caracteriza-se e distingue-se das formas continentais pelo seu padrão ventral (escamas
brancas pigmentadas de negro), pelo seu gigantismo somático, aspecto robusto e por um focinho mais
arredondado. Diferenças morfológicas são também encontradas entre as populações da ilha da Berlenga e
do Farilhão Grande (Luz et al. 2006).
Em termos conservacionistas é uma espécie de elevado valor possuindo, segundo o Livro Vermelho dos
Vertebrados de Portugal (ICN, 2006), o estatuto de Vulnerável. A espécie Lacerta lepida é o maior Lagarto
europeu, existindo apenas no Sul de França, Norte de Itália, Espanha e Portugal.
As populações encontram-se em regressão em Itália e em França, onde parecem estar a ser substituídos
por outros Lacertídeos. As populações Portuguesas e Espanholas, eram tidas até há relativamente poucos
anos como muito abundantes, mas a crescente urbanização e a utilização massiva de pesticidas na
agricultura, terão contribuído para a sua drástica diminuição nas duas últimas décadas.
Estudo de Incidências Ambientais
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67
Existem doze populações insulares, duas em França, nove em Espanha e apenas uma em Portugal, na Ilha
da Berlenga. No entanto, segundo estudos genéticos da população (Paulo & Dias 1999), não existe uma
acentuada diferenciação da Ilha da Berlenga em relação às restantes amostras e não existe uma
considerável diferenciação dentro do conjunto de amostras do Oeste Central Português, parecendo haver
um acentuado fluxo genético entre estas populações. É assim provável que a colonização da Berlenga seja
pós-glaciar, possivelmente com 6 000 a 8 000 anos de diferenciação, mas que está muito longe de poder
ser considerada como uma subespécie, tratando-se apenas de uma população localmente diferenciada.
Apresenta-se de seguida o mapa dos núcleos populacionais dos lagartos, segundo dados disponibilizados
pelo ICNB.
Lagarto-ocelado (Lacerta lepida) núcleo histórico e
actualmente núcleo principal da população residual. Há
observações de pelo menos 2 indivíduos de 2006 a
2008 nesta área. De 1996 a 1998 foi a área com maior
densidade 9 a 10 indivíduos.
Lagarto-ocelado (Lacerta lepida) indivíduos
observados em 2008.
Lagarto-ocelado (Lacerta lepida) núcleo populacional
histórico, actualmente residual. De 1996 a 1998
observados 2 indivíduos.
Lagarto-ocelado (Lacerta lepida) núcleo populacional
histórico, com 1 casal observado em 2002.
Trilho actual
Caminho cimentado
Casa da dessanilizadora (telhado com painéis
solares – projecto piloto Lab. Sustentabilidade)
Casa do gerador
Figura 20 - Mapa dos núcleos populacionais dos lagartos existentes na ilha (Fonte ICNB)
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68
Nos poucos vales existentes que resultam da erosão de algumas falhas de menor resistência, a fixação de
solo assume certa importância, chegando este a atingir profundidades de cerca de um metro. Nestes vales
existe um pouco mais de humidade atmosférica e só aí se mantêm plantas vivazes e anuais. É
exactamente nestas zonas de solo desenvolvido que se torna viável a existência de tocas, sendo aí que se
concentram todos os animais cujo modo de vida requer este tipo de abrigo, entre eles Lacerta lepida.
Perante estes constrangimentos, Lacerta lepida adaptou-se a uma forma de vida colonial típica, o que teve,
entre outras consequências, a selecção de indivíduos menos agressivos que os conspecíficos continentais,
capazes de ritualizar os comportamentos agonísticos. Deve ter sido este o factor fundamental que veio
permitir a sua subsistência numa situação de aglomeração populacional (Vicente & Paulo, 1989).
Existem dados de monitorização da população de Lacerta lepida na Berlenga desde 1984 altura em que a
população se situaria abaixo dos 200 indivíduos, sendo que em 1996 a população atingiu um efectivo
extremamente reduzido de apenas 25 indivíduos. Além do declínio numérico dos efectivos existe também
uma redução no espaço ocupado pela espécie. Tal declínio parece ter sido determinado inicialmente por
uma reduzida taxa de sobrevivência nos estágios pré-natais, predação dos ovos por Rattus rattus e durante
a fase juvenil (primeiro ano).
Na ausência de qualquer tipo de intervenção a população extingue-se rapidamente, devido a factores
intrínsecos resultantes da já diminuta dimensão da população, acelerada pela persistência de factores
extrínsecos, como a predação por ratos, gaivotas e cães.
Na tentativa de ‘salvar’ a população da extinção têm sido desenvolvidos esforços que, para além da
erradicação da população de gaivotas e controle do ratos, passam pela captura de indivíduos para
reprodução em cativeiro e correspondentes acções de repovoamento a partir dos indivíduos nascidos em
cativeiro, tendo-se reintroduzido 15 indivíduos em 1999 e 6 em 2000.
Segundo os dados mais recentes a população actual de Lacerta lepida terá menos de 10 indivíduos
(Maymone et al. 2001).
Estudo de Incidências Ambientais
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69
3.7.3.7 - Avifauna
No caso das aves, embora o número de espécies presente seja reduzido, o facto do arquipélago se situar
numa zona de transição biogeográfica, assume especial relevância pois algumas das espécies que aqui
nidificam encontram-se no limite Sul da sua área de distribuição e outras no seu limite Norte. A avifauna do
Arquipélago das Berlengas é relevante sobretudo pelas aves marinhas.
De facto, e além da grande diversidade observável nas águas circundantes, o arquipélago é um importante
local de nidificação para estas aves, havendo, globalmente, registos de nidificação de 7 espécies: gaivotade-patas-amarelas (Larus cachinnans), gaivota-d’asa escura (Larus fuscus), gaivota-tridáctila (Rissa
tridactyla), Galheta ou corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis), cagarra (Calonectris diomedea),
airo (Uria aalge) e roquinho ou alma-de-mestre (Oceanodroma castro). De seguida, apresenta-se a
distribuição das aves marinhas mais importantes, na forma de mapa.
Figura 21 - Nidificação do Airo no Arquipélago das Berlengas (fonte ICNB)
Estudo de Incidências Ambientais
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70
Figura 22 - Localização das colónias de cagarra detectadas na ilha Berlenga na época de reprodução (fonte ICNB)
Figura 23 - Nidificação do corvo-marinho (fonte ICNB)
Estudo de Incidências Ambientais
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71
Larus cachinnans é, de longe, a mais abundante, apresentando uma marcada expansão ao longo do
tempo: a população nidificante seria de cerca de 1.000 casais em 1939 tendo aumentado, de forma
consistente, para cerca de 32.000 aves em 1995 e diminuído depois, em resultado da implementação de
várias medidas de gestão (eliminação de indivíduos voadores e destruição de posturas), para pouco mais
de 20.000 indivíduos no presente (Lockley, 1952 Morais 1995a).
No extremo oposto, Uria aalge (Airo) está, enquanto espécie nidificante, no limiar da extinção local, sendo
de assinalar o declínio progressivo da população de cerca de6 000 casais em 1939 (Lockley, 1952) para
um número de indivíduos que não deverá atingir a dezena, na actualidade. O arquipélago das Berlengas
constitui o limite sul da área de distribuição desta espécie, sendo também o único local de nidificação em
Portugal.
Rissa tridactyla está também em regressão, não tendo nidificado na zona nos últimos anos. À semelhança
da espécie anterior, o limite sul de distribuição desta espécie coincide com o arquipélago das Berlengas.
Quanto à população nidificante de Calonectris diomedea (Cagarra) esta terá, de acordo com Lecoq (2003)
aumentado na década de 80, sendo de 123 o número máximo de casais confirmados em 2002. Estimativas
posteriores baseadas em censos mais rigorosos realizados em 2005, apontam para cerca de 250-300
casais reprodutores na ilha da Berlenga e 450-500 no Farilhão Grande, totalizando cerca de 700-800 casais
para o arquipélago (M. Lecoq, com.pess.).
Algumas acções ligeiras de gestão desta população têm sido implementadas, consistindo essencialmente
na promoção das condições de nidificação pela construção de cavidades artificiais, utilizáveis como ninho.
De referir que, em Portugal continental, o arquipélago das Berlengas é o único local de reprodução desta
espécie, cuja área de distribuição se prolonga para Sul. Na ilha da Berlenga os ninhos encontram-se
dispersos por numerosas colónias.
As novas colónias localizam-se frequentemente nas inúmeras zonas de escorrência dispersas pela ilha, em
zonas com calhaus de média a grande dimensão, em zonas onde o solo é suficientemente profundo para
permitir que as aves escavem os ninhos ou em locais inacessíveis nas falésias da ilha.
Estudo de Incidências Ambientais
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72
A população de Phalacrocorax aristotelis (corvo-marinho) tem também aumentado gradualmente tendo sido
o tamanho da população nidificante estimado em 79 a 105 casais em 2002 (Lecoq 2003). Em Portugal
continental o arquipélago das Berlengas alberga o mais importante núcleo reprodutor do país.
Destaca-se ainda o facto do arquipélago albergar a única colónia de Oceanodroma castro conhecida perto
do continente europeu, com uma população estimada de 200- 400 casais (Granadeiro et al. 1997).
Para além destas espécies, na ilha da Berlenga residem 3 espécies terrestres que aí nidificam a saber:
peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) (1 casal), falcão-peregrino (Falco peregrinus) (1 casal) e rabirruivo
(Phoenicurus ochruros).
O conjunto destas espécies apresenta um elevaíssimo valor conservacionista no contexto europeu na
medida em que, dependendo de cada caso, o arquipélago das Berlengas constitui a única ou a mais
importante zona de nidificação na região ou no continente Europeu, ou constitui o limite sul ou norte de
nidificação, muitas delas constam do Anexo I da Directiva Europeia Aves (Directiva 79/409/CEE) e,
simultaneamente apresentam um estatuto de ameaça (ICN, 2006):

Calonectris diomedea (cagarra): em termos de estatuto de ameaça em Portugal continental a
espécie é considerada ‘Vulnerável’, nidificando apenas no arquipélago das Berlengas. Outros
instrumentos legais: Anexo II da Convenção de Berna;

Uria aalge (Airo): em termos de estatuto de ameaça em Portugal continental a espécie é
considerada ‘Criticamente em Perigo’;

Oceanodroma castro: em termos de estatuto de ameaça em Portugal a espécie é considerada
‘Vulnerável’, nidificando apenas nos Farilhões.
Outros instrumentos legais: Anexo II da Convenção de Berna;

Falco peregrinus: em termos de estatuto de ameaça em Portugal continental a espécie é
considerada ‘Vulnerável’. Outros instrumentos legais: Anexo II da Convenção de Berna e Anexo II
da Convenção de Bona.
Complementarmente, esta área assume ainda alguma relevância como local denparagem e repouso de
algumas espécies de aves migratórias (e.g. Hieraaetus pennatus e Luscinia svecica ambos constantes no
Anexo I da Directiva Aves).
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73
3.7.3.8 - Mamofauna
Na parte terrestre da reserva apenas estão presentes duas espécies de mamíferos: o coelho-comum
(Oryctolagus cunniculus) e o rato-preto (Rattus rattus). Ambas as espécies terão sido introduzidas na ilha
da Berlenga. No caso do coelho a introdução terá sido, eventualmente, com fins cinegéticos, onde era
abundantemente caçado quando esta era uma coutada real, no reinado de D. Afonso V.
No caso do rato-preto é plausível supor que, estando a sua expansão intimamente associada à actividade
humana, que a sua presença na Berlenga remonte, pelo menos, ao séc. XV” época da construção na ilha
do Mosteiro dos frades da Ordem de S. Jerónimo.
O interesse conservacionista deste grupo foca-se assim na parte marinha. Aqui, as condições
oceanográficas favorecem a ocorrência de uma ictiofauna abundante e variada, que frequentemente inclui
a presença de grandes cardumes de sardinhas (Clupeidae) e de outras espécies planctotróficas, a qual
motiva a presença de diversas espécies de mamíferos marinhos, maioritariamente incluídos na Ordem
Cetaceae, nomeadamente:

Delphinus delphis – Constante do Anexo II da convenção de Berna e dos Anexos II e IV da
Directiva Habitats;

Tursiops truncatus - Constante do Anexo II da convenção de Berna e dos Anexos II e IV da
Directiva Habitats;

Phocoena phocoena - em termos de estatuto de ameaça em Portugal continental a espécie é
considerada ‘Vulnerável’. Consta do Anexo II da convenção de Berna e dos Anexos II e IV da
Directiva Habitats;

Stenella coeruleoalba - Consta do Anexo II da convenção de Berna e do Anexo IV da Directiva
Habitats;

Balaenoptera acutorostrata - em termos de estatuto de ameaça em Portugal continental a espécie
é considerada ‘Vulnerável’. Consta do Anexo II da convenção de Berna e do Anexo IV da Directiva
Habitats;

Ziphius cavirostris - Consta do Anexo II da convenção de Berna e do Anexo IV da Directiva
Habitats.
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74
3.7.4 - Lista de espécies
As espécies mais importantes do ponto de vista conservacionista e/ou comercial apresentam-se
assinaladas com asterisco (*).
3.7.4.1 - Flora
3.7.4.1.1 - Flora Marinha (macroalgas)
Chlorophyta
Derbesia tenuíssima (De Notaris) Crouan frat., 1867
Codium adherens (Cabrera) C. Agardh, 1822
Codium tomentosum (Huds.) Stackh., 1797
Codium vermilara (Olivi) Delle Chiaje, 1829
Ulva rigida C. Agardh, 1824
Phaeophyta
Desmarestia ligulata (Light.) Lamour., 1813
Carpomitra costata (Stackh.) Batters, 1902
Dictyopteris membranacea (Stackh.) Batters, 1902
Dictyota dichotoma (Huds.) Lamour., 1809
Padina pavonica (L.) Lamour., 1816
Colpomenia peregrina (Sauv., 1927
Cystoseira usneoides (L.) Roberts, 1967
Laminaria ochroleuca Pylaie, 1824
Cladostephus spongiosus (Huds.) C. Agardh, 1828
Halopteris filicina (Grateloup) Kütz., 1843
Halopteris scoparia (L.) Sauv., 1907
Fucus spiralis Linnaeus, 1753
Rhodophyta
Bornetia secundiflora (J. Agardh) Thur., 1855
Ceramium ciliatum (J. Ellis) Ducluz., 1809
Ceramium rubrum (Huds.) C. Agardh, 1817
Griffithsia flosculosa (J. Ellis) Batters, 1909
Acrosorium uncinatum (Turner) Kylin, 1924
Apoglossum ruscifolium (Turner) J. Agardh, 1898
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75
Cryptopleura ramosa (Huds.) Kylin ex L. Newton, 1931
Hypoglossum woodwardii Kütz., 1843
Nitopyilum punctatun (Stackh.) Grev., 1830
Chondria coerulescens (J. Agardh) Falkenb., 1901
Laurentia pinnatifida (Huds.) Lamour., 1813 Pág. 104
Pterosiphonia complanata (Clemente) Falkenb., 1901
Amphiroa rigida Lamour., 1816
Corallina elongata J. Ellis & Sol., 1786
Lithophyllun incrustans Phil., 1837
Cryptomenia seminervis J. Agardh, 1876
Callophyllis laciniata (Huds.) Kütz., 1843
Callophyllis flabellata Crouan, 1867
Kallymenia microphylla J. Agardh, 1851
Peyssonelia coriacea J. Feldm., 1941
Rhodophyllis divaricata (Stackh.) Papenfuss, 1950
Gigartina acicularis (Roth) Lamour., 1813
Platoma cyclocolpa F. Schmitz, 1894
Plocamium cartilageneum (L.) Dixon, 1957
Spaerococcus coronopifolius Stackh., 1797
Gelidium latifolium (Grev.) Born. & Thur., 1876
Gelidium pusillum (Stackh.) Le Jolis, 1863
Gelidium sesquipedale (Clemente) Thur. in Born. & Thur., 1876
Pterocladia pinnata (Huds.) Papenfuss. 1955
Scinaia forcellata Biv.-Bern., 1822
Asparagopsis armata Harv., 1855
Champia parvula (C. Agardh) Harv., 1853
Lomentaria clavellosa (Turner) Gaillon, 1828
Rhodymenia delicatula P. A. Dang., 1949
Rhodymenia pseudopalmata (Lamou.) Silva, 1952
Rhodymenia holmesii Ardiss
3.7.4.1.2 - Flora Terrestre
Pteridophyta
Pteridium aquilinum (L.) Kuhn
Asplenium marinum L.
Isoetes histrix Bory
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76
Angiospermae
Agave americana L.
Aira caryophyllea L. subsp. caryophyllea
Allium ampeloprasum L.
Amaranthus blitoides S. Watson
Anagallis arvensis L.
Anagallis monelli L.
Anchusa undulata L.
Andryala arenaria (DC.) Boiss. & Reuter subsp. arenaria
Andryala integrifolia L.
* Angelica pachycarpa Lange
Anthemis arvensis L.
Arctotheca calendula (L.) Levyns
Arisarum simorrhinum Durieu
* Armeria berlengensis Daveau
Arundo plinii Turra
Asparagus aphyllus L.
Astragalus pelecinus L. Barneby subsp. pelecinus
Atriplex prostrata Boucher ex DC.
Avena barbata Link subsp. barbata
Bellardia trixago (L.) All.
Beta maritima L.
Brassica oleracea L.
Briza maxima L.
Bromus hordeaceus L. subsp. hordeaceus
Bromus rigidus Roth
* Calendula suffruticosa Vahl subsp. algarbiensis (Boiss.) Nyman
Carduus tenuiflorus Curtis
Carlina corymbosa L. subsp. corymbosa
Carpobrotus edulis (L.) N. E. Br.
Cerastium glomeratum Thuill.
Chenopodium murale L.
Cochlearia danica L.
Conyza canadensis (L.) Cronq.
Coronopus didymus
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77
Cotula australis (Sieber) Hooker fil.
Cotula coronopifolia L.
Crassula tillaea Lester-Garland
Crepis capillaris (L.) Wallr.
Crithmum maritimum L.
Cuscuta epithymum (L.) Murray
Dactylis marina Borrill
Datura stramonium L.
Daucus carota L.
Desmazeria marina (L.) Druce
Digitalis purpurea L. subsp. purpurea
Ecballium elaterium (L.) A. Rich. subsp. elaterium
* Echium rosulatum Lange
Erodium cicutarium (L.) L'Hér.
Euphorbia characias L. subsp. characias
Euphorbia exigua L.
Euphorbia portlandica L.
Evax pygmaea (L.) Brot. subsp. pygmaea
Ficus carica L.
Frankenia laevis L.
Fumaria muralis Sonder ex Koch
Geranium molle L.
Gymnostyles stolonifera (Brot.) Tutin
Helichrysum stoechas (L.) Moench
Heliotropium europaeum L.
* Herniaria lusitanica Chaudhri subsp. berlengiana (Chaudhri) Franco [Herniaria berlengiana (Chaudhri) Franco]
Holcus lanatus L.
Hordeum murinum L. subsp. leporinum (Link) Arcangeli
Hyoscyamus albus L.
Hypericum humifusum L.
Juncus bufonius L.
Lagurus ovatus L.
Lavatera arborea L.
Lavatera cretica L.
Lemna minor L.
Leontodon taraxacoides (Vill.) Mérat subsp. taraxacoides
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78
* Linaria amethystea (Lam.) Hoffmanns. & Link subsp. multipunctata (Brot.) Chater & D.A. Webb
Linaria spartea (L.) Willd. subsp. spartea
Lobularia maritima (L.) Desv. subsp. maritima
Lolium rigidum Gaudin subsp. rigidum
Lophochloa cristata (L.) Hylander
Lotus subbiflorus Lange subsp. subbiflorus
Medicago littoralis Rhode ex Loisel
Medicago polymorpha L.
Melilotus indicus (L.) All.
Mercurialis ambigua L.
Mercurialis annua L.
Mesembryanthemum crystallinum L.
Montia fontana L. subsp. amporitana Sennen
* Narcissus bulbocodium L. subsp. obesus (Salisb.) Maire
Nicotiana glauca R. C. Graham Pág. 106
Olea europaea L.
Ononis reclinata L.
Ornithopus pinnatus (Miller) Druce
Orobanche amethystea Thuill.
Oxalis pes-caprae L.
Papaver somniferum L. subsp. setigerum (DC.) Arcangeli
Parapholis incurva (L.) C. E. Hubbard
Parietaria judaica L.
Plantago coronopus L. subsp. coronopus
Plantago coronopus L. subsp. occidentalis (Pilger) Franco
Poa infirma Kunth
Polycarpon alsinifolium (Biv.) DC.
Polypogon maritimus Willd
Portulaca oleracea L.
Pseudognaphalium luteum-album (L.) Hilliard & B. L. Burtt
* Pulicaria microcephala Lange
Ranunculus muricatus L.
Ricinus communis L.
Romulea bulbocodium (L.) Sebastitiani & Mauri subsp. bulbocodium
Rumex bucephalophorus L. subsp. gallicus (Steinh.) Rech.
Sagina maritima G. Don
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79
Scrophularia sublyrata Brot.
Sedum andegavense (DC.) Desv.
Senecio gallicus Vill.
* Silene latifolia Poiret subsp. mariziana (Gandoger) Greuter & Burdet
* Silene scabriflora Brot.
Silene uniflora Roth subsp. uniflora
Solanum nigrum L.
Sonchus oleraceus L.
Sonchus tenerrimus L.
Spergula arvensis L.
Spergularia rupicola Lebel ex. Le Jolis
Stachis arvensis (L.) L.
Stellaria media (L.) Vill.
Suaeda vera Forsskal ex J. F. Gmelin
Tamarix africana Poir.
Thapsia villosa L.
Torilis nodosa (L.) Gaertner
Trifolium campestre Schreber
Trifolium glomeratum L.
Trifolium scabrum L.
Trifolium soffocatum L.
Trifolium tomentosum L.
Umbilicus rupestris (Salisb.) Dandy
Urtica membranacea Poir.
Vicia angustifolia L.
Vulpia bromoides (L.) S. F Gray
3.7.4.2 - Fauna
3.7.4.2.1. - Espécies zooplanctónicas mais abundantes – Queiroga et al (2005)
Copepoda
Acartia clausii
Calanus helgolandicus
Candacia armata
Centropages chierchiae
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80
Clausocalanus arcuicornis
Doliolum gegenbauri
Euatides giesbrechet
Euchaeta hebes
Temora longicornis
Siphonofora
Lensia subtilis
Muggiae atlantica
Chaetognatha
Sagitta friderici
Apendicularia
Oikopleura dioica
Decapoda
Polybiinae Zoea I
Thia scutellata Zoea I
Atelecyclus undecimdentatus Zoea I
Carcinus maenas Zoae I
Portumnus latipes Zoea I
Atelecyclus undecimdentatus Zoea IV
Ploybiinae Zoae II
3.7.4.2.2 - Invertebrados marinhos (Rodrigues et al. 2008; Morgado et al. 2008)
Porifera
Adreus fascicularis
Aplysina aerophoba
Axinella damicornis
Axinella polypoides
Axynissa aurantiaca
Ciocalypta penicillus
Clathrina cerebrum
Clathrina clathrus
Cliona celata
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81
Crambe crambe
Crella rosea
Dercitus bucklandi
Dysidea avara
Dysidea fragilis
Geodia cydonium
Guancha lacunosa
Haliclona cinerea
Haliclona fistulosa
Haliclona spp.
Haliclona simulans
Haliclona valliculata
Halicondria sp.
Hemimycale columella
Hymedesmia baculifera
Hymeniacidon perlevis
Ircina oros
Leucosolenia sp.
Oscarella lobularis
Pachimastima johnstonia
Phorbas fictitius
Raspailia ramosa
Spirastrella cunctatrix
Spongia agaricina
Sycon sp.
Tethya aurantium
Cnidaria
Actinia equina
Actinia fragacea
Actinothoe sphyrodeta
Adamsia carciniopados
Aglaophenia pluma
Aglaophenia tubulifera
Aiptasia mutabilis
Alcyonium coralloides
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82
Alcyonium digitatum
Alcyonium glomeratum
Alicia mirabilis
Anemonactis mazeli
Anemonia melanaster
Anemonia sulcata
Anemonia viridis
Anthopleura ballii
Anthopleura biscayensis
Calliactis parasitica
Caryophyllia smithii
Catostylus tagi
Cerianthus membranaceus
Corynactis viridis
Dendrophyllia ramea
Epizoanthus couchi
Eunicella verrucosa
Gymnangium montagui
Leptogorgia sarmentosa
Leptopsammia pruvoti
Nemertesia antennina
Nemertesia ramosa
Paralcyonium spinulosum
Paramuricea clavata
Parazoanthus axinellae
Pelagia noctiluca
Urticina felina
Plathyelminthes
Prostheceraeus moseley
Prostheceraeus roseus
Prostheceraeus vittatus
Echiura
Bonnelia viridis
Anelídae
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83
Alentia gelatinosa
Bispira volutacornis
Filograna implexa
Lanice conchilega
Myxicola infundibulum
Phillodoce sp.
Protula tubularia
Sabella pavonina
Sabella spallanzani
Sabellaria alveolata
Lophophorata
Phoronis hippocrepia
Artropoda
Anapagurus laevis
Anilocra physodes
Balanus sp.
Callianassa sp.
* Carcinus maenas
Chthamalus montagui
Chthamalus stellatus
Eriphia verrucosa
Galathea sp.
Galathea squamifera
Galathea strigosa
Gnathophyllum elegans
* Homarus gammarus
Inachus sp.
Lepas anatifera
Leptomysis lingvura
Lysmata seticaudata
* Maja brachydactyla
Maja squinado
* Necora puber
Pachygrapsus marmoratus
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84
Pagurus prideauxi
* Palaemon elegans
* Palaemon serratus
* Palinurus elephas
Periclimenes sagittifer
* Pollicipes pollicipes
Polybius henslowi
Porcellana platycheles
* Scyllarides latus
* Scyllarus arctus
Xantho incisus
Molusca
Acanthochitona fascicularis
Aplysia depilans
Aplysia fasciata
Aplysia parvula
Aplysia punctata
Berthellina edwardsi
Cadlina laevis
Cadlina pelucida
Calliostoma zizyphinum
* Callista chione
Caloria elegans
Cerastoderma edule *
Chaetopleura angulata
Charonia lampas
Chiton olivaceus
Chlamys pesfelis
Chlamys varia
Chromodoris krohni
Chromodoris luteorosea
Chromodoris purpurea
Crimora papillata
Cuthona ocellata
Cymbium olla
Estudo de Incidências Ambientais
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85
Dendrodoris grandiflora
Diaphorodoris luteocincta
Discodoris atromaculata
Discodoris rosi
* Donax trunculus
Doriopsilla aerolata
Doriopsilla pelseneeri
Dosinia exoleta
Epitonium clathrus
Eubranchus linensis
Facelina annulicornis
Facelina auriculata
Facelina auriculata
Flabellina affinis
Flabellina babai
Flabellina pedata
Gibbula umbilicalis
Haliotis tuberculata
Hermaea variopicta
Hinia reticulata
Hypselodoris cantabrica
Hypselodoris fontandraui
Hypselodoris tricolor
Hypselodoris villafranca
Janolus cristatus
Jorunna tomentosa
Leptochiton cancellatus
Lima lima
Limacia clavigera
Limaria hians
* Loligo forbesii
Marionia blainvillea
* Mytilus sp.
* Mytillus galloprovincialis
Nassarius reticulatus
* Octopus vulgaris
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86
* Ostrea edulis
Patella sp.
Patella vulgata
* Pecten maximus
Polycera faeroensis
Polycera quadrilineata
Psammobia sp.
* ıépia officinalis
Spurilla neapolitana
Trivia monacha
Turritella monterosatoi
Venus verrucosa
Briozoa
Bugula turbinata
Cellepora pumicosa
Flustra foliacea
Membranipora membranacea
Myriapora truncata
Pentapora foliacea
Echinodermata
Aslia lefevrei
Antedon bifida
Asterina gibbosa
Astropartus mediterraneus
Astropecten aranciacus
Centrostephanus longispinus
Coscinasterias tenuispina
Echinaster sepositus
Echinocardium cordatum
Echinus melo
Holothuria arguinensis
Holothuria forskali
Holothuria tubulosa
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87
Marthasterias glacialis
Ophiocomina nigra
Ophioderma longicauda
Ophiothrix fragilis
* Paracentrotus lividus
Pawsonia saxicola
Psammechinus miliaris
* Sphaerechinus granularis
Urochordata
Aplidium elegans
Aplidium proliferum
Aplidium punctum
Botryllus schlosseri
Ciona intestinalis
Clavelina lepadiformes
Didemnum sp.
Diplosoma listerianum
Diplosoma spongiforme
Halocynthia papillosa
Microcosmus sp.
Phalusia fumigata
Phalusia mammilata
Pycnoclavella taureanensis
Stolonica socialis
3.7.4.2.3 - Peixes
Acantholabrus palloni
Anthias anthias
Argyrosomus regius
Arnoglossus laterna
Atherina presbyter
Balistes capriscus
Belone belone
Boops boops
Bothus podas
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88
Callionymus lyra
Centrolabrus exoletus
Chelidonichthys lastoviza
Chelon labrosus
* Conger conger
Coris julis
Ctenolabrus rupestris
Dicentrarchus labrax
Diplodus cervinus
Diplodus sargus
Diplodus vulgaris
* Epinephelus marginatus
Gaidropsarus mediterraneus
Gobius cruentatus
Gobius gasteveni
Gobius niger
Gobius paganellus
Gobius xanthocephalus
Gobiusculus flavescens
Halobatrachus didactylus
Labrus bergylta
Labrus mixtus
Lepadogaster candolii
Lepadogaster lepadogaster
Lipophris pholis
Liza aurata
Mola mola
Mullus surmuletus
Muraena helena
Nerophis lumbriciformes
Oblada melanura
Pagellus erythrinus
Pagrus auriga
Pagrus pagrus
Parablennius gattorugine
Parablennius pilicornis
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89
Parablennius ruber
Parapristipoma octolineatum
Pegusa lascaris
Phycis phycis
Pollachius pollachius
Pomatochistus pictus
Pseudocaranx dentex
Raja brachyura
* Raja clavata
* Raja undulata
Sarda sarda
* Sardina pilchardus
Sarpa salpa
* Scomber japonicus
Scorpaena notata
Scyliorhinus canicula
Seriola rivoliana
Serranus cabrilla
Sparus aurata
Spondyliosoma cantharus
Symphodus bailloni
Symphodus melops
Syngnathus acus
Taurulus bubalis
Thorogobius ephippiatus
Trachinus draco
* Trachurus trachurus
Tripterygion delaisi
Trisopterus luscus
Zeugopterus punctatus
Zeus faber
3.7.4.2.4 – Répteis
* Lacerta lepida Daudin, 1802
* Podarcis carbonelli berlenguensis Vicente 1985
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90
3.7.4.2.5 – Aves
Apus apus Linnaeus, 1758
Arenaria interpres Linnaeus, 1758
Calidris marítima Brunnich, 1764
* Calonectris diomedea Scopoli, 1769
Falco tinnunculus Linnaeus, 1758
* Falco peregrinus Tunstall, 1771
Larus cachinnans Pallas, 1811
Larus fuscus Linnaeus, 1758
Muscicapa striata Pallas 1764
Numenius phaeopus Linnaeus, 1758
* Oceanodroma castro Harcourt, 1851
Oenanthe oenanthe Linnaeus, 1758
* Phalacrocorax aristotelis Linnaeus, 1761
Phoenicurus ochruros SG Gmelin, 1774
Phoenicurus phoenicurus Linnaeus, 1758
Phylloscopus collybita Vieillot, 1817
* Rissa tridactyla Linnaeus, 1758
Sylvia borin Boddaert, 1783
Sylvia communis Latham, 1787
* Uria aalge Pontoppidan, 1763
3.7.4.2.6 – Mamíferos
* Balaenoptera acutorostrata Lacépède,1840
* Delphinus delphis Linnaeus, 1758
Oryctolagus cuniculus Linnaeus, 1758
* Phocoena phocoena (Linnaeus,1758)
Rattus rattus Linnaeus, 1758
* Stenella coeruleoalba (Meyen,1833)
* Tursiops truncatus (Montagu,1821)
* Ziphius cavirostris (G. Cuvier, 1823
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91
3.8 – Paisagem
A paisagem resulta da interacção de vários factores, nomeadamente os factores biofísicos (geomorfologia,
a geologia/litologia, solos e o coberto vegetal) e os factores culturais (acções de natureza antrópica), que
têm manifestações diferentes na organização do território.
Para a caracterização da paisagem no âmbito deste estudo, foram avaliadas as variáveis biofísicas e
culturais de forma a identificar unidades homogéneas (unidades de paisagem). Assim, estas unidades
resultam da conjugação de um conjunto de características homogéneas, que atribuem um carácter único a
cada unidade/subunidade de paisagem identificada. Ao conjunto de características e atributos de cada
unidade de paisagem correspondem níveis de qualidade e fragilidade visual próprios.
A fragilidade visual está relacionada com a capacidade de absorção visual da paisagem. A fragilidade
visual é um atributo subjectivo da paisagem, que tem em conta as suas características estruturais
(morfologia do relevo, declives, linhas de água) e os elementos que a compõem, naturais (como a
vegetação, os afloramentos) ou construídos (áreas urbanas, industriais, agrícolas, infra-estruturas,
albufeiras, etc.). A capacidade de absorção visual é definida como a maior ou menor facilidade de admitir
alterações ou intrusões no seu seio sem afectar negativamente a sua qualidade visual.
Desta forma, a baixa fragilidade visual da paisagem traduz uma realidade em que esta possui uma alta
capacidade de absorver alterações ou novas intrusões. Por outro lado, a elevada fragilidade visual,
pressupõe uma fraca capacidade da paisagem sofrer modificações estruturais ou acolher intrusões visuais.
A capacidade de absorção visual da paisagem está assim relacionada com o conceito anterior, sendo maior
quanto menor for a fragilidade visual e vice-versa.
A qualidade visual é da mesma forma um atributo subjectivo da paisagem, tendo em conta os elementos
que a compõem, como o ritmo orográfico, a vegetação, os elementos construídos, os valores cénicos, as
intrusões, considerando também a diversidade, o contraste, a cor, a textura, a harmonia e a acessibilidade
visual.
É definida como baixa, média ou elevada, consoante a conjugação dos seus atributos cénicos se traduz em
valores de graduação variável, visualmente reconhecidos como mais ou menos significativos.
Estudo de Incidências Ambientais
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92
A sensibilidade da paisagem é função da sua qualidade visual e da sua capacidade de absorção ou
fragilidade visual. É possível definir áreas de elevada sensibilidade paisagística conjugando as que
possuem, simultaneamente, elevada qualidade visual e reduzida capacidade de absorção visual. Do
mesmo modo, quando um destes dois atributos é de valorização média e o outro elevado, também
estaremos em presença de áreas de elevada sensibilidade paisagística.
A Tabela 10 traduz a valorização da sensibilidade paisagística de uma área de estudo ou unidade de
paisagem, a partir dos atributos de qualidade e fragilidade visual da paisagem.
Tabela 10 – Sensibilidade paisagística em função da qualidade e fragilidade visual
Capacidade de Absorção Visual da Paisagem
Qualidade Visual da
Paisagem
BAIXA
MÉDIA
ELEVADA
BAIXA
Sensibilidade média
Sensibilidade baixa
Sensibilidade baixa
MÉDIA
Sensibilidade elevada
Sensibilidade média
Sensibilidade baixa
ELEVADA
Sensibilidade elevada
Sensibilidade elevada
Sensibilidade média
A Berlenga, a maior ilha constituinte do arquipélago, ocupa uma área emersa de 78,8 ha. Devido à forma
bastante recortada da interface terra-mar, a Berlenga tem um perímetro de cerca 4 km, medindo
aproximadamente 1500 metros de comprimento por 800 metros de largura máxima.
Caracteriza-se por um relevo abrupto e bastante recortado, tendo no entanto uma zona central
relativamente aplanada, de contorno irregular e uma altitude média de 87 m. A zona aplanada é limitada
por arribas escarpadas até ao mar. Existem numerosas grutas de diferente dimensão e de pequenas
enseadas que possibilitam a acumulação de areias que originam praias encastradas de reduzido tamanho.
A ilha da Berlenga encontra-se rodeada por vários ilhéus e rochedos, tendo uma predominância de formas
pontiagudas, sendo praticamente inacessíveis. Atendendo às características desta unidade, pode afirmarse que a qualidade visual é media a elevada, pela diversidade de coloridos, texturas e pelo efeito da
compartimentação da paisagem. No entanto, apresenta baixa capacidade de absorção visual, tornando-a
uma área de sensibilidade visual média a elevada.
Estudo de Incidências Ambientais
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93
Regista-se a presença de espécies exóticas e invasoras, que podem comprometer a diversidade biológica
típica deste ecossistema. Regista-se também a presença de infra-estruturas antropogénicas (restaurante,
bairros dos pescadores, casa dos geradores, mini-mercado) que também comprometem a qualidade visual
do local.
Acessibilidade Visual
A paisagem é um recurso natural que tende a ser valorizado, quando apresenta potencialidades turísticas e
pode desempenhar um papel importante no contexto da preservação dos ecossistemas, da biodiversidade
e da manutenção do património natural e cultural. Pode, nessas condições, ser usufruída pelas populações
locais e pelos potenciais turistas ou visitantes que a observam.
A qualidade visual é um tributo determinante para que o usufruto da paisagem possa constituir um polo de
atractividade para a região. Os sistemas de utilização e aproveitamento do solo revelam-se coerentes com
as condições biofísicas presentes e por isso a paisagem parece apresentar-se em equilíbrio funcional e
ecológico.
Para a avaliação da acessibilidade visual da área de estudo foram analisadas as bacias visuais definidas
por um conjunto de pontos notáveis. Estes pontos são locais indicados na Figura 24.
Vista geral sobre o Bairro dos Pescadores e apoio de campismo
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Vista geral sobre o Farol
94
Vista geral sobre as traseiras do Bairro dos Pescadores
Vista geral sobre as ilhas dos Farilhões e Estelas
Casa de máquinas a diesel e respectivos tanques de armazenamento de
combustível
Vista sobre o mini-mercado (Castelinho)
Figura 24 - Pontos notáveis na Ilha Berlenga
Projecção da Situação de Referência
A zona junto ao Bairro dos Pescadores é uma unidade que tenderá a perder qualidade visual e ecológica,
face à propagação e mais rápido crescimento de espécies invasoras. Para além disso, junto ao Bairro dos
pescadores, existe uma concentração de outras infra-estruturas de apoio à ilha, como por exemplo, o minimercado, a casa dos geradores, o restaurante, o cais, que cômputo geral contribuem para a diminuição da
qualidade visual desta unidade paisagística.
De referir ainda outros dois marcos importantes na paisagem da ilha, que são o Farol , situado no ponto
mais elevado da Ilha , e o Forte de S. Baptista. Estes dois elementos são constituintes do património
cultural da ilha, constituindo pontos de visitação.
Estudo de Incidências Ambientais
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95
Nas áreas de protecção total, a tendência será manter o padrão de protecção do solo, que desempenham
uma importante função de protecção. A construção e ocupação na paisagem deverá ser efectuada de
forma prudente e conservadora das suas potencialidades e qualidades.
3.9 – Ordenamento do território
Este capítulo tem como propósito efectuar o enquadramento da Reserva Natural das Berlengas, nos
Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) em vigor para o local, nomeadamente no que concerne ao Plano
de Ordenamento da Reserva Natural das Berlengas (PORNB), aprovado pela Resolução do Concelho de
Ministros nº 180/2008 com publicação no Diário da República, I Série B, nº 228, a 24 de Novembro, bem
como ao Plano Director Municipal (PDM), aprovado pela Resolução do Concelho de Ministros nº 139/95
com publicação no Diário da República, I Série B, nº 265, a 16 de Novembro.
3.9.1 - Plano de Ordenamento da Reserva Natural das Berlengas
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 47/2001, de 10 de Maio, posteriormente alterada pela Resolução
do Conselho de Ministros n.º 6/2005, de 7 de Janeiro, determinou a elaboração do Plano de Ordenamento
da Reserva Natural das Berlengas, o seu acompanhamento e aprovação, em conformidade com o disposto
no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com a redacção conferida pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de
19 de Setembro.
Sendo o PORNB um instrumento de planeamento de natureza Especial, tem como principio estabelecer
regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e o regime de gestão compatível com a utilização
sustentável do território.
No que respeita à área terrestre de intervenção do PORNB, conforme definido nos artigos 12º, 13º, 15º e
17º do Regulamento do mesmo, estão identificadas três tipologias distintas, sujeitas a diferentes regimes
de protecção:
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96
Áreas de protecção total – correspondentes a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos que,
no seu conjunto e do ponto de vista da conservação da natureza, assumem relevância excepcional e
apresentam elevada sensibilidade ecológica;
Áreas de protecção parcial – correspondentes a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos
que, do ponto de vista da conservação da natureza, se assumem no seu conjunto como relevantes ou
excepcionais e apresentam sensibilidade ecológica elevada ou moderada;
Áreas de protecção complementar – correspondentes aos espaços de enquadramento, transição ou
amortecimento de impactes das actividades humanas relativamente a áreas de protecção total ou de
protecção parcial, de uso mais intensivo do solo e dos recursos naturais, onde se pretende compatibilizar a
intervenção humana e o desenvolvimento social e económico local com os valores naturais e paisagísticos
e os objectivos de conservação da natureza.
De acordo com o disposto no Regulamento do PORNB, Artigo 16º, as áreas de protecção parcial são áreas
non aedificandi, onde são permitidos, desde que autorizados pelo ICNB, I. P., um conjunto de acções, entre
as quais, de acordo com alínea g “a realização das acções e a instalação das infra-estruturas necessárias à
concretização do projecto «Berlenga - Laboratório de Sustentabilidade».
Igual disposição está prevista no Artigo 18º, relativo às disposições específicas das áreas de protecção
complementar, que explicita no seu número 4 “São permitidas obras de demolição, reconstrução e
alteração nas edificações existentes nas áreas de protecção complementar, bem como a realização das
acções e a instalação das infra-estruturas necessárias à concretização do projecto «Berlenga – Laboratório
de Sustentabilidade», mediante autorização do ICNB, I. P.”
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
97
Figura 25 - Planta de Síntese – PORNB - Localização painéis fotovoltaicos (Cenários 1, 2 e 3) e Plano de Ordenamento da
Reserva Natural das Berlengas.
A zona prevista neste projecto para a instalação dos diversos equipamentos, em qualquer dos cenários em
avaliação (C1, C2, C3, C4 e C5) recai em Área de Protecção Parcial, que como acabámos de descrever
acima, permite a instalação das infra-estruturas necessárias à concretização do projecto «Berlenga Laboratório de Sustentabilidade».
3.9.2 - Plano Director Municipal de Peniche
No âmbito do PDM, de acordo com a Carta de Ordenamento, a totalidade da área encontra-se classificada
como Espaços Naturais. Determina o artigo 20º do Regulamento do mencionado Plano que, estes são
espaços nos quais se privilegiam a protecção dos recursos naturais e a salvaguarda dos valores
paisagísticos e que pela sua especificidade patrimonial merecem relevância. A natureza delicada da área
em questão justificou a definição da sua totalidade como Reserva Ecológica Nacional (REN), conforme
delimitação na Carta de Condicionantes. As servidões e restrições para conservação do património natural,
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
98
nomeadamente no que diz respeito à Reserva Ecológica Nacional, estão definidas no Decreto-Lei n.º 93/90
de 19 de Março, alterado pelo Decreto-Lei n.º 180/2006 de 6 de Setembro.
Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública
Na área da Reserva Natural da Berlenga aplicam-se todas as servidões administrativas e restrições de
utilidade pública constantes da legislação em vigor, nomeadamente:
ETBA – Esquema de Separação de Tráfego da Berlenga
A ETBA da Berlenga estabelece o Esquema de Separação de Tráfego Marítimo e está a funcionar desde
de 1 de Julho de 2005.
A Servidão Militar
A área definida por círculos de 3 Km de raio, tendo por centro os focos dos Faróis da Berlenga e do
Farilhão Grande.
Domínio Publico Marítimo (DPM)
Define a servidão e restrições para a conservação do património natural do domínio hídrico, e abrange todo
o arquipélago. Definido
pela primeira vez
por Decreto de 19 de Dezembro de 1892 e reiterado
sucessivamente até ao presente, toda a ilha está abrangida por domínio publico, não existindo delimitação
de domínio privado.
Reserva Ecológica Nacional (REN)
Relativamente à Reserva Ecológica Nacional (REN), o arquipélago encontra-se abrangido. A RCM n.º
76/96 de 27 de Maio, aprova a delimitação da REN do concelho de Peniche, que abrange a parte emersa
do arquipélago e a parte imersa até à batimétrica dos 30 metros.
Protecção de Monumentos Nacionais e Imóveis de Interesse Público – Forte de São João Baptista;
A legislação que se aplica a este tipo de servidão – Decreto nº 28536 de 22 de Março de 1938, Zona de
Protecção publicada no Diário da República nº 120 de 21 de Março de 1960 II Série – abrange o Forte de
S. João Baptista que integra os Imóveis Classificados como Monumentos Nacionais.
Estudo de Incidências Ambientais
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99
Sítios Arqueológicos
Conjunto de Sítios Arqueológicos identificados na Planta de Condicionantes do PORNB, e que constituem
património cultural relevante na Berlenga. O Bairro Comandante Andrade e o Sitio do Moinho ficam
localizados na área de abrangência deste Projecto, sendo alvo de descrição mais detalhada no descritor
específico.
De referir no entanto que nos termos do Artigo 6º do PORNB nos sítios arqueológicos, não é permitida
qualquer obra ou intervenção com impacte ao nível do subsolo, com excepção das intervenções de
investigação e valorização do património arqueológico promovidas pelas entidades competentes.
Exceptuam-se as que ocorram no Bairro Comandante Andrade e Silva e no Farol da Berlenga, sendo
nestes casos precedida de intervenção arqueológica, de forma a evitar eventuais consequências
destrutivas sobre o património aterrado, em qualquer obra com impacte ao nível do subsolo.
Protecção dos Faróis - Farol Berlenga e Farilhões
A zona de protecção ao Farol da Berlenga constitui uma servidão e zona de serviço, e está representada
na Planta de Condicionantes.
Protecção ao marco geodésico – Farol da Berlenga
O Decreto-Lei n.º 143/82 de 26 de Abril estabelece uma zona mínima de respeito em volta dos vértices
geodésicos, constituída por uma área circunjacente ao sinal, nunca inferior a 15m de raio.
A servidão do vértice geodésico situado na ilha da Berlenga é constituída em torno das coordenadas
Hayford-Gauss, Datum de 73 (Elipsóide Internacional), inscritas na folha 26-C, escala 1/50.000,
respectivamente: Berlenga 120.700 (X—118521.481; Y—27181.116), Berlenga – ENE 112.113 (X—
118519.015; Y—27178.691), Berlenga – ESE (X—118518.507; Y—27184.085), Berlenga – ESW (X—
118524.435; Y 27184.063).
Rede Natura 2000 (PTCON0006) e Zona de Protecção Especial do Arquipélago das Berlengas
(PTZPE0009).
A RCM n.º 142/97 de 28 de Agosto, e o DL nº 384-B/99 de 23 de Setembro, definem respectivamente o
Sítio e a ZPE do Arquipélago das Berlengas com os códigos PTCON0006 e PTZPE0009. O PORNB integra
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
100
os valores de conservação e as medidas de gestão necessárias à sua salvaguarda, nos termos do DecretoLei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro.
Como é possível verificar pela planta de condicionantes, a zona prevista neste projecto para a instalação
dos diversos equipamentos, em qualquer dos cenários em avaliação (C1, C2, C3, C4 e C5) colide com
algumas das Servidões e Restrições identificadas atrás, sendo necessário compatibilizar a localização dos
equipamentos e requerer as autorizações necessárias.
No que toca à Reserva Ecológica Nacional, que nos termos do regime jurídico da REN - Decreto -Lei n.º
166/2008, de 22 de Agosto, é definida como “uma estrutura biofísica que integra o conjunto das áreas que,
pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais, são
objecto de protecção especial”
Importa verificar da compatibilização entre as acções previstas neste Estudo, de acordo com o número 2 do
artigo 2º, e o regime territorial especial que estabelece um conjunto de condicionamentos à ocupação, uso
e transformação do solo, nos vários tipos de áreas. Que no caso concreto da Berlenga são a salvaguarda
dos sistemas e processos biofísicos associados ao litoral, em particular a faixa marítima de protecção
costeira.
Que se caracteriza, de acordo com o anexo I do Decreto-lei nº 166/2008, de 22 de Agosto, pela sua
elevada produtividade em termos de recursos biológicos e pelo seu elevado hidrodinamismo responsável
pelo equilíbrio dos litorais arenosos, bem como por ser uma área de ocorrência de habitats naturais e de
espécies da flora e da fauna marinhas consideradas de interesse comunitário nos termos do Decreto -Lei
n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.
O número 3 da Secção I do anexo I refere que na faixa marítima de protecção costeira podem ser
realizados os usos e as acções que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes funções:
i) As funções descritas no número anterior;
ii) Os processos de dinâmica costeira;
iii) O equilíbrio dos sistemas biofísicos;
iv) A segurança de pessoas e bens.
Estudo de Incidências Ambientais
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101
As infra-estruturas previstas no presente projecto, para qualquer dos cenários analisados (C1, C2, C3, C4 e
C5), inserem-se no previsto no Anexo I da Portaria 1356/2008, de 28 de Novembro. Mais especificamente
têm enquadramento na alínea f) Produção e distribuição de electricidade a partir de fontes de energia
renováveis (instalações de produção de electricidade a partir de fontes de energia renováveis nos termos
do Decreto -Lei n.º 225/2007, de 31 de Maio).
A instalação destes equipamentos e infra-estruturas estão salvaguardados e excepcionados no
regulamento do Plano de Ordenamento da RNB, como foi descrito atrás. Como poderá constatar-se pela
análise da componente Ecologia e pela cartografia anexa a este EIncA, a área a afectar pela implantação
dos equipamentos previstos não colide com habitats naturais e espécies de flora e fauna com interesse de
conservação nos termos do Decreto-lei nº 49/2005, de 24 de Fevereiro.
Dada a natureza do Projecto em análise e a sua dimensão, em nenhuma fase de
implementação/construção ou funcionamento serão posto em causa os processos e funções de dinâmica
costeira e do funcionamento do sistema biofísico. De igual modo não porá em causa a segurança de
pessoas e bens. Por ultimo, e cumulativamente deverá ainda salientar-se a ausência de alternativas para a
instalação do Projecto em área não integrada em REN, na Ilha da Berlenga.
Estudo de Incidências Ambientais
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102
Figura 26 - Planta de condicionantes da Ilha Berlenga
Estudo de Incidências Ambientais
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103
3.10 – Património
Neste capítulo pretende-se proceder à identificação e salvaguarda do património de natureza arqueológica,
histórica e etnográfica existente na área de intervenção do projecto. Este estudo avalia os impactes
associados às soluções propostas no âmbito da execução do projecto, propondo medidas minimizadoras
dos mesmos. Identifica-se igualmente as soluções que menor impacte terão sobre o Património Cultural
existente na área a intervencionar. O enunciado a seguir exposto resultou da produção, nos termos da
legislação vigente, de relatório referente à vertente Património Cultural do Estudo de Incidências
Ambientais do projecto Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade, submetido ao IGESPAR.
3.10.1 Nota Histórica
Registando um longo historial de presença humana, a Ilha da Berlenga apresenta, para além do seu
inestimável património natural e geológico, um valioso património histórico, demonstrativo da importância
deste território insular na história das navegações.
Durante o período pré-histórico, e em particular, durante o Paleolítico Superior, por força da Regressão
Flandriana causada pela Glaciação de Würm, este território estaria ligado ao continente. Tal realidade,
associada à existência de várias cavidades naturais, utilizáveis como abrigo, potenciaria uma ocupação
humana similar à verificada na actual península de Peniche, presença perpetuada na importante estação
arqueológica da Gruta da Furninha, então sobranceira a uma extensa planície que ligaria este território ao
afloramento granítico que hoje configura a actual Ilha da Berlenga.
Neste sentido, e no âmbito da elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva Natural da Berlenga
(PORNB), que contemplou o levantamento de elementos patrimoniais e contextos arqueológicos existentes
neste território (Bugalhão & Zambujo, 2007), foram realizadas em 2007, por equipa dirigida Gertrudes
Zambujo, sondagens arqueológicas nas grutas do Perna Fina e do Forte da Berlenga, intervenções que
não permitiram contudo confirmar (nem rejeitar) uma ocupação pré-histórica destes sítios (Zambujo, 2007a;
2007b).
Navegado desde da antiguidade o mar de Peniche tem no fundeadouro da Ilha Berlenga testemunho desta
diacronia histórica. A Ilha da Berlenga, pela sua localização estratégica no enfiamento da importante rota
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atlântica, viu as suas águas fundeadas por embarcações de várias épocas. A memória destas navegações
é perpetuada pelos achados subaquáticos recuperados nos últimos anos em diversos projectos de
investigação, destacando-se destes âncoras em pedra de horizonte fenício-púnico, cepos de âncora em
chumbo e ânforas de época romana, ou peças de artilharia de época moderna (Blot & Blot, 2006).
A cartografia clássica atribui a este território o nome de Landobriga, topónimo de raiz céltica indiciador de
uma ocupação pré-romana deste território, facto confirmado pela Orla Marítima, poema latino do séc. IV d.
C., da autoria de Rúfio Festo Avieno, texto tendo na sua génese um périplo massaliota do último quartel do
séc. VI a. C., no qual se alude a uma ilha, localizada na costa ocidental da Ibéria, de navegação perigosa,
consagrada a Saturno (Ferreira, 1985); esta ilha seria muito provavelmente a Berlenga.
Desta longa diacronia histórica destaca-se com particular relevância o período romano. Com efeito, este
território insular parece ter funcionado como ponto de paragem obrigatório para as embarcações comerciais
romanas que cruzavam a actual costa portuguesa ligando comercialmente o Mediterrâneo e o Norte da
Europa. Este facto parece ser demonstrado pela identificação e recuperação, nestas águas, ao longo das
duas últimas décadas, de mais de uma vintena de cepos de âncora em chumbo e de várias ânforas de
produção romanas, testemunhos cuja assinalável quantidade atesta a extraordinária importância deste
fundeadouro (Blot, 2003).
Tratando-se de um ponto de escala obrigatório para a navegação atlântica, os trabalhos arqueológicos
desenvolvidos nos últimos anos na Ilha da Berlenga, na zona da chamada Ilha Velha, apontam para a
existência de contextos de cronologia romana no Bairro dos Pescadores e no sítio do Moinho (Bugalhão &
Lourenço, 2001; 2005; 2006a; 2006b; 2007; 2008).
A ocupação humana deste território terá continuado durante o período medieval, como parecem comprovar
a identificação neste território de materiais arqueológicos de horizonte islâmico (Bugalhão & Lourenço,
2001). A esta presença infiel, ou à sua memória, parece aludir em 1147 o cruzado inglês Ranulfo de
Granville, em carta dirigida ao clérigo Osberto de Baldreseia, aquando da sua passagem pela então ilha de
Peniche: “[…] Junto dela há ainda duas ilhas, a que julgo chama Berlengas, corrupção de Baleares e numa
delas existe um palácio de maravilhosa arquitectura, com muitos alojamentos de arrecadação, o qual
segundo dizem serviu outrora de agradabilíssimo retiro particular de certo rei. […]” (Calado, 1991).
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Tal com o topónimo Peniche, cuja origem advém da palavra paeninsula (paene+insula = quase ilha),
também o nome Berlenga, atribuído à ilha maior, parece aludir à realidade geomorfológica desse território,
derivando este da palavra latina Berlenghum, termo que significa mesa, devendo a sua génese radicar
igualmente na Alta Idade Média.
Após a fundação da nacionalidade, a Ilha da Berlenga foi integrada no reino, embora só em 1433, no
reinado de D. Duarte, se conheça a primeira menção à administração deste território insular, aquando da
confirmação da doação deste reguengo ao Infante D. Fernando. A este seguiram-se outros donatários:
Infante D. Henrique (1449-1460; D. Jorge de Vasconcelos (1512-?); Mosteiro de Nossa Senhora da
Misericórdia (? - 1545); Condes de Atouguia da Baleia (1617-1759) (Engenheiro, 1999b).
Em 1512, D. Manuel doa a Jorge de Vasconcelos, fidalgo de sua casa, “[…] rendas e dreitos das Berlengas
[…]” (Bernardo, 1969; 1970; Engenheiro, 1999b). Neste ano, por ordem deste monarca, inicia-se a
construção na Ilha da Berlenga, no actual Bairro dos Pescadores, de Mosteiro da ordem jerónima
consagrado a Nossa Senhora da Misericórdia. Dois anos mais tarde, em 1514, instalam-se os primeiros
monges, os quais se encontravam incumbidos de prestar a necessária assistência religiosa às tripulações
das embarcações que aportavam a esta ilha. Os monges usufruíam de vários direitos outorgados pelo rei
como receber “[…] a dizima nova do pescado que na dita ilha morrer […]”, aos quais se juntaram os
benefícios concedidos pela Coroa a Jorge de Vasconcelos, e que este à data da sua morte transfere para o
“[…] prioll e frades do dito mosteiro […]”. Porém a frequente investida de piratas e corsários europeus e
norte-africanos a toda esta costa, e em particular a este território insular, motivou a transferência em 1545
desta comunidade religiosa para um novo Mosteiro, sedeado em Vale Benfeito (concelho de Óbidos),
consagrado a Nossa Senhora da Conceição (Engenheiro, 1999a).
A pirataria e o corso estiveram pelo menos deste o alvorecer da Idade Média associados a estas águas.
São vários os relatos de ataques a embarcações mercantis e investidas a povoados piscatórios da região,
perpetrados por ingleses, franceses, holandeses, marroquinos e argelinos, pelo menos até meados do séc.
XVII, época em que é edificado o Forte de S. João Baptista.
Em 1617, D. Filipe II doa a Ilha da Berlenga a D. João Gonçalves de Ataíde, permanecendo na posse dos
Condes de Atouguia da Baleia até 1759, data em que este território é reintegrado nos domínios da Coroa,
na sequência da confiscação dos bens desta família no âmbito do celebre processo dos Távoras, resultante
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a tentativa falhada de assassinato do Rei D. José, e à qual a família Ataíde foi associada (Engenheiro,
1999b).
A localização estratégica desta ilha e a sua frequente utilização como base de apoio a piratas e corsários,
com especial incidência durante os séculos XVI e XVII, leva a que, em 1625, o referido monarca ibérico
chame a atenção dos governadores de Lisboa para a conveniência de ser edificado um forte na Berlenga
(Calado, 2000). Tal desiderato será apenas concretizado em após a Restauração, em 1654, quando sob
ordem de D. João IV, e no âmbito do plano de fortificação da linha costeira desta região, são iniciados os
trabalhos de construção do Forte de S. João Baptista.
Concluída em 1656, esta fortificação viveu em Junho de 1666 o episódio bélico mais célebre da sua
história, ao ser sitiado por uma esquadra espanhola. Nessa data, o Forte de S. João Baptista viu-se sitiado
por uma esquadra espanhola, composta por catorze naus e uma caravela, comandada por D. Diogo Ibarra.
Defendida, à altura, por uma pequena guarnição, inferior a vinte homens, e contando com apenas nove
peças de artilharia, esta fortificação liderada pelo cabo Avelar Pessoa, terá conseguido resistir durante dois
dias ao feroz bombardeamento inimigo, bem como provocar importantes baixas nas forças sitiantes,
traduzidas em cerca de quinhentos mortos, uma nau afundada e duas outras fortemente danificadas, contra
um morto e quatro feridos lusos.
Segundo a documentação coeva portuguesa, o esgotamento dos mantimentos e das munições, e a
deserção de um dos soldados, que expôs a D. Diogo Ibarra a dramática situação da guarnição portuguesa,
terão motivado por fim a capitulação do Forte de S. João Baptista (Calado, 1991).
Já no séc. XIX, em 1826, a Coroa autorizou a Câmara Municipal de Peniche a dar de aforamento uma parte
dos terrenos da ilha a José Rufino Pacheco, Almoxarife da Praça de Peniche, e o restante a Francisco
Franco Antão, Patrão-Mor do Posto de Peniche. Mais tarde, estes prédios foram comprados por Gaudêncio
Fontana, então Director-Geral dos Faróis do Reino, que aí edifica em 1841, um farol, que recebe o nome de
Farol do Duque de Bragança (Engenheiro, 1999b).
Incontornável ponto de escala do tráfego comercial atlântico, as águas e os rochedos traiçoeiros das
Berlengas foram igualmente palco de inúmeros naufrágios e acidentes marítimos cuja memória se perde
nos tempos. Destes, pela sua monumentalidade e impacto na memória das gentes, destaca-se um vasto
conjunto de navios da era da navegação a vapor que aqui naufragaram entre o último quartel do séc. XIX e
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meados do séc. XX, e dos quais se destacam: o vapor de carga britânico El Dorado (Farilhão Grande 1885); o vapor português Gomes VIII (Baixa do Rinchão - 1899); o vapor italiano Primavera (Berlenga 1902); os navios gregos Polixeni (Estelas - 1905); Cornellius (Farilhões - 1910); Maroudio Inglessi (Baixa do
Broeiro - 1921); Andrios (Berlengas - 1926) e Sappho (Estelas - 1932); e o vapor inglês Highland Hope
(Farilhões - 1930), este último o naufrágio contemporâneo cuja memória se encontra mais vincada na
comunidade (Calado, 1991; Reiner & Santos, 2002). Paralelamente a estes desastres assistiu-se ao
desenvolvimento de uma indústria local ligada ao desmantelamento de navios.
Em 1883, a então designada de Ilha de S. João Batista das Berlengas (sic) foi inscrita na Conservatória das
Caldas da Rainha, a favor de José Maria Monteiro, tendo este posteriormente tomado posse judicial dos
terrenos que compõem a ilha da Berlenga, com excepção de terreno que confrontava com o Forte de S.
João Baptista, propriedade do Estado, e as parcelas onde se implantam o Farol e a Cisterna. Falecido este
em 1904, este terreno foi partilhado pelos seus vários herdeiros, encontrando-se nos finais do século
passado dividida em seis parcelas, de propriedade privada (Engenheiro, 1999b).
Durante os finais do séc. XIX e início do século XX, instalam-se na Berlenga algumas famílias de
pescadores que sazonalmente ou em permanência fizeram desta ilha base de apoio às armações “à
valenciana” instaladas nas águas limítrofes. Para melhor acondicionar estes pescadores inicia-se em 1941,
por iniciativa do Comandante António de Andrade e Silva, à época Capitão do Porto de Peniche, a
construção no Carreiro do Mosteiro do chamado Bairro dos Pescadores. A este complexo habitacional,
composto por 16 pequenas casas, e que em 1991 viria a receber a nome do seu promotor, juntar-se-iam
em 1952, um edifício para restaurante, e no início da década de oitenta, um espaço de campismo, ambos
construídos pela Câmara Municipal de Peniche (Reiner & Santos, 2002).
Em 1952, o Forte de S. João Baptista é alvo de obras de recuperação, desenvolvidas pela Direcção-Geral
dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que permitiram a instalação neste imóvel de uma pousada e de um
restaurante (DGEMN, 1953).
Sendo este arquipélago é um dos mais importantes locais de nidificação de aves marinhas na Península
Ibérica, possuindo igualmente mais de uma dezena de espécies botânicas raras em Portugal, é criada em
1981, com o intuito de salvaguardar este importante património, a Reserva Natural das Berlengas (Reiner &
Santos, 2002).
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A geomorfologia e as vicissitudes da História fizeram do Arquipélago das Berlengas um território onde a
matriz humana, não tendo sido excessivamente vincada, desde sempre se estabeleceu em equilíbrio com a
Natureza, realidade que urge perpetuar de forma a garantir a preservação deste importante elemento
identidário local, mas igualmente mundial.
3.10.2 - Património cultural existente na área a intervencionar no âmbito do projecto
A Ilha da Berlenga para além da componente natural e ambiental, ostenta um importante património
cultural, de fundo arqueológico, arquitectónico e etnográfico. Neste sentido, no âmbito da colaboração
desenvolvida entre a Reserva Natural das Berlengas o então IPA (actual IGESPAR, I.P.), versando a
salvaguarda do património arqueológico e histórico existente na ilha, foi esta última entidade convidada a
participar na elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva Natural das Berlengas através da
identificação e delimitação de sítios de interesse cultural existentes neste território.
Esta colaboração foi consubstanciada no projecto de Levantamento patrimonial e arqueológico da Ilha
Berlenga (parte emersa), iniciado em Maio de 2006 e concluído em Maio de 2007 (Bugalhão & Lourenço,
2007a), no âmbito do qual é efectuado o arrolamento do património de natureza cultural existente na Ilha
da Berlenga (Figura 27).
Figura 27 - Património arqueológico conhecido na Reserva Natural das Berlengas
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Tendo como base este levantamento, assinala-se seguidamente o património cultural existente na área a
intervencionar no âmbito do projecto.
3.10.2.1 - Forte de S. João Baptista
O Forte de S. João Baptista apresenta um enquadramento marítimo: encontra-se numa das enseadas da
vertente Sudeste da Ilha da Berlenga, sobre um ilhéu, ligado à ilha por ponte em alvenaria, sobre arcadas,
com um pequeno ancoradouro do lado Norte (Figura 28).
Figura 28 – Vista geral do Forte de São João Baptista.
Este forte foi estrategicamente construído no âmbito de um plano de fortificação da linha costeira da região
de Peniche implementado após a Restauração que incluiu fortificações como o Forte da Consolação ou a
Fortaleza de Peniche, e que surgiu igualmente na sequência dos constantes ataques de pirataria a que
esta costa estava sujeita. No caso concreto da Ilha da Berlenga, esta era utilizada como base de apoio a
piratas e corsários, que dela se serviam para atacar o restante território continental.
Esta fortificação, de planta octogonal, apanágio da arquitectura militar maneirista, começa a ser construída
em 1654, por ordem de D. João IV, tendo as obras sido concluídas em 1656. Em 1938, dá-se a
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classificação deste imóvel histórico como Monumento Nacional (Decreto nº 28536 de 22 de Março).
Posteriormente, em 1960, é estabelecida uma Zona Especial de Protecção à fortificação (Diário da
República nº 120 de 21 de Maio). O Forte de S. João Baptista é um imóvel público, de propriedade estatal.
Este imóvel encontra-se identificado no Anexo 1 do Plano de Ordenamento da Reserva Natural das
Berlengas - Património Arqueológico Conhecido (Figura 27).
3.10.2.2 - Farol Duque de Bragança
O Farol do Duque de Bragança, localiza-se no topo aplanado da ilha da Berlenga, tendo sido edificado em
1841, por Gaudêncio Fontana. Elevando-se a aproximadamente 112 metros acima do nível do mar, este
farol, formado por uma torre quadrangular caiada de branco, projecta o seu raio luminoso a cerca de 52
milhas de distância (Figura 29).
Figura 29 – Vista geral do Farol Duque de Bragança – Ilha da Berlenga.
Este imóvel encontra-se identificado no Anexo 1 do PORNB - Património Arqueológico Conhecido (Figura
27).
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3.10.2.3 - Cemitério
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificado, como local de interesse arqueológico,
um sítio vulgarmente designado por Cemitério, localizado zona Sudeste da ilha, junto às Cisternas (Figuras
27 e 30).
Tratar-se-á, provavelmente, conforme o topónimo indicia, de um sítio de índole funerária, de cronologia
moderna/contemporânea, associável ao uso militar do Forte de S. João Baptista.
Figura 30 – Vista geral da face Sul da Ilha da Berlenga, assinalando-se o sítio do Cemitério.
3.10.2.4 - Figueiras
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (cf. Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificada, como sítio de interesse
arqueológico, uma estrutura tipo "plataforma", construída em blocos graníticos aparelhados, localizada na
face Sudeste da ilha, a Nordeste do Carreiro do Mosteiro, no sítio das Figueiras (Figura 27 e 31).
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Figura 31 – Vista geral da face Sudeste da Ilha da Berlenga, a Nordeste do Carreiro do Mosteiro, assinalando-se do sítio das
Figueiras.
Trata-se de um elemento do "aquartelamento" da Ilha Berlenga, construído provavelmente em 1812, que
surge referenciado na cartografia da época como bateria baixa à barbetta, correspondente a uma
plataforma a partir da qual a artilharia disparava sobre o parapeito (cf. Bugalhão & Lourenço, 2007b).
3.10.2.5 - Fundeadouro da Berlenga
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), assinala-se como Estação Arqueológica Subaquática o
Fundeadouro da Berlenga (Figuras 27 e 32).
As águas do fundeadouro da Berlenga foram, entre 2001 e 2004, palco de projecto arqueológico,
desenvolvido pelo então Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) do Instituto
Português de Arqueologia (IPA) - actual Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática do Instituto de
Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico I. P. (IGESPAR I. P.) -, liderado por Jean-Yves Blot,
versando a prospecção e georeferenciação de achados subaquáticos, levantamento que contou com o
apoio logístico e técnico da Câmara Municipal de Peniche e da RPM Nautical Foundation (Estados Unidos).
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Figura 32 – Vista geral do Fundeadouro da Ilha da Berlenga.
O estudo dos materiais de cronologia romana recolhidos durante esta missão permitiu a identificação de
uma forma ânfórica dominante - Haltern 70 - produzida em larga escala entre meados do séc. I a. C. e
meados do séc. I d. C., utilizada para o transporte de vinho, um dos principais produtos transaccionados à
escala do império romano (cf. Blot, 2005a; 2005b; Blot & Blot, 2006).
A análise das pastas cerâmicas identificadas permite afirmar que estes contentores terão sido fabricados
na Bética (Sul de Espanha) tendo transportado vinho produzido na actual Andaluzia, produto que em
trânsito destinar-se-ia ao consumo das colónias romanas norte-europeias (Diogo & Venâncio, 2005; Diogo,
Trindade & Venâncio, 2005).
3.10.2.6 - Gruta do Forte
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificada, como sítio de interesse etnográfico e
eventual interesse arqueológico, uma cavidade natural, conhecida como Gruta do Forte, localizada na
encosta Sudeste da ilha, fronteira ao Forte de S. João Baptista (Figuras 27 e 33).
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Figura 33 – Vista geral da face Sudoeste da Ilha da Berlenga, junto ao Forte de S. João Baptista, assinalando-se a Gruta do Forte..
Este sítio foi alvo de intervenção arqueológica que todavia apenas identificou vestígios de ocupação
humana de cronologia moderna e contemporânea (Zambujo, 2007b).
3.10.2.7 - Gruta da Perna Fina
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificada, como sítio de interesse etnográfico e
eventual interesse arqueológico, uma cavidade natural, conhecida como Gruta do Perna Fina, localizada na
encosta Sudoeste da ilha, no sítio do Brandal (Figuras 27 e 34).
Figura 34 – Vista geral da zona do Brandal, na face Sudoeste da Ilha da Berlenga, assinalando-se a localização da Gruta do Perna
Fina.
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Este sítio foi alvo de intervenção arqueológica que todavia apenas identificou vestígios de ocupação
humana de contemporânea (Zambujo, 2007a).
3.10.2.8 - Gruta da Praia
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificada, como sítio de interesse etnográfico,
uma cavidade natural, vulgarmente conhecida como Gruta do Praia, localizada na face Sudeste da ilha,
junto à praia do Carreiro do Mosteiro (Figura 27).
3.10.2.9 - Gruta do Espanhol
Figura 35 – Vista geral da zona do Carreiro do Mosteiro, na face Sudoeste da Ilha da Berlenga, assinalando-se a localização da
Gruta do Espanhol.
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificada, como sítio de interesse etnográfico,
uma cavidade natural, vulgarmente conhecida como Gruta do Espanhol, localizada na encosta Sudeste da
ilha, perto da praia do Carreiro do Mosteiro (Figuras 27 e 35).
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3.10.2.10 - Horta dos Reformados
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificada, como sítio de interesse etnográfico,
uma estrutura tipo cerca, de cronologia contemporânea, vulgarmente designada de Horta dos Reformados,
localizada na encosta Sudeste da ilha, sobranceira ao Carreiro da Fortaleza (Figuras 27 e 36).
Figura 36 – Vista geral da chamada Horta dos Reformados.
3.10.2.11 - Bairro Comandante Andrade e Silva
No âmbito do Levantamento Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no
contexto do PORNB (Bugalhão & Lourenço, 2007a), foi identificado como sítio de interesse arquitectónico e
arqueológico um conjunto habitacional construído na vertente Leste do chamado Carreiro do Mosteiro, o
Bairro Comandante Andrade e Silva, comummente designado de Bairro dos Pescadores (Figuras 27 e 37).
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Figura 37 – Vista geral do Bairro dos Pescadores.
Este complexo habitacional, construído em 1941 com o intuito de albergar a comunidade piscatória
instalada na Ilha da Berlenga, é hoje composto por cerca de três dezenas de habitações térreas,
construídas em bandas, ao qual se associa alguns equipamentos de apoio à visitação da ilha,
nomeadamente o “Pavilhão” (restaurante/alojamento) e o “Castelinho” (pequeno espaço comercial).
Durante o séc. XVI terá sido implantado nesta área um Mosteiro da Ordem Jerónima, sendo esta memória
perpetuada não apenas pela toponímia, mas igualmente pela identificação, sob a vegetação, de vestígios
de fundações e paredes (Figura 38) e por vários testemunho orais que associam à construção do bairro a
observação e recolha de ossadas e de materiais cerâmicos.
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Figura 38 – Vista geral do Carreiro do Mosteiro (anos 30 do séc. XX) antes da edificação do Bairro dos Pescadores, sendo ainda
visíveis vestígios estruturais associáveis ao antigo mosteiro.
De referir, que o sítio designado de “Castelinho”, terá sido edificado sob vestígio de uma antiga atalaia dos
jerónimos sobranceira ao ancoradouro do Carreiro do Mosteiro, reutilizando alguma silharia calcária
provavelmente proveniente das estruturas do antigo mosteiro (Figura 39).
Figura 39 – Vista geral do Castelinho.
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Esta ocupação de cronologia moderna foi confirmada em intervenção arqueológica desenvolvida em 2000
no Bairro dos Pescadores, no âmbito da qual foi possível identificar estruturas, acompanhando o declive do
terreno, associáveis às fundações do mosteiro (Bugalhão & Lourenço, 2001).
Entre 2000 e 2004 foram realizados nesta área vários trabalhos arqueológicos, que permitiram identificar
vestígios de uma importante ocupação romana, realidade conexa com o historial de achados subaquáticos
provenientes do fundeadouro. No âmbito das referidas intervenções foram recolhidos materiais associáveis
ao período da República, Alto Império e Baixo Império (entre o séc. I a. C. e IV d. C), nomadamente
cerâmica comum, anfórica (produções de Peniche, hispânicas e africanas), de construção e terra sigillata
(produções hispânicas e sudgálicas), em deposição secundária, facto resultante do declive do terreno e das
circunstâncias em que estes trabalhos foram desenvolvidos (Bugalhão & Lourenço, 2005; 2006a; 2006b).
Durante o período supracitado foram desenvolvidos quatros trabalhos arqueológicos de emergência no
Bairro dos Pescadores, dirigidos em co-responsabilidade pelas arqueólogas Jacinta Bugalhão, Gertrudes
Zambujo e Sandra Lourenço, pertencentes ao extinto IPA (cujas competências nesta área transitaram para
o actual IGESPAR I.P.), a saber:
Intervenções de emergência na Ilha da Berlenga
2000 (16-17 Março)
Salvamento
Direcção: Jacinta Bugalhão e Sandra Lourenço
(…) Tratou-se de uma intervenção de salvamento no contexto da identificação de vestígios arqueológicos
durante obras de melhoria de infra-estruturas no local. Teve por objectivos o diagnóstico e a caracterização
científica e patrimonial dos vestígios em presença, com o objectivo da sua preservação e da minimização
dos impactos provocados pelas obras em curso.
Optou-se por efectuar a limpeza, registo gráfico e fotográfico de três cortes previamente abertos durante as
obras. Em todos eles foi identificada uma camada superficial com presença de materiais misturados, dos
diversos períodos de ocupação do local (romano, moderno e contemporâneo) em deposição secundária.
Nos cortes 1 e 2, foram observados vestígios estruturais e estratigráficos relacionados com a ocupação do
século XVI: Mosteiro da Misericórdia. Foram recolhidos os materiais arqueológicos visíveis nos terrenos
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remexidos pelas obras. As estruturas foram preservadas e recobertas com terra. (…) (in Ilha da Berlenga Bairro dos Pescadores/Salvamento/2000, em Endovélico, disponível em http://www.ipa.min-cultura.pt).
2001
(14 Agosto)
Sondagem
Direcção: Jacinta Bugalhão e Gertrudes Zambujo
(…) Tratou-se de uma intervenção preventiva, prévia à construção de um compartimento para arrumos,
junto à construção conhecida por "Castelinho", com objectivo de avaliar o potencial arqueológico a afectar e
a prevenir eventuais impactos destrutivos a nível do subsolo.
Foi escavada uma área de sondagem com 2x1.70m, até atingir o substrato geológico (que se encontrava a
uma profundidade máxima de 80 cm). A área encontrava-se totalmente remexida e preenchida por
estruturas recentes de escoamento de águas pluviais e esgotos. Não foram detectados quaisquer vestígios
arqueológicos, nem recolhido qualquer espólio. A área foi recoberta com a terra retirada durante os
trabalhos a construção prevista foi viabilizada sem qualquer condicionante. (…) (in Ilha da Berlenga - Bairro
dos Pescadores/Sondagem/2001, em Endovélico, disponível em http://www.ipa.min-cultura.pt).
2002
(26 Setembro)
Salvamento
Direcção: Jacinta Bugalhão e Sandra Lourenço
(…) Tratou-se de uma intervenção de salvamento no contexto da identificação de vestígios arqueológicos
durante obras de melhoria de infra-estruturas no local. Teve por objectivos o diagnóstico e a caracterização
científica e patrimonial dos vestígios em presença, com o objectivo da sua preservação e da minimização
dos impactos provocados pelas obras de melhoramento do saneamento básico do Bairro dos Pescadores.
Optou-se por efectuar a limpeza, registo gráfico e fotográfico das valas para a implantação de condutas de
esgotos que já se encontravam abertas a quando da nossa chegada ao local e que ainda não tinham sido
recobertas. Era visível a seguinte sequência estratigráfica: pavimento em cimento assente sobre uma
camada de pequenos blocos graníticos unidos por saibro, ao qual sucedia a camada arqueológica. Nas
áreas de cota superior, o pavimento em cimento assentava directamente sobre o substrato rochoso.
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121
Quanto à camada arqueológica, apresentava materiais cerâmicos predominantemente de cronologia
romana, tendo-se concluído que a camada se encontrava remexida, podendo este facto remontar ao
momento de construção do bairro. Contudo, aparentemente, a camada conservava-se bastante integra, se
atendermos à homogeneidade cronológica dos materiais. Mais uma vez, os materiais anfóricos são
maioritários, representando 84% do total dos fragmentos cerâmicos recolhidos. (…) (in Ilha da Berlenga Bairro dos Pescadores/Salvamento/2002, em Endovélico, disponível em http://www.ipa.min-cultura.pt).
2004
(5 de Abril a 18 de Junho)
Escavação
Direcção: Jacinta Bugalhão e Sandra Lourenço
(…) Tratando-se de uma intervenção de emergência, os objectivos visaram a observação de terras
remexidas e recolha de material arqueológico; escavação arqueológica prévia de diagnóstico na área a
afectar pela construção de uma estrutura de apoio à recolha de lixo (área 7) e de um armazém frigorífico
(área 8) e uma plataforma para a implantação do novo depósito de água, no bairro dos pescadores.
No que se refere à área 7, os trabalhos limitaram-se à recolha de material revolvido proveniente do
enchimento e estratos existentes sob a plataforma destruída pelas obras. Sendo o material de cronologia
romana claramente maioritário, poderá tratar-se de uma deposição secundária para enchimento da
plataforma, no momento da sua construção, uma vez que parece verificar-se uma concentração de
ocupação romana na plataforma central da encosta, hoje ocupada pelo Bairro dos Pescadores, onde são
mais abundantes os materiais arqueológicos desta época. Relativamente à área 8, verifica-se uma
ocorrência muito menos expressiva de material ânfórico, sendo que os escassos fragmentos recolhidos
provêem quase exclusivamente da camada superficial.
Na camada inferior, que poderá ser interpretada como uma bolsa detrítica, são quase exclusivamente de
época moderna. Este estrato poderá estar relacionado com a ocupação local pelos monges de São
Jerónimo, os quais fundaram no século XVI, o Mosteiro da Misericórdia. Ainda em relação a este contexto,
a principal novidade, foi a identificação em quantidade considerável de fragmentos de formas de pão de
açucar. (…) (in Ilha da Berlenga - Bairro dos Pescadores/Escavação/2004, em Endovélico, disponível em
http://www.ipa.min-cultura.pt).
Estudo de Incidências Ambientais
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122
O notório interesse arquitectónico e arqueológico do Bairro dos Pescadores motivou que, em contexto do
PORNB fosse salvaguardada a preservação destas realidades. Neste sentido, no ponto 2, do Artigo 6º
(Património Arqueológico) deste Regulamento considera-se que “(…) qualquer obra com impacte ao nível
do subsolo deve ser precedida de intervenção arqueológica, de forma a evitar eventuais consequência
destrutivas sobre o património soterrado. (…)”.(Anexo PORNB).
3.10.2.12 - Sitio do Moinho
No decurso da actividade de prospecção desenvolvida em Maio de 2006, no âmbito do Levantamento
Patrimonial e Arqueológico da Ilha Berlenga (parte emersa), realizado no contexto do PORNB (Bugalhão &
Lourenço, 2007a), foi possível identificar no chamado sítio do Moinho um contexto arqueológico de época
romana (Figuras 27, 40, 41, 42), entretanto alvo de trabalho de escavação arqueológica em Novembro de
2006, por equipa liderada por Jacinta Bugalhão e Sandra Lourenço (Bugalhão & Lourenço, 2008).
Figura 40 – Vista geral do Sitio do Moinho.
2006 / 2007
(8 de Novembro de 2006 a 8 de Maio de 2007)
Estudo de Incidências Ambientais
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123
Escavação
Direcção: Jacinta Bugalhão e Sandra Lourenço
(…) O sítio romano do Moinho poderá estar relacionado com uma ocupação permanente e/ou sazonal da
Ilha, eventualmente durante um período de tempo bem delimitado por volta da transição de Era. Foram
efectuadas 3 sondagens arqueológicas e identificadas fases de construção, ocupação, abandono, pós
abandono/erosão (para além da camada vegetal superficial) relativas a um edifício de forma aparentemente
quadrangular, com fundações construídas em blocos graníticos locais toscamente aparelhados, "travados"
por pequenas pedras e terra. O edifício aparenta possuir um corpo inferior (com cerca de 9,5 metros de
lado), cuja fundação possuía no interior um preenchimento constituído por pequenas pedras, que lhe
conferiria maior solidez. No interior desta estrutura desenvolve-se um segundo corpo de forma igualmente
quadrangular (com cerca de 4,5 metros de lado). Todo o conjunto está implantado numa elevação natural,
onde parece ter sido construída uma plataforma artificial sobre a qual foi assente o edifício.
Quanto à interpretação tipológica do sítio e na estrutura identificada, poderá avançar-se com as hipóteses
de se tratar de um posto de vigia e controle de tráfego marítimo, um farol ou de uma estrutura de habitat. A
possibilidade de se tratar de um farol de pequenas dimensões é apoiada na sua implantação topográfica,
mas essencialmente, na tipologia que parece sugerir uma construção piramidal (com corpos
quadrangulares concêntricos), em altura, típica dos paralelos romanos (arqueológicos e iconográficos)
conhecidos Saliente-se que na cronologia apontada, decorria a fase de territorialização do poder e
consolidação de circuitos comerciais, consubstanciadas nas rotas marítimas atlânticas, nas quais o
fundeadouro da Berlenga se integrava.
No que se refere ao espólio: foram recolhidos 355 fragmentos cerâmicos, materiais de construção (telha e
tijolo) e reduzida fauna malacológica (lapas) e mamalógica. No que respeita a cerâmica fina, para além do
fragmento de cerâmica campaniense (em mau estado de conservação), foram identificados alguns
fragmentos de paredes finas eventualmente, de produção local (não contabilizados separadamente).
Quanto à cerâmica comum destacam-se fragmentos de taças, jarros e almofarizes. Relativamente à
cerâmica anfórica, verificou-se a presença de ânforas béticas tipo Haltern 70. Foi igualmente recolhido um
fragmento de pança anfórica com vestígios de revestimento interno resinoso, provavelmente do mesmo
tipo. Relativamente às produções locais (Olaria do Morraçal da Ajuda), salienta-se a ausência do tipo
anfórico Dressel 7/11, mais abundante naquela olaria e predominante no Bairro dos Pescadores. (…) (in
Ilha da Berlenga – Moinho/Escavação/2006, em Endovélico, disponível em http://www.ipa.min-cultura.pt).
Estudo de Incidências Ambientais
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124
Figura 41 – Vista geral das estruturas arqueológicas do sítio do Moinho.
O interesse deste sítio motivou a sua menção no ponto 3, do Artigo 6º (Património Arqueológico) do
Regulamento do PORNB (cf. Anexo 1), no qual se estabelece que “(…) não é permitida a realização de
obras ou qualquer outra intervenção com impacte ao nível do subsolo, exceptuando as intervenções de
investigação ou valorização do património arqueológico (…)”.(ANEXO PORNB),
3.10.3 - Avaliação de Incidências Ambientais
A instalação de equipamentos fotovoltaicos e eólicos, determinando a escavação e remoção de terras irá
motivar um impacto considerado negativo, no que concerne à preservação de possível património
arqueológico existente na área a intervencionar.
3.10.3.1 Fase de Construção
Tendo em mente a localização da área a intervencionar, situada entre o Bairro dos Pescadores e o sítio do
Moinho, zonas de notório e comprovado interesse arqueológico e patrimonial, conforme definido no Anexo
1 – Património Arqueológico Conhecido do Regulamento do PORNB (Figura 27), considera-se que
Estudo de Incidências Ambientais
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125
qualquer intervenção versando a instalação de equipamentos fotovoltaicos e eólicos, com reflexo ao nível
do solo ou subsolo, nomeadamente a desmatação, escavação, remoção e depósito de terras e instalação
de estaleiro, potenciando a destruição parcial ou total de eventuais vestígios e contextos de natureza
arqueológica, irá motivar um impacte negativo de natureza directa, permanente, de magnitude média e de
carácter significativo.
3.10.3.1 Fase de Exploração
Não se apontam quaisquer impactes na fase de exploração no que respeita à preservação do património
arqueológico existente na área a intervencionar.
3.10.4 - Avaliação dos Cenários
No âmbito da avaliação das incidências ambientais associadas à execução do projecto foram apresentados
quatro cenários, traduzidos num total de oito propostas, contemplando a instalação de equipamentos
fotovoltaicos e eólicos, que seguidamente se apreciam:
3.10.4.1 - Cenário 1
As propostas apresentadas pelos concorrentes 1 e 2, prevendo a instalação unicamente de painéis
fotovoltaicos, em zona localizada por cima do Bairro dos Pescadores, num área aproximada de 700 m²,
conforme definido na Figura 3, contemplam a ocupação de uma área que abrange parcialmente este
complexo habitacional, conforme delimitado no Anexo 1 do Regulamento do PORNB (Figuras 27 e 42),
facto que per si não inviabiliza a execução das propostas apresentadas, desde que salvaguardada a
aplicação da medida de minimização prevista no ponto 2, do Artigo 6º (Património Arqueológico) do citado
documento (Anexo PORNB), a saber, realização de intervenção arqueológica prévia ao início dos
trabalhos.
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126
Figura 42 – Pormenor do Anexo 1 – Património Arqueológico Conhecido – PORNB (Figura 27) com indicação dos sítios de
interesse arqueológico existentes na área de intervenção do projecto.
3.10.4.2 - Cenário 2
As propostas apresentadas pelos concorrentes 1 e 2, prevendo a instalação unicamente de painéis
fotovoltaicos, em zona localizada por cima do Bairro dos Pescadores, numa área aproximada de 350 m²,
conforme definido na Figura 4, não contemplam qualquer impacte sobre o património de natureza cultural
existente neste território, conforme identificado no Anexo 1 do Regulamento do PORNB (Figura 27).
3.10.4.3 - Cenário 3
As propostas apresentadas pelos concorrentes 1 e 2, prevendo a instalação de painéis fotovoltaicos, em
zona localizada por cima do Bairro dos Pescadores, numa área aproximada de 500 m.², conforme definido
na Figura 6, não contemplam qualquer impacte sobre o património de natureza cultural existente neste
território, conforme identificado no Anexo 1 do Regulamento do PORNB (Figura 27). Relativamente à
implantação dos aerogeradores previstos em área a Nordeste do sítio do Moinho, na zona do Pesqueiro do
Capitão, não se identifica qualquer inconveniente.
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127
3.10.4.4 - Cenário 4
As propostas apresentadas pelos concorrentes 1 e 2, prevendo a instalação de painéis fotovoltaicos, em
zona localizada por cima do Bairro dos Pescadores, numa área aproximada de 290 m.², conforme definido
na Figura 6, não contemplam qualquer impacte sobre o património de natureza cultural existente neste
território, conforme identificado no Anexo 1 do Regulamento do PORNB (Figura 27).Tal com no Cenário 3,
no que concerne à implantação dos aerogeradores previstos, na zona do Pesqueiro do Capitão, não se
identifica qualquer inconveniente.
3.10.4.5 - Cenário 5
As propostas apresentadas pelos concorrentes 1 e 2, prevendo a instalação de painéis fotovoltaicos, numa
extensão de aproximadamente 500 m.², e de disco stirling, em zona localizada por cima do Bairro dos
Pescadores, conforme definido na Figura 3 e descrito na Tabela 5, contemplam a ocupação de uma área
que abrange parcialmente este complexo habitacional, conforme delimitado no Anexo 1 do Regulamento do
PORNB (Figuras 27 e 42), facto que per si não inviabiliza a execução das propostas apresentadas, desde
que salvaguardada a aplicação da medida de minimização prevista no ponto 2, do Artigo 6º (Património
Arqueológico) do citado documento (cf. ANEXO PORNB), a saber, realização de intervenção arqueológica
prévia ao início dos trabalhos.
3.10.4.6 - Cenário 6
A não aplicação do projecto definida no cenário 6 não implica qualquer tipo de impacte sobre os valores
culturais identificados na Ilha da Berlenga. Da avaliação efectuada dos cenários e propostas apresentadas
consideram-se os cenários 2, 3 e 4, e respectivas propostas, como aqueles que, não apresentando
qualquer impacte sobre o património arqueológico identificado neste território, melhor se adequam à
concretização deste projecto.
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128
3.10.5 - Medidas de Minimização
3.10.5.1 - Fase de Construção
Perante o potencial arqueológico da área a abranger pelo projecto e a natureza das acções previstas no
âmbito da execução do mesmo, impõe-se a aplicação de algumas medidas de minimização de possíveis
impactes negativos, a desenvolver nos termos da legislação vigente (Artigos 77º e 79º da Lei de Bases do
Património Cultural Português, Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro) e do Regulamento do PORNB (CF.
ANEXO PORNB), de acordo com cada cenário, nomeadamente:

Realização de sondagens arqueológicas de diagnóstico na totalidade da zona a intervencionar
(cenários 1 e 5).
A execução deste trabalho, por via manual, permitirá o reconhecimento prévio, registo e
salvaguarda de vestígios e estruturas arqueológicas. A identificação no âmbito deste trabalho de
contextos de natureza arqueológica motivará necessariamente, a realização de intervenção
arqueológica de emergência de forma a avaliar a especificidade e extensão dos mesmos.

Acompanhamento arqueológico dos trabalhos de desmatação, escavação, remoção e depósito de
terras, e instalação de estaleiro (cenários 1 a 5).
Este trabalho deve ser efectuado em permanência, de forma continuada e contemplando todas as
mobilizações do solo atrás mencionadas. O acompanhamento arqueológico da obra deverá evitar
a destruição gratuita de artefactos ou contextos arqueológicos que possam surgir no âmbito da
intervenção, devendo a sua identificação motivar igualmente a realização de uma escavação
arqueológica de emergência.
Os pedidos referentes aos trabalhos arqueológicos a realizar no âmbito da execução do projecto deverão
ser previamente submetidos à tutela – IGESPAR I.P.. Tendo em consideração, a enorme relevância da Ilha
da Berlenga no contexto da navegação à escala atlântica (e consequentemente no panorama da
arqueologia portuguesa), o facto das intervenções arqueológicas desenvolvidas nas últimas décadas, em
meio terrestre quer em meio aquático, terem sido realizadas na sua totalidade pelo IGESPAR, I.P. (ou pelo
organismo seu antecessor), demonstrando notório conhecimento por parte dos técnicos desta entidade da
realidade local, e, por fim, o facto deste organismo ter assento no Conselho Estratégico da Reserva Natural
da Berlenga, recomenda-se no âmbito deste relatório que possa o IGESPAR, I.P, assumir a realização dos
trabalhos atrás definidos.
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129
3.10.5.1.1 - Medidas de minimização segundo os cenários propostos:
Medidas de minimização segundo os cenários propostos
Medida
Sondagens arqueológicas
de diagnóstico
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
Cenário 4
x
Cenário 5
Cenário 6
x
Acompanhamento
arqueológico dos
x
x
x
x
x
trabalhos
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130
3.11 - Sócio-económica
Na ilha da Berlenga não existem aglomerados populacionais permanentes. Ali apenas residem de forma
não permanente alguns habitantes no Bairro dos Pescadores, no Forte de S. João Baptista e no Farol da
Berlenga, principalmente pescadores, faroleiros e funcionários da Reserva Natural das Berlengas, a que
somam temporariamente funcionários da Câmara Municipal e pessoal de apoio aos serviços na restante
época do ano.
Durante o verão a Berlenga recebe cerca de 40 mil visitantes, na sua maioria em visita diária e sem
pernoita na ilha, condicionado à disponibilidade de transporte e à capacidade de visitação. A Portaria nº
270/90 de 10 de Abril, define o “número de indivíduos que, para além dos que podem legalmente exercer a
pesca na área da Reserva, constituem a capacidade de carga humana da Reserva Natural da Berlenga” e
“não deve exceder os 350 indivíduos”, “excluindo do cômputo da capacidade de carga todos os indivíduos
que na mesma possuam residencial habitual”. No entanto, o controle deste número de visitantes diários
parece nunca ter sido feito de forma sistemática e consequente.
A RCM nº 180/2008 de 24 Novembro, dedica o seu artigo 10º à definição da capacidade de carga humana
na ilha, identificando de forma genérica a metodologia a aplicar para o seu cálculo e responsabilizando o
ICNB pelos estudos necessários à sua redefinição e implementação.
Do ponto de vista produtivo a Berlenga destaca-se pela sua importância no turismo e nas pescas, não
dispondo este estudo de números específicos para a área da Reserva Natural.
Verifica-se, no entanto, que o arquipélago continua a exerce atractividade crescente para as actividades de
lazer, recreio e diversas práticas subaquáticas. Estas actividades estão fortemente condicionadas na parte
marinha e fundamentalmente na parte emersa da Reserva Natural, pela sua reduzida dimensão e pela
defesa dos valores presentes na Ilha da Berlenga.
3.11.1 População residente
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131
O concelho de Peniche caracteriza-se por ser um concelho muito povoado com uma densidade
populacional de 354 hab./km2 em 2001, a mais elevada de todos os concelhos da sub-região Oeste. O
maior núcleo urbano, a cidade de Peniche, tinha 15.304 habitantes em 1991 e 15.595 habitantes em 2001.
A Ilha Berlenga não possui habitantes residentes, apenas habitantes de carácter temporário, desde os
faroleiros, pessoal pertencente ao ICNB que efectua a vigilância do local, aos pescadores e durante a
época alta, os visitantes da ilha.
Estes habitantes são: equipas de faroleiros da Direcção de Faróis e vigilantes da natureza do ICNB que
estão presentes durante todo ano, mas cumprindo escalas de serviço; alguns funcionários da Câmara
Municipal de Peniche, que permanecem nesta ilha durante períodos mais ou menos prolongados, em geral
de Março até Novembro. No Bairro dos Pescadores, existem 12 casas utilizadas pelos pescadores.
Adicionalmente, nos meses de Maio a Outubro, costumam pernoitar com alguma regularidade na Berlenga
cerca de duas dezenas de pescadores artesanais e por vezes alguns técnicos de apoio a diversas
actividades e serviços, incluindo técnicos da EDP e pessoal diverso da área da restauração.
Caracterização da População
Embora a sub-região se situe ao longo da costa marítima, numa franja superior a 100 km, apresenta
densidades populacionais das mais baixas da região de Lisboa e Vale do Tejo, mantendo-se estacionárias
nas últimas décadas.
De facto, os dados dos últimos censos mostram o poder de atracção populacional exercido pelos concelhos
com características urbanas, com especial incidência em freguesias com sede de concelho ou situadas no
litoral ligadas a áreas de veraneio (concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha e Torres Vedras) e outros de
natureza marcadamente rural, que perderam população.
É notória a tendência para o envelhecimento populacional destes últimos, havendo mesmo concelhos como
Bombarral e Cadaval que apresentavam, em 1995, um peso de idosos superior a 20% da população
residente.
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132
A região Oeste registou um ligeiro aumento demográfico entre 1991 e 1996, por comparação com o período
anterior; enquanto o ritmo de crescimento na década de oitenta foi de 1,3%, no primeiro quinquénio da
década de noventa foi de 0,9%.
Contudo no fim desta última década (2001) o crescimento era de 28,3% significando que foi no último
quinquénio que houve um aumento bastante significativo de população na região Oeste.
São sempre os mais novos, potencialmente activos, que partem, pelo que esta dicotomia de
comportamentos determina a evolução das taxas de natalidade, inferiores às observadas para o conjunto
do país, e das taxas de mortalidade, acima da média regional e nacional.
Contudo, esta realidade parece ter um fim anunciado: os efeitos induzidos pela recente construção da autoestrada (A8), a par da via rápida existente (IP6), provocarão necessariamente alterações na estrutura e na
dinâmica da sub-região, vislumbrando-se novas potencialidades a curto prazo.
Não tendo a Reserva Natural aglomerados populacionais permanentes dentro dos seus limites, só foi
considerada para análise a população residente no concelho de Peniche e designadamente na freguesia
de S. Pedro, que tradicionalmente engloba a Berlenga, para fins administrativos
À semelhança do fenómeno que vem acontecendo no país e que se apresenta como um traço marcante da
nossa sociedade no fim do século XX e início do século XXI, a população do concelho de Peniche tem sido
marcada por um progressivo, ainda que moderado, envelhecimento. Esta tendência, também registada na
sub-região Oeste e na Região de Lisboa e Vale do Tejo, é visível quer no grupo etário dos jovens (0-14
anos), quer no dos idosos (65 e mais anos). Estamos assim perante a situação de duplo envelhecimento
populacional:

Envelhecimento no topo – como consequência do aumento da importância dos idosos;

Envelhecimento na base – devido à diminuição da importância relativa dos jovens.
Com efeito, entre 1981 e 1991, o grupo etário dos jovens teve, no concelho de Peniche, um decréscimo na
ordem dos 17%, enquanto a população idosa aumentou cerca de 24%. Os valores destas variações
aproximam-se dos registados na sub-região Oeste e Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde a perda de
jovens foi de 17% e de 20%, e o aumento de idosos de 22% e de 24%, respectivamente.
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133
3.11.2 – Economia do local
A importância do sector das pescas
O sector das pescas é, quer por condições naturais, quer pelas condições infra-estruturais criadas ao longo
do tempo, o sector que mais profundamente tem marcado o concelho de Peniche. A importância das
pescas na economia do concelho tem vindo progressivamente a diminuir, reflectindo-se no índice de
ocupação de activos (embora continue a representar 20% da população activa do concelho) e na
quantidade de pescado descarregado, mas continua a ser muito importante no valor e nas implicações
económicas a montante e a jusante da actividade. De facto a pesca potencia em si muitas outras
actividades, que vão desde a construção das embarcações e fabrico de aprestos até à transformação e
comercialização do pescado.
No arquipélago das Berlengas a pesca está regulamentada pelo respectivo plano de ordenamento, sendo
de destacar o papel económico da apanha de marisco, em especial de percebes. Esta actividade já foi
totalmente interdita na área da RNB, mas actualmente encontra-se regulada (desde 2000), encontrando-se
o arquipélago dividido em três zonas (A, B e C). A apanha do percebe é permitida em anos pares na zona
A, sendo permitida em anos ímpares na zona B e sempre interdita na zona C.
Além disso, a actividade é interdita nos meses de Agosto e Setembro, sendo autorizada apenas para os
mariscadores profissionais devidamente licenciados pela Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura (DGPA),
mediante processo de selecção anual, executado em conjunto com a entidade gestora da Reserva Natural
das Berlengas.
O Sector do Turismo
Neste sector destaca-se também o turismo como actividade com algum relevo no concelho. No âmbito
turístico são essencialmente três os “produtos” que o concelho de Peniche possui:
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134
A faixa litoral, de longe o produto dominante, dispondo de um conjunto de praias reconhecidas que
beneficiam regularmente da atribuição da “Bandeira Azul” e conhecidas pelas suas características
para a prática de actividades náuticas e desportivas associadas ao “Mar” e às “Ondas”;
A faixa interior, constituída pelas áreas não litorais das freguesias de Ferrel e Atouguia da Baleia e
pela freguesia da Serra d’El-Rei. Esta, de perfil campestre e com condições potenciais de agroturismo e de localização de aldeamentos orientados para a fruição de um habitat natural à margem
do congestionamento do litoral;
A Reserva Natural das Berlengas, ex-libris da região, onde a visitação e a fruição deste espaço
deverá garantir o equilíbrio com o ecossistema e assegurar a salvaguarda dos valores de
conservação da natureza, numa perspectiva de “…turismo da natureza que privilegia as actividades
de lazer, desporto e recreio, activo ou passivo, de observação e fruição dos valores naturais
presentes...”.
O concelho de Peniche possui efectivamente uma série de vantagens potenciadoras do desenvolvimento
do turismo, nomeadamente a sua localização geográfica, os preços competitivos praticados, a fluidez de
tráfego e acessibilidades, a diversidade paisagística.
Contudo, o aproveitamento actual deste potencial turístico tem-se pautado por uma elevada sazonalidade o
que decorre, sobretudo, do peso muito forte do turismo de litoral e do facto de Peniche ter uma procura,
sobretudo de nacionais, que concentram as suas férias nos meses de Julho e Agosto.
Segundo o PDM, o concelho apresenta um conjunto de condicionantes de natureza objectiva ao
aproveitamento do turismo que pretende colmatar durante a vigência do Plano, perspectivando apostar no
desenvolvimento de um turismo balnear interiorizado que reduza as pressões existentes, no sentido da
ocupação indiscriminada da zona costeira por grandes empreendimentos, mesmo que estes se orientem
por padrões de turismo de alta qualidade.
Actividades turísticas, desportivas, recreativas e de lazer na ilha da Berlenga
A ilha da Berlenga funciona como ex-libris da própria região turística e do concelho, exercendo uma
atractividade elevada que é condicionada pela capacidade de carga da ilha estabelecida legalmente, o que
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135
pode motivar “listas de espera”, obrigando a permanecer em Peniche para aguardar vez de transporte para
a visitar.
Também o fundeadouro situado ao largo da ilha da Berlenga tem recebido, ocasionalmente, paquetes de
turistas que vêm do Norte da Europa e ali fazem uma curta escala para visitar a ilha. Se Forte de S. João
Baptista estivesse recuperado, os pacotes turísticos poderiam incluir o pernoitar na ilha, sempre sujeito ao
número de lugares disponível (para fundear ao largo da Berlenga é necessária autorização da Capitania do
Porto de Peniche).
Estima-se que a ilha tenha sido visitada por cerca de 25.000 pessoas no ano de 1998, por cerca de 30.000
no ano 2000, e por cerca de 40.000 nos anos de 2003 e 2004. Regista-se assim uma tendência crescente
na procura da Berlenga como local privilegiado de lazer e de recreio, no contacto com a natureza.
Esta tendência, pode também ser constatada pelo crescimento da oferta de serviços directamente ligados à
exploração da área marítima na península de Peniche, nomeadamente pela forte dinâmica dos Operadores
Marítimo-Turísticos.
É a partir de finais de Maio que começam a chegar os residentes temporários e é sobretudo durante a
época estival, nos meses de Julho e Agosto, que a ilha da Berlenga é alvo de forte fluxo de visitantes.
Esta procura diminui em Setembro, sobretudo a partir do meio do mês, deixando de haver transporte
regular assegurado e de seguida encerram as infra-estruturas locais de apoio aos visitantes.
Alojamento na Ilha da Berlenga
Devido à exiguidade do espaço disponível, dimensionamento, estado de conservação e capacidade actual
das infra-estruturas e equipamentos existentes, e tendo em conta o crescente fluxo de visitantes nesta Área
Protegida, podemos definir a capacidade de alojamento na ilha da Berlenga como muito reduzida e
distribuída da seguinte forma:

Apoio de campismo, com capacidade para 128 pessoas e uma taxa de ocupação de 100% nos meses de
Julho e Agosto (este apoio só está disponível no período compreendido entre 15 de Maio e 15 de
Setembro);

Pavilhão “Mar e Sol” com capacidade para 19 pessoas alojadas em 6 quartos;
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136

Alojamento nas instalações oficiais da Reserva Natural das Berlengas, no piso inferior da casa “Constantino
Varella-Cid”, utilizada pelo ICNB mediante Protocolo específico negociado por 15 anos – com capacidade
máxima 6 pessoas alojadas em camarata;

Forte de S. João Baptista – com capacidade para alojar 58 pessoas, sendo actualmente explorado pela
“Associação dos Amigos da Berlenga”.

No Farol existem um conjunto de residências, adstritas ao corpo do próprio Farol e da Capitania do Porto de
Peniche.
A capacidade de alojamento podendo ser relativamente aumentada, é fundamental que seja
significativamente qualificada através de investimentos no Forte, Farol, Bairro dos Pescadores e Apoio de
Campismo, dotando-os de uma gestão mais eficiente.
Na área terrestre da Reserva Natural, nomeadamente na ilha da Berlenga, estão disponíveis 2 percursos
pedestres, sendo considerado ainda um terceiro percurso, na área marítima adjacente. As visitas guiadas,
para grupos escolares, ou para visitantes especialmente interessados, podem ser previamente marcadas
na sede da RNB, em Peniche.
Percursos Pedestres
1- Trilho da Berlenga, com uma extensão aproximada de 3 km e uma duração de 3 h 00 m, tem como principais
pontos de maior interesse: Planalto do Farol, Forte de S. João Baptista (com ligação ao circuito marítimo de “Visita às
Grutas”). Grau de dificuldade: médio.
2- Trilho da Ilha Velha, com uma extensão de cerca de 1,5 km tem uma duração prevista de 1 h 30 m. Apresenta
como pontos de maior interesse: Buzinas, Pedra Negra, Carreiro dos Cações. Grau de dificuldade: fácil.
3-“Visita às Grutas” (percurso marítimo) com uma extensão de 4 km e a duração de 1 h 00 m, apresenta como
pontos de maior interesse: Carreiro da Inês, Flandres, Forte de S. João Baptista, Gruta Azul, Furado Grande, Cova do
Sono. Grau de dificuldade: fácil.
Actividades Desportivas – Caça, Pesca e actividades náuticas
Verifica-se que, presentemente, a ilha exerce atractividade crescente para as actividades de lazer, recreio e
diversas práticas subaquáticas. Estas actividades estão fortemente condicionadas na parte emersa da
Reserva Natural, pela sua reduzida dimensão e pela defesa dos valores presentes na Ilha da Berlenga.
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137
Com a criação da Reserva Natural da Berlenga, a partir de 1981 a “pesca desportiva” começou a ter
algumas condicionantes, designadamente nos acessos terrestres aos pesqueiros, devendo os praticantes
observar os trilhos existentes. Posteriormente, ficou interdita em toda a área marinha da Reserva Natural a
prática da actividade recreativa da caça submarina.
A partir de 1989, a “pesca desportiva” passa a ser permitida apenas na modalidade de pesca à linha, e o
mergulho passa a ser permitido apenas para fins recreativos e de observação. O exercício da caça em
meio terrestre encontra-se interdito, de há muitos anos, antecedendo largamente a criação da Reserva
Natural.
As actividades de motonáutica e outras actividades recreativas ruidosas são proibidas e o acesso e
utilização das embarcações de recreio também têm condicionantes, nomeadamente estando interdita a
navegação no carreiro Maldito e no rio da Poveira, entre 1 de Fevereiro e 1 de Julho.
A recuperação do Forte de S. João Baptista e a sua utilização por uma unidade turística, uma eventual
reutilização dos edifícios do Farol, a remodelação do Apoio de Campismo, e o reordenamento das
actividades humanas na Ilha da Berlenga, permitirão uma requalificação da oferta turística na ilha, no
sentido de sustentar a actividade de turismo da natureza, turismo esse que só é sustentável se for mantida
uma elevada qualidade dos recursos naturais.
Na parte imersa da Reserva Natural, nomeadamente nas áreas menos profundas situadas em redor da ilha
da Berlenga, as actividades de recreio e de observação subaquática, tem ainda potencial, dependendo das
respectivas capacidades de carga e do necessário respeito pela sua observação.
Outras actividades emergentes na região como a observação de cetáceos e aves marinhas poderão
consubstanciar também alternativas interessantes e com importância económica.
Neste sentido, cálculos mais rigorosos da capacidade de carga, terrestre e marinha, fiscalização adequada
de modo a garantir o respeito pela capacidade de carga estipulada, uma eventual introdução de uma ecotaxa, bem como investimentos de requalificação, são medidas essenciais na gestão futura da Reserva
Natural das Berlengas, para que a qualidade dos recursos naturais e culturais seja garantida, e quando
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138
necessário melhorada, ao longo dos próximos anos, e compatível com o seu usufruto na área do lazer e da
visitação.
3.11.3 – Acessibilidades e infra-estruturas e equipamentos existentes na Ilha
3.11.3.1 - Acessibilidades
Acessibilidade rodoviária
De acordo com os dados publicados no PDM e no portal www.cm-peniche.pt, a cidade de Peniche tem
acessibilidade rodoviária através do IP6, que permite a ligação entre Peniche e a A8, entre Óbidos e Caldas
da Rainha no nó de A da Gorda. A A8 liga actualmente Lisboa a Leiria.
A acessibilidade de Peniche a norte, faz-se pela A1, tomando em Leiria a A8. A sul pela A8, ou vindo da A1
apanhando a A15 em Santarém. A A15 liga Santarém à A8, entre Óbidos e Caldas da Rainha, o que
permite a ligação ao IP6, permitindo uma melhor acessibilidade a partir do interior.
Acessibilidade marítima
A localização do arquipélago, sensivelmente a meio da costa ocidental, torna-o acessível por mar, a norte e
a sul, a partir de qualquer porto da costa portuguesa. Em termos da zona costeira próxima, a acessibilidade
por mar ao arquipélago pode ser feita a partir do porto de pesca de Peniche, que é considerado um porto
de escala com Capitania, sendo este o porto mais próximo da Berlenga.
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139
Figura 43 – Acessibilidades existents para Peniche.
3.11.3.2 – Infra-estruturas
Apresenta-se de seguida uma planta da Ilha da Berlenga, com as localizações das infra-estruturas
existentes na situação de referência.
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140
Figura 44 – Planta da situação existente na Ilha da Berlenga.
Farol da Berlenga
(Com base nos dados fornecidos pela Direcção de Faróis)
O Farol é a infra-estrutura mais importante da ilha da Berlenga e do arquipélago, e a única que tem
utilização diária anual, com funções dominantes de ajuda à segurança marítima, sinalizando a presença do
arquipélago à navegação.
Este Farol (acabado de construir em 1841) sempre foi dos mais isolados do assinalamento na costa
portuguesa. Por este motivo foi automatizado em 1985, altura em que se substituiu o aparelho óptico lenticular
hiperradiante por um tipo de óptica selada (PRB21) e se instalou um sistema de telecontrolo a partir do farol
do Cabo Carvoeiro.
Apesar deste avanço tecnológico, mantiveram-se dois faroleiros na Berlenga, em sistema de rotatividade.
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141
As razões que justificam esta opção prendem-se com a necessidade de garantir a guarda física do Farol e
salvaguardar o funcionamento de uma luz imprescindível, garantido que, mesmo no Inverno, em caso de
avaria está uma equipa de reparação no local.
A única energia disponível para o Farol era proveniente de 4 grupos de gerador/alternador, que
funcionavam no período nocturno e escassas horas por dia. O gasóleo era transportado para a ilha em
bidões, e depois bombeado do cais para o Farol, e aí armazenado em depósito próprio. Esta situação era
insustentável, por ser penosa e dispendiosa, obrigando a um apoio logístico próprio, para além de não
permitir ter energia disponível durante as 24 horas do dia. Por outro lado, o estado de conservação do Farol
poderia considerar-se muito degradado, com excepção das instalações dos funcionários de serviço.
Em finais dos anos 90, encontrando-se o sistema óptico PRB21, a chegar ao fim da vida útil, foi
equacionada a sua substituição, e encaradas tecnologias que permitissem reduzir custos de exploração, de
manutenção e logísticos, foram instalados, em duas fases, painéis fotovoltaicos no Farol, como parte
integrante das obras de conservação desta infra-estrutura.
Na primeira fase foi instalada uma lanterna rotativa TBR 400 Tideland com alcance de 20 milhas náuticas,
alimentada por 4 painéis e 22 baterias 12 V, 120 Ah, para além de um sinal sonoro, com detector de
nevoeiros, alimentado por 4 painéis e 6 baterias.
A segunda fase, implementada em 2001, visou fornecer energia às residências da infra-estrutura e foi mais
difícil de executar, porque envolveu a colocação de um sistema misto composto por 40 painéis fotovoltaicos
e 24 baterias mais potentes, painel de comando e manutenção (por segurança) dos dois grupos de
geradores já existentes.
Este sistema, que tem ainda um período de funcionamento curto, tem funcionado apenas com o recurso
aos painéis, não tendo até agora sido necessário accionar os geradores.
Este projecto, que se concretizou com sucesso, foi escolhido para atribuição do prémio DEFESA
NACIONAL E AMBIENTE – 2001, concurso que visa incentivar as boas práticas ambientais das Forças
Armadas.
Transporte e circulação
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142
O transporte é efectuado por carreira de barco, operadores licenciados ou transporte em barcos privados.
Encontra-se devidamente legalizada a concessão para Transporte Regular de Passageiros e Mercadorias,
atribuída à empresa VIAMAR – Soc. Viagens (Peniche–Berlenga) .
Dentro da ilha, a única viatura que pode circular é o tractor associado no farol.
Circulação pedonal
A circulação na ilha é essencialmente pedonal. Um único caminho pavimentado permite a circulação de
veículos (neste caso um mini-tractor de serviço do Farol), apenas com funções de gestão, no percurso
compreendido entre o cais do Carreiro do Mosteiro e o Farol.
São de assinalar dois tipos de circulação pedonal a partir do cais de desembarque, que se entrecruzam no
Farol:

Caminho principal carreteiro do tipo vereda de largura definida, que vai do cais do Carreiro do
Mosteiro, na Ilha Velha, passando pelo Bairro dos Pescadores e se dirige ao Farol atravessando o
istmo da Ilha Velha para a Berlenga, sendo o único pavimentado. Este caminho dá entretanto
acesso ao caminho de pé posto que se dirige para o miradouro das Buzinas, que dá a volta à zona
aplanada da Ilha Velha, voltando ao caminho principal. Há outro acesso que parte do Apoio de
Campismo e através de escadas vem desembocar no caminho atrás mencionado, dando acesso
igualmente à praia.

A partir do istmo já referido parte um caminho de pé posto até à praia do Carreiro dos Cações.

Da Fortaleza sai outro caminho do tipo vereda, em escadaria, com largura definida, que chega ao
topo da arriba, já na zona aplanada, e bifurca então para SW, passando na cisterna em direcção à Cova do
Sono, e continuando para NE na direcção do Farol.

A partir da cisterna bifurcam dois caminhos de pé posto, pouco utilizados e não perceptíveis no terreno, um
na direcção do alto do Cemitério e o outro na direcção da arriba do Furado Grande e da Cabeça do Elefante,
que é utilizado sobretudo por pescadores.
Rede eléctrica
Existe uma rede eléctrica simples e de dimensões circunscritas, na área do Bairro dos Pescadores,
operada pela EDP, para abastecimento das habitações e serviços instalados naquela parte da ilha da
Berlenga. De assinalar ainda na Reserva a iluminação proveniente de energia solar fotovoltaica no Farol, o
que torna auto-suficiente de energia aquela estrutura, e o funcionamento de geradores alimentados por
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143
combustíveis fósseis (gasóleo), que abastecem a área do bairro dos Pescadores, sendo a respectiva
manutenção também assegurada pela EDP.
Continua assim a ser necessário transportar combustíveis para a Ilha, para abastecimento dos geradores
convencionais instalados na periferia do Bairro dos Pescadores, o que poderá parecer anacrónico numa
área de Reserva Natural, e provoca impactes negativos significativos numa ilha de tão reduzidas
dimensões.
Telecomunicações
A rede de telecomunicações móvel permite uma boa cobertura da ilha na área de planalto, devido à
instalação da antena da empresa Portugal Telecom no perímetro do Farol. O Farol tem ainda a rede de
comunicações DGPS com o Farol do Cabo Carvoeiro, o que permite uma ligação rápida entre a ilha da
Berlenga e Peniche quando não existem outras comunicações.
3.11.3.3 – Equipamentos
Forte São João Baptista
O Forte é o equipamento mais importante da ilha da Berlenga. Segundo os arquivos do Exército, o
chamado Forte de S. João Baptista, está assente sobre rochedo destacado da ilha mas a ela ligado através
de serventia situada a poente. Após renhida batalha travada em Junho de 1666, a sua reconstrução data
de 1676 e foi executada segundo as características gerais das Fortificações do Conde de Lipe. Esteve
arrendado por um período de 9 anos, a partir de 1898.
No dia 1 de Agosto de 1938, o prédio relativo ao Forte, que se encontra inscrito na matriz da freguesia de
S. Pedro, art.º 329, e no cadastro do Ministério da Guerra – Prédio militar n.º 21, passou a estar na posse
do Ministério das Finanças. Como se refere no mesmo ponto, o Forte passou a servir de refúgio a
pescadores e a partir de 1953 é recuperado, passando a funcionar como pousada em regime de concessão
até 1972.
Presentemente é gerido pela Associação dos Amigos da Berlenga. De acordo com o estudo elaborado para
o Fórum Social de Peniche (1999), nele se preconiza novamente a instalação de um equipamento turístico
que deve ser devidamente negociado tendo em conta as particularidades da ilha da Berlenga.
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144
É recomendável que o projecto de recuperação tenha como objectivo principal a sustentabilidade,
nomeadamente o chamado grau zero em termos de eficiência energética, seguindo o excelente exemplo do
Farol e melhorando as soluções a adoptar no que se refere a infra-estruturas de saneamento. A ilha da
Berlenga poderia ser um ex-libris para a sustentabilidade, se através dos investimentos a efectuar nos
equipamentos e infra-estruturas se utilizassem novas tecnologias amigas do ambiente, sendo também
importante conseguir uma maior disciplina da visitação, principalmente na época estival.
Restaurante
Existe um restaurante na ilha da Berlenga, localizado no Bairro dos Pescadores. Tem capacidade para
cerca de 26 mesas, distribuídas pelo interior e na esplanada, permitindo servir cerca de 100 refeições
simultâneas. Tem disponibilidade para armazenar 200 litros de água doce, para confeccionar refeições,
sendo a restante canalização de água salgada, destinada aos sanitários. No Verão aluga quartos,
equipados com casa de banho e água salgada.
Mini-Mercado
Localizado no Bairro dos Pescadores, funciona numa construção denominada Castelinho, abastecendo os
visitantes e moradores temporários.
Posto de Primeiros Socorros
O edifício onde deveriam ser prestados os primeiros socorros sofreu obras recentemente. Presentemente já
se encontra devidamente equipado, existindo um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de
Peniche e os Bombeiros Voluntários de Peniche para que, durante os meses de Verão, seja assegurada a
presença de pessoal especializado e que preste serviço de primeiros socorros em caso de acidente.
Instalações Sanitárias
A ilha está dotada de instalações sanitárias públicas, constituídas pelos seguintes componentes: 6
lavatórios, 3 urinóis, 6 retretes e 2 chuveiros. A água distribuida nas casas de banho pública é água
salgada.
4 – Avaliação das Incidências Ambientais
4.1 – Qualidade do ar
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145
Fase de construção
Para a fase de construção, deverá ser tida em conta em particular a circulação de materiais até ao local de
implantação e a movimentação de terras, que poderão emitir poeiras e CO2 para a atmosfera. Uma vez que
o local de implantação (para os vários cenários) é pouco distanciado do cais de descarga (400 m) e que a
previsão dos trabalhos será de uma duração máxima de 4 semanas, considerou-se o impacte negativo,
mas pouco significativo, devido ao carácter temporário e de magnitude baixa.
Fase de exploração
Tendo em consideração os 5 cenários propostos, e tendo em conta a situação de referência (a emissão de
gases de combustão associados aos geradores a diesel), considera-se que para qualquer um dos cenários
apresentados irá conduzir a uma melhoria significativa na qualidade do ar local, uma vez que os geradores
deixarão de funcionar (funcionando apenas em situações de pontuais). O impacte ambiental para os vários
cenários, será de carácter permanente, magnitude moderada, sendo portanto um impacte postivo
significativo.
Fase de encerramento
Nesta fase, com a desmontagem dos equipamentos, é expectável a emissão de poluentes atmosféricas
associadas ao transporte dos materiais. Considera-se, devido ao carácter temporário e de magnitude baixa,
o impacte negativo pouco significativo.
4.2 – Ambiente sonoro
Fase de construção
Para a fase de construção, deverá ser tido em consideração os trabalhos de escavação e de fixação ao
solo e fixação dos suporte. Numa fase posterior existirão os trabalhos de instalação dos equipamentos.
Estas actividades irão provocar um aumento de ruído ambiente essencialmente devido à utilização de
equipamentos. Uma vez que são actividades que terão uma duração máxima total de 4 semanas,
considerou-se o impacte temporário, de magnitude baixa, sendo portanto, um impacte negativo pouco
significativo.
Fase de exploração
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146
Relativamente aos paineis fotovoltaicos, não é expectável emissão de ruído para os cenários 1, 2 e 5. No
que diz respeito aos cenários 3 e 4, foi considerado a implantação de aerogeradores. Segundo os
catálogos técnicos apresentados pelo concorrente 2 a este equipamento, os níveis de ruído serão os
seguintes (medidos na base da torre do aerogerador):
- Turbina 6 Kw: a uma velocidade de vento de 5 m/s: 45 dB(A)
a uma velocidade de vento de 20 m/s: 65 dB(A)
- Turbina 2,5 Kw:a uma velocidade de vento de 5 m/s: 40 dB(A)
a uma velocidade de vento de 20 m/s : 60 dB(A)
Relativamente ao concorrente 1, não foi possível obter dados relativos à emissão do ruído provocado pelo
funcionamento das turbinas. No entanto como a potência destas é similar aos equipamentos propostos pelo
concorrente 2, poderá assumir-se que o nível de ruído emitido será similar. A título de comparação
referenciam-se algumas actividades ruidosas e respectiva emissão de ruído:
Figura 45 – Actividades ruidosas e sua emissão de ruído.
O nível de ruído registado a cerca de 50 m do aerogerador é praticamente igual ao ruído emitido por um
grupo de pessoas a conversar. Os aerogeradores só entram em funcionamento a partir de uma
determinada velocidade do vento. O gerador começa então a emitir um ruído que no seu tom se assemelha
a um sopro, e cujo nível se mantém com o aumento da velocidade do vento.
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147
Com vento forte, o ruído provocado pela própria deslocação do ar é superior ao ruído de funcionamento do
aerogerador, deixando este de se ouvir. Deste modo, o efeito do ruído emitido pelo funcionamento dos
aerogeradores sobre a fauna, é considerado negativo pouco significativo, devido à sua magnitude baixa,
embora de carácter permanente.
Apesar de tudo, para comprovar o cumprimento da legislação e assegurar a não existência de incómodos,
recomendou-se que seja solicitado ao fornecedor dos aerogeradores a apresentação de medições dos
níveis de ruído respectivos, efectuadas por entidades independentes, na fase de exploração.
Fase de encerramento
Na fase de encerramento, decorrerão actividades de desmontagem dos equipamentos, que provocarão um
aumento do nível de ruído ambiente, essencialmente devido à circulação e utilização de equipamentos para
transporte dos materiais. Assim sendo, considerou-se este um impacte temporário, de magnitude baixa,
sendo portanto, um impacte negativo pouco significativo.
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148
4.3 – Uso do Solo
O impacte provocado pela remoção de cobertura vegetal será pouco significativa, pois os locais
seleccionados para a colocação dos painéis fotovoltaicos e os aerogeradores, situam-se numa zona onde
predomina a espécie chorão-das-areias, considerada uma espécie invasora, e para a qual as medidas de
gestão apontam na sua remoção
Relativamente ao impacte ambiental provado pela fixação dos aerogeradores ao solo será feita através de
estruturas de betão que variam de dimensões em função do aerogerador utilizado.
Assim, para o aerogerador Proven 6kW as fundações terão as seguintes dimensões: 3m x 3 m x 1,2m
(comprimento x largura x profundidade).
Para o aerogerador Fortis Montana 5 kW, as fundações terão as seguintes dimensões 2,5m x 2,5 m x 1m
(comprimento x largura x profundidade).
A fundação do aerogerador Turban 2,5 kW terá aproximadamente as seguintes dimensões: 2m x 2m x 1m
(comprimento x largura x profundidade).
Para auxiliar o processo de montagem, uma segunda fundação será necessária por cada aerogerador.
Essa fundação terá as seguintes dimensões: 1,5m x 1,5 m x 1m (comprimento x largura x profundidade).
Em função da localização dos aerogeradores o número de fundações auxiliares poderá ser optimizado,
reduzindo o seu número. Em função das características específicas dos locais a instalar os aerogeradores,
as dimensões das fundações poderão variar.
Em relação aos paineis fotovoltaicos , a fixação ao solo será feita com base em dois métodos alternativos:

Blocos de betão com utilização de fixação mecânica (espessura mínima dos blocos 100 mm e um
peso mínimo de 900 kg)

Fixação directa no terreno com utilização de resina química (terá de existir argamassa de
nivelamento). A resina química a utilizar é resina para fixações com a percentagem mais baixa de
componentes tóxicos existente, não contendo fenol ou mercaptano.
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149
Quanto aos solos escavados, é de referir que na instalação de painéis fotovoltaicos, estes serão fixados ao
solo conforme foi descrito no ponto 2.3.5 deste estudo. A fixação ao solo será efectuada com uma
profundidade máxima de 10 cm , por cada painel fotovoltaico. Assim, para os vários cenários, no limite
serão removidas as seguintes remoção de terras:
Cenário 1: 445 paineis * 0.99 m *1.341 m * 0.1 m = 59 m3
Cenário 2: 223 paineis * 0.99 m *1.341 m * 0.1 m = 29.5 m3
Cenário 3: 389 paineis* 0.99 m *1.341 m * 0.1 m = 51.35 m3
Cenário 4: 223 paineis* 0.99 m *1.341 m * 0.1 m = 29.5 m3
Quanto aos earogeradores, considerando numa área bruta de construção de cerca de 13 m2, com uma
profundidade máxima de 1m pelo que não são esperados volumes consideráveis destes materiais (13 m3).
Assim sendo, em termos gerais será removida a seguinte quantidade de terras:
Cenário 1: 59 m3
Cenário 2: 29,5 m3
Cenário 3: 64. 35 m3
Cenário 4: 42.5 m3
Assim, avaliando o impacte ambiental provocado pela remoção de terras, considera-se um impacte
pemanente, de magnitude moderada, sendo portanto, um impacte negativo significativo. Em termos de
cenários , considera-se que o cenário 5 apresenta maior impacte e o cenário 2, que provoca menor impacte
ambiental.
Fase de exploração
Nesta fase, o impacte ambiental mais significativo é relativo à área ocupada pelos equipamentos, sendo
variável consoante os cenários previstos:
Cenário 1: 700 m2 de paineís fotovoltaicos
Cenário 2: 350 m2 de paineis fotovoltaicos
Cenário 3: 580 m2 de paineis fotovoltaicos + 10, 25 m2 de aerogeradores
Cenário 4: 350 m2 de paineis fotovoltaicos + 13 m2 de aerogeradores.
Cenário 5: 580 m2 de paineis fotovoltaicos + 72 m2 de energia solar concentrada = 652 m2
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150
A ocupação do solo por parte destes equipamentos irá provocar também um efeito de ensombramento no
local. Este impacte embora seja negativo, é considerado pouco significativo, pois em termos de flora,
actaualmente estamos na presença do chorão-das-areias,uma espécie invasora.
Fase de encerramento
Nesta fase de projecto, as actividades de desmontagem dos equipamentos serão levadas a cabo de modo
a repor as condições iniciais. Assim, considera-se o impacto positivo pouco significativo, devido á sua
magnitude baixa , embora permanente.
4.4 – Geologia e geomorfologia
Fase de construção
O facto dos equipamentos (em todos os cenários) serem implantados em local parcialmente aplanado,
reduz a necessidade de realizar escavações ou aterros de grande dimensão, não implicando assim a
formação de depressões e remobilização de volumes consideráveis de materiais. Os painéis fotovoltaicos
serão instalados em terreno com inclinação, mas que poderá ser benéfico para o sistema, umas vez que os
painéis fotovoltaicos devem ser instalados com uma inclinação previamente definida. Nesta situação não
haverá necessidade de aplanar o terreno, estando indicadas acima as mobilizações associadas a cada
cenário.
No tocante aos aerogeradores, a mobilização associada à construção das fundações estão identificadas no
ponto anterior. Deste modo, poder-se-á considerar, em termos geológicos, hidrogeológicos e
geomorfológicos um impacte negativo, de baixa significância, irreversível e de ocorrência certa.
Fase de exploração
Não são esperados impactes ao nível geológico, geomorfológico e hidrogeológico durante esta fase, para
todos os cenários.
Fase de encerramento
Nesta fase de projecto, as actividades de desmontagem dos equipamentos não irão provocar impactes
nível geológico, geomorfológico e hidrogeológico durante esta fase, para todos os cenários.
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151
4.5 – Ecologia
4.5.1 - Fase de construção
4.5.1.1 – Flora terrestre
O impacte ambiental provocado pela sua remoção do coberto vegetal será pouco significativo, pois os
locais seleccionados para a colocação dos painéis fotovoltaicos e os aerogeradores, é uma zona onde
predomina a espécie chorão-das-areias, considerada uma espécie invasora.
Figura 46 - Distribuição do chorão na ilha Berlenga
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Localização dos painéis fotovoltaicos – cenário 1
Armeria berlengensis
Figura 47 - Presença da espécie Armeria berlengensis na zona em estudo – cenário 1(Fonte ICNB)
Localização dos painéis fotovoltaicos – cenário 1
Armeria berlengensis
Figura 48 - Presença da espécie Armeria berlengensis na zona em estudo – cenário 2 (Fonte ICNB)
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Localização dos painéis fotovoltaicos – cenário 3
Armeria berlengensis
Localização dos aerogeradores – cenrário 3
Figura 49 - Presença da espécie Armeria berlengensis na zona em estudo – cenário 3 (Fonte ICNB)
Localização dos painéis fotovoltaicos – cenário 1
Angelica pachycarpa
Figura 50 - Presença da espécie Angelica pachycarpa na zona em estudo – cenário 1(Fonte ICNB)
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Localização dos painéis fotovoltaicos – cenário 2
Angelica pachycarpa
Figura 51 - Presença da espécie Angelica pachycarpa na zona em estudo – cenário 2 (Fonte ICNB)
Localização dos painéis fotovoltaicos – cenário 3
Angelica pachycarpa
Localização dos aerogeradores – cenrário 3
Figura 52 - Presença da espécie Angelica pachycarpa na zona em estudo – cenário 3 (Fonte ICNB)
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155
De referir ainda que para os cenários 3 e 4, a localização dos aerogeradores será feita numa zona onde
existe a predominância das espécies Armeria berlengensis avaliada como vulnerável e Angelica
pachycarpa , avaliada como espécie Rara e criticamente em perigo. Devido às suas avaliações, considerase a implementação dos aerogeradores na componente flora terreste, terá um carácter permamente, de
magnitude moderada , sendo portanto um impacte negativo significativo.
No que diz respeito à fauna, considera-se o seguinte:
4.5.1.2 - Herpetofauna
De acordo com o mapa dos núcleos populacionais dos lagartos (capítulo 3.7.3.6), a instalação dos paineis
fotovoltaicos e aerogeradores será efectuada numa zona não abrangida pelo território referenciado pelo
mapa. Considera-se neste ponto, o impacte reduzido ou nulo.
4.5.1.3 - Mamofauna
Na parte terrestre, apenas existem duas espécies o coelho-comum e o rato preto, ambas espécies
introduzidas. Ambas as espécies são encontradas em toda a área da Berlenga. Considera-se que o
impacte seja negativo pouco significativo, devido à sua magnitude fraca, de carácter temporário e tendo em
conta que as espécies identificadas não são protegidas.
4.5.1.4 - Avifauna
De acordo com a caracterização efectuada no capítulo dedicado à Ecologianeste relatório, verifica-se que
existem várias espécies protegidas /ameaçadas/em risco de extinção na Reserva. Importa assim avaliar o
impacte provocado pelo projecto sobretudo nessas mesmas espécies. Assim, destacámos nesta análise
três espécies:

Airo: conforme Figuras 53 a 55, verifica-se que esta espécie nidifica fora da zona de implantação
do projecto.

Cagarra: é uma espécie considerada vulnerável, tendo como único local de nidificação em
Portugal Continental, a Ilha da Berlenga; os ninhos situam-se em zonas de calhaus de média e
grande dimensão, onde o solo ésuficientemente profundo para permitir que as aves escavem os
ninhos. Conforme se pode na Figura 22, esta espécie possui uma grande concentração dos seus
ninhos naz zonas de Melreu, Capitão e Furado Seco, coincidindo com a parte da zona de inserção
do projecto
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156

Corvo-marinho: conforme figura seguinte, verifica-se que esta espécie nidifica fora da zona de
implantação do projecto.
Apesar do corvo-marinho e do airo não nidificarem na zona de implantação do projecto, sendo apenas
utilizada pela cagarra, os traballhos de instalação dos equipamentos serão efectuados fora do período de
nidificação (Fevereiro a Junho).
Também será tido em conta a época de visitação da ilha (Junho a Setembro). Analisando estas duas
condicionantes é expectável que a instalação dos equipamentos deverá ocorrer entre Outubro e Janeiro.
Passaremos a analisar a avaliação dos impactes ambientais nestas espécies, tendo em conta os vários
cenários propostos.
Cenário 1
Airo: Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude fraca.
Corvo-marinho: Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter
temporário, de magnitude fraca.
Cagarra: Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude moderada.
Cenário 2
Airo: Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude fraca.
Corvo-marinho: Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter
temporário, de magnitude fraca.
Cagarra: Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude moderada.
Cenário 3
Airo: Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude moderada.
Corvo-marinho:
Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter
temporário, de magnitude moderada.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
157
Cagarra: Considera-se o impacte ambiental negativo muito significativo, devido ao seu carácter temporário,
de magnitude elevada.
Cenário 4
Airo: Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude moderada.
Corvo-marinho: Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter temporário,
de magnitude moderada.
Cagarra: Considera-se o impacte ambiental negativo muito significativo, devido ao seu carácter temporário,
de magnitude elevada.
Cenário 5
Airo: Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude fraca.
Corvo-marinho: Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter
temporário, de magnitude fraca.
Cagarra: Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter temporário, de
magnitude moderada.
Área ocupada pelos paineis fotovoltaicos
Locais de nidificação do Airo (2004)
Locais de nidificação do Corvo-marinho (2003)
Locais de nidificação da cagarra (2004)
Figura 53 - Identificação dos locais de nidificação da cagarra, corvo-marinho e airo – cenário 1 (Fonte ICNB)
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
158
Área ocupada pelos paineis fotovoltaicos
Locais de nidificação do Airo (2004)
Locais de nidificação do Corvo-marinho (2003)
Locais de nidificação da cagarra (2004)
Figura 54 - Identificação dos locais de nidificação da cagarra, corvo-marinho e airo – cenário 2 (Fonte ICNB)
Área ocupada pelos paineis fotovoltaicos
Locais de nidificação do Airo (2004)
Locais de nidificação do Corvo-marinho (2003)
Locais de nidificação da cagarra (2004)
Área ocupada pelos aerogeradores
Figura 55 - Identificação dos locais de nidificação da cagarra, corvo-marinho e airo – cenário 3 (Fonte ICNB)
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
159
4.5.2 - Fase de exploração
4.5.2.1 – Flora terrestre
Cenário 1
Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter permanente, mas de
magnitude baixa.
Cenário 2
Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter permanente, mas de
magnitude baixa.
Cenário 3
Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter permamente, de magnitude
moderada, devido ao facto dos aerogeradores estarem localizados numa zona onde predomina a
existência da Armeria berlengensis e Angelica pachycarpa.
Cenário 4
Considera-se o impacte ambiental negativo significativo, devido ao seu carácter permamente, de magnitude
moderada, devido ao facto dos aerogeradores estarem localizados numa zona onde predomina a
existência da Armeria berlengensis e Angelica pachycarpa.
Cenário 5
Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter permanente, mas de
magnitude baixa.
4.5.2.2 – Herpetofauna
Considera-se o impacte ambiental reduzido ou nulo devido ao facto do projecto não interferir com o
território preferencial da herpetofauna.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
160
4.5.2.3 – Mamofauna
Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter permanente, mas de
magnitude baixa, nos 5 cenários considerados.
4.5.2.4 – Avifauna
Os aerogeradores podem comportar impactes negativos sobre a Avifauna. A sua localização é o factor de
maior importância na determinação desses impactes. Genericamente, quanto mais próximas se
encontrarem as turbinas de áreas de alimentação, migração, repouso e/ou nidificação de aves, maior a
probabilidade de afectação. Os impactes podem dividir-se em dois tipos: directos (resultantes da colisão
com as estruturas existentes no parque eólico) e indirectos (perda de habitat, perturbação, etc.).
Desde os finais dos anos 60, a Avifauna tem sido alvo de discussões relativamente aos impactes negativos
gerados pelos Parques Eólicos. Durante muito tempo foi opinião generalizada que os aerogeradores teriam
um efeito muito negativo sobre a Avifauna. Porém, a falta de estudos devidamente validados contribuiu
para que não se tenha obtido um conhecimento efectivo das afectações existentes, o que tem vindo a gerar
polémica entre as entidades implicadas.
Além de escassos, os estudos existentes são por vezes contraditórios entre si nas suas conclusões.
Contudo, todos os estudos são concordantes com o facto de os impactes induzidos sobre as aves serem,
sem excepção, considerados negativos, destacando-se a colisão directa de aves com os aerogeradores,
embate e electrocussão nas linhas de transporte de energia e a perturbação gerada em áreas de
nidificação, alimentação, migração e repouso.
A partir dos resultados obtidos nos diversos estudos desenvolvidos na Europa e E.U.A. concluiu-se que
mortalidades em grande escala parecem estar associadas especificamente a zonas de importantes
corredores migratórios ou de deslocações diárias muito frequentes, a zonas costeiras de grande
abundância avifaunística ou a condições meteorológicas desfavoráveis. De facto, e apesar de em muitos
estudos efectuados a mortalidade de aves ter sido baixa (rondando a média de 1
indivíduo/aerogerador/ano), quando os aerogeradoress se encontram instalados em zonas importantes
para aves verificou-se o oposto.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
161
Estudos recentes revelam que se tem vindo a registar um número cada vez menor de acidentes com aves
em Parques Eólicos. Este facto parece estar relacionado com a evolução tecnológica dos tipos de
aerogerador, ao maior cuidado no levantamento e resolução de problemas de natureza local e à adaptação
do regime de funcionamento dos aerogeradores a condições favoráveis à minimização de acidentes.
O número de aves vitimadas em parques eólicos é bastante variável, oscilando desde de um mínimo de 0 a
um máximo de 309 aves/turbina/ano. Vários estudos têm demonstrado que as taxas de mortalidade
atribuídas a colisões em parques eólicos são geralmente baixas, não significando, no entanto, que o risco
de colisão seja irrelevante.
Relativamente a estudos efectuados sobre o efeito/ impacte provocado pelas turbinas urbanas, estes são
escassos e pouco conclusivos. No entanto, prevê-se que a altura dos aerogeradores propostos (altura
máxima de 18 m), possa interferir com a dinâmica de voo das espécies em apreço.
Assim, apresenta-se de seguida uma breve descrição do tipo de voo das espécies mais importantes
presentes na ilha:

As cagarras, na época de nidificação (Fev/Março a Setembro/Out.) fazem inumeros voos rasantes
aos locais de nidificação (cada ave faz vários voos circulares até aterrar, entre 0,5 e 80 a 100 m
de altitude), e repousam nestes locais. As não nidificantes efectuam os mesmos voos e poisam
um pouco por toda a ilha para repouso (Fev/Mar a Setembro/Out.). Os juvenis criados em cada
ano, também efectuam os mesmos voos. Voam sobretudo à noite.

Airo - voa sobre o mar (em geral baixo) e só poisa nas escarpas não voando nunca sobre a ilha.

Corvo-marinho-de-crista - voa sobre o mar (em geral baixo) e poisa nas escarpas onde tem ninhos
e em rochas na periferia da Berlenga para repouso. Raramente voa sobre a parte terrestre da ilha.

Falcão-peregrino - casal. Voa entre 0 e 100/200 m altitude sobre qualquer parte da ilha,
efectuando voos picados para caça. Os juvenis produzidos efectuam os mesmos voos. Casal
presente todo o ano.

Aves migradoras - Amplo espectro de espécies. Em geral voam entre 0 e 100/200 m altitude,
algumas das espécies rapinas têm comportamento de voo igual ao Falcão-peregrino. Outras são
caçadoras nocturnas, voando e caçando à noite. Usam a ilha toda.
Estudo de Incidências Ambientais
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162
Cenário 1
Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter permanente, mas de
magnitude baixa.
Cenário 2
Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter permanente, mas de
magnitude baixa.
Cenário 3
Considera-se o impacte ambiental negativo muito significativo, devido ao seu carácter permanente, de
magnitude elevada, devido ao risco de colisão das aves.
Cenário 4
Considera-se o impacte ambiental negativo muito significativo, devido ao seu carácter permanente, de
magnitude elevada devido ao risco de colisão das aves.
Cenário 5
Considera-se o impacte ambiental negativo pouco significativo, devido ao seu carácter permanente, mas de
magnitude baixa.
4.5.3 - Fase de encerramento
Nesta fase de projecto, as actividades de maior destaque será as relacionadas com a desmontagem de
equipamento, que devido ao seu carácter temporário e de magnitude fraca, o impacte causado será
negativo
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
pouco
significativo.
163
4.6 – Paisagem
A instalação de equipamentos fotovoltaicos/eólicos determina a ocorrência de impactes sobre a paisagem,
uma vez que novas estruturas passam a fazer parte da mesma. Esses impactes, negativos ou positivos,
podem ter importância variável e afectam, genericamente, a qualidade visual da paisagem. As
modificações operadas na paisagem alteram a sua dinâmica funcional e formal e as relações topológicas
que as populações estabelecem com o sítio.
Através da cartografia e da realização de uma visita de campo, avaliaram-se os principais impactes na
paisagem na fase de construção e na fase de exploração.
Fase de Construção
Os impactes na paisagem associados à fase de construção serão na sua maioria de carácter temporário.
Numa primeira fase, o impacte negativo mais notório será associado à desmatação do terreno e a
instalação do estaleiro de pequena dimensão, que ficará colocado junto ao bairro dos pescadores ,que
confinarão a intervenção.
Na fase seguinte serão concentrados veículos e maquinaria que procederão à movimentação de terras e
abertura de fundações, dando origem a superfícies de elevada degradação visual. Com a conclusão da
implantação dos equipamentos, os impactes visuais tenderão a ser menos significativos.
Os impactes negativos previstos para esta fase sobre a paisagem, serão directos e de magnitude
moderada, mas de carácter temporário. A existência de tapumes ajudará a minorar os efeitos negativos da
degradação visual do terreno enquanto decorrer a fase construtiva.
Os impactes decorrentes da fase de construção serão particularmente sentidos pelo conjunto edificado de
maior proximidade (Bairro dos pescadrores), por haver maior número de potenciais observadores.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
164
Durante a fase de construção verificar-se-á então uma maior interferência na percepção da paisagem pela
população local e outros observadores, resultante de uma desorganização espacial e funcional na área de
intervenção, com consequente degradação visual e ambiental.
Os principais factores motivadores de impactes negativos, na fase de construção, estão relacionados com
a modificação dos espaços e da sua organização devido a:

existência de poeiras no ar resultantes das terraplenagens e deslocação da maquinaria;

deposição das poeiras na vegetação marginal;
Em termos de avaliação deste descritor para as alternativas de projecto, não se preconiza uma avaliação
diferenciada para as mesmas.
Fase de Exploração
Na fase de exploração, os impactes na paisagem serão consequência das alterações introduzidas com a
intervenção levada a cabo, de carácter definitivo.
A presença na paisagem dos paineis fotovoltaicos e dos aerogeradores modificará a paisagem actual, e
originará os seguintes impactes:

aumento de grau de artificialização da paisagem;
Do ponto de vista da acessibilidade visual e face às características de qualidade cénica e sensibilidade da
unidade de paisagem, o empreendimento induzirá impactes directos, negativos e significativos.
No que diz respeito à instalação de painéis fotovoltaicos, considera-se que uma extensão de cerca 350 m2
a 700 m2 consoante o cenário considerado, terá um efeito negativo na paisagem e especialmente para os
visitantes da ilha em questão. No entanto, este impacte potencialmente negativo, poderá ser minimizado
através de acções de sensibilização fornecida aos visitantes, sendo esclarecido os ganhos ambientais
obtidos com estas infra-estruturas.
Os efeitos negativos mais importantes sobre este tipo de paisagem são os causados pelos aerogeradores e
respectivas plataformas, bem como pelas valas de cabos, considerados como muito importantes durante a
construção e importantes durante a exploração.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
165
Em termos de avaliação deste descritor, para as alternativas de projecto, verifica-se o seguinte:

Comparação entre o cenário 1 e o cenário 2: O cenário 2 contempla a instalação de painéis
fotovoltaicos nos telhados das casas do bairro dos pescadores, diminuindo para quase metade da
área ocupada em solo, comparativamente com o cenário. Em termos paisagísticos, o cenário 2
poderá provocar um menor impacte visual do que o cenário 1;

Comparação entre o cenário 3 e o cenário 4: ambos os cenários contemplam uma área
ocupada por paineis fotovoltaicos em conjunto com dois aerogeradores de diferentes potências. O
efeito negativo mais importante é causado pelos aerogeradores, em grande parte pela altura do
equipamento (que neste caso poderá atingir uma altura máxima de 15 m). A diferença mais
significativa entre o cenário 3 e 4, será o facto deste último aproveitar a área dos telhados das
casas já existentes no bairro, diminuindo a área de ocupação do solo, diminuindo assim o impacte
visual.
Em relação ao cenário 5, chama-se à atenção para o impacte visual provocado pelo Disco de Stirling,
devido às suas dimensões (8,5 m diâmetro).
4.7 – Ordenamento do território
Em termos legislativos, este projecto interfere com duas classificações: REN e REDE NATURA, sendo
maioritariamente por esta razão que o presente Estudo de Incidências Ambientais é realizado, de modo a
cumprir o seguinte enquadramento do Despacho conjunto n.º 51/2004, de 31 de Janeiro.
O Plano de Ordenamento do Território da Reserva Natural das Berlengas refere também que de acordo
com o artigo 16 º , alínea g), nas áreas de protecção parcial é permitido a realização das acções e a
instalação das infra-estruturas necessárias à concretização do projecto “Berlenga - Laboratório de
Sustentabilidade”. É ainda referido no artigo 18º, ponto 4, que nas áreas de protecção complementar, são
permitidas obras de demolição, reconstrução e alteração nas edificações existentes, bem como a
realização das acções e a instalação das infra-estruturas necessárias à concretização do projecto
“Berlenga - Laboratório de Sustentabilidade”.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
166
O Plano Director Municipal de Peniche classifica a Ilha Berlenga um espaço natural, classificado como REN
e REDE NATURA..
Resumidamente, tendo em conta a elevada significância deste descritor ambiental na ilha da Berlenga,
considera-se que o impacte ambiental provocado pelo projecto para as fases de construção e exploração é
o seguinte:

negativo, permanente, de magnitude elevada, muito significativo, para os cenários 3 e 4;

negativo, permanente, de magnitude moderada, significativo, para os cenários 1, 2 e 5;
4.8 – Património
No âmbito da avaliação das incidências ambientais associadas à execução do projecto foram apresentados
seis cenários, traduzidos num total de dez propostas, contemplando a instalação de equipamentos solares
fotovoltaicos e concentrados, e eólicos, que seguidamente se apreciam:
Cenários 1 a 5
Os cenários 1, 2, 3, 4 e 5, e respectivas propostas apresentadas, prevendo a instalação de painéis
fotovoltaicos e de unidade CSP (cenário 5), em zona localizada por cima do Bairro dos Pescadores, em
extensões que variam entre os 289,9 m.² (cenários 2 e 4, concorrente 1) e os 585,2 m.² (cenário 1,
concorrente 2), contemplam a ocupação de uma área que abrange parcialmente a zona previamente
delimitada do Bairro dos Pescadores, conforme definido no Anexo 1 – Património Arqueológico Conhecido
do Regulamento do PORNB, facto que per si não inviabiliza a execução das propostas apresentadas,
desde que salvaguardada a aplicação da medida de minimização prevista no ponto 2, do Artigo 6º
(Património Arqueológico) do citado documento.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
167
Figura 56 – Património arqueológico conhecido (PORNB)
Relativamente à implantação dos aerogeradores contemplados nos cenários 3 e 4, previstos em área a
Nordeste do sítio do Moinho, na zona do Pesqueiro do Capitão, não se identifica qualquer inconveniente.
Figura 57 – Património Arqueológico Conhecido (PORNB) com indicação dos sítios de interesse arqueológico existentes na área
de intervenção do projecto.
Estudo de Incidências Ambientais
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168
Cenário 6
A não aplicação do projecto definida no cenário 6 não implica qualquer tipo de impacte sobre os valores
culturais identificados na Ilha da Berlenga. Da avaliação efectuada dos cenários 1 a 5, e propostas
apresentadas, considera-se que estes, e salvaguardadas as medidas de minimização a seguir expostas,
apresentam um impacte mínimo sobre o património arqueológico existente na área do projecto.
4.9 – Sócio-economia
Fase de construção
No que respeita aos efeitos do projecto a nível local, apesar de na área de implantação, propriamente dita,
não se registar a presença de habitações, durante o período de construção é possível que se venha a
registar uma maior movimentação de pessoas, levantamento de poeiras e um aumento do nível de ruído na
envolvente.
Estes efeitos, apesar de negativos e importantes, por representarem alterações às condições normais do
local da obra, são temporários e poderão ser facilmente corrigidos pela adopção de medidas como, por
exemplo, garantir que o transporte de materiais seja minimizado e que estes últimos apresentem baixos
níveis de ruído.
Fase de exploração
Muitos dos benefícios gerados pela produção de energia fotovoltaica e eólica manifestam-se a nível dos
aspectos sociais e económicos e durante a fase de exploração contribuindo para um melhor desempenho
ambiental da ilha, considerando-se o impacte ambiental positivo muito significativo, devido ao seu carácter
permanente e de magnitude elevada.
A instalação de fontes de energia renovável na ilha da Berlenga contribuirá para uma redução significativa
do tempo de funcionamento dos geradores a diesel existentes na ilha e consecutivamente redução das
emissões de CO2, contabilizadas em 40 ton/ano. Com esta solução verifica-se um decrescimo significativo
das necessidades de transporte de diesel, para a ilha por via marítima, reduzindo os riscos e perigos
ambientais inerentes a esta actividade. Para além disso, não são desprezáveis os riscos ambientais do
manuseamento do diesel durante a transfega para os reservatórios no local e do seu próprio
armazenamento.
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
169
A instalação de sistemas de produção de energia eléctrica permitirá ainda reduzir o custo em diesel, que
ronda os 15.000 €/ano acrescido dos custos de transporte e de Operação e Manutenção (O&M) dos
equipamentos. Os custos operacionais do sistema de produção de energia renovável apresentam-se como
uma mais valia quando comparado com os custos de exploração dos geradores a diesel, uma vez que
estes sistemas não necessitam de combustível e os custos de O&M são significativamente baixo.
Ao nível da população residente ou visitante da ilha, este novo sistema irá permitr que exista energia
eléctrica durante 24 horas por dia e ao longo de todo o ano.
4.10 – Matriz de avaliação de impacte ambiental
Os impactes do projecto são avaliados mediante a elaboração de uma matriz de identificação e avaliação
dos impactes, em que se estabelecem relações entre as principais acções do projecto e os descritores
ambientais, identificando deste modo as relações de causa-efeito e, consequentemente, os principais
impactes ambientais gerados pelo projecto.
A matriz corresponde a uma tabela de dupla entrada, que relaciona as diversas fases do projecto com os
diversos indicadores de impacte. As relações estabelecidas procuram representar a existência e magnitude
dos impactes previsíveis de ocorrerem. Os impactes são avaliados, fundamentalmente, em função das
seguintes características:

fase de ocorrência (construção / operação / desactivação);

natureza (negativo / positivo);

tipo (directo / indirecto);

duração (temporário/permanente);

magnitude (baixa/ média/ elevada);

significância (pouco significativo/ significativo/ muito significativo).
Estudo de Incidências Ambientais
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170
Os critérios utilizados na avaliação de impactes ambientais foram os seguintes:
Negativo
Pouco Significativo
Significativo
Muito Significativo
Significativo
Muito Significativo
Positivo
Pouco Significativo
Tabela 11 - Critérios utilizados na avaliação de impactes ambientais
Construção
Exploração
Desactivação
Negativo
Positivo
Temporário
Baixa
Moderada
Elevada
Baixa
Moderada
Elevada
Permanente
Baixa
Moderada
Elevada
Baixa
Moderada
Elevada
Impacte cumulativo positivo
Impacte cumulativo negativo
Na Tabela 12, encontram-se resumidos os impactes ambientais identificados para o projecto em causa.
Tabela 12 - Matriz de avaliação dos impactes ambientais
Estudo de Incidências Ambientais
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171
DESCRITOR
CAUSA
EFEITO
FASE DE OCORRÊNCIA
CARACTERÍSTICAS
Fase de Obra
Negativo
Temporário
Directo
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Temporário
Directo
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Fase de exploração
Negativo
Permanente
Directo
Magnitude baixa
Pouco significativo
Escavações e betonagem
Instalação dos aerogeradores
e dos painéis solares
Aumento dos níveis de ruído
essencialmente devido à
circulação de maquinaria e
utilização de equipamentos
AMBIENTE SONORO
USO DO SOLO
Funcionamento dos
aerogeradores
Emissão de Ruído Ambiente
Desmontagem dos
equipamentos
Aumento dos níveis de ruído
devido à circulação de
maquinaria e utilização de
equipamentos
Fase de Encerramento
Remoção de terras e coberto
vegetal
Ocupação do solo
Fase de Obra
Alteração da situação de
referência
Fase de Obra
Ocupação do solo;
ensombramento no local
Fase de exploração
Desmontagem dos
equipamentos
Recuperação do solo com as
características de referência
Fase de Encerramento
Circulação de pessoas e
movimentação de terras
Alteração da situação de
referência
Fase de obra e fase de
encerramento
Remoção coberto vegetal no
local de implantação dos
paineis
Alteração da situação de
referência
Fase de obra
Cenários 3 e 4:
Remoção do coberto vegetal
no local de implantação dos
aerogeradores
Alteração da situação de
referência
Fase de obra
Funcionamento dos
equipamentos dos cenários
1,2 e 5
Alteração da situação de
referência
Fase de exploração
Fixação dos equipamentos ao
solo
FLORA
FLORA
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
Negativo
Temporário
Directo
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Temporário
Directo
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Temporário
Directo
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Permanente
Directo
Magnitude baixa
Pouco significativo
Positivo
Directo
Permanente
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Directo
Temporário
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Directo
Temporário
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Directo
Temporário
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude baixa
Pouco Significativo
172
Funcionamento dos
aerogeradores
Alteração da situação de
referência
Fase de exploração
Montagem de equipamentos,
remoção de terras
Alteração da situação de
referência da mamofauna
Fase de obra e de exploração
Alteração da situação de
referência do Airo e corvomarinho
Fase de obra e de exploração
Alteração da situação de
referência da cagarra
Fase de obra e de exploração
Alteração da situação de
referência do Airo e corvomarinho
Fase de obra e de exploração
Alteração da situação de
referência da cagarra
Fase de obra e de exploração
Cenários 1, 2 e 5:
Montagem de equipamentos,
remoção de terras
FAUNA
Cenários 3 e 4:
Montagem de equipamentos,
remoção de terras
SÓCIO-ECONOMIA
Funcionamento dos
equipamentos
Produção de energia através
de energias renováveis
GEOLOGIA E
GEOMOR.
Remoção de terras
Formação de depressões ou
remobilização de terra
Cenários 1,2 e 5: Implantação
do projecto em sítio de REN
Alteração da situação de
referência
ORD. TERRITÓRIO
Fase de exploração
Fase de obra
Fase de obra e de exploração
Cenários 3 e 4: Implantação
do projecto em sítio de REN
Alteração da situação de
referência
Cenários 1 e 3: desmatação,
escavação, remoção de
terras
Alteração da situação de
referência
Fase de obra
Cenários 2 e 4:
desmatação, escavação,
remoção de terras
Alteração da situação de
referência
Fase de obra
Movimentação de terras
Emissão de poeiras, emissão
de CO2
Fase de obra
Funcionamento dos
Diminuição de emissões
Fase de exploração
PATRIMÓNIO
QUALIDADE DO AR
Estudo de Incidências Ambientais
Berlenga Laboratório de Sustentabilidade
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude elevada
Muito Significativo
Positivo
Directo
Permanente
Magnitude elevada
Muito Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude baixa
Pouco Significativo
Negativo
Directo
Temporário
Magnitude baixa
Pouco significativo
Positivo
Directo
173
aerogeradores e dos painéis
fotovoltaicos
atmosféricas
Desmontagem dos
equipamentos
Emissão de poluentes
atmosféricos das máquinas
Fase de encerramento
Movimentação de terras
Impacte visual para os
visitantes
Fase de obra
PAISAGEM
Funcionamento dos
aerogeradores e dos painéis
fotovoltaicos
Impacte visual para os
visitantes
Fase de exploração
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Temporário
Magnitude baixa
Pouco significativo
Negativo
Directo
Temporário
Magnitude moderada
Significativo
Negativo
Directo
Permanente
Magnitude moderada
Significativo
5 – Medidas de Minimização
Para a compatibilização da construção e exploração dos aerogeradores e dos painéis fotovoltaicos, é
necessário um acompanhamento ambiental rigoroso, de forma a garantir a implementação de medidas de
minimização e de valorização dos impactes ambientais, visando reduzir e/ou valorizar a sua magnitude e
intensidade, consoante o teu tipo, benéficos ou prejudiciais.
Para o descritor Património Arqueológico, apresentam-se em seguida as medidas de minimização em
função das diversas fases do projecto. Perante o potencial arqueológico da área a abranger pelo projecto e
a natureza das acções previstas no âmbito da execução do mesmo, impõe-se a aplicação de algumas
medidas de minimização dos impactes negativos previstos, a desenvolver nos termos da legislação vigente
(Artigos 77º e 79º da Lei de Bases do Património Cultural Português, Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro),
nomeadamente:

Realização de sondagens arqueológicas de diagnóstico na totalidade da zona a intervencionar no
âmbito da instalação dos painéis fotovoltaicos e CSP. A execução deste trabalho, por via manual,
permitirá o reconhecimento prévio, registo e salvaguarda de vestígios e estruturas arqueológicas.
A identificação no âmbito deste trabalho de contextos de natureza arqueológica motivará
necessáriamente, a realização de intervenção arqueológica de emergência de forma a avaliar a
especificidade e extensão dos mesmos;
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
Acompanhamento arqueológico dos trabalhos de desmatação, escavação, remoção e depósito de
terras, e instalação de estaleiro. Este trabalho deve ser efectuado em permanência, de forma
continuada e contemplando todas as mobilizações do solo atrás mencionadas. O
acompanhamento arqueológico da obra deverá evitar a destruição gratuita de artefactos ou
contextos arqueológicos que possam surgir no âmbito da intervenção, devendo a sua identificação
motivar igualmente a realização de uma escavação arqueológica de emergência.
Os pedidos referentes aos trabalhos arqueológicos a realizar no âmbito da execução do projecto deverão
ser previamente submetidos à tutela – IGESPAR I.P. – entidade que autoriza a realização dos mesmos e
aprova os respectivos relatórios finais.
Tendo em consideração, a enorme relevância da Ilha da Berlenga no contexto da navegação à escala
atlântica (e consequentemente no panorama da arqueologia portuguesa), o facto das intervenções
arqueológicas desenvolvidas nas últimas décadas (e em particular desde 2000), em meio terrestre quer em
meio aquático, terem sido realizadas (em estreita articulação com a Reserva Natural das Berlengas) na sua
totalidade pelo IGESPAR, I.P. (ou pelo organismo seu antecessor), demonstrando notório conhecimento
por parte dos técnicos desta entidade da realidade local, e, por fim, o facto deste organismo ter assento no
Conselho Estratégico da Reserva Natural da Berlenga, recomenda-se que seja proposto ao IGESPAR, I.P,
a realização por parte deste dos trabalhos atrás definidos.
Para além das medidas de minimização especificas para o descritor arqueologia, um conjunto mais vasto
de medidas deverão ser consideradas, tendo em conta a riqueza ecológica do local e a tipologia da
intervenção. Assim um dos pontos a realçar prende-se com o período do ano para a realização das obras
afectas ao projecto – fase de construção. Tal como ficou dito no capítulo anterior, existirá maior impacte
ambiental na fase de construção, no período de nidificação e primeiros voos dos juvenis, em especial de
cagarras, devendo as obras decorrer fora deste período.
De igual modo, as medidas de minimização associadas à instalação de aerogeradores na ilha, deverão
contemplar a monitorização e eventual paragem destes durante o período de nidificação e durante a noite.
Apresenta-se na Tabela 13 de uma forma generalizada, as medidas de minimização propostas. Apesar do
corvo-marinho e do airo nao nidificarem na zona de implantação do projecto, sendo apenas utilizada pela
cagarra, os traballhos de instalação dos equipamentos serão efectuados fora do periodo de nidificação
(Fevereiro a Junho). Também será tido em conta a época de visitação da ilha (Junho a Setembro).
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175
Analisando estas duas condicionantes é expectável que a instalação dos equipamentos ocorra entre
Outubro e Janeiro.
Tabela 13- Medidas de minimização a implementar durante as várias fases de projecto
 Assinalar e vedar, antes do início das obras, todos os elementos e áreas naturais com
elevado valor ecológico;

Realização da obra entre os meses de Outubro e Janeiro (de forma a salvaguardar a época
de nidificação e evitar o período de maior afluência de visitantes);
 Proceder ao levantamento e identificação/sinalização dos exemplares de flora protegida
presentes na área de instalação das infra—estruturas (em especial na área das fundações
dos aeroheradores) por forma a não afectar exemplares;
 Acompanhamento arqueológico da obra: O aparecimento de vestígios arqueológicos durante
quaisquer trabalhos ou obras deverá originar a imediata suspensão dos mesmos e a
comunicação, também imediata às demais entidades competentes, em conformidade com as
disposições legais em vigor;
 Criação de um sistema de drenagem nas zonas de obra;
 Armazenamento temporário de materiais inertes provenientes de locais legalmente
autorizados, em zonas adequadas a indicar pelas autoridades competentes e devidamente
delimitados;
 A rocha resultante das escavações e desmontes deverá ser devidamente acomodada, de
forma a poder ser utilizada noutras intervenções e/ou removida no final da obra;
Medidas a considerar na
fase de construção
 O solo removido dos locais de escavação não poderá ser misturados com o entulho
produzido;
 Remoção e deposição temporário de entulhos e dos restantes resíduos resultantes de
escavações, em locais adequados, a indicar pelas autoridades competentes e posteriormente
removidas da ilha;
 Armazenamento temporário de todo o tipo de resíduos resultantes das diversas obras de
construção em locais e condições adequadas a indicar pelas entidades competentes na
matéria, para posterior transporte para local de depósito autorizado;
 Acondicionamento e armazenamento em locais adequados de substâncias poluentes como
tintas, óleos, combustíveis, cimento e outros produtos agressivos para o ambiente;
 Proteger os depósitos de detritos e de materiais finos da acção do vento chuva;
 Descarga das águas resultantes da limpeza de betoneiras em locais a criar especificamente
para esse fim e sua remoção da ilha no final da obra;
 Pintura dos aerogeradores com tintas sem brilho e revestimento do edifício de comando com
material adequado de modo a permitir a sua integração paisagística;
 Acompanhamento da obra por técnicos e vigilantes da natureza da Reserva Natural das
Berlengas.
Medidas a considerar na
 Após conclusão dos trabalhos de conclusão, todos os locais do estaleiro e zonas de trabalho
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176
fase de acabamento de obra
deverão ser cuidadosamente limpos;
 Todos o detritos e outros materiais resultantes das obras de construção do projecto deverão
ser removidas da Ilha;
 Reparação do pavimento danificado nos caminhos utilizadas nos percursos de acesso aos
parque eólico e fotovoltaico;
 Proceder à recuperação das zonas intervencionadas, sem recurso a plantações e
sementeiras, excepto se considerado pertinente tendo em conta a salvaguarda da vegetação
autóctone, em articulação com o ICNB; Naturalização das valas para instalação dos cabos
eléctricos;
 Medição do nível de ruído emitido pelos aerogeradores.
 Acompanhamento da recuperação ambiental durante o primeiro ano de funcionamento do
parque
 Encaminhamento dos diversos tipos de resíduos resultantes das operações de manutenção e
reparação de equipamentos para os operadores de gestão de resíduos licenciados para o
efeito;
Medidas a considerar na
fase de exploração
 Implementação de planos de monitorização do ruído e impacte na fauna provocado pelos
aerogeradores (se aplicável);
 Efectuar os trabalhos de manutenção preventiva apenas de Setembro a Fevereiro.
 Revisões periódicas com vista à manutenção dos níveis sonoros de funcionamento dos
aerogeradores
Medidas a considerar na
fase de desactivação
 Remoção integral dos diversos tipos de infra-estrutura instalados no parque, pelo dono de
obra;
 Recuperação paisagísticas imediata das zonas afectadas.
6 – Monitorização Ambiental
Foram definidos dois conjuntos de tarefas para acompanhar os efeitos da obra no ambiente, quer durante a
sua construção quer durante o funcionamento:

Processo de Obra (PO)

Plano de Acompanhamento da Recuperação Paisagística (PARP)

Plano de monitorização do ruído e plano de impacte na fauna provocado pelos aerogeradores
O primeiro plano desenvolver-se-á desde a aprovação do projecto até ao final da sua construção. Visa o
cumprimento das medidas destinadas a atenuar os efeitos negativos e as recomendações relativas ao
desenvolvimento do projecto e aos trabalhos necessários à sua construção – nomeadamente, respeito
Estudo de Incidências Ambientais
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177
pelos limites das áreas onde não devem existir obras, controlo dos movimentos de terras, controlo e
deposição de lixos e detritos e controlo do funcionamento da maquinaria e equipamentos usados na obra.
Deverá ainda ser efectuado um plano de monitorização que deverá contemplar numa primeira fase a
inventariação dos ninhos/abrigos de aves.
Em fase de exploração , os ninhos deverão ser monitorizados. Deverá ser feito também buscas regulares
de cadáveres associados aos aerogeraodres e monitorização de alterações de comportamento dos
animais.
O controlo das actividades relativas à recuperação da paisagem, contemplado no segundo dos planos
referidos, desenrolar-se-á quase em simultâneo com o plano anterior, prolongando-se para depois do início
do funcionamento do projecto. Destina-se, fundamentalmente, a evitar que durante a obra o local apresente
um aspecto deteriorado ou degradado e a garantir que as áreas utilizadas durante as obras voltem a
apresentar um aspecto natural, próximo do que apresentam actualmente.
Os Planos de monitorização de ruído e o plano de monitorização de mortalidade da fauna associado ao
funcionamento dos aerogeradores, caso sejam selecionados os cenários 3 ou 4, decorrerão nos dois anos
subsequentes ao inicio de entrada em funcionamento do projecto, por forma a verificar do cumprimento das
medidas de minimização e a avaliar os impactes destas infra-estruturas sobre as populações faunísticas e
sobre a população humana residente e/ou visitante, bem como a identificar possíveis medidas de
minimização mais restritivas a ser implementadas no funcionamento dos aerogeradores. A metodologia a
adoptar para os referidos planos de monitorização será sujeita a parecer vinculativo da CCDR-LVT e do
ICNB.
Para além dos planos referidos, encontra-se ainda preconizada para o final da obra, a realização de uma
vistoria (denominada auditoria ambiental) à implementação das medidas e recomendações definidas no
EIA, a fim de comprovar que foram efectivamente aplicadas, para avaliar a sua eficácia e, caso se revele
necessário, para introduzir eventuais acertos.
Relativamente ao descritor ambiental património , na fase de construção ePerante o potencial arqueológico
da área a abranger pelo projecto e a natureza das acções previstas no âmbito da execução do mesmo,
impõe-se a aplicação de algumas medidas de minimização dos impactes negativos previstos, a
Estudo de Incidências Ambientais
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178
desenvolver nos termos da legislação vigente (Artigos 77º e 79º da Lei de Bases do Património Cultural
Português, Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro), nomeadamente:

Realização de sondagens arqueológicas de diagnóstico na totalidade da zona a intervencionar no
âmbito da instalação dos painéis fotovoltaicos. A execução deste trabalho, por via manual,
permitirá o reconhecimento prévio, registo e salvaguarda de vestígios e estruturas arqueológicas.
A identificação no âmbito deste trabalho de contextos de natureza arqueológica motivará
necessáriamente, a realização de intervenção arqueológica de emergência de forma a avaliar a
especificidade e extensão dos mesmos.

Acompanhamento arqueológico dos trabalhos de desmatação, escavação, remoção e depósito de
terras, e instalação de estaleiro. Este trabalho deve ser efectuado em permanência, de forma
continuada e contemplando todas as mobilizações do solo atrás mencionadas. O
acompanhamento arqueológico da obra deverá evitar a destruição gratuita de artefactos ou
contextos arqueológicos que possam surgir no âmbito da intervenção, devendo a sua identificação
motivar igualmente a realização de uma escavação arqueológica de emergência.
Os pedidos referentes aos trabalhos arqueológicos a realizar no âmbito da execução do projecto deverão
ser previamente submetidos à tutela – IGESPAR I.P. – entidade que autoriza a realização dos mesmos e
aprova os respectivos relatórios finais.
Tendo em consideração, a enorme relevância da Ilha da Berlenga no contexto da navegação à escala
atlântica, e consequentemente no panorama da arqueologia portuguesa, o histórico das intervenções
arqueológicas desenvolvidas nas últimas décadas, e em particular desde 2000, em meio terrestre quer em
meio aquático, terem sido desenvolvidas (em estreita articulação com a Reserva Natural das Berlengas) na
sua totalidade pelo IGESPAR, I.P. (ou pelo organismo seu antecessor), demonstrando notório
conhecimento da realidade local, e, por fim, o facto desta entidade ter assento no Conselho Consultivo da
Reserva Natural da Berlenga, recomenda-se que seja proposto ao IGESPAR, I.P, a realização por parte
deste dos trabalhos atrás definidos.
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7 – Lacunas Técnicas ou de Conhecimento
Não foram identificadas lacunas técnicas ou de conhecimento neste estudo, com impacte directo no seu
desenvolvimento.
8 – Conclusões
O presente relatório técnico apresenta as informações recolhidas no âmbito do Estudo de Incidências
Ambientais realizado entre Janeiro de 2008 e Março de 2009 na Ilha da Berlenga, no âmbito do Projecto
denominado Berlenga – Laboratório de Sustentabilidade.
O motivo da realização do Estudo de Incidências Ambientais prende-se com a realização de um conjunto
de acções de modo a dotar a referida ilha sustentável em termos energéticos, através da instalaçãode um
sistema de geração de energia eléctrica com base em fontes de energia renovável, diminuindo assim o
passivo ambiental da ilha reduzindo as emissões atmosféricas e dotando a ilha de energia eléctrica 24
horas por dia, tendo por base as necessidades actuais.
Assim, foram analisados os seus potenciais impactes ambientais associados à instalação, exploração e
encerramento e definidas as respectivas medidas mitigadoras e/ou potenciadoras.
Analisando a Tabela 14, verifica-se que foram identificados e avaliados 23 aspectos ambientais, sendo 26,
aspectos negativos (15 pouco significativos e 10 significativo e 1 muito significativo)). Os restantes (3) são
aspectos positivos (1 muito significativo; 1 significativos e 1 pouco significativo).
Outra questão importante a ter em consideração no enquadramento futuro do projecto, será a questão
visual/paisagística para os visitantes da presença dos aerogeradores e dos painéis fotovoltaicos (pela sua
ocupação em termos de área e intrusão visual não passível de mitigação).
No que diz respeito aos impactes positivos, são por si só relevantes da importância do projecto em causa,
com ênfase na importância sócio-económica para a ilha e para Peniche, como releva uma melhoria
significativa do desempenho ambiental da Ilha da Berlenga, realçando-se a redução significativa das
Estudo de Incidências Ambientais
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180
emissões de gases com efeito de estufa, melhoria no fornecimento de energia eléctrica à Ilha, a produção
de energia para a instalação de equipamentos que visam a melhoria da qualidade ambiental ao nível da
gestão de resíduos e da água para abastecimento publico, por exemplo.
Para além disso, existe um forte contributo para o equilíbrio e compatibilização da presença humana na
ilha, permitindo melhorar a qualidade dos serviços prestados aos residentes e visitantes. Contribuindo,
também, para melhorar o desempenho ambiental e a minimização dos impactes associados à presença
humana, pela redução dos resíduos, dos efluentes e dos sistemas associados aos seu tratamento e
remoção da ilha.
De seguida, apresenta-se uma tabela resumo que pretende efectuar uma comparação entre os vários
cenários propostos, com vista a avaliar qual/quais os cenários mais favoráveis para serem implementados
na Ilha Berlenga, susceptíveis de causar o menor impacte ambiental possível.
Tabela 14 - Comparação entre os cenários propostos no que diz respeito aos impactes ambientais
Descritor ambiental
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
Cenário 4
Cenário 5
Cenário 6
Qualidade do ar
++
++
++
++
++
___
Ambiente sonoro
0
0
_
_
0
--
Uso do solo
_
_
__
__
___
0
__
_
___
___
__
0
Flora
Fauna
_
_
_ __
___
_
-
Paisagem
__
_
___
___
__
0
Ord. Território
__
__
___
___
__
0
Património
__
_
_
_
0
0
+++
+++
+++
+++
+++
___
_
_
_
_
_
0
Sócio-economia
Geologia e geomorfologia
Legenda:
0: impacte nulo
-: Impacte negativo pouco significativo
- - : Impacte negativo significativo
- - -: Impacte negativo muito significativo
+: Impacte positivo pouco significativo
+ +: Impacte positivo significativo
+ + +: Impacte positivo muito significativo
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Assim, da análise da Tabela 14, considera-se que:

Os cenários 1 e 2 utilizam como fonte de energia painéis fotovoltaicos sem impactes ambientais
em termos de ruído e emissões, diferenciando-se apenas pela localização concentrada ou
distribuída dos painéis, e com um custo próximo do cenário mais económico. Os painéis
instalados por cima do bairro dos pescadores localizam-se numa zona de chorão das areias,
especié invaziva que terá de ser parcialmente removida para a para a montagem dos
equipamentos de produção de enegia eléctrica;

Os cenários 3 e 4 recorrem a um misto de painéis fotovoltaicos e aerogeradores, correspondendo
o cenário 3 ao cenário mais económico dos analisados. O cenário 3 e 4 diferenciam-se também
pela disposição dos painéis fotovoltaicos no terreno. Nestes cenários também existe uma redução
significativa de emissões de CO2, embora os aerogeradores terem algum impacte ao nível visual e
de ruído. Estes aspectos poderão ser minimizados se se optar pela solução de 2,5 k W de menor
dimensão em alternativa aos aerogeradores de 5kW. Por outro lado, o eventual impacte dos
funcionamento dos aerogeradores nas aves, poderá ser mitigado através do condicionamento do
período de funcionamento dos mesmos ao longo do dia/ano;

O cenário 5 contribui com a complemetaridade de soluções de produção de energia eléctrica e
não tem impactes ao nível de ruído e emissões de CO2. Contudo, este cenário é o de custo mais
elevado com alguma incerteza realtivamente ao custo do sistema solar concentrado (Disco de
Stirling) e algum impacte visual.

O cenário 6, que corresponde à situação actual, com a produção de energia a partir de geradores
a diesel, apresenta impactes ambientias negativos e significativos, no que se refere às emissões
de CO2 (40 ton/ano) e ruído e ainda riscos associados ao transporte e manuseamento do
combustível. Para além disso a esta situação estão ainda associados custos significativos de
combustível e de operação e manutenção.
Da análise da situação de referência constata-se um conjunto de impactes ambientais e custos de
exploração não aceitáveis, tendo em consideração o actual estatudo de Reserva Natural da ilha e ambição
de uma candidatura à Reserva da Biosfera da UNESCO.
Estudo de Incidências Ambientais
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182
Assim, os impactes ambientais identificados durante a execução do projecto, levam a concluir que não
existem factores ou riscos ambientais que possam inviabilizar a implantação e exploração dos referidos
equipamentos.
Em resumo, pensa-se que o projecto no seu conjunto é viável do ponto de vista ambiental, desde que:

Sejam cumpridas as medidas ambientais de atenuação dos efeitos negativos e valorização dos
positivos indicadas neste estudo;

Seja posto em prática o acompanhamento do empreendimento (planos de monitorização), que
permitirá identificar algo que não funcione como o previsto e tomar medidas que permitam corrigir
essa situação.
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9 – Bibliografia
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